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AGRICULTURA CATARINENSE

Alessandro Crivelatto
Engrácia Vula Paulo
Renan Cassão Martins

O setor agropecuário é um dos ramos socioeconômicos mais relevantes do Estado


de Santa Catarina. A agricultura corresponde a cerca de 6% do Produto Interno Bruto
catarinense e conta com uma ampla variedade de produtos que varia de acordo com a região.
O estado lidera ou posiciona-se muito bem na produção nacional em várias áreas, destacando-
se a produção suína, frangos, ostras, arroz, maçã, fumo, erva-mate, etc.
Uma característica importante da agricultura em Santa Catarina é que grande parte
da produção está detida nas pequenas propriedades de posse familiar. São 183.065
estabelecimentos voltados ao setor, ocupando 6,446 milhões de hectares no Estado, segundo o
Censo Agropecuário de 2017, em que 37% das propriedades têm menos de 10 hectares.
Entretanto nos últimos 40 anos, notabilizou-se uma redução dos estabelecimentos menores
que 50 hectares e o aumento de propriedades de grande porte, o que sugere o englobamento
das pequenas produções pelos grandes produtores.
Dos 497,8 postos de trabalho, 80% tem relação de parentesco com os produtores,
o que dá mais robustez à ideia de agricultura familiar em Santa Catarina, expandindo a
importância meramente produtiva e econômica no Estado, cria-se, portanto, uma relevância
social de integração muitas vezes concatenadas por cooperativas que fazem o processamento
dos produtos e, por conseguinte, a sua comercialização, muitas vezes, formando cadeias
produtivas que assistam ao mercado interno como é caso do leite, banana e arroz.
Apesar da maioria dos agricultores catarinenses afirmarem saber ler e escrever,
grande parte não tem formação superior, sendo apenas 10.679 formados em algum curso
universitário. A maior parte dos agricultores, 86.865, cursou apenas os primeiros anos do
ensino fundamental e 23.614 concluíram o fundamental. Do total apenas 25.647 se formaram
no ensino médio.
O agronegócio é um dos principais ramos econômicos do Brasil, sendo
responsável por 21% na participação do PIB nacional em 2019 de acordo com a Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), no estado de Santa Catarina, a participação é
ainda maior, sendo equivalente a 31% do PIB, com destaque para as exportações para a Ásia,
sobretudo a China. Mesmo a agricultura tendo percentual pequeno no estado, ela é fonte de
matéria prima para o funcionamento de outros ramos industriais.
Um dos percalços do setor no Estado é a falta de diversificação no setor que
representa parcela significativa no Valor Bruto da Produção, que é o caso das carnes de ave e
suínas com 38% no VBP em 2018 seguidos pela produção leiteira, tabaco e soja. Outra
questão que também deve ser levada em consideração é a concentração das cadeias produtivas
em poucas regiões do estado, sendo que 45% da produção está no oeste e meio-oeste. Todavia
a concentração da produção agrícola não significa maior elevação da renda regional, quando
se analisa o PIB e o PIB agropecuário, essa correlação de renda, apenas se manifesta em 38%
dos casos. Esta característica também se mostra quando se compara o PIB agropecuário com o
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), ou seja, os municípios com os
menores IDHM são os que detém maior especialização neste ramo econômico.
Políticas públicas deveriam estar mais voltadas ao desenvolvimento
socioeconômico das regiões das áreas agrícolas do Planalto Serrano e Vale do Itajaí, para
fomentar e subsidiar a agricultura familiar e valorizar a produção artesanal, além de estimular
o turismo rural, que é uma alternativa para a criação de novos empregos. Entretanto, um ponto
positivo é Santa Catarina, tem um forte viés a programas de pesquisas e extensão rural como a
EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina) e o
Programa Terra Boa, este sendo um programa de auxílio a produção de milho, apicultura,
pastagem e conservação do solo, além dos créditos ofertados pelo governo federal.
O setor da agricultura e pesca no Estado tem papel fundamental no
desenvolvimento catarinense, não exclusivamente econômico, mas também social. É
imprescindível que haja melhores políticas públicas, sobretudo, para o estímulo da
produtividade e diversificação produtiva do setor, não excluindo outros aspectos de
desenvolvimento humano como é o caso da educação. Instituições como a EPAGRI são
importantes no fomento da tecnologia e pesquisa agrícola no Estado, estimulando também o
pequeno agricultor e cooperativas, que muitas vezes trabalham em conjunto. Certamente, a
agricultura catarinense é um setor a ser melhor desenvolvido, porém, tendo em vista as
dificuldades, já há resultados bastante satisfatórios.

REFERÊNCIAS

Síntese Anual da Agricultura Catarinense. EPAGRI, 2020. Disponível em:


http://webdoc.epagri.sc.gov.br/sintese.pdf. Acesso em: 12 de julho de 2020.
Agricultura familiar responde por metade do faturamento da agropecuária catarinense.
Secretaria de Estado da Agricultura,
da Pesca e do Desenvolvimento Rural, 2020. Disponível em:
http://www.agricultura.sc.gov.br/index.php/noticias/1055-agricultura-familiar-responde-por-
metade-do-faturamento-da-agropecuaria-catarinense. Acesso em: 12 de julho de 2020.

AREND, Marcelo et al. A agricultura Catarinense: diagnóstico e desafios contemporâneos.


Características Econômicas e Sociais de Santa Catarina no Limiar do Século XXI. 1. Ed.
Santa Catarina. Editora UNESC, 2019.

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