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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Marcela Gonzalez Martinez

Exercício de fonação em tubos: aplicações no contexto de


ensino do canto

MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

São Paulo
2018
2

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Marcela Gonzalez Martinez

Exercício de fonação em tubos: aplicações no contexto de


ensino do canto

Dissertação apresentada à Banca


examinadora como exigência parcial para
obtenção do título de MESTRE em
Fonoaudiologia pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo –
PUC-SP, sob orientação da Profa. Dra.
Marta Assumpção de Andrada e Silva.

São Paulo
2018
3

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________
4

Para Ana Maria Gonzalez


Pela força que me faz ir além
5

À CAPES pelo incentivo financeiro


concedido durante o Mestrado.
6

Agradecimentos

À minha orientadora Prof.ª Dr.ª Marta Assumpção de Andrada e Silva por


acolher e abrir oportunidades de pesquisa aos professores de canto, pelas reflexões
e direcionamentos que apontaram o caminho necessário para que esse estudo
pudesse ser concretizado e por fim pela paciência de caminhar junto em cada passo
da construção desse aprendizado.

Às professoras do programa de pós-graduação em Fonoaudiologia PUC – SP


que contribuíram com os meus primeiros passos na academia: Léslie Piccolotto
Ferreira, Ruth Palladino, Teresa Momensohn, ampliando as minhas possibilidades
como pesquisadora.

Ao Laborvox pela troca de conhecimentos e experiências, em especial aos


amigos, Ana Paula Guimarães, Andrea Petenucci, Henrique Moura, Ivy Dias,
Juliana Fernandes, Marcio Markkx, Mauro Andrea e Raíza Mendes, por todo o
apoio emocional e auxílio nas dúvidas, sem vocês eu não chegaria tão longe.

A Dra. Thays Vaiano disponibilidade e parceria durante esse processo,


contribuindo na pré-qualificação.

À DrªGlaucya Madazio, Drª Rosiane Yamasaki e Drª Léslie Piccolotto, pelo


nível de detalhamento das sugestões que tanto colaboraram com esse trabalho, para
sempre grata!

Aos professores que doaram seu tempo e sua experiência para contribuir com
essa pesquisa.

À querida Virginia Rita Pini que sempre atendeu minhas dúvidas e solicitações
com muita paciência.

Ao Renato Lameirinhas que muitas vezes mesmo sem disponibilidade, não


mediu esforços para me apoiar e me fazer seguir adiante.
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Resumo

Introdução: os exercícios de fonação em tubos foram propostos na década de 60. Na


terapia fonoaudiológica esses exercícios são executados em uma grande variedade
de distúrbios vocais tanto na voz falada como na cantada. Objetivo: Investigar a
aplicação do exercício de fonação em tubos por professores de canto. Método: a
amostra foi finalizada com 75 professores de canto, sendo a maioria do sexo feminino
(69.3%), com média de idade de 37.7 anos. Os sujeitos foram selecionados por meio
da snowball tecnique e os critérios de inclusão foram: utilizar os tubos nas aulas de
canto e possuir experiência mínima de dois anos como professor. Foi elaborado, pela
pesquisadora e orientadora com base na experiência profissional e na literatura, um
questionário especifico para o estudo. Na primeira parte foi feita a caracterização da
amostra e na segunda perguntas específicas sobre o uso dos tubos, quais os motivos
que fizeram os professores utilizarem tal recurso em suas aulas de canto. A pesquisa
foi realizada por via digital com a plataforma Google Formulários. Resultados: os
tubos de plástico flexível representaram 81.3% dentre as possibilidades de tubos que
podem ser trabalhadas nas aulas de canto, na sequência, foram escolhidos os tubos
de silicone flexível com 70.7% da amostra. Os professores da pesquisa (74.7%)
relataram que aprenderam a técnica dos tubos em cursos, workshops, congressos
e/ou faculdade e o segundo maior grupo (52%) aprendeu com fonoaudiólogo e/ou
professor de canto. A categoria efeito foi escolhida como o principal motivo para a
utilização dos tubos nas aulas de canto, com 56% e em seguida a fonte glótica foi o
segundo motivo mais citado (41.3%). As demais categorias corpo e respiração
(33.3%), filtro (30.7%), outros (13.3%). Conclusão: o grupo de professores de canto
investigados por essa pesquisa revelou que executa a fonação com os tubos em suas
aulas devido ao efeito percebido após realização desses exercícios. A aplicação
desses instrumentos nas aulas de canto é recente e o tubo flexível de plástico é o
mais utilizado entre os docentes.

Descritores: Canto; Exercício; Treinamento da voz; Fonoaudiologia.


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Abstract

Introduction: the tubes phonation exercises were proposed in the 1960s. In speech
therapy these exercises are performed on a wide variety of vocal disorders in both
speaking and singing voice. Objective: to investigate the application of the tubes
phonation exercises by singing teachers. Method: the sample was finished with 75
singing teachers, the majority women (69.3%), with a mean age of 37.7 years. The
subjects were selected through snowball technique and the inclusion criteria were: to
use the tubes in the singing classes and to have minimum experience of two years as
a teacher. A specific survey was developed for the study. In the first part the
characterization of the sample has been made and in the second, specific questions
were asked about the use of the tubes and what the reasons that made the teachers
use this resource in their singing classes. The research was done online using the
Google Forms platform. Results: the flexible plastic straws accounted for 81.3% of the
possibilities of tubes that can be worked in the singing classes, followed by the flexible
silicone tubes with 70.7% of the sample. The singing teachers (74.7%) reported that
they learned the tubes techniques in courses, workshops, conferences and/or college,
and the second largest group (52%) learned from speech therapists and/or singing
teachers. The effect category was chosen as the main reason for the use of tubes in
singing classes, with 56%, the glottal source was the second most pointed reason
(41.3%). The other categories were of body and breath (33.3%), filter (30.7%), others
(13.3%). Conclusion: the group of singing teachers investigated by this research
revealed that they use tubes phonation in their classes due to the perceived effect after
performing these exercises. The application of these instruments in singing classes is
recent and the flexible plastic tube is the most used among teachers.

Descriptors: Singing; Exercise; Voice Training; Speech, Language and Hearing


Sciences.
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Lista de tabelas

Tabela 1 – Caracterização da amostra, segundo sexo e idade dos participantes.......19

Tabela 2 – Distribuição da amostra em n e % segundo o estado de atuação, tempo de


profissão, formação profissional e gênero musical que ensina..................................24

Tabela 3 – Distribuição dos professores de canto em n e % segundo a escolha do tipo


de tubo utilizado nas aulas.................................................................................................25

Tabela 4 – Distribuição dos professores de canto em n e % segundo a forma e/ou local


de aprendizagem para a utilização dos tubos...................................................................25

Tabela 5 – Distribuição da amostra em n e % segundo o período de utilização dos tubos


e a distribuição dos motivos de suas aplicações nas aulas de canto..............................26

Tabela 6 – Distribuição da amostra em n e % segundo a distribuição dos motivos da


aplicação dos tubos nas aulas de canto.....................................................................27

Tabela 7 – Associação entre a categoria fonte glótica e as variáveis tempo de profissão


e formação profissional do professor de canto..................................................................29

Tabela 8 - Associação entre a categoria filtro e as variáveis tempo de profissão e


formação profissional do professor de canto...............................................................29

Tabela 9 – Associação entre a categoria efeito e as variáveis tempo de profissão e


formação profissional do professor de canto...............................................................30

Tabela 10 – Associação entre a categoria corpo e respiração e as variáveis tempo de


profissão e formação profissional do professor de canto.............................................30
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Sumário

1. Introdução....................................................................................................11

2. Objetivo........................................................................................................13

3. Revisão de literatura...................................................................................14

4. Método.........................................................................................................22

4.1 Preceitos éticos.......................................................................................22

4.2 Concepção da revisão de literatura.........................................................22

4.3 Seleção da amostra.................................................................................22

4.4 Instrumento..............................................................................................23

4.5 Procedimentos.........................................................................................24

4.6 Análise dos dados...................................................................................24

5. Resultados...................................................................................................27

6. Discussão....................................................................................................34

7. Conclusão....................................................................................................43

8.Referências bibliográficas.............................................................................44

9. Bibliografia consultada.................................................................................50

Anexos.............................................................................................................51
11

1. Introdução

Os exercícios vocais realizados por cantores constituem um universo variado,


devido à complexidade que exige a voz cantada (Costa e Zanini, 2016; Mariz, 2016).
Os primeiros tratados com práticas de exercícios vocais advêm dos métodos italianos
dos séculos XVII e XVIII (Pacheco, 2006). Tosi1 (1743) baseava o conhecimento
técnico na sua experiência prática como cantor e na comunicação com seus
professores de canto. Cerca de cem anos depois, Manuel Garcia2 II divulgou a sua
prática de exercícios vocais em conjunto com observações fisiológicas da voz
humana, e forneceu dessa forma informações que contribuíram com os primórdios da
laringologia (Rubin e Sataloff, 2018).
Uma parte desse material – manuais de dicção e os temas sobre respiração -
foram absorvidos pela área de reabilitação da fala. O livro de Samuel Potter, Speech
and its defects de 1882, nos mostra exemplos desse intercâmbio de exercícios
aplicados no tratamento da dislalia. As primeiras tentativas de examinar os efeitos dos
métodos de terapia da voz datam do início da década de 1940, entretanto, resultados
consistentes só foram alcançados a partir da década de 1970 (Thomas e Stemple,
2007).
Nas terapias fonoaudiológicas de reabilitação dos distúrbios da voz em muitos
casos os exercícios vocais do trato vocal semiocluído (EVTSO) costumam fornecer
bons resultados. Este grupo de exercícios inclui a fonação em fricativas sonoras,
nasais; vogais fechadas, vibração de lábios e de língua, mão sobre a boca com
emissão de som fricativo e a fonação com diferentes tubos que podem ser realizadas
submerso na água em diferentes recipientes ou não (Titze, 2006; Guzman, 2017).
Alguns dos exercícios mencionados acima estão presentes nas práticas habituais da
técnica vocal (Mariz, 2013; Campos, 2018).

1 Pier Tosi foi um famoso cantor e professor de canto castrati, que em 1723 publicou o primeiro
tratado sobre a arte de cantar (Piccolo, 2006)
2 Manuel Garcia, professor de canto, foi o primeiro a observar e descrever o movimento das pregas

vocais, em 1854, com utilização de uma espécie de espelho de dentista (Rubin e Sataloff, 2018).
Nos EVTSO o tamanho do trato vocal é alterado devido a uma energia
retroflexa que retorna à cavidade oral aumentando o espaço do trato vocal e a pressão
supraglótica. Essa interação promove um padrão vibratório das pregas vocais mais
eficiente, com economia vocal (Portilho et al., 2018). Do ponto de vista acústico, os
EVTSO mostram uma redução do primeiro formante e uma aproximação da
frequência fundamental, essa relação favorável aumenta a interação fonte-filtro (Titze,
2006; Andrade et al., 2014)
Na década de 60 Antti Sovijärvi3 foi o pioneiro no trabalho dos exercícios com
os tubos na terapia vocal. No início o autor explorou o uso desse instrumento no
tratamento de vozes hipernasais em crianças. De acordo com as observações
práticas, a fonação realizada com auxílio do tubo promovia uma melhora na qualidade
vocal dos pacientes. Ao se deparar com resultados positivos, foram ampliados os tipos
de tratamentos e públicos, como por exemplo, adultos com fonastenia, paralisia de
pregas vocais, prática com cantores e também com outras pessoas sem problemas
vocais (Sovijärvi, 1965; Simberg e Lane, 2007).
Na primeira versão o tubo era de vidro e tinha diâmetros variados (Sovijärvi,
65; Laukkanen, 1992; Simberg e Lane, 2007). Em seguida foi fabricada uma
adaptação para um tubo flexível de silicone, com utilização de uma garrafa de 500ml
como compartimento portátil para a água (Sihvo e Denizogllu, 2006). Na prática
difundida por Titze o tubo é feito de plástico rígido com 2,7 mm de diâmetro conhecidos
como straw exercises (Tite, 2006; Guzman et al., 2017). A nomenclatura dos tubos
difere entre as publicações, como por exemplo, o tubo de vidro pode ser chamado de
tudo finlandês ou tubo de ressonância. Para evitar confusões no decorrer dessa
pesquisa optou-se por nomear os tubos em relação ao material: vidro, silicone ou
plástico, e considerar também a densidade sendo rígido ou flexível.
Os avanços da ciência da voz motivam o professor de canto a manter-se
informado (LoVetri, 2003; Sousa et al., 2010). As referências de informações podem
ser variadas e adquiridas através de workshops, artigos, pesquisas e vídeos pela
internet, métodos de canto entre outras fontes (Campos, 2018). A disseminação
desses materiais favorece o crescimento do uso dos tubos nas aulas de canto. Os
exercícios de fonação em tubos foram desenvolvidos com base em estudos
científicos, e sua utilização por fonoaudiólogos e/ou professores de canto deve ser

3
Foneticista finlandês, professor da Universidade de Helsinque, que realizou terapia e experimentações
vocais com os tubos em aproximadamente 700 sujeitos (Simberg e Lane, 2007).
12

sempre fundamentada e bem compreendida. Quando temos um exercício mal feito ou


aplicado de forma inadequada pode-se causar prejuízos vocais.
Na atuação como professora de canto, assim como na mútua comunicação
entre os colegas de profissão sobre a prática de ensino, observa-se que a utilização
desses exercícios tem sido aplicada de modo variado com a hipótese de que um
mesmo procedimento possa ter um objetivo distinto como por exemplo na prática de
aquecimento vocal do aluno, auxílio técnico na mudança de registros vocais, como
ferramenta de trabalho para o desenvolvimento respiratório, entre outros. Algumas
vezes esses usos podem variar em relação ao que foi descrito na literatura da terapia
vocal realizada com os tubos.
Diante do exposto, a pesquisa pretende investigar como e por que os
professores de canto utilizam os exercícios com tubos. Nessa perspectiva, aprofundar
os conhecimentos a respeito do uso dos tubos com a voz cantada poderá trazer
contribuições para as áreas do Canto, da Música e da Fonoaudiologia.
13

2.Objetivo

Investigar a aplicação do exercício da fonação em tubos por professores de


canto.
14

3. Revisão de literatura

Sovijärvi (1965) realizou uma série de experimentos com tubos de diferentes


comprimentos como uma extensão artificial do trato vocal. Utilizando as imagens de
radiografia ele mediu a distância da bifurcação da traqueia até os dentes em sujeitos
de idades variadas até estabelecer o comprimento médio dos tubos: 24 a 25
centímetros para crianças com 8 milímetros de diâmetro e para adultos de 26 a 28 cm
com 9mm de diâmetro. Ele preferia que os tubos fossem fabricados sob medida,
mesmo com as informações do padrão de tamanho médio das pesquisas. O tubo
poderia ser utilizado tanto com o final no ar como na água e aplicado em princípio no
tratamento de crianças com hipernasalidade e, em seguida, ampliado para o
tratamento de disfonias como nódulos e paralisia vocal e também no aprimoramento
de cantores. Ele observou o abaixamento da laringe e maior firmeza vocal como
resultados dos efeitos da fonação realizada com os tubos.

O trabalho de Laukkanen (1992) teve como objetivo descobrir como o uso da


fonação em tubos com o final no ar afeta a qualidade vocal em sujeitos sem problemas
vocais, e a relação do comprimento do tubo com o a frequência da fonação. O estudo
foi elaborado por meio das impressões deixadas por Antti Sovijärvi na década de 60.
A amostra foi composta por dois sujeitos do sexo feminino, que produziram vogais [i,
u] antes e depois da fonação em tubos de vidro com 26, 27 e 28 cm de comprimento.
Foi realizada a análise acústica com extração de parâmetros e a eletroglotografia. Os
resultados apontaram que os tubos melhoram a qualidade vocal principalmente nas
frequências equivalentes a voz de fala, por outro lado, nas frequências mais altas, os
tubos tornaram a fonação mais difícil. Na análise acústica a frequência fundamental
(f0) não variou em relação as diferenças de comprimento dos tubos.

Ao refletir sobre a relação entre o comprimento e diâmetro dos canudos rígidos


e a resistência da glote, Titze (2002) explica:

[...] É útil ter uma coleção de canudos (talvez três ou quatro) de


diâmetros diferentes [...] o comprimento do canudo não importa. [...]
para alguns cantores, será mais fácil realizar os glissandos de forma
suave com um canudo mais amplo, mas para outros essa tarefa será
mais difícil. Depende da resistência glotal natural que você tem”. (Titze,
2002, p.429)
15

O mesmo autor em outra pesquisa (2006) investigou os princípios físicos que


atuam nas abordagens de treinamento e terapia com exercícios de trato vocal
semiocluído. O estudo foi realizado por meio de simulações computadorizadas com a
utilização de modelos matemáticos da prega e do trato vocal. Essa simulação explica
as interações fonte-filtro nas semioclusões dos tubos labial e laríngeo. Os resultados
mostraram que uma semioclusão na frente do trato vocal (lábios) aumentou a
interação da fonte por meio da elevação das pressões supraglotrais e intraglotrais
médias. A compensação de impedância pela adução da prega vocal e pelo
estreitamento do tubo laríngeo pode tornar a voz mais eficiente e econômica. O autor
concluiu que o trato vocal semiocluído é benéfico para a terapia de voz, uma vez que
esse aumento da interação entre a fonte e o filtro promove um acréscimo na
intensidade e eficiência e economia vocal.

O grupo formado por Laukkanen et al. (2007) desenvolveu um estudo com três
sujeitos que realizaram a fonação dentro de tubos rígidos de plástico, com
comprimentos que variaram entre 30 cm, 60 cm e 100 cm. Foram registrados os sinais
acústicos, além de sequências de imagens de vídeo laríngeas em alta velocidade. A
pressão oral durante o fechamento do tubo foi utilizada para dar uma estimativa da
pressão subglótica (PS). Os resultados mostraram uma variação tanto intra quanto
inter sujeitos que sugeriu uma complexidade do trabalho vocal na interação fonte-filtro.
Foi observada uma frequência fundamental (f0) menor, o tempo da fase aberta da
glote foi mais curto e a PS mais alta, quando utilizados os dois tubos mais longos em
comparação com o mais curto. A redução do quociente de abertura pode sugerir uma
interação acústico-mecânica favorável devido ao aumento da reatância do trato vocal.
A pesquisa concluiu que a fonação realizada em diferentes tipos de tubos pode ser
utilizada no exercício vocal para encontrar o ajuste vocal mais eficiente e econômico.

Denizoglu e Sihvo apresentaram uma adaptação do tubo de vidro para um tubo


de silicone no terceiro congresso mundial da voz em 2006. Na mesma época, eles
disponibilizaram o manual LaxVox® para a consulta na internet. Segundo os autores,
o tubo pode ser utilizado como método de terapia comportamental nas abordagens
pedagógicas das artes – canto e teatro – mas com o efeito baseado em pesquisas
científicas. O objetivo principal é obter uma voz que seja a melhor possível dentro da
anatomia e fisiologia do usuário. No manual estão descritas informações sobre o
alongamento artificial do trato vocal e seu efeito de semioclusão causado pela
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resistência da água, e também informações de como o biofeedback pode ser útil no


monitoramento do processo de vocalização. Foram estabelecidos os parâmetros de
utilização do tubo flexível de silicone com 35 centímetros de comprimento e 9 a 12
milímetros de diâmetro, utilizado entre os dentes incisivos e acima da língua. A garrafa
que contém o tubo submerso na água com um ou dois centímetros de profundidade
deve ser mantida próxima ao corpo para não tencionar os músculos dos ombros. Após
o domínio da prática, a profundidade do tubo na água pode aumentar entre 4 e 7 cm.

Simberg e Laine (2007) prepararam uma lista de sugestões para a utilização


dos tubos de ressonância que continha descrições e implementações práticas
direcionadas à um programa de treinamento personalizado. As autoras comentaram
como o raciocínio terapêutico pode ser diferenciado – em relação ao modo de uso e
profundidade de imersão do tubo na água – no tratamento de vozes hiper e
hipofuncionais.

O objetivo de Sampaio et al. (2008) foi comparar os efeitos imediatos dos


exercícios finger kazoo (FK) e da fonação com canudo rígido (FC). Participaram do
estudo 23 fonoaudiólogas sem queixa vocal. Os exercícios foram executados duas
vezes, em ordem pré-estabelecida e com a presença de uma autoavaliação após cada
um deles. Foram coletadas amostras da vogal sustentada [e] e da fala encadeada
com contagem de um a dez, antes de depois dos exercícios. Foi realizada uma
avaliação perceptivo-auditiva e análise acústica. Nos resultados da autoavaliação
foram observados efeitos positivos como a voz mais clara e a fala mais fácil. Na
avaliação perceptivo-auditiva os trechos realizados depois do uso do exercício com
canudo foram escolhidos como os melhores, entretanto, com o FK as emissões antes
dos exercícios foram na maioria consideradas melhores. Na avaliação acústica foi
observada redução da frequência fundamental após ambos os exercícios. Os autores
concluíram que os exercícios FK e FC promoveram efeitos semelhantes e positivos
verificados na autoavaliação vocal que indicou um maior conforto à fonação. Na
avaliação acústica ocorreu redução na f0 após a realização dos exercícios e a
perceptivo-auditiva indicou melhoras somente após a fonação com o canudo.

O trabalho de Guzmán et al. (2011) teve como objetivo conhecer o efeito


acústico imediato de uma sequência de exercícios com tubos de ressonância em
indivíduos disfônicos. Foi aplicada uma sequência de quatro tarefas fonatórias, com
tubos de ressonância de 3 cm de diâmetro interno e 22,8 de comprimento. O
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diagnóstico e o grau de disfonia foram realizados percentualmente por um


fonoaudiólogo por meio da escala GRBAS. As amostras de voz foram gravadas antes
e depois da sequência de exercícios por meio da análise acústica e do preenchimento
de uma autoavaliação. Mudanças significativas foram obtidas nos parâmetros de jitter
e na proporção harmônico-ruído. Na autoavaliação foi referida uma voz mais estável,
mais clara e com a “sensação de garganta aberta”. A conclusão dos autores foi que
as tarefas fonatórias com tubos de ressonância podem ter efeitos fisiológicos
terapêuticos imediatos em indivíduos com vozes disfônicas e uma percepção subjetiva
de melhora na produção de voz.

Guzmán et al. (2013) apuraram se as mudanças no quociente de contato da


glote podem ser influenciadas durante as tarefas de fonação com os tubos, e também
na fonação do vibrato com ou sem tubo. A amostra foi composta por 36 cantores
clássicos que realizaram quatro tarefas fonatórias: vogal sustentada [a], vogal [a] com
vibrato, fonação sustentada com tubo de plástico flexível de5 mm de diâmetro e 33.8
cm de comprimento e fonação sustentada com vibrato com a utilização do mesmo
tubo anterior. A análise foi realizada por meio da eletroglotografia (EGG). O estudo
não conseguiu diferença estatisticamente significante entre a fonação com os tubos
com e sem vibrato, entretanto a análise intrasujeito demonstrou uma diminuição do
quociente de fechamento na quarta tarefa. A pesquisa sugeriu que a fonação com
tubos com a utilização do vibrato pode ter valor terapêutico no tratamento de
determinados pacientes com distúrbios de voz hiperfuncionais.

Paes et al. (2013) investigaram os efeitos imediatos do método do tubo de


ressonância para professores com disfonia comportamental. A pesquisa foi realizada
com 25 professoras que apresentavam uma história de disfonia por pelo menos cinco
anos. A fonação com o tubo finlandês imerso em dois centímetros de água foi
realizada com três séries de dez vocalizações recorrentes, com um intervalo de
descanso de um minuto entre repetições. As amostras de vozes sustentadas com a
vogal [æ] e contagem de números de um a dez, foram gravadas antes e depois dessas
séries em um programa de acústica. Os efeitos desses exercícios foram analisados
por um autoavaliação, análise perceptivo-auditiva e análise acústica. Os resultados
apontaram mudanças de uma fonação hiperfuncional para um estado de fonação mais
equilibrada, com melhora da qualidade vocal, aumento da estabilidade e diminuição
18

de sub-harmônicos e ruídos nas frequências altas. Os sujeitos relataram conforto e


melhora da qualidade vocal na autoavaliação.

Andrade et al. (2014) quantificaram e correlacionaram as mudanças na


frequência fundamental (f0), na eletroglotografia (EGG) e no quociente de contato
(QC) depois de uma série de exercícios semiocluídos, com a intenção de
compreender melhor as diferenças fisiológicas entre esses exercícios. Participaram
23 voluntários com vozes saudáveis que foram submetidos a sete exercícios
semiocluídos: LaxVox®, canudos rígidos, vibração de língua e de lábio, mão sobre a
boca, boca chiusa e vibração de língua associada a mão sobre a boca. A vogal [a] foi
produzida em padrão confortável como exercício controle, executada antes de cada
exercício selecionado aleatoriamente. Os resultados indicaram que os exercícios
podem ser divididos em dois grupos: os que contém apenas uma fonte sonora
possuem uma diferença no QC menor em relação ao exercício controle, enquanto os
exercícios realizados com duas fontes sonoras (vibração de língua e de lábio e
LaxVox®) apresentam diferenças maiores no QC em relação ao exercício controle. Ao
considerar essas variações encontradas entre os grupos, os pesquisadores
concluíram que podem ser esperados efeitos terapêuticos diferentes entre as
técnicas.

A pesquisa de Fadel et al. (2016) analisou os efeitos imediatos do exercício de


trato vocal semiocluído com tubo LaxVox® em cantores. Foram coletados dados de
23 estudantes de canto lírico que incluíam um questionário de identificação, gravações
com a vogal sustentada [ε ], contagem de números de um a dez e um trecho de uma
música. Na sequência os participantes realizaram exercícios com o tubo LaxVox®
imerso em água com a fonação sustentada e glissandos ascendentes e
descendentes, cada tarefa teve a duração de um minuto. Foi aplicado um questionário
de autopercepção e as amostras foram analisadas por juízes fonoaudiólogos,
professores de canto e análise acústica. Os pesquisadores concluíram que os
exercícios com o LaxVox® promoveram efeitos imediatos positivos quanto à
autoavaliação da voz do cantor profissional. Na análise acústica foi observado um
aumento da frequência fundamental para as mulheres e na avaliação perceptivo-
auditiva não ocorreram modificações significativas.

Calvache-Mora (2016) determinou a efetividade de uma sequência de


aquecimento vocal baseado nos princípios da reabilitação fisiológica. A amostra
19

composta por 11 estudantes de canto que realizaram uma sequência de exercícios


que integravam o aquecimento fisiológico: mãos sobre a boca, fonação em tubo e Y-
Buzz4. As tarefas vocais realizadas foram a fonação sustentada, glissandos com
intervalos musicais de terças e quintas e alterações na intensidade vocal utilizando a
estratégia de messa di voce, executadas em cada um dos exercícios descritos acima.
Foram realizadas análises antes, depois e dois meses depois da primeira avaliação
com extração de parâmetros acústicos e eletroglotografia. Os resultados mostraram
mudanças positivas a curto e médio prazo em todas as medidas aplicadas e os
sujeitos apresentaram a sensação de voz ressonante, melhora na qualidade vocal
cantada, diminuição do contato entre pregas vocais e maior projeção. Foi possível
observar um efeito tanto imediato quanto crescente a longo prazo.

Paes e Behlau (2017) verificaram o efeito do tempo de realização do exercício


de canudo de alta resistência em mulheres com disfonia comportamental e em
mulheres vocalmente saudáveis. Os participantes do estudo foram alocados em dois
grupos: 25 mulheres disfônicas (G1) e 30 mulheres vocalmente saudáveis (G2). Uma
emissão em som contínuo foi realizada em um canudo de alta resistência por 7
minutos, com interrupções depois de 1, 3, 5 e 7 minutos. Foram registradas amostras
de vogal sustentada e contagem de números antes do início da realização do exercício
e depois de cada uma das séries. A extração de parâmetros acústicos foi realizada e
cada participante registrou o esforço fonatório em uma escala analógico-visual. Para
o G1 verificou-se respostas positivas após 3 minutos de exercício, melhora do esforço
para falar, aumento do tempo máximo de fonação e redução da variabilidade de
frequência fundamental; com a continuidade do exercício, esses parâmetros pioraram,
o que pode ser indicativo de sobrecarga no sistema. No G2 o único parâmetro que se
modificou foi o tempo máximo de fonação que melhorou depois de 1 minuto; 7 minutos
não pareceu significar sobrecarga para essa população. Ocorreram modificações
vocais positivas com o exercício de canudo de alta resistência, mas existiram limites
quanto a sua dosagem. Deve-se observar efeitos não desejados para evitar
sobrecarga vocal desnecessária em mulheres disfônicas.

Yamasaki et al. (2017) compararam os ajustes do trato vocal de mulheres


disfônicas e não-disfônicas por meio da ressonância magnética de alta resolução no

4
Exercício descrito por Arthur Lessac nos anos 60 (Robbins, 2014).
20

repouso e na fonação, antes e depois da realização de exercícios com o tubo de


ressonância flexível imerso em água. O exame de ressonância foi realizado antes do
exercício em posição de repouso e durante a fonação da vogal sustentada [æ]. Logo
depois da prática do exercício com o tubo por 3 min o exame foi repetido com a vogal
sustentada e o repouso. Os resultados mostraram que os ajustes do trato vocal de
mulheres disfônicas e não disfônicas foram diferentes. Depois da prática do exercício
com o tubo, as diferenças entre o trato vocal das mulheres disfônicas e não disfônicas
foram reduzidas.

A pesquisa de Portilho et al. (2018) teve como objetivo observar se o


aquecimento vocal fisiológico e o aquecimento de canto tradicional são afetados de
maneira diferente em relação aos parâmetros aerodinâmicos, eletroglotográficos
(EGG), acústicos e autopercebidos. Os exercícios de aquecimento foram realizados
por 30 cantores de música comercial em uma sessão de 15 minutos, distribuídos
aleatoriamente entre os exercícios fisiológicos (G1) e os de canto tradicional (G2). O
G1 realizou um exercício de vogal sustentada [u], glissando ascendente e
descendente por toda a extensão vocal e flutuações de pitch e loudness. As práticas
acima foram realizadas com um tubo de plástico rígido de 5mm de diâmetro e 25,8 de
comprimento. O G2 utilizou a vogal [a] para cantar uma melodia baseada em intervalos
musicais de terças na extensão vocal da classificação vocal de cada cantor, variando
em semitons ascendentes e descendentes. Medidas aerodinâmicas, EGG e acústicas
foram realizadas antes e depois do aquecimento. Não foram encontradas diferenças
estatisticamente significantes na comparação dos dois tipos de métodos de
aquecimento vocal. Para os autores os cantores de canto comercial devem considerar
as sensações subjetivas relacionadas a uma produção vocal mais econômica para
escolher o tipo de aquecimento ideal para as suas vozes.

O estudo de Kang et al. (2018) quantificou e comparou os efeitos dos exercícios


de aquecimento tradicional e fisiológico com o intuito de determinar o tempo de
duração ideal para as práticas. Participaram 26 adultos de ambos os sexos, sem
nenhum treinamento em canto para evitar os efeitos de uma capacitação vocal prévia.
Os exercícios foram realizados em duas sessões com intervalo de dois dias entre elas,
com a ordem do teste randomizada. A prática com a técnica tradicional utilizou
alongamento corporal, canto com vogais com variações de tonalidade, escalas
ascendentes e descendentes, legatto e saltos com intervalos musicais de quinta e
21

terça. Os exercícios fisiológicos utilizaram a sequência de exercícios com canudos


rígidos demonstrada no vídeo “dica de Ingo Titze para vozes cansadas: pegue um
canudo! ”. Foram realizadas medidas aerodinâmicas do limiar de pressão fonatória
(LPF) e análise acústica. Os resultados mostraram que a fonação com os canudos
diminui o LPF e enfatizou uma economia vocal, enquanto a prática de exercícios do
canto tradicional melhorou os parâmetros acústicos. A duração de tempo ideal para a
prática com os canudos foi estabelecida em 10 minutos, enquanto o tempo para a
prática tradicional foi especificado com 20 minutos. Os autores propuseram a
integração entre as técnicas do aquecimento tradicional do canto e a fonação com
canudos para obter-se um melhor resultado no aquecimento vocal.
22

4. Método

4.1. Preceitos éticos

O projeto deste estudo observacional prospectivo foi analisado e aprovado pelo


Comitê de Ética da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (anexo 1). Todos
os sujeitos voluntários desse estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (anexo 2).

4.2. Concepção da revisão de literatura

O levantamento da bibliografia foi realizado através de uma busca nas


plataformas de pesquisa disponíveis na internet. Foram acessados os dados da Web
of Science e da Science Direct e o material para a exploração de teses e dissertações
foi alcançado por meio da Bilbioteca de Teses e Dissertações – UNICAMP e do
Repositório Institucional – UNESP.

Nessa busca foram utilizados os descritores voice training, singing e voice,


referentes ao treinamento da voz e ao canto. Posteriormente, os descritores foram
combinados com as palavras-chave resonance tubes e straw exercises, com o
propósito de relacionar a voz e o canto com os exercícios realizados com tubos. Não
existem descritores específicos relacionados aos termos tubos de ressonância ou
tubos de fonação ou nem outro similar. Com o intuito de promover efetividade a
pergunta, foi aplicada a estratégia PICO5 como forma de incrementar o trabalho com
os operadores boleanos AND, OR e NOT.

4.3. Seleção da amostra


Os primeiros voluntários foram selecionados a partir do vínculo profissional da
pesquisadora, que é professora de canto. A partir deles foi aplicada a técnica
metodológica snowball sampling (Costa, 2018) na qual os contatos profissionais do
pesquisador são complementados por novos sujeitos indicados pelos participantes
primários.

5 PICO representa um vocábulo acrônimo para paciente, intervenção, comparação e outcomes


(desfecho). Dentro da Pesquisa Baseada em Evidência (PBE) utilizou-se de quatro componentes que
formam os elementos fundamentais do tema em pesquisa e construção da pergunta para a busca
bibliográfica de evidências (El Dib et al., 2014).
23

Os critérios de inclusão da amostra foram: a utilização dos tubos nas aulas de


canto e possuir experiência profissional mínima de dois anos na docência de canto.
Através dessa exigência assegurou-se um conhecimento prévio da prática de ensino
com a expectativa de um incremento na qualidade das respostas.

Foram convidados 103 professores de canto, entretanto 28 respostas não


foram obtidas. A amostra foi finalizada com 75 professores de canto, sendo a maioria
do sexo feminino (69.3%), com média de idade de 37.7 anos (DP=10.4).

Tabela 1 – Caracterização da amostra em n e % segundo o sexo e a idade.

Variáveis N %
Sexo Feminino 52 69.3
Masculino 23 30.7

Idade (anos) Média (DP) 37.7 (10.4)


Mediana 36.3
Mínimo 19.3
Máximo 66.6

4.4. Instrumento

O questionário (anexo 3) de investigação: Exercício de fonação em tubos:


aplicações no contexto de ensino do canto, com questões fechadas e abertas, foi
elaborado pela pesquisadora em conjunto com a orientadora com base na experiência
profissional e na literatura (Titze, 2002; Simberg e Laine, 2007; Guzman et al., 2016).

O instrumento foi dividido em duas partes: a primeira parte (A) continha dados
de identificação do sujeito como: idade, sexo, tempo e formação profissional, local de
atuação e gênero musical da prática docente.

A segunda parte (B) foi composta por questões fechadas e abertas sobre os
tipos de tubos e canudos que o professor utiliza; onde aprendeu a utilizar; há quanto
tempo usa os instrumentos nas aulas de canto; o motivo da escolha da utilização dos
tubos e canudos com os alunos; descrever a utilização de cada um dos instrumentos
e qual som é solicitado para a emissão com os tubos e canudos.
24

4.5. Procedimentos

A pesquisa foi realizada por via digital com o uso da plataforma Google
Formulários. O objetivo de utilização dessa ferramenta foi possibilitar a captação de
respostas de diferentes estados do Brasil.

Primeiramente os voluntários receberam uma carta convite (anexo 4) e, em


caso de aceite para participação do estudo, foi enviado o Termo de Consentimento
Livre Esclarecido. As instruções para o preenchimento (anexo 5) foram enviadas em
conjunto com o email da pesquisadora, disponível para a assistência referente as
dúvidas dos participantes.

Foram realizados três estudos pilotos, cada um com a presença de três


participantes. A proposta era reformular as questões a partir das dúvidas dos sujeitos.
Na pergunta: Qual som é solicitado para a emissão com os tubos? Os participantes
redigiram uma resposta longa que mencionava qual o som solicitado, os motivos de
uso dos tubos e também as descrições desse uso. Esses conteúdos pertenciam às
próximas perguntas do questionário. A partir dessa informação, a ordem das questões
foi alterada, como proposta para solucionar os problemas de compreensão dos
enunciados. Foi solicitado aos participantes que registrassem o tempo das respostas.
Na versão final do questionário o participante levou em média de 10 a 15 minutos para
preencher o questionário.

4.6. Análise dos dados

Os dados recolhidos pela plataforma Google Formulários foram


extraídos e colocados no programa Excel para serem enviados para análise
estatística.

Na parte B do questionário, que continha as perguntas relativas à investigação


sobre a aplicação dos tubos, foi selecionada apenas a questão: “Qual o motivo da
escolha da utilização dos tubos e canudos com seus alunos de canto? ” Achamos que
essa pergunta é o foco da pesquisa no momento. As demais questões foram
reservadas para pesquisas futuras. As respostas foram lidas e analisadas
criteriosamente, e as categorias foram criadas de acordo com as semelhanças de
justificativas para o uso da escolha dos tubos como estratégias de trabalho.
25

O Quadro 1 apresenta as seis categorias separadas por assunto. Na categoria


1 a justificativa foi alguma tarefa relativa a fonte glótica; na categoria 2 a meta foi
trabalhar as estruturas supraglóticas, o filtro e o trato vocal; a categoria 3 refere-se ao
tipo de efeito obtido com o uso do tubo; a categoria 4 agrupou os que escolhem usar
os tubos pelas sensações e efeitos corporais que ocorrem com os alunos de canto em
conjunto com a respiração e o fluxo de ar; e na categoria 5 outros assuntos que
incentivam ou justificam a utilização dos tubos nas aulas de canto. Os termos que
apareceram nas respostas dos professores estão dispostos abaixo de forma
resumida.

A análise estatística foi realizada de forma descritiva por meio de frequências


absolutas e relativas, medidas de tendência central (média e mediana) e dispersão
(desvio-padrão, valores mínimo e máximo).

Na associação entre os motivos do uso do tubo versus tempo de profissão e


formação profissional foi aplicado o teste do Qui-quadrado. Assumiu-se um nível
descrito de 5% (p<0.05) para significância estatística. Os dados foram digitados em
Excel e analisados no programa SPSS versão 23.0 para Windows.
26

Quadro 1 – Categorias criadas a partir das respostas da pergunta: “Qual o motivo da escolha
da utilização dos tubos e canudos com seus alunos de canto? ”

Categoria 1: adução glótica, fechamento, melhora o ajuste glótico, fonação sem esforço,
aumento da eficiência, aumenta resistência do TA, suavizar a coaptação

fonte glótica das pregas vocais (PPVV), fonação fluida, maior resistência glótica, melhor
competência fonatória, flexibilidade das PPVV, firmeza glótica, reduzir a
constrição, diminuir soprosidade, soltar a mucosa, melhora dos agudos,
melhora da qualidade vocal.
Categoria 2: ampliação e extensão trato vocal, elevação do palato, melhora o
posicionamento dos músculos laríngeos, abertura dos espaços intraorais,

filtro domínio de pressões supraglóticas, controle da nasalidade, propriocepção


do espaço interno do trato vocal, relaxamento da laringe, extensão do trato
vocal, relaxa o trato vocal, amplifica a parte posterior da faringe,
ressonância, brilho.
Categoria 3: respostas rápidas, práticas, praticidade, resistência, fortalecimento,
efeito melhora instantânea, resposta eficiente, flexibilidade, condicionamento,
melhora estabilidade vocal, melhores resultados técnicos, ajudar nos
problemas vocais, tirar o cansaço, projeção, melhora na qualidade sonora,
série harmônica mais rica, clarear a emissão, voz com menos tensão,
cantar com mais facilidade, sensação de voz na “máscara”, fonação mais
equilibrada, voz mais livre, melhora no resultado acústico, aquecimento,
melhora as passagens, colocação da voz.
Categoria 4: controle e melhora do fluxo de ar, consciência corporal, propriocepção,
melhora na respiração, equilíbrio de pressão subglótica, apoio respiratório,

corpo e fluxo de ar contínuo, autopercepção, conexão com a respiração,


coordenação pneumofonoarticulatória, controle expiratório, estabilidade
respiração
aerodinâmica, aumento de pressão pélvica.
Categoria 5: repertório, feedback positivo dos alunos, cientificamente comprovado,
outros veratilidade.

Fonte: autoria própria


27

5. Resultados

Na amostra analisada mais de 70% dos professores eram do estado de São


Paulo, 45.3% tinham 10 anos ou mais de profissão. Professores de canto somente
com curso e outras formações corresponderam a 25.3% e em relação ao gênero
musical 70% trabalhavam com canto popular.

Na Tabela 3 os tubos de plástico flexível6 representaram 81.3%, na sequência


os tubos de silicone flexível7 com 70.7% dos professores de canto. Desses 74.7%
citaram que aprenderam a técnica dos tubos em cursos, workshops, congressos e/ou
faculdade (Tabela 4).

O tempo de uso dos tubos é verificado na Tabela 5, destaca-se que 4 (5.3%)


professores de canto relataram que fazem o uso dessa técnica entre 3 a 4 anos. Os
demais professores apresentaram percentuais acima de 20% distribuídos entre as
categorias.

Dos professores de canto, 56% escolheram o motivo efeito para o uso dos
tubos (Tabela 5), a fonte glótica foi o segundo motivo mais citado (41.3%). A Tabela 6
apresenta os motivos do uso dos tubos isolados e suas combinações.

6
Tubos de plástico flexível, habitualmente utilizado no consumo de bebidas, também chamados de
canudos.
7 O instrumento original foi patenteado por Marketta Sihvo, com o nome de LaxVox ®.

http://laxvox.com/eng/index.html
28

Tabela 2 – Distribuição da amostra em n e % segundo o estado de atuação, tempo de


profissão, formação profissional e gênero musical que ensina.

Variáveis N %
Estado CE 1 1.3
ES 1 1.3
GO 1 1.3
MG 2 2.7
PR 6 8.0
RJ 5 6.7
SC 3 4.0
SP 56 74.7

Tempo de profissão 2 a 4 anos 12 16.0


4 a 6 anos 15 20.0
6 a 8 anos 6 8.0
8 a 10 anos 8 10.7
10 anos e mais 34 45.3

Formação professional Graduação 32 42.7


Graduação + pós (mestrado
24 32.0
e/ou doutorado)
Cursos e outras formações 19 25.3

Gênero musical Erudito 4 5.3


Popular 52 69.3
Erudito + Popular 19 25.3

Total 75 100.0
29

Tabela 3 – Distribuição dos professores de canto em n e % segundo a escolha do tipo


de tubo utilizado nas aulas.

Tipos de tubos N %
Tubo de vidro rígido8 Não 69 92.0
Sim 6 8.0

Tubo de silicone flexível Não 22 29.3


Sim 53 70.7

Tubo de plástico rígido9 Não 25 33.3


Sim 50 66.7

Tubo de plástico flexível Não 14 18.7


Sim 61 81.3

Outros Não 74 98.7


Sim 1 1.3

Total 75 100.0

Tabela 4 – Distribuição dos professores de canto em n e % segundo a forma e/ou local


de aprendizagem para utilização dos tubos.

Aprendizagem N %
Aprendeu com fonoaudióloga ou Não 36 48.0
professora de canto Sim 39 52.0

Aprendeu em cursos, workshops, Não 19 25.3


congressos e/ou faculdade Sim 56 74.7

Aprendeu com vídeos, textos ou Não 61 81.3


conversas Sim 14 18.7

Total 75 100.0

8
Batizado por Sovijärvi como tubo de ressonância, também conhecido por tubo Finlandês (Simberg, 2015).
9
Tubo apresentado pelo Ingo Titze, utilizado como mexedor de café nos EUA, no Brasil conhecido na fabricação
de doces como canudo de pirulito.
30

Tabela 5 – Distribuição da amostra em n e % segundo o período de utilização dos


tubos e a distribuição dos motivos de suas aplicações nas aulas de canto.

Variáveis n %
Tempo de uso dos tubos até 1 ano 22 29.3
1 a 2 anos 17 22.7
2 a 3 anos 16 21.3
3 a 4 anos 4 5.3
4 anos e mais 16 21.3

Fonte glótica Não 44 58.7


Sim 31 41.3

Filtro Não 52 69.3


Sim 23 30.7

Efeito Não 33 44.0


Sim 42 56.0

Corpo e respiração Não 50 66.7


Sim 25 33.3

Outros Não 65 86.7


Sim 10 13.3

Total 75 100.0
31

Tabela 6 – Distribuição da amostra em n e % segundo a distribuição dos motivos da


aplicação dos tubos nas aulas de canto.

Motivo n %

Efeito 15 20.0
Fonte glótica + efeito 5 6.7
Fonte glótica + corpo e respiração 5 6.7
Efeito + corpo e respiração 5 6.7
Outros 5 6.7
Fonte glótica + filtro + efeito + corpo e respiração 4 5.3
Fonte glótica + filtro 4 5.3
Fonte glótica 4 5.3
Filtro 4 5.3
Fonte glótica + filtro + corpo e respiração 3 4.0
Fonte glótica + efeito + corpo e respiração 3 4.0
Filtro + efeito 3 4.0
Efeito + outros 3 4.0
Corpo e respiração 3 4.0
Fonte glótica + filtro + efeito 2 2.7
Fonte glótica + outros 1 1.3
Filtro + efeito + corpo e respiração 1 1.3
Filtro + efeito + outros 1 1.3
Filtro + corpo e respiração 1 1.3
Nenhum 3 4.0
Total 75 100.0
32

No cruzamento do tempo de profissão e formação profissional com as


categorias: efeito; fonte glótica; corpo e respiração; filtro e outros, não foi verificada
associação estatisticamente significante (Tabelas 7, 8, 9 e 10).

Tabela 7 – Associação entre a categoria fonte glótica e as variáveis tempo de profissão


e formação profissional do professor de canto.

Fonte glótica
Variáveis Não Sim
N % N % P
TEMPO PROFISSÃO 2 a 4 anos 6 50.0% 6 50.0% 0.811
4 a 6 anos 8 53.3% 7 46.7%
6 a 8 anos 4 66.7% 2 33.3%
8 a 10 anos 6 75.0% 2 25.0%
10 anos e mais 20 58.8% 14 41.2%

FORMAÇÃO Graduação 22 68.8% 10 31.3% 0.306


PROFISSIONAL
Graduação + pós (mestrado
12 50.0% 12 50.0%
e/ou doutorado)
Cursos e outras formações 10 52.6% 9 47.4%

Tabela 8 – Associação entre a categoria filtro e as variáveis tempo de profissão e


formação profissional do professor de canto.

Filtro
Variáveis Não Sim
N % n % P
TEMPO PROFISSÃO 2 a 4 anos 9 75.0% 3 25.0% 0.612
4 a 6 anos 8 53.3% 7 46.7%
6 a 8 anos 5 83.3% 1 16.7%
8 a 10 anos 6 75.0% 2 25.0%
10 anos e mais 24 70.6% 10 29.4%

FORMAÇÃO Graduação 23 71.9% 9 28.1% 0.318


PROFISSIONAL
Graduação + pós (mestrado
14 58.3% 10 41.7%
e/ou doutorado)
Cursos e outras formações 15 78.9% 4 21.1%
33

Tabela 9 – Associação entre a categoria efeito e as variáveis tempo de profissão e


formação profissional do professor de canto.

Efeito
Variáveis Não Sim P
N % N %
TEMPO PROFISSÃO 2 a 4 anos 6 50.0% 6 50.0% 0.432
4 a 6 anos 9 60.0% 6 40.0%
6 a 8 anos 3 50.0% 3 50.0%
8 a 10 anos 4 50.0% 4 50.0%
10 anos e mais 11 32.4% 23 67.6%

FORMAÇÃO Graduação 10 31.3% 22 68.8% 0.139


PROFISSIONAL
Graduação + pós (mestrado e/ou
12 50.0% 12 50.0%
doutorado)
Cursos e outras formações 11 57.9% 8 42.1%

Tabela 10 – Associação entre a categoria corpo e respiração e as variáveis tempo de


profissão e formação profissional do professor de canto.

Corpo e respiração
Variáveis Não Sim P
N % n %
TEMPO PROFISSÃO 2 a 4 anos 6 50.0% 6 50.0% 0.289
4 a 6 anos 8 53.3% 7 46.7%
6 a 8 anos 4 66.7% 2 33.3%
8 a 10 anos 7 87.5% 1 12.5%
10 anos e mais 25 73.5% 9 26.5%
____________________________________________________________________
34

6. Discussão

A maior parte das pesquisas realizadas com a fonação em tubos foram sobre
os seus efeitos percebidos na voz e também de suas aplicações terapêuticas (Cielo
et al.,2013; Simberg, 2015; Titze, 2018), entretanto, poucas análises foram feitas
relacionando os exercícios dos tubos com a voz cantada (Mendes, 2018). Isso ocorre
provavelmente em decorrência da utilização desse recurso ter acontecido primeiro na
Fonoaudiologia e na clínica dos distúrbios da voz.
No que se refere aos estudos que já foram realizados com cantores, um estudo
recente com sujeito cantor teve como foco o aquecimento vocal com uso associado
de tubos de ressonância (Portilho et al., 2018). Em uma outra pesquisa com cantores,
mas com um foco diferente de investigação, Gaskill e Quinney (2012), Enflo et al.
(2013) e Guzman et al. (2013) observaram o fechamento e o quociente de contato das
pregas vocais. Maxfield (2014) e Dargin (2015) verificaram as variações de pressão
intraoral e as mudanças na aerodinâmica. Por fim Bezerra et al. (2015) e Fadel et al.
(2016) investigaram o efeito imediato ocorrido na voz, após a fonação em tubos, com
sujeitos cantores.
Vale destacar que nas pesquisas realizadas o efeito positivo resultante da
fonação com os tubos, no entanto, ainda não existe a clareza do que ocorre
internamente durante a realização dessa prática (Titze, 2018). Outro ponto a ser
evidenciado é que muitas vezes a forma de utilização dos tubos difere entre as
pesquisas tanto na escolha do tubo, quanto no tempo de aplicação e na forma de
execução do exercício.
Em relação aos resultados da pesquisa a amostra dos professores de canto
(Tabela 1) houve predominância do sexo feminino com 69,3% e a média de idade foi
de 37.7 anos. A maioria (74.7%) dos participantes eram do estado de São Paulo, isso
pode ser justificado por ser essa a cidade de atuação profissional da pesquisadora e
também por ser a cidade com a maior população do Brasil (Tabela 2). Uma parte da
amostra é composta por profissionais que atuam como professores de canto e
também desenvolvem um trabalho como fonoaudiólogos. O grupo pesquisado tem
35

predominância de mulheres com faixa etária próxima aos 38 anos, ou seja, podemos
considerar que são professoras de canto com experiência na vida profissional.
O tempo de profissão (Tabela 2) que mais apareceu na amostra foi o grupo com
dez anos ou mais (45.3%), na sequência aparecem os professores de canto com
quatro a seis anos (20%) e em terceiro os profissionais que atuam entre dois e quatro
anos (16%). Os docentes mais interessados em utilizar os tubos nas aulas de canto
pertencem aos extremos do tempo de profissão, os que começaram a pouco tempo e
os mais experientes. Os exercícios de fonação com os tubos foram apresentados na
década de 60, apesar disso, sua eficácia ainda pode ser considerada por muitos como
novidade (Lavaissiéri e Melo, 2017). Os profissionais iniciantes estão sempre atrás de
novas estratégias como parte do credenciamento necessário para ser aceito no
mercado de trabalho. Por outro lado, ao pensar no grupo com mais de 10 anos de
experiência o foco no caso é a reciclagem para manter-se atualizado. Dessa forma,
as referidas “novidades” podem contribuir como uma porta de entrada e/ou como uma
maneira de se renovar.

Quanto a formação profissional (Tabela 2) 42.75% dos professores são


graduados e 32% possuem mestrado e/ou doutorado. Os demais profissionais
(25.3%) contam com cursos e outros tipos de formações. Não foi investigado qual a
graduação realizada e comenta-se por outras pesquisas (Sousa et al, 2010; Campos,
2018) que podemos encontrar uma gama variada de opções, sendo assim talvez o
ideal fosse detalhar melhor nesse aspecto. Em contrapartida sabe-se que ser
graduado, independentemente da área, não representa obrigatoriamente uma
garantia da qualidade profissional (Loiola, Andrada e Silva, 2010; Campos, 2018).
Vale pontuar que no Brasil não existem cursos superiores específicos para formação
do professor de canto. Os profissionais cursam bacharelado em Música, com foco em
canto e formação profissional para performance, faltam disciplinas relacionadas com
pedagogia vocal (Félix, 1997; Piccolo, 2006; Elme, 2015). A formação acadêmica é
muito importante, entretanto, aspectos como o envolvimento com a cena musical, o
relacionamento e a troca de experiências com outros profissionais da área, a
atualização sobre mercado de trabalho e o comprometimento com a formação
continuada são fatores essências para a qualidade de um professor de canto.

A maioria (69.3%) dos professores de canto tem atuação voltada para a música
popular (Tabela 2), com estilos diversos que podem variar desde a canção popular
36

brasileira até outros estilos midiáticos ou com influência estrangeira como o pop, o
rock, o sertanejo, o belting10, entre outros. O destaque para o gênero popular, mais
uma vez, vai ao encontro da atividade profissional da pesquisadora, por outro lado é
possível que alguns professores que trabalham com o canto erudito (5.3%) possam
encontrar dificuldades em conciliar o uso dos tubos de ressonância com o trabalho
técnico das escolas de canto, como por exemplo, escolas alemã, italiana ou francesa
(Sousa et.al, 2015).Essa questão talvez fundamente porque nessa pesquisa o ensino
de canto erudito compõe o menor grupo entre os docentes.

Um outro grupo da amostra (25.3%) ensina popular e o erudito.


Representando uma atuação profissional não tão comum, a pesquisa de Mariz (2018)
comenta sobre a atuação desses professores atuam de forma livre entre o canto
popular e o erudito, conhecidos como crossover. As pesquisas que analisam os
diferentes comportamentos vocais entre os estilos (LoVetri e Sundberg,1993; Lã e Gill,
2015; Hallqvist et al., 2017) exercem uma influência sobre a pedagogia vocal
contemporânea, suportando novas abordagens técnicas que podem contribuir com a
prática docente desses profissionais que transitam entre os estilos.

A Tabela 3 exibe quais foram os tubos escolhidos pelos professores de canto


para a aplicação dos exercícios nas aulas de canto. O destaque fica para a escolha
do tubo de plástico flexível, que costumamos utilizar no consumo de bebidas, também
chamados de “canudos de refrigerante” com 81.3%, provavelmente por esse tubo ser
de fácil acesso e de custo barato. Devemos lembrar que muitas vezes é o professor
de canto que irá trazer para aula o canudo (tubo de plástico flexível), fornecendo o
instrumento para o aluno. O segundo tubo mais utilizado é o tudo flexível de silicone
(70%), batizado como LaxVox ®. Esse tubo tornou-se popular no brasil através dos
workshops difundidos sobre o assunto e também porque é muito utilizado na terapia
fonoaudiológica aqui no brasil. Apesar de ser de difícil acesso, a popularidade a
respeito da sua eficácia e o transporte prático do instrumento fizeram que ele
alcançasse o segundo lugar entre os sujeitos. Podemos também destacar que o tubo
de vidro foi o menos escolhido, apenas seis (8.0%) professores de canto relataram
fazer uso desse tipo de tubo talvez pelos motivos opostos dos citados acima, não são
de acesso fácil, costumam ser encontrados apenas em lojas especializadas de artigos

10
Belting – é uma técnica característica do teatro musical que tem como meta manter a predominância do
registro de peito até a região mais aguda da voz, com uma sonoridade estridente e potente (LoVetri, 2002).
37

para fonoaudiólogos e/ou materiais de laboratório e são de alto custo. Esse também
pode ser o motivo que justifique o menor número de publicações com esse tipo de
tubo.

Em relação à forma como os professores de canto conheceram as técnicas de


fonação com os tubos (Tabela 4) o maior grupo (74.7%) aprendeu em cursos,
workshops, congressos ou na faculdade de Fonoaudiologia. Esse fato revela que uma
parte dos professores de canto da amostra tem uma dupla atuação profissional, tanto
como professor quanto como fonoaudiólogo. Um outro fato importante a relatar é que
no período dessa pesquisa eu ministrei, em conjunto com uma fonoaudióloga, uma
oficina que ensinava os professores de canto a utilizarem os tubos em suas aulas,
além de outras apresentações breves sobre o tema. Com isso, uma parte dos alunos
dos cursos mencionados acima pode fazer parte dessa amostra.

O segundo grupo com 52% (Tabela 4) aprendeu as técnicas com o seu


professor nas aulas de canto de canto e/ou durante um atendimento fonoaudiológico.
Quando um profissional, tanto professor de canto quanto fonoaudiólogo, aplica um
exercício para um aluno ou paciente específico, não necessariamente ele explica
como o instrumento pode funcionar em todas as situações. Um exemplo dessa
situação pode ser percebida na fala de S63 “ aprendi com uma fonoaudióloga com
quem fiz sessões para resolver um cansaço vocal que estava me incomodando” e
também com S14 “Conheci o Lax Vox quando estudei com o meu professor de canto,
entre os anos 2009 e 2011. Depois, fui experimentando outros canudos para avaliar a
resposta”. Nesse momento apresento as falas como forma de reflexão pois analisando
apenas a informação sobre como o professor aprendeu, não é possível avaliar a
profundidade do conhecimento que ele tem sobre a fonação em tubos.

O último grupo (18.7%) aprendeu com vídeos na internet, textos e artigos


científicos e também em conversas com outros profissionais da área. A comunicação
digital tem intensificado o acesso aos materiais das pesquisas, práticas e métodos,
muitas vezes de forma gratuita, facilitando a troca de informação e a atualização dos
profissionais (Campos, 2018; Mariz, 2018). Por outro lado, Simberg e Laine (2007)
alertam sobre os problemas que podem ocorrer com a disseminação da prática sem
conhecimento específico, quando os sujeitos compram pedaços de tubos de materiais
não testados porque leram em uma revista ou em um site, ou então quando “ouvem
de alguém” que utilizar os tubos na água faz bem para a voz. Nesse caso, as autoras
38

confirmam que esse tipo de prática pode ser prejudicial e também apontam que em
casos clínicos específicos pode haver contraindicação da fonação com o uso de tubos.

A Tabela 5 revela que o principal grupo (29.3%) começou a utilizar os tubos


nas aulas de canto apenas há um ano, seguido do segundo grupo (22.7%) que reúne
os profissionais que utilizam os tubos entre um e dois anos. Essa informação confirma
que a prática da fonação com os tubos nas aulas de canto é uma novidade recente
entre os sujeitos dessa pesquisa. Conduzir os exercícios não é uma tarefa simples
para um iniciante no trabalho com os tubos. Na aplicação de qualquer nova técnica é
preciso estar atento em todas as variações de execução e lembrar que cada pessoa
irá compreender e realizar a tarefa de uma forma diferente. É necessário um
conhecimento consistente sobre os efeitos fisiológicos e a literatura científica nem
sempre pode auxiliar nesse entendimento, uma vez que a linguagem apresentada
pode não ser acessível para todos os professores de canto. Contrariamente, as
informações dispostas nos manuais específicos sobre a fonação com o tubo (Sihvo e
Denizoglu, 2006; Simberd e Laine, 2007) e os vídeos disponíveis na internet (Titze,
2010) podem dar a impressão para o professor que é simples realizar os exercícios,
em uma perspectiva resumida do que ocorre na realidade.

Uma outra parte da amostra (21.3%) é composta pelos profissionais que


iniciaram o uso desses instrumentos há quatro anos ou mais. Vale ressaltar que os
primeiros cursos e palestras sobre fonação em tubos realizados no Brasil ocorreram
na última década, com participação exclusiva de fonoaudiólogos em suas primeiras
edições.

A Tabela 5 foi definida a partir do relato dos professores de canto sobre as suas
justificativas e motivos para o uso dos tubos nas aulas. As descrições foram
agrupadas e divididas em cinco categorias: efeito, onde foram combinadas as
respostas sobre as percepções que ocorrem após a fonação com os tubos como por
exemplo a sensação de voz na “máscara”, a melhora instantânea, projeção e voz mais
livre, a resistência, a ajuda nos problemas vocais, o aquecimento da voz, melhora na
qualidade sonora, entre outros. Na categoria fonte glótica, quando as justificativas
para uso dos tubos ocorriam pelo efeito percebido na fonte do som como suavizar a
coaptação das pregas vocais, a fonação fluida, a flexibilidade das pregas vocais, a
redução da constrição, a fonação sem esforço, a firmeza glótica, entre outros. Nos
aspectos relacionados ao corpo e respiração, foram selecionadas a consciência
39

corporal, a conexão com a respiração, a propriocepção, o equilíbrio de pressão


subglótica, o fluxo de ar contínuo, o apoio respiratório, a estabilidade aerodinâmica,
etc. Quando o motivo da escolha foram os aspectos relacionados ao filtro,
selecionamos a extensão do trato vocal, a ressonância, o controle de nasalidade,
brilho, a abertura dos espaços intraorais, a elevação do palato, quando amplifica a
parte posterior da faringe etc. Na última categoria outros, foram reunidos aspectos
que não relacionavam-se com a sonoridade, função ou efeito obtido, porém expunham
como objetivo colaborar com o engajamento da utilização dos tubos nas aulas de
canto como o feedback positivo dos alunos, a versatilidade do uso, o fato dele ser
cientificamente comprovado e também a possibilidade de realizar a fonação com o
tubo em conjunto com o repertório musical da aula. Uma parte dos sujeitos respondeu
termos relativos a mais de uma categoria enquanto outros participantes escolheram
apenas um assunto como justificativa para o trabalho com os tubos nas aulas de
canto.

A categoria efeito destaca-se com o maior número de participantes com 56%


da amostra. Uma das justificativas para que esse grupo seja o de maior relevância
entre os professores vai de encontro com a literatura (Costa et al., 2011; Guzman et
al., 2011; Fadel et al., 2106), na qual a eficácia sobre os efeitos imediatos após a
fonação com os tubos e a clareza de que ele traz resultados positivos (Titze, 2018) já
foi estabelecida tanto nos resultados de autoavaliação dos sujeitos participantes das
pesquisas, quanto nas análises acústicas referidas. Podemos observar um exemplo
do incentivo do uso do tubo pelo efeito em S14 “ o principal motivo é a melhora
instantânea da fonação, bastante perceptível aos ouvidos do aluno, que se
impressionam bastante com o resultado”. Os termos apresentados na literatura
assemelham-se aos encontrados nessa categoria como: voz mais fácil e melhora na
qualidade vocal (Guzman et al, 2011; Costa et al, 2011), voz mais estável e voz menos
tensa (Fadel et al, 2016). Um outro comentário importante sobre o destaque desse
grupo é revelado pela necessidade da resolução rápida – e muitas vezes superficial –
dos assuntos a serem trabalhados nas aulas de canto (Mariz, 2018; Campos, 2018).
O aluno busca uma fórmula efetiva que o capacite para o mercado de trabalho em
curto prazo e os exercícios com os tubos podem trazer uma falsa impressão de que o
resultado rápido é garantido. Entretanto, há um intervalo de tempo entre um som de
boa qualidade produzido após um exercício e a manutenção dessa sonoridade dentro
40

do repertório, que demanda uma apropriação dos mecanismos técnicos, em conjunto


do discurso musical, até o alcance do objetivo final na performance do cantor.

A segunda categoria mais referenciada foi a fonte glótica (41.3%). Podemos


observar que os relatos podem percorrer direções opostas nesse agrupamento, como
em S06 “Propiciar uma fonação sem esforços com um nível de adução de pregas
vocais mínimo, facilitando uma fonação fluída e a abertura dos espaços intraorais, que
o aluno em geral, tende a constringir” e o contrário em S22 “ Otimizar o fechamento
de prega, tonificar o músculo TA e adquirir mais volume”. Nesse caso, fica evidente
que os alunos retratados pelos professores de canto em cada situação, possuíam
características vocais diferentes. Simberg e Laine (2007) já haviam comentado sobre
essa dificuldade de raciocínio dentro da terapia vocal realizada com os tubos. A partir
desse cenário apresentado, o trabalho pode ser realizado com vozes de qualidades
opostas tanto hiperfuncionais quanto hipofuncionais. Os mesmos exercícios precisam
ser aplicados com variáveis diferentes em relação ao material, tamanho do diâmetro,
profundidade na água ou final no ar e também na quantidade de repetições.

A categoria corpo e respiração (33.3%) e a categoria filtro (30.7%) aparecem


bem próximas com uma menor quantidade de relatos sobre os seus efeitos. O trabalho
respiratório, corporal e também as variações ressonância e composição de timbres
demandam mais tempo e dedicação do professor de canto nas aulas. Muitas vezes
os alunos não se encontram concentrados o suficiente, devido ao foco nos efeitos
imediatos já relatados nas outras categorias, fazendo com que o professor precise de
munir-se de argumentos e explicações para modular os desejos dos alunos em
relação a uma construção de um trabalho vocal a longo prazo. Os tubos podem
funcionar muito bem como instrumentos que auxiliam na propriocepção do aluno,
devido ao alongamento artificial do trato vocal que colabora apontando assuntos que
estão escondidos dentro do corpo. Eles também monitoram o fluxo respiratório, tanto
na visualização de quanto tempo as bolhas se mantêm, como na constância e na
quantidade produzidas na água (Sovijärvi, 1965; Andrade et al., 2016). Através da
fonação com os tubos conseguimos perceber os ataques vocais realizados nas
melodias dos cantores que são refletidos na água, causando “ondas” por conta da
grande variação de pressão exercida, inclusive com a água extrapolando os limites do
recipiente em alguns casos. A pressão retroflexa pode colaborar para a observação
da movimentação no abdômen e dos músculos intercostais durante a respiração,
41

mesmo quando o exercício é realizado fora d’água, tanto na inspiração quanto na


expiração. Podemos observar as reflexões sobre o corpo nessas falas S65
“Consciência do aparelho vocal, em relação a passagem de ar e a fonação” e S69
“Conscientização de Apoio/Suporte respiratório”.

Em relação ao filtro, desde o início Sovijärvi (1965) já utilizava a fonação com


os tubos para o tratamento das vozes hipernasais. Em um momento mais atual, as
pesquisas que utilizaram a ressonância magnética como método de avaliação
(Laukkanen et al., 2012; Guzman et al., 2013; Yamasaki et al.,2016) conseguiram
observar como o trato vocal se comportava antes de depois da fonação com os tubos,
mas os resultados não apresentam um consenso sobre o posicionamento da laringe
e comportamento do espaço faríngeo após a realização dos exercícios (Maxfield et
al., 2014). Observamos que a impressão referida ao filtro na fala dos professores de
canto ainda desponta sem muito detalhamento como exemplo em S03 “Uso canudos
para objetivos variados nas aulas, por ex, para conscientizar o aluno com relação ao
seu posicionamento laríngeo”, e também em S29 “para melhorar a fonação pelo efeito
de pressão retroflexa, que ajuda no controle da nasalidade e também para trazer
melhor propriocepção do espaço interno do trato vocal”. Acredito que isso se deve ao
fato de que a ciência ainda precisa estabelecer com mais profundidade o que ocorre
na movimentação dos aspectos relativos a ressonância, quando realizamos a fonação
com os tubos (Titze, 2018).

Na categoria outros (13.3%) os professores utilizaram como justificativas dos


usos dos tubos conteúdos que não se relacionavam com a produção vocal. Os motivos
que variavam das outras categorias são as razões que os fizeram utilizar nas aulas
de canto. Os exemplos abaixo demostram como funcionou esse agrupamento: S37
“Auxiliar nos estudos das diversas técnicas”; S53 “Tenho um feed Back maravilhoso
dos alunos, eles relatam cantar com mais facilidade e melhor”; S73 “Percebi bons
resultados em minha própria voz, e os alunos relataram uma boa aceitação dessa
metodologia”; S 45 “de utilização cientificamente comprovada e uma alternativa
diferenciada para a cidade onde moro (Sorocaba) na qual poucas pessoas conhecem
e acabam valorizando e, portanto, utilizando mais do que outros métodos mais
tradicionais”. A partir dos depoimentos acima, não conseguimos perceber qual foi a
escolha vocal e a abordagem pedagógica que o professor fez ao escolher trabalhar
42

com os tubos nas aulas, entretanto, percebemos o credenciamento e o interesse que


a utilização desse recurso pode trazer tanto para os alunos, quanto para os docentes.

A Tabela 6 nos mostra a distribuição entre as categorias com efeito em primeiro


lugar com 15% seguida das demais combinações entre as categorias: fonte glótica
associada com efeito, fonte glótica com corpo e respiração, efeito com corpo e
respiração e a categoria outros, todas empatadas representando 6.7% da amostra.
Nessa tabela podemos perceber que a categoria efeito representa o maior número de
justificativas do porque os professores de canto utilizam os tubos nas aulas de canto.

Considerar todas as possiblidades de trabalho com os tubos e ouvir o efeito


resultante da fonação dentro de uma relação de movimento vocal coletiva descrita por
Titze (2018) pode ser o maior desafio na prática desses exercícios. A situação pode
se intensificar no caso da atuação profissional do professor de canto, pois o mesmo
precisa conduzir o percurso do desenvolvimento do aluno, alternando entre objetivos
funcionais e estéticos, e ainda dialogar com as linguagens e as dinâmicas inseridas
no contexto musical.

Nas tabelas 7, 8, 9 e 10 foram realizados os cruzamentos entre as categorias


efeito, fonte glótica, filtro, corpo e respiração com a formação profissional e o
tempo de profissão dos professores de canto. No entanto, não foram observadas
associações estatisticamente significativas. Dessa forma, acredito que as escolhas
dos professores não variam com relação a experiência profissional e nem com nível
educacional dos docentes dessa amostra.
43

7. Conclusão

O grupo de professores de canto investigados por essa pesquisa revelou que


executa a fonação com os tubos em suas aulas devido do efeito percebido após
realização desses exercícios. A aplicação desses instrumentos nas aulas de canto é
recente e o tubo flexível de plástico é o mais utilizado entre os docentes.

Na maioria dos sujeitos, as descrições sobre as justificativas do uso


acompanham os resultados obtidos na literatura, entretanto, alguns professores não
conseguiram apontar com clareza os motivos para a utilização desses recursos nas
aulas de canto.
44

8. Referências bibliográficas

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Editora da Universidade de São Paulo, 2015.
51

Anexos 1 – Parecer CEP


52
53

Anexo 2 – Termo CLE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

Fonação em tubos e canudos: aplicações no contexto de ensino


do canto

Marcela Gonzalez Martinez


marcellavoz@gmail.com Telefone: 11 976770978
Profa. Dra. Marta Assumpção de Andrada e Silva
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC
Programa de Pós-graduação em Fonoaudiologia
(11) 3670-8518

O propósito da pesquisa é investigar como e porque os professores de canto utilizam


os exercícios de tubos e canudos em sua prática educacional.

Informo que sua participação nesta pesquisa é voluntária. A sua participação na


pesquisa será responder um questionário e a mesma não trará qualquer benefício direto, mas
proporcionará um melhor conhecimento a respeito do trabalho técnico sobre o ensino de canto
popular no Brasil, na área de Fonoaudiologia e Música. A pesquisa tem risco mínimo e informo
também que o (a) sr. (a) tem o direito de manter-se atualizado (a) sobre os resultados parciais
da pesquisa e caso seja solicitado, eu lhe darei as informações pedidas.

As informações obtidas serão analisadas em conjunto com a orientadora da pesquisa


e você não será identificado. Utilizaremos os dados coletados somente para pesquisas
desenvolvidas neste universo e os resultados serão veiculados por meio de artigos científicos
em revistas especializadas e/ou em encontros científicos e congressos, sem nunca tornar
possível sua identificação. Você terá liberdade para desistir da participação no estudo, a
qualquer momento, sem qualquer prejuízo. Não existirão despesas ou compensações
financeiras relacionadas a esta participação.

Caso julgue estar devidamente ciente dos propósitos e procedimentos do estudo e das
garantias de confidencialidade, anonimato e esclarecimentos permanentes, e não tenha
ficado qualquer dúvida, e, caso aceite, reenvie este e-mail ao pesquisador, juntamente com o
questionário respondido, o que implica no seu consentimento em participar voluntariamente
da pesquisa.
54

_________________________________________

Sujeito - participante voluntário

________________________________________

Marcela Gonzalez Martinez

Pesquisadora

________________________________________

Profa. Dra. Marta Assumpção de Andrada e Silva

Orientadora

Comitê de Ética em Pesquisa da PUC-SP – Sede Campus Monte Alegre está disponível para os esclarecimentos
e localiza-se no andar térreo do Edifício Reitor Bandeira de Mello, sala 63-C na Rua Ministro Godói, 969 –
55

Anexo 3 – Questionário da pesquisa

Questionário de investigação: Fonação em tubos e canudos:


aplicações no contexto de ensino do canto

A) Identificação da amostra

1) Escreva as letras iniciais do seu nome: _____________

2) Qual a sua idade?

20-29 anos

30-39 anos

40-49 anos

50- 59 anos

Mais de 60 anos

3) Data de nascimento: ____________________

4) Sexo:

Masculino

Feminino

5) Qual o seu Estado (s) de atuação?

Acre AC
Alagoas AL
Amapá AP
Amazonas AM
56

Bahia BA
Ceará CE
Distrito Federal DF
Espírito Santo ES
Goiás GO
Maranhão MA
Mato Grosso MT
Mato Grosso do Sul MS
Minas Gerais MG
Pará PA
Paraíba PB
Paraná PR
Pernambuco PE
Piauí PI
Rio de Janeiro RJ
Rio Grande do Norte RN
Rio Grande do Sul RS
Rondônia RO
Roraima RR
Santa Catarina SC
São Paulo SP
Sergipe SE
Tocantins TO

6) Há quanto tempo você atua como professor(a) de canto?

2- 4 anos

4-6 anos

6-8 anos

8-10 anos

mais de 10 anos

7) Qual a sua formação profissional?

Cursos Livres

Especialização

Graduação
57

Pós-graduação (Mestrado e/ou Doutorado)

Outros

8) Quais gêneros de canto você ensina atualmente?

Canto erudito

Música Popular Brasileira

Teatro Musical e Belting

Rock e subgêneros

Sertanejo

Samba e Pagode

Outros

B) Investigação sobre o uso de tubos e canudos

1) Quais os tipos de tubos e canudos você utiliza com seus alunos de canto?

Tubo Finlandês de vidro

Tubo de silicone (LAX VOX ®)

Canudos rígidos (pirulito de tamanhos variados)

Canudo grande (refrigerante, milk-shake, etc.)

Outros _______________________

2) Onde você aprendeu a utilizar os tubos e canudos?


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
________________________________________________________
58

3) Há quanto tempo você usa os tubos e/ou canudos nas suas aulas?

Comecei agora (0- 5meses)

6 meses - 1 ano

1-2 anos

3-4 anos

Mais de 4 anos

4) Qual o motivo da escolha da utilização dos tubos e canudos com seus alunos de
canto?______________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

5) Descreva a forma de utilização de cada um dos tubos e canudos nas aulas de


canto:_______________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

6) Qual som é solicitado para a emissão com os tubos e canudos?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
59

Anexo 4 – Carta convite

São Paulo, __________ de ________________________________ de _____________

Caro(a) Professor(a) de Canto

Venho, por meio desse e-mail, lhe convidar para participar da pesquisa de Mestrado realizada
no Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia da PUC-SP, sob orientação da
fonoaudióloga Profª. Drª. Marta Assumpção de Andrada e Silva. Essa pesquisa tem a intenção de
entender as formas de utilização dos tubos e canudos pelos professores de canto. Para participar é
preciso utilizar as técnicas de tubos e/ou canudos e trabalhar como professor de canto por um período
mínimo de 2 anos.

Visto que nossa área carece de pesquisa científica, sua participação é fundamental, pois só
com a sua reflexão é que poderemos ter um material para analisar e comparar com a literatura. Para
você participar do estudo, basta responder a um questionário que lhe custará, no máximo, 15 minutos
do seu tempo.

Pesquisas no campo da Música e do Canto só enriquecem a nossa atuação e permitem o


repensar do nosso trabalho, algo essencial no papel de um docente. Por isso, se você aceitar, agradeço
em meu nome, em nome da classe dos professores de canto.

Assim que você enviar o aceite, você receberá o termo de consentimento livre e esclarecido,
na sequência, um roteiro para preenchimento do questionário e depois o questionário.

Desde já, obrigado pela atenção.

Marcela Martinez
Professora de canto e pesquisadora
Mestranda em Fonoaudiologia pela PUC-SP
Fone: (11) 976770978 - E-mail: marcellavoz@gmail.com
60

Anexo 5 – Instruções para responder o questionário

Prezado (a) participante

Ler as instruções para responder ao questionário:

1. O questionário apresenta questões abertas e fechadas, e para completá-lo você


precisa de 15 minutos aproximadamente.

2. Nas questões abertas, não há limite de caracteres para a resposta.

3. Todas as questões são obrigatórias, não sendo possível avançar sem responder.

4. Procure responder o questionário de uma só vez, sem consulta.

Se você apresentar alguma dúvida entre em contato pelo e-mail marcellavoz@gmail.com.


Agradeço a sua participação voluntária nessa pesquisa.

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