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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE

FACULDADE DE D I R E I T O – C UR SO DE D I RE I T O
B i od i rei to

Profa. Brauner, Maria Claudia C. | Prof. Dr. Lobato, Anderson O. C. mcbrauner@furg.br | alobato@furg.br

FICHA DE LEITURA TEMÁTICA


I DE NT I FI C A Ç Ã O

Aluna: Bruna Ramires Vieira

Tema: Humanização da medicina

Referência do texto:
FRANÇA, Karoline; BRAUNER, Maria Claudia. O empoderamento das mulheres soropositivas como
concretização da cidadania feminina no Brasil. In: CONGRESSO DO CONPEDI. Brasília, XXVI, 2017.

Vi d a s n e g l i g e n c i a d a s : a i n v i s i b i l i d a d e d a s m u l h e r e s
soropositivas no Brasil
Desde os primeiros diagnósticos de infecção pelo vírus do HIV no início da década de
1980, os estudos sobre e as políticas para a prevenção da patologia evoluíram
consideravelmente. Não obstante esse progresso, certos preconceitos e julgamentos
relacionados à doença ainda persistem, principalmente no imaginário popular. Dessa forma, é
comum que as pessoas soropositivas sejam consideradas irresponsáveis e inconsequentes, fato
pouco observado no tratamento de outras doenças a exemplo do que é dado aos pacientes com
câncer. Tal estigmatização social dificulta a promoção e garantia de direitos fundamentais a
essa parcela da população.

O direito à saúde está previsto na Constituição Federal e é dever do Estado


proporcioná-lo a toda a população, sem qualquer discriminação. Outrossim, o ordenamento
jurídico brasileiro na Lei 8.080/90 dispõe que o bem-estar físico, mental e social também
correspondem à saúde. No entanto, devido aos preconceitos enraizados na sociedade
brasileira, esses direitos básicos não são garantidos à população soropositiva, especialmente,
no que se refere ao bem-estar mental e social. Mais marginalizadas ainda são as mulheres
portadoras de HIV. A parcela feminina da população vê a discriminação acentuada em virtude
da censura à sexualidade das mulheres, bem como das raízes patriarcais sobre as quais foi
construído o Estado brasileiro.
“Voltando-se para o contexto feminino, a convivência com a síndrome torna-se uma
experiência ainda mais dotada de dificuldades, uma vez que é irrefutável a sua
vulnerabilidade em relação aos homens, seja por fatores biológicos, seja por fatores sociais.

Rio Grande, 17 de September de 2021 1


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
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Profa. Brauner, Maria Claudia C. | Prof. Dr. Lobato, Anderson O. C. mcbrauner@furg.br | alobato@furg.br

A exposição à violência e rótulos na sociedade conduz a mulher soropositiva por um


caminho repleto de rejeição e exclusão social, o qual interferirá, sobremaneira,
negativamente em suas vidas.”. (FRANÇA; BRAUNER, 2017, p.4).

Na atualidade, observa-se o aumento significativo de mulheres soropositivas no Brasil,


todavia as políticas públicas de prevenção, diagnóstico e assistência para a doença,
inicialmente pensadas à população masculina, foram apenas adaptadas ao sexo feminino. Com
isso, as especificidades das mulheres não são consideradas, acarretando na privação dos
direitos destas. Importante destacar as implicações que o descaso com essa parcela da
população acarreta tais como: depressão, alcoolismo, abuso de drogas e suicídio. É neste
contexto que grupos feministas, ONGs e outros movimentos ativistas têm procurado atuar a
fim de mitigar os problemas decorrentes da falta de preocupação com a vida das mulheres
portadoras de HIV.
A negligencia estatal e social para com a vida das mulheres soropositivas demanda
uma resposta imediata. Não é compatível com o estado democrático de direito que parte da
população seja invisibilizada e não tenha acesso a direitos básicos como a saúde e dignidade.
Diante disso, é imprescindível que o atendimento a essas mulheres seja diferenciado, isto é,
planejado para combater os estereótipos que limitam a capacidade dessas mulheres. A
intervenção psicoterapêutica apresenta-se como uma solução viável para tal, uma vez que
possibilitaria que as pacientes transformem a perspectiva que tem de si mesmas, apropriando-
se dos seus direitos.

Rio Grande, 17 de September de 2021 2

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