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Inicialmente vamos considerar um material ferromagnético ilustrado na figura 16.1, enrolado com N
espiras condutoras em que circula uma corrente elétrica de intensidade i, suficiente para levar o
núcleo interno à saturação. Sabemos que, de acordo com a teoria dos domínios magnéticos, o núcleo
manterá um magnetismo residual depois a corrente é extinta, conforme pode ser mostrado pelo ciclo
de histerese na figura 16.2. Pode-se assim dizer que o material ferromagnético imantou-se, ou
tornou-se um ímã permanente.
B
Curva de Br
desmagnetização
Hc
H
A nossa região de interesse no ciclo de histerese é aquela que pertence ao segundo quadrante. Este
trecho é chamado de curva de desmagnetização e representa as características de um dado ímã. O
ideal é que os ímãs permanentes apresentem uma alta retentividade ou remanência (ponto Br de
interseção da curva de histerese com o eixo B) e uma alta coercitividade (ponto HC de interseção da
mesma curva com o eixo horizontal H), expressando assim, a medida da dificuldade de
desmagnetização apresentada pelo material. Uma característica muito importante em um ímã
permanente é o máximo valor para o produto B H.
Observemos aí que não se trata do produto dos valores máximos de B e de H, ou seja, de Bmax por
B
Hmax. Um análise da figura 16.3, com algumas curvas de desmagnetização, mostra que a curva 2 é
aquela que oferece o máximo produto B H.
3
Alta retentividade,
baixa coercitividade
2 Retentividade intermediária,
coercitividade intermediária
baixa retentividade,
alta coercitividade
1
O máximo produto BH para um determinado material indica a máxima densidade de energia (J/m3)
que pode ser armazenada no imã composto de certa substância. Quanto maior o valor do máximo
produto B H, menor será a quantidade de material necessária para que se obtenha um dado valor de
fluxo magnético.
A figura 16.4 apresenta a curva de desmagnetização de uma liga alnico 5. A tabela 16.1 apresenta
valores de retentividade, coercitividade e (B H) máximo para os diversos tipos de ímãs permanentes
mais empregados.
1,4 D
E
N
1,2 S
I
1,0 D
A
D
E
0,8
D
E
0,6
F
0,4 L
U
X
0,2 O
(T)
Tabela 16.1
permanentes, com o desenvolvimento de ligas especiais (Samário-Cobalto, por exemplo), que dão
origem aos chamados super-imãs.
Him
Hg
Devido ao entreferro, a densidade de fluxo residual deverá possuir um valor menor do que Br,
situando-se em um ponto P qualquer da curva de desmagnetização (figura 16.6).
P’ B
O
-H
Como não existe corrente, conseqüentemente não existirá também a Fmm no circuito magnético.
Assim, a equação (16.1) resulta:
H im .l im + H g .l g = 0 (16.2)
Bg = μ 0 H g (16.3)
H im .l im
Bg = − μ 0 (16.4)
lg
Pela configuração do circuito magnético, o fluxo das linhas de campo é o mesmo no entreferro e no
ímã. Considerando o efeito de espraiamento do fluxo no entreferro, temos que:
Sim
B g S g = B im S im ⇒ B g = B im (16.5)
Sg
B im S im μ H l
= − 0 im im (16.6)
Sg lg
Portanto:
μ 0 S g l im
B im = − H im (16.7)
Sim l g
Esta é a equação da reta OP' mostrada na figura 15.6, com declividade negativa. Sua intersecção
com a curva de desmagnetização fornece o ponto de operação do ímã com o entreferro.
Exemplo 16.1
Calcular o fluxo magnético no entreferro do ímã permanente de secção transversal 30 cm2 conforme
o esquema na figura 16.7. A curva de desmagnetização deste ímã é dada na figura 16.8, podendo
ser considerada como um quadrante de círculo.
Solução:
20 cm
5 P’ B(T)
0,5
20 espessura P
cm = 6 cm
5
0,5
H (Ae/m) 5000
5 5
y=± ⇒ x = 1,78 ⇒ x = 2,98 unidades
Podemos escrever, com todas as grandezas na x x
mesma unidade, em que:
Fazendo a conversão para B (1 unidade =
0,1 x = − 1,78 .10 −4 . ( −1000 ) y 0,1 T)
x = 1,78 y B op ≅ 0.30 T
Exemplo 16.2
Calcular o raio R do comprimento médio da estrutura abaixo, formada por um ímã permanente cuja
curva de desmagnetização é igual a do exemplo anterior, para que seja estabelecido um fluxo de
0,236×10-4 Wb no entreferro. Desprezar o espraiamento do campo no entreferro.
Solução
Raio da seção
R transversal = 0,005 m 0,5
lg = 1 mm 0,3
Pelo circuito magnético, sem Fmm, temos: Fig. 16.10 - curva de desmagnetização para
o exemplo 15.2
Hi li + Hglg = 0
1 un. ≡ 0,1 T
l i = 2 πR − lg = 2 πR − 0,001 1 un. ≡ -1000 A/m
φ 0,236 × 10 −4 5 = 3 2 + x 2 ⇒ x = 4 un.
Bg = = = 0,3T
S g π(0,005)2
H i 4 × ( −1000) = − 4000 A / m
Bg
Hg = = 238 732 A / m
μ0 Pela equação do circuito magnético
Exemplo 16.3
A estrutura da figura abaixo é construída de forma tal que o campo magnético tem um
comportamento praticamente radial no entreferro. Calcule o comprimento d que deve ter um ímã
permanente construído com alnico aglutinado comercial, de forma que a indução magnética B no
entreferro seja de 0,2 T. Dados: entreferro lg = 1 mm, raio médio R = 2 cm. Desprezar a relutância do
ferro e o espraiamento das linhas de campo magnético.
ímã 2 cm
Espessura
d da estrutura
e = 2 cm
lg
Rm
Solução
Sg 0,2 x 2 π x 2 x 10 −2 x 2 x 10 −2 2 x 10 −2 2H g l g 2B g l g
B im = B g = d=− =− =
S im 4 x 4 x 10 − 4 H im μ 0 H im
B im = 0,1 π T 2 x 0,2 4 π x 10 −3
− = 0,004m
4 π x 10 −7 − 4 x 10 5
Como 1 T = 10 000 gauss (G)
ou
B im = 3140 G d = 4 cm