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Curso de Formação: Relato de Experiência

Prof. Dr. Francisco Edviges Albuquerque (UFNT)


POVOS INDÍGENAS DO ESTADO DO TOCANTINS

• Autor: Daniel Rêj Krahô. In. Albuquerque (2014).


• Educação indígena. O direito à educação indígena está
assegurado na Constituição Federal de 1988, no 2º parágrafo
do artigo 210: “O ensino fundamental regular será ministrado
em língua portuguesa, assegurada às
comunidades indígenas também a utilização de suas línguas
maternas e processos próprios de aprendizagem.”

• A educação indígena, então, deve ser caracterizada pela


afirmação das identidades étnicas, pela recuperação das
memórias históricas e conhecimento dos povos indígenas e
pela revitalizada associação entre escola/sociedade/identidade,
em conformidade aos projetos societários definidos
autonomamente por cada povo indígena.
• Para mudar essa realidade, foi aprovada, em 2003, a Lei 10.639
que altera a Lei das Diretrizes Básicas da Educação (LDB)
inserindo a história e cultura afro-brasileira e africana como
conteúdos obrigatórios. Seis anos depois, em 2008, a Lei 11.645
inclui também a história e cultura dos povos indígenas
brasileiros. Para entusiastas, as leis têm efeito multiplicador e
favorecem mudanças na formação dos professores e nos
materiais didáticos.

• Segundo Maher (2006, p. 23) “[...] a percepção de que a


escolarização de alunos indígenas fosse conduzida por
professores indígenas começou a se instalar, no Brasil, somente
a partir da década de 70”. Assim, grande parte dos professores
indígenas iniciou sua atividade docente antes mesmo de receber
uma formação específica e, muitas vezes, a sua referência de
professor e trabalho docente foi a dos professores não índios.
• Grupioni (2006), por sua vez, relata que a formação de professores
indígenas tem fomentado discussões no sentido de procurar definir um
currículo específico para esse magistério intercultural, respeitando as
diferentes realidades dos povos envolvidos.

• Ainda conforme Maher (2006), o trabalho com a formação de professores


indígenas tem sido desenvolvido no Brasil por organizações não
governamentais e instituições públicas, entre as quais citamos as secretarias
de educação estaduais ou municipais e/ou universidades. Em todos os
casos, comparecem importantes desafios como: refletir sobre os aspectos
que diferem essa proposta de formação de outras para a docência de
professores não indígenas; atender e respeitar a especificidade que deve ter
a formação de docentes indígenas; e construir uma proposta pedagógica
realmente inovadora que atenda às determinações políticas
contemporâneas.
• A Lei 11.645/2008- inclui também a história e cultura
dos povos indígenas brasileiros.

• Esta lei não garante de que esse ensino realmente irá


acontecer e que o professor terá os meios necessários
para informar aos seus alunos os conhecimentos sobre
a História e Cultura Africana e Afro-brasileira e
Indígena.

• Mas, de certa forma, os povos indígenas se sentiram


contemplados com essa Lei.
Escolas não indígenas
• Em função das diversas situações de diferenciação racial e econômica
brasileira, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação brasileira (LDB - Lei
9394/96) dá especial atenção aos conteúdos ensinados sobre os povos
indígenas brasileiros.

• Portanto, a tentativa de aproximação dos estudantes com as culturas


indígenas, contribuir para minimizar o estigma dos alunos em relação aos
povos formadores da sociedade nacional.

• Para isso, O artigo 26A da atual LDB que, especificamente, direciona as


escolas a ensinarem os conteúdos como embasamento legal como forma
de valorização dos vários das línguas e culturas do vários grupos
formadores da sociedade brasileira:
O artigo 26A da LDB

• Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio,


públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-
brasileira e indígena. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). § 1o O
conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos
da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira,
a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África
e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura
negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade
nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e
política, pertinentes à história do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.645,
de 2008). § 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afrobrasileira e
dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o
currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura
e história brasileiras. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). (BRASIL,
1996).
Com base nesse pressuposto, além das razões éticas e
legais de valorização das culturas dos afro-brasileiros e
indígenas no contexto escolar não indígenas, é importante
para combater qualquer forma de preconceito e de
discriminação. Assim, a escola exerce papel fundamental na
função de trabalhar com seus alunos os conhecimentos das
diferenças ne aceitar as adversidades enquanto ação
humanizadora. As diferenças devem ser valorizadas e
respeitadas nas escolas como temáticas que enriquecem os
conteúdos e que respeitam as diversas visões de mundo
existentes em uma sociedade não indígena.
Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas

O dia 7 de fevereiro marca o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas. A


data relembra o ano de 1756, quando ocorreu o falecimento do nativo guarani
Sepé Tiaraju, uma das grandes lideranças indígenas dos Sete Povos das Missões,
liderou uma revolta conta portugueses e espanhóis.

• LEI Nº 11.696, DE 12 DE JUNHO DE 2008.


• Institui o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas. O PRESIDENTE DA
REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
seguinte Lei, 1o É instituído o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, que
será celebrado no dia 7 de fevereiro.
As matrizes étnicas do povo brasileiro

.Foram os nativos da terra, ou seja os indígenas, os europeus (portugueses) e


os africanos. Assim, essa três culturas, acrescidas de outras, que formam
a cultura brasileira.
• O Brasil é um país formado por uma grande diversidade étnica,
apresentando uma enorme variedade de raças e povos. Nesse
caso, o termo raça não é compreendido em seu sentido
biológico, mas sim em seus aspectos socioculturais, históricos e
linguísticos. Já o termo etnia (povo/povos) costuma definir as
populações com base também em suas especificidades culturais,
históricas e linguísticas, envolvendo também tradições, religiões
e outros saberes ancestrais.
Brasil: um país multilíngue e multicultural

No Brasil existem aproximadamente 300 povos,


que falam mais de 200 línguas. Esse número é
somado aos diferentes povos europeus,
africanos, asiáticos e tantos outros que
descenderam dos povos que migraram para o
Brasil durante o seu período histórico pós-
descobrimento.
Relato de experiência
Em 1989, sob coordenação da Profª. Silvia Braggio, da UFG, foi feito um
levantamento sociolingüístico, no então Estado de Goiás e os dados
relativos aos índios Xerente, Krahô, Apinayé, Karajá e Javaé foram o
ponto de partida para a implantação desse programa. Portanto, a partir de
1991, têm sido realizados cursos de educação escolar indígena ministrados
por professores da UFG, com o objetivo de preparar os professores
indígenas para atuar em suas comunidades.

Em 1991, foi assinado um convênio tripartite entre o Governo do Estado


do Tocantins, a Universidade Federal de Goiás e a FUNAI. O ato foi a
resposta que o governador Moisés Avelino deu ao pedido de oito líderes
indígenas que em 19-04-91, Dia do Índio, haviam solicitado ao então
governador o desenvolvimento de ações e promoção à Saúde, Educação,
Auto-sustentação, Meio Ambiente e Proteção das Comunidades Indígenas
localizadas no Estado do Tocantins.
Curso de formação e Projetos
Curso de Formação de professores em Magistério Indígenas do estado do
Tocantins -2000 a 2013.

Projeto de Apoio pedagógico à Educação escolar Indígena Apinayé e Krahô-


2000 a 2019.

Projeto do Observatório da Educação da Educação escolar Indígena Apinayé


CAPES/2010 a 2012.

Projeto do Observatório da Educação da Educação escolar Indígena Krahô


CAPES/2013 a 2016.
Laboratório de Línguas Indígenas da UFT –LALI
http://www.uft.edu.br/lali
Núcleo de Estudos e pesquisas com Povos
Indígenas-NEPPI
Projeto de Revitalização do Povo Krahô Kanela do
Tocantns
Projeto de Revitalização do Povo Krahô Kanela do
Araguaia – MT/FUNAI
Projeto de Intercâmbio Cultural do Povo Acroá
Gammela/Krikati do Maranhão / CIMI
A produção de material didático já vinha sendo pensada pelos Apinayé e Krahô

A produção de material didático já vinha sendo pensada


pelos Apinayé e Krahô desde os primeiros professores
que se formaram nos anos 90, no Curso de Capacitação
de Professores Indígenas do Tocantins/SEDUC, que
atuavam nas escolas indígenas desses povos. Tais
professores usavam a sua língua materna e o português,
visto que era a prerrogativa do Projeto, para atuarem
com professores bilíngues das escolas de suas aldeias.
• Todos os livros que chegaram às escolas indígenas Apinayé e Krahô foram
recebidos com grande alegria e orgulho por partes dos professores, autores e
comunidade em geral, visto que foram os primeiros materiais didáticos
escritos por eles, levando em consideração os aspectos socioculturais e
linguísticos desses povos.

• Este material é o resultado das ações do projeto de Apoio Pedagógico à


Educação escolar Indígena Apinayé e Krahô, aliado às ações do
OBEDUC/CAPES/2010/Apinayé e 2012/Krahô, cujo empenho dos
professores indígenas e não indígena foi primordial para chegar ao resultado
final.

• Os livros didáticos na língua portuguesa que são entregues nas escolas


indígenas pela Secretaria de educação do estado não refletem os aspectos
culturais linguísticos dos povos indígenas , além de serem desconexos das
realidades vivenciadas por eles .
Os livros refletem os saberes ancestrais e as práticas educativas dos professores Apinayé
e Krahô e versam sobre as áreas de Letramento e Alfabetização Língua Portuguesa,
História, Geografia, matemática, Ciências, cultura, Gramática, Dicionário e Literatura.
Possibilitam aos alunos indígenas o acesso a materiais próprios e específicos, de acordo
com suas culturas, fortalecendo a língua e a cultural, além de constituírem-se em
subsídio importantes para os professores indígenas e não indígenas na organização
pedagógica do processo ensino aprendizagem nas escolas dessas aldeias.

Com isso, os livros foram acompanhados por material de orientação pedagógica,


elaborados pelos próprios professores indígenas e revisados e organizados por
especialistas indígenas e da equipe do Projeto. As publicações de um material dessa
natureza para os Apinayé e Krahô foram consideradas inéditas no Tocantins por reunir
elementos tão importantes para o fortalecimento e manutenção da língua, valorização e
divulgação da cultura dos povos indígenas, reconhecimento e visibilidade da competência
e empenho dos professores indígenas, levando em consideração às proposta dos
Referenciais Curriculares Nacionais.
Livros Apinayé Publicados
Livros Krahô Publicados
Povos indígenas do Tocantins
Apinayé
Krahô
Krahô-Kanela

.
Referências Bibliográficas
ALBUQUERQUE, Francisco Edviges. Contribuição da fonologia ao processo de educação
indígenaApinayé. (Tese de Doutorado). UFF – Universidade Federal Fluminense. Niterói:2007.
BRAGGIO, Silvia Lucia Bigonjal. Situação sociolingüística dos povos indígenas
do Estado de Goiás e Tocantins: subsídios educacionais. Revista do Museu Antropológico,
Goiânia: UFG, v.1 n.1, p.1-76, jan./dez.1992.
BRAGGIO, Silvia Lucia Bigonjal Proposta de formação de professores indígenas do Estado do
Tocantins: projeto de educação indígena para o Tocantins. Palmas-TO: Secretaria de Educação e
Cultura do Estado do Tocantins. Gerência de Educação Indígena, 1997.
BRAGGIO, Silvia Lucia Bigonjal. Programa de Educação Indígena para o Estado do Tocantins -
Convênio Governo do Estado do Tocantins / FUNAI / UFG. 2.ed. 1998.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Lei de
diretrizes e bases da educação nacional. Lei no 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996.
CIMI Norte I - Encontro de Professores Indígenas do Amazonas e Roraima, 5, 1992. Boa Vista, 08 a 11
de outubro de 1992.
D’ANGELIS, Wilmar da R. Línguas indígenas precisam de escritores? Como formá-los? Campinas:
CEFIEL - Centro de Formação Continuada do IEL-UNICAMP; Brasília: Ministério da Educação, 2005
• FUNASA. FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. Boletim Técnico de
26 de junhode 2010. Araguaína-TO. Disponível: www.funasa.gov.br
Acesso: 14-set-2011.
• SEDUC. Proposta Pedagógica da Educação Escolar Indígena do Estado do
Tocantins. 2013.
• Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Referencial curricular nacional para as escolas indígenas. –
Brasília: MEC/SEF, 1998.

• SEDUC. Gerência de Desenvolvimento da Educação Indígena do Estado


do Tocantins (2016).

• ZIMMER, M.C. A Transferência do conhecimento fonético-fonológico do


português brasileiro (L1) para o inglês (L2) na recodificação leitora: uma
abordagem conexionista. 2004. 187f. tese (Doutorado) – Pontifícia
Universidade católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.
• Muito obrigado
• fedviges@uol.com.br
• (63) 992248117
• http://www.uft.edu.br/lali

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