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Criminologia Feminista

O feminismo tem diversas correntes e não se sabe qual a criminologia está sendo produzida. Melhor falar de estudo
sobre crime e gênero, o que induz pensar não em mulher, mas em categoria gênero dentro da criminologia, sobre
homens e sobre mulheres.

A história da criminologia está cheias de permanências históricas e a maior dela é o positivismo. Quando se trata de
genero essa permanencia se torna muito mais evidente.

A mulher não teve a mesma centralidade que teve o homem, a ela cabia o interesse bilatreal na histporia da
criminologia.

O início da criminologia começa com a etiologia, que segnifica a busca das causas, o que causa determinado femono.
A etiologia do crime seria buscar as causas do crime.

Para a Lombroso os criminosos eram as pessoas presas, e o foco estava justamente nos homens presos. Isso é
resultado de um momento histórico específico, final do sec. XVIII e início do século XIX. As mulheres não gozavam
dos mesmos privilegios sociais dos homens, havia concepção de que a mulher era biologicamente inferior ao
homem, não era sujeito autono e não havia interesse das ciÊncia sociais estudá-las. Esse período coincide com os
esboços inciais do feminismo, momento que já havia reivindicação por igualdade jurídica, política, mas não se
questionava a questão de gênero dentro das ciiências empíricas. A percepção das mulheres não fugiam dos
esterióticos, com percepção acrítica, essencialista sobre a mulher, e as explicações dos crimes praticados por
mulheres eram sempre baseadas na perspectiva baseada em esteriótipos sem base científica e que permanecem até
hoje (mulher honesta, estérica, ardilosa, má, inoscente, baseadas no mito da inferiridade natural, da docilidade
feminina, da fragilidade física da muçher, da instabilidade emocional, da devacisão da mulher criminosa, da destresa
da mulher criminosa).

A criação desses mitos começam desde o início do positivismo, desde Lombroso. Ele tenta trabalhar com as
mulheres (la donna linquente), onde fala da distinção biológica entre os diversos tipos de mulheres, mulher moral,
mulher criminosa e mulher prostituta.

O crime no entendimento positivista é um fenomeno essencialmente masculino e isso faz com que para o
positivismo a mulher criminosa seja biologicamente mais proxima do que da mulher moral. O crime cria uma
patologia apra aquela mulher. Os defeitos biologicos da mulher crimonosa provocavam aberração ainda maior na da
mulher do que comparedo ao homem, pois o crime é de natureza masculina, fenomeno masculino. Primeiro
colocam um discurso moral sobre a mulher, do que deveria ser um comportamento correto da mulher, e qual seria o
comportamento errado da mulher, e depois eles tentam explicar isso, a partir de um discurso médico, de um
discurso jurídico, que serve apenas para justificar o julgamento moral prévio. O objetivo é legitimar o controle social
feminino segundo o reforço dos esteriótipos femininos, a submissão que deveria ser natural.

Quando se fala em controle social feminino fala-se em controle social formal (somente excepcional afinal de contas
o direito penal era pensado para os homens), e o controle social informal (realizado pela família, pela igreja).
Quando o controle social informal era ineficiente o controle social formal entraria em ação de maneira excepcional e
era tratado mais pelo ramos da psiquiatria que pelo ramo do direito. Historicamente a mulher delinquente era a
mulher louca, era internada em manicomio, hospitais psiquiátricos, e o homem delinquente era o criminoso, ia para
a prisão. O conrole jurídico da mulher é ainda mais recente.

Essa gestaão da saúde mental das mulehres não é necessariamente uma preocupação da saúde mental da mulher é
uma forma de controle sobre a sexualidade, sobre o corpo dessas mulheres, pois os delitos cometidos pelas
mulheres, mas todo tipo de comportamento que desviassedo comportamento esperado das mulheres. Essa era uma
forma de controle social muito mais rigoroso, eficiente, e muito mais abusivo sobre as mulheres. Serve para
controlar as mulheres que as famílias e igrejas não conseguiam controlar. Então o adultério, sexualidade distinta da
heteronormativa, sexualidade promiscua, gravidez antes ou fora do casamento.

O problema desses discursos é que eles naturalizam a submissão feminina, nenhum deles questiona a questão de
gênero, a dominação masculina. Então para a criminologia feminista a mulher é inferior e ponto, não tem discussão,
partem daí para justificar as formas de controle social sobre as mulheres. Se a mulher é inferior e pronto, então
todas as condutas desviantes dessa mulher elas devem ser resultado de uma condição biopsicológica especial, pq a
mulher é inferior, não é capaz que se comportar da mesma forma que o homem.

A etiologia social surge com as conclusões sociológicas de Durkeim. Enquanto a criminologia está focada no nos
homens e direcionada para o pensamento sociológico, quando eles focam nas mulheres eles são incapazes de
abandonar os positivismos que eles próprios criticam. O paradigma de reaão social funciona de forma muito
eficiente para explicar o comportamento delitivo masculino, mas isso não se aplica para as mulheres. As causas de
crimes para mulheres tem fundamentos estritamente biopsicológicos.

Com o desenvolvimento da criminologia, as cifras ocultas se tornam interessantes pois as estatísticas oficiais
reconhecem as diferenças na taxas de delitos cometidas por homens e mulheres mas em nenhum momento eles
questionam se existem cifras ocultas femininas, são todas as que estão nas estatíticas.

Mesmo no mmento mais refinado da criminologia contemporanea ainda se trabalha com a ideia da natureza
feminina, essencialista, baseada em esteriótipos e que dormaliza a submissão feminina e que portanto não existe
questionamento sobre a opressão das mulheres.

Suderland – tem a análise mais sofisticada sobre mulheres. Ele vai dizer que a diferença estatística sobre homens e
mulheres é uma diferença tão grande que a única coisa que é relevante para alterar esse equilíbrio de seria a posição
social das mulheres em relação aos homens, não existiria outra explicação senão o fato de que as mulehres estão
numa posição social inferior aos homens. A posição social para Suderland é o que vai determinar a oportunidade
delitiva, não haveria outra maneira de explicar essa disparidade tão grande nas estatístias oficiais cometidos por
homens e mulheres. Diz que gênero, na verdade, não afeta aprodução do crime, não afeta o fato da mulher ter ou
não um comportamento criminoso, mas gênero afeta todas as outras relações sociais daquela mulher e essas
relações sociais afetam sim a maneira como essa mulher vai se comportar, as oportunidades delitivas que ela vai ter,
o processo de socialização ao qual ela vai ser submetida e inclusive a maneira como a sociedade reage aos
comportamentos delitivos das mulheres.

Passando para um paradigma da reação social, fundado no Beker e gofman, teoria do etiquetamento ou da
rotulação, se descobre que essa maneira como a sociedade reage ao comporamento delitivo é fundamental para
entender o comportamento criminoso ou não. A reação social também será importante para saber a relação do
gênero dentro do crime. Começam a reconhecer as limitações das análises tradicionais sobre as mulheres.

O etiquetamento ou o rotulacionismo partem do reconhecimento de que existem relações sociais desiguais e que a
posição social do individuo é o que vai determinar se ele vai ser rotulado com sucesso ou não. O mesmo racicinio se
aplica a genero. Se as relações sociais relativas a genero são desiguais também o etiquetamento será desigual. E a
mulher é um alvo muito fácil do etiquetamento. Ser mulher já é um rótulo em si mesmo, algo negativo, um desvalor.
Então todos os demais rótulos são atribuidos com muita facilidade, fundamentados nos esteriótipos de género
(estérica, promiscua, masculinizada).

O etiquetamento não tem o mesmo efeito para as mulheres que tem para os homens mas vai determinar as
possibilidade reais da mulher, de comportamento das mulheres, de intereção social delas, e vai determinar a
maneira como a mulher é vista, a reação social sobre aquela mulher, como o comportamento desviante dessa
mulher será julgado.
O feminismo é que vai dizer que a criminologia tradicional era limitada para entender o comportamento feminino
pois era androcêntrica, tão focada no comportamento masculino que se tornava cega para as determinações de
gênero. Isso se dá em meados do século XX.

Criminologia feminista é a que surge da crítica que o feminismo faz ao direito. Denuncia a maeira como a ciência
percebia a mulher, de uma concepção esteriotipada, sem qualquer concepção científica.

No direito o feminismo fará uma denúncia sistemática das discriminações de genero que acontecia na legislação, nas
políticas públicas, no proprio judiciário, as violações de direitos fundamentias individuais das mulheres. Essa
denuncia gera uma crise na criminologia tradicional, revela o caráter androcentrico na Criminologia, e mesmo nas
vertentes mais progressistas, sociológicas, ainda era uma criminologia baseada na biologicista. Denuncia a
permanencia do positivismo em genero e vai demonstrar como a esperiencia feminina com o crime era despresada
para a criminologia tradicional, tanto a esperiencia da mulher quanto criminosa, quanto da esperiencia da mulher
quanto vítima. Para a criminologia tradiocional a mulher que praticava crimes era a mulher que negava a sua
natureza feminina e esse pensamento é reflexo de uma estrutura de dominação de gênero, de uma subordinação
estruturalmente determinada.

A criminologia tradicional é então condicionada pelo patriarcado, serve para reproduzir e justificar a dominação
masculina. É por isso que não se justificava a natureza que a mulher era percebida. Então foi necessário que o
feminismo entrasse na academia, que apontasse esses problemas a fim de que realizasse essa ruptura, apontar o
quanto que a criminologia tradicional estava comprometida com a dominação de gênero.

Existe uma tendencia entre os momentos de maior atuação do movimento feminista e o menor de maior
conservadorismo de genero dentro da criminologia, por que havia pela criminologia tradicional uma necessidade de
justificar o controle social feminino, de negar a possibilidade de emancipação feminina.

Quando surge uma o discurso feminista dentro da criminologia existe uma rejeição absoluta na academia a essa
criminologia feminista justamente pq coloca a criminologia em crise no tocante à maneira que via as mulheres.

Existem pelo menos três tendências que empasam essa produção criminológica feminista: criminologia baseada no
feminismo liberalbaseada no feminismo marxista e baseada no feminismo pós estruturialista (pós moderno).

Criminologia feminista liberal x criminologia feminista crítica: a criminologia feminista liberal que ainda parte de uma
sociologia do consenso, reformista, parte da ideia de que é possível mudar a opressão de genero apenas a partir do
direito; pode ser entendida como só mais uma produção criminológica liberal que trabalha com gênero. Já a
criminologia feminista crítica são aquelas que questionam as estruturam de opressão de uma maneira global,
entendem que uma superação das discriminações de genero vão depender das mudanças sociais muito mais
profundas que o direito é capaz de fazer; o direito não é capaz de emancipar as mulheres por si proprio, pq o direito
por si proprio está condicionado a uma estrutura patriarcal.

Das criminologias feministas liberais (teorias da emancipação): entede que a desigualdade de genero é produto de
uma instituição formal, ou seja, são as instituições que são sexistas, as leis que são sexistas. A apssagem dessa
mulher da vida privada para a vida pública é um momento fundamnetal pois quando o feminismo permite que a
mulher saia da vida privada e participe também da vida pública a mulher adquire maior participação social. Trata da
emancipação feminina o que acaba tornando as mulheres mais masculinizadas. É o mesmo argumento sobre as
oportunidades delitivas em relação ao comportamento masculino. Não percebe as determinações estruturais de
genero, mas é importante pois tras a problematica do comportamento feminino para o centro do debate da
criminologia mesmo sendo uma percepção limitada. Se a liberdade é a causa do comportamnto delitivo feminino
essa acaba se tornando a causa para limitar a emancipação feminina.

De fato com o feminismo as mulheres ganharam mais espaço de atuação, se tornaram mais competitivas e com isso
se abriram novas oportunidades delitivas para as mulheres. Mas essa é uma leitura de estatísticas. Destarte, o
aumento da participação feminina nas estatísticas ainda é em numero muito menor que dos homens; as mulheres
criminalizadas não são mulheres emancipadas (pobre, negras, desempregadas). O feminismo ainda não atingiu essas
mulheres emancipadas.

Outras espelicações são as teoria de socialidação de genero, segundo a qual a maior independencia dos meninos
nas famílias geraria maisor desenvolvimento e oportunidades delitivas, enquanto as meninas nas famílias eram
socializadas para se tornarem mais dependentes, restritas nos seus comportamentos. Família é uma organização
fundamental para o controle social, tanto de meninos quanto de meninas. Não questionam a organização das
famílias. É muito difícil fundamentar com dados essa ideia de que a nas classes mais baixas haveria maior
reprodução de esteriótipos que nas classes mais altas.

A criminolofia feminista crítica, que não tem essas limitações, amplia os argumentos sobre seletividade e sobre
processos de criminalização.

Na vanguarda de crítica o casal shivendinguer , na década de 70, eles trabalhavam com marxismo bastante ortodoxo.
Para eles uma solução global para a resolução do problema do crime, tanto para homens quanto para mulheres
estaria na substiuição do modelo economico mais justo e igualitário. Para eles a superação do capitalismo implicaria
naturalmente na superação do patriarcado. Não obstante a isso eles contribuiram como perspectivas importantes
sobre as mulheres, trabalham com a ideia de violencia tanto a nível de patriarcado, como violencia sexual, quanto
violencia a nível de capitalimo, o relativo à exploração. A violencia exercida contra a mulher não se trata somente
num processo de objetificação da mulher pois no patriarcado a mulher é vista como propriedade, um aspecto
expendido da propriedade do homem. No capitalismo a submissão feminina se torna fundamental para manutenção
dessa estrutura de exploração, de submissão, o capitalismo pode explorar o trabalho feminino em duas vias,
exploração como reprodutora da vida social (trabalho doméstico da mulher), tanto como reprodutora biológica
(exploração da sexualidade feminina). Dessa forma a emancipação feminina no capitalismo será no máximo uma
emancipação parcial por que, ainda que superada a subordinação ao homem, sempre vai sobrar ainda a
subordinação ao capital. Com a superação do capitalismo a superação da subordinação da mulher se tornaria
automática. Eles dão relevancia a classe em detrimento de genero.

Ainda dentro da perspectiva da criminologia feminista crítica temos o a criminologia feminista radical. O feminismo
radical vai dizer que a dominação masculina deriva de uma dividão material de poder, é permanente e está em todos
os níveis da estrutura social. O patriacado seria a unica estrutura de poder permanente e universal. O capitalismo
poderia passar que o patriarcado não passaria. Eles dão relevancia a genero em detrimento de classe (assim como o
casal shivendinguer se baseia na teoria marxista). Dominação de genero está acima da dominação de classes.
Redireciona o foco da criminologia para as mulheres que são vítimas de violência. Destacam os mecanismos de
imunização dos agressores. Em criminologia o feminismo radical vai ser que o direito não consegue suprimir a
violencia de genero. Todos os mecanismos de proteção do direito, direcionados para as mulheres do direito são
inúteis pois o proprio direito replete a dominaçao masculina (permanente e global).

Para além dessas duas teorias radicias também se desenvolveram na decada de 70/80 teorias marxistas moderadas,
como a teoria da masculidade, desenvolvida para pensar genero dentro da criminologia. Tem que pensar todos os
tres elementos constitutivos da sociedade ao mesmo tempo, genero, classe e raça, categorias indissociáveis e
constantemente se informam mutuamente. Não basta uma delas para pensar o crime, é uma análise muito mais
complexa. Precisa entender que as três valem para pensar no crime em geral, não só em relação ao pobe, negro e
mulher. A estrutura patriarcal afeta a estrutura do crime na sua totalidade. Insere o comportamento masculino
criminoso também dentro da estutura do patriarcado. Então estudar genero serve para entender de que maneira
genero constitui todos nós enquanto indivíduos e gênero é tão opressor para homens quanto é para mulheres. A
estrutura de genero é tão violento quanto a propria estrutura de classes. Não pode mais pensar mais em
criminologia sem pensar em genero, sobretudo criminologia crítica.

A luta contra o poder patriarcal do feminismo e a luta contra o poder punitivo da criminologia critica são aspectos
complementares de uma mesma luta, de emancipação humana, total e completa. A crimilogogia crítica feminista
reconhece que a violencia contra mulher é um problema estrutural e está reclacionada a uma ideia de dominação
dos homens sobre as mulheres.

A criminologia crítica parece desde o início muito ávida em romper com as relações deiguais de classe, baseadas no
racismo mas sempre parece muito reciente em rempor as relações desiguais de gênero e parte disso parece ser
ainda uma forma de reproduzir ainda que inconcientemente os mesmo esteriótipos de gêneros anteriores, de que a
mulher é inferior e não vale a pena ser estudada então se se genero diz respeito a mulher, genero também não
valeria apena ser estudado dentro da criminologia. As pessoas não entendem que genero, na verdade, sobre todas
as pessoas. O que precisamos fazer na criminologia crítica é denunciar os problemas que nascem da desigualdade de
genero porque normalmente esses problemas, que são entendidos como individuais, são problemas estruturais.
Violencia de genero, violencia doméstica, estupro, são todos problemas estruturais.

Pensar gênero na criminologia não é estudar mulher mas estudar o fenômeno do crime em sua totalidade.

Parece não ser possível tentar se livrar de uma violencia de genero através de outra violencia que é a violencia do
sistema penal. A crítica criminológica tradicional é trazida para dentro da criminologia crítica e quando vamos pensar
gênero dentro da criminologia crítica a gente tem que estar atento a essas criticas que são fundamentais de que o
direito penal tem uma atuação seletiva e desigual, de que os processos de criminalisação são sempre
estigmatizantes, de que a lógica de exploração do capitalismo e do patriarcado são sempre reproduzidos pelo
sistema de justiça penal , seja no processo penal, seja no cárcere, e que o objetivo do sistema de justiça criminal é
sempre o de manutenção da dominação, de reprodução das desigualdades estruturais, e isso inclui as desigualdades
de genero. Sistema de justiça criminal e de direito penal não são instrumentos de emancipação.

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