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A escola era na rua do costa, um sobradinho de grande pau . O ano era 1840. naquele dia
uma segunda feira do mês de maio passei por alguns minutos na rua da princesa para ver
onde iria brincar a manha. hesitava entre o morro e o campo, não era esse parque atual,
construção de rico, era um espaço rústico, cheio de lavanderias, capim e burros soltos.
Mas tinha um problema, Morro ou campo?. De repente decidi que era melhor ir a escola
Na ultima semana tinha feito dois suetos, descobri o caso e recebi do meu pai uma sova
de vara de marmeleiro, Doíam muito. Ele era um velho, trabalhava no arsenal de guerra,
ríspido e intolerante. Sonhava para mim que tivesse posição comercial grande e odiava
me ver lendo, escrevendo e contando. Dizia me nomes de capitalistas que começaram no
balcão. Ora a lembrança do meu ultimo castigo que me levou para escola naquela
manha.
Subi a escada com cautela, para não ser ouvido do mestre, e cheguei a tempo; ele entrou
na sala três ou quatro minutos depois.
- seu Pilar, eu preciso falar com você, disse baixinho o filho do mestre .
Chamava se Raimundo, era mole, aplicado, inteligência tarda. Ele demorava muito
tempo para terminar, o tempo logo acabava e ele não conseguia. Reunia a isso o grande
medo do pai. era um menino que raramente estava alegre. O mestre era muito severo
com ele.
— O que é que você quer?
fiquei inquieto pensando o que ele queria . Pedi ele para falar e ele disse que mais tarde
por que seu pai estava olhando.
O mestre nos olhava, mas metemos o nariz no livro e continuamos a ler. O pior que ele
podia nos dar era a palmatoria.
No fim de algum tempo — dez ou doze minutos — Raimundo meteu a mão no bolso
das calças e olhou para mim.
Tirou a muito devagar e me mostrou de longe. Tal moeda que me fez pular o coração,
perguntou se eu queria. Perguntei se ele roubou e ele disse que não
tive uma sensação estranha pois estávamos enganando o mestre. Era uma boa proposta.
Olhei para ele sem dizer nada.
Não queria recebe-la, mas realmente era bonita, para mim que só trazia cobre no bolso.
o mestre estava agarrado aos jornais, lendo com fogo.
— Tome, tome...
Raimundo estava me entregando a moeda, disse o para esperar pois parecia que o outro
nos observava
— Dê cá...
— Então o senhor recebe dinheiro para ensinar as lições aos outros? disse-me o
Policarpo.
— Eu...
— Dê cá a moeda que este seu colega lhe deu! clamou.
não obedeci de cara, mas o que poderia fazer, então peguei a moeda e entreguei. ele
estendeu o braço e jogou na rua.
estendi minhas mãos e fui recebendo bolos em cima dos outros, foram 12, deixaram
minhas mãos vermelhas e inchadas. Depois foi o filho. Nos deu sermão e nos chamou de
sem vergonhas e desaforados, disse que se fizéssemos de novo apanharíamos tanto que
ia lembrar para sempre.
Eu, por mim, tinha a cara no chão. sentei no banco soluçando , a sala estava um terror
creio que ate o Curvelo estava com medo, queria quebrar lhe a cara.
veio a hora de sair, ele foi apressado e eu não queria brigar ali. Quando cheguei na
esquina não o vi, e de tarde faltou a escola.
em casa disse que não tinha feito a lição. dormi, e sonhei que tinha pegado a moeda no
dia seguinte.
acordei cedo e fui procurar a moeda, o dia estava lindo, sem contar a calça nova que
minha mãe me deu, fui rápido para ninguém chegar antes de mim.
Na rua encontrei com o batalhão de fuzileiros marchando, passaram por mim e foram
andando, logo fui atrás deles e entrei a marchar também, não fui a escola, e acabei a
manhã na Praia da Gamboa. Voltei para casa sema pratinha e sem ressentimento.
Contudo a pratinha era bonita, Raimundo e Curvelo me deram o primeiro conhecimento,
um da corrupção e outro da delação, mas o diabo do tambor...