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EMPRESARIAL
autor
CHRISTIAN GANZERT
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
Conselho editorial regiane burger, roberto paes e paola gil de almeida
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.
isbn: 978-85-5548-411-7
Prefácio 5
1. Conceitos básicos 7
1.1 Dado, informação e conhecimento 8
1.2 Sociedade na era da informação e do conhecimento 13
1.3 Tipos de conhecimento 23
1.4 Desafios da economia: importância estratégica da informação 30
2. Inteligência Empresarial 37
2.1 Conceitos 38
2.2 Modelo de Inteligência Empresarial 43
2.3 Inteligência Empresarial e Inteligência Competitiva 52
2.4 O ciclo da inteligência competitiva 57
2.5 Planejamento e direcionamento 58
2.6 Coleta 59
2.7 Análise 59
2.8 Divulgação 59
2.9 Inteligência Empresarial e Gestão do Conhecimento 60
2.10 Tecnologia da Informação como ferramenta para Inteligência
Empresarial 62
3. O processo decisório 67
5.1 ERP 130
5.2 CRM 148
5.3 SCM 154
4
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),
5
ao gerenciamento avançado das atividades e funções inerentes às organizações
contemporâneas, ressaltando aspectos estratégicos e técnicos, habilitando os
alunos a antecipar tendências, ampliando seus conhecimentos e sua capaci-
dade decisória. Além disso, intenciona proporcionar o desenvolvimento de
competências, para que o aluno saiba planejar, projetar e implementar estra-
tégias para recuperação de dados adequados ao contexto organizacional para
tomada de decisões e gerenciamento de performance corporativa. Como ter-
ceiro objetivo principal, a disciplina habilita o aluno a entender o uso de ferra-
mentas, técnicas e métodos para apoiar os processos de negócios e de decisão
das empresas.
Na busca pela compreensão mais ampla do assunto, espera-se também que
o aluno consiga alinhar os conceitos aqui apresentados com os de outras dis-
ciplinas do curso e, consequentemente, desenvolver conhecimentos que o ha-
bilitem a:
• compreender as etapas básicas do processo de tomada de decisão.
• entender o ambiente de negócios em uma conjuntura em que o ambiente
computacional é fundamental na tomada de decisões gerenciais.
• desenvolver o conceito de sistema de apoio à decisão, enfatizando sua
importância na competitividade das organizações e indicando como eles são
influenciados pelas modernas tendências dos negócios e da tecnologia.
• identificar e modelar bases de dados multidimensionais (Data
Warehouse/Data Mart).
• analisar e projetar sistemas que possibilitem, através da inteligência de
negócios, a adequada gestão da informação para suporte à tomada de decisão.
Bons estudos!
6
1
Conceitos
básicos
1. Conceitos básicos
O objetivo deste capítulo é fazer com que o aluno tenha o primeiro contato com
a teoria da informação e os principais elementos que a conectam à necessida-
de de sua difusão interna para a formação de uma inteligência organizacional
consistente. Este capítulo ilustra um panorama geral de como as organizações
se relacionam em um mundo cada vez mais globalizado, em pleno capitalismo
informacional, sob um movimento de competitividade cada vez mais acirrada
e alta instabilidade das relações existentes, o que salienta a função da inteligên-
cia para as empresas e sua manutenção em ambientes de forte concorrência.
Informação (...) é um processo de seleção efetuado por algum agente, entre eventos passí-
veis de ocorrer em um dado ambiente. Na origem da informação encontram-se, de um lado,
sinais físico-energéticos emanados de um objeto ou ambiente qualquer, na forma de vibra-
ções sonoras, radiações elétricas ou luminosas, moléculas odoríferas etc.; e de outro lado,
um agente (ou sujeito) capaz de extrair algum sentido, ou orientação, ou significado desses
sinais. Por isso, para que ocorra informação haverá sempre necessidade de interação (ou
comunicação) entre um sujeito e um objeto, ou sujeito a sujeito. (DANTAS, 2003, p. 22-23)
8• capítulo 1
Na explicação do autor, os sinais emanados são, na verdade, dados colhi-
dos em um ambiente de interação. Esses dados poderão ser interpretados se
agrupados de forma que haja a possibilidade de atribuição de sentido a eles
por quem experimenta a interação com o meio. Significa dizer que a informa-
ção é sempre composta de dados, e deve fazer sentido a quem a recebe pela
atribuição de significados aos sinais que a compõem. Alguns autores chegam
a classificar a informação como um grupo de dados, mas essa classificação ca-
rece de maior detalhamento, pois a informação não irá existir senão a partir de
sua interpretação.
É possível ainda dizer que dados são registros. Esses registros ocorrem em
algum tipo de suporte, ou seja, uma superfície ou plataforma que permita a im-
pressão ou marca de algo a que possa ser atribuído sentido. Os suportes são
usualmente físicos. Assim como o suporte das letras de um livro é a página de
papel, o suporte de uma música é o ar que propaga as ondas sonoras. Todo tipo
de manifestação física pode ser entendida como fragmentos de comunicação,
ou seja, dados. Em relação à sociedade e à manutenção dos indivíduos através
do ambiente social, Dantas salienta em outro texto que a função da informação
é primordial ao contexto produtivo.
A principal atividade das pessoas é tornar disponível algum dado necessário a alguém.
Em grandes ou pequenas organizações (...) cada indivíduo inserido na produção
capitalista não passa de um elo informacional que recebe, processa e transmite algum
subconjunto de informação necessário às atividades de outros indivíduos, ou do con-
junto do subsistema social no qual interage. (DANTAS, 2002, p. 141-142)
CURIOSIDADE
Você Sabia?
Onde estão os registros de dados guardados nas “nuvens” da moderna tecnologia de
cloud computing? Apesar da subjetividade denotada no termo, os dados em nuvem estão sim
capítulo 1 •9
registrados em algum componente físico, seja em um disco rígido de um sistema conectado
à rede ou em algum dos diversos dispositivos mais modernos de armazenamento e demais
mídias existentes, que interagem com a Internet. A “nuvem” é somente um outro termo que
designa estar na rede, em um servidor acessível remotamente.
CONCEITO
Dados
São símbolos quantificáveis e transmissíveis em algum suporte, passíveis de sofrerem
atribuição de significado por quem os recebe.
10 • capítulo 1
A informação, enquanto agregado de dados passíveis de serem significados
por alguém, só existe, dessa forma, na presença do indivíduo. Apesar do senso
comum considerar a informação como o registro transmissível de dados, na
verdade ela só poderá ser chamada como tal a partir da presença do indivíduo
que consiga atribuir algum tipo de significado aos signos (utilizado o termo da
linguística) ao que foi transmitido.
CONCEITO
Informação
A informação é o agregado de dados percebidos pelo indivíduo que podem ser signifi-
cados, fazendo algum sentido em um contexto de aplicação. Costuma-se dizer que a infor-
mação é aquilo que se alcança quando há o entendimento pelo indivíduo sobre o significado
dos dados.
capítulo 1 • 11
arredores (DAVENPORT; PRUSAK, 2000). Observemos a definição apresentada
pelos autores.
CONCEITO
Conhecimento
Conjunto de informações contextualizadas pela experiência do indivíduo, que torna pos-
sível a interferência prática do mesmo frente ao seu meio. Pode-se dizer também que é o
12 • capítulo 1
objeto de tratamento da inteligência, ou mesmo uma massa volátil de informações que pos-
suem algum tipo de finalidade para a manutenção do indivíduo e de suas relações sociais
e ambientais.
capítulo 1 • 13
As antigas premissas e os conceitos que margeavam as relações em torno
dos produtos culturais e sua produção e comercialização sofreram drásticas
transformações, graças aos avanços técnicos da reprodutibilidade dos mes-
mos. Essas mudanças impactaram os mercados de todos os tipos de produtos
culturais finalizados. Isso se refletiu também em outras indústrias, como a de
programas para computadores.
A transferência de informações no mundo contemporâneo está direta-
mente representada pelos meios telemáticos, e entender as peculiaridades do
processo de transferência de informação no capitalismo informacional (pelo
ponto de vista da derrubada dos antigos valores e conceitos em torno da pro-
dução intelectual) torna-se crucial para o possível estabelecimento de um novo
modelo de produção e transferência do conhecimento – muito mais próximo
da “realidade pós-transístor” do que o praticado até aqui.
A Era da Informação é um desdobramento histórico de processos oriun-
dos do advento de novas tecnologias de transmissão e arquivamento de dados.
Apesar do amplo escopo do termo tecnologia de informação dentro da sociolo-
gia e ciências do estudo da linguagem, a definição que mais se aplica ao contex-
to deste trabalho é a proferida por Castells (1999).
14 • capítulo 1
A automação não é um fenômeno novo (...). Máquinas programadas que substituem o
trabalho efetuado manualmente existem praticamente desde o surgimento da indústria.
Os historiadores do maquinismo do século XIX, como Ure ou Babbage, descrevem de-
talhadamente (...) os automatismos das séries de operações efetuadas mecanicamente
por máquinas (CORIAT, 1983, p. 7 apud LOJKINE, 2002, p. 83).
capítulo 1 • 15
O dinamismo imposto pelo mundo integrado, com mercados cada vez mais
sensíveis às ocorrências externas, demanda um aparato que permite a intera-
ção entre os agentes sociais de diferentes comunidades e nações em tempo
real, uma vez que o capital não está mais isolado a uma única região. Mercados
integrados dependem de uma comunicação eficiente que impeça as barreiras
físicas de se expressarem como um obstáculo para a obtenção de lucro em luga-
res espacialmente intangíveis pelos investidores. Essa necessidade do sistema,
agregada à dinâmica cada vez mais intensa do mercado internacional, acaba
por estabelecer relações bivalentes de causa e consequência com as inovações
tecnológicas de informação. Isso se reflete em todas as demais relações ocorri-
das na malha social, com fortes consequências para as culturas regionais.
O implemento comunicacional das tecnologias de informação frente ao sis-
tema capitalista acabou por delimitar uma zona de interdependência entre um
e outro. O aparato informacional é agora parte integrante e representativa do
sistema, ao passo que a indústria por trás de sua criação e manutenção ocu-
pa, por assim dizer, um lugar de destaque entre os setores produtivos. Toda
modificação tecnológica de informação exerce influência sobre a dinâmica do
sistema, redimensionando rotinas e reescalonando relações entre os agentes
sociais, o que mostra a importância da relação entre a TI (sigla para tecnologia
de informação) e o capitalismo.
O dinamismo engendrado pelas tecnologias da informação não se encontra
apenas na velocidade de tráfego de dados, mas também na obtenção de infor-
mações primordiais para estabelecer vantagens competitivas em um sistema
cada vez mais sujeito às concorrências (apesar de isso não ocorrer em alguns
ambientes específicos de monopólio declarado ou velado). Isso significa uma
redução no tempo de pesquisa em soluções para diversos setores da economia,
assim como aumento da eficiência na recuperação de dados em diferentes ins-
tâncias produtivas. Essa nova condição gera a necessidade da remuneração de
quem viabiliza esse processo de redução do tempo das operações envolvendo
geração e manuseio de informações. A valoração dos trabalhos envolvendo a
manutenção dos processos informacionais é uma das discussões mais perti-
nentes ao novo momento do capitalismo, e encontra lugar comum no ambien-
te de desenvolvimento das tecnologias de informação.
Antes de nos atermos ao processamento de informações e seu desdobra-
mento frente aos demais processos do sistema capitalista, precisamos ter
em mente os mecanismos que levaram à emergência de tal tecnologia, e sua
16 • capítulo 1
hegemonia no eixo operacional do sistema. A integração entre indústria e pes-
quisa científica foi fundamental para a decolagem de determinadas técnicas de
TI, impulsionadas em um primeiro momento por intervenções estatais (justi-
ficadas pelos governos que mantiveram ligações com o processo como o trata-
mento de setores estratégicos para as soberanias nacionais) e finalmente des-
pontando pelo empenho de iniciativas privadas descoladas de qualquer ideal
nacionalista – ainda que ligadas às políticas locais.
As inovações tecnológicas que derivaram na inauguração de uma nova fase
do sistema não ocorreram de uma vez só. Foi a utilização social de um amálga-
ma utilitarista das descobertas científicas em torno do aparato informacional
(computadores) que propiciaram sua emergência, o que percebemos na retóri-
ca de Castells (1999).
capítulo 1 • 17
unidades centrais. O uso do aparato informático para processamento de infor-
mações passaria a ocorrer então de forma autônoma, longe das instituições
de pesquisa ou das indústrias. Este foi o primeiro passo para a concepção dos
computadores pessoais.
No desenvolvimento dos novos computadores de mesa, podemos perceber
a forte influência do ideal libertário dos anos 60 (SAXBY, 1990), ao passo que a
maioria dos cientistas, técnicos e inventores que contribuíram para seu surgi-
mento tinha um forte vínculo com a era hippie americana. Especialmente no
Vale do Silício, a maioria dos envolvidos com as novas empresas de informática
teve contato com as ideias dos movimentos a favor da liberdade difundidos na
costa oeste e no meio oeste dos Estados Unidos. Reflexo de uma nova cultura,
as unidades de processamento se descolaram, através do circuito integrado e
do microprocessador, das regras de centralização do processamento de dados.
Os jovens pesquisadores tiveram uma participação especial no processo
de renovação tecnológica iniciado pela descoberta dos microprocessadores.
O Altair, tido por muitos como o primeiro computador pessoal de mesa com
processamento independente, teve seu protótipo construído em 1975 por Ed
Roberts, em Albuquerque, Novo México. Mas o sucesso de comercialização de
computadores pessoais veio com o intento de dois jovens da Califórnia, Steve
Jobs e Steve Wozniac, que na garagem de seus pais em Menlo Park, Vale do
Silício, fundaram a Apple Computers (CASTELLS, 1999).
Não tardou para que a IBM passasse a comercializar seus próprios com-
putadores pessoais, inaugurando o famoso termo PC, ainda que continuasse
na produção de grandes computadores e mainframes. Outras companhias de
grande porte acabaram por desenvolver o que antes era apenas um novo nicho
de mercado, tornando-o um mercado em si. A descentralização do processa-
mento e arquivamento de dados é, portanto, um dos grandes saltos conceituais
ocorridos nos anos 70.
A atual malha de conexões estabelecidas pela rede mundial de computa-
dores segue os mesmos princípios daquela época. Conforme sugere Castells
(1999), “esse sistema tecnológico, em que estamos totalmente imersos nos
anos 90, surgiu nos anos 70” (CASTELLS, 1999, p. 64). A Internet, baseada na
descentralização da informação ocorrida com o advento do computador pes-
soal, tem a função de estabelecer conexões entre as unidades de processamen-
to e arquivamento de dados espalhadas pelo globo, fazendo com que usuários
do mundo inteiro tenham acesso às informações disponibilizadas na rede.
18 • capítulo 1
O princípio que gerou a Internet parte da estratégia militar de manter dife-
rentes unidades de provimento de tropas interligadas. Se uma fosse destruída
pelo inimigo, outra poderia desenvolver as mesmas atividades da primeira. Seu
funcionamento é análogo ao das ligações neurais do cérebro humano. Algumas
áreas do cérebro, sob circunstâncias específicas, podem simular a atividade de
partes que venham a sofrer lesões (DAMÁSIO, 1996), mostrando uma dinâmica
muito parecida com a estratégia militar na qual se baseia a Internet.
Por esse motivo, a internet é reconhecida como uma rede neural, com pro-
cessamento e arquivamento descentralizado, mas que possui uma representa-
ção na malha de conexões entre os diferentes terminais (nós) de sua rede.
As nações, na fase informacional do capitalismo, têm um papel muito im-
portante na ambiência das plantas produtivas. As nações que melhor se adap-
taram ao esquema de desenvolvimento tecnológico do novo capitalismo aca-
baram por sobressair frente às demais no jogo da hegemonia praticado pelos
países participantes do mercado internacional. É desnecessário dizer que paí-
ses como Estados Unidos, Inglaterra e França possuem vantagens nesta fase
informacional que se desdobraram de seu ótimo aproveitamento comercial
nas fases anteriores do sistema. Contudo, países como Índia e China acaba-
ram por emparelhar-se atrás dos Estados Unidos em importância econômica
durante o informacionalismo, cada um por razões distintas, mas todos com
uma linha tênue comum: o desenvolvimento da indústria informática em suas
plantas produtivas.
Definitivamente, as novas tecnologias de informação acabaram por redefi-
nir a estrutura interna do sistema, no que tange aos aspectos produtivos e cul-
turais. Um bom espelho do que trata a nova economia informacional está na
constatação de Castells (1999).
capítulo 1 • 19
©© WIKIMEDIA.ORG
As distinções que podem fazer entre sociedades bem dotadas por esses sistemas [de
informação] e aquelas deles mal providas poderiam ser maiores que qualquer distinção
baseada em indicadores de renda. (...) As sociedades desprovidas [desses sistemas]
retrocederiam mais e mais à situação de objeto que de sujeito. Impotentes, tenderiam a
ser lançadas em uma espiral geradora de subinformação, mais do que já o estão hoje.
(...) A subdivisão entre os ricamente informados e os pobremente informados - nacional
e internacionalmente - pode vir a ser e, de longe, muito mais difícil de se superar que as
divisões fundadas na exploração econômica (SMITH, 1980, p. 113).
20 • capítulo 1
O capitalismo é, conforme o modelo atualmente vigente, naturalmente
excludente. Há consenso entre os diversos pesquisadores da área (entre eles
Castells) de que a exclusão faz parte do sistema. Contudo, essa não é uma regra,
e tampouco seria correto dizer que a condição de manutenção do sistema seja a
existência da exclusão. No plano internacional, o informacionalismo acaba por
reduzir a importância econômica, política e social das nações que não abarcam
o domínio das tecnologias de informação. A condição de soberania econômica
dos Estados, antes baseada na produção industrial de suas indústrias nacio-
nais, hoje se encontra em sua produção de informações. Os países com maior
aparato técnico informacional, tal qual uma regra, são também os de maior
independência econômica no cenário internacional. Porém, não basta, para
incluir-se nos processos do capitalismo informacional, apenas difundir os pre-
ceitos do informacionalismo no interior da sociedade. Segundo Castells (1999).
capítulo 1 • 21
internacionais que dizem respeito aos direitos autorais. Desde os produtos
culturais (tais como músicas, filmes, entre outros) aos programas de compu-
tadores, toda produção intelectual humana é digna de um registro de direito
autoral que a outorga uma condição de propriedade. Esta condição garante seu
uso apenas a quem concebeu tal obra, seu representante legal ou aquele que
detém seus direitos. O uso de um produto (ou subproduto) intelectual só se faz
permitido através das licenças de uso, tão comuns na era informacional.
Mas qual a real relevância da informação frente ao contexto capitalista
atual? Muito simples: conhecimento. A sobrevivência no capitalismo informa-
cional se apoia sobre a competitividade, que somente surge quando há conhe-
cimento – ou seja, latência do uso prático das informações significadas através
de dados percebidos pelos habitantes de um determinado cenário.
A produção do conhecimento ocupa lugar de destaque entre os elemen-
tos que suportam o sistema capitalista de nossos tempos. O conhecimento é
a grande vantagem competitiva de todos os agentes do sistema – e as ideeias
ligadas a ele possuem, de modo geral, uma importante participação na dinâ-
mica sistêmica. As informações, formadoras do conhecimento (de qualquer
espécie), deixaram de ocupar o papel de suporte técnico para a produção e pas-
saram a ser consideradas a “produção em si”. A informação é o “produto foco”
de nossos tempos.
O conhecimento, assim como aconteceu nas fases anteriores do capita-
lismo, é a chave que abre ao indivíduo as possibilidades de atuação frente ao
meio. Trata-se do amálgama de informações, comparações e resultados cogni-
tivos que servirão de base para a atuação no ambiente. Neste momento, espera-
mos já ter delimitado os conceitos de conhecimento e informação, assim como
sua relação direta de constituição.
O processo de aquisição de elementos que fomentem a compreensão sobre
o que cerca o indivíduo – ou o aprendizado – é crucial em qualquer tipo de so-
ciedade. Aprender – ou receber informações externas que gerem algum tipo de
conhecimento de qualquer espécie – faz parte do comportamento inerente do
ser humano pleno. Como nos mostra Wiener (1967).
22 • capítulo 1
O homem gasta o equivalente a quarenta por cento de sua vida normal a aprender, por
razões que (...) têm a ver com a sua estrutura física. É tão natural para uma sociedade
humana, fundar-se no aprendizado, quanto o é, para uma sociedade de formigas, fun-
dar-se num padrão herdado (WIENER, 1967, p. 58).
capítulo 1 • 23
quentes tentativas têm sido feitas para se chegar a uma descrição sistemática
do conhecimento. Muitas delas foram baseadas em teorias cognitivas, enquan-
to outros foram formulados para servir de base para as teorias de desenho de
instruções. Existem ainda outros formatos de classificação que tentam conter o
conhecimento sob a divisão epistemológica, dependente da tarefa a que ele se
dedica. No âmbito da gestão do conhecimento empresarial, é necessário consi-
derar os objetivos por trás do tratamento dos elementos que cercam o conceito
de conhecimento.
Existem pelo menos três maneiras básicas de classificação do conhecimen-
to. A mais difundida delas, típica dos estudos de Gestão do Conhecimento, é a
que tipifica o termo a partir da permeabilidade de seu conteúdo entre diferen-
tes tipos de interlocutores, ou seja, designando uma classificação de conversão
do conhecimento. Segundo Nonaka e Takeuchi, principais fundamentadores
desse tipo de classificação, o conhecimento é formado por uma estrutura am-
bígua, ou paradoxal, na qual podemos identificar dois componentes aparente-
mente opostos: o conhecimento tácito e o conhecimento explícito (NONAKA;
TAKEUCHI, 1997).
O conhecimento tácito é aquele que está presente na cabeça dos indivíduos,
fruto de suas experiências de troca de sinais e informações com o mundo que
habitam e demais interlocutores sociais. O conhecimento tácito é aquele que
viabiliza a tomada de decisões, pois é fruto de um processo cognitivo baseado
na absorção de informações de diversos tipos e contextualização da situação
presente em função do que já se conhece acerca do cenário. Podemos dizer
também que o indíviduo carrega o conhecimento tácito consigo, tornando-se
impossível a contenção de seu trânsito apenas nas cercanias da organização.
Ele é encontrado nas pessoas que formam as organizações, como conhecimen-
to de normas e procedimentos, cultura organizacional, experiências profissio-
nais e, principalmente, suas percepções com relação à organização, mas não
fica restrito à ela. O conhecimento tácito não é um conhecimento palpável,
muito menos explicável. Ele é profundamente pessoal e por isso muito mais di-
fícil de ser compartilhado. Uma das definições usadas por Nonaka e Takeuchi
para conhecimento tácito é a seguinte.
24 • capítulo 1
O conhecimento tácito [...] é altamente pessoal e difícil de formalizar, tornando-se de
comunicação e compartilhamento dificultoso. As instituições e os palpites subjetivos
estão sob a rubrica do conhecimento tácito. O conhecimento tácito está profundamen-
te enraizado nas ações e na experiência corporal no indivíduo, assim como nos ideais
que ele incorpora (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 19).
CONCEITO
Conhecimento Tácito
Conhecimento que ocorre a partir da vivência dos indivíduos em contato com as diversas
informações absorvidas do meio que habitam. O conhecimento tácito é adquirido por diver-
sos processos, mas sempre demandará interação entre o indivíduo e outros indivíduos ou do
indivíduo com o meio. O processo cognitivo que ocorre para a formação (e a transformação)
do conhecimento tácito é constante durante toda a vivência do indivíduo, tornando o conhe-
cimento tácito inerente à sua experiência empírica de interação com o mundo.
capítulo 1 • 25
acepção mais básica do termo, é na verdade uma conotação ao dado registrado
em um suporte, e por tanto, por si só, não pode ser considerado, stricto sensu,
como conhecimento propriamente dito. Mas tal foi a divulgação desse tipo de
classificação entre os estudiosos da Gestão do Conhecimento que os próprios
acadêmicos passaram a considerar como absolutamente válido o sentido im-
posto ao termo.
Por definição, consideremos o conhecimento explícito como o registro
transferível do conhecimento em qualquer tipo de suporte (ou seja, dados). Ele
pode ser expresso em palavras e números e pode ser facilmente comunicado e
compartilhado sob a forma de dados concretos, fórmulas científicas, procedi-
mentos codificados ou princípios universais. Antes de retornar a fazer parte de
um rol de conhecimentos de outro indivíduo, o dado registrado deverá adquirir
significação (tornando-se informação) e por fim será suscetível à contextualiza-
ção necessária para sua disponibilidade prática.
Alguns autores defendem que o conhecimento explícito é o conhecimento
que o indivíduo pode tornar explícito por meio de uma declaração verbal, ou
seja, uma expressão intercambiável de seu conteúdo. Dessa forma, podemos
afirmar que o conhecimento explícito nada mais é do que um conteúdo em tran-
sição no processo comunicacional entre dois ou mais indivíduos. Retomemos
por um instante a ideia de que o conhecimento explícito é o conhecimento que
o indivíduo pode tornar explícito por meio de uma declaração verbal. Assim,
explicitação é uma questão do assunto ser capaz de apresentar informações
de forma linguística. Não é apenas uma questão de como as informações são
armazenadas na mente ou no cérebro do sujeito quando elas não estão sen-
do chamadas. Suponha que alguém saiba, no sentido cotidiano do termo, os
axiomas de alguma teoria. Desde que esse conhecimento pode ser verbalmente
articulado, ele conta como explícito – mas somente atingirá essa configuração
quando efetivamente registrado.
CONCEITO
Conhecimento Explícito
Conhecimento passível de sofrer intercâmbio entre indivíduos, pois se encontra regis-
trado em algum tipo de suporte, codificação de forma inteligível a outros interlocutores. O
conhecimento explícito somente poderá ser considerado como tal se houver maneiras de
26 • capítulo 1
recuperar o conteúdo informacional transcrito nos moldes que foi gerado. Outra forma de
categorizar o conhecimento explícito são os dados e a informação.
capítulo 1 • 27
não sabe que a raiz quadrada de 81 é 9”. Na academia, na maioria das vezes,
vamos estar preocupados apenas com o conhecimento proposicional.
O conhecimento proposicional, obviamente, engloba uma ampla gama
de assuntos: conhecimento científico, o conhecimento geográfico, o conheci-
mento matemático, autoconhecimento, e até mesmo o conhecimento sobre
qualquer campo de estudo que seja. Qualquer verdade pode, em princípio, ser
cognoscível, embora possa haver verdades desconhecidas. Um dos objetivos da
epistemologia é determinar os critérios para o conhecimento, para que possa-
mos saber o que pode ou não pode ser conhecido, ou em outras palavras, o estu-
do da epistemologia inclui fundamentalmente o estudo de metaepistemologia
(o que podemos saber sobre o conhecimento em si).
Também podemos distinguir entre diferentes tipos de conhecimento pro-
posicional, pensandona origem desse conhecimento. Temo o conhecimento
não empírico ou conhecimento a priori, que ocorre antes de qualquer expe-
riência e requer apenas o uso da razão; exemplos incluem o conhecimento de
verdades lógicas, como a lei da não contradição, bem como o conhecimento
das reivindicações abstratas (como reivindicações éticas ou reclamações so-
bre vários assuntos conceituais). O conhecimento empírico ou a posteriori, é
possível apenas subsequente, ou posterior, a certas experiências dos sentidos.
Exemplos incluem o conhecimento da cor ou forma de um objeto físico ou o co-
nhecimento de localizações geográficas. (Alguns filósofos, chamados raciona-
listas, acreditam que todo o conhecimento é, em última análise, fundamenta-
do na razão; outros, chamados empiristas, acreditam que todo o conhecimento
é em última análise, fundamentada na experiência).
Conhecimento a priori: a priori significa literalmente “de antes” ou “de
mais cedo.” Isso ocorre porque o conhecimento a priori depende do que uma
pessoa pode derivar do mundo sem a necessidade de experiência. Esse tipo é
mais conhecido como o raciocínio. Uma vez que o homem estabelece o domí-
nio da linguagem pela experiência com o mundo, é claro que um certo grau de
experiência é necessário sobre o qual um conhecimento a priori deverá tomar
forma. Se você estivesse em uma sala fechada, sem janelas e alguém lhe per-
guntasse como estava o tempo, você não seria capaz de respondê-lo com algum
grau de verdade. Se você fez, então você certamente não utilizou conhecimento
a priori. Seria simplesmente impossível usar o raciocínio para produzir uma
resposta qualificada. Por outro lado, se houvesse um quadro-negro na sala e al-
guém escreveu a equação 4 + 6 = ?, então você poderia encontrar a resposta sem
28 • capítulo 1
utilizar fisicamente quatro objetos e adicionando mais seis objetos para eles e
depois contá-los. Você saberia a resposta é de 10 sem precisar de uma experiên-
cia do mundo real para compreendê-lo. Na verdade, equações matemáticas são
um dos exemplos mais populares de conhecimento a priori.
Conhecimento a posteriori: naturalmente, então, a posteriori significa lite-
ralmente “a partir do que vem depois” ou “do que vem depois.” Refere-se à expe-
riência e usa um tipo diferente de raciocínio (indutivo) para gerar conhecimen-
to. Esse tipo de conhecimento é adquirido por primeiro ter uma experiência
(adquirida através dos cinco sentidos) e, em seguida, e posteriormente passar
ao processo cognitivo engendrando lógica e reflexão para derivar a compreen-
são acerca da experiência vivida. Esse termo é por vezes usado como sinônimo
de conhecimento empírico, que é o conhecimento baseado na observação.
Acredita-se que um conhecimento a priori é mais fiável do que um conhe-
cimento a posteriori. Isso pode parecer um contrassenso, já que no primeiro
caso, alguém pode simplesmente sentar-se dentro de uma sala e basear seus
conhecimentos em provas factuais, enquanto no último caso alguém tem ex-
periências reais no mundo. Mas o problema reside no fato de as experiências
serem subjetivas e abertas à interpretação.
Conhecimento processual: é o conhecimento que pode ser usado para
transformar. Ele pode ser aplicado para resolver problemas ou criar modelos.
O conhecimento processual difere do conhecimento proposicional na medida
em que é adquirido “evoluindo”. É adquirido por formas mais conservadoras
de aprendizagem. Uma das características definidoras do conhecimento pro-
cessual é que ele pode ser reivindicado em um tribunal de direito, e está ga-
rantido por lei. As empresas que desenvolvem seus próprios procedimentos ou
métodos podem protegê-los como propriedade intelectual. Eles podem, em se-
guida, ser vendidos, protegidos, arrendados etc.
A terceira forma de tipificação do conhecimento classifica-o de quatro
formas básicas: situacional, conceitual, processual e estratégico. Para esse
modelo de tipificação, podemos utilizar as definições a seguir para cada tipo
de conhecimento.
Conhecimento situacional: conhecimento sobre situações específicas, exa-
tamente como elas se encontram no domínio de investigação. O conhecimen-
to sobre situações problemáticas habilita o analista de problemas a entender
relações entre as partes inseridas no contexto a ser analisado, suplementando
informações acerca do quadro estudado.
capítulo 1 • 29
Conhecimento conceitual: saber estático sobre as coisas, conceitos, fatos e
princípios de certo domínio. Funciona como desdobrador de um conjunto de
informações adicionais para solução de problemas, e costuma ser intitulado
“conchecimento declarado”.
Conhecimento processual: consiste no saber técnico sobre como funcio-
nam as coisas, além da forma como se engendram soluções específicas para
problemas de situações similares às experimentadas anteriormente. Está pre-
sente na maneira como sistemas mecânicos são organizados e como solucio-
nar problemas relacionados à sua dinâmica.
Conhecimento estratégico: orienta sobre como organizar o processo de
solução de problemas para atingir uma solução satisfatória. Está relacionado
com o aproveitamento dos recursos disponiveis hierarquicamente organiza-
dos no processo de desenvolvimento de soluções pertinentes aos problemas
evidenciados no dia a dia.
30 • capítulo 1
O princípio que gerou a Internet parte da estratégia militar de manter di-
ferentes unidades de provimento de tropas interligadas. Se uma fosse destruí-
da pelo inimigo, outra poderia desenvolver as mesmas atividades da primeira.
Seu funcionamento é análogo ao das ligações neurais do cérebro humano. Por
esse motivo, a Internet é reconhecida como uma rede neural, com processa-
mento e arquivamento descentralizado, mas que possui uma representação
na malha de conexões entre os diferentes terminais (nós) de sua rede.Tal qual
percebem Armand e Michèle Mattelart, “a rede serve para fazer esquecer uma
sociedade profundamente segregada e para dela propor uma visão harmôni-
ca” (MATTELART; MATTELART, 1999, p. 160). Apesar dos pontos de acesso à
malha informacional encontrarem sítios em regiões com diferentes peculiari-
dades e culturas, há a constância de um padrão a ser seguido e compreendido
por todos.
Essa ideia de integração de diferentes culturas obedece a regras específicas
de uma necessidade de comunicação oriunda da dinâmica do sistema capita-
lista. A convergência cultural se dá em torno do meio de comunicação, aludin-
do a uma nova “cultura do meio”, ou mesmo à universalização da cultura.
A própria condição técnica do desenvolvimento científico passa pela dinâ-
mica do mercado – que sofre maiores influências dos países que dele conse-
guem usufruir com maior êxito. No âmbito internacional, as nações que pos-
suem maior participação no mercado global são, em sua maioria, as que mais
participam do desenvolvimento de novas tecnologias. A fase informacional
do capitalismo é fruto direto das necessidades de manutenção do sistema, o
mesmo sistema que garante a hegemonia de algumas regiões economicamente
mais abastadas no intuito de manter a estabilidade para sua existência. A in-
tensificação das pesquisas em TI na busca pelo aumento da produtividade e da
eficiência comunicacional segue os ideais de um mercado mediado pelas míni-
mas unidades do sistema. Em uma escala macroscópica, os agentes sociais dei-
xam de ser, diretamente, os homens, dando lugar a instituições diversas, tais
quais empresas e nações – que ainda assim são representadas por indivíduos.
Apesar da participação dos agentes sociais aferir uma manutenção proveitosa
ao status do sistema, contribuindo para a continuação de sua existência, o prin-
cipal intento do indivíduo ou das entidades sociais em interação com os mer-
cados é a obtenção do lucro. A manutenção do sistema capitalista é, por assim
dizer, um efeito colateral da busca humana pelo lucro.
capítulo 1 • 31
Ainda que as transformações engendradas pela revolução informacional te-
nham alcançado a totalidade do globo, não encontrando impedimentos ao seu
avanço frente às barreiras espaciais, culturais e nacionais, não podemos perder
de vista a quem servem as transformações ocorridas. Em um sistema no qual
há privilegiados e prejudicados, ainda que não haja uma conspiração clara ou
declarada pela manutenção de um status de períodos anteriores, percebemos
algumas nuances no desenvolvimento da TI.
As grandes corporações de nossos dias estão presentes, virtualmente ou
fisicamente, em quase todos os lugares do mundo. A fase informacional do
capitalismo beneficia a interconexão entre unidades dispostas na vastidão do
globo, orientadas por uma sede, sob uma ideologia própria dos conglomerados
mundiais – que apesar da condição globalizada possuem uma política típica de
sua origem modificada pela condição internacional. Ao passo que a integração
promovida pelas novas tecnologias de informação beneficia a inclusão de no-
vas empresas no mercado mundial, também internacionaliza a exclusão social.
A atual fase do capitalismo se baseia na remuneração pela concepção inte-
lectual da informação. No informacionalismo, está presente a todo instante o
ideal da valorização do indivíduo que pensa, garantindo ao mesmo a remune-
ração pelo uso do produto de seu pensamento por outrem, seja qual for a ins-
tância ou situação. Por isso mesmo, é cada vez maior a pressão sobre os Estados
nacionais para que se façam cumprir em seus territórios as legislações inter-
nacionais que dizem respeito aos direitos autorais. Desde os produtos cultu-
rais (tais como músicas, filmes, entre outros) aos programas de computadores,
toda produção intelectual humana é digna de um registro de direito autoral que
a outorga uma condição de propriedade. Esta condição garante seu uso apenas
a quem concebeu tal obra, seu representante legal ou aquele que detém seus
direitos. O uso de um produto (ou subproduto) intelectual só se faz permitido
através das licenças de uso, tão comuns na era informacional. Significa dizer
que, na fase atual de nossa sociedade, informação, mesmo que não materia-
lizada ou inserida no contexto prático de sua aplicação, tem valor que pode
ser mensurado monetariamente. No encalço da garantia de apropriação das
ideias, em busca das rendas oriundas do licenciamento de seus subprodutos,
os capitalistas do informacionalismo estão cada vez mais presos à informação
como veículo de emergência de lucros substanciais. Todo tipo de informação
que possa significar um produto comercializável, quiçá ela mesma, possui um
32 • capítulo 1
preço a ser aferido. Uma vez que em toda coisa artificial ou natural, produzida
pelo homem ou não, há a possibilidade de uma representação mental passível
de se tornar informação, tudo no meio ambiente pode estar sujeito à apropria-
ção intelectual.
Desde uma simples logomarca até um complexo código-fonte de software
têm seus direitos intelectuais garantidos. A propriedade intelectual, em si, não
se aplica ao suporte em que a informação está impressa, mas à própria infor-
mação – ou à interpretação que o receptor faz dos dados contidos no suporte.
Um produto com tal volatilidade, a informação, se mostra inevitavelmente alvo
de desvinculação entre a mesma e o suporte que a carrega. Isso dificulta o con-
trole do uso da informação.
Frequentemente se distinguem os tipos de conhecimento entre os apresen-
tados na produção científica contemporânea. Dessa forma, emergiu a ideia de
um conhecimento tecnológico e científico diferenciado dos demais, sob a égi-
de das necessidades de acumulação e dinamização dos processos, imposições
do capitalismo em suas diferentes fases. O conhecimento social, aquele que
compreende uma série de elementos relativos à manutenção do ser humano
– tido como fruto da coletividade – frente às hostilidades do meio, tornou-se
padronizado e cada vez mais atrelado à técnica. O conhecimento que direta-
mente interessa à área de estudo das implicações sociais das tecnologias de
informação e comunicação é aquele que agrega o conjunto de elementos rela-
tivos à produção tecnológica e sua interação com o sistema socioeconômico.
O conhecimento é tido como elemento de formação de potencialidades para
a constituição de ações produtivas. Tendo em vista que a contemporaneidade
contempla a informação como foco da produção capitalista – e de toda a indús-
tria em torno dos seus aparatos técnicos de suporte – não há como fugir de um
ciclo típico do capitalismo informacional: informação codificada somada às
experiências anteriores gerará conhecimento, que aplicado à produção de in-
formações (estágio do processo cognitivo criativo) potencializará a geração de
novos conhecimentos individualizados que, consequentemente, serão trans-
mitidos em informação codificada a outrem (no ambiente social), reiniciando
o ciclo. Dessa forma, quanto mais conhecimento uma sociedade for capaz de
absorver, mas conhecimento será capaz de gerar. Conhecimento gera conheci-
mento. Em meio a este processo estão as funções da informação.
capítulo 1 • 33
CONEXÃO
Para conhecer um pouco mais sobre a relevância da inteligência empresarial na era do capi-
talismo informacional, visite os seguintes documentos eletrônicos.
http://www.liinc.ufrj.br/pt/attachments/055_saritalivro.pdf
http://livroaberto.ibict.br/bitstream/1/434/1/Livro%20Verde.pdf
http://homepage.ufp.pt/lmbg/com/sociedadedaInformacao.pdf
ATIVIDADES
Vamos praticar um pouco os conceitos aprendidos. Responda às seguintes questões.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AKGÜN, A. et al. Organizational intelligence: a structuration view. Journal of Organizational Change
Management 20(3), 272–289, 2007.
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
CORIAT, B. La Robotique. Paris: Repères, 1983.
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DANTAS, Marcos. Informação e trabalho no capitalismo contemporâneo. Lua Nova, n. 60, p. 5-44,
2003. ISSN 0102-6445.
DAVENPORT, Thomas H. Ecologia da informação: por que só a tecnologia não basta para o sucesso
na era da informação. São Paulo: Futura,1998.
DAVENPORT, Thomas H.; PRUSAK, Laurence. Working Knowledge. Cambridge: Harvard Business
School Press, 2000.
34 • capítulo 1
KOCH, C. The Quest for Consciousness: A Neurobiological Approach. New York: Robert And
Company Publishers, 2004.
LOJKINE, Jean. Revolução Informacional. São Paulo: Cortez Editora, 2002.
MATTELART, Armand; MATTELART, Michèle. História das Teorias da Comunicação. São Paulo:
Loyola, 1999.
NONAKA, I. e TAKEUCHI, H. Criação do conhecimento na empresa: como as empresas japonesas
geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
SAXBY, Stephen. The Age of Information. Londres: Macmillan, 1990.
SETZER, Valdemar W. Dado, Informação, Conhecimento e Competência. In: SETZER, Valdemar W. Os
Meios Eletrônicos e a Educação: Uma Visão alternativa. São Paulo: Editora Escrituras, 2001.
SMITH, Anthony. The Geopolitic of Information: how Western culture dominates the world. Nova
York: Oxford University Press, 1980.
WIENER, Norbert. Cibernética e Sociedade. São Paulo: Editora Cultrix, 1967. Originalmente
publicado em 1950.
capítulo 1 • 35
36 • capítulo 1
2
Inteligência
Empresarial
2. Inteligência Empresarial
O objetivo deste capítulo é focar a discussão da necessidade da informação ao
sistema de produção econômica atual em direção da realidade organizacional,
mostrando os principais tópicos acerca do uso de processos de inteligência
para a manutenção da atuação das empresas. Além da caracterização dos con-
ceitos e modelos de atuação, o capítulo pretende versar o aluno em temas como
a Gestão do Conhecimento e os principais meios de seu desenvolvimento, ali-
nhados ao processo de prospecção e tratamento de informações alicerçados
sobre a gestão da inteligência competitiva.
2.1 Conceitos
38 • capítulo 2
de processos organizacionais e os seus papéis. Trabalhar com um conceito in-
tegral do papel da inteligência nas interações organizacionais é justificado pela
necessidade de um modelo sistêmico consistente para determinar as relações
da operação entre os componentes internos da organização e do ambiente.
A função de inteligência organizacional ou empresarial não é a única fonte
de informação no sistema, mas o núcleo de processamento das informações
obtidas por outras funções.
O VSM, enquanto modelo metodológico de análise, é baseado em um arran-
jo de cinco níveis hierárquicos sistêmicos, qualificado por Jackson (2000) como
o sistema mais rico e mais flexível. A viabilidade de um sistema é determinada
por sua capacidade para responder a alterações ambientais imprevisíveis, com
base na interação dos seus componentes com os agentes externos. A fim de li-
dar com a grande variedade de informações do ambiente externo, uma orga-
nização tem de empregar dispositivos de atenuação que filtram informações
externas para absorver apenas o que é compatível com a capacidade de proces-
samento da organização e pedaços de informação que são realmente relevantes
para ele. Isso é chamado de equilíbrio variedade (ESPEJO et al, 1996) entendida
como a equidade proporcional entre a variedade exigida e a realmente tratada.
A função da inteligência é eficaz apenas se a variedade é competentemen-
te tratada. Para isso, é necessário desenvolver capacidades para colher, filtrar,
selecionar, absorver, interpretar, comparar, processar e transmitir apenas a in-
formação essencial para as atividades da organização (ESPEJO et al, 1996), que
iniciará o processo de aprendizagem organizacional (SENGE, 2006).
O termo inteligência pode ser encontrado na literatura acadêmica de
Administracão sob vários significados, usualmente relacionados a uma
ampla gama de elementos conectados às organizações e a seu ambiente.
Tradicionalmente, refere-se ao levantamento de informações relevantes para a
sobrevivência das empresas, das instituições, de outros tipos de sistemas ou do
indivíduo (WILENSKY, 1967; ALLEE, 1997; MARCH, 1999).Os papéis da ativida-
de de inteligência variam dependendo do tipo de organização, uma vez que têm
diferentes objetivos, princípios, atividades e culturas.
As definições do termo inteligência têm ao menos duas abordagens identi-
ficáveis: o individual e o organizacional. A abordagem individual incide sobre
os atores observando uma pessoa, um grupo ou um processo de aprendizagem
institucional e seus talentos. O termo “inteligência emocional”, por exem-
plo, refere-se à habilidade ou atributos de um grupo específico, indivíduo ou
capítulo 2 • 39
processo (MATTHEWS et al, 2004). Este tipo de abordagem é a mesma aplicada
pela Biologia para processos de cognição ou ao estado de consciência indivi-
dual (KOCH, 2004).
A abordagem organizacional não limita a inteligência ao processamento
cognitivo de informações, mas engloba as relações entre ambientes e atores,
procurando entender o comportamento de ambos. A definição do termo e as
diferenças de todos os seus significados são bem apresentados em Akgün et al
(2007). Por sua perspectiva, a inteligência é mais do que a exploração no sen-
tido de tirar proveito do ambiente, mas também de exploração no sentido de
reconhecer este ambiente (AKGÜN et al, 2007). Para ser inteligente é necessá-
rio estar consciente de tudo à sua volta, relacionado à sua manutenção naque-
le ambiente.
Inteligência, pelo menos em sua acepção empresarial, não só se refere à ca-
pacidade de cognição de uma organização em um campo específico, mas tam-
bém à sua capacidade de busca de elementos para aconselhar gestores. Há um
significado do senso comum construído em torno da percepção da inteligência
como um recurso ligado aos processos de tomada de decisão ou que suportam
tomadores de decisão. Mesmo que a decisão se baseie nas opções disponíveis
e restritas por normas ambientais (leis, dinâmica e fundo sociocultural), essas
condições são melhores visualizadas através da contribuição da ação de inteli-
gência, permitindo que as informações sobre uma situação problema contri-
buam para elucidar questões obscurecidas relacionadas com o objeto de aná-
lise. A inteligência permite que os tomadores de decisão tenham uma imagem
acerca do ambiente mais rica e nítida, reduzindo o risco de erros nas intera-
ções organizacionais.
Conforme descrito por March (1999), as decisões são vistas como escolhas
racionais com base em quatro elementos principais da racionalidade: o conhe-
cimento de alternativas, o conhecimento das consequências, a preferência de
ordenação consistente e regras de decisão. A ação de inteligência está intima-
mente ligada aos dois primeiros, e os últimos elementos destinados a escla-
recer situações ambientais, reduzindo chances de ambiguidade e incoerência
na tomada de decisão. Os tomadores de decisão são amplamente distribuídos
entre os departamentos de uma organização. Eles são os principais agentes de
seus subsistemas organizacionais.
A inteligência organizacional também está relacionada com a gestão do co-
nhecimento, uma vez que fornece as informações relevantes necessárias para
40 • capítulo 2
manter o conhecimento das operações atualizado. De acordo com Wilensky
(1967), inteligência organizacional é coleta, processamento, interpretação e
comunicação de informações relevantes que sejam necessárias ao processo de
tomada de decisão. Na mesma linha, Glyn (1996) argumenta que a inteligên-
cia é formada por funções de processamento de informações que permitem a
adaptação ao ambiente, considerando suas demandas e encaminhando-as in-
ternamente para o desenvolvimento da organização.
Apesar dos vários significados que a teoria da inteligência aplicada à gestão
organizacional adquiriu, apenas dois são relevantes para o estudante de inteli-
gência empresarial: o competitivo e o das inteligências organizacionais. A “in-
teligência competitiva” tem sido profundamente estudada desde a década de
1970. De acordo com Dutka (1999, p. 4), “é um processo que envolve a coleta,
análise e preparação de informações sobre os concorrentes e o ambiente com-
petitivo”. A “inteligência organizacional” é “a capacidade de uma organização
para mobilizar todo o seu poder cerebral e concentrar-se em realizar uma mis-
são” (ALBRECHT, 2002, p. 15). É, dessa forma, um conceito mais amplo que
pode incorporar o anterior bem.
Liebowitz (2004) chama a atenção para um outro significado da inteligência
organizacional, vendo-a como um “agenciamento coletivo” de todas as inteli-
gências do domínio organizacional. Ele inclui todo o conhecimento obtido por
todos os departamentos através de processos de aprendizagem individual e or-
ganizacional. O desafio é exatamente transformar a aprendizagem individual
em aprendizagem organizacional – ou seja, coletiva.
Espejo et al (1996) consideram inteligência organizacional como parte de
uma estrutura recursiva, que compõe a gestão estratégica com o objetivo de
ajustar uma organização ao seu ambiente. Com base nas VSM de Beer (BEER,
1979, 1981, 1985), Espejo define gestão estratégica como a composição dos três
níveis mais elevados de VSM – político/normativo, inteligência e de controle.
Essa estrutura é responsável pela adaptação da organização ao seu ambiente,
sendo um processo que inclui mudanças internas para produzir respostas mais
eficazes para o estímulo externo. Observar o ambiente externo significa ter sub-
sídios para uma reformulação das relações internas, bem como de estruturas
e modelos mentais visando manter o equilíbrio entre as funções de controle e
de inteligência, as quais dependem do papel da função político/normativa. A
ideia de equilíbrio entre controle e inteligência vem da dependência do sistema
interno em função da dinâmica ambiental.
capítulo 2 • 41
CONCEITO
Inteligência Empresarial
É a inteligência organizacional das empresas. Constitui um conjunto de processos e re-
cursos com a finalidade de gerir a coleta, tratamento, armazenagem e distribuição de in-
formações pertinentes à tomada de decisão acerca das ações organizacionais frente ao
ambiente que atua. A inteligência empresarial, assim como todas as inteligências organiza-
cionais, serve como mecanismo dinâmico de adaptação do conhecimento individual e cole-
tivo sobre tudo que diz respeito à manutenção da organização em um ambiente qualquer.
CONCEITO
Inteligência Competitiva – Definição 1
Foco concorrencial da inteligência empresarial, voltado para coleta, processamento e
análise de informações relacionadas às interações da organização no ambiente de mercado,
considerando seus concorrentes e elementos típicos da disputa de recursos e clientes.
42 • capítulo 2
ou sistemas de informação. Também não são necessariamente ligadas aos flu-
xos de trabalho específicos. Elas representam uma forma de pensar sobre como
a informação pode ser usada estrategicamente para tomar melhores decisões
ou para melhorar a eficiência e a segurança das operações. As dimensões, con-
forme abordadas a seguir, são a inteligência de negócio (Business Intelligence
ou BI), inteligência de processo, inteligência de ativos e inteligência de pessoas.
capítulo 2 • 43
comparando o desempenho com os demais integrantes do mercado. Além de
dados financeiros, nessa dimensão estão incluídas as informações relaciona-
das a projetos diversos em andamento e desempenho dos processos operacio-
nais internos. Uma das causas mais comuns de baixo desempenho financeiro
é a má gestão dos processos internos, e essa questão deve ser considerada ao
analisar os resultados operacionais de medida monetária. Muitas das grandes
dores de cabeça de custos são causadas por ineficiência de processos, que de-
vem ser descritos em outra dimensão da inteligência, a seguir.
Inteligência de Processo: lida com a compreensão das implicações dos pro-
cessos de negócio, de modo a melhorar continuamente a sua eficiência e eficá-
cia. Eficiência denota o quão bem um processo de trabalho é executado pelas
pessoas e sistemas que o suportam. Eficácia nos diz se o processo de trabalho
atinge o que se propõe e se ele precisa ser reformulado. Para implementar a
inteligência de processo, um sistema de gestão de fluxos de processos de ne-
gócios precisa ser definido. As empresas estão se tornando mais rigorosas so-
bre o gerenciamento de processos, bem como o estabelecimento de um padrão
para melhorar a sua eficiência empresarial, buscando também o treinamento
rápido e pautado em um modelo predefinido novos funcionários. Processos
padronizados também melhoram a capacidade de as empresas em realizar au-
ditorias internas e atender a exigências regulatórias externas, assegurando que
investimentos importantes não sejam perdidos. Esses sistemas também defi-
nem métricas de trabalho de modo que o desempenho do processo possa ser
monitorado ao longo do tempo. Processos padronizados também contribuem
para a segurança e redução de riscos e perdas a toda a rede produtiva, uma vez
que pode ser testado, validado e implantado a uma variedade de trabalhadores
e em muitos locais de operação.
Inteligência de Ativos: as empresas são medidas e avaliadas, em muitos ca-
sos, pelos retornos financeiros que recebem por empregarem seus ativos na ge-
ração de valor à sociedade. Por definição, os ativos podem incluir pessoas, equi-
pamentos, instalações, ferramentas e materiais. O Retorno sobre Ativos (ROA)
é uma medida financeira comumente usada no domínio da inteligência de ne-
gócios. O que definimos como o domínio da inteligência de ativos é o status,
posição e movimento dos ativos da empresa como uma parte fundamental de
compreender as operações básicas do negócio. Ser capaz de saber onde os prin-
cipais ativos são implantados, sua condição e para onde vão em seguida, e até
mesmo quando eles vão chegar, é um elemento chave de muitos processos de
44 • capítulo 2
negócio importantes, inclusive os ligados à cadeia de suprimentos, compras,
pessoal, segurança, programação, planejamento de espaço e transporte. Além
disso, ser capaz de controlar equipamentos de custo elevado garante que eles
estarão protegidos contra furtos ou roubos. A capacidade de planejar e replane-
jar rapidamente é necessária para que situações de contingência sejam supe-
radas. No que tange às situações de contingência em ambientes amplamente
concorrenciais, devemos nos lembrar sempre do ditado militar: “Não há plano
que sobreviva além do primeiro contato com o inimigo “.
Inteligência de pessoas: recursos humanos é um termo usado para o geren-
ciamento de ativos de pessoal de uma empresa, mas os sistemas de gestão co-
nectados ao tema são tipicamente transacionais em sua natureza, tais como
processamento de informações, promoções, emissão de cheques, contratação
e demissão. Existem sistemas separados para o cadastro de pessoal, gestão da
formação, processamento de despesa e avaliação de desempenho. O termo in-
teligência de pessoas remete sobre uma visão integrada de dados a partir des-
ses sistemas. Por exemplo, um vice-presidente de operações poderia estar in-
teressado no aumento na taxa de acidentes em um local particular. Ele ou ela
gostaria de saber quais os empregados estavam envolvidos nos acidentes, de
modo a compreender o que os perfis de trabalho possuem taxas mais elevadas
de incidentes ou acidentes. O executivo poderia também ver que treinamen-
to esses funcionários deveriam ter recebido e se eles realmente os completa-
ram. Ele ou ela também poderia saber se determinados gerentes de operações
estiveram envolvidos em mais acidentes do que o normal, de modo que eles
poderiam ser realocados em papéis diferentes. Esses pontos de vista exigem
informação a ser estruturada a partir de um número de sistemas de back-end.
O vice-presidente de operações também pode usar as pessoas de inteligência
em alinhamento com a inteligência de ativos (e segurança da instalação) para
certificar-se de que todos os trabalhadores têm certificações e formação ade-
quada para entrar nas várias áreas da instalação. Além disso, o executivo pode
criar áreas de reagrupamento, em que, em caso de um incidente, os trabalhado-
res poderiam ser evacuados com segurança e rapidamente contabilizados. Tais
áreas teriam “cercas” eletrônicas que poderiam ler os crachás dos funcionários
em áreas abertas. Todas essas medidas se apoiam em informações originadas
em sistemas de inteligência de pessoas e contribuem para sua retroalimenta-
ção, gerando novas informações.
capítulo 2 • 45
Alguns modelos de inteligência estão focados em outras áreas como
Desenvolvimento de Software, Gestão do Conhecimento, Gestão e Dados de De-
sempenho de Gestão. Eles são ainda suficientemente gerais para que possam
ser usadas para o domínio da Inteligência Empresarial, com ligeiras modifica-
ções. Modelos desenvolvidos especificamente para o domínio de BI (business
intelligence) são muito poucos.
Uma importante ferramenta de avaliação de modelos é o modelo de matu-
ridade de inteligência. Duas das mais importantes vantagens dos modelos de
maturidade estão na facilidade de compreensão e no fornecimento de uma fer-
ramenta para comparar diferentes empresas ou partes distintas da empresa.
O fator fundamental para alcançar melhor valor de negócios na área de inte-
ligência é perceber que o nível de maturidade da Business Intelligence dentro
da empresa deve coincidir, tanto quanto possível, com o nível de maturidade
da própria empresa. Só então o benefício da Business Intelligence sera mais
elevada. Não somente a informação correta deve ser entregue ao usuário certo,
no momento certo, mas também significa que a informação em si tem que ser
personalizada para as necessidades daquele usuário particular e entregue em
formato adequado para cada usuário ou grupo individualmente. É preciso tam-
bém entender e saber qual o nível de maturidade atual da Business Intelligence
e o que precisa ser feito a fim de avançar para o próximo nível, a fim de aumen-
tar o valor de negócio para a empresa (BURTON, 2007).
No âmbito da Inteligência de Negócio (Business Intelligence ou BI), os mo-
delos desenvolvidos para as empresas de nossos dias encontram amparo na es-
trutura de TI (Tecnologia da Informação) e demais recursos telemáticos da em-
presa. Hoje em dia, vários softwares de BI disputam a preferência das empresas
para uso em seus processos diários de análise e processamento de informações
para tomada de decisão.
CONCEITO
Software de BI (Inteligência de Negócios)
É uma coleção de tecnologias de apoio à decisão empresarial, destinada a permitir que
os trabalhadores do conhecimento, tais como executivos, gerentes e analistas, consigam
produzir decisões mais efetivas de forma mais rápida.
46 • capítulo 2
As duas últimas décadas têm visto um crescimento explosivo, tanto no nú-
mero de produtos e serviços oferecidos quanto na adoção de tecnologias de BI
por parte da indústria. Esse crescimento foi impulsionado pela diminuição do
custo para adquirir e armazenar grandes quantidades de dados provenientes
de fontes diversas, como transações de clientes em bancos, varejo, bem como
em e-business, além das etiquetas RFID para controle de estoque, e-mail, logs
de consulta para sites, blogs e análises de produtos. As organizações de hoje
estão aptas a coletar dados em uma granularidade mais fina, ou seja, de mui-
to maior volume. As empresas estão alavancando seu ativo de dados de forma
agressiva com a implantação e experimentação de técnicas de análise de dados
mais sofisticados para impulsionar os negócios, suportar decisões e entregar
novas funcionalidades, tais como ofertas e serviços personalizados para clien-
tes. Hoje, é difícil encontrar uma empresa de sucesso que não tenha se aprovei-
tado das tecnologias de BI para gerir seu negócio. A tecnologia de BI é utiliza-
da, por exemplo, na geração de ordens de embarque e suporte aos clientes de
companhias aéreas. Outro exemplo está no varejo, em que conforme o perfil de
usuário, é possível direcionar cupons de supermercado durante o fechamento
da compra. Em serviços financeiros, essa tecnologia é utilizada para análise de
sinistros e detecção de fraudes. No transporte, o BI é utilizado para gestão de
frotas. Em telecomunicações, seu uso é efetivo para identificar razões de rota-
tividade de clientes.
A arquitetura típica de apoio de BI dentro de uma empresa é mostrada na
figura 2.1, a seguir. Os dados usados pelas tarefas de BI são acessados muitas
vezes e vêm de fontes diversas, originados em vários bancos de dados opera-
cionais alocados em todos os departamentos da organização, bem como de
fornecedores externos. Diferentes fontes contêm dados de qualidade variável,
muitas representações inconsistentes, códigos e formatos de vários tipos, que
têm de ser reconciliados para estarem acessíveis de forma apropriada ao uso.
Assim, problemas de integração, limpeza e padronização de dados em prepara-
ção para tarefas de BI pode ser bastante desafiador. O carregamento eficiente
de dados é imperativo para BI. Além disso, as tarefas de BI geralmente preci-
sam ser realizadas de forma incremental quando novos dados são inseridos.
Por exemplo, os dados de vendas do mês passado sendo agregados a um deter-
minado relatório. Isso faz com que a capacidade de carregamento de dados e
a atualização eficiente e escalável dos mesmos seja indispensável para o bom
funcionamento do BI corporativo.
capítulo 2 • 47
As tecnologias back-end para preparar os dados em sistemas de BI são co-
letivamente referidos como ferramentas Extract-Transform-Load (ETL) (tradu-
zindo literalmente, ferramentas de transformação da carga extraída). Cada vez
mais, há a necessidade delas para apoiar as tarefas de BI em tempo quase real.
Isso permite tomar decisões de negócios com base nos dados operacionais em
si. Os motores de processamento de eventos complexos surgiram para apoiar
cenários de tomada de decisão.
Aplicações
Front-End
Intermediários
Servidores
Figura 2.1 – Arquitetura Típica de Inteligência de Negócios. Fonte: Elaborada pelo autor.
48 • capítulo 2
SQL ad hoc (query) é: encontrar clientes que fizeram pedidos durante o trimes-
tre passado, cujo montante exceder o valor da ordem média em pelo menos 50%.
Grandes Data Warehouse susualmente possuem GBDR paralelos de modo que as
queries podem ser executadas para grandes volumes de dados com baixa latência.
CONCEITO
Banco de Dados Relacional
Um banco de dados relacional é uma forma de armazenamento de dados os quais permi-
te que os mesmos sejam percebidos pelo usuário como tabelas ou, conforme o conceito da
área de computação, relações. O banco de dados relacional é controlado por um programa
que implementa as relações chamado gerenciador de banco de dados relacional (do inglês,
Relational Database Management System - RDBMS).
capítulo 2 • 49
crescente disponibilidade e importância dos dados de texto, tais como análises
de produtos, e-mails e transcrições de call center para BI, traz novos desafios.
Os motores de busca da empresa se apoiam sob o paradigma de pesquisa de
palavra-chave ao longo do texto e sob a busca por dados estruturados no repositó-
rio (por exemplo, permite encontrar mensagens de e-mail, documentos, histórico
de compras e chamadas de suporte relacionadas a um determinado cliente). Eles
se tornaram uma ferramenta valiosa de BI ao longo da última década. Motores de
Data Mining (mineração de dados) permitem uma análise aprofundada dos dados,
o que vai bem além do que é oferecido pelo OLAP ou pelos servidores de relatórios,
e fornece a capacidade de construir modelos preditivos para ajudar a responder a
perguntas como: quais os clientes existentes são susceptíveis de responder ao meu
próximo envio de e-mails de campanha de vendas? O motor de análise de texto per-
mite analisar grandes quantidades de dados de texto (por exemplo, as respostas da
pesquisa ou comentários de clientes) e extrair informações valiosas que de outro
modo exigiria esforço manual significativo, como por exemplo, quando queremos
saber quais os produtos que são mencionados nas respostas da pesquisa e os te-
mas que são frequentemente discutidos em conexão com esses produtos.
Existem várias aplicações populares de front-end através das quais os usuá-
rios executam tarefas de BI: planilhas, portais empresariais para pesquisa, al-
gumas aplicações de gestão de desempenho que permitem que os tomadores
de decisões acompanhem KPIs (indicadores chave de desempenho) do negócio
usando painéis visuais, assim como ferramentas que permitam aos usuários
representar consultas pontuais e específicas, e assim por diante. Uma visua-
lização rápida e específica de dados pode permitir uma exploração mais dinâ-
mica de padrões, identificação de outliers (pontos de discrepância ou fora do
padrão) e ajudar a descobrirfatos relevantes para BI.
Além disso, existem outras tecnologias de BI (não mostrados na figura 2.1),
tais como Web Analytics, que permitem a compreensão de como os visitantes
do site de uma empresa interagem com as páginas, como por exemplo, quais
páginas de destino incentivam o visitante a fazer uma compra. Da mesma for-
ma, pacotes de aplicações verticais, tais como gestão de relacionamento com
clientes (CRM), são amplamente utilizados. Essas aplicações muitas vezes su-
portam análises internas. Uma aplicação de CRM pode fornecer informações
sobre clientes de um segmento, trazendo especificamente aqueles que este-
jam menos propensos a recomprar um determinado produto, facilitando uma
abordagem mais precisa da empresa.
50 • capítulo 2
CONCEITO
Servidores OLAP
As aplicações OLAP são usadas pelos gestores em qualquer nível da organização para
lhes permitir análises comparativas que facilitem a sua tomada de decisões diárias. Usual-
mente, servidores OLAP são recursos dedicados ao processamento e à manipulação de um
grande volume de dados sob múltiplas perspectivas.
capítulo 2 • 51
2.3 Inteligência Empresarial e Inteligência Competitiva
CONCEITO
Inteligência Competitiva – Definição 2
Inteligência competitiva é a ação de definição, recolha, análise e distribuição de infor-
mações de inteligência sobre produtos, clientes, concorrentes e qualquer aspecto do am-
biente necessário para apoiar executivos e gerentes que tomam decisões estratégicas de
uma organização.
52 • capítulo 2
específico. Os “concorrentes” são as empresas consideradas rivais no ambiente
de negócios, e com quem pretende-se competir por participação de mercado.
A IC também tem a ver com a determinação sobre o que os rivais de negócio
tendem a fazer antes que eles efetivamente o façam. Estrategicamente, busca-
se a predição para ganhar conhecimento prévio dos planos dos concorrentes
e planejar uma estratégia de negócios que contrabalanceie a dinâmica de ob-
tenção dos objetivos empresariais. Como podemos esperar, o uso efetivo de IC
envolve muitos métodos no nível do conjunto tático, mas também vai exigir a
integração da infraestrutura existente de informações, análise e distribuição
das mesmas e, finalmente, o cálculo das decisões de negócios com base no que
existe disponível em termos de conhecimento. Essa é a parte “inteligência” da
fórmula que define a IC.
A maior parte do valor agregado na fabricação de produtos ou fornecimento
de serviços finais é criado por atividades de serviços intermediários baseados
no conhecimento, tais como pesquisa e desenvolvimento, pesquisa de mar-
keting, design de produto, serviço ao cliente, publicidade ou distribuição. As
empresas vencedoras no quesito agregação de valor são organizações que do-
minam com mais sucesso os problemas críticos de negócios para o seu desem-
penho, e desenvolvem a compreensão mais precisa das definições de valor e
criação de valor. A obtenção de vantagem competitiva tem muito a ver com ala-
vancar os ativos de conhecimento da empresa, ao mesmo tempo que determina
como os concorrentes são susceptíveis de alavancar a deles.
Uma pesquisa da empresa Fortune 500 mostrou que 55% da empresas lí-
deres em seus setores fazem uso de informações sobre a concorrência para
compor a estratégia de negócios. Cada empresa que é líder em seu setor co-
nhece seus inimigos. As empresas e indústrias prosperam através de melhorias
na competitividade, potenciando as competências essenciais, e a inteligência
competitiva está no cerne do objetivo de melhorar a vantagem competitiva.
Dessa forma, compreende-se que a inteligência competitiva é o núcleo da es-
tratégia competitiva
Mas por que grandes organizações com ótimos produtos, gerentes sá-
bios, recursos diversos e outras forças de sucesso, saem repentinamente de
seus negócios?
Economia de escala, a base sobre a qual as grandes empresas basearam a
sua posição dominante na Era Industrial, não é mais uma vantagem. Nos úl-
timos trinta anos, houve diversas mudanças na tecnologia da informação, no
capítulo 2 • 53
sistema financeiro, em técnicas de produção just-in-time, e mesmo na ascen-
são de empresas, que ofereceram sistemas de distribuição e de apoio que, an-
teriormente, apenas as maiores empresas podiam pagar. Isso neutralizou as
vantagens de ser grande. A flexibilidade e adequação plena aos problemas dos
clientes estão se tornando diferenciais cada vez mais poderosos.
Quando existe a primeira implementação de um programa de Inteligência
Competitiva em uma empresa, surgem muitas dúvidas a serem equacionadas
no contexto corporativo. Eis aqui apenas algumas das perguntas que as empre-
sas fazemfrente à implementação de um programa de IC.
• Como podemos tornar mais útil a missão da empresa, as suas intenções
estratégicas, os seus objetivos e as suas escolhas estratégicas?
• O que precisamos saber para desenvolver e selecionar estratégias que não
somente são bem-sucedidas, mas sustentáveis?
• Que novos produtos devemos produzir, em quais mercados devemos en-
trar e como?
• Como vamos implementar nossa estratégia competitiva?
Seja qual for o quadro estratégico que a empresa escolher abraçar para a
gestão do seu negócio, não existirá um elemento mais fundamental para a es-
tratégia competitiva do que a inteligência competitiva. A inteligência competi-
tiva está mais preocupada em tomar decisões acertadas do que executar corre-
tamente péssimas decisões.
O objetivo de uma análise da concorrência é desenvolver um perfil da na-
tureza da estratégia, levando em consideração aquilo que cada concorrente
pode fazer, assim como a possível resposta de cada concorrente para a gama
de movimentos estratégicos que outras empresas poderiam fazer, e também a
provável reação de cada concorrente para mudanças da indústria e mudanças
ambientais de qualquer natureza. Complexidade é o verdadeiro nome de uma
análise completa em IC. Para reduzir o nível da complexidade a patamares que
permitam a ação direta sobre o ambiente, ainteligência competitiva deve ter
um objetivo único. Isso deve ser levado em conta para desenvolver as estraté-
gias e táticas necessárias, no intuito de transferir a quota de mercado de forma
rentável e consistentemente de concorrentes específicos (identificados como
alvos de ações pontuais) para a empresa.
Uma empresa que não monitorar e analisar rigorosamente os principais
concorrentes estará mal equipada para compor e implantar uma estratégia
54 • capítulo 2
competitiva eficaz, e essa incapacidade deixará a empresa e seus mercados vul-
neráveis a ataques. A base para a IC gira em torno de decisões tomadas pelos
gestores sobre o posicionamento de uma empresa para maximizar o valor dos
recursos que a distinguem de seus concorrentes. A falha em coletar, analisar e
agir de uma forma organizada sobre informações a respeito da concorrência
pode levar ao fracasso da organização como um todo.
Qual é então a inteligência competitiva? Como podemos defini-la? De que
forma é que difere da pesquisa de mercado? Como é usada para tornar as em-
presas mais competitivas? Quem precisa de inteligência competitiva? Como é
gerida? Como é produzida? Como ainteligência competitiva deve ser usada?
Por quem? Quais são os seus custos? Onde a inteligência competitiva cabe
dentro do sistema de gestão estratégica da empresa? Quais são os benefícios
mensuráveis “mínimos” para os gestores e suas organizações? Essas perguntas
estão longe de ter respostas gerais aplicáveis a todos os contextos e empresas.
Mas existem algumas reflexões factíveis para cada uma delas.
O estrategista militar chinês, Sun Tzu, enfatizou a necessidade da IC: a van-
tagem de prever com sucesso os planos futuros de um concorrente são aparen-
tes, assim como são as consequências de tomar decisões de negócios com base
em informações defeituosas.
A inteligência competitiva é normalmente constituída por cinco grandes
áreas do esforço:
• avaliação das estratégias.
• percepções dos concorrentes.
• eficácia das operações de correntes.
• capacidades dos concorrentes.
• perspectivas de mercado a longo prazo.
Esses cinco grandes esforços são realizados sob três abordagens principais:
inteligência estratégica, inteligência tática e contrainteligência.
A inteligência estratégica está preocupada principalmente com a análise do
concorrente ou ganhar um entendimento das metas de um concorrente futuro,
além da análise e formação de uma estratégia atual, desenvolvimento de supo-
sições sobre si mesmo, do setor de que faz parte e suas capacidades. Para tal
tutiliza-se de vários componentes de diagnóstico. É necessário, nesse contexto,
lidar com a inteligência sobre clientes importantes, fornecedores e parceiros
capítulo 2 • 55
(em marketing ou de alianças de pesquisa e desenvolvimento) da empresa, di-
mensão que é muitas vezes de valor estratégico.
A inteligência tática é geralmente operacional e em uma escala menor, não
tão centrada em ser preditiva. Questões táticas incluem termos dos concorren-
tes de venda, as suas políticas de preços e os planos que têm para mudar a ma-
neira com que se diferenciam em um ou mais de seus produtos. O departamen-
to comercial e um número de gerentes de vendas de nível médio estão entre
alguns dos principais usuários de inteligência tática. Eles querem saber como
ganhar o dia de hoje.
A contrainteligência defende os segredos da empresa. Cada empresa tem
concorrentes entre os interessados em conhecer os seus planos, assim como
você está interessado em saber os deles, talvez até mais. Muitas vezes, essa área
de atuação envolve tecnologia de segurança e de informação, mas outros recur-
sos são muitas vezes esquecidos, tais como contratação e demissão de estraté-
gias, para conter oportunidades de concorrentes dentro da empresa.
A inteligência competitiva promove a determinação de soluções para os de-
terminantes da vantagem competitiva em curso, apoiados sobre temas como
os seguintes.
• Qual é a base da concorrência?
• Onde a empresa concorre?
• Contra quem o competidor também compete?
• Como é que a empresa compete?
56 • capítulo 2
rentável dos produtos e serviços de uma empresa. O escopo de inteligência com-
petitiva é muito mais amplo. Inteligência competitiva é um conceito de maior
valor que as propostas de desenvolvimento de negócios, pesquisa de mercado e
planejamento estratégico.
CONCEITO
Inteligência Competitiva – Definição 2
Inteligência competitiva é a ação de definição, recolha, análise e distribuição de infor-
mações de inteligência sobre produtos, clientes, concorrentes e qualquer aspecto do am-
biente necessário para apoiar executivos e gerentes que tomam decisões estratégicas de
uma organização.
capítulo 2 • 57
da como inteligência, chegando para aos decisores políticos para uso na toma-
da de decisão e ação.” Existem cinco passos que constituem esse ciclo:
• planejamento e direcionamento.
• coleta e pesquisa.
• processamento e armazenamento.
• análise e produção.
• divulgação e entrega.
3 2
Anális Coleta
Figura 2.2 – Processo Típico de Inteligência Competitiva. Fonte: Elaborada pelo autor.
Este é o passo que decide o que a inteligência requer. Esta é também a parte
do ciclo em que o praticante de inteligência competitiva decide qual caminho
58 • capítulo 2
que ele deve seguir no cumprimento de sua tarefa. Esta fase também pode ser
pensada a partir do atendimento às expectativas da outra extremidade do ciclo
de inteligência, o tomador de decisão que baseará suas ações subsequentes no
resultado da inteligência. Isso vai estimular ainda mais a necessidadesde de
uma inteligência bem fundamentada, tendo em vista que a situação da empre-
sa, sem dúvida, vai mudar de acordo com essas ações.
2.6 Coleta
2.7 Análise
2.8 Divulgação
capítulo 2 • 59
A inteligência competitiva funciona melhor quando considerada um pro-
cesso em vez de uma função. Em primeiro lugar, a estrutura do ciclo de inte-
ligência é claramente um processo, e quando executado um sistema de inte-
ligência em grande escala na empresa, tudo o que se tem a fazer é expandir os
passos maiores, em direção ao ambiente externo, para incluir mais pessoas e
conformar seu crescimento. Além disso, embora algumas empresas de muito
sucesso considerem-se competitivas, manter a inteligência como uma função
e anexá-la para os cargos de gestão de topo pode ser pensado pelo resto da em-
presa como uma espécie de “agência de espionagem executiva”. Ao manter a
inteligência competitiva apenas nos mais altos níveis, podemos reduzir sua ca-
pilaridade. Além disso, os funcionários que poderiam contribuir com informa-
ções para o sistema podem ser desencorajados a fazê-lo.
O produto do ciclo de inteligência são informações validadas. Está consu-
mada a inteligência, empacotada em um formato adequado, tanto para a pró-
pria inteligência quanto para o cliente da inteligência, usualmente o tomador
de decisão.
Na prática, o produto de inteligência não é susceptível de ser encarado
como a entrada perfeita para o processo decisório. Não podemos verdadeira-
mente prever o futuro com precisão até que os eventos já tenham acontecido
ou que seja tarde demais. A empresa se encontra numa posição em que só pode
reagir ao movimento já configurado do concorrente; ela efetivamente perderia
a vantagem que poderia ter tido se a inteligência correta estivesse disponível
anteriormente. Assim, embora não possamos saber com certeza as minúcias
associadas e os detalhes exatos, podemos descobrir planos e estratégias aproxi-
mados pela análise realizada sob a luz das informações mais precisas.
Por fim, o valor real da IC é fornecer aos gestores uma ferramenta organi-
zacional que sinalize o que o concorrente vai fazer, não o que o concorrente já
tem feito.
60 • capítulo 2
da organização frente aos concorrentes. Conforme visto no capítulo 1, a gestão
do conhecimento, na acepção literal do termo, não pode ocorrer. O que real-
mente ocorre é a gestão do fluxo de dados e seu acesso, bem como o controle do
processamento de informações pelos interlocutores internos. Uma vez que o
conhecimento é individual e baseado na subjetividade da experiência humana
com o meio, não há como controlar sua formação, e por isso, o que ocorre de
fato é a gestão de dados e um conjunto de melhores práticas para o estímulo ao
processo cognitivo que leve ao implemento do conhecimento e sua aplicação
direta sobre algum serviço ou produto.
CONCEITO
Gestão do Conhecimento
A gestão do conhecimento é a gestão sistemática dos ativos de conhecimento de uma
organização com o objetivo de criar valor e atender aos requisitos táticos e estratégicos.
Consiste em iniciativas, processos, estratégias e sistemas que sustentam e realçam o arma-
zenamento, avaliação, partilha, refinamento e criação de conhecimento.
capítulo 2 • 61
básico, tal conhecimento leva ao desenvolvimento de novos produtos, proces-
sos e serviços. Por sua própria natureza, a gestão do conhecimento possibilita-
dor pode ser terceirizada. O conhecimento básico e o conhecimento possibi-
litador aplicados concomitantemente às organizações se tornam mais do que
uma vantagem competitiva pura. Tornam possível a ação focada e coletiva, ge-
rando aquilo que conceitualmente chamamos de “conhecimento organizacio-
nal”. Mas tão importante quanto o conhecimento organizacional é a memória
organizacional. Uma grande parte do conhecimento da organização é criada
e armazenada em nível individual. Eles estão nas cabeças das pessoas e gru-
pos de pessoas que trabalham na organização –os funcionários, gerentes e al-
tos executivos.
Gerir o conhecimento é reconhecer o principal recurso sem o qual o conhe-
cimento não ocorre: o ser humano, inserido na dinâmica produtiva do trabalho
com informação.
62 • capítulo 2
empresas, mas acompanham um conjunto de ferramentas para controle, trata-
mento e análise dos dados de sistemas corporativos. CIOs (Chief Information
Officers, ou Diretores de TI) usam BI para identificar processos de negócios ine-
ficientes, que demandam revisão.
Com as ferramentas de BI de hoje, os executivos podem entrar e começar a
analisar os dados próprios, em vez de esperar por eles para executar relatórios
complexos. Essa democratização do acesso à informação ajuda os usuários a
tratar suas decisões a partir dos números, com informações consistentes e da-
dos atualizados, as quais de outra forma seriam baseadas apenas em sentimen-
tos e “achismos”.
Embora a BI seja uma grande promessa, implementações podem ser acom-
panhadas por desafios técnicos e culturais. Os executivos precisam assegurar
que os dados os quais alimentam as aplicações de BI sejam limpos e consisten-
tes para que os usuários possam confiar no sistema como um todo.
CONEXÃO
Para conhecer um pouco mais sobre o conceito de BI e demais componentes da Inteligência
empresarial, visite os seguintes repositórios eletrônicos de informação.
https://web.archive.org/20130528054421/http://www.computerworld.com/
pdfs/SAS_Intel_BICC.pdf
http://www.research.ibm.com/journal/rd/024/ibmrd0204H.pdf
http://dssresources.com/history/dsshistory.html
http://www.businessanalytics.com/difference-between-business-analytics-and
-business-intelligence/
ATIVIDADES
Vamos praticar um pouco os conceitos aprendidos. Responda às seguintes questões.
capítulo 2 • 63
b) controle deliberado e coordenado das informações acerca de seus concorrentes, onde
e quem quer que estejam, dentro de um mercado específico.
c) gestão sistemática dos ativos de conhecimento de uma organização com o objetivo de
criar valor e atender aos requisitos táticos e estratégicos.
d) foco concorrencial da inteligência empresarial, voltado para a coleta, processamento
e análise de informações relacionadas às interações da organização no ambiente de
mercado, considerando seus concorrentes e elementos típicos da disputa de recursos
e clientes.
e) tipo de inteligência que estuda as relações entre empresa, mercado e seus concorrentes.
02. Explique o que é a Gestão do Conhecimento e por que não é possível resgatar seu con-
ceito pelo desdobramento literal do termo.
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capítulo 2 • 65
66 • capítulo 2
3
O processo
decisório
3. O processo decisório
O objetivo deste capítulo é embasar os conceitos atrelados ao processo de to-
mada de decisões nas organizações, considerando seus diferentes tipos e níveis
hierárquicos. Além disso, ao final deste capítulo o aluno será capaz de entender
cada uma das fases do ciclo de tomada de decisão, bem como associar ao seu
processo o uso de diferentes tecnologias da informação para suporte de subsí-
dios e dados, tais como ambiente OLTP e OLAP.
68 • capítulo 3
processos envolvidos na questão e quaisquer restrições colocadas no processo
de tomada de decisão.
Brainstorming de soluções
Para terem uma compreensão mais completa do assunto em questão, os
gerentes devem reunir envolvidos e estimulá-los a fazer uma lista de possíveis
soluções. Este passo pode envolver qualquer coisa, desde soluções que deman-
dem projetos estruturados e formalizados até intervenções pontuais com me-
nores níveis de complexidade.
Escolher uma alternativa
Gestores devem pesar os prós e os contras de cada solução potencial, além
de buscar informações adicionais quando necessário e selecionar a opção que
sentem ter a melhor chance de sucesso ao menor custo. Devem, contudo, con-
siderar o uso de aconselhamento externo ou buscar uma segunda opinião para
que haja uma nova perspectiva sobre o problema e suas possíveis soluções.
Implementar o plano
Não há tempo a perder quando já se tem uma imagem clara do problema
e certeza sobre a solução mais adequada, e os decisores devem, por fim, colo-
car sua decisão em ação. Depois de ter o cuidado em encaminhar uma solução
específica, devem mobilizar seus recursos disponíveis e colocar a decisão em
ação com convicção. Isso não quer dizer que uma decisão administrativa não
possa mudar depois de ter sido promulgada. Gerentes experientes costumam
colocar sistemas de monitoramento (instituindo indicadores) no ambiente de
implementação para avaliar os resultados de suas decisões.
Avaliar os resultados
Até mesmo os administradores mais experientes podem aprender com seus
erros. É necessário acompanhar sempre os resultados das decisões estratégicas
que se faz, como se ainda estivesse aprendendo sobre a situação vivida. Essa
postura deve manter o gestor pronto para adaptar o seu plano quando necessá-
rio, ou habilitá-lo a mudar para outra solução potencial se a sua solução esco-
lhida não funcionar do jeito que ele esperava.
CONCEITO
Brainstorming
Brainstorming é uma técnica de grupo que busca estimular a criatividade, através da qual
são feitos esforços para encontrar soluções para um problema específico, reunindo uma lista
capítulo 3 • 69
de ideias a partir da contribuição espontânea dos indivíduos de uma organização. Inicialmen-
te sem barreiras definidas para as propostas e ideias, outras etapas do brainstorming acabam
por eliminar as ideias menos apropriadas e eleger uma mais apropriada às condições técni-
cas disponíveis e mais aderente às necessidades apresentadas pela situação.
1 IDENTIFICAR O PROBLEMA
2 BUSCAR INFORMAÇÕES
3 BRAINSTORM DE SOLUÇÕES
5 IMPLEMENTAR O PLANO
6 AVALIAR OS RESULTADOS
Figura 3.1 – Processo linear de 6 etapas para a tomada de decisões frente a problemas
organizacionais. Fonte: Elaborada pelo autor.
Suponhamos que alguém quer decidir se deve se casar. Observe que esta é
uma decisão (apesar de estar baseada em uma série de relações de ordem social
que margeiam a cultura e a experiência de vida de cada indivíduo, e não neces-
sariamente ser uma decisão a ser tomada com base em um problema identifi-
cado). Sabendo que não se trata de um problema (a não ser que haja uma razão
problemática para o matrimônio), excluindo a necessidade das etapas 1, 2 e 3
70 • capítulo 3
da figura 5 anterior (a situação já está claramente exposta), é necessário adotar
um outro método para abordagem da situação. Uma outra abordagem linear
para a tomada de decisão poderia ser utilizada para decidir esta questão, pesan-
do as razões prós e contras (quais são as vantagens e desvantagens de se casar),
e depois de mudar para a próxima parte do processo, a identificação de critérios
para a pessoa a ser escolhida (humor do cônjuge, facilidade de relacionamento,
competências sociais, se quer ou não uma pessoa carinhosa etc.). Em seguida,
gostaríamos de identificar as alternativas que possam ter esses critérios (Maria,
Joana, Lucicreide etc.). Finalmente, avaliaríamos cada alternativa de acordo
com os critérios elencados e escolheríamos aquela que melhor satisfaria aos
critérios. Teríamos, assim, um esquema como o mostrado a seguir.
• Seleção de critérios
• Identificar as alternativas
• Correspondência entre critérios e alternativas
• Realizar a escolha
No entanto, o fato é que a nossa decisão de se casar pode realmente ser uma
decisão contingente: “Eu somente irei me casar se eu puder encontrar a pessoa
certa” (você já deve ter ouvido esse argumento em algum momento de sua vida).
Assim, a decisão de se casar ou não será influenciada pela identificação de alter-
nativas, o que normalmente pensamos como uma etapa posterior do processo.
Da mesma forma, suponha que cheguemos na fase “identificar alternativas”
do processo quando descobrimos que Joana (uma das meninas identificadas
como uma alternativa) tem uma maravilhosa característica de personalidade
que não tínhamos pensado antes, mas que agora realmente gostaríamos de ter
em uma esposa. Poderíamos imediatamente adicionar essa característica aos
critérios. Dessa forma, o processo de tomada de decisões continuaria a se mo-
ver para trás, para frente e ao redor à medida que progredisse no que deveria ser
uma direção linear, mas que em seu funcionamento real é altamente recursi-
va. O ponto chave, então, é que descobrimos as características das alternativas,
muitas vezes, ao rever os critérios já anteriormente identificados.
Ao tentar fazer uma boa decisão, o gestor deve pesar os pontos positivos e
negativos de cada opção, e considerar todas as alternativas. Para a tomada de
decisão eficaz, deve-se ser capaz de prever o resultado de cada opção, e com
base em todos estes itens, determinar qual é a melhor opção para essa situa-
ção particular.
capítulo 3 • 71
CONCEITO
Tomada de Decisão
O processo cognitivo de selecionar uma escolha lógica entre as opções disponíveis. O
processo de tomada de decisão poderá variar de acordo com o contexto vivenciado, opções
disponíveis e experiência do tomador da decisão. Entretanto, tem-se por certo que saber o
máximo possível acerca da situação sobre a qual se decidirá algo é a melhor forma de decidir
de maneira mais efetiva.
72 • capítulo 3
como “análise custo-benefício”. Em uma condição de certeza absoluta, em que
o resultado de uma decisão é conhecido, sem dúvida, a análise custo-benefício
fornece um resultado preciso. Infelizmente, a absoluta certeza raramente, ou
nunca, existe. Nos exemplos que os contadores utilizam para descrever o trade
-off entre a recompensa e sacrifícios, o dinheiro é geralmente a recompensa. O
dinheiro é uma recompensa extrínseca, ou seja, que vem de fora da organização
e é um objeto tangível que podemos adquirir. A recompensa intrínseca é aquela
que vem de dentro da própria organização. Quando você realizar uma tarefa di-
fícil, a recompensa intrínseca vem do sentimento de satisfação que você sente.
Sabe aquele velho ditado que diz: “As melhores coisas da vida são de graça”?
Não é bem assim! Qualquer coisa que valha a pena ter exige sacrifício.
Um dos papéis essenciais da inteligência é cercar o tomador de decisões de
certezas acerca dos custos e benefícios de cada decisão. Nesse contexto, infor-
mações relevantes sobre receitas e investimentos relacionados a cada passo
organizacional devem estar disponíveis para que o processo decisório tenha o
melhor efeito sobre os objetivos da organização. Velocidade e confiabilidade
são premissas fundamentais para a obtenção da informação em tempo hábil
para a tomada de decisão, e a tecnologia da informação se torna cada dia mais
indispensável para chegar ao patamar de excelência esperado em ambientes
tão competitivos como os dos mercados de nossos tempos.
CURIOSIDADE
Um dos mais importantes princípios da economia é aquele que define a limitação de recursos
disponíveis. Assim sendo, sempre que algum recurso for utilizado em uma determinada esco-
lha, fará falta para outra escolha. Esse conceito é reconhecido como trade-off. Assim como
na música da banda Charlie Brown Jr. (2005), “a cada escolha uma renúncia, isso é a vida”.
E parece que nem mesmo a vida escapa às regras da economia.
capítulo 3 • 73
3.2 Fases do ciclo de tomada de decisão
74 • capítulo 3
Reconhecimento
O reconhecimento de que um estímulo ou estímulos gerou uma oportuni-
dade, ameaça ou crise.
Diagnóstico
Análise de fontes de informação atuais e novas para definir a questão.
Pesquisa e desenvolvimento
Procurar soluções prontas ou projetar uma personalizada.
Avaliação
Julgamento, negociação e análise para escolher uma solução. Este é um pro-
cesso interativo em múltiplos níveis organizacionais com uma investigação em
profundidade das alternativas.
Validação
A autorização da solução escolhida pela administração superior.
Validação
Avaliação
Desenvolvimento
Diagnóstico
Reconhecimento
Figura 3.2 – Processo Decisório de Mitzberg. Fonte: Elaborada pelo autor baseado em
Mitzberg et al. (1976).
Butler et al. (1979) dá-nos oito variáveis que podem ser usadas para classifi-
car um processo de tomada de decisão. A figura 7 a seguir resume as oito variá-
veis. Três se relacionam com as variáveis, e podem oferecer algumas dicas para
aqueles que tomam decisões em uma base regular, sendo a primeira a hipótese
de rotinização. Para ser capaz de criar uma rotina para a tomada de decisão, é
necessário um alto nível de frequência e regularidade (BUTLER et al., 1979).
Se a decisão é baseada em uma reação a algum evento isolado, ou existe uma
capítulo 3 • 75
situação de crise, uma rotina não será capaz de ser implementada. Se uma ro-
tina está vigente, é provável que o controle formalizado seja mais elevado, bem
como sua decisão pode ser delegada a especialistas.
Em seguida está a hipótese de participação. Ela indica que as decisões equi-
vocadas são incapazes de serem sustentadas se a alta frequência e irregulari-
dade também existirem, ter que fazer constantemente decisões importantes,
que são difíceis ao longo de um período de tempo variável, é esforço demasiado
para a maioria das organizações e decisores.
A hipótese final é de modelagem ao longo da execução. Quando a rapidez
e continuidade são baixas, é provável um processo incremental passo a passo,
focado em um escrutínio minucioso, o que leva a um aumento no período de
tempo para tomada de decisão sobre o assunto.
Frequência
Continuidade Regularidade
VARIÁVEIS DO PROVESSO
Rapidez Impacto
DECISÓRIO DE BUTLER
Escrutínio
Figura 3.3 – Variáveis do Processo Decisório de Butler. Fonte: Elaborada pelo autor., ba-
seado em Butler et al. (1979).
Frequência
Quão frequentemente uma decisão necessária ocorre.
Regularidade
Quão regularmente é necessária uma decisão em particular.
Impacto
O nível de impacto que a decisão terá.
76 • capítulo 3
Risco de equívoco
Nível de ambiguidade e possibilidade de equívoco da decisão.
Escrutínio
Soma dos intentos analíticos e avaliações que incidiram sobre a decisão.
Centralidade
Escopo hierárquico dos decisores que participaram do processo.
Rapidez
Quão rápida a decisão foi tomada.
Continuidade
Fluxo do processo decisório.
CONCEITO
Processo Decisório
É o encadeamento hierárquico das fases necessárias para decidir acerca de uma ação
organizacional, considerando diversos pontos de vista, interesses, múltiplos critérios e me-
lhor alinhamento técnico de cada resultado aos objetivos esperados. O ciclo do processo
decisório é caracterizado de múltiplas formas pelos diversos autores que se empenham no
desenvolvimento do tema.
Existem diferentes modelos para tomada de decisão em meio a uma vasta lite-
ratura sobre o tema em Administração. Tais modelos ampliam a gama de ciclos
sugeridos ao processo decisório e torna mais complexa a lista de recursos dis-
poníveis ao tomador de decisões, tornando possível adequar a adoção de um
método de acordo com as condições de cada problema enfrentado.
É possível tipificar os modelos de tomada de decisão em pelo menos quatro
grandes grupos: clássicos, comportamentais, favoritas implícitas ou políticos.
capítulo 3 • 77
Modelos Clássicos (ou racionais-econômicos)
São usualmente prescritivos, na medida em que se concentram em como as
decisões deveriam ser feitas.
• Assumem que o tomador de decisão é completamente racional (isto é,
procura maximizar o retorno e utiliza um processo de pesquisa que procede de
forma planejada, ordenada e consistente) e imparcial.
• Assumem também que o tomador de decisão tem disponível toda a infor-
mação necessária para fazer uma decisão e que todas as alternativas possíveis
são consideradas.
• O tomador de decisão escolherá sempre a melhor escolha.
• A tomada de decisão prossegue através da seguinte sequência de passos:
problema, identificação, desenvolvimento de critérios segundo os quais as so-
luções alternativas podem ser avaliadas, identificação de cursos alternativos de
ação, avaliação de alternativas, seleção da melhor alternativa, e implementação.
78 • capítulo 3
• A tomada de decisão prossegue sequencialmente da seguinte forma: as
alternativas são examinadas uma a uma e a primeira alternativa satisfatória que
se encontra é selecionada.
Modelos Políticos
Também são descritivos, apontando como as decisões são tomadas.
• O tomador de decisão não é racional nem objetivo e imparcial.
• Uma vez que os membros do grupo de decisores têm agendas diferentes,
eles precisam negociar uns com os outros.
• O processo envolve um ciclo de negociação entre os tomadores de deci-
são para que cada um tente obter sua perspectiva de escolha – mais especifica-
mente, para influenciar pessoas poderosas dentro da situação para adotar o seu
ponto de vista e influenciar os tomadores de decisão restantes.
• Esse modelo não envolve informações completas disponíveis, uma vez
que é baseado em negociações que muitas vezes são influenciadas pelo poder
e troca de favores. Na verdade, a informação é muitas vezes retida para melhor
manobrar uma determinada perspectiva.
• Nesse modelo, os potenciais problemas e conflitos muitas vezes podem
ser previstos e minimizados. Uma vez que as pessoas poderosas tenham sido
capítulo 3 • 79
seduzidas para apoiar um ponto de vista particular, outros membros do grupo
geralmente caem na fila atrás deles.
• A natureza da negociação e manobras (por exemplo, a retenção de infor-
mação e pressão social) pode produzir efeitos que são de longa duração e preju-
dicial. Uma vez que descobri-las, as pessoas envolvidas na decisão podem não
apreciar a duplicidade inerente ao processo.
80 • capítulo 3
explícita é dada para sair do loop. Talvez Boyd não visse necessidade para isso;
se a fase atingir sucesso, naturalmente, não haverá nada mais para observar, de
modo que o circuito iria parar por falta de entrada.
Em sua análise, Boyd descobriu que os pilotos americanos e seus aviões, o
F-86 Sabre Jet, foram superiores aos seus adversários em todos os quatro aspec-
tos abrangidos pelo ciclo OODA.Os pilotos americanos eram mais bem treina-
dos, tornando-os melhores para decidir e agir, tendo melhores possibilidades
de fazer observações e para orientar mais rápidamente as respostas aos con-
troles da aeronave. Ou seja, os pilotos americanos foram superiores nas quatro
fases do ciclo OODA, e isso permitiu-lhes melhor desempenho que o do inimi-
go, vencendo o duelo. O ciclo OODA de Boyd forneceu uma explicação para o
desempenho superior dos pilotos americanos.
OBSERVAR
AGIR ORIENTAR
DECIDIR
Figura 3.4 – Modelo OODA de Boyd. Fonte: Elaborada pelo autor, baseado em BOYD
(1987).
capítulo 3 • 81
ciclo OODA só se aplica ao aviador combatente, é voltado para a parte da ação. O
ponto aqui é que o ciclo OODA é uma descrição muito simples do que acontece,
por exemplo, no contexto militar das forças terrestres. Nesse contexto, “ação”
deverá ser caracterizada como um conjunto de atividades em vários níveis, o
que exigirá uma nova série de ciclos, como as propostas por Bateman III (1998).
82 • capítulo 3
4. Realizar predições
5. Decidir
6. Dirigir
capítulo 3 • 83
O Modelo Racional ou Analítico é uma abordagem clássica para a tomada
de decisão e serve como diretriz de mapeamento para a automação em siste-
mas computacionais. É um modelo linear e não dinâmico. Os critérios e pe-
sos gerados no modelo são definidos por seres humanos, e podem conter certa
dose de subjetividade. Se esses critérios e pesos não são razoáveis ou
corretos,
então a saída desse processo de decisão também será suspeita. Variações desse
modelo analítico são chamadas de Análise de Utilidade Multiatributo e Análise
de Decisão.
Um exemplo extremo da abordagem analítica descreve uma base teórica
para aplicações de tempo crítico, em que os benefícios de decisões diminuem
rapidamente à medida que o tempo que leva para tomar a decisão correta cres-
ce. Especificamente, esta abordagem foi aplicada a sistemas de monitoramen-
to de propulsão em ônibus espaciais, nos quais se um problema não é detec-
tado e devidamente corrigido dentro de alguns segundos, poderá resultar na
perda de uma espaçonave. Nessa situação, usa-se um modelo de decisão que
processa o grande fluxo de informações enviadas via telemetria, e através de ra-
ciocínio probabilístico, o sistema fornece a melhor estimativa sobre quais são
os dados mais pertinentes que apoiam a decisão. Baseia-se em uma métrica
altamente numérica e toda a estrutura teórica do modelo é baseada na utili-
dade. No entanto, este modelo é difícil de usar para a aplicação militar de co-
mando e controle. Há muito mais incerteza que o modelo consiga processar em
todos os aspectos de comando e controle no escopo militar. Em outros campos
relacionados à interação humano a humano, os modelos podem fazer uso até
mesmo da psicologia clínica, que está relacionada com a abordagem analítica e
pode fornecer insights sobre o processamento cognitivo da tomada de decisão.
Como exemplo, um modelo de cinco etapas da tomada de decisão baseada em
psicologia foi projetado a partir dos conceitos da teoria da decisão clássica. As
cinco fases básicas são as seguintes.
1. Listagem de todas as ações ou alternativas ortogonais ou únicas possíveis.
2. Listagem de todos os resultados possíveis para cada alternativa.
3. Estimativa de probabilidades para cada resultado.
4. A determinação da conveniência com base em custos e ramificações de
cada resultado.
5. Aplicação de um critério de decisão que produz o melhor resultado (por
exemplo, selecionando a alternativa com a maior utilidade esperada).
84 • capítulo 3
Embora relativamente simples, esse modelo teórico proporciona uma abor-
dagem computacional simples que aproxima modelos probabilísticos bayesia-
nos comumente utilizados. Outro modelo baseado em psicologia, um pouco
mais explícito, usa oito estágios de adaptação para a tomada de decisões cen-
tradas nos comportamentos humanos ou estados objetivos. Os estágios com-
ponentes deste modelo incluem os seguintes eventos.
1. Geração de todos os cursos de ação possíveis.
2. Coletar informação relevante sobre cursos alternativos viáveis de ação.
3. Estimativa da probabilidade de sucesso em cada alternativa, com base
na experiência de outros eventos e projeções de tendências atuais.
4. Consideração das metas que podem ser melhoradas ou diminuídas
para cada alternativa.
5. Deliberação e ponderação dos fatos, prováveis resultados e valores para
cada curso de ação.
6. Eliminação do curso menos favorável.
7. Formulação de um plano preliminar de ação, que estará sujeito a novos
desenvolvimentos e oportunidades que eventualmente surjam.
capítulo 3 • 85
decidido, levando em consideração todos os aspectos relacionados à coexistência
entre os sistemas impactados pela decisão em seu microcosmo e macrocosmo.
CURIOSIDADE
Não tomar uma decisão é também tomar uma decisão acerca do que não fazer. O estabele-
cimento de modelos de tomada de decisão prevê a possibilidade de escolher a alternativa do
“não fazer”, a mesma que sempre estará presente em contraposição a qualquer alternativa de
ação direta existente. Significa dizer, em outras palavras, que até mesmo quando não decidi-
mos acerca de nenhuma alternativa, estamos em meio a um processo decisório.
86 • capítulo 3
seguintes funções como os parâmetros do que os gerentes fazem e devem fazer:
planejar, organizar, coordenar e controlar.
As atividades dos gestores são caracterizadas pela tomada de decisão, que
é uma função gerencial crítica que envolve todas as relatadas pela teoria clás-
sica. Os gerentes precisam de informações para tomar decisões, mas também
para atuarem em uma variedade de funções de gestão. Portanto, sistemas de
infomação são absolutamente necessários quando as organizações crescem e
a função de gestão é realizada por pessoas que são especializadas. A TI permite
aumento do potencial de atenção dos gestores a todas as dimensões que care-
çam de análise e controle. O dia a dia de um gestor é caracterizado por um gran-
de número de tarefas e apenas um pequeno período de tempo devotado a cada
tarefa individual. Crawford (1997) observou que, dada a natureza do trabalho,
os gestores tendem a confiar na informação que é oportuna e verbal mesmo
que isso a imprima uma condição de menor precisão e confiabilidade, para so-
mente em seguida, utilizarem os sistemas apenas para obtenção e tratamento
de informação complexa.
Segundo Hicks (1997), gerentes possuem pelo menos três funções geren-
ciais distintas: interpessoal, informacional e de decisão. Sistemas de informa-
ção podem apoiar esses papéis em graus variados. Os gerentes precisam de
informações de diferentes fontes, a fim de facilitar a sua capacidade de agir
em uma variedade de papéis. O papel interpessoal de um gerente decorre di-
retamente da sua autoridade e envolve dirigir e coordenar as tarefas frente aos
subordinados. O gestor deve ser o indivíduo mais bem informado da organiza-
ção. O gestor no desempenho de papéis informativos deve reunir e processar
grandes quantidades de informação, bem como distribuir informações para
outras pessoas na organização. O papel de tomada de decisão inclui o papel de
empreendedor, no qual o gestor inicia novos projetos e faz mudanças (HICKS,
1997) no esquema organizacional atual. Sistemas de informação contribuem
menos (e ainda assim, contribuem) no caso do papel informativo de um gestor
do que para os outros dois.
O desenvolvimento de tecnologias de sistemas de informação acele-
rou mudanças na economia, organizações e em todas as áreas de negócios.
Tradicionalmente, os sistemas de informação foram utilizados para apoiar
funções operacionais, considerando a ênfase na obtenção de eficiência e efi-
cácia. Além disso, o surgimento de sistemas de informação, que remonta aos
anos 1950 e 1970, quando eram principalmente aplicações de transações,
capítulo 3 • 87
envolvendo o processamento de dados contábeis. Avanços na tecnologia tor-
naram possível acessar dados mais rapidamente, bem como novos sistemas
de programação ajudaram a desenvolver e aperfeiçoar sistemas operacionais,
que forneceram os dados organizacionais necessários para executar uma or-
ganização mais eficiente em uma base dia a dia. Os sistemas de informação
começaram a fornecer relatórios e informações que permitiram aos gestores a
possibilidade de tomar decisões mais eficazes, tornando-se enfim ferramentas
de apoio à gestão.
Hoje, os sistemas de informação são muito mais complexos do que em 1970
ou mesmo em 1980, quando a ênfase era dada nas necessidades operacionais.
Uma razão para isso é o reconhecimento de que os sistemas de informação
desempenham papéis diferentes em organizações e empresas, ajudarndo a
reduzir a incerteza na tomada de decisão. Com o rápido desenvolvimento da
TI antes da década de 1980, o papel dos sistemas de informação em empresas
e organizações mudou, saiu da simples moda e foi redesenhado para atendi-
mento de uma percepção mais completa de sua função na estrutura produtiva.
Assim, nas últimas duas décadas, incumbido de sua função convencional (de
apoiar as operações de negócios), o papel sistemas de informação mudou de
uma ferramenta estratégica em operações para a função de suporte indispen-
sável na tomada de decisão. Esta nova função é realçada em diversos estudos
(DAVENPORT; SHORT, 2004; PORTER; MILLAR, 1985).
Lucey (2005) enfatiza o foco de sua definição de sistemas de informação na
orientação para a tomada de decisão. Ele observou o seguinte.
88 • capítulo 3
também para fornecer alternativas para a solução de problemas de todo tipo
(HICKS, 1997).
Hoje em dia, os sistemas de informação são os meios pelos quais as organi-
zações e pessoas, utilizando a tecnologia de informação, coletam, processam,
armazenam, usam e divulgam informações. As empresas usam sistemas de in-
formação como uma arma estratégica para ganhar vantagens competitivas, e
muitos processos de negócios são redesenhados para tirar vantagemdo uso de
TI e agregar valor ao produto ou serviço ofertado ao mercado (HICKS, 1997).
Como observamos anteriormente, a tomada de decisão é muitas vezes vista
como a principal atribuição dos gestores. A fim de tomar decisões, os gestores
precisam da informação certa para servir uma ampla gama de necessidades. Na
verdade, a informação é, há muito tempo, considerada como um aspecto muito
importante da tomada de decisões no ambiente de negócios, porque a informa-
ção dá poder aos decisores. Combs (1995) mostrou que informações precisas,
rápidas e relevantes são consideradas vitais para melhorar o desempenho orga-
nizacional e engendrar vantagens competitivas para empresas e organizações
(COMBS, 1995). Por outro lado, Lucey (2005) sugere que a informação relevante
é essencial para qualquer decisão de negócios (LUCEY, 2005), e os sistemas in-
formáticos tornaram-se um fator importante na tomada de decisão.
CONCEITO
Data Warehouse
Utilizado para armazenar informações relativas à atividade organizacional. Trata-se de
um sistema de guarda de dados que compõe séries históricas que possibilitam a análise
de eventos passados, oferecendo suporte à tomada de decisões futuras. Surgiram como
conceito para a academia na década de 1980, e se baseiam em bancos de dados de grande
capacidade, analisáveis através de ferramentas OLAP.
capítulo 3 • 89
Data Warehousing ou armazenamento de dados organizacionais é, na ver-
dade, um conceito que abrange um conjunto de tecnologias de apoio à decisão,
destinadas a apoiar o trabalhador do conhecimento (executivo, gerente, ana-
lista) na tomada de decisões melhores e mais rápidas. Nos últimos vinte anos,
temos visto um crescimento explosivo, tanto no número de produtos e serviços
oferecidos, na adoção dessas tecnologias por parte da indústria. Esses novos
conjuntos de tecnologias de armazenamento de dados foram implantados com
sucesso em muitas indústrias: produção (para embarque, ordens de compra e
produção e suporte ao cliente), varejo (para criação de perfis de usuário e ge-
renciamento de inventário), serviços financeiros (para análise de reclamações,
análise de riscos, análise de cartão de crédito, e detecção da fraude), transporte
(para gestão de frotas), telecomunicações (para análise de chamada e detecção
de fraudes), serviços públicos (para análise de uso de energia) e saúde (para
análise de resultados).
Um Data Warehouse é uma coleção de dados orientada por assunto, inte-
grada, não volátil, que é usada principalmente na tomada de decisão organiza-
cional. Normalmente, o Data Warehouse é mantido separadamente das bases
de dados operacionais da organização. Há muitas razões para se fazer isso. O
Data Warehouse suporta processamento analítico online (OLAP), cujos requi-
sitos funcionais e de desempenho são bastante diferentes das aplicações com
processamento de transações online (OLTP), tradicionalmente apoiados pelos
bancos de dados operacionais.
Aplicações OLTP normalmente automatizam tarefas de processamento de
dados de escritório, tais como transações de entrada de pedidos e bancárias,
que são o pão-com-manteiga das operações do dia a dia de uma organização.
Estas tarefas são estruturadas e repetitivas, e consistem em operações curtas e
isoladas. Temas como consistência e capacidade de recuperação do banco de
dados são críticos, e maximizar o rendimento da transação é a métrica chave
de desempenho. Por conseguinte, o banco de dados é concebido de modo a re-
fletir a semântica operacional de aplicações conhecidas, e, em particular, para
minimizar os conflitos de simultaneidade.
Os Data Warehouses, em contraste, são alvo de apoio à decisão. Os dados
históricos, resumidos e consolidados são mais importantes do que registros in-
dividuais detalhados. Data Warehouses contêm dados consolidados, a partir de
várias bases de dados operacionais, de longos períodos de tempo, que tendem
a ter magnitude maior do que bancos de dados operacionais. Data Warehouses
90 • capítulo 3
corporativos são projetados para ter centenas de gigabytes a terabytes de tama-
nho. As cargas de trabalho são de consultas intensives e específicas, bem como
consultas complexas que podem acessar milhões de registros e realizar uma sé-
rie de verificações. O rendimento das consultas e tempos de resposta são mais
importantes do que o rendimento da transação.
Para facilitar as análises e renderizar sua visualização complexa, os dados
em um Data Warehouse são tipicamente modelados multidimensionalmente.
Por exemplo, em um Data Warehouse de vendas, informações como momen-
to da venda, distrito de vendas, vendedor, eo produto podem ser algumas das
dimensões de interesse. Muitas vezes, essas dimensões são hierárquicas; mo-
mento da venda pode ser organizado como uma hierarquia dia-mês-trimestre
do ano, o produto como uma hierarquia de categorias de produto na indústria.
Operações OLAP típicas incluem rollup (aumento do nível de agregação) e drill-
down (diminuição do nível de agregação ou aumento do nível de detalhamen-
to) ao longo de uma ou mais dimensões hierárquicas.
Dado que os bancos de dados operacionais são afinados para suportar car-
gas de trabalho OLTP conhecidas, tentar executar consultas OLAP complexas
contra os bancos de dados operacionais resultaria em desempenho inaceitável.
Além disso, o apoio à decisão requer dados que podem estar em falta a partir
dos bancos de dados operacionais; por exemplo, compreender as tendências
ou fazer previsões requer dados históricos, ao passo que as bases de dados
operacionais armazenam somente dados atuais. O apoio à decisão geralmente
requer a consolidação de dados de muitas fontes heterogêneas. Essas podem
incluir fontes externas, como atualizações do mercado de ações, além de vá-
rios bancos de dados operacionais. As diferentes fontes podem conter dados de
qualidade variável, ou usar representações inconsistentes, códigos e formatos
diferenciados, que têm de ser reconciliados. Finalmente, basear os modelos de
dados multidimensionais e operações típicas de OLAP requer uma organiza-
ção especial de dados, métodos de acesso e métodos de implementação, que
geralmente não são fornecidos pelos SGBDs (Sistema de Gerenciamento de
Banco de Dados) comerciais direcionados para OLTP. É por todas estas razões
que Data Warehouses são implementados separadamente dos bancos de da-
dos operacionais.
Os Data Warehouses podem ser implementados em SGBDs relacionais pa-
drão ou alargados, chamados de servidores (ROLAP), ou de OLAP relacional.
Estes servidores assumem que os dados são armazenados em bancos de dados
capítulo 3 • 91
relacionais, e eles suportam extensões a métodos SQL e acesso especial para
implementar de forma eficiente o modelo de dados multidimensional para as
operações. Em contraste, os servidores OLAP multidimensionais (MOLAP) são
servidores que armazenam dados multidimensionais diretamente em estrutu-
ras de dados especiais (por exemplo, matrizes) e implementam as operações
OLAP sobre essas estruturas de dados especiais.
Há mais trabalho na construção e manutenção de um Data Warehouse do
que selecionar um servidor OLAP e definir um esquema e algumas consul-
tas complexas para o mesmo. Existem diferentes alternativas de arquitetura.
Muitas organizações querem implementar um Data Warehouse para a empre-
sa de maneira integrada, que colete informações sobre todos os assuntos (por
exemplo, clientes, produtos, vendas, ativos, pessoal), abrangendo toda a orga-
nização. No entanto, a construção de um Data Warehouse da empresa é um
processo longo e complexo, que exige extensa atenção à modelagem de negó-
cios, e pode levar muitos anos para ter sucesso. Algumas organizações estão se
contentar com Data Marts, que são subconjuntos de departamentos focados
em temas selecionados (por exemplo, um Data Mart de marketing pode incluir
cliente, produto e informações de vendas). Esses Data Marts permitem maior
velocidade, uma vez que não exigem o consenso de toda a empresa, mas eles
podem levar a problemas de integração complexos, a longo prazo, se um mode-
lo de negócio completo não for desenvolvido.
ATIVIDADES
Vamos praticar um pouco os conceitos aprendidos. Responda às seguintes questões.
92 • capítulo 3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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capítulo 3 • 93
94 • capítulo 3
4
Sistemas de
apoio à decisão
4. Sistemas de apoio à decisão
O objetivo deste capítulo é conceituar os sistemas de apoio à decisão, bem
como tipificá-los, descrever suas componentes e explicitar sua integração
com Data Warehouses, abordando suas diferentes formas de estabelecimento
de relações.
96 • capítulo 4
artificial, foram implementados na forma de programas de computador, quer
como ferramentas independentes ou ambientes de computação integrados para
a tomada de decisões complexas. Esses ambientes são muitas vezes nomeados
por sistemas de apoio à decisão (SAD). O conceito de SAD é extremamente amplo,
e suas definições variam, dependendo do ponto de vista de cada autor. Para evitar
a exclusão de qualquer um dos tipos existentes de SAD, vamos defini-los como
sistemas mais ou menos interativos, baseados em tecnologia da informação. Um
outro nome usado às vezes como um sinônimo de SAD é “Sistemas Baseados em
Conhecimento”, o que se refere à sua tentativa de formalizar o conhecimento de
domínio para que seja passível a tentativa de um raciocínio mecanizado.
Os sistemas de apoio à decisão estão ganhando uma crescente popularida-
de em vários domínios, incluindo administração, engenharia, estratégia mili-
tar e medicina. Eles são especialmente valiosos em situações em que a quanti-
dade de informação disponível é proibitiva para a intuição de um tomador de
decisão humano, principalmente na tratativa de assuntos em que precisão e
otimização são de absoluta importância. Sistemas de apoio à decisão podem
ajudar a suplantar deficiências cognitivas humanas através da integração de di-
versas fontes de informação, fornecendo acesso inteligente aos conhecimentos
relevantes, e auxiliando o processo de decisões estruturantes. Eles também po-
dem apoiar a escolha entre alternativas bem definidas e construir abordagens
formais, tais como os métodos de economia em engenharia, pesquisa opera-
cional, estatística e teoria da decisão. Eles também podem empregar métodos
de inteligência artificial para resolver heuristicamente problemas que são in-
tratáveis por técnicas formais. A correta aplicação de ferramentas de tomada de
decisão aumenta a produtividade, eficiência e eficácia e dá a muitas empresas
uma vantagem competitiva sobre os seus concorrentes, permitindo-lhes fazer
escolhas ideais para parâmetros de seus processos tecnológicos, operações de
planejamento de negócios, logística, ou investimentos.
Embora seja difícil superestimar a importância de várias ferramentas basea-
das em tecnologia da informação que sejam hoje relevantes para a tomada de
decisão (por exemplo, bases de dados, softwares de planejamento e planilhas),
nosso intento para este capítulo se concentra principalmente no núcleo de um
SAD, a parte que apoia diretamente a decisão de técnicas para modelagem de
problemas e identifica as melhores alternativas. Vamos discutir brevemente as
características dos problemas de decisão e como a tomada de decisão pode ser
suportada por programas de computador.
capítulo 4 • 97
CONCEITO
Sistemas de Apoio à Decisão
Ou SAD, são um tipo ou classe de sistemas de informação que suportam algum modelo
de tomada de decisão, analisando um grande número de variáveis ou tornando disponível um
certo volume de informações concernentes a um problema que deva ser resolvido. Podem
ser definidos também como todos os intervenientes na tomada de decisão, desde a coleta de
dados, passando pelo armazenamento e uso de modelos de processamento, se extendendo
até a interface final de interação com o usuário ou tomador de decisões.
98 • capítulo 4
comportamento humano está em conformidade com a teoria da decisão. Tem
sido bastante convincentemente demonstrado em numerosos estudos empíri-
cos que o julgamento humano e a tomada de decisão são baseados, em grande
volume, em estratégias intuitivas em oposição às regras de raciocínio essencial-
mente teórico. Estas estratégias intuitivas, reconehcidas como heurísticas, fun-
cionam como julgamento no contexto da tomada de decisão, e acabam por nos
ajudar na redução da carga cognitiva, mas, infelizmente, à custa da tomada de
decisão ideal. Efetivamente, nosso julgamento heurístico apresenta violações
sistemáticas dos axiomas de probabilidade (utilizando-se de predisposições
cognitivas também conhecidas como preconceitos).
CONCEITO
Heurística
A heurística é, na verdade, um método ou processo criado para encontrar soluções apli-
cáveis a um problema identificado. É um procedimento que se vale de simplificações no al-
cance de uma solução mais fácil para problemas estabelecidos em cenários que são, muitas
vezes, bastante complexos. A heurística pode tomar forma através de um processo formaliza-
do e complexo ou através de uma operação de comportamento automático e intuitivo, quase
que inconsciente.
capítulo 4 • 99
violento dos pacientes psiquiátricos feitas por um grupo de psiquiatras, que ti-
nha acesso a registros de pacientes e entrevistou os pacientes, incluía apenas a
incidência de comportamento violento passado e foram subdimensionadas – o
que denota a ausência de um conjunto mais consistente de informações acerca
do tema. Estudos que forneçam resultados semelhantes foram realizados com
agentes de crédito do banco, médicos, comissões de admissão da universidade,
e assim por diante. E sempre, as previsões acabam por incorrerem em um dis-
tanciamento daquilo que se configura na realidade.
A superioridade de modelos lineares, mesmo os mais simples, sobre o jul-
gamento intuitivo humano sugere que uma maneira de melhorar a qualidade
das decisões é decompor um problema de decisão em componentes mais sim-
ples, que são bem definidos e bem entendidos. Estudar um sistema comple-
xo construído a partir de tais componentes pode ser posteriormente auxiliado
por uma técnica formal, atingindo uma síntese que garanta a visão sistêmica.
O processo de decomposição e formalização de um problema é chamado de
modelagem. Modelagem equivale a encontrar uma representação abstrata de
um sistema do mundo real que simplifique e assuma o máximo possível sobre
o sistema, mantendo relações essenciais e omitindo detalhes desnecessários.
Construir o modelo de um problema de decisão, ao contrário do raciocínio so-
bre um problema de uma forma holística direta, permite a aplicação do conhe-
cimento científico especializado. Essa técnica, ainda que cartesiana, permite
analisar, explicar e discutir sobre um problema de decisão.
A temática que cerca dos sistemas de apoio à decisão é a mesma do desejo
de melhorar a tomada de decisão humana, e vai desde a motivação para deci-
dir até o desenvolvimento de uma variedade de ferramentas de modelagem em
disciplinas como economia, pesquisa operacional, teoria de decisão, análise de
decisão, e as diferentes frentes da estatística. Em cada uma das ferramentas es-
pecíficas de modelagem, o conhecimento sobre um sistema é representado por
meio de variáveis algébricas, lógicas, ou estatísticas. As interações entre essas
variáveis são expressas por equações ou regras lógicas, possivelmente reforça-
das com uma representação explícita de incerteza. Quando a forma funcional
de uma interação é desconhecida, às vezes ela é descrita em termos puramen-
te probabilísticos, como por exemplo, por uma distribuição de probabilidade
condicional. Uma vez que um modelo foi formulado, uma variedade de mé-
todos matemáticos podem ser utilizados para analisar o problema. A tomada
de decisão, principalmente no âmbito da segurança, tem sido abordada por
100 • capítulo 4
métodos de investigação econômica e de controle de operações, tais como aná-
lise de fluxo de caixa, análise de equilíbrio, análise de cenários, programação
matemática, técnicas de inventário, e uma variedade de algoritmos de otimiza-
ção da programação e logística. A tomada de decisão sob incerteza incrementa
ainda mais os métodos anteriormente descritos com abordagens estatísticas,
tais como análises de confiabilidade, simulação, entre outras. A maioria desses
métodos tornaram-se presentes nos currículos universitários e pode ser encon-
trados em livros didáticos de gestão. Devido a limitações de escopo, não vamos
discutir os detalhes sobre modelagem.
capítulo 4 • 101
Sistema de Gerenciamento de Modelo de Base (SGMB)
O papel do SGMB é análogo ao de um SGBD. Sua função principal é fornecer
a independência entre os modelos específicos que são usados em um SAD a
partir das aplicações que os utilizam. A finalidade de um SGMB é transformar
os dados do SGBD em informação que é útil na tomada de decisão. Uma vez que
muitos dos problemas que o usuário de um SAD vai lidar podem estar desestru-
turados, o SGMB também deve ser capaz de auxiliar o usuário na construção
de modelos.
SGMB SGBD
SGGD
Usuário do SAD
Figura 4.1 – Arquitetura SAD. Fonte: Elaborada pelo autor, baseado em SAGE (1991).
102 • capítulo 4
com os fundamentos filosóficos e técnicos dos SADs. Existem duas abordagens
distintas para apoiar a tomada de decisão. A primeira visa à construção de pro-
cedimentos ou sistemas que imitam especialistas humanos em apoio. O mais
proeminente membro desta classe de SADs são sistemas especialistas, progra-
mas de computador com base em regras desenvolvidas a partir de determina-
do expertise técnico profissional, que imitam o raciocínio de um especialista
humano em um determinado domínio. Os sistemas especialistas são, muitas
vezes, capazes de apoiar a tomada de decisões nesse domínio em um nível com-
parável ao de especialistas humanos. Eles são flexíveis e, muitas vezes, capazes
de resolver problemas de decisão complexos. Talvez por serem baseados em
raciocínio humano intuitivo, há falta de solidez e garantias formais no que diz
respeito à fiabilidade teórica dos seus resultados. O perigo da abordagem de
sistema especialista, cada vez mais apreciado pelos construtores de SADs, é que
imitando o pensamento humano e seus eficientes princípios heurísticos, tam-
bém podemos imitar suas falhas indesejáveis.
A segunda abordagem é baseada na suposição de que o método mais con-
fiável para se lidar com decisões complexas é através de um pequeno conjunto
de princípios normativos, que descrevem como as decisões devem ser feitas.
Enquanto os métodos heurísticos e esquemas especialistas de raciocínio imi-
tam a cognição humana podem executar bem em muitos domínios, a maioria
dos tomadores de decisão ficarão relutantes em contar com eles sempre que o
custo de incorrer em um erro for elevado. Para dar um exemplo extremo, pou-
cas pessoas iriam escolher pilotar aviões construídos usando princípios heurís-
ticos, preferindo aviões construídos usando as leis da aerodinâmica, reforçadas
com análise de confiabilidade probabilística. Aplicação de métodos formais
em SADs faz com que esses sistemas sejam distintos daqueles com base em
métodos de inteligência heurística artificial, tais como sistemas baseados em
regras. O objetivo de um SAD, de acordo com esse ponto de vista, é apoiar a in-
tuição humana, assim como o objetivo de utilizar uma calculadora é de ajudar
a limitada capacidade do ser humano para a aritmética mental.
Uma classe emergente de SADs conhecida como SAD Analítico aplica os
princípios da teoria da decisão, teoria da probabilidade e análise de decisão
em seus modelos de decisão. A teoria da decisão é uma teoria axiomática de
tomada de decisão que é construída sobre um pequeno conjunto de axiomas de
tomada de decisão racional. Ela expressa a incerteza em termos de probabilida-
des e preferências em termos de utilidades. Esses princípios são combinados
capítulo 4 • 103
utilizando a operação de esperança matemática. A atratividade da teoria da pro-
babilidade, como um formalismo para lidar com a incerteza em SADs, reside na
sua solidez e suas garantias relativas ao desempenho no longo prazo. A teoria
da probabilidade é frequentemente vista como o padrão-ouro para a raciona-
lidade no processo cognitivo gerido sob incerteza. Seguir seus axiomas ofere-
ce proteção contra algumas inconsistências elementares. A sua violação, por
outro lado, pode ser demonstrada para levar a perdas certas, conforme mostra
Savage (1972).
A análise de decisão é a arte e a ciência de aplicar a teoria da decisão para
os problemas do mundo real. Ela inclui uma grande variedade de técnicas para
a construção de modelos, tais como os métodos para as distribuições e divul-
gação de acordo com o modelo de estrutura, que permitem a minimização de
viés humano, além de métodos para verificar a sensibilidade de um modelo
para imprecisão nos dados, permitindo inclusive calcular o valor de se obter
informações adicionais. Isso melhora, consequentemente, a apresentação dos
resultados. Esses métodos têm estado sob escrutínio contínuo por psicólogos
que trabalham no domínio da teoria da decisão comportamental e se provaram
úteis para lidar razoavelmente bem com os perigos relacionadas com vieses de
julgamentos humanos.
Os sistemas normativos são geralmente baseados em modelos probabilísti-
cos gráficos, que são representações da distribuição de probabilidade conjunta
sobre as variáveis de
um modelo em termos de grafos dirigidos. Grafos dirigi-
dos, tais como o exemlo da figura 4.2, são conhecidos como redes bayesianas
(RB) ou redes causais. As redes bayesianas oferecem uma representação com-
pacta de distribuição de probabilidade conjunta e são capazes de uma repre-
sentação prática de modelos grandes, consistindo de dezenas ou centenas de
variáveis. As redes bayesianas podem ser facilmente estendidas com variáveis
de decisão e de valor para problemas que envolvam decisão de modelagem. As
antigas variáveis denotam
que estão sob controle do tomador de decisão e po-
dem ser diretamente manipuladas, e as preferências dos últimos usuários são
analisadas para vários resultados do processo de decisão. Tais gráficos alter-
ados são conhecidos como diagramas de influência.
104 • capítulo 4
Céu nublado
Grama molhada
Figura 4.2 – Exemplo de Gráfico de Rede Bayesiana. Fonte: Elaborada pelo autor.
capítulo 4 • 105
SADs baseados em decisão analítica têm sido aplicados com sucesso para
sistemas práticos na medicina, negócios e engenharia. Como esses sistemas
tendem a evoluir naturalmente em três classes não necessariamente distintas,
pode ser interessante classificar sua estrutura e organização arquitetônica.
106 • capítulo 4
modelo pode ser posteriormente utilizado para apoiar as decisões dentro do
mesmo domínio.
capítulo 4 • 107
um mecanismo de atuação separável e independente no sistema. No entanto,
a principal vantagem de ter um modelo estrutural é, como podemos ver em
Simon (1953), que este inclui informações causais e auxiliares de previsões so-
bre os efeitos de intervenções externas. Além disso, a estrutura causal de um
modelo estrutural pode ser representada graficamente, o que permite a sua
combinação com modelos gráficos analíticos de decisão em sistemas práticos.
Os modelos de equações estruturais oferecem vantagens significativas para
a elaboração de políticas. Muitas vezes, um tomador de decisão confrontado
com um sistema complexo precisa decidir não apenas os valores das variáveis
de política, mas também quais as variáveis que devem ser manipuladas. Uma
mudança no conjunto de variáveis de política tem um profundo impacto sobre
a estrutura do problema e sobre a forma como os seus valores irão se propagar
através do sistema. O usuário determina quais variáveis são variáveis d
e política
e como são determinadas dentro do modelo. Uma mudança nas equações es-
truturais ou no conjunto de variáveis de política pode ser refletida por uma rá-
pida reestruturação do modelo e as previsões que envolvem esta nova estrutura.
Como projeto de longo prazo, o ambiente de planejamento estratégico
(APE) deve ser baseado em uma ferramenta de modelagem gráfica híbrida que
combine equações estruturais com princípios analíticos de decisão. O APE é
capaz de representar variáveis tanto discretas quanto contínuas, envolvidas em
relacionamentos determinísticos e probabilísticos. As características podero-
sas de equações estruturais permitem ao APE atuar como uma planilha gráfica
de integração de métodos numéricos e simbólicos, permitindo que as variáveis
independentes sejam selecionadas à vontade, sem ter que reformular o modelo
a cada execução. Isso proporciona uma imensa flexibilidade que não é encon-
trada em planilhas comuns na avaliação de opções políticas alternativas.
CURIOSIDADE
A maioria dos sistemas de apoio à decisão passam a ser parte integrante da organização,
e boa parte do valor de mercado das grandes corporações se refere ao volume de informa-
ções trocadas com o ambiente, o que lhes atribui maior capacidade de operar por tempos
mais longos. O conhecimento que a organização adquire em sua operação, embarcado nos
diferentes bancos de dados referenciados em SADs, faz parte de uma parcela significativa
do valor organizacional, e é indispensável para a manutenção de sua atuação no mercado.
108 • capítulo 4
Diferentes autores costumam classificar os tipos existentes de SADs de di-
versas formas, mas existe um modo de classificação bastante comum, no qual
encontramos ao menos 5 tipos mais usuais de SADs.
capítulo 4 • 109
Sistemas de Apoio à Decisão orientados a Modelos
SADs baseados em modelos são sistemas complexos que ajudam a analisar
as decisões ou escolher entre diferentes opções. Estes são utilizados pelos ges-
tores e membros do pessoal de uma empresa, ou pelas pessoas que interagem
com a organização, para uma série de finalidades, dependendo de como o mo-
delo é configurado – programação, análises de decisão etc. Esses SADs podem
ser implantados através de software/hardware nos PCs individuais, sistemas
cliente/servidor, ou na web.
Os SADs podem possuir uma ampla gama de configurações, tendo seu conjun-
to de componentes relacionados às suas finalidades e objetivos. Basicamente,
existem alguns componentes que estarão presentes em todos os tipos de SADs.
Hardware
Trata-se do aparato técnico físico que dará viabilidade ao desenvolvimento
e execução de programas a partir de algoritmos e demais recursos de software
para processamento e armazenamento de informações. O aparato de hardware
a embarcar um SAD pode ser sublocado a distância ou operar nas próprias de-
pendências da organização. Usualmente, as grandes organizações, que arma-
zenam e processam um volume considerável de dados, valem-se de recursos ex-
ternos para armazenagem, seja no estabelecimento de redundâncias de dados
ou para processamento em paralelo. É o caso da locação de servidores e demais
recursos para processamento e guarda de dados. A redundância de capacidade
de processamento também é um fator importante a ser considerado quando
desenhado o perfil de hardware no qual será embarcado o SAD. Questões re-
lacionadas aos planos de contingências e observações pertinentes aos riscos
operacionais do aparato de TI devem ser levadas em conta sempre que forem
dimensionados os componentes de hardware de SAD, bem como seria verdade
em se tratando de qualquer outro tipo de sistema.
Software
A dimensão de software do SAD inclui o Sistema de Gerenciamento de Banco
de Dados (SGBD) e o Sistema de Gerenciamento de Modelo de Base (SGMB),
110 • capítulo 4
além do Sistema de Gerenciamento e Gestão de Diálogos (SGGD), ou a interface
de relacionamento direto com o usuário.
O Banco de Dados é o recurso para abrigo de uma base de dados. Uma base
de dados é uma coleção de dados que são organizados de tal maneira que cor-
responde às necessidades e à estrutura de uma empresa, podendo ser usada
para mais do que uma aplicação. A seguir estão as principais características do
sistema de gestão de base de dados.
1. Capacidade de obtenção de respostas às consultas;
2. O estabelecimento de relações de dados;
3. Registro do nível de independência de dados;
4. Recuperação rápida e carregamento de dados;
5. Segurança abrangente de dados.
capítulo 4 • 111
da empresa (ou mesmo em prestadores externos). O importante é levar em con-
sideração a região limítrofe da arquitetura, compreendendo que deve existir si-
metria entre os formatos de alocação de dados para que a comunicação entre as
componentes do SAD possa ocorrer sem problemas ou conflitos.
ERP
POS
Legado
SGGD
(interface)
Web
Base de Conhecimento
Modelos
Usuário
Organizacional externo
Figura 4.3 – Arquitetura de Sistema de Apoio à Decisão. Fonte: Elaborada pelo autor.
112 • capítulo 4
Conforme ilustra a figura 4.4 a seguir, Data Warehouses pertencem à dimensão
dos sistemas OLAP, ou seja, estão conectadas ao plano dos sistemas de registro
de informações, as quais estarão disponíveis para processamento a partir de
requisições que partem dos sistemas OLTP, ou seja, de operação. Essa divisão
vista anteriormente, permite maior agilidade e foco na alocação de recursos
com eficiência de capacidade e disponibilidade.
Estratégia Dados de
de Negócio Transações
PROCESSOS DE NEGÓCIO
Operações
OLTP
OLAP
Informações
Figura 4.4 – Processos de Negócio e Data Warehouse. Fonte: Elaborada pelo autor.
capítulo 4 • 113
CONCEITO
ETL
O termo ETL vem do inglês Extract Transform Load, ou seja, Extração Transformação e
Carga. O ETL visa trabalhar com toda a parte de extração de dados de fontes externas, para
atender às necessidades de negócios e carga dos dados dentro do Data Warehouse. Os
projetos de Data Warehouse consolidam dados de diferentes fontes.
114 • capítulo 4
4.4.1 Ambiente e Arquitetura de Data Warehouse
Arquivos
ERP CRM SO diversos
DATA WAREHOUSE
Figura 4.6 – Arquitetura de um Data Warehouse comum. Fonte: Elaborada pelo autor.
capítulo 4 • 115
Os componentes agregados na figura 4.6 descrevem cada um dos pontos a
serem observados em relação ao ambiente de Data Warehouse. Para obter as
informações no DW de forma a utilizá-la na tomada de decisões, ele precisa
ser entregue em formato que o torne útil para o pessoal da empresa fazer o seu
trabalho. Configurar uma estrutura de Data Warehouse faz parte do escopo de
trabalho de quem desenhará aplicações de business intelligence. Para a maio-
ria das pessoas, essas aplicações são o Data Darehouse. Eles são, na verdade, os
sistemas de software que ajudam os usuários a entender o que aconteceu, iden-
tificar os problemas e oportunidades, e para fazer e avaliar os planos. O Data
Warehouse pode incluir uma variedade de ferramentas acessórias, porque há
uma variedade de usuários com diferentes necessidades e habilidades.
Todos na empresa podem se valer das informações para fazer seus traba-
lhos, mas em sua forma bruta, os dados são muito diferentes da forma como
eles se apresentam para os usuários, já passíveis de serem interpretados como
informações disponíveis. Suas interligações, e outras características técnicas,
não serão tão úteis na utilização das informações para ajudá-los a tomar deci-
sões. As aplicações de Data Warehouse devem formar uma caixa de ferramen-
tas com recursos apropriados para o espectro de pessoal da empresa, seja para
gerentes departamentais, analistas, pesquisadores ou executivos.
Basicamente, o Data Warehouse empresarial é uma fonte de informações
sobre o que aconteceu. É uma história de operações da empresa extraídas dos
sistemas de informação operacional, que registram informações importan-
tes no processo de ajudar a realizar operações. Além disso, o Data Warehouse
entrega a informação correspondente sobre os planos, tais como previsões e
orçamentos. Ser capaz de investigar e compreender em detalhe o que aconte-
ceu permite um ciclo de visualização de problemas e oportunidades, além de
auxiliar na elaboração de planos para fazer as coisas melhor, e ainda realizar a
medição para saber se esses planos foram elaborados de maneira correta.
O suporte ao desenvolvimento de planos também ajudaria o pessoal tático
e estratégico da empresa a comparar o que realmente aconteceu com o que foi
planejado, a fim de identificar surpresas, permitindo respostas mais rápidas
para as situações inesperadas, e também o apoio no processo de planejamento
e previsão. Assim, o conteúdo do Data Warehouse se resume à história e aos
planos ligados às informações consistentes sobre o contexto desses eventos
ocorridos ou eventos planejados.
116 • capítulo 4
O conteúdo do armazém de dados tem ao menos dois components.
1. As informações sobre a história e planos
Essas informações são na verdade grupos de dados referidos como fatos,
pois eles geralmente consistem em fatos ou medições discretas.
capítulo 4 • 117
4.4.2 Data Marts
DATA WAREHOUSE
Figura 4.7 – Relação entre Data Warehouse e Data Mart. Fonte: Elaborada pelo autor.
118 • capítulo 4
as organizações encontrarem o que precisam. Além disso, consultas complica-
das podem levar um longo tempo para responder àquilo que as pessoas querem
saber, uma vez que os sistemas de banco de dados são projetados para proces-
sar milhões de transações por dia. Enquanto bancos de dados transacionais
são projetados para serem atualizados, Data Warehouses ou Data Marts são
somente de leitura. Os Data Warehouses são projetados para acessar grandes
grupos de registros relacionados.
Data Marts melhoram o tempo de resposta do usuário final, permitindo que
os usuários tenham acesso ao tipo específico de dados que eles precisam ver
na maioria das vezes, fornecendo os dados de uma forma que suporte a visão
coletiva de um grupo de usuários.
O Data Mart é basicamente uma versão condensada e mais focada de
um Data Warehouse, que reflete as normas e especificações de processo de
cada unidade de negócio dentro de uma organização. Cada Data Mart é dedi-
cada a uma função específica do negócio ou da região. Este subconjunto de
dados pode abranger muitos ou todos os colaboradores de áreas funcionais
de uma empresa. É comum, em vários Data Marts,o uso orientado dos recur-
sos disponíveis de forma a servir às necessidades de cada unidade de negó-
cios individual.
capítulo 4 • 119
Esquema Floco de Neve (Snowflake)
Tabela
Fato Tabelas
Dimensionais
Tabelas
Dimensionais
Tabela
Fato
Camdas de Tabelas
Esquema Estrela (Star) Dimensionais
Figura 4.8 – Esquemas Estrela e Floco de Neve. Fonte: Elaborada pelo autor.
120 • capítulo 4
4.4.4 Projeto de Data Warehouse
Projetar um Data Warehouse não é uma tarefa fácil. Algumas etapas se fazem
absolutamente necessárias para a certificação de pleno atendimento das de-
mandas que levam ao projeto desse tipo de recurso. Os principais passos a se-
rem galgados no início do projeto são referentes ao levantamento de informa-
ções relativos aos seguintes tópicos.
1. Definição de Escopo
O escopo deve ser definido pelo proprietário ou corpo diretor da empresa.
A declaração do escopo deve ser criada, revisada e assinada por todos os mem-
bros da equipe do núcleo gestor.
2. Realização do Inventário
Uma vez que o escopo do projeto foi definido e acordado, o gestor da empre-
sa irá criar um inventário dos elementos de dados e relatórios necessários para
suportar o escopo definido. O proprietário da empresa deve tentar identificar
os domínios do sistema de origem e dos dados, bem como as necessidades e as
lacunas do projeto.
3. Análise
Rever todos os elementos de dados e relatórios. Envolver-se em discussões
detalhadas sobre o perfil de dados que determinam as regras de negócio em
torno dos dados. Identificar quaisquer problemas de dados, desafios futuros
e tentar identificar quaisquer riscos referentes aos fluxos de acesso do Data
Warehouse. Documentar e definir os requisitos de negócios e de dados no do-
cumento de requisitos de negócios. Determinar os requisitos de segurança,
bem como quem deve ser capaz de visualizar os dados, e quem não deveria.
O documento de requisitos de negócios deve ser revisto e assinado pela
equipe do núcleo gestor para que todos estejam cientes das necessidades reais.
4. Projeto
Desenvolver o projeto conceitual de dados, os modelos lógicos, a estrutura
de segurança, e o layout BOE.
capítulo 4 • 121
5. Protótipo
Construir as estruturas de bancos de dados físicos, e carregar dados de
exemplo. Construir o protótipo em universo simulado considerando parâme-
trios reais do negócio.
6. Validação do Protótipo
Validar o modelo de dados com o cliente por meio da exibição visual do mo-
delo. Determinar se o modelo funciona como esperado, e se compreende todos
os dados necessários. Verificar a qualidade de layout, design e os dados com o
cliente do projeto para garantir que se atenda às suas expectativas. Esta valida-
ção é estritamente para a concepção do modelo de dados, e não para os dados
reais. Os dados reais deverão ser validados durante o teste de aceitação.
7. Melhorias e refinamento
Se o protótipo não for aprovado pelo cliente ou usuário, deve-se voltar para
o passo “Análise” para garantir que há um entendimento comum sobre os re-
quisitos de negócio. Deve-se seguir os próximos passos em sequência até que o
protótipo seja validado pelo gestor ou usuário.
122 • capítulo 4
Uma vez escolhidos os produtos de um mesmo fabricante, houve melhor
aderência comunicacional entre os diferentes módulos de trabalho. Optou-se
por uma arquitetura centralizada, passível de ser expandida posteriormente
pela introdução de novos módulos. Foram então levantados os requisitos para
o desenho da estrutura de dados.
O autor relata na pesquisa o seguinte esquema conceitual da estrutura de
dados, conforme a figura 4.9.
Ano Vagas
Inscritos
Classificados
Aprovados
Semestre
Não aprovados
Suplentes
Cidade Região UF
Curso
capítulo 4 • 123
Figura 4.10 – Central de DW do IBM DB2 v. 7.0. Fonte: DILL (2002, p. 101).
124 • capítulo 4
4.6 Estudos de casos comentados de desenvolvimentos de Data
Warehouse
capítulo 4 • 125
Grosso modo, as bases de dados relacionais, utilizadas para o processamen-
to transacional de dados (OLTP) são tipicamente normalizadas, enquanto as
bases de dados utilizadas para processamento analíticos de dados (OLAP) são,
geralmente, não normalizadas.
No exemplo descrito por Machado (2004), chegou-se à representação des-
crita na figura 4.12.
126 • capítulo 4
criando tabelas auxiliares para armazenar esses atributos. A hierarquia é expli-
citada pela criação de uma tabela auxiliar para cada nível superior.
No exemplo de Kimball (1996), temos o esquema da figura 4.13, represen-
tando a solução para a situação problema de análise.
CLIENTE
chave_cliente
atributos de cliente...
Figura 4.13 – Esquema Floco de Neve Estudo de Caso. Fonte: Kimball (1996).
ATIVIDADES
Vamos praticar um pouco os conceitos aprendidos. Responda às seguintes questões.
01. Explique o que significam as siglas SGBD, SGMB e SGGD no contexto da constituição
de um SAD.
capítulo 4 • 127
04. Defina o conceito de Data Warehouse.
07. Qual a diferença entre os bancos transacionais e os Data Warehouses e Data Marts?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DILL, S. L. Uma Metodologia para Desenvolvimento de Data Warehouse e Estudo de Caso.
2002. 131 f. Tese (Mestrado em Ciência da Computação) – Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2002.
KIMBALL, R. The Data Warehouse Toolkit. New York: John Wiley and Sons, 1996.
MACHADO, F. N. R. Tecnologia e Projeto de Data Warehouse. São Paulo: Erica, 2004.
SAGE, A. P. Decision Support Systems Engineering. New York: John Wiley & Sons Inc., 1991.
SAVAGE, L. J. The Foundation of Statistics. New York: Dover, 1972.
SIMON, H. A. Causal ordering and identifiability. In: HOOD, W.C;KOOPMANS, T. C. (Eds). Studies in
Econometric Method. Cowles Commission for Research in Economics. Monograph n. 14, capítulo III,
p. 49–74. : John Wiley & Sons, 1953.
128 • capítulo 4
5
Aplicações
empresariais
5. Aplicações empresariais
O objetivo deste capítulo é apresentar os conceitos e tipos de sistemas ERP,
CRM e SCM, bem como orientar sobre as aplicações práticas de TI para gestão
de organizações.
5.1 ERP
Diversos tipos de sistemas de gestão têm sido desenvolvidos para lidar com
a complexidade do mundo dos negócios no período de maior conectividade do
capitalismo. Alguns desses sistemas são chamados pelas seguintes formas.
130 • capítulo 5
informações sobre o passado e o presente e realizar previsões, um sistema de
informação de gestão pode incluir um software que ajude na tomada de deci-
são, utilizando recursos de armazenagem e recuperação de dados, tais como
bancos de dados, sistemas de apoio à decisão, gestão de pessoas e aplicações de
gerenciamento de projetos, e até mesmo quaisquer processos informatizados
os quais permitam que o departamento funcione de forma eficiente.
capítulo 5 • 131
eficiente e facilita a utilização de canais preferenciais de comunicação, que pro-
metam maior sucesso com os respectivos grupos alvo.
132 • capítulo 5
Manufacturing Resource Planning (MRP II)
O Sistema de Planejamento de Recursos de Manufatura (MRP II) é um sis-
tema integrado de informação utilizado por empresas. Evoluiu dos primeiros
Materials Requirement Planning (MRP), incluindo a integração de dados adi-
cionais, como funcionários e necessidades financeiras. O sistema é projetado
para centralizar informações de processos de integração e para a tomada de
decisão eficaz na programação, engenharia de projeto, gestão de inventário e
controle de custos na fabricação.
O ERP evoluiu a partir do sistema conhecido como sistema MRP II
(Manufacturing Requirement Planning), com a integração de informações en-
tre fornecedor, cliente e fabricante usando redes como LAN, WAN e Internet
etc. Já o sistema MRP II evoluiu a partir do sistema MRP (Material Requirement
Planning). MRP é uma técnica que explode as exigências do produto final ob-
tidas a partir de Programação Mestre de Produção (MPS – Master Production
Schedule) para a estrutura do produto, que é tomada a partir de lista de materiais
(BOM ou Bill of Material) em uma programação de ordens planejadas, conside-
rando o estoque disponível. O MRP II tem um certo número de inconvenientes.
• O principal problema é que ele não foi capaz de se integrar de forma eficaz
às diferentes áreas funcionais para partilhar os recursos de forma eficaz;
• Os sistemas de aplicativos que as organizações usualmente empregam
tratam cada transação separadamente, sem uma integração entre os diferen-
tes programas;
• Eles são constituídos em torno dos limites das funções específicas que
cada aplicativo dedicado se propõe a tratar.
capítulo 5 • 133
de trabalho, grupo de trabalho, Grupo Ware, Electronic Data Interchange (EDI),
Internet, Intranet, armazenamento de dados etc.
CONCEITO
Three-Tier Client-Server Architecture
É um tipo de arquitetura de computação multi-tier em que um aplicativo inteiro é dis-
tribuído através de três camadas de computação diferentes. Ele se divide nas camadas de
apresentação, lógica de aplicação e processamento de dados através de dispositivos de
cliente e servidor.
1. Flexibilidade
Um sistema de ERP deve ser flexível para responder à evolução das neces-
sidades de uma empresa. A tecnologia cliente-servidor permite ao ERP execu-
tar operações em vários bancos de dados back-end através do Open Database
Connectivity (ODBC).
4. Além da Empresa
Não deve ser confinado aos limites organizacionais, mas suportar a conecti-
vidade online para que possa haver integração com outras entidades empresa-
riais da cadeia produtiva à qual a organização se conecta.
134 • capítulo 5
5. Melhores Práticas de Negócio
Ele deve ter uma coleção dos melhores processos de negócios aplicáveis em
todo o mundo. Um pacote de ERP impõe a sua própria lógica sobre a estratégia,
cultura e organização de uma empresa.
Algumas das principais aplicações do ERP que se desdobram em be-
nefícios diretos para o processo de geração de valor inerente ao negócio são
mostradas a seguir.
1. O ERP fornece a possibilidade de configurações variadas, podendo ser
instalado de forma integrada multiplataforma, contemplando multinstala-
ções, fabricação customizada de multimodo, multimoeda, instalações multi-
linguais, entre outras possibilidades de customização diferenciada para cada
unidade conectada ao sistema.
2. Ele suporta atividades de planejamento estratégico e de negócios, pla-
nejamento operacional e atividades de execução, além da criação de materiais
e recursos tais como já era possível realizar em ferramentas de MRP II.
3. O ERP abrange todas as áreas funcionais como fabricação, venda e dis-
tribuição, contas a pagar, contas a receber, inventário, contas, recursos huma-
nos, compras etc.
4. O ERP executa atividades essenciais e aumenta o valor entregue como
serviço ao cliente, melhorando assim a imagem corporativa.
5. O ERP permite que as informações fluam de modo capilarizado ao lon-
go da organização, o que permite maior acesso e melhores chances de consoli-
dação do aprendizado organizacional.
6. O ERP fornece a integração completa de sistemas, não somente entre
os departamentos, mas também através de sociedades sob a mesma gestão.
7. O ERP é a solução para um melhor gerenciamento de projetos.
8. O ERP permite a introdução automática das últimas tecnologias
como a Transferência Eletrônica de Fundos (EFT – Electronic Fund Transfer),
Electronic Data Interchange (EDI), Internet, Intranet, videoconferência,
E-Commerce etc.
9. O ERP trata boa parte dos problemas de negócios, como a escassez de
materiais, melhorias de produtividade, atendimento ao cliente, gestão de cai-
xa, problemas de inventário, problemas de qualidade, pronta entrega etc.
10. O ERP fornece ferramentas de negócios inteligentes como sistema de
apoio à decisão, sistema de informação para executivo, mineração de dados e
sistemas de trabalho interativos para permitir melhores decisões.
capítulo 5 • 135
As empresas também se utilizam do ERP buscando soluções para processos
típicos de gestão, elevando o grau de automação das atividades mais usuais dos
processos de geração de valor. Algumas dessas soluções são mostradas a seguir.
Reduzir inventário
O ERP ajuda o processo de fabricação fluir mais suavemente, e melhora a
visibilidade do processo de atendimento de pedidos dentro da empresa. Isso
pode levar à redução dos estoques dos materiais utilizados para produção (in-
ventário work-in-progress), e pode ajudar os usuários a melhorar o plano de
entregas para os clientes, reduzindo o estoque de produtos acabados nos arma-
zéns e docas de expedição.
Informações Padronizar HR
Especialmente em empresas com várias unidades de negócios, o RH
pode não ter um método unificado e simples para controle de tempo dos
136 • capítulo 5
funcionários, ou mesmo se comunicar com eles sobre os benefícios e serviços.
ERP pode corrigir isso.
CURIOSIDADE
As duas maiores fornecedoras de ERP em atuação no mercado brasileiro são a alemã SAP
e a brasileira TOTVS. Ambas fornecem sistemas de gestão integrados, modulares e passíveis
de customização, e concorrem com um número cada vez mais elevado de empresas do mes-
mo segmento, o qual é bastante pulverizado e possui dinâmica acelerada de inovações e um
fluxo crescente de novos entrantes.
capítulo 5 • 137
• Melhora a ligação entre oferta e demanda entre locais remotos e filiais em
países diferentes;
• Disponibiliza uma base de dados unificada passível de ser utilizada por
todas as aplicações conectadas aos processos de negócios;
• Melhora as operações internacionais através do apoio a uma variedade de
estruturas de impostos, sistemas de faturamento, várias moedas, períodos va-
riados, variedade de protocolos de contabilidade e idiomas;
• Acesso melhorado à informação de escopo gerencial, disponível de forma
hierarquizada a toda a empresa;
• Fornece solução para problemas de conversão de moedas em operações
com vários ambientes nacionais distintos.
CONCEITO
BPM e BPR
O conceito de BPM refere-se a um conjunto de elementos e metodologias que objetivam
uma gestão sistêmica e integrada dos ambientes organizacionais e das atividades de cada
recurso envolvido em um determinado processo de negócio, buscando torná-lo cada vez
mais qualificado, produtivo, lucrativo e orientado à expectativa do cliente.
BPR é a análise e o redesenho de fluxo de processo das empresas, a fim de otimizar os
processos de forma integral e automatizar tarefas que não agregam valor.
138 • capítulo 5
Os processos mais frequentemente incorporados à temática de gestão por
ERP são apresentados a seguir.
• Prever demanda
Mostra vendas e fluxos de receita durante um longo período de tempo, além
de dizer a expectativa de desempenho de vendas baseando-se na série histórica
dos últimos anos e projetando para até dois anos.
• Gerir riscos
Fatores de incerteza e risco a serem considerados. Envolve o desenvolvi-
mento de alternativas explorando questões como o que “aconteceria se”.
• Planejar preços
Determina o preço a que os produtos são oferecidos. Envolve a aplicação
de tecnologia para suporte de preços, tais como os serviços de banco de dados
comerciais. Também realisa análise de feedback e sensibilidade.
• Desenvolver orçamento
Usando algoritmos para estimar o mix desejável de fundos atribuídos a vá-
rias funções.
capítulo 5 • 139
precisa de uma reengenharia de processos que permita capturar o conheci-
mento dos especialistas do sistema, ganhando assim benefícios consideráveis
na produtividade.
O primeiro passo na implementação de ERP é o desenvolvimento de um
modelo de processo de negócio que mostre os processos de negócios como um
sistema grande interconectado e a sequência de subsistemas de negócios ou
processos que desenvolvem a criação de valor à qual a organização se propõe
a desenvolver.
O sucesso de uma implementação depende principalmente de quão per-
to os consultores de implementação, usuários e fornecedores trabalham em
conjunto para alcançar os objetivos globais da organização. Os consultores de
implementação devem compreender as necessidades dos usuários dos siste-
mas, além de compreender as realidades comerciais vigentes e saber projetar
a manutenção de soluções de negócios em mente, uma vez que são os usuá-
rios que estarão dirigindo a implementação e, portanto, devem participar ati-
vamente em todas as fases de execução, processo vital para o sucesso global
da implementação.
Vale a pena lembrar que o ERP é uma ferramenta que permite fazer o seu
trabalho melhor, o que, naturalmente, necessita de medidas suplementares.
Durante o curso da implementação do pacote padrão, pode haver alterações
que representem um simples ajuste ou uma grande mudança de “funcionali-
dade”. A implementação de tais mudanças é conhecida como personalização.
Os conteúdos do ERP são conhecidos como módulos e os módulos são divi-
didos em componentes. Os papéis e as responsabilidades dos funcionários têm
que ser claramente identificados, compreendidos e os funcionários terão que
aceitar novos processos e procedimentos configurados no sistema, conforme
previsto no escopo do sistema ERP. Ao mesmo tempo, estes processos e proce-
dimentos devem ser simples e fáceis de serem executados.
Um pacote de ERP bem gerido e implementado pode dar um retorno su-
perior a duzentos por cento sobre o investimento, bem como um mal imple-
mentado poderá render um retorno sobre o investimento tão baixo quanto
cinco por cento. Existe uma série de decisões importantes que precisam ser
feitas, considerando todo o processo de implementação como um esforço de
integração empresarial. Apesar do ERP ser um assunto da dimensão de auto-
mação dos processos organizacionais, é na dimensão das pessoas que ele deve
encontrar sustentação para a viabilização dos retornos de sua utilização. Sem a
140 • capítulo 5
conscientização e participação das pessoas, a ferramenta poderá não surtir os
melhores efeitos desejados.
A decisão de implementar um ERP deve ser baseada em um caso de negó-
cio racional. As justificativas baseadas em tecnologia incluem a necessidade de
abordar o problema de incompatibilidade de linguagens, integrar as funções
dos sistemas díspares, fundir aquisições com novos recursos, bem como a aces-
sibilidade da web no ambiente de negócios.
O intento em melhorias de processo invariavelmente irá abordar ações que
resultam em empenho de pessoal de TI e redução de custos. As melhorias em
produtividade incluem a necessidade de fechar o ciclo financeiro e aumentar a
produção global do ponto de vista empresarial. Deve-se pensar sobre questões
relacionadas aos objetivos organizacionais para implementar novas estratégias
não suportadas pelo software atual, no intuito de melhorar o serviço ao cliente e
sua consequente satisfação, melhorando a capacidade de resposta competitiva.
Nesse contexto, o que é melhor, seguir os processos usuais do software ou
customizar de acordo com as necessidades dos processos desenhados para a
organização? Responder a essa pergunta leva em consideração a decisão acerca
de quais os custos e benefícios para ambos os cenários. Se a organização decide
seguir o processo default do software, isso irá resultar na organização seguindo
as melhores práticas no seu setor (se essa for a configuração padrão do forne-
cedor), conferindo-lhe, assim, uma oportunidade para melhorar e padronizar
seus processos da mesma forma que o mercado.
No entanto, essa abordagem pode criar turbulência significativa, exigindo
que os funcionários mudem suas maneiras de fazer negócios. Se a organiza-
ção decide ficar com seus processos atuais (ou uma versão melhorada deles) e
personalizar o software para atender a esses processos, a organização não irá,
obviamente, experimentar toda a dor e todo estresse de começar do zero. No en-
tanto, existem custos para personalizar e manter o software ao longo do tempo.
Outra perguntar que pode surgir: é possível realizar a implantação apenas
com recursos internos ou necessariamente a organização terá que terceirizar
a implantação?
Todo tipo de projeto em TI tem a vantagem de permitir à organização optar
pela terceirização para continuar a se concentrar em seu núcleo de atividades
e sua missão, evitando um compromisso financeiro substancial e minimizar o
impacto sobre o departamento encarregado dos processos.
capítulo 5 • 141
Entretanto, proporcionar oportunidades a consultores externos à organi-
zação pode impactar mal o moral dos funcionários, além de permitir proble-
mas de segurança. Dada a complexidade do trabalho a ser desempenhado em
qualquer tipo de implementação de tecnologia, apesar de todos os riscos, a
consultoria tem sido uma escolha muito comum, levando em consideração
que mudanças efetivas demandam visões diferentes daquelas já praticadas
pela organização.
O processo de implementação ainda inclui uma melhor adequação entre o
software e os negócios, além da criação de aplicativos otimizados para a orga-
nização, pensando também na segurança e permitindo melhor manutenção,
o que pode demandar ainda mais empenho de recursos externos. Além disso,
uma abordagem interna pode não ser possível, se houver falta de conhecimen-
to e pessoal de apoio para tal esforço.
Qual seria o modelo ideal de implementação, tudo de uma vez só (ou, con-
forme a própria literatura classifica, uma implementação “Big Bang”) ou em
fases? Mais uma vez, depende, tornando a escolha fruto de uma análise de cus-
to e benefício. Uma implementação “big bang” implica ter todos os módulos
em todos os locais implementados ao mesmo tempo. As características dessa
abordagem incluem a ausência de necessidade de interfaces temporárias, além
da exigência de manter o software legado por algum tempo, e a funcionalidade
de integração de módulo. Se surgirem contingências, o custo global tende a au-
mentar consideravelmente.
Já a implementação faseada, módulo a módulo ou um grupo de cada vez,
pode ser realizada de forma departamentalizada, ou seja, um único local de
cada vez. Os benefícios dessa abordagem incluem a suavização dos requisi-
tos de recursos, a capacidade de se concentrar em um determinado módulo,
aproveitamento da capacidade dos sistemas legados existentes, risco reduzido,
acúmulo do conhecimento obtido com cada fase e melhor adaptação dos recur-
sos humanos.
Existe também a abordagem de onda. Essa abordagem envolve a aplicação
de diferentes ondas de mudança para diferentes unidades de negócios ou re-
giões. Além da abordagem de onda, é possível a aplicação paralela. Essa abor-
dagem envolve tanto o ERP como um sistema existente correndo juntos por um
período de tempo.
É possível que, adotando uma implementação de todo o sistema de uma só
vez ou de forma modular, realizar cutovers instantâneas (flip-the-switch). Essa
142 • capítulo 5
abordagem é a de menor custo, e motiva os usuários a converter para o novo
sistema, reduzindo a necessidade de sistemas redundantes. No entanto, tende
a ser arriscada, estressante para os usuários e requer um alto nível de planeja-
mento de contingência.
Vários passos estão envolvidos na implementação de um pacote de ERP típi-
co. Os passos mais comuns são mostrados a seguir.
1. Identificar as necessidades
Algumas das questões básicas, que devem ser respondidas, são as seguintes.
• Por que um pacote de ERP deve ser implementado?
• Será que vai melhorar a rentabilidade?
• Os prazos de entrega de produtos podem ser reduzidos?
• Como isso irá melhorar a satisfação do cliente em termos de qualidade,
custo ,tempo de entrega e nível de serviço?
• A implementação vai ajudar a reduzir o custo de produtos?
• Como poderá ajudar a aumentar o volume de negócios e, ao mesmo tem-
po reduzir a mão de obra?
• Será possível uma reforma dos processos de negócio?
capítulo 5 • 143
4. A reengenharia dos processos de negócios
Reengenharia de processos de negócio é feita para:
• Reduzir o tempo de ciclo do processo de negócio;
• Reduzir o número de pontos de decisão para um volume mínimo, redu-
zindo tempo de processamento pela eliminação de parte dos processos decisó-
rios ou sua automatização;
• Racionalizar o fluxo de informações e eliminação do fluxo indesejado
de informações.
144 • capítulo 5
Novas tecnologias: o ERP deve incorporar tecnologia de ponta e tecnologias
à prova de obsolescência futura, tais como orientação a objetos para desenvol-
vimento de produtos e garantir a interoperabilidade com a Internet e outras
tecnologias emergentes. Deve ser compatível com padrão Euro e Y2K.
capítulo 5 • 145
• Fazer upload de dados do sistema existente para o novo;
• Testar a execução;
• Treinamento de usuários;
• Rodar em paralelo (rodando em fase de teste);
• Anuência do usuário e homologação;
• Migração para o novo sistema;
• Geração da documentação do usuário;
• Suporte pós-implementação;
• Monitoramento;
• Ajuste fino do sistema.
146 • capítulo 5
As organizações enfrentam vários novos riscos de negócios quando mi-
gram em tempo real para sistemas de ERP integrados. Esses riscos incluem
o seguinte.
Alterações de cargo
A transição de papéis do usuário tradicional para papéis baseados em com-
petência, com muito mais acesso à informação da empresa em tempo real,
pode causar desconforto e descumprimento de expectativas.
Mudança de gestão
Abraçar um ambiente totalmente integrado é um desafio, principalmen-
te quando processos de negócios diferentes terem existido entre os departa-
mentos por tanto tempo. O nível de aceitação do usuário do sistema tem uma
influência significativa sobre o seu sucesso. Os usuários devem entender que
suas ações ou falta de ação têm um impacto direto sobre outros usuários e, por-
tanto, devem aprender a ser mais diligentes e eficientes no desempenho das
suas funções do dia a dia. Assim, é necessário formação e treinamento adequa-
dos para (tipicamente) um grande número de usuários.
capítulo 5 • 147
Se as pessoas nos diferentes departamentos que utilizarão ERP não concor-
darem que os métodos de trabalho incorporados no software são melhores do
que os que atualmente usam, eles deverão resistir ao uso do software ou vão
querer mudar o software para que esse corresponda às formas com que atual-
mente fazem as coisas. Esse é o ponto em que projetos de ERP quebram. Lutas
políticas se iniciam sobre como ou mesmo se o software será instalado. A TI fica
atolada em longos e caros esforços de personalização para modificar o software
ERP, apenas para adequá-lo aos desejos dos gerentes médios.
O ERP abrange tanto do que a empresa faz que uma falha no software pode
trazer uma empresa a um impasse, literalmente, de continuar usando ou aban-
donar o sistema. O erro que as empresas cometem é assumir que a mudança
de hábitos das pessoas será mais fácil do que a personalização do software. Se
as pessoas são resistentes à mudança, então o projeto de ERP é mais propenso
a falhar.
5.2 CRM
148 • capítulo 5
co-desenvolvimento, e outras formas de alianças estratégicas (PARVATIYAR;
SHETH, 2000).
O tema central de todas as perspectivas de CRM e marketing de relaciona-
mento é seu foco em uma relação de cooperação e de colaboração entre a em-
presa e seus clientes, ou outros atores de marketing. Dwyer, Schurr e Oh (1987)
caracterizaram essas relações de cooperação como sendo interdependentes e
de longo prazo, ao invés de se preocupar com as operações discretas de curto
prazo. A orientação a longo prazo é frequentemente enfatizada, pois acredita-se
que os atores de marketing não vão se envolver em comportamentos oportunis-
tas se eles têm uma orientação de longo prazo e que tais relações serão ancora-
das em ganhos e cooperação mútua.
Outra faceta importante de CRM é a “seletividade de clientes”. Como vários
estudos têm mostrado, nem todos os clientes são igualmente rentáveis para
uma empresa individual (STORBACKA, 2000). A empresa, portanto, deve ser
seletiva na adaptação de seus esforços do programa de marketing e da segmen-
tação e seleção de clientes apropriados para programas de marketing indivi-
duais. O objetivo de uma empresa adotar a seletividade não é podar sua base de
clientes, mas identificar os programas e métodos que seriam os mais rentáveis,
pois criariam valor para a empresa e para o cliente.
CONCEITO
CRM
Customer Relationship Management é um sistema automatizado de gestão do relacio-
namento com clientes ancorado em uma estratégia abrangente que inclui o processo de
aquisição, retenção e de parceria com clientes seletos para criar valor superior para a empre-
sa e para o cliente. Ele envolve a integração de marketing, vendas e atendimento ao cliente,
além das funções da cadeia de fornecimento da organização para alcançar maior eficiência
e eficácia na entrega de valor ao cliente.
capítulo 5 • 149
a definição do objetivo (ou objetivos) de se engajar em CRM; seleção de parcei-
ros para programas de CRM apropriados; e desenvolvimento de programas (ou
esquemas de atividades de relacionamento) para o início de um conjunto de
contatos mediados e monitorados com o cliente.
Processo de Monitoramento
EVOLUÇÃO (fortalecimento)
Processo de Planejamento
Alinhamento de Processos
Especificação de Papel
Interesses Comuns
Comunicação
Time
Desempenho
Desempenho:
Marcos estratégicos, financeiros e de mercado
150 • capítulo 5
Ao considerar a economia de retenção de clientes, as empresas podem ob-
servar maiores eficiências de marketing. Eles também podem melhorar a efi-
cácia do marketing, selecionando cuidadosamente os clientes para os seus
vários programas, por individualizar e personalizar suas ofertas de mercado
para antecipar e atender às necessidades emergentes de clientes individuais,
construindo um novo conceito de lealdade do cliente e reforçando seu com-
prometimento. Através de parcerias é possível entrar em novos mercados e
desenvolver novos produtos, redefinindo o campo de jogo competitivo para
sua empresa. Além disso, indicar os objetivos e definir o propósito do CRM
de uma empresa ajuda a esclarecer a natureza dos programas e atividades do
sistema, principalmente no que tange às atividades que deveriam ser realiza-
das pelos parceiros. Definir o objetivo também permite a identificação dos
parceiros de relacionamento, bem como as expectativas e as capacidades
necessárias para cumprir objetivos mútuos, tornando-as tarefas mais fáceis.
Além disso, ajuda na avaliação do desempenho de CRM. Os resultados ob-
tidos podem ser comparados com os objetivos. Esses objetivos podem ser
especificados como objetivos financeiros, objetivos de marketing, objetivos
estratégicos, metas operacionais e objetivos organizacionais.
Um dos aspectos mais interessantes do desenvolvimento de CRM é o
grande número de interfaces de clientes que uma empresa tem que gerir no
mundo de hoje. Até recentemente, a interface direta de uma empresa com os
clientes, se houvesse, era principalmente por meio do pessoal de vendas ou
agentes de serviço. No ambiente empresarial de hoje, a maioria das empresas
interagem com seus clientes através de uma grande variedade de canais, in-
cluindo pessoas de vendas, pessoal de serviço, call centers, sites de Internet,
departamentos de marketing, casas de atendimento, mercado e agentes de
desenvolvimento de negócios, e assim por diante. Para grandes clientes e
equipes multifuncionais, pode-se incluir no relacionamento o pessoal de vá-
rios departamentos funcionais. Embora cada uma dessas unidades pudesse
operar de forma independente, elas ainda precisam compartilhar informa-
ções sobre clientes individuais e suas interações com a empresa em uma base
em tempo real. Por exemplo, um cliente que acabou de colocar uma ordem na
Internet e, posteriormente, chama o centro de atendimento para verificação
final, espera que a equipe de call center conheça os detalhes do seu histórico
de pedidos. Da mesma forma, um vendedor que atende a um cliente desco-
nhece o fato de que o cliente tinha se queixado recentemente sobre o servi-
ço. Caso reconhecesse o problema, sua abordagem poderia ser orientada à
capítulo 5 • 151
reconquista desse cliente. Por outro lado, se o vendedor estava ciente do pro-
blema encontrado pelo cliente, a denúncia e as ações já iniciadas para resol-
ver a queixa, estaria em uma situação relativamente favorável para tratar bem
a situação. Portanto, a implementação efetiva do CRM requer um sistema de
atendimento de linha de frente que compartilhe informações relevantes de
clientes em todas as unidades. Bancos de dados relacionais, armazenamento
de dados e ferramentas de mineração de dados são, portanto, muito valiosas
para sistemas e soluções de CRM.
O desafio é desenvolver uma plataforma de CRM integrada que colete a en-
trada de dados relevantes em cada interface com o cliente e, simultaneamen-
te, forneça como saída o conhecimento sobre a estratégia e as táticas adequa-
das para ganhar negócios e realizar a fidelização dos clientes. Por exemplo, se
o pessoal do call center não puder identificar e diferenciar um cliente de alto
valor, isso significa uma tremenda oportunidade perdida. Embora a maioria
das soluções de software de CRM com base em bancos de dados relacionais
esteja ajudando a registrar e compreender as informações sobre a ação dos
clientes, eles ainda não permitem a saída de conhecimento para o pessoal da
linha de frente.
Como se mostra na figura 5.2, a plataforma de soluções CRM deve ser ba-
seada na tecnologia de processos. Ela deve ajudar a empresa no desenvolvi-
mento e melhoria das interações com clientes, e auxiliar no marketing one-
to-one através da aplicação de recursos inteligentes adequados que ajudem a
desenvolver a relação de linha de frente com os clientes. Tal sistema permi-
tiria identificar entradas de dados adequadas a cada local de interação com
o cliente e usar plataformas analíticas para gerar a saída de conhecimento
adequado para o pessoal da linha de frente durante as interações com clien-
tes. Além disso, são necessárias ferramentas de implementação para apoiar
soluções interativas, tanto para a análise de rentabilidade de clientes quanto
para a segmentação de clientes, geração de demanda, planejamento de con-
tas, gestão de oportunidades, gestão de contatos, comunicação integrada de
marketing, estratégias de atendimento ao cliente, resolução de problemas,
gerenciamento virtual de equipe de grandes contas globais, e não menos im-
porrtante, acompanhamento do desempenho do CRM. Esse seria o próximo
nível de excelência para as soluções de relacionamento com clientes, aponta-
das pela maioria das empresas.
152 • capítulo 5
Grupo de Vendas Call Center
Plataforma de
informações
Desenvolvimento de Marketing Internet
integradas de
Marketing
Informações;
Banco de Dados Relacional;
SAD;
Inteligência ativa;
Regras de Negócio;
Comunicação colaborativa;
Perfis de usuários.
Figura 5.2 – Modelo de Plataforma de Informações para CRM. Fonte: Elaborada pelo autor.
capítulo 5 • 153
sua totalidade. Ferramentas de CRM são destinadas a complementar a estraté-
gia da empresa para a construção de relacionamentos eficazes com os clientes.
Para uma estratégia adequada e sua excelente execução, são necessários recur-
sos apropriados e bem planejados, em busca de resultados bem- sucedidos.
5.3 SCM
154 • capítulo 5
• Gestão do fluxo de fabricação;
• Aquisição;
• Desenvolvimento de produto e comercialização;
• Devolução.
Cadeia de Fornecedores
capítulo 5 • 155
Embora a gestão de todas as empresas em cada cadeia de fornecimento
deva considerar estes oito processos, a importância relativa de cada processo
e das atividades específicas incluídas podem variar. Os subprocessos e ativida-
des descritas são projetados a partir da perspectiva de uma empresa industrial
situada no meio da cadeia de abastecimento. Cada processo é descrito entre os
níveis estratégicos e operacionais. O nível estratégico parte consiste no estabe-
lecimento da gestão estratégica de cada processo, e deverá fornecer um modelo
para a implementação do SCM. Este é um primeiro passo necessário na inte-
gração da empresa com outros membros da cadeia de suprimenros. A camada
operacional é a que será imcumbida da realização do processo, uma vez que
tenham sido estabelecidos os controles e alocados os recursos necessários para
a execução dos processos sob a orientação e manutenção do SCM.
CONEXÃO
Leia os seguintes textos sobre implementação de SCM na Internet.
“O Modelo SCM”
disponível em: <http://modeloscm.blogspot.com.br/p/scm.html>
“O Processo de Implantação de Supply Chain Management” disponível em: <http://www.
anpad.org.br/diversos/trabalhos/EnANPAD/enanpad_2003/GOL/2003_GOL770.pdf>
ATIVIDADES
Vamos praticar um pouco os conceitos aprendidos. Responda às seguintes questões.
02. Quais características um sistema de gestão deve possuir para ser qualificado, minima-
mente, como um ERP?
156 • capítulo 5
05. O que é o SCM e quais os oito processos chave da cadeia suprimento que ele
deve comportar?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DWYER, F. R.; SCHURR, P. H.; OH, S. Developing Buyer-Seller Relationships. Journal of Marketing, n.
51, v. 1, p. 11-27, abril 1987.
PARVATIYAR, A.; SHETH, J .N. The Domain and Conceptual Foundations of Relationship Marketing. In:
SHETH, J.N.; PARVATIYAR, A. (Eds). Handbook of Relationship Marketing. Thousand Oaks: Sage
Publications, 2000.
STORBACKA, K. Customer Profitability: Analysis and Design Issues. In: SHETH, J. N.; PARVATIYAR, A.
(Eds). Handbook of Relationship Marketing. Thousand Oaks: Sage Publications, 2000.
GABARITO
Capítulo 1
capítulo 5 • 157
Capítulo 2
01. C
02. Conforme visto, a gestão do conhecimento é a gestão sistemática dos ativos de conhe-
cimento de uma organização com o objetivo de criar valor e atender aos requisitos táticos e
estratégicos. Literalmente, o que ocorre não é a gestão do conhecimento, mas a gestão do
fluxo de dados e seu acesso, bem como o controle do processamento de informações pelos
interlocutores internos. Uma vez que o conhecimento é individual e baseado na subjetividade
da experiência humana com o meio, não há como controlar sua formação, e por isso, pode-se
apenas lançar mão de um conjunto de melhores práticas para o estímulo ao processo cog-
nitivo que leve ao implemento do conhecimento e sua aplicação direta sobre algum serviço
ou produto.
03. Planejamento e direcionamento, coleta, análise e divulgação.
04. Constitui um conjunto de processos e recursos com a finalidade de gerir coleta, trata-
mento, armazenagem e distribuição de informações pertinentes à tomada de decisão acerca
das ações organizacionais frente ao ambiente que atua. A inteligência empresarial, assim
como todas as inteligências organizacionais, serve como mecanismo dinâmico de adaptação
do conhecimento individual e coletivo sobre tudo que diz respeito à manutenção da organi-
zação em um ambiente qualquer.
05. Pesquisa de mercado é uma ferramenta de orientação para as decisões. Tem como
objetivo dimensionar o mercado, identificar o segmento de mercado mais lucrativo, detectar
novas tendências, avaliar a performance de seus produtos e serviços, identificar a quantidade
ou volume que o mercado é capaz de absorver e a que preços esses produtos poderão ser
vendidos, bem como reconhecer os concorrentes e suas práticas, seus produtos e serviços,
além dos clientes e suas preferências e seus comportamentos.
Capítulo 3
01. Podemos definir o conceito de trade-off na tomada de decisão para organizações e
mercados como o desdobramento do princípio de recursos escassos ou de disponibilidade
limitada, primordial na economia e na gestão de empresas.
02. Reconhecimento: o reconhecimento de que um estímulo ou estímulos gerou uma opor-
tunidade, ameaça ou crise; diagnóstico: análise de fontes de informação atuais e novas para
definir a questão; pesquisa e desenvolvimento: procurar soluções prontas ou projetar uma
personalizada; avaliação: julgamento, negociação e análise para escolher uma solução. Este
é um processo interativo em múltiplos níveis organizacionais com uma investigação em pro-
fundidade das alternativas; validação: a autorização da solução escolhida pela administra-
ção superior.
158 • capítulo 5
03. A primeira atividade, observar, envolve tomar nota de alguma característica do meio
ambiente. Na versão original do ciclo OODA, isso significava detectar um avião inimigo. A
segunda atividade, orientar, refere-se a apontar (orientar) para uma aeronave adversária, de
modo a estar em uma boa posição para entrar na terceira fase, a fase de decidir, que envolve
decidir o que fazer a seguir. Isso leva à quarta etapa, agir, que envolve implementar o que foi
decidido, por exemplo, pressionar o gatilho.
04. 1. Definir metas e objetivos organizacionais, 2. Desenvolver alternativas, 3. Comparar/
avaliar alternativas usando critérios e pesos objetivos, 4. Escolha dentre as alternativas aque-
la que melhor corresponderem aos critérios, 5. Implementar a decisão, 6. Comandar, liderar,
gerenciar, 7. Feedback do circuito; avaliar e observar os resultados e começar tudo de novo.
05. Trata-se de um sistema de guarda de dados que compõe séries históricas que possi-
bilitam a análise de eventos passados, oferecendo suporte à tomada de decisões futuras.
Surgiram como conceito para a academia na década de 1980, e se baseiam em bancos de
dados de grande capacidade, analisáveis através de ferramentas OLAP.
Capítulo 4
01. Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados (SGBD) serve como um banco de dados
para o SAD. Ele armazena uma grande quantidade de dados que são relevantes para a classe
de problemas para os quais o SAD foi concebido e fornece estruturas de dados lógicos (por
oposição às estruturas de dados físicos) com a qual os usuários interagem. Sistema de Ge-
renciamento de Modelo de Base (SGMB) tem como função principal fornecer a independên-
cia entre os modelos específicos que são usados em um SAD a partir das aplicações que os
utilizam. Sistema de Gerenciamento e Geração de Diálogos (SGGD) tem como principal pro-
duto de uma interação com um SAD o insight sobre como solucionar o problema identificado.
02. O termo ETL vem do inglês Extract Transform Load, ou seja, Extração Transformação e
Carga. O ETL visa trabalhar com toda a parte de extração de dados de fontes externas, para
atender às necessidades de negócios e carga dos dados dentro do Data Warehouse. Os
projetos de Data Warehouse consolidam dados de diferentes fontes.
03. Capacidade de obtenção de respostas às consultas. O estabelecimento de relações de
dados. Registro do nível de independência de dados. Recuperação rápida e carregamento de
dados. Segurança abrangente de dados.
04. Um Data Warehouse é uma coleção de dados para apoio do processo de tomada de
decisão da gestão, de forma orientada por assunto, integrada, considerando tempo que varia,
com aspecto não volátil. Um Data Warehouse pode também ser entendido como um reposi-
tório centralizado que armazena dados de várias fontes de informação e os transforma em
um modelo de dados comum, multidimensional, para consulta e análise eficiente.
capítulo 5 • 159
05. A Data Mart é a camada de acesso do ambiente de Data Warehouse, que é utilizada
para obter dados para os usuários. A Data Mart é um subconjunto do Data Warehouse que
normalmente é orientada para uma linha de negócios específico ou equipe. Data Marts são
pequenas fatias de Data Warehouse.
06. Definição de Escopo, Realização do Inventário, Análise, Projeto, Protótipo e Validação
do Protótipo.
07. Enquanto bancos de dados transacionais são projetados para serem atualizados, Data
Warehouses ou Data Marts são somente de leitura. Os Data Warehouses são projetados para
acessar grandes grupos de registros relacionados.
08. Os dados armazenados no Data Warehouse são carregados a partir dos sistemas ope-
racionais funcionais, tais como CRM, ERP etc. Os dados podem passar através de um banco
de armazenamento de dados operacionais para as operações adicionais antes de chegar no
Data Warehouse.
Capítulo 5
01. O ERP evoluiu a partir do sistema conhecido como sistema MRP II (Manufacturing Re-
quirement Planning), com a integração de informações entre fornecedor, cliente e fabricante
usando redes como LAN, WAN e Internet etc. Já o sistema MRP II evoluiu a partir do sistema
MRP (Material Requirement Planning). MRP é uma técnica que explode as exigências do
produto final obtidas a partir de Programação Mestre de Produção (MPS – Master Produc-
tion Schedule).
02. Flexibilidade, modularidade e interconectividade, ser abrangente, ir além da empresa e
estar baseado nas melhores práticas de negócio.
03. Prever demanda, gerir recursos financeiros, gerir riscos, planejar preços, desenvolver
orçamento, planejar materiais necessários, controlar qualidade, entre outros.
04. O CRM é um sistema automatizado de gestão do relacionamento com clientes ancorado
em uma estratégia abrangente que inclui o processo de aquisição, retenção e de parceria
com clientes seletos para criar valor superior para a empresa e para o cliente. Ele envolve a
integração de marketing, vendas e atendimento ao cliente, além das funções da cadeia de
fornecimento da organização para alcançar maior eficiência e eficácia na entrega de valor
ao cliente.
05. É um sistema constituído sob um conceito que envolve a supervisão de materiais, in-
formação e finanças, assim como o controle de como eles se movem em um processo do
fornecedor para o fabricante, para o atacadista, para o varejista e para o consumidor. Su-
pply Chain Management envolve a coordenação e integração desses fluxos, tanto dentro da
empresa como entre as empresas conectadas à cadeia de suprimentos. Os oito processos
chaves que ele deve comportar são Gestão de Relacionamento com Cliente (CRM), Gestão
de Atendimento ao Cliente, Gestão de Demanda, Atendimento de Pedidos, Gestão do Fluxo
de Fabricação, Aquisição, Desenvolvimento de Produto e Comercialização e Devolução.
160 • capítulo 5