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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA MECÂNICA

Matheus Duarte Veloso

Avaliação da utilização de ressonadores de Helmholtz


no tratamento acústico de painéis duplos

Florianópolis

2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA MECÂNICA

Matheus Duarte Veloso

AVALIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE RESSONADORES DE


HELMHOLTZ NO TRATAMENTO ACÚSTICO DE PAINÉIS
DUPLOS

Dissertação submetida ao Programa


de Pós-Graduação em Engenharia Me-
cânica da Universidade Federal de
Santa Catarina para a obtenção do grau
de Mestre em Engenharia Mecânica .

Orientador:
Prof. Ph. D. Arcanjo Lenzi

Coorientador:
Prof. Dr. Eng. Gustavo Corrêa Martins

Florianópolis

2018
Veloso, Matheus Duarte
Avaliação da utilização de ressonadores de Helmholtz
no tratamento acústico de painéis duplos / Matheus Duarte
Veloso; orientador, Arcanjo Lenzi ; coorientador, Gustavo
Martins. - Florianópolis, SC, 2018. 141 p.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa


Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Mecânica.

Inclui referências

1. Engenharia Mecânica. 2. Acústica. 3. Controle de


Ruído. 4. Absorção Sonora. 5. Perda de Transmissão. 6.
Modelos Numéricos. I. Lenzi, Arcanjo II. Martins, Gustavo.
III. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Mecânica. IV. Título.
Matheus Duarte Veloso

AVALIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE RESSONADORES DE


HELMHOLTZ NO TRATAMENTO ACÚSTICO DE PAINÉIS
DUPLOS

Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título


de Mestre em Engenharia Mecânica e aprovada em sua forma
final pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 9 de julho de
2018.

Jonny Carlos da Silva., Dr. Eng.


Coordenador do Curso
Banca Examinadora:

Arcanjo Lenzi, Ph. D.


Orientador

Gustavo Corrêa Martins, Dr. Eng.


Coorientador

Andrey Ricardo da Silva, Ph. D.

Roberto Jordan, Dr. Eng.

Paulo Henrique Mareze, Dr. Eng.


Ao meu Pai, Herói e melhor amigo.
Agradecimentos

Agradeço primeiramente à Deus que me deu a vida e permitiu


que eu realizasse esse sonho. Aos meus pais, Edson veloso Filho (in
memoriam) e Nelma Duarte de Souza, por todo o empenho para
me propiciarem uma educação de qualidade e por acreditarem em
mim. Agradeço à minha irmã (Manuela Duarte Veloso Fontinele)
pelos bons momentos e por ter me dado a afilhada mais linda do
mundo. Agradeço também a minha namorada (Ana Luiza Garboci
Ferreira) por estar sempre ao meu lado, acreditando em mim e
tornando essa jornada mais tranquila.
Agradeço ao amigos feitos no Laboratório de Vibrações e Acústica
(LVA), em especial aos membros do XIRI: Wagner, Sérgio, Henrique,
Guilherme, Pedrão, Gleidson e José Pedro. Aos amigos do Projeto
SONIC II: Ricardo, Gustavo, Fábio, Luiz, Thiago e Júlio. Agradeço
também aos IC’s: Lucas, Marcos, Rafael e Matheus, pois sem a ajuda
deles muitos experimentos não teriam sido feitos no prazo.
Agradeço aos professores (Júlio e Andrey) do LVA que com-
partilharam os seus conhecimentos e contribuíram para o meu
crescimento profissional. Agradeço em especial ao professor
Arcanjo Lenzi (Chefe), que além de meu orientado foi um grande
amigo e me ensinou muito mais do que só acústica.
Agradeço ao Rodrigo e Coiote, pois graças à eles foi possível
realizar vários experimentos. Agradeço também as recepcionistas
do LVA: Any e Bruna que se tornaram grandes amigas e sempre
estavam dispostas a terem uma boa conversa e ajudarem à todos.
"Não importa quanto a vida possa ser ruim, sempre
existe algo que você pode fazer, e triunfar.
Enquanto há vida, há esperança."

Stephen Hawking f
Resumo

Este trabalho avalia a utilização dos ressonadores isolados ou em


conjunto com os materiais porosos para o tratamento termoacústico
de painéis duplos. Para a avaliação da perda de transmissão
(TL), inicialmente, foi criado um modelo numérico para avaliar
a absorção em tubo de impedância dos ressonadores e materiais
porosos. Os resultados foram validados utilizando o método das
matrizes de transferência (TMM) e o experimento no tubo de
impedância. Na sequência foi proposta uma configuração onde
o ressonador estava incluso no material poroso. Os resultados
obtidos para esta configuração foram comparados com TMM e
experimentos. Devido a algumas dúvidas no funcionamento
dos ressonadores, criou-se um modelo paramétrico para avaliar a
espessura da camada de ar na frente do pescoço do ressonador
(t) e a espessura de ar lateral ao pescoço do ressonador (R ar ).
Com este modelo foram definidos valores mínimos para t e R ar
para que tivesse funcionamento pleno. Por fim, foram utilizados
ressonadores com ou sem material poroso para a determinação
da TL de painéis duplos utilizando FEM, TMM e experimento em
câmaras reverberantes. Para as análises de TL foram feitas diversas
configurações a fim de determinar em qual delas os ressonadores
possuem maior influência na resposta da TL dos painéis. Com
os resultados obtidos, observou-se que para o modelo numérico
a melhor configuração teve um ganho de 10 dB na frequência de
sintonia do ressonador, já para o experimento esse ganho foi de
aproximadamente 11 dB.

Palavras-chave: Ressonadores. Painéis. Materiais porosos. Perda


de transmissão. FEM..
Abstract

This work evaluates the use of the resonators alone or in


conjunction with the porous materials for the thermoacoustic
treatment of double panels. For the evaluation of the transmission
loss (TL), initially a numerical model was created to evaluate
the absorption in impedance tube of the resonators and porous
materials. The results were validated using the transfer matrix
method (TMM) and the impedance tube experiment. In the
sequence, a configuration was proposed where the resonator was
included in the porous material. The results obtained for this
configuration were compared with TMM and experiments. Due
to some doubts in the operation of the resonators, the parametric
model was created to evaluate the thickness of the air layer in
front of the resonator neck (t) and the lateral air thickness to the
resonator neck (R ar ). With this model, minimum values for t and
R ar were defined for full operation. Finally, the resonators with
or without porous material were used for the determination of TL
of double panels using FEM, TMM and experiment in reverberant
chambers. For the TL analysis several configurations were made
in order to determine in which of them the resonators would
have greater influence in the TL response of the panels. With the
results obtained, it was observed that for the best configuration of
numerical model had a gain of 10 dB in the tuning frequency of the
resonator, already for the experiment that gain was approximately
11 dB.

Keywords: Resonators. Panels. Porous materials. transmission


Loss. FEM.

X
Lista de Figuras

1.1 Esquema dos componentes da cabine de uma


aeronave.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Curva típica de perda de transmissão de painéis
duplos com a inserção de material poroso.. . . . . . . . . . . . 2

2.1 Representação de um ressonador de um grau de


liberdade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2 Face perfurada sujeita a incidência normal. . . . . . . . . . . . 17
2.3 Subcamadas de uma face perfurada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.4 Arranjo de ressonadores de Helmholtz. . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.5 Exemplo de uma camada utilizada no TMM. . . . . . . . . . 22
2.6 Esquema das células periódicas unitárias. . . . . . . . . . . . . 26
2.7 Esquema da célula periódica unitária que acopla o
ressonador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3.1 Esquema da geometria utilizada no modelo. . . . . . . . . . 32


3.2 Esquema das condições de contorno utilizadas no
modelo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.3 Esquema ilustrativo da configuração adotada para
a malha de elementos finitos utilizada no modelo. . . 34
3.4 Análise de convergência do modelo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.5 Esquema do ensaio de absorção sonora. . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.6 Ressonador incluso em material poroso. . . . . . . . . . . . . . . 38
3.7 Ressonador incluso em material poroso. . . . . . . . . . . . . . . 39

XI
3.8 Comparação dos resultados analítico, numérico
e experimental para o ressonador de 5 mm de
comprimento de pescoço. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.9 Comparação dos resultados analítico, numérico
e experimental para o ressonador de 6 mm de
comprimento de pescoço. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.10 Comparação dos resultados analítico, numérico
e experimental para o ressonador de 7 mm de
comprimento de pescoço. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.11 Comparação dos resultados analítico, numérico e
experimental para a fibra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.12 Comparação dos resultados analítico, numérico e
experimental para a espuma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.13 Comparação dos resultados analítico, numérico e
experimental do ressonador de comprimento de
pescoço igual a 5 mm incluso na fibra. . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.14 Comparação dos resultados analítico, numérico e
experimental do ressonador de comprimento de
pescoço igual a 6 mm incluso na fibra. . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.15 Comparação dos resultados analítico, numérico e
experimental do ressonador de comprimento de
pescoço igual a 7 mm incluso na fibra. . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.16 Comparação dos resultados analítico, numérico e
experimental do ressonador de comprimento de
pescoço igual a 5 mm incluso na espuma. . . . . . . . . . . . . . 47
3.17 Comparação dos resultados analítico, numérico e
experimental do ressonador de comprimento de
pescoço igual a 6 mm incluso na espuma. . . . . . . . . . . . . . 47
3.18 Comparação dos resultados analítico, numérico e
experimental do ressonador de comprimento de
pescoço igual a 7 mm incluso na espuma. . . . . . . . . . . . . . 48

XII
4.1 Esquema da montagem do experimento criado
para avaliar a espessura de ar na frente do
ressonador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.2 Configuração da amostra para avaliação do parâ-
metro R ar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.3 Modelo para a avaliação da variação da camada de
ar no sentido radial ao pescoço do ressonador. . . . . . . . 51
4.4 Avaliação numérica da influência da camada de ar
na frente do pescoço do ressonador de 5 mm. . . . . . . . . 52
4.5 Avaliação experimental da influencia da espessura
de ar na frente do pescoço do ressonador (pescoço
de 5 mm). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.6 Avaliação numérica da influencia da camada de ar
na direção radial do pescoço do ressonador de 5 mm. 54
4.7 Avaliação experimental da influencia do diâmetro
da camada de ar na frente do pescoço de 5 mm. . . . . . 55

5.1 Esquema da geometria e dos componentes do


modelo numérico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
5.2 Esquema das condições de contorno utilizadas no
modelo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
5.3 Esquema ilustrativo do tamanho de cada elemento
utilizado para gerar as malhas do modelo numérico. 60
5.4 Malha de elementos finitos aplicada à configura-
ção de ressonadores entre painéis.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
5.5 Campo difuso utilizado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
5.6 Esquema da configuração analítica para a determi-
nação da matriz de transferência global do sistema. . 64
5.7 Barreira acústica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
5.8 Região onde posicionou-se as amostras para o
ensaio de TL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
5.9 Configurações ensaiadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
5.10 Configurações analisadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
5.11 Configurações analisadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

XIII
5.12 Comparação dos resultados numéricos para as
configurações A e D. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
5.13 Comparação dos resultados numéricos para as
configurações A, B e D. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
5.14 Comparação dos resultados numéricos para as
configurações B e E. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
5.15 Comparação dos resultados numéricos para as
configurações E, D e I. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
5.16 Comparação dos resultados numéricos para as
configurações H e J. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
5.17 Comparação dos resultados numéricos da IL para
as configurações F, H e J. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
5.18 Comparação da TL numérica, analítica e experi-
mental da configuração A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
5.19 Comparação da TL numérica, analítica e experi-
mental da configuração D. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
5.20 Comparação da TL numérica, analítica e experi-
mental da configuração B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
5.21 Comparação da TL numérica, analítica e experi-
mental das configuração I (numérico) e J (analítico
e experimental).. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
5.22 Comparação da TL numérica, analítica e experi-
mental da configuração G. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
5.23 Comparação dos resultados numéricos da IL para
as configurações F, H e J. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

A.1 Experimento utilizando o tubo de impedância


para avaliar a absorção dos ressonadores e mate-
riais porosos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
A.2 Amostra de fibra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
A.3 Ressonador imerso na espuma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
A.4 Configuração da TL dos painéis com fibra e
ressonadores em paralelo vista da câmara fonte. . . . . . 99
A.5 Configurações ensaiadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

XIV
B.1 Avaliação da influencia da espessura de ar na
frente do pescoço do ressonador (pescoço de 6 mm).101
B.2 Avaliação da influencia da espessura de ar na
frente do pescoço do ressonador (pescoço de 7 mm).102
B.3 Avaliação da influencia do diâmetro da camada de
ar na frente do pescoço de 6 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
B.4 Avaliação da influencia do diâmetro da camada de
ar na frente do pescoço de 7 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

XV
Lista de Tabelas

3.1 Comparação do resultado das frequências de


sintonia dos ressonadores para os três modelos. . . . . . 42
3.2 Parâmetros acústicos da fibra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

5.1 Tabela com as configurações de TL analisadas. . . . . . . . 69

XVII
Lista de Símbolos

a raio do pescoço do ressonador


Ae área do painel
Aeq área de absorção equivalente
c0 velocidade do som no ar
cv calor específico a volume constante
C matriz de amortecimento estrutural
d profundidade da superfície perfurada
Di diâmetro da célula interna
De diâmetro da célula externa
D rigidez a flexão
D matriz de amortecimento acústico
f0 frequência de ressonância (Hz)
f vetor de frequências
f max máxima frequência de análise
fl frequência mínima do tubo de impedância
fu frequência de corte do tibo de impedância
h espessura da amostra
H12 função de transferência de pressão entre os microfones 1 e 2
Hr parte real de H12

XIX
Hi parte imaginária de H12
H matriz de rigidez acústica
Im parte imaginária
⃗In vetor de intensidade sonora
J0 função de Bessel de ordem zero
J1 função de Bessel de ordem 1
J2 função de Bessel de ordem 2
k número de onda
K rigidez que representa o volume de gás contido no ressona-
dor
K matriz de rigidez estrutural
l comprimento característico da geometria
L comprimento do pescoço do ressonador
L′ comprimento corrigido do pescoço do ressonador
m massa de gás contida no pescoço do ressonador
Ms massa por unidade de área do ressonador
M matriz de massa
⃗n normal à superfície de contorno
⟨ NPS⟩ nível de pressão sonora médio no espaço
NPSre f nível de pressão sonora de referência
NWSre f nível de potência sonora de referência
Pr número de Prandtl
p amplitude complexa da pressão acústica
pi pressão sonora incidente
pr pressão sonora refletida

XX
p̂i magnitude da pressão sonora incidente
p̂r magnitude da pressão sonora refletida
p1 pressão sonora no microfone 1
p2 pressão sonora no microfone 2
Pn pressão estacionária
P0 pressão estática do fluido acústico
Pc amplitude da pressão acústica dentro do ressonador
P amplitude da pressão das ondas externas que incidem no
ressonador
⃗pe vetor de pressão agindo no elemento
⃗Per vetor de potência radiada de cada elemento
⃗P vetor de potência sonora radiada
q vetor de excitação nodal
Q fator de qualidade do ressonador
Q matriz de inercia acústica
R0 constante dos gases
R coeficiente de reflexão
R ar espessura de ar lateral ao pescoço do ressonador
Re parte real de um número complexo
Rr resistência a radiação sonora do ressonador
Rw resistência devido às perdas na parede do pescoço do
ressonador
Rp raio de uma superfície perfurada
RB componente resistiva
RS resistência de superfície

XXI
R matriz de acoplamento acústico-estrutural
Rij distância entre os centros dos i-ésimo e j-ésimo
⃗re vetor normal à cada elemento
rn razão de perfuração do elemento n
s fração de perfuração
se razão de áreas perfurada externa
si razão de áreas perfurada interna
S área da seção transversal do pescoço do ressonador
SL área da seção
Sp superfície do poro
Sp área da amostra
S matriz de acoplamento estrutural-acústico
S12 densidade espectral cruzada
S11 auto-espectro
T0 temperatura estática do fluido acústico
T matriz de transferência
Tf matriz de transferência do fluido
Ts matriz de transferência da placa fina
T HR matriz de transferência do ressonador
Tglobal matriz de transferência global
TPUC matriz de transferência da PUC
Tcamada,i matriz de transferência da camada i
t espessura da camada de ar na frente do pescoço do
ressonador
us deslocamento da fase sólida

XXII
uf deslocamento da fase fluida
V volume de gás contido no ressonador que representa a
rigidez
Vv velocidade de volume
Va volume de ar nos poros
Vt o volume total da amostra
⃗v vetor de amplitude complexa da velocidade de particula
V( M ) vetor de variáveis acústicas no ponto M
vm ⟨ M⟩ velocidade média espacial no ponto M
v0 ⟨ M0 ⟩ velocidade macroscópio media espacial no ponto M0
v2i (rw) velocidade quadrática do fluido na superfície dos poros
v2i (w) velocidade quadrática do fluido no interior dos poros
v3 velocidade normal
v⃗e vetor de amplitudes complexas do elemento
Yn termo da matriz de admitância
ZA impedância no ponto A
ZB impedância no ponto B
ZB′ impedância no ponto B’
Zc impedância de superfície
Z impedância acústica do ressonador
Zs impedância da placa fina
Z matriz de impedância dos elementos

Alfabeto grego

α coeficiente de absorção

XXIII
α∞ tortuosidade
αw coeficiente de absorção nas paredes do pescoço do ressona-
dor
θn ângulo de incidência
γ razão de calores específicos
εe comprimento corrigido externo
εi comprimento corrigido interno
λ comprimento de onda
Λ comprimento característico viscoso
Λ′ comprimento característico térmico
η viscosidade dinâmica do ar
κ̃e f módulo de compressibilidade efetivo
κ̃eq módulo de compressibilidade equivalente
κs módulo de compressibilidade da fase sólida do material
κb módulo de compressibilidade do material no vácuo
ρ amplitude complexa da densidade acústica
ρ0 densidade do som no ar
ρ f lex densidade do som no material modelado por JCA flexível
ρe f densidade efetiva
σ resistividade ao fluxo
σ33 tensão normal
σs tensor de tensões no vácuo
σSel condutividade elétrica da amostra saturada
ϕ porosidade
ω frequência angular

XXIV
ω0 frequência natural (rad/s)
ψn ângulo azimutal
τt amplitude complexa da temperatura acústica
τ coeficiente de transmissão

Lista de abreviaturas e siglas

ASTM American Society Test for Materials


div Divergente
grad Gradiente
FEM Finite Element Method
IL Insertion Loss
JCA Johnson Champoux Allard
LRF Low Reduced Frequency
LVA Laboratório de vibrações e Acústica
TL Transmission Loss
P-TMM Paralled Transfer Matrix Method
PUC Periodic Unit Cell
TMM Transfer Matrix Method

XXV
Sumário

1 Introdução 1
1.1 Objetivos e organização do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

2 Modelos e métodos para a análise de materiais porosos,


ressonadores e painéis 5
2.1 Modelos de materiais porosos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.1.1 Modelo de fluido equivalente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.1.1.1 Modelo de estrutura rígida (JCA rígido) . . 6
2.1.1.2 Modelo de estrutura flexível (JCA flexível) 8
2.1.2 Parâmetros acústicos dos materiais porosos . . . . . . . 8
2.1.2.1 Resistividade ao fluxo (σ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.1.2.2 Porosidade (ϕ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.1.2.3 Tortuosidade (α∞ ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.1.2.4 Comprimentos característicos térmico
(Λ′ ) e viscoso (Λ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.2 Modelos acústicos não dissipativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.2.1 Modelo acústico viscotérmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.3 Modelo de ressonador de Helmholtz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3.1 Frequência de ressonância de um ressonador de
Helmholtz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3.2 Dissipação no Ressonador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.3.3 Impedância acústica de superfícies perfuradas . . . 16
2.3.4 Impedância acústica de um arranjo de ressona-
dor de Helmholtz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

XXVII
2.4 Método das matrizes de transferência-TMM Transfer
Matrix Method . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.4.1 Matriz de transferência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.4.1.1 Fluido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.4.1.2 Placa fina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.4.1.3 Ressonador de Helmholtz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.4.1.4 Matriz de transferência global . . . . . . . . . . . . . . 24
2.4.1.5 Absorção e perda de transmissão . . . . . . . . . . 24
2.4.2 P-TMM(Parallel Transfer Matrix Method) . . . . . . . . . . . . 25
2.5 Método dos elementos finitos-FEM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.5.1 Modelo acústico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.5.2 Modelo estrutural. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.5.3 Acoplamento fluido-estrutura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

3 Resultados experimentais e validação numérica 31


3.1 Modelo numérico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.1.1 Geometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.1.2 Condições de contorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.1.3 Malha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.2 Análise experimental em tubo de impedância . . . . . . . . . . . 35
3.2.1 Descrição do ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.2.1.1 Definição da função de transferência
entre as duas posições de microfone. . . . . . . 37
3.2.1.2 Determinação do coeficiente de reflexão
e do coeficiente de absorção. . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.2.2 Amostras utilizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.3 Modelo analítico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.4 Validação dos resultados numéricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

4 Análise dos efeitos de montagem dos ressonadores 49


4.1 Modelo parametrizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.2 Análise dos resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.2.1 Resultados da avaliação do parâmetro t . . . . . . . . . . . 51
4.2.2 Resultados da avaliação do parâmetro R ar . . . . . . . . . 53

XXVIII
5 Aplicação de ressonadores e materiais porosos em
painéis duplos 57
5.1 Modelo numérico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
5.1.1 Geometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
5.1.2 Condições de contorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
5.1.3 Malha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
5.1.4 Aproximação da TL com campo difuso . . . . . . . . . . . . 61
5.2 Modelo TMM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
5.3 Determinação experimental da perda de transmissão . . 64
5.3.1 Equipamentos utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
5.3.2 Descrição do ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
5.3.3 Amostras utilizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
5.4 Análise dos resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
5.4.1 Configurações analisadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
5.4.2 Análise numérica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
5.4.3 Comparação com resultados analíticos e expe-
rimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

6 Conclusões 83
6.1 Sugestões para trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

Referências bibliográficas 87

Apêndices 95

A Configurações e montagens experimentais 97

B Resultados da absorção sonora para os parâmetros t e R ar 101


B.1 Avaliação da espessura da camada de ar na frente do
pescoço (Experimento) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
B.2 Avaliação da influencia do diâmetro da camada de ar
na frente do pescoço (experimento) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102

XXIX
1 Introdução

Painéis são amplamente utilizados nas indústrias aeronáutica


e automotiva, e o seu estudo vibroacústico é de fundamental
relevância para melhor compreender suas características. Na
indústria aeronáutica, painéis duplos (Figura 1.1) com a inserção
de material absorvedor, isoladores, reforços e outros componentes
são comumente utilizados [1, 2]. Desta forma, massa, rigidez
e amortecimento das placas são parâmetros que influenciam
diretamente no desempenho vibroacústico dos painéis [1].

Figura 1.1.: Esquema dos componentes da cabine de uma aeronave [1].

Buscando uma melhor performance acústica dos painéis, utiliza-


se material poroso entre as placas, visando obter um aumento na
perda de transmissão (TL) do conjunto [2–4]. Apesar da sua eficácia,
a utilização do material poroso, quando deseja-se aumentar a
TL, está restrita às médias e altas frequências, pois atenua as
ressonâncias da cavidade.
Com o objetivo de aumentar a perda de transmissão em uma
região onde o material poroso não é tão eficiente, alguns trabalhos
propuseram a utilização de ressonadores de Helmholtz [5–7]. Na
Figura 1.2 pode-se ver o efeito da adição de material poroso entre

1
Capítulo 1. Introdução

painéis e a região onde deseja-se aumentar a perda de transmissão.

Figura 1.2.: Curva típica de perda de transmissão de painéis duplos com


a inserção de material poroso [8].

Embora alguns trabalhos utilizem um ou vários ressonadores,


sozinho ou em conjunto com material poroso, percebe-se que os
resultados desses trabalhos não são claramente conclusivos. Entre-
tanto, quando ressonadores são utilizados no controle de ruído de
dutos, como sistemas de refrigeração de automóveis e aeronaves,
percebe-se que os resultados obtidos são muito satisfatórios [9–11].

1.1 Objetivos e organização do trabalho

O objetivo principal deste trabalho consiste na construção de um


modelo numérico capaz de avaliar a utilização de ressonadores de
Helmholtz em conjunto com material poroso entre os painéis. Com
o intuito de se obter um modelo que se aproxime mais do
fenômeno físico, foram testadas algumas configurações, visando
obter o melhor resultado. Para atingir o objetivo principal, objetivos

2
1.1. Objetivos e organização do trabalho

específicos serão executados ao longo dos capítulos deste trabalho


conforme descrito abaixo.
No Capítulo 2 serão apresentados os modelos e métodos para
as análises do ressonador e material poroso, sendo descritas
as equações que regem os princípios físicos dos mesmos. Será
apresentado também o método das matrizes de transferência
(TMM) para o ressonador e material poroso e a formulação
utilizada no método dos elementos finitos (FEM).
Em seguida, no Capítulo 3, serão apresentadas validações
experimentais dos sistemas modelados com os modelos e métodos
utilizados no Capítulo 2. Serão validados os modelos, em tubo de
impedância, do ressonador, do material poroso e do ressonador
inserido no material poroso.
Para o esclarecimento de alguns princípios de funcionamento
do ressonador, no Capítulo 4, foram avaliados parâmetros como
espessura da camada de ar na frente e lateralmente ao pescoço do
ressonador através de FEM. Em seguida os resultados numéricos
obtidos foram comparados com resultados experimentais a fim de
avaliar os mesmos parâmetros.
Após um melhor entendimento do funcionamento do ressona-
dor, no Capítulo 5, utilizou-se o mesmo sozinho ou em conjunto
com material poroso, visando aumentar a TL de painéis duplos. A
fim de se obter um melhor resultado, algumas configurações em
FEM foram testadas. Em seguida foram comparados os resultados
obtidos em FEM com TMM e com experimento em câmaras
reverberantes.
Finalmente, no Capítulo 6, são apresentadas as conclusões,
destacando-se os resultados obtidos, e propostas para trabalhos
futuros.

3
2 Modelos e métodos para a análise
de materiais porosos, ressonadores e
painéis

Neste capítulo serão apresentados os modelos analíticos para


materiais porosos, ressonadores e painéis. Além disso, serão apre-
sentados métodos analíticos como o das matrizes de transferência,
TMM (acrônimo do inglês para Transfer Matrix Method), e uma
abordagem numérica usando o método dos elementos finitos, FEM
(acrônimo do inglês para Finite Element Method).

2.1 Modelos de materiais porosos

Materiais porosos são constituídos por uma fase sólida (es-


queleto) e uma fase fluida. A fase sólida possui locais sem
preenchimento, ou seja, poros [12]. Para que o material poroso
atue como um absorvedor acústico, é necessário que estes poros
estejam abertos, pois desta forma ondas sonoras podem adentrar
no material e serem dissipadas na forma de calor [13].
A dissipação acústica [13, 14] no interior dos materiais porosos
ocorre devido à interação entre a fase solida e a fluida. As perdas
podem ser de natureza viscosa e térmica.
Segundo Biot em 1956 [15], três ondas se propagam em um
substrato poroso, sendo duas ondas de compressão, uma para a
fase fluida e outra para a fase solida, e a terceira é considerada uma
onda de cisalhamento. Biot desenvolveu uma equação matemática
capaz de descrever esse comportamento, sendo que em 1998
Allard reformulou essa equação, transformando-a em duas outras

5
Capítulo 2. Modelos e métodos para a análise de materiais porosos,
ressonadores e painéis
equações acopladas:

div σ s + ρ̃s ω 2 us + γ̃ grad p = 0, (2.1)

ϕ ϕ
∇2 p + p + γ̃ div us = 0, (2.2)
ω 2 ρ̃ ef K̃ef

onde us e u f são os deslocamentos na fase sólida e fluida,


respectivamente, σs é o tensor de tensões no vácuo, ϕ é a
porosidade, ρ̃e f é a densidade efetiva e o K̃ef é modulo de
compressibilidade efetivo. Os parâmetros ρ̃s e γ̃ são dados por:
 
ρ0
ρ̃s = ρ1 + ϕρ0 1 − , (2.3)
ρ̃ef

ϕρ0 K
γ̃ = + b − 1, (2.4)
ρ̃ef Ks

sendo Ks o módulo de compressibilidade da fase sólida do


material e Kb o módulo de compressibilidade do material no
vácuo. Na Equação 2.1, os dois primeiros termos representam o
comportamento dinâmico do material no vácuo e os dois primeiros
termos da Equação 2.2 representam o comportamento do material
quando a fase sólida é considerada imóvel (rígida). O último termo
em ambas as equações representa o acoplamento entre as fases.

2.1.1 Modelo de fluido equivalente


Na literatura [13, 15] é possível encontrar simplificações do
modelo poroelástico dado pelas Equações 2.1 e 2.2. A seguir, serão
apresentados dois modelos de fluido equivalente utilizados neste
trabalho.

2.1.1.1 Modelo de estrutura rígida (JCA rígido)


Quando a impedância característica do fluido saturante é muito
menor que a da fase sólida, a estrutura não vibra devido à excitação

6
2.1. Modelos de materiais porosos

acústica. Assim, há somente uma onda de compressão que se


propaga pelo fluido. Nessa situação, a estrutura é considerada
rígida e a representação do meio poroso pode ser simplificada por
um fluido equivalente representado por ρ̃ e κ̃ [8].
Quando a estrutura do material é dita rígida, admite-se que us =0
e σs =0. A Equação 2.1 pode ser simplificada, resultando na equação:
ρ̃eq
∇2 p + ω 2 p = 0, (2.5)
κ̃eq

onde ρ̃eq e K̃eq são a densidade e o módulo de compressibilidade


equivalentes, respectivamente. Ambas as propriedade são dadas
em função da porosidade pelas seguintes relações:
ρ̃ef
ρ̃eq = , (2.6)
ϕ

κ̃ef
κ̃eq = . (2.7)
ϕ

Os parâmetros densidade e módulo de compressibilidade efeti-


vos são apresentados nos trabalhos [16–18] onde são considerados
os efeitos viscosos e térmicos, sendo dados por:
 
 2
 12
ϕσ 4ωρ0 ηα
ρ̃ef (ω ) = ρ0 α∞ 1 + 1 + j 2 2 2∞  , (2.8)
jωρ0 α∞ σ ϕ Λ

onde η é a viscosidade dinâmica do ar e

γP0
K̃e f (ω ) = , (2.9)
  12 −1
Λ ′2

8η ωPrρ0
γ − ( γ − 1) 1 + jωPrλ′2 ρ0
1+j 16η

onde γ é a razão entre os calores específicos e Pr é o número de


Prandtl.

7
Capítulo 2. Modelos e métodos para a análise de materiais porosos,
ressonadores e painéis
2.1.1.2 Modelo de estrutura flexível (JCA flexível)
Nos trabalhos dos autores [19, 20] foi desenvolvida uma expres-
são para a densidade equivalente flexível a partir de simplificações
das Equações 2.1 e 2.2 de acoplamento do modelo de Biot. Partindo
da hipótese de que κκBS ≃ 0, a densidade ρeflex pode ser obtida por:

ρeeq (ω )ρm − ρ20


ρeflex ≈ . (2.10)
ρm + ρeeq (ω ) − 2ρ20

Pela Equação 2.10 obtém-se a densidade flexível a partir da


densidade equivalente [17]. O modelo de fluido equivalente em que
a estrutura é considerada flexível é denominado JCA-flexível. Vale
ressaltar que o modelo de estrutura flexível é implementado a partir
de uma alteração na densidade equivalente e nenhuma alteração é
realizada no módulo de compressibilidade equivalente.
Quando o material possui um baixo módulo de cisalhamento,
pode-se dizer que o mesmo é flexível, sendo considerado zero, logo
a estrutura sólida do material não resiste à excitação acústica κκbs ∼
=0
e o campo de deformação desaparece (σ = 0). No entanto, o campo
s

de velocidade não se anula e, desta forma, apenas uma onda de


propagação é considerada [19]:
ρ̃flex
∇2 p + ω 2 p = 0. (2.11)
κ̃eq

2.1.2 Parâmetros acústicos dos materiais porosos


Os modelos analíticos que descrevem o comportamento acústico
dos materiais porosos fazem uso de alguns parâmetros macroscó-
picos caracterizadores [12, 21], descritos a seguir.

2.1.2.1 Resistividade ao fluxo (σ)


A resistividade ao fluxo é representada pelo gradiente de
pressão de uma amostra de material pela velocidade média de
escoamento que atravessa o mesmo [13]. Segundo os autores de [22]

8
2.1. Modelos de materiais porosos

a resistividade ao fluxo é o principal parâmetro que representa a


dissipação viscosa nos materiais porosos medida de acordo com:

( p2 − p1 ) S
σ= , (2.12)
Vv h

onde (p2 − p1 ) é a diferença de pressão entre as faces do material


e é dada em Pascal [Pa], S é a área da superfície em m2 , Vv é a
vazão volumétrica através da amostra, em ms , e h é a espessura da
3

amostra, em metros [m].

2.1.2.2 Porosidade (ϕ)


A porosidade é uma razão entre o volume de ar nos poros abertos
e o volume total da amostra [13]:
Va
ϕ= , (2.13)
VT

onde Va é o volume de ar nos poros da amostra e VT é o volume total


da amostra.

2.1.2.3 Tortuosidade (α∞ )


A tortuosidade representa o caminho sinuoso que é percorrido
pelo fluido dentro da estrutura do material.A tortuosidade também
pode ser vista com um fator que expressa o aumento aparente
da densidade do fluido quando o mesmo está percorrendo um
caminho tortuoso [21]. O autor de [22] define a tortuosidade como
a razão da velocidade microscópica de propagação vm ( M ) (média
quadrática espacial), em um ponto M, e a velocidade macroscópica
v( M0 ) (ao quadrado):

2
vm ( M ) V
α∞ = , (2.14)
v20 ( M0 )

onde ⟨⟩V representa a média espacial em um elemento representa-


tivo de volume.

9
Capítulo 2. Modelos e métodos para a análise de materiais porosos,
ressonadores e painéis

2.1.2.4 Comprimentos característicos térmico (Λ′ ) e viscoso (Λ)


O comprimento característico viscoso Λ foi definido pelo autor
do trabalho [16] como um ajuste dos efeitos viscosos nas altas
frequências. O comprimento característico viscoso Λ representa o
raio hidráulico médio dos poros menores. Estes poros podem ser in-
terpretados como as interseções que unem os poros grandes, onde
as dissipações viscosas são predominantes [14]. O comprimento
característico viscoso Λ pode ser obtido de [17]:
R 2
2 v (rW ) dA
= RA i 2 . (2.15)
Λ v (r) dVP
VP i

Considerando um fluxo constante e um fluido não viscoso


em uma estrutura porosa, v2i (rW ) é a velocidade do fluido na
superfície dos poros, integrada no numerador ao longo da área da
superfície A em um volume elementar representativo. A velocidade
v2i (r) dVP está presente no interior dos poros, sendo integrada no
denominador, considerando todo o volume VP do poro [13].
Na sequência, o comprimento característico térmico Λ′ foi
introduzido pelo trabalho [18] de forma análoga ao comprimento
característico viscoso e representa o raio hidráulico médio dos poros
maiores, onde a área maior favorece o fluxo de calor entre o fluido
e a estrutura sólida do material. O comprimento característico
térmico caracteriza o comportamento em altas frequências do
módulo de compressibilidade efetivo. O valor de Λ′ pode ser obtido
de [18]:
R
2 SP
dSP
= . (2.16)
Λ′
R
VP
dVP

A integral no numerador é realizada ao longo de toda a área da


superfície do poro SP , em um volume elementar representativo. A
integral do denominador é realizada ao longo do volume VP do

10
2.2. Modelos acústicos não dissipativos

poro [13].

2.2 Modelos acústicos não dissipativos

Os modelos acústicos são desenvolvidos a partir de equações


conservativas onde os termos de viscosidade e condução térmica
do fluido estão presentes. Assumindo que não há ação de forças de
corpo no fluido, as equações conservativas são dadas por [23]. O
modelo da acústica clássica considerando a hipótese de fluido ideal
é dado (de forma simplificada) por:

jωρ0⃗v + ∇ p = 0, (2.17)

jωρ0 Cv τ + P0 ∇⃗v = 0, (2.18)

jωρ + ρ0 ∇⃗v = 0, (2.19)

p = R0 (ρ0 τ + ρT0 ), (2.20)

sendo ⃗v o vetor de amplitude complexa da velocidade de partícula,


p a amplitude complexa da pressão acústica, τ a amplitude
complexa da temperatura acústica, ρ a amplitude complexa da
densidade acústica, T0 a temperatura estática do fluido acústico, R0
a constante dos gases, P0 a pressão estática do fluido acústico e Cv
o calor específico a volume constante.
Ao isolar ρ, na Equação 2.20, e substituí-la na Equação 2.19
rearranjando-se os termos, obtém-se:
 
p τ
jω − + ∇⃗v = 0. (2.21)
P0 T0

Isolando a variável τ na Equação 2.21 e substituindo na


Equação 2.18, obtém-se:

11
Capítulo 2. Modelos e métodos para a análise de materiais porosos,
ressonadores e painéis

jω p + γP0 ∇⃗v = 0, (2.22)

sendo γ a razão de calores específicos.


Aplicando o operador ∇ na Equação 2.17 e substituindo o termo
∇⃗v pela Equação 2.22, obtém-se:

ω2
∇2 p + p = 0, (2.23)
c20

sendo c0 a velocidade do som no meio acústico definida por:


s
γP0
c0 = . (2.24)
ρ0

2.2.1 Modelo acústico viscotérmico


Os ressonadores de Helmholtz avaliados neste trabalho possuem
uma dimensão reduzida em sua entrada, também chamada de
pescoço do ressonador. Devido a esta dimensão, efeitos visco-
térmicos tornam-se importantes na propagação acústica [24–26],
sendo importante a inclusão destes no modelo acústico. Visando
um menor custo computacional optou-se pela utilização do modelo
Low Reduced Frequency (LRF) afim de representar os efeitos
viscotérmicos que ocorrem no pescoço do ressonador
A abordagem LRF permite a inclusão de efeitos viscotérmicos
em geometrias simples, podendo ser vista nos trabalhos [24–
26]. De forma geral, o modelo LRF resulta na seguinte equação de
Helmholtz ponderada por funções que variam na frequência:

B(s)∇2 p − D ′ (s, Pr )k20 p = 0, (2.25)

sendo D ′ , s e Pr dados por:

D ′ (s, Pr ) = γ + (γ − 1) D (s, Pr ), (2.26)

12
2.3. Modelo de ressonador de Helmholtz

r
ωρ0
s=l , (2.27)
µ

µC p
Pr = , (2.28)
κ
onde s é o número de onda de cisalhamento, Pr é o número
de Prandtl e l é o comprimento característico da geometria. As
funções B(s) e D(s,Pr ) têm como função representar os efeitos
viscosos e térmicos, respectivamente. A obtenção destas funções se
dá analiticamente, como apresentado em [25, 26].
Considerando geometrias no formato de tubos, tem-se que o raio
é o comprimento característico. Desta forma as funções do modelo
LRF são dadas por:
3
J2 (j2 s)
B(s) = 3 , (2.29)
J0 (j2 s)
3 √
J2 (j2 s Pr )
D (s, Pr ) = 3 √ , (2.30)
J0 (j2 s Pr )

onde J2 e J0 são funções de Bessel de ordem dois e zero,


respectivamente.

2.3 Modelo de ressonador de Helmholtz

Nesta seção será apresentado o modelo analítico de um resso-


nador de Helmholtz. Além disso, serão deduzidas as expressões
da frequência de sintonia (frequência natural) e da impedância de
superfície para arranjos de ressonadores, por ser este o intuito deste
trabalho.

2.3.1 Frequência de ressonância de um ressonador de Helmholtz


Considerando o ressonador de Helmholtz da Figura 2.1, sabe-se
que o mesmo é um filtro que tem comportamento semelhante ao de

13
Capítulo 2. Modelos e métodos para a análise de materiais porosos,
ressonadores e painéis
um sistema massa-mola [8]. Este filtro é sintonizado na frequência
de ressonância de um respectivo sistema massa-mola de um grau
de liberdade. Considera-se que a massa de gás contida no gargalo
representa a massa do sistema. Já o volume de gás contido dentro
do recipiente representa a rigidez do mesmo.

Figura 2.1.: Representação de um ressonador de um grau de


liberdade [8].

Para a frequência de interesse, assume-se que o comprimento de


1 1
onda λ seja »L, »V 3 e »S 2 [27]. Desta forma a massa de fluido efetiva
no pescoço do ressonador é dada por [8, 27]:

m = ρ0 SL′ , (2.31)

onde

L′ = L + 2 × 0, 85a = L + 1, 7a (terminação flangeada) (2.32)

L′ = L + (0, 85 + 0, 65) a = L + 1, 5a (terminação não flangeada)


(2.33)
sendo L′ o comprimento corrigido do pescoço, L o comprimento
do pescoço, a o raio do pescoço e S a área da seção transversal do
pescoço do ressonador.
Para determinar a rigidez do sistema aproxima-se o pescoço por
um pistão [28]. Quando esse pistão é deslocado de uma distância
ξ, o volume da cavidade é variado (∆V=−Sξ) resultando em uma
∆ρ
condensação ρ = −V∆V = Sξ
V , logo o aumento da pressão é dado por:

14
2.3. Modelo de ressonador de Helmholtz

∆ρ Sξ
p = ρ0 c2 = ρ0 c2 . (2.34)
ρ V

Com o aumento da pressão devido ao deslocamento ξ, é


necessário aplicar uma força F para manter o mesmo deslocamento
(F=Sp=kξ) [29]. Logo, a rigidez efetiva é dada por:

ρ0 c20 S2

k = − , (2.35)
V

na qual, V é o volume de gás no interior do ressonador; ρ0 é a


densidade do ar e c0 é a velocidade do som no ar. O módulo é
utilizado na Equação 2.35 apenas para que o valor da rigidez obtida
seja positivo.
Aplicando uma força harmônica F=SPejωt na abertura do
ressonador, e utilizando a segunda lei de Newton tem-se:

d2 ξ dξ
m 2
+ ( Rr + Rw ) + kξ = SPejωt , (2.36)
dt dt
sendo Rr a resistência a radiação sonora e Rw a resistência devido
as perdas na parede do pescoço. Com base na Equação 2.36
do movimento é possível obter a frequência de ressonância do
ressonador [28], dada por:
r r
S c0 S
ω0 = c 0 ′
(rad/s) ou f 0 = (Hz). (2.37)
LV 2π L′ V

2.3.2 Dissipação no Ressonador


A resistência total em um ressonador de Helmholtz é a soma da
resistência de radiação Rr e da resistência proveniente às perdas nas
paredes do pescoço Rw [13, 27, 28]. A radiação sonora na terminação
do pescoço do ressonador depende do tipo de terminação [28,
30]. Para a terminação flangeada:

ρ0 cK2 S2
Rr = , (2.38)

15
Capítulo 2. Modelos e métodos para a análise de materiais porosos,
ressonadores e painéis
e para a terminação não flangeada:

ρ0 cK2 S2
Rr = . (2.39)

O termo Rw representa as perdas viscotérmicas, que para este
trabalho foram obtidas utilizando o modelo LRF, podendo ser
expresso em função do coeficiente de absorção para as perdas nas
paredes αw [29]. O coeficiente de absorção nas paredes pode ser
obtido da expressão Qw = 2αKw = ωR0wm , logo a resistência devido
às perdas viscotérmicas é:
ω0 m
Rw = = 2mcαw , (2.40)
Qw

onde Q é o fator de qualidade do ressonador de Helmholtz [5, 27,


28], e a resistência total do ressonador é dada por:

R m = Rr + R w . (2.41)

Com relação ao fator de qualidade do ressonador de Helmholtz


Q, o mesmo pode ser considerado também como fator de amplifi-
cação da pressão. Este fator representa a razão entre a amplitude
da pressão acústica dentro do ressonador PC com a amplitude da
pressão das ondas externas que incidem no ressonador P [5, 28]:
Pc
= Q. (2.42)
P

2.3.3 Impedância acústica de superfícies perfuradas


Nesta seção será abordado o cálculo da impedância acústica em
superfícies perfuradas para posteriormente determinar a impedân-
cia superficial de um arranjo de ressonadores. Na Figura 2.2 é
possível ver o fluxo através de camadas perfuradas com um raio
R e profundidade d. Esse fluxo causa um aumento na energia
cinética, tendo efeito semelhante à tortuosidade presente nos meios
porosos [31].

16
2.3. Modelo de ressonador de Helmholtz

Figura 2.2.: Face perfurada sujeita a incidência normal [13].

A impedância no ponto B, ou seja no contorno, é dada pela


impedância do meio (impedância de superfície Zc s) adicionada
ao efeito de massa por unidade de área perfurada, resultando na
expressão:

ZB = Zc s + jωε e ρ0 , (2.43)

sendo s a fração de perfuração e ε e um comprimento que deve


ser adicionado às perfurações cilíndricas. Quando s1/2 < 0,4, esse
comprimento ε e pode ser aproximado por [7, 13]:
1 1
ε e = 0, 48S 2 (1 − 1, 14s 2 ). (2.44)

Devido à dissipação viscosa na abertura e a superfície do


elemento, a impedância ZB apresenta uma componente resistiva

17
Capítulo 2. Modelos e métodos para a análise de materiais porosos,
ressonadores e painéis
R B , que foi negligenciada na Equação 2.43, e que deve ser
adicionada à Zc s. Segundo Nielsen (1949) R B é dado por:

R B = RS , (2.45)

1 1
RS = (2ηρ0 ω ) 2 , (2.46)
2
onde RS é a resistência de superfície.

Segundo apontado em [32], para determinar a impedância no


ponto A, duas massas e duas correções viscosas (2ε e jωρ0 e d jωρ0 )
foram adicionadas aos dois lados da face perfurada, além disso é
necessário considerar a influência da resistividade ao fluxo. Desta
forma a impedância Z A torna-se:
 
2d
ZA = + 4 Rs + (2ε e + d) jωρ0 + Zc s, (2.47)
R
 
na qual o termo 2d R + 4 Rs representa a resistividade ao fluxo no
furo circular de comprimento d.
A Equação 2.43 fornece o valor da impedância na face da su-
perfície perfurada. Considerando agora uma superfície perfurada
multicamadas, como mostrado na Figura 2.3, e o ponto B’ localizado
próximo ao ponto B na fonteira da superfície perfurada, tem-se que
a impedância no ponto B’ de modo simplificado é dada por:

18
2.3. Modelo de ressonador de Helmholtz

Figura 2.3.: Subcamadas de uma face perfurada [13].

 R 2
vm,n J12 2π D (m + n2 ) Zm,n ( B)

sZ0,0 ( B) 4
Z(B ) =′
ϕ( L)
+ ∑ ( m2 + n2 )
, (2.48)
π m,n ϕ ( L )

onde ϕ( L) representa a porosidade na n-ésima camada, J1 a


função de Bessel de primeira ordem, (m,n) representa a ordem do
modo contido no duto circular e Zm,n ( B) é o termo que contém a
impedância superficial Zc que consta nas Equações 2.43 e 2.47. A
impedância no ponto A em função da impedância no ponto B’ é
dada por:

Z ( A) = Z ( B′ ) + j(ε e + d)ρ0 ω. (2.49)

2.3.4 Impedância acústica de um arranjo de ressonador de


Helmholtz
Uma superfície perfurada pode ser considerada um ressonador
de Helmholtz se as suas superfícies de contorno são consideradas
rígidas e impermeáveis. Na Figura 2.4 é possível ver um arranjo de
ressonadores:

19
Capítulo 2. Modelos e métodos para a análise de materiais porosos,
ressonadores e painéis

Figura 2.4.: Arranjo de ressonadores de Helmholtz [13].

A impedância Z0,0 ( B) é derivada da Equação 2.48 de Z ( B′ ) [13],


onde ϕ( L) = 1 e D é substituído por Di obtendo:

Z0,0 ( B) = − jZc cot(ke), (2.50)

sendo e o comprimento do cilindro. Considerando frequências


abaixo de Dc0i , pode-se representar os efeitos dos modos de mais alta
ordem (Equação 2.48), pelo efeito do comprimento adicional efetivo
jωρ0 ε i [13], sendo ε i dado por:
1
ε i = 0, 48S 2 (1 − 1, 14si ), (2.51)

onde
s
S
si = , (2.52)
Di2

sendo S a área da seção transversal do pescoço do ressonador e Di o


diâmetro da célula interna (volume do ressonador). Com isso, tem-
se que a impedância no ponto B é dada por:

20
2.4. Método das matrizes de transferência-TMM Transfer Matrix
Method

Z ( B) = − jsi Zc cot(Ke) + jε i ρ0 ω. (2.53)

Para determinar o comprimento adicional efetivo para a parte


externa do ressonador tem-se:
1
ε e = 0, 48S 2 (1 − 1, 14se ), (2.54)

onde
s
S
se = , (2.55)
De2

sendo De o diâmetro da célula externa (distância entre ressonado-


res).
Por fim, rescrevendo a Equação 2.49 e com os valores de ε i e ε e é
possível determinar a impedância acústica do ressonadores:
   
1 2d
Z= jsi Zc cot(Ke) + j(ε e + ε i + d)ωρ0 + + 4 Rs . (2.56)
se R

É importante ressaltar que a formulação apresentada refere-se a


ressonadores com pescoço de seção circular.

2.4 Método das matrizes de transferência-TMM Transfer


Matrix Method

O TMM é um método de propagação sonora em um sistema mul-


timacadas [13]. As camadas podem ser do tipo sólido viscoelástico,
material poroelástico, ar, membrana, entre outros.

21
Capítulo 2. Modelos e métodos para a análise de materiais porosos,
ressonadores e painéis

Figura 2.5.: Exemplo de uma camada utilizada no TMM. [13]

A Figura 2.5 representa o conceito do método onde a camada


pode ser representada por uma matriz de transferência [T], tal que

V ( M1 ) = [ T ]V ( M2 ) (2.57)

onde M1 e M2 são pontos próximos das faces anterior e posterior,


respectivamente. As componentes do vetor V ( M) são variáveis que
descrevem o campo acústico em um ponto M do meio.

2.4.1 Matriz de transferência


Nesta seção serão apresentadas as matrizes de transferência
utilizadas no escopo do trabalho. Estas matrizes referem-se aos
componentes fluido, placa fina e ressonadores.

2.4.1.1 Fluido
Este tipo de camada é utilizado para simular espaços de ar
entre as camadas de material [12, 13, 21]. Desta forma, pode-se
escrever a matriz de transferência [ T f ] de uma camada de fluido
com espessura h da seguinte forma:
jωρ0
" #
cos(k z h) k z sin( k z h )
f
[ T ] = jkz (2.58)
ωρ0 sin( k z h ) cos(k z h)

22
2.4. Método das matrizes de transferência-TMM Transfer Matrix
Method
Este tipo de camada também pode ser utilizada para um meio po-
roso, desde que este seja modelado como fluido equivalente. Neste
caso, a densidade ρe e o número de onda k e do fluido serão
grandezas complexas.

2.4.1.2 Placa fina


No caso de uma placa elástica fina em flexão, considera-se uma
rigidez à flexão D, espessura h e massa por unidade de área. Neste
caso, tem-se que a Equação 2.59 do movimento é dada por [13]:

Zs (ω )v3 ( M′ ) = σ33 ( M′ ) − σ33 ( M). (2.59)

onde σ33 em M e M’, são as tensões normais em ambos os pontos e


v3 é a velocidade normal, sendo v3 =v3 ( M )=v3 ( M′ ). A impedância
mecânica é dada pela Equação 2.60 com k t =ksenθ:

DK4
 
Zs (ω ) = jωm 1 − 2 t . (2.60)
ω m

Considerando o vetor V ( M) = [σ33 ( M )v3 ( M )] T é possível obter


a matriz de transferência T:
 
1 Zs (ω )
s
[T ] = . (2.61)
0 1

No caso de painel de espessura fina, é possível escrever


a impedância mecânica em função da frequência crítica do
mesmo. Assim, a impedância mecânica e a frequência crítica podem
ser representadas por:
"  2 #
ω
Zs (ω ) = jωm 1 − 4
sen θ , (2.62)
ωc
r
m
ωc = c 2
. (2.63)
D

23
Capítulo 2. Modelos e métodos para a análise de materiais porosos,
ressonadores e painéis
2.4.1.3 Ressonador de Helmholtz
Para a determinação da matriz de transferência do ressonador
T HR , e considerando que as ondas acústicas incidem diretamente
sobre o pescoço do ressonador [7], pode-se determinar essa matriz
por:
" # 
1 0 1 jωMS
T HR,AB
= 1 , (2.64)
ZA 1 0 1

onde MS é a massa por unidade de área, da esfera (volume), do


ressonador e Z A é a impedância acústica de entrada [6, 7]. Esta
impedância de entrada para o ressonador com a incidência de
ondas planas pode ser vista na Equação 2.56.
Caso duas camadas adjacentes não sejam de mesma natureza, as
condições de interface são aplicadas para construir uma matriz de
transferência combinada, que descreva a propagação acústica entre
múltiplas camadas. No entanto, esse detalhe não se aplica a este
trabalho, pois todos os meios foram modelados utilizando matrizes
2x2 [13].

2.4.1.4 Matriz de transferência global


Para este trabalho, como todos os layouts podem ser modelados
como matrizes 2x2, a matriz global pode ser obtida como o
produtório de cada camada [21]. No caso de terem-se somente
camadas em série a matriz global torna-se:
N
[ Tglobal ] = ∏ Ti , (2.65)
i =1

onde i = 1 representa a primeira camada, i = N representa a última


camada e T representa a matriz de transferência.

2.4.1.5 Absorção e perda de transmissão


Se uma onda plana incide em um meio multicamadas com ângulo
de inclinação θ, é possível determinar o coeficiente de transmissão

24
2.4. Método das matrizes de transferência-TMM Transfer Matrix
Method
τ e o coeficiente de reflexão R [2, 5, 7, 13]:
−2
cos(θ ) Tglobal (1, 2) Z0 Tglobal (2, 1)


τ = 4 Tglobal (1, 1) + Tglobal (2, 2) + + ,
Z0 cos(θ )
(2.66)

Tglobal (1, 1)cos(θ ) − Tglobal (2, 1) Z0


R= . (2.67)
Tglobal (1, 1)cos(θ ) + Tglobal (2, 1) Z0

De posse dos coeficientes de transmissão (Equação 2.66) e refle-


xão (Equação 2.79) podem-se determinar a perda de transmissão
(TL) e o coeficiente de absorção α, respectivamente:

TL = −10 log τ, (2.68)

α = 1 − | R |2 . (2.69)

2.4.2 P-TMM(Parallel Transfer Matrix Method)


O TMM é um procedimento bastante eficiente quando aplicado
a sistemas multicamadas dispostos em série. No entanto, existem
aplicações cujos sistemas estão dispostos em paralelo. Nestes casos,
pode-se utilizar o método das matrizes de transferência em paralelo
(P-TMM) [7, 33]. Neste método avalia-se o comportamento acústico
considerando uma célula periódica unitária (PUC), conforme
esquematizado na Figura 2.6

25
Capítulo 2. Modelos e métodos para a análise de materiais porosos,
ressonadores e painéis

Figura 2.6.: Esquema das células periódicas unitárias. [7]

O modelo P-TMM apresentado em[7] é utilizado para comporta-


mentos acústicos 1-D. A matriz de transferência deste método por:
PUC T PUC
 
PUC T11 camada1 camada2 camada3
T = PUC 12
PUC = T T T . (2.70)
T21 T22

Para se utilizar a Equação 2.70 todas as camadas devem ser


modeladas como matrizes 2x2. No caso em que o ar e os materiais
porosos não estejam em paralelo com nenhuma outra camada
(camadas 1 e 3 da Figura 2.6c) , pode-se utilizar a Equação 2.58 para
determinar suas matrizes de transferência.
Para aplicar a P-TMM deve-se obedecer às seguintes considera-
ções [33]:

• apenas ondas planas devem se propagar anterior e posterior-


mente à construção periódica;

• apenas ondas planas propagam-se na construção;

• não existir pressões difusas entres os elementos paralelos


vizinhos;

• o comprimento de onda deve ser muito menor que a PUC;

26
2.4. Método das matrizes de transferência-TMM Transfer Matrix
Method
• cada elemento só pode ser representado por uma matriz de
transferência 2x2;

A matriz de transferência de duas camadas em paralelo é dada


por:
n
−1 ∑rn Y22
 
camada,2 −1
T = n n − n n n ,
n
∑rn Y21 ∑rn Y22 ∑rn Y11 ∑rn Y12 ∑rn Y21 − ∑rn Y11
(2.71)
onde Y n são os componentes da matriz de admitância e rn a razão
de perfuração para cada elemento, tendo n = mat para o substrato
poroso e n = HR para o elemento ressonador. A matriz de
admitância é dada por:
 n n
  n n Tn − Tn Tn

Y11 Y12 1 T22 T21
n
Y = n n = n
12
n
22 11 , (2.72)
Y21 Y22 T12 1 − T11

onde T mat representa a matriz de transferência do material poroso


(Equação 2.58) e T HR a matriz que representa o ressonador
(Equação 2.64). A Figura 2.7 mostra a disposição de uma PUC e
da camada 2 que contém o material poroso e o ressonador em
paralelo. Na Figura 2.7 percebe-se que a camada 2 é dividida em
duas outras camadas, a primeira onde tem-se o ressonador em
paralelo com o material poroso e a segunda onde tem-se ar em
paralelo com material poroso. Isto é feito devido aos espaços de
ar (como pode ser visto na Figura 2.7a), devido ao posicionamento
do ressonador dentro do material poroso. Como as subcamadas da
camada 2 estão em série, pode-se calcular a matriz de transferência
da camada 2 por:

27
Capítulo 2. Modelos e métodos para a análise de materiais porosos,
ressonadores e painéis

Figura 2.7.: Esquema da célula periódica unitária que acopla o


ressonador [7]

T camada,2 = T camada,2HR T camada,2a , (2.73)

onde T camada,2HR representa a camada de material poroso em


paralelo com o ressonador e T camada,2a representa a camada de
material poroso em paralelo com o ar.

2.5 Método dos elementos finitos-FEM

Devido à complexidade dos sistemas analisados neste trabalho,


foram construídos modelos numéricos utilizando o método dos
elementos finitos, por ser um método bastante consagrado e
versátil, permitindo a solução (aproximada) de problemas com
geometria e condições de contorno complexas. De forma resumida,
o FEM consiste em:
• desenvolver a formulação fraca do problema a partir de sua
equação diferencial;

• discretizar o domínio do problema em subdomínios elemen-


tares (elementos);

• aplicar uma combinação linear de funções de aproximação


(função de forma) nestes elementos;

• a obter a integração das funções de aproximação gerando as


matrizes elementares;

28
2.5. Método dos elementos finitos-FEM

• realizar a montagem do sistema global formado pelas matri-


zes elementares, definindo assim um conjunto de equações
lineares que descrevem o problema a ser solucionado.

A seguir, serão apresentadas as equações lineares oriundas da


aplicação do FEM nos modelos (acústico e estrutural) utilizados
neste trabalho.

2.5.1 Modelo acústico


Na modelagem acústica (modelo de fluido equivalente, acústica
clássica e LRF), o conjunto de equações que definem o problema
físico através de FEM pode ser expresso na seguinte forma
matricial [14]:

[H] + iω[D] − ω 2 [Q] {p} = {q}, (2.74)




onde Q, D e H são, respectivamente, as matrizes de inércia,


amortecimento e rigidez acústica globais, q é o vetor de excitação
nodal e p a pressão acústica.

2.5.2 Modelo estrutural


Muitos problemas vibroacústicos envolvem a flexão de placas
finas. Geralmente, essas estruturas podem ser modeladas por
elementos do tipo shell (2-D) pois a dimensão da espessura é muito
menor que a largura e o comprimento. A formulação mais completa
deste tipo de problema pode ser vista em [34? , 35], que pode ser
representada na forma matricial:

[K] + iω[C] − ω 2 [M] {x} = {f}, (2.75)




onde M, C e K são as matrizes de massa, amortecimento e rigidez,


respectivamente, x é o vetor de deslocamento e f o de força.

29
Capítulo 2. Modelos e métodos para a análise de materiais porosos,
ressonadores e painéis
2.5.3 Acoplamento fluido-estrutura
O acoplamento fuido-estrutura pode ser derivado pelo princípio
de Hamilton, acrescentando na Equação 2.75 do movimento da
placa um termo que represente o trabalho realizado pelo fluido na
placa e na Equação 2.74 do movimento do fluido um termo que
represente o trabalho realizado pela placa sobre a cavidade tal que:

[K]{x} + iω[C]{x} − ω 2 [M]{x} + [S]{p} = {f}, (2.76)

[H]{p} + iω[D]{p} − ω 2 [Q]{p} + ω 2 [R]{x} = {q}. (2.77)

Devido ao princípio da reciprocidade tem-se que as matrizes


R e S são relacionadas por [S] = [ R] T . Logo combinando as
Equações 2.77 e 2.76, tem-se:

−ω 2 [M] + iω[C] + [K]


    
[S] x f
= ,
ω 2 [R] −ω 2 [Q] + iω[D] + [H] p q
(2.78)
sendo R e S as matrizes de acoplamento acústico-estrutura e
estrutura-acústica, respectivamente. Que podem ser definidas por:
Z 1 Z 1
[ Re ] = [ Be ] T [q̄c ]T [p] ac1 ac2 dξ c1 dξ c2 [Ae ]−1 , (2.79)
−1 −1

Z 1 Z 1
[ Se ] = [ Ae ] T [p]T [q̄c ] ab dξdn[Be ]−1 , (2.80)
−1 −1

onde as matrizes [Ae ] e [Be ] podem ser vistas em [8]. Com a


Equação 2.78 é possível determinar as frequências naturais e os
modos de vibração para um acoplamento forte entre uma estrutura
e uma cavidade.

30
3 Resultados experimentais e validação
numérica

Neste capítulo foi criado um modelo numérico para avaliar a


absorção sonora dos ressonadores, materiais porosos e ressonado-
res inclusos em materiais porosos. O modelo numérico utilizou
um espectro de frequências de 200 Hz a 1000 Hz, de 1 em 1 Hz,
obtendo como resultados as pressões complexas nos microfones 1 e
2 (Figura 3.1), com essas pressões pode-se determinar o coeficiente
de absorção da amostra. Os resultados numéricos serão validados
utilizando TMM e experimentos no tubo de impedância [36].

3.1 Modelo numérico

Para a criação do modelo numérico por elementos finitos


foi utilizado o software comercial COMSOL versão 5.1. Nesta
seção serão apresentadas as especificações referentes à geometria,
condições de contorno e malha utilizada.

3.1.1 Geometria
A Figura 3.1 mostra o tubo de impedância de comprimento L,
diâmetro D, as posições dos microfones S1 e S2 , o porta amostra
(diâmetro D e comprimento L p ) e o ressonador.

31
Capítulo 3. Resultados experimentais e validação numérica

Figura 3.1.: Esquema da geometria utilizada no modelo.

As variáveis geométricas do modelo são as mesmas do tubo de


impedância utilizado no experimento, sendo elas:

• comprimento do tubo (L=0,864 m);

• diâmetro interno do tubo (D=0,105 m);

• distância para o microfone 1 (L1 =0,69 m);

• distância entre os microfones (S12 =0,1 m)

• diâmetro do pescoço do ressonador (Dpescoço =0,004 m);

• comprimento do pescoço (Lpescoço = 0,007, 0,006 e 0,005 m);

• ciâmetro do ressonador (Dressonador = 0,04 m);

• comprimento do porta amostras (L p =0,047 m)

3.1.2 Condições de contorno


A Figura 3.2 mostra as condições de contorno utilizadas para
a criação do modelo numérico do tubo de impedância com o
ressonador e material poroso. Na superfície de entrada do tubo
foi prescrita uma amplitude de pressão de 1 Pa. O modelo LRF
foi utilizado no pescoço do ressonador para representar as perdas

32
3.1. Modelo numérico

viscosas e térmicas. Ao redor do ressonador utilizou-se material


poroso, quando o ressonador estava imerso no mesmo. Nas demais
superfícies de contorno do modelo foi aplicado a condição de
contorno de parede rígida dada por

⃗ p · ⃗n = 0,
∇ (3.1)

onde ⃗n é o vetor normal à superfície de contorno.

Figura 3.2.: Esquema das condições de contorno utilizadas no modelo.

3.1.3 Malha
Neste modelo foram definidos três tamanhos máximos de
elementos nas regiões apresentadas na Figura 3.3.
Para definir o tamanho máximo do elemento para cada região da
malha, foi definido o menor comprimento de onda, correspondente
à máxima frequência de análise, f max = 1 kHz:
c0
λ= . (3.2)
f max

Na Figura 3.3 podem-se ver três diferentes regiões. Para cada


região da figura Figura 3.3 utilizou-se um tamanho máximo de

33
Capítulo 3. Resultados experimentais e validação numérica

Figura 3.3.: Esquema ilustrativo da configuração adotada para a malha


de elementos finitos utilizada no modelo.
elemento. Na região branca o tamanho máximo do elemento
utilizado foi de λ8 , para o volume do ressonador o tamanho máximo
dos elementos foi 16 λ
e para o pescoço do ressonador o tamanho
máximo dos elementos foi 20 λ
. Estes valores de máximo tamanho
de elemento foram obtidos através de uma análise prévia de
convergência, que pode ser vista na figura 3.4.

Figura 3.4.: Análise de convergência do modelo.

34
3.2. Análise experimental em tubo de impedância

3.2 Análise experimental em tubo de impedância

Nesta seção são apresentados os equipamentos utilizados e uma


descrição do ensaio realizado, utilizando materiais porosos, res-
sonadores de Helmholtz e configurações de ressonadores inclusos
no material poroso. Será apresentado também o procedimento de
medição.

3.2.1 Descrição do ensaio


O experimento no tubo de impedância obedeceu a norma ISO
10534-2 [36]. Para a realização do ensaio utilizou-se um tubo de
impedância fabricado no LVA, com dimensões iguais as utilizadas
no modelo numérico, com duas posições de microfone, uma fonte
sonora, um analisador de sinais do fabricante Brüel e Kjaer tipo
3050-B-060 de seis canais e módulo de entrada de 50 Hz , dois
microfones de campo livre da Brüel e Kjaer, amplificador de
potência da marca Brüel e Kjaer e um computador, mostrados
no esquema da Figura 3.5. Como amostras, foram utilizados 3
ressonadores com diferentes comprimentos de pescoço (5 mm,
6 mm e 7 mm) impressos pela EMBRAER em impressora 3-D,
uma espuma e uma fibra com espessuras nominais de 20 mm.
A montagem do experimento e as amostras podem ser vistas no
Apêndice A.

35
Capítulo 3. Resultados experimentais e validação numérica

Figura 3.5.: Esquema do ensaio de absorção sonora[36].

O ensaio realizado consistiu em determinar as curvas de


absorção sonora das amostras utilizando o método das funções
de transferência entre os microfones. Para a obtenção da absorção
sonora é necessário definir previamente a faixa de frequências de
trabalho, indicada por:

fl < f < fu, (3.3)

sendo f l é a frequência mínima de análise do tubo e f u é a frequência


de corte do tubo. Essas frequências podem ser calculadas por:
c0
f l = 0, 45 , (3.4)
S
sendo S a distância entre os microfones, e
1, 84c0
fu = , (3.5)
πdi

sendo c0 a velocidade do som no ar e di o diâmetro interno do tubo.

36
3.2. Análise experimental em tubo de impedância

3.2.1.1 Definição da função de transferência entre as duas


posições de microfone.
A função de transferência acústica pode ser definida de três
maneiras [36]:
S12
H12 = = | H12 | ejϕ = Hr + jHi , (3.6.a)
S11

S22
H12 = = | H12 | ejϕ = Hr + jHi , (3.6.b)
S21
 1/2
S S22
H12 = 12 = Hr + jHi , (3.6.c)
S11 S21

onde Hr é a parte real de H12 , Hi é a parte imaginária de H12 ,


S12 é a densidade espectral cruzada entre p1 e p2 , e S11 é o auto
espectro determinado pela pressão eficaz quadrática p1 na posição
do microfone 1. A Equação 3.6.a é normalmente a mais utilizada.

3.2.1.2 Determinação do coeficiente de reflexão e do coeficiente


de absorção.
Sejam as pressões sonoras incidente e refletida, dadas por:

pi = p̂i ejk0 x , (3.7.a)

pr = p̂r e− jk0 x , (3.7.b)

onde p̂i e p̂r são as magnitudes de pi e pr , respectivamente, e k0 é o


número de onda complexo.
As pressões sonoras nos microfones 1 e 2, dadas por p1 e p2 ,
respectivamente, são representadas por:

p1 = p̂i ejk0 x1 + p̂r e− jk0 x1 , (3.8.a)

p2 = p̂i ejk0 x2 + p̂r e− jk0 x2 . (3.8.b)

Com as quais é possível determinar as funções de transferência

37
Capítulo 3. Resultados experimentais e validação numérica

para as ondas incidente Hi e refletida Hr :


p2i
Hi = = e− jk0 (x1 −x2 ) = e− jk0 S , (3.9.a)
p1i
p2r
Hr = = ejk0 (x1 −x2 ) = ejk0 S . (3.9.b)
p1r

A função de transferência total do campo sonoro é dada por:

p2 ejk0 x2 +r e− jk0 x2
H12 = = jk x . (3.10)
p1 e 0 1 +r e− jk0 x1

Utilizando a Equações 3.10, 3.9.b e 3.9.a é possível determinar o


coeficiente de reflexão:
H12 − Hi 2 jk0 x1
r= e , (3.11)
Hr − H12

com o qual é possível determinar o coeficiente de absorção

α = 1 − |r |2 . (3.12)

3.2.2 Amostras utilizadas


Nesta seção serão apresentadas as amostras utilizadas nos
ensaios. Para os testes foram utilizadas três tipos de ressonadores,
sendo que um deles pode ser visto na Figura 3.6.

(a) Esquema da (b) Ressonador no porta


montagem da amostra.
amostra.
Figura 3.6.: Ressonador incluso em material poroso.

38
3.3. Modelo analítico

A Figura 3.7 ilustra a montagem do ressonador no material


poroso. Foram usadas três camadas de material poroso, cada uma
com aproximadamente 20 mm de espessura. A Figura 3.7b mostra
a montagem do material poroso e do ressonador no porta amostra
do tubo de impedância:

(a) Esquema da montagem (b) Amostra do ressonador


da amostra. incluso na fibra.
Figura 3.7.: Ressonador incluso em material poroso.

3.3 Modelo analítico

Nesta seção será descrita a construção da matriz global a partir


das matrizes de cada camada. Para o caso em que avaliou-se apenas
o ressonador tem-se que a matriz global do sistema é dada pela
Equação 2.64. No caso onde se tem apenas o material poroso
a matriz global é dada pela Equação 2.58, substituindo ρ por
um ρeq e k por um keq , referentes ao material poroso modelado
por fluido equivalente. Já para o caso em que se deseja obter
a absorção do ressonador incluso no material poroso existe a
necessidade de se obter previamente uma impedância equivalente
ao sistema, pois o ressonador se encontra em paralelo com o
material poroso. Para esse caso uma maneira indireta de se obter a
impedância equivalente é fazer o somatório das admitâncias como
pode ser visto na Equação 2.72.
Como a configuração utilizada (Figura 3.7a) é constituída de
três camadas, sendo a primeira e a terceira de material poroso e
a segunda de um ressonador incluso no material poroso, pode-
se utilizar a teoria de matrizes de transferência em série para a
primeira e a última camadas e para a segunda camada a teoria de

39
Capítulo 3. Resultados experimentais e validação numérica

matrizes de transferência em paralelo 2.71. Por fim, a matriz global


do caso onde tem-se os ressonador incluso em material poroso pode
ser visto na Equação 2.70.

3.4 Validação dos resultados numéricos

Nesta seção serão apresentadas as comparações dos resultados


da absorção sonora utilizando as três abordagens acima para
o ressonador, material poroso e ressonador incluso no material
poroso. Nas Figuras 3.8, 3.9 e 3.10 é possível ver os resultados da
absorção sonora utilizando o modelo FEM, TMM e o experimento
para os ressonadores de Helmholtz de comprimento de pescoço
iguais a 5 mm, 6 mm e 7 mm, respectivamente.

Figura 3.8.: Comparação dos resultados analítico, numérico e experi-


mental para o ressonador de 5 mm de comprimento de pescoço

40
3.4. Validação dos resultados numéricos

Figura 3.9.: Comparação dos resultados analítico, numérico e experi-


mental para o ressonador de 6 mm de comprimento de pescoço

Figura 3.10.: Comparação dos resultados analítico, numérico e experi-


mental para o ressonador de 7 mm de comprimento de pescoço

As Figuras 3.8, 3.9 e 3.10 apresentam os resultados da comparação


da absorção sonora, utilizando FEM, TMM e experimento, para os
ressonadores com comprimento do pescoço iguais a 5 mm, 6 mm
e 7 mm, respectivamente, área da seção transversal do pescoço
de 4,5 mm e volume da esfera com diâmetro de 40 mm. Para
os três resultados observa-se que as curvas não estão exatamente
sobrepostas, no entanto como pode ser visto na Tabela 3.1, as
frequências do pico de absorção para os modelos numérico e

41
Capítulo 3. Resultados experimentais e validação numérica

TMM são praticamente as mesmas, havendo uma diferença de 1


Hz,aproximadamente, e ocorrendo apenas uma pequena diferença
de magnitude. Acredita-se que esta divergência observada no
modelo numérico ocorra devido ao modelo considerar o ressonador
dentro do porta amostra, que é totalmente rígido, devido as
condições de contorno de temperatura (térmico, ou adiabático) não
terem sido consideradas. Desta forma, tem-se que a amplitude da
absorção para os ressonadores é praticamente 100%. Já quando se
compara as frequências de sintonia dos ressonadores do modelo
numérico com os resultados experimentais percebe-se que existe
uma diferença de 2 Hz (ressonador de comprimento de pescoço
L=7 mm) referente ao pico de absorção.

L Frequência f 0 Numérico Experimental TMM


5 mm 411 Hz 411 Hz 413 Hz 410 Hz
6 mm 388 Hz 388 Hz 393 Hz 390 Hz
7 mm 369 Hz 367 Hz 366 Hz 370 Hz
Tabela 3.1.: Comparação do resultado das frequências de sintonia dos
ressonadores para os três modelos.

Analisando os resultados da Tabela 3.1 nota-se que os resultados


do modelo numérico, para a frequência de sintonia, estão mais
próximos aos obtidos em projeto ( f 0 ). Quando comparam-se os
resultados da frequência de sintonia obtida pelo experimento com a
determinada no projeto, percebe-se que existe uma diferença média
de aproximadamente 3 Hz. Acredita-se que isso ocorra devido à
dificuldade de se imprimir uma amostra que respeite fielmente
as dimensões preestabelecidas e uma rugosidade superficial ideal,
e devido aos erros inerentes em uma medição experimental. Por
fim, o TMM apresenta resultados tão precisos quanto o modelo
numérico, conseguindo sintonizar o ressonador na sua frequência
de ressonância com um erro aproximado de 1 Hz quando
comparado com a frequência f 0 .
As Figuras 3.11 e 3.12 mostram as comparações entre resultados
de absorção para uma fibra e uma espuma, respectivamente. As
propriedades utilizadas para modelar esses materiais porosos uti-

42
3.4. Validação dos resultados numéricos

lizando fluido equivalente foram obtidas através de caracterização


inversa nos trabalhos [12, 21], e estão mostradas na Tabela 3.2:
Material ρ σ (Ns/m2 ) α∞ ϕ Λ (µm) Λ′ (µm)
Fibra 9,6 38723 1,06 0,92 37 148
Espuma 10 12627 1,00 0,90 91 148
Tabela 3.2.: Parâmetros acústicos da fibra.

Figura 3.11.: Comparação dos resultados analítico, numérico e experi-


mental para a fibra.

A Figura 3.11 mostra o resultado da comparação do modelo


numérico, TMM e do experimento para aproximadamente 50 mm
de espessura de fibra (Tabela 3.2). Com este resultado percebe-
se que as curvas do modelo numérico e TMM estão praticamente
sobrepostas. Já quando comparam-se os modelos com o resultado
experimental, existem pequenas diferenças entre as curvas. No en-
tanto, acredita-se que essas diferenças ocorram devido os modelos
considerarem a fibra como um fluido equivalente, utilizando os
dados da Tabela 3.2, que foram obtidos através de caracterização
inversa onde foi obtido um valor médio para os parâmetros
acústicos macroscópicos, sendo que estes valores podem não ser
necessariamente desta amostra. Além disso, acredita-se que entre
o experimento e os modelos exista uma diferença nas condições
de contorno, pois ao se posicionar a amostra no porta amostra a
mesma pode estar sendo pressionada, fazendo com que sua rigidez
aumente. Entretanto, essas pequenas diferenças são aceitáveis.

43
Capítulo 3. Resultados experimentais e validação numérica

Figura 3.12.: Comparação dos resultados analítico, numérico e experi-


mental para a espuma.

A Figura 3.12 mostra o resultado da comparação dos modelos


numérico, TMM e do experimento para aproximadamente 50 mm
de espessura de espuma (Tabela 3.2). Com este resultado percebe-se
que as curvas dos modelos numérico e analítico estão praticamente
sobrepostas. Já quando comparam-se os resultados dos modelos
com o resultado experimental existem pequenas diferenças entre as
curvas, assim como pode ser visto na Figura 3.11. Acredita-se que,
como no resultado da absorção para a fibra (Figura 3.11), no caso da
espuma tem-se as mesmas hipóteses, pois os parâmetros acústicos
macroscópicos foram obtidos da mesma forma e o experimento
foi realizado no mesmo tubo de impedância, fazendo com que se
tenham as mesmas incertezas.
As Figuras 3.13, 3.14 e 3.15 mostram a comparação do resultado
da absorção dos ressonadores de comprimento de pescoço iguais a
5 mm, 6 mm e 7 mm, respectivamente, inclusos na fibra de 50 mm
espessura, aproximadamente, utilizando TMM, modelo numérico
e experimento. Observa-se que o modelo numérico, o TMM e
o experimento foram capazes de sintonizar o ressonador na sua
frequência de sintonia com um erro de aproximadamente 1%. O
comportamento do material poroso tem uma pequena divergência
quando se comparam os modelos e o experimento, devido a uma
diferença na primeira camada da PUC. Essa diferença, na absorção
referente ao material poroso, ocorre pois tanto o TMM quanto
o modelo numérico consideram todos os espaços preenchidos

44
3.4. Validação dos resultados numéricos

por material poroso. Desta forma, a magnitude do coeficiente de


absorção é ligeiramente maior que a do resultado experimental,
pois o mesmo foi montado tendo um furo do diâmetro do
ressonador na primeira e segunda cada.

Figura 3.13.: Comparação dos resultados analítico, numérico e experi-


mental do ressonador de comprimento de pescoço igual a 5 mm incluso
na fibra.

Figura 3.14.: Comparação dos resultados analítico, numérico e experi-


mental do ressonador de comprimento de pescoço igual a 6 mm incluso
na fibra.

45
Capítulo 3. Resultados experimentais e validação numérica

Figura 3.15.: Comparação dos resultados analítico, numérico e experi-


mental do ressonador de comprimento de pescoço igual a 7 mm incluso
na fibra.

As Figuras 3.16, 3.17 e 3.18 mostram a comparação do resultado


da absorção dos ressonadores de comprimento de pescoço iguais
a 5 mm, 6 mm e 7 mm, respectivamente, inclusos na espuma
de 50 mm espessura, aproximadamente, utilizando TMM, modelo
numérico e experimento. Observa-se que para as três abordagens
têm-se valores próximos para as frequências de sintonia do
ressonador. No entanto, como observado nas Figuras 3.13, 3.14 e
3.15, existe uma divergência entre os modelos e o experimento para
o comportamento do material poroso. Nas Figuras 3.16, 3.17 e 3.18
observa-se que o modelos numérico e o TMM têm comportamentos
semelhantes, havendo apenas um deslocamento entre as curvas
após o pico de absorção referente ao ressonador. Acredita-se que
esta diferença que existe entre o experimento e os modelos ocorra
devido ao adicionar o ressonador na espuma o mesmo a comprime,
podendo alterar sua rigidez.

46
3.4. Validação dos resultados numéricos

Figura 3.16.: Comparação dos resultados analítico, numérico e experi-


mental do ressonador de comprimento de pescoço igual a 5 mm incluso
na espuma.

Figura 3.17.: Comparação dos resultados analítico, numérico e experi-


mental do ressonador de comprimento de pescoço igual a 6 mm incluso
na espuma.

47
Capítulo 3. Resultados experimentais e validação numérica

Figura 3.18.: Comparação dos resultados analítico, numérico e experi-


mental do ressonador de comprimento de pescoço igual a 7 mm incluso
na espuma.

Com os resultados das Figuras 3.13 a 3.18 percebe-se que


o modelo numérico consegue representar bem os efeitos do
ressonador, no entanto, acredita-se que, devido às dificuldades
de se modelar às condições de contorno existentes entre a
parede do tubo e o material poroso e entre o ressonador e o
material poroso, existem diferenças entre os resultados numéricos
e experimentais. Como ainda existem alguns questionamentos
sobre a influência dos efeitos de montagem dos ressonadores,
principalmente quando os mesmos estão inserido em um material
poroso, no Capítulo 4 será proposto um modelo paramétrico capaz
de prever a influência dos efeitos de montagem dos ressonadores.

48
4 Análise dos efeitos de montagem dos
ressonadores

Testes e análises iniciais do comportamento do ressonador, com


e sem material poroso, em um tubo de impedância, indicaram
a existência de algumas dúvidas. Neste capítulo, será desen-
volvido um modelo numérico parametrizado para avaliar estes
questionamentos e os resultados serão comparados com resultados
experimentais.

4.1 Modelo parametrizado

A partir da mesma configuração analisada no Capítulo 3, descrita


na Subseção 3.1.1, foi construído um modelo numérico parametri-
zado em FEM. Na Figura 4.1 apresenta-se a configuração do modelo
parametrizado. Nesta configuração os seguintes parâmetros serão
avaliados:

• t: espessura da camada de ar na frente do pescoço do


ressonador;

• R ar : espessura de ar lateral ao pescoço do ressonador.

A Figura 4.1, apresenta uma amostra de espuma, com 20 mm


de espessura e posicionada inicialmente em x=0. Para avaliar
a absorção sonora do ressonador para diferentes espessuras da
camada de ar na frente do seu pescoço, fixou-se o valor de R ar igual
a zero e variou-se o valor de t de 0 a 5 mm, com incremento de
1 mm. Semelhante ao modelo numérico, foi criado um experimento
no tubo de impedância, onde também avaliou-se a absorção do

49
Capítulo 4. Análise dos efeitos de montagem dos ressonadores

Figura 4.1.: Esquema da montagem do experimento criado para avaliar


a espessura de ar na frente do ressonador.
ressonador para diferentes valores de t. No entanto, devido às
dificuldades de variar a espessura camada de ar na frente do
ressonador, em milímetros, não foi possível realizar a medição da
absorção sonora para t=1 mm.
Para avaliar o parâmetro R ar , utilizou-se a mesma configuração
apresentada na Figura 4.1, no entanto, fixou-se t em x=0 e foi feito
um furo de 5 mm de profundidade a partir da sua superfície, como
mostra a Figura 4.2. No modelo numérico variou-se R ar de 5 mm
a 55 mm com um incremento de 10 mm. No experimento, não foi
avaliada a amosta com furo de diâmetro igual a 15 mm devido à
ausência de um cortador de amostras com esse diâmetro.

Figura 4.2.: Configuração da amostra para avaliação do parâmetro R ar .

A Figura 4.3 foi obtida através do software comercial COMSOL,


usado para construir o modelo numérico. Na Figura 4.3 tem-se

50
4.2. Análise dos resultados

a vista isométrica do tubo de impedância, a amostra de espuma


e o ressonador de Helmholtz. Omitiu-se o porta amostra para
uma melhor visualização da malha utilizada. Neste modelo, foram
aplicados os mesmos critérios de malha utilizados na análise
apresentada no Capítulo 3.

Figura 4.3.: Modelo para a avaliação da variação da camada de ar no


sentido radial ao pescoço do ressonador.

4.2 Análise dos resultados

Nesta seção serão apresentados os resultados numérico e expe-


rimental da absorção sonora do ressonador quando os parâmetros
t e R ar são variados. Os resultados numérico e experimental serão
apresentados separadamente.

4.2.1 Resultados da avaliação do parâmetro t


As Figuras 4.4 e 4.5 mostram os resultados da absorção do
ressonador para diferentes valores de t, que foram obtidos pelo
modelo numérico e pela análise experimental, respectivamente.

51
Capítulo 4. Análise dos efeitos de montagem dos ressonadores

Figura 4.4.: Avaliação numérica da influencia da camada de ar na frente


do pescoço do ressonador de 5 mm.

A Figura 4.4 mostra o resultado da absorção do ressonador


para valores de t variando de 0 a 5 mm com incremento de
1 mm. Nesta figura percebe-se que à medida em que o valor de t
aumenta, a amplitude e a frequência de sintonia do ressonador se
aproximam dos resultados obtidos quando modelou-se apenas o
ressonador (Figura 3.8). Acredita-se que para o ressonador tenha
seu funcionamento pleno, deve-se respeitar uma espessura miníma
de ar na frente do seu pescoço igual à metade do comprimento
corrigido do pescoço do ressonador (Equação 2.33). Para o
ressonador de comprimento de pescoço igual a 5 mm (Figura 4.4)
esse comprimento é de aproximadamente 2 mm. Analisando a
Figura 4.4, percebe-se que para t=2 mm tem-se uma absorção de
aproximadamente 70% e uma frequência de sintonia de 387 Hz
aproximadamente, ou seja, um erro de de aproximadamente 6%
com relação a frequência ( f 0 ) do ressonador estabelecida em projeto
( f 0 =411 Hz). Observa-se também que a frequência de sintonia do
ressonador e a amplitude do coeficiente de absorção não variam a
partir de um t=4 mm.
A Figura 4.5 mostra o resultado experimental da absorção do
ressonador para valores de t iguais a 0 mm, 2 mm, 3 mm, 4 mm
e 5 mm. Nesta figura percebe-se um comportamento semelhante ao
obtido na Figura 4.4, onde a absorção aumenta com o aumento da
espessura da camada de ar na frente do pescoço do ressonador.

52
4.2. Análise dos resultados

Figura 4.5.: Avaliação experimental da influencia da espessura de ar na


frente do pescoço do ressonador (pescoço de 5 mm).

A maior diferença entre os resultados numérico e experimental


ocorre para t=2 mm, pois para esse valor no modelo numérico tem-
se um α=0,7 e uma frequência de sintonia do ressonador próxima
a 411 Hz, já no experimento o valor de α é aproximadamente 0,5
e a frequência de sintonia do ressonador é de aproximadamente
390 Hz. Acredita-se que essa diferença ocorra devido à grande
dificuldade de se posicionar a amostra de espuma exatamente a
2 mm de distância do pescoço do ressonador. No entanto, quando
avalia-se t=3 mm obtém-se um α=0,7 e frequência de sintonia de
397 Hz, aproximadamente, ou seja, um erro de aproximadamente
3% com relação à frequência ( f 0 ) do ressonador estabelecida em
projeto ( f 0 =411 Hz). Observa-se também que semelhante ao modelo
numérico para valores de t>4 mm, a frequência de sintonia e a
amplitude do coeficiente de absorção não variam mais. Obtiveram-
se resultados semelhantes para os ressonadores de comprimento
de pescoço iguais a 6 e 7 mm. Esses resultados podem ser vistos no
Apêndice B.

4.2.2 Resultados da avaliação do parâmetro R ar


As Figuras 4.6 e 4.7 mostram os resultados da absorção do
ressonador para diferentes valores de R ar , que foram obtidos pelo
modelo numérico e pela análise experimental, respectivamente.

53
Capítulo 4. Análise dos efeitos de montagem dos ressonadores

Figura 4.6.: Avaliação numérica da influencia da camada de ar na direção


radial do pescoço do ressonador de 5 mm.

A Figura 4.6 mostra os resultados da absorção do ressonador


para valores de R ar variando de 5 a 55 mm com incremento de
10 mm, como pode ser visto nas Figuras4.1 e 4.2. Os resultados
de R ar variando de 5 a 10 mm com incremento de 1 mm não
apresentaram resultados revelantes. Por este motivo, os mesmos
não foram apresentados no trabalho, pois não houve grandes
variações na absorção do ressonador. A absorção sonora apresentou
variações significativas a partir do valor de R ar igual a 15 mm. Nesta
figura, percebe-se que, à medida que o valor de R ar aumenta, a
amplitude e a frequência de sintonia do ressonador para a curva
da absorção sonora se aproximam dos resultados obtidos quando
modelou-se apenas o ressonador (Figura 3.8). Acredita-se que para
o ressonador tenha seu funcionamento pleno, deve-se respeitar
uma espessura miníma de ar na lateral do seu pescoço, pois à
medida que essa espessura de ar aumenta, diminui-se a influência
dos efeitos das difrações que ocorrem no material poroso que está
posicionado lateralmente ao pescoço do ressonador. Analisando os
resultados da Figura 4.6 percebe-se que para R ar =15 mm tem-se um
α=0,7 e frequência de sintonia de 404 Hz aproximadamente, ou seja,
um erro de de aproximadamente 1,5% com relação à frequência do
ressonador estabelecida em projeto ( f 0 =411 Hz).
A Figura 4.7 mostra o resultado experimental da absorção do
ressonador para valores de R ar iguais a 5 mm, 25 mm, 35 mm,

54
4.2. Análise dos resultados

45 mm e 55 mm.

Figura 4.7.: Avaliação experimental da influencia do diâmetro da


camada de ar na frente do pescoço de 5 mm.

Avaliando as Figuras 4.6 e 4.7 percebe-se que o modelo numérico


e o experimento apresentam resultados que praticamente não
variam para valores de R ar a partir de 25 mm. Acredita-se que a
partir de 25 mm as influências das refrações sejam minímas, dessa
forma tem-se o ressonador em funcionamento pleno. Obtiveram-se
resultados semelhantes para os ressonadores de comprimento de
pescoço iguais a 6 e 7 mm, os quais podem ser vistos no Apêndice
B.

55
5 Aplicação de ressonadores e materiais
porosos em painéis duplos

Neste capítulo será analisada a aplicação de ressonadores


juntamente aos materiais porosos no tratamento termoacústico de
painéis duplos. Para esta análise foram desenvolvidos modelos
numérico em FEM e TMM, e testes experimentais de diferentes
configurações. A seguir serão descritos os modelos e o experimento
para a análise. Por último, serão comparados e discutidos os
resultados obtidos.

5.1 Modelo numérico

Nesta seção serão apresentadas a geometria, as condições de


contorno e a malha utilizada para análise da perda de transmissão
dos painéis.

5.1.1 Geometria
A Figura 5.1 apresenta os componentes de um sistema básico
de painel duplo com ressonadores e material poroso que será
analisado.
Esta Figura 5.1 mostra uma vista lateral esquemática da mon-
tagem dos painéis com o material poroso em série com os
ressonadores. As dimensões e seus componentes utilizados para a
construção do modelo são:

• painéis de alumínio com dimensões de 55 mm x 50 mm x


1 mm;

57
Capítulo 5. Aplicação de ressonadores e materiais porosos em painéis
duplos

Figura 5.1.: Esquema da geometria e dos componentes do modelo


numérico.
• material acústico (espuma ou fibra) com espessuras de 70 mm
aproximadamente (centralizado, em relação ao comprimento
total de 160 mm);

• ressonadores iguais aos utilizados no modelo do tubo de


impedância com pescoço de 5 mm de comprimento, seção
transversal com diâmetro de 4,5 mm e volume com diâmetro
de 40 mm.

5.1.2 Condições de contorno


Na Figura 5.2 é possível observar as condições de contorno
utilizadas para a criação do modelo numérico.
Foi considerado um campo difuso de pressão aplicado na placa
que representa o painel externo de uma fuselagem. O modelo
LRF continua sendo utilizado no pescoço dos ressonadores para
representar as perdas viscosas e térmicas. Os painéis externo
e interno foram modelados utilizando elementos do tipo shell,
assim como os ressonadores. Já os materiais porosos continuaram
sendo modelados utilizando o modelo de fluido equivalente (JCA),

58
5.1. Modelo numérico

Figura 5.2.: Esquema das condições de contorno utilizadas no modelo.


apresentado no Capitulo 3. Além disso, é possível ver na Figura 5.2
as regiões onde se aplicou a condição de parede rígida na cavidade
acústica.

5.1.3 Malha
Para a construção da malha de elementos finitos foram adotados
os mesmos critérios de tamanho máximo de elemento aplicados na
validação (Capitulo 3), conforme apresentados na Figura 5.3. En-
tretanto, como neste modelo foram utilizados painéis de alumínio
(modelados como elementos do tipo shell), utilizou-se para o calculo
do tamanho mínimo do elemento a velocidade do som nos painéis,
pois a mesma era menor do que no ar e no material poroso. Para os
modelos acústicos (JCA, acústica clássica e LRF) foram utilizados
elementos tetraédricos com funções de forma lineares e para o
modelo estrutural foram utilizados elementos shell triangulares
com funções de forma lineares.

59
Capítulo 5. Aplicação de ressonadores e materiais porosos em painéis
duplos

Figura 5.3.: Esquema ilustrativo do tamanho de cada elemento utilizado


para gerar as malhas do modelo numérico.

Na Figura 5.3 pode-se perceber que há uma região em azul na


frente do pescoço de cada ressonador. Essa região (subdomínio do
modelo acústico) foi criada com o intuito de controlar o crescimento
da malha sem a necessidade de refino na região em vermelho, o
que acarretaria em um maior custo computacional para a solução
do sistema.
Na Figura 5.4 tem-se um exemplo de malha de elementos finitos
de uma das configurações analisadas.

Figura 5.4.: Malha de elementos finitos aplicada à configuração de


ressonadores entre painéis.

60
5.1. Modelo numérico

5.1.4 Aproximação da TL com campo difuso


Para a determinação numérica da TL foi necessário utilizar
alguns artifícios, como implementar um campo difuso de pressão
incidente e calcular a potência sonora radiada em campo distante,
pois dessa forma diminui-se o custo computacional, modelando
apenas os painéis, a cavidade interna, os materiais porosos e
ressonadores. Primeiramente, foi necessário implementar uma
excitação acústica por campo difuso no modelo numérico, baseada
na propagação de ondas planas [37, 38]. Foram geradas 1000
ondas planas, com ângulos de incidência, magnitude e fases
aleatórias. Posteriormente, foram somadas essas 1000 ondas para
gerar a excitação por campo difuso que pode ser vista na Figura 5.5.

(a) Angulo de incidência e azi- (b) Magnitude da pressão inci-


mutal do campo difuso dente difusa.
Figura 5.5.: Campo difuso utilizado.

Para o cálculo da TL é necessário determinar a potência sonora


incidente. Esta variável acústica foi determinada a partir do vetor de
intensidade sonora para cada uma das N ondas planas [37, 39, 40]. O
vetor de intensidade sonora para a n-ésima onda plana é dado por:
2
⃗In = − [ Pn cos(θn )] [sen(θn ) cos(ψn )⃗i +
ρc (5.1)
+ sen(θn ) sen(ψn )⃗j + cos(θn )⃗k],

onde Pn cos(θn ) é a magnitude da n-ésima onda plana e Pn é a


pressão estacionária que assume valores no intervalo de [0,1], θn

61
Capítulo 5. Aplicação de ressonadores e materiais porosos em painéis
duplos
é o angulo de incidência, com intervalos entre [0, π] e ψn é o angulo
azimutal, que assume valores no intervalo de [0,2π]. De posse do
vetor de intensidade, a potência sonora incidente é determinada
por:
E N
∏ i = ∑ ∑ Ae ⃗In⃗re , (5.2)
e n

onde Ae é a área do painel calculada para todas as N ondas planas


e E elementos, e ⃗re é o vetor normal a cada elemento.
Como foi dito anteriormente foi necessário calcular a potência so-
nora radiada em campo distante. Nos trabalhos [41–43], propõem-
se uma abordagem não modal em elementos radiadores consi-
derando um painel dividido em R elementos, onde as vibrações
transversais são especificadas em termos de sua velocidades ve . A
vibração global do painel pode ser descrita por um vetor coluna de
amplitudes complexas:

ve } = [ṽe1 ṽe2 ... ṽer ]T .


{⃗ (5.3)

Considerando a pressão agindo em cada elemento tem-se:

{⃗pe } = [ p̃e1 p̃e2 ... p̃er ]T . (5.4)

Assumindo que a dimensão de cada elemento é bem menor que


os comprimentos de onda estrutural e acústico, a potência sonora
radiada pode ser expressa como a soma das potências radiadas por
cada elemento [8]
1
P̄er = Ae Re{ṽ∗er p̃er }, (5.5)
2
tal que,
R
1 S
P̄(ω ) = ∑ 2 Ae Re{ṽ∗er p̃er } = 2R Re{{ṽe } H { p̃e }}, (5.6)
r =1

onde Ae e S são as áreas de cada elemento e do painel,

62
5.2. Modelo TMM

respectivamente. Como a pressão em cada elemento é gerada


pela vibração de todos os elementos do painel [8], assume-se que

Ae << λ, tem-se:
jKRij
jωρ0 Ae
p̃ei ( xi , zi ) = ṽei ( x j , z j ), (5.7)
2πRij

onde Rij é a distância entre os centros dos i-ésimo e j-ésimo


elementos. Reescrevendo a Equação 5.7 tem-se:

{ p̃e } = [ Z
e ]{ṽe }, (5.8)

onde [Z̃] é a matriz que incorpora os pontos e transfere a


impedância acústica para cada elemento no qual o painel foi
subdividido. Devido ao princípio da reciprocidade tem-se que
[Z̃]=[ Z̃ ] T , logo:

S
P̄(ω ) = Re{{ṽe } H [ Z̃ ]{ṽe }} =
2R (5.9)
S
= {ṽe } H ([ Z̃ ] + [ Z̃ ] H ){ṽe } = {ṽe } H [R]{ṽe },
4R
onde a matriz [R] é definida como "matriz de resistência à
radiação" dada por:

S S
[R] = Re[ Z̃ ] = ([ Z̃ ] + [ Z̃ ] H ) =
2R 4R
 sen(kR12 ) sen(kR1R ) 
1 kR12 · · · kR1R
 sen(kR21 )
· · · sen(kR2R )  (5.10)
ω 2 ρ0 A2e 
 kR21
1 kR2R 
= . . . ..
.
4πc   .. .. .. .


sen(kR R1 )
kR R1 ··· ··· 1

5.2 Modelo TMM

O modelo TMM foi implementado para camadas em série e o


modelo P-TMM para camadas em paralelo. A Figura 5.6 mostra um

63
Capítulo 5. Aplicação de ressonadores e materiais porosos em painéis
duplos
esquema de uma configuração onde utiliza-se TMM e P-TMM em
conjunto.

Figura 5.6.: Esquema da configuração analítica para a determinação da


matriz de transferência global do sistema.

Para determinar a matriz de transferência global do sistema


foi utilizado o esquema visto na Figura 5.6. Para a camada 1
foi utilizada a matriz de transferência do painel de alumínio
(Equação 2.61), para a camada 2 utilizada a matriz do ar (
Equação 2.58). Já a camada 3 está em paralelo com a camada 4, desta
forma utilizou-se das matrizes do material poroso ( Equação 2.58) e
do ressonador (Equações 2.64) em paralelo para formar uma nova
camada (Equação 2.73). Com as matrizes (2x2) de transferência de
todas as camadas, faz-se a multiplicação entre elas e obtendo-se a
matriz global do sistema. Por fim, utilizando as Equações 2.66 e 2.68,
obtém-se a TL do sistema. Para sistemas onde não se tem camadas
em paralelo, para determinar a matriz global do sistema utiliza-se
apenas o produtório das matrizes de transferência de cada camada.

5.3 Determinação experimental da perda de transmissão

Esta seção descreve o procedimento para medição da perda de


transmissão de painéis usando duas câmaras reverberantes, os
equipamentos utilizados e as amostras ensaiadas.

5.3.1 Equipamentos utilizados


Para estimar a TL, foram utilizados:

• analisador de sinais – Módulo 3039 – software LabShop

64
5.3. Determinação experimental da perda de transmissão

Versão 10.1;

• amplificador B&K 2718;

• 1 Microfone PCB 378B20 (Câmara fonte);

• 1 Microfone B&K 4642-A-021 (Câmara receptora);

• 2 rotating Boom B&K 3923;

• calibrador de microfone PCB CAL200 (frequência de calibra-


ção 1000 Hz, amplitude 114 dB);

• caixa acústica;

• fonte de referêmcia do fabricante B&K modelo 4204.

5.3.2 Descrição do ensaio


As câmaras utilizadas (LVA) possuem volumes aproximados de
150 m3 e 200 m3 , emissora e receptora, respectivamente. Na câmara
emissora gera-se um ruído branco em toda faixa de frequência
desejada; assim o campo acústico incide aleatoriamente sobre o
painel. Os níveis de pressão sonora (NPS1 e NPS2 ) em cada câmara
são medidos pelos microfones citados acima. De posse de NPS1 e
NPS2 é possível determinar a TL da amostra segundo as normas [44,
45]:

Sp
TL = ⟨NPS1 ⟩ − ⟨NPS2 ⟩ + 10log [dB], (5.11)
Aeq

sendo ⟨NPS1 ⟩ e ⟨NPS2 ⟩ os níveis de pressão sonora médios no es-


paço medidos nas câmaras emissora e receptora, respectivamente,
S p a área da amostra e Aeq a área de absorção equivalente da câmara
receptora com a amostra posicionada. Neste trabalho foi usado
apenas o método da comparação, o qual consiste em medir o NPSref
gerado por uma fonte de referência no interior da câmara a partir
do seu NWSref (fornecido pelo fabricante). Desta forma, é possível
calcular a absorção equivalente:

65
Capítulo 5. Aplicação de ressonadores e materiais porosos em painéis
duplos

Aeq = 106,2+NWSref −NPSref /10 [m2 ]. (5.12)

Para a montagem do experimento foi necessário primeiramente


montar uma barreira acústica, pois o vão entre as câmaras possui
dimensão de 1,8 m x 1,13 m e os painéis a serem ensaiados possuem
dimensões de 0,5 m x 0,55 m. Para a montagem dessas barreiras
acústicas foram utilizados quatro painéis de MDF (madeira) com as
dimensões do vão da câmara, sendo dois de cada lado (como pode
ser visto na Figura 5.7a). Entre os MDF’s foi utilizado 110 mm de lã
de rocha, como mostrado na Figura 5.7b.

(a) Esquema da montagem do (b) Esquema da construção da


experimento criado para avaliar configuração da barreira.
a espessura de ar na frente do
ressonador.
Figura 5.7.: Barreira acústica.

Na Figura 5.8a é possível ver a montagem da região de ensaio,


após a adição da lã de rocha, e um painel com a janela na região
central. A Figura 5.8b mostra os MDF’s já posicionados e fixados
com massa de calafetar. Observa-se também o painel de alumínio

66
5.3. Determinação experimental da perda de transmissão

já instalado na região de teste. Outras etapas da montagem podem


ser vistas no Apêndice A.

(a) Região de teste sendo criada (b) Painel interno instalado na


região de teste.
Figura 5.8.: Região onde posicionou-se as amostras para o ensaio de TL.

5.3.3 Amostras utilizadas


Nesta seção serão apresentadas as amostras utilizadas para a
realização do ensaio de TL. As amostras utilizadas foram:

• dois painéis de alumínio de 1 mm cada, com dimensões de


50 mm x 55 mm;

• 36 ressonadores de Helmholtz com comprimentos de pescoço


igual a 5 mm;

• uma amostra de fibra de aproximadamente 50 mm x 50 mm


com espessura de 70 mm;

• uma amostra de espuma com 50 mm x 50 mm e espessura de


70 mm;

67
Capítulo 5. Aplicação de ressonadores e materiais porosos em painéis
duplos
A Figura 5.9 apresenta os ressonadores fixados no painel interno
e uma das configurações utilizadas, na qual foram inseridos os
ressonadores no material poroso. Outras configurações podem ser
vistas no Apêndice A.

(a) Fixação dos ressonadores no (b) Ressonadores inclusos na


painel interno espuma.
Figura 5.9.: Configurações ensaiadas.

5.4 Análise dos resultados

Nesta seção serão expostos os resultados para a perda de


transmissão de painéis duplos com a inserção de ressonadores
e materiais porosos. Estes resultados foram obtidos via modelo
numérico, experimento em câmaras reverberantes e analitica-
mente. Inicialmente será apresentada uma comparação entre os
resultados obtidos numericamente e em seguida os mesmos serão
comparados com o modelo analítico e com o experimento, em
bandas de 1/3 de oitava.

68
5.4. Análise dos resultados

5.4.1 Configurações analisadas


Nesta subseção serão apresentadas as configurações analisadas,
como mostradas na Tabela 5.1.
Configuração preenchimento do espaço entre painéis
A Só ar
B Só espuma
C Só fibra
D Só ressonadores
E Espuma e ressonadores em paralelo
F Fibra e ressonadores em paralelo
G Espuma e ressonadores em série
H Fibra e ressonadores em série
I Espuma e ressonadores (parcialmente imerso)
J Fibra e ressonadores (parcialmente imerso)
Tabela 5.1.: Tabela com as configurações de TL analisadas.

As configurações E, F, I e J podem ser vistas na Figura 5.10 e as


configurações D, G e H na Figura 5.11. As Configurações A pode
ser obtida retirando os ressonadores da configuração mostrada na
Figura 5.11a e as configurações B e C podem ser obtidas retirando
o ressonador da configuração mostrada na Figura 5.11b.

(a) Ressonadores em paralelo (b) Ressonadores parcialmente


com o material poroso. imersos no material poroso.
Figura 5.10.: Configurações analisadas.

69
Capítulo 5. Aplicação de ressonadores e materiais porosos em painéis
duplos

(a) Configuração dos painéis só (b) Ressonadores em série com


com os ressonadores. o material poroso.
Figura 5.11.: Configurações analisadas.

5.4.2 Análise numérica


Nesta seção serão apresentados os resultados numéricos referen-
tes às diferentes configurações analisadas. Na Figura 5.12 é possível
visualizar os resultados para as configurações A (só ar) e D (só
ressonadores) da Tabela 5.1.

Figura 5.12.: Comparação dos resultados numéricos para as configura-


ções A e D.

Observa-se um pico na perda de transmissão em 424 Hz, sendo

70
5.4. Análise dos resultados

que esta frequência está deslocada de 13 Hz em relação à frequência


f 0 definida em projeto. Este desvio na frequência está de acordo
com os resultados apresentados em [29]. Já o valor da TL na
frequência com os ressonadores é de aproximadamente 34 dB,
enquanto que sem os ressonadores para essa frequência, era de
30 dB, aproximadamente. A adição dos ressonadores altera um
pouco os modos dos painéis, principalmente entre as frequências
de 300 Hz a 500 Hz. Acredita-se que isso ocorre devido à interação
fluido-estrutura entre o ar e os ressonadores, fazendo com que o
campo acústico existente seja alterado.
A Figura 5.13 apresenta a comparação dos resultados para as
configurações A (só ar), B (só espuma) e D (só ressonadores) da
Tabela 5.1. A comparação do resultado entre as configurações A, C
e D pode ser vista no Apêndice B.

Figura 5.13.: Comparação dos resultados numéricos para as configura-


ções A, B e D.

Nota-se que a configuração B aumenta a TL a partir de 300 Hz,


porém este efeito torna-se mais evidente a partir de 500 Hz. Além
disso, percebe-se também que ao se adicionar material poroso entre
os painéis ocorre a diminuição dos picos que existem na TL dos
painéis devido às ressonâncias acústicas formadas na cavidade, que
são atenuadas [46].

71
Capítulo 5. Aplicação de ressonadores e materiais porosos em painéis
duplos
A Figura 5.14 mostra a comparação dos resultados das configu-
rações B (só espuma) e E (espuma e ressonadores em paralelo) da
Tabela 5.1. As configurações C (só fibra) e F (fibra e ressonadores
em paralelo) podem ser vistas no Apêndice B.

Figura 5.14.: Comparação dos resultados numéricos para as configura-


ções B e E.

Esta figura mostra a comparação dos resultados quando utiliza-


se fibra entre os painéis e ressonadores inclusos na espuma (em
paralelo). Observa-se um aumento de 1 dB, aproximadamente, na
TL na frequência de 400 Hz quando são adicionados ressonadores
em paralelo ao material poroso. No entanto, este aumento não
ocorre devido ao funcionamento dos ressonadores. Acredita-se
que isso ocorra devido à interação dos ressonadores com o
campo acústico. Quando se analisa a frequência de sintonia dos
ressonadores, percebe-se que para as duas configurações não é
possível visualizar o efeito dos ressonadores quando os mesmos
estão em paralelo com os materiais porosos, pois quando se
compara as curvas com e sem os ressonadores tem-se praticamente
as mesmas curvas. Acredita-se que isso ocorra devido ao fato de
existir material poroso muito próximo ao pescoço do ressonador,
pois como foi analisado no Capítulo 4, para que os ressonadores
funcionem plenamente existem valores mínimos de t e R ar que

72
5.4. Análise dos resultados

devem ser respeitados.


A Figura 5.15 mostra a comparação dos resultados das configu-
rações E (espuma e ressonadores em paralelo), D (só ressonadores)
e I (espuma e ressonadores parcialmente imersos) da Tabela 5.1.

Figura 5.15.: Comparação dos resultados numéricos para as configura-


ções E, D e I.

Observa-se um aumento significativo nos resultados da perda


de transmissão na frequência de 424 Hz para os casos nos
quais os ressonadores estão parcialmente inseridos no material
acústico e quando os ressonadores estão em paralelo com o
material acústico. Acredita-se que isto se deva ao maior espaço no
entorno do ressonador, permitindo melhor desempenho acústico
do mesmo. Além disso, pode-se notar que quando os ressonadores
estão parcialmente imersos ocorre uma pequena diminuição
do rendimento do material poroso, principalmente nas altas
frequências, devido à retirada de material para adicionar os
ressonadores. Comparando os casos onde se tem apenas os
ressonadores com o caso onde os mesmos estão parcialmente
inseridos no material acústico, percebe-se um pequeno aumento
na TL devido à soma dos efeitos dos ressonadores e do material
poroso.
Por fim, a Figura 5.16 mostra a comparação dos resultados

73
Capítulo 5. Aplicação de ressonadores e materiais porosos em painéis
duplos
das configurações H (fibra e ressonadores em série) e J (fibra e
ressonadores parcialmente imersos) da Tabela 5.1. As configurações
G (espuma e ressonadores em série) e I (espuma e ressonadores
parcialmente imersos) podem ser vistas no Apêndice B.

Figura 5.16.: Comparação dos resultados numéricos para as configura-


ções H e J.

A Figura 5.16 mostra a comparação dos resultados numéricos


para as configurações nas quais o ressonador está parcialmente
imerso e em série com a fibra. Percebe-se que os resultados são
bastante semelhantes ao longo de todo o espectro, porém um
pequeno benefício na região do espectro próxima da sintonia
do ressonador quando este está parcialmente imerso no material
acústico.
Para uma melhor visualização dos efeitos dos ressonadores
nas diferentes configurações apresentadas, a Figura 5.17 mostra a
comparação das curvas de insertion loss (IL). Para determinar os
resultados da IL faz-se a diferença entre a TL da configuração e a TL
dos painéis só com fibra, pois ao se utilizar o material poroso entre
os painéis os efeitos das ressonâncias dos painéis são minimizadas.

74
5.4. Análise dos resultados

Figura 5.17.: Comparação dos resultados numéricos da IL para as


configurações F, H e J.

A Figura 5.17 mostra os resultados da IL para as configurações


F (fibra e ressonadores em paralelo), H (fibra e ressonadores em
série) e J(fibra e ressonadores parcialmente imersos). Observa-se
que apenas para a configuração F não existe um pico de IL devido
à utilização dos ressonadores. Isso se deve ao fato dos materiais
porosos estarem muito próximos ao pescoço do ressonador, como
citado anteriormente. Já com relação às configurações H e J,
percebe-se que a primeira tem um ganho de 8 dB, enquanto que
a última tem um ganho de 10 dB em relação à configuração dos
painéis só com fibra.

5.4.3 Comparação com resultados analíticos e experimentais


Nesta subseção serão apresentadas comparações entre os re-
sultados experimentais, TMM e numéricos, em bandas de 1/3
oitava, além disso, todos os resultados serão comparados com
a TL da configuração A (experimental). As Figuras 5.18 e 5.19
mostram os resultados referentes às configurações A (só ar) e D (só
ressonadores), respectivamente.

75
Capítulo 5. Aplicação de ressonadores e materiais porosos em painéis
duplos

Figura 5.18.: Comparação da TL numérica, analítica e experimental da


configuração A.

Inicialmente, na Figura 5.18 observa-se melhor concordância


entre os resultados do modelo em FE com os experimentais,
com diferenças da ordem de 4 a 5 dB. Os resultados do TMM
divergem de forma significativa em relação ao numérico (FEM)
e aos experimentais, com diferenças entre 5 a 10 dB. O modelo
em FE representa de forma mais completa o problema físico,
levando a melhores resultados do que o modelo TMM. Existem
algumas hipóteses para se explicar as diferenças dos resultados
em FE e TMM. Acredita-se que as diferenças entre o modelo
FE e o experimento devem-se à dificuldade de modelar as
condições reais de contorno que existem no experimento. Além
disso, o modelo numérico não considera a utilização de massa de
calafetar, que é utilizada no experimento para evitar vazamentos
e, consequentemente, fornece amortecimento aos painéis. Já o
TMM é uma formulação onde são considerados parâmetros
concentrados, além disso o mesmo considera apenas os caminhos
não ressonantes.

76
5.4. Análise dos resultados

Figura 5.19.: Comparação da TL numérica, analítica e experimental da


configuração D.

A Figura 5.19 mostra a comparação dos resultados numéricos,


TMM e experimentais para a configuração onde se tem os
painéis duplos com 36 ressonadores entre eles (configuração D
(só ressonadores) da Tabela 5.1). Ao comparar esse resultado
com o da Figura 5.18, percebe-se que na banda de 300 Hz,
onde a diferença entre o modelo numérico e o experimento era
aproximadamente 4 dB agora é, aproximadamente, 6 dB. Acredita-
se que isso se deve à adição dos ressonadores que representam uma
adição de massa ao sistema, pois no experimento os ressonadores
foram fixados no painel interno, enquanto que no modelo os
mesmos estão soltos na cavidade. No entanto percebe-se que em
ambos os modelos houve um ganho na TL na banda de 400
Hz que é próxima da frequência onde os ressonadores foram
sintonizados. No experimento a TL nessa banda está em torno
dos 34 dB, já no modelo é 31 dB. Comparando novamente com o
resultado da Figura 5.18 percebe-se que houve um ganho de 7 dB,
aproximadamente, para o experimento e de 5 dB para o modelo
numérico. Já ao comparar o modelo analítico com o numérico e
o experimento, percebe-se que o mesmo segue a tendência do

77
Capítulo 5. Aplicação de ressonadores e materiais porosos em painéis
duplos
resultado obtido na Figura 5.18 com exceção do pico de TL na
banda de 400 Hz, tendo um valor de aproximadamente 29 dB, o que
equivale a um aumento de 7 dB quando se comparam os resultado
em TMM sem e com ressonadores.
A Figura 5.20 mostra a comparação dos resultados das configu-
rações B (só espuma) da Tabela 5.1. Os resultados da configuração
C (só fibra) podem ser vistos no Apêndice B.

Figura 5.20.: Comparação da TL numérica, analítica e experimental da


configuração B.

A Figura 5.20 mostra a comparação entre resultados numéricos,


analíticos e experimentais para a configuração onde se tem os
painéis duplos com 70 mm de espuma entre eles. Comparando
esse resultado com o da Figura 5.18, percebe-se que na banda
de 300 Hz, onde a diferença entre o modelo numérico e o
experimento era de, aproximadamente, 4 dB agora está em 2 dB,
aproximadamente. Acredita-se que isso se deve à adição de material
poroso, pois o mesmo, além de aumentar a TL nas médias e altas
frequências, atua fornecendo amortecimento ao sistema como visto
em [46], minimizando os efeitos das ressonâncias. Já quando são
comparados os modelos analítico e numérico com experimento,
percebe-se que as curvas estão mais próximas.

78
5.4. Análise dos resultados

A Figura 5.21 mostra a comparação dos resultados da configu-


ração I (espuma e ressonadores parcialmente imersos) do modelo
numérico com a configuração E (espuma e ressonadores em para-
lelo) para o modelo analítico e experimento da Tabela 5.1. Utilizou-
se a configuração E para o TMM e experimento pois em ambos
não foi possível realizar a configuração onde se tem ressonadores
imersos parcialmente no material poroso. Os resultados das
configurações J (fibra e ressonadores parcialmente imersos) e F
(fibra e ressonadores em paralelo) podem ser vistos no Apêndice
B.

Figura 5.21.: Comparação da TL numérica, analítica e experimental das


configuração I (numérico) e J (analítico e experimental).

Comparando estes resultados com os da Figura 5.20, percebe-


se que ambos têm um comportamento bastante semelhante, sendo
atribuído à presença do material poroso. Na banda de 400 Hz,
que é próxima da frequência de sintonia dos ressonadores, ocorre
um aumento na TL quando se comparam os resultados obtidos
nas Figuras 5.18, 5.20 e 5.21. Além disso, este resultado mostra
que a configuração onde tem-se os ressonadores em conjunto com
o material poroso aumenta a TL na banda onde os ressonadores
foram sintonizados, nas médias e altas frequências, e fornece

79
Capítulo 5. Aplicação de ressonadores e materiais porosos em painéis
duplos
amortecimento para o sistema.
Por fim, a Figura 5.22 mostra a comparação dos resultados da
configuração G (espuma e ressonadores em série) da Tabela 5.1. Os
resultados da configuração H (fibra e ressonadores em série) podem
ser vistos no Apêndice B.

Figura 5.22.: Comparação da TL numérica, analítica e experimental da


configuração G.

A Figura 5.22 mostra a comparação entre os resultados da TL


numérica, analítica e experimental para a configuração contendo
material poroso entre os painéis em série com os ressonadores. Ana-
lisando os resultados percebe-se que para o resultado experimental
tem-se a maior TL na banda de 400 Hz, aproximadamente 37 dB,
ou seja, um aumento de 11 dB quando se compara com o resultado
da TL experimental da Figura 5.18. Além disso, percebe-se também
que a diferença que ocorria nas baixas frequências (200 Hz a
300 Hz) entre o modelo numérico e o experimento está presente
novamente. Acredita-se que isso corra devido à interação do ar
com os ressonadores, fazendo com que os efeitos das ressonâncias
fiquem mais evidentes no modelo numérico, pois observou-se
comportamento bastante semelhante na Figura 5.19. Ao comparar
o modelo analítico com o numérico e com o experimento percebe-

80
5.4. Análise dos resultados

se que o primeiro está bem próximo do resultado experimental,


com exceção da banda de 400 Hz na qual existe uma diferença de
aproximadamente 3 dB. Acredita-se que essa diferença se dê devido
ao efeito de adição de massa dos ressonadores, pois no experimento
os mesmos estão fixados no painel interno. No entanto, quando se
comparam os modelos analítico e numérico a diferença entras as
duas abordagens é muito grande. Acredita-se que essa diferença
ocorra devido à influência dos caminhos ressonantes que são mais
evidentes no modelo numérico, fazendo com que o valor das TL nas
bandas de 300 Hz e 400 Hz diminua.
Para uma melhor visualização dos efeitos dos ressonadores
nas diferentes configurações apresentadas, a Figura 5.23 mostra
a comparação das curvas de insertion loss (IL) para os resultados
experimentais, semelhante ao que foi feito para os resultados
numéricos na Figura 5.17. Para determinar os resultados da IL faz-
se a diferença entre a TL da configuração e a TL dos painéis só com
ar, apenas.

Figura 5.23.: Comparação dos resultados numéricos da IL para as


configurações F, H e J.

A Figura 5.23 mostra os resultados da IL para as configurações


D (só ressonadores), F (fibra e ressonadores em paralelo) e H
(fibra e ressonadores em série). Analisando o resultado, observa-

81
Capítulo 5. Aplicação de ressonadores e materiais porosos em painéis
duplos
se que para as três configurações tem-se um ganho na banda de 400
Hz. Para a configuração D o ganho é de 7 dB, para a configuração F
é de 8,5 dB e para a configuração H o ganho é de aproximadamente
11 dB.
Com os resultados obtidos nesse capítulo pode-se afirmar que
por mais que existam diferenças entre os resultados dos modelos
em FEM e TMM, e os experimentais, em todos estes resultados
foi possível observar a influência da utilização dos ressonadores
no aumento da TL de painéis duplos com ou sem tratamento
acústico. Analisando os resultados obtidos na Figura 5.17 é possível
observar que para o melhor caso, onde se tem o ressonador imerso
parcialmente na fibra, tem-se um ganho de aproximadamente 10
dB próximo à frequência de sintonia dos ressonadores. Já quando
se analisa a Figura 5.23 é possível observar que, para o caso onde
os ressonadores estão em série com a fibra, tem-se um ganho de
aproximadamente 11 dB próximo à frequência de sintonia dos
ressonadores.

82
6 Conclusões

Neste trabalho avaliou-se a utilização de ressonadores de


Helmholtz em conjunto com material poroso para o tratamento
acústico de painéis duplos. Para esta avaliação foram utilizados
modelos numérico e analítico, bem como experimentos em câmaras
reverberantes.
Inicialmente foram apresentadas as abordagens analíticas que
descrevem o comportamento de materiais porosos, ressonadores e
os modelos acústicos (clássico e com dissipação viscotérmica). Por
fim, foram apresentados os métodos das matrizes de transferência
(TMM e P-TMM) e o método dos elementos finitos.
Os modelos apresentados para os ressonadores e materiais
porosos foram validados em um tubo de impedância. Após esta
validação foi proposta uma configuração onde os ressonadores
estavam imersos no material poroso, tendo sido obtida uma boa
correlação para a frequência de sintonia do ressonador e seu pico
de absorção. Entretanto, para as frequências onde o comportamento
do material poroso predomina, os resultados do modelo numérico
e TMM divergiram ligeiramente dos resultados experimentais.
A fim de melhor entender o comportamento do ressonador
imerso no material poroso, foi conduzida uma análise de alguns
parâmetros, especificamente a espessura da camada de ar na frente
do pescoço do ressonador (t) e a espessura de ar lateral ao pescoço
do ressonador (Rar ). Com esta análise percebeu-se que existem
valores mínimos de t e Rar para o funcionamento correto do
ressonador aqui utilizados, sendo esses valores iguais a 4 mm e
25 mm , respectivamente.
A abordagem numérica para a determinação da TL consis-

83
Capítulo 6. Conclusões

tiu em avaliar diferentes configurações, afim de se obter um


melhor desempenho do conjunto (painéis, material poroso e
ressonador). Avaliou-se inicialmente apenas a TL dos painéis e na
sequência foram adicionados material poroso e ressonadores. Por
fim, os resultados numéricos foram comparados com resultados
obtidos analiticamente (TMM) e experimentalmente (experimento
em câmaras reverberantes). Concluiu-se que para as análises onde
não se utiliza material poroso, tem-se uma maior dispersão entre
os resultados das três abordagens. Acredita-se que os principais
fatores para que isso ocorra são: a dificuldade de se reproduzir as
condições de contorno existentes no experimento e adição de massa
de calafetar (que fornece amortecimento para o sistema) utilizada
para evitar vazamentos no experimento.
De forma geral, com os resultados obtidos, pode-se afirmar que
por mais que existam diferenças entre os resultados dos modelos
em FEM e TMM, e o experimento, em todos estes resultados
foi possível observar a influência da utilização dos ressonadores
no aumento da TL de painéis duplos com ou sem tratamento
acústico. Foi observado que para o melhor caso numérico, onde
se tem o ressonador imerso parcialmente na fibra, tem-se um
ganho de aproximadamente 10 dB. Já quando para o melhor caso
experimental, onde os ressonadores estão em série com a fibra tem-
se um ganho de aproximadamente 11 dB. Desta forma, a utilização
de ressonadores de Helmholtz torna-se uma abordagem possível
quando se deseja minimizar um ruído tonal de baixa frequência.

6.1 Sugestões para trabalhos futuros

Com os conhecimentos adquiridos a partir deste trabalho, como


modelos analíticos e numéricos de ressonadores, além de toda a
parte experimental em tubos de impedância e câmaras reverbe-
rantes, pode-se propor algumas linhas de pesquisas futuras para
o prosseguimento das pesquisas utilizando ressonadores. Como
trabalhos futuros propõem-se:

• avaliar outras condições de contorno para o modelo numérico

84
6.1. Sugestões para trabalhos futuros

a fim de se conseguir validá-lo com resultados experimentais;

• criar um modelo que utilize apenas a impedância acústica do


ressonador, ao invés de modelar toda a sua geometria;

• avaliar a influência da interação entres os ressonadores,


determinando uma distância ótima entre eles para que os
mesmos tenham uma maior TL;

• propor uma configuração em linha para os ressonadores entre


os painéis semelhante ao que foi feito no trabalho [10];

• utilizar ressonadores de mais de um grau de liberdade,


visando aumentar a TL dos painéis;

• usar ressonadores sintonizados em frequências diferentes,


visando aumentar a faixa de atuação;

• aplicar algorítimo de otimização na geometria do ressonador.

85
Referências bibliográficas

[1] Campolina, B. Vibroacoustic modelling of aircraft double-walls


with structural links using Statistical Energy Analysis (SEA). Tese
de doutorado, Université de Sherbrooke; Université Pierre et
Marie Curie-Paris VI, 2012.
(Citado na página 1)

[2] Doutres, O. e Atalla, N. Acoustic contributions of a


sound absorbing blanket placed in a double panel structure:
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93
Apêndices

95
A Configurações e montagens experi-
mentais

Nesta seção serão apresentadas as demais configurações uti-


lizadas nos experimentos realizados no tubo de impedância e
nas câmaras reverberantes. Além dos materiais ensaiados nos
experimentos para a avaliação da absorção sonora e para a perda
de transmissão.
As Figuras A.1, A.2 e A.3 mostram a montagem do experimento
no tubo de impedância, uma amostra de fibra e uma amostra onde
o ressonador está imerso na espuma, respectivamente.

Figura A.1.: Experimento utilizando o tubo de impedância para avaliar


a absorção dos ressonadores e materiais porosos.

97
Apêndice A. Configurações e montagens experimentais

Figura A.2.: Amostra de fibra.

Figura A.3.: Ressonador imerso na espuma.

As Figuras A.1 e A.3 mostram algumas configurações e amostras


utilizadas no experimento entre as câmaras reverberantes.

98
Figura A.4.: Configuração da TL dos painéis com fibra e ressonadores
em paralelo vista da câmara fonte.

(a) Configuração da TL dos (b) Configuração da TL dos pai-


painéis com espuma vista da néis vista da câmara receptora.
câmara receptora.
Figura A.5.: Configurações ensaiadas.

99
B Resultados da absorção sonora para os
parâmetros t e R ar

Nesta seção serão apresentadas as demais configurações para os


parâmetros t e R ar analisados no Capítulo 4. Os resultados da
absorção sonora para os ressonadores de comprimento de pescoço
iguais a 6 mm e 7 mm podem ser vistos nas Figuras B.1, B.2, B.3 e
B.4.

B.1 Avaliação da espessura da camada de ar na frente do


pescoço (Experimento)

Figura B.1.: Avaliação da influencia da espessura de ar na frente do


pescoço do ressonador (pescoço de 6 mm).

101
Apêndice B. Resultados da absorção sonora para os parâmetros t e
R ar

Figura B.2.: Avaliação da influencia da espessura de ar na frente do


pescoço do ressonador (pescoço de 7 mm).

B.2 Avaliação da influencia do diâmetro da camada de ar


na frente do pescoço (experimento)

Figura B.3.: Avaliação da influencia do diâmetro da camada de ar na


frente do pescoço de 6 mm.

102
B.2. Avaliação da influencia do diâmetro da camada de ar na frente
do pescoço (experimento)

Figura B.4.: Avaliação da influencia do diâmetro da camada de ar na


frente do pescoço de 7 mm.

103
.

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