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All content following this page was uploaded by Luiz Phelipe Dal Santo on 23 November 2020.
Introdução
Por tais razões, o presente artigo se dividirá em duas partes. Na primeira, abordará
questões de natureza teórica, tratando do desenvolvimento conceitual de populismo
penal, apresentando suas características, suas causas e os possíveis elementos capazes
de conter sua concretização material. A segunda parte, por meio de dados secundários,
tanto quantitativos produzidos basicamente pelo FBSP, CNJ e MJSP, quanto qualitativos,
extraídos por cientistas sociais brasileiros, além da utilização de arquivos de mídia, será
destinada a uma análise da realidade brasileira e suas particularidades a partir da
redemocratização no país. Esta segunda etapa será dividia em três partes distintas,
porém conectadas: o povo, a classe política e a classe jurídica. Isto nos permitirá então
identificar a adequação ou não da frequente utilização de tal conceito, enquanto
determinante causal, para compreender suas características e seus eventuais efeitos no
contexto local. Como será mais bem evidenciado ao longo do artigo, a ideia de
populismo penal pressupõe tanto uma participação popular ativa em demandar políticas
de controle do crime mais punitivas, quanto uma atuação reativa de políticos e
profissionais do sistema de justiça criminal, os quais cederiam a tais anseios populares.
Este artigo demonstrará, no entanto, como tal quadro não se verifica na realidade
brasileira.
1.1.Desenvolvimento conceitual
É certo que não apenas políticas penais e estratégias de controle do crime “viajam” de
um local para outro – tradicionalmente do Hemisfério Norte para o Sul –, mas ideias e
teorias também, a despeito de problemas de tradução e de diferenças culturais
(MELOSSI, 1998; SOZZO, 2001; MELOSSI ET AL., 2011; CARRINGTON et. al., 2016).
Populismo penal, enquanto elemento teórico, aparece no Brasil justamente como fruto
de tais viagens. Embora sua origem na realidade brasileira seja estreitamente vinculada
à obra de David Garland (2001), o autor escocês não foi o primeiro a tratar do assunto –
e, em realidade, sequer chega a utilizar esta expressão literal. Na sociologia da punição,
“populismo penal” surge como uma variação de populist punitiveness, termo empregado
inicialmente pelo criminólogo Anthony Bottoms (1995). Segundo Bottoms, punitivismo
populista seria uma entre outras tendências das políticas penais à época na Inglaterra.
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Populismo Penal: o que nós temos a ver com isso?
Nesta hipótese, políticos usariam a postura punitiva pré-existente do público para seus
próprios fins, isto é, em busca de apoio eleitoral.
Posteriormente, David Garland (2001) utilizou dois termos próximos, mas diferentes, em
sua obra: punitive populism e popular punitiveness. O primeiro se relaciona novamente
a uma tendência das políticas penais contemporâneas, enquanto o segundo é definido
como “uma forte corrente política” (GARLAND, 2001, p. 158). Garland baseia seus
estudos às realidades britânica e estadunidense.
Pouco depois, Julian Roberts, Loretta Stalans, David Indermaur e Mike Hough (2003)
finalmente usaram de modo expresso o termo “populismo penal”. Em obra coletiva, os
autores identificam o populismo penal novamente como uma tendência de política penal,
no entanto, de modo ampliado a outros países anglófonos: Estados Unidos, Canadá,
Inglaterra, Austrália e Nova Zelândia. Segundo os autores, populismo penal consistiria
na “busca de um conjunto de políticas penais para ganhar votos ao invés de reduzir as
taxas de criminalidade ou promover justiça” (Roberts et al., 2003, p. 5).
Por fim e mais recentemente, John Pratt (2009) se dedicou a desenvolver de forma mais
ampla o conceito aqui abordado. Nesse sentido, sustenta ser algo para além do mero
uso eleitoral de apoio público para um endurecimento penal. Algo mais complexo e
estruturalmente mais aprofundado e incorporado à configuração do poder penal. Um
produto de mudanças políticas e sociais iniciadas nos anos 1970. Ainda, Pratt diferencia
populismo punitivo de “populismo autoritário” (HALL et al., 1978), o que será mais bem
esclarecido adiante. De todo modo, embora avance em muitos sentidos e faça um
grande esforço para explicar no que, de fato, consiste no populismo penal, Pratt
apresenta diversas características e efeitos, mas não elabora uma definição precisa,
específica e conceitualmente limitada.
Antes de tudo, é primordial destacar que nenhum dos autores até aqui mencionados
defende qualquer homogeneidade no desenvolvimento das políticas penais. Nesse
sentido, o populismo penal jamais aparece como tendência única do sistema de justiça
criminal, nem mesmo como tendência necessariamente predominante. Logo, trata-se de
um movimento que coexiste com outros e, por tal motivo, influencia o desenvolvimento
e o funcionamento do sistema penal (BOTTOMS, 1995; GARLAND, 2001; ROBERTS et al.
, 2003; PRATT, 2009; SOZZO, 2012; 2017b).
Essa substituição do expert pelo povo é definida como uma alteração da razão pela
emoção (DZUR, 2010; SHAMMAS, 2015; 2016). Do tecnicismo ao populismo, sendo o
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populismo uma maneira vulgar e irracional de fazer política. O exemplo mais comum
para ilustrar essa alteração se refere à Lei Three Strikes and You’re Out. Sua versão
californiana foi elaborada por um fotógrafo, pai de vítima de um assassinato, isto é, uma
pessoa comum, fora das instâncias do Poder Legislativo ou Executivo. Este processo de
formulação de política penal teria se desenvolvido de um modo “quase completamente
desprovido de escrutínio de especialistas governamentais ou acadêmicos” (ZIMRING,
1996, p. 243).
Ao mesmo tempo, a Lei Three Strikes and You’re Out integra um modelo em ascensão à
época: mandatory sentencing. Trata-se de uma política de sentenciamento voltada à
minimização da discricionariedade de juízes (expert), na medida em que estes eram
considerados fundamentalmente lenientes com criminosos (ZIMRING, 2001; ROBERTS
ET AL., 2003; PRATT, 2007).
Além disso, esse caso demonstra também a questão da projeção da vítima encarnada na
voz do “povo” (GARLAND, 2001; MATTHEWS, 2002; RYAN, 2002; PRATT, 2007; SIMON,
2007), idealizada como você, sua filha, sua irmã, sua esposa (cf. ZIMRING, 1996). Há,
no mesmo sentido, o processo de nomeação de leis com o nome de vítimas, de modo a
honrá-las e recordá-las, mas principalmente como forma de conceder autenticidade e
validade no processo de criação e aprovação de leis (PRATT, 2007).
1.3.Determinações causais
Para Garland (2001) e Pratt (2008), por exemplo, este movimento teria partido “de
baixo para cima” (como diria Sozzo [2017a; 2017b]), estando, portanto, legitimado
popularmente. Tal legitimação estaria associada à ascensão de uma “ansiedade social”,
principal, mas não exclusivamente, causada pelo aumento da criminalidade (GARLAND,
2001). Outras tendências também teriam influído na suposta ansiedade social
generalizada, tais como as mudanças no campo econômico, familiar, do trabalho, entre
outros, englobados pela perspectiva de sociedade tardo-moderna (PRATT, 2008). Para
Pratt (2007), por exemplo, o aumento da criminalidade estaria vinculado ao populismo
penal apenas de modo tangencial, sendo justamente as mudanças sociais e culturais
provenientes da ascensão da modernidade tardia os principais fatores envolvidos em tal
processo. Tal hipótese “de baixo pra cima” pressupõe uma participação popular ativa. A
este engajamento público, políticos e profissionais do sistema de justiça criminal
responderiam de modo a satisfazer plenamente os anseios populares, “dando ao povo o
que o povo quer”. Katherine Beckett (1997: 4) denomina tal quadro como uma
hipotética “democracia plena”.
Roberts e seus colegas (2003), assim como Pratt, também recusam a ideia de que o
populismo penal teria surgido como mera resposta ao aumento do crime e ao aumento
de um punitivismo do povo – inclusive, pois as regiões analisadas por eles estariam
passando por um momento de redução da criminalidade registrada. Para estes autores,
haveria uma exploração – pelos políticos e a partir de uma perspectiva eleitoral – da
opinião pública baseada em desinformação (ver também HOUGH, 1996; HOUGH;
ROBERTS, 1999). Uma opinião pública baseada em informação impediria o
desenvolvimento de tais políticas com limitada utilidade social – e com excessivas
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Populismo Penal: o que nós temos a ver com isso?
1.4.Fatores protetivos
opinião do público comum se torna moderada e se aproxima das decisões de juízes. Não
por outra razão, Albert Dzur (2010; 2012) sustenta que a ampla participação pública nas
instituições promoveria um elevado grau de responsabilização generalizada, aumentando
paralelamente a existência de espaços democráticos e a moderação referente à punição.
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O “giro punitivo” seria, portanto, não fruto de um “excesso” de democracia, mas
justamente seu oposto (DZUR, 2010; 2012).
De modo semelhante aos elementos até aqui indicados, uma mídia menos
sensacionalista, orientada mais pelo dever de informar e menos pela necessidade de
vender, contribuiria para a neutralização do crescimento de anseios populares punitivos
e de respostas de atores do sistema penal influenciados por pressões populares. Nesse
sentido, David Green (2007) comparou o tratamento midiático dado a casos de
homicídios de criança cometido também por crianças na Inglaterra e na Noruega. Em tal
circunstância, a mídia inglesa, sensacionalista, que distorce a realidade e é conduzida
fundamentalmente pela busca por lucro, teria inflamado a população e influenciado a
própria atuação dos profissionais do sistema penal em uma direção mais punitiva. O
mesmo não teria acontecido na Noruega, cuja mídia não apelava ao jornalismo
sensacionalista.
É certo que o Brasil tem passado, há aproximadamente três décadas, por um período de
expansão punitiva. É certo também que fatores como a globalização, o colonialismo, o
imperialismo e a dependência (cf. DEL OLMO, 1981; COHEN, 1982; CASTRO, 1987;
PAVARINI, 2002; AGOZINO, 2003; BOSWORTH; FLAVIN, 2007; NELKEN, 2011;
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Populismo Penal: o que nós temos a ver com isso?
FONSECA, 2012; CARRINGTON et al., 2017; DAL SANTO, 2018) afetam a importação de
políticas criminais e estratégias de controle do crime. Isso não significa que
necessariamente as mesmas tendências e forças que determinam o desenvolvimento do
sistema de justiça criminal em um lugar se reproduzem ou reproduzirão integralmente
em outro.
Nessas condições, não obstante seja frequente a associação entre populismo penal e as
transformações no sistema penal brasileiro, esta vinculação merece ser mais bem
explorada. Como se pôde constatar até aqui, o populismo penal se estrutura a partir de
atividades em três diferentes instâncias: do povo, da classe política e dos profissionais
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do sistema de justiça criminal. Não por outra razão, estas três distintas instâncias serão
abordadas de modo específico a seguir.
Há, em sentido diverso, quem interprete o aumento do medo do crime no Brasil não
como reflexo direto do aumento da criminalidade, mas como fruto de uma manipulação
da insegurança, promovida conjuntamente pelo Estado e pela mídia (cf. PASTANA, 2003;
BENEVIDES, 1983). Teria ocorrido uma verdadeira “utilização político-ideológica da
violência” (PASTANA, 2003, p. 45) após certa perda de apoio popular da classe média ao
regime militar e início do processo de redemocratização. Embora não seja a
interpretação prevalecente, esta também é uma hipótese plausível, na medida em que o
aumento da insegurança subjetiva não obrigatoriamente acompanha o aumento material
da criminalidade (GAROFALO, 1981; HALE, 1996; VIANELLO; PADOVAN, 1999; ROBERTS
et al., 2003; GIAMBERARDINO, 2015). Ademais, é inquestionável o fato de que a mídia
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é capaz de definir pautas do debate público e, ainda que não crie fatos inexistentes,
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pode efetivamente alterar a dimensão de fenômenos reais e até mesmo influenciar a
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opinião pública em relação às possíveis respostas à criminalidade.
De todo modo, pesquisas indicam que o medo do crime atualmente representa uma
percepção subjetiva difusa no Brasil. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança
Pública (2016), 76% dos brasileiros têm medo de morrer assassinado; 65% têm medo
de ser vítima de violência sexual; 85% têm medo de ser vítima de violência por parte de
criminosos; 59% têm medo de ser vítima de violência causada pela Polícia Militar; 70%
acreditam que as polícias exageram no uso da violência e; 57% concordam com a frase
“bandido bom é bandido morto”. Evidentemente, trata-se de um quadro generalizado,
que, quando mais bem definido (por exemplo, por meio de recortes de classe, de raça
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e/ou de gênero), apresenta certas variações.
Além disso, é importante ressaltar que o medo do crime não produz mecanicamente um
clamor popular por mais punição quantitativa ou qualitativamente. Destaca-se, nessa
conjuntura, o resultado de recente pesquisa realizada sobre violência e apoio ao
autoritarismo no Brasil. Novamente, conforme apontado pelo Fórum Brasileiro de
Segurança Pública (2017), a ampla maioria dos entrevistados (71%) concorda com a
afirmação de que “melhorar as condições das prisões brasileiras é fundamental para
reduzirmos o poder das facções e do crime organizado”.
A análise sobre eleições políticas fatalmente podem contribuir para este debate. Isto, no
entanto, será feito no sub tópico subsequente. Por enquanto, será destacado o resultado
de uma consulta pública sobre o possível armamento da Guarda Municipal em Niterói/RJ.
Inicialmente, sabe-se que este caso representa apenas um caso específico e não deve,
portanto, ser considerado um reflexo perfeito da realidade brasileira completa. Dito isto,
destaca-se que esta consulta pública, realizada em 29 de outubro de 2017, teve como
resultado a recusa pelo armamento da Guarda Municipal, com um número de votos 2,5
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vezes maior do que a opção favorável ao armamento (13.478 a 5.478 votos).
Contudo, o que chama ainda mais atenção do que a própria recusa popular pelo
endurecimento da política de segurança pública é justamente o fato de que
aproximadamente 95% dos eleitores deixaram de participar do processo decisório
(apenas 18.956 pessoas, entre pouco mais de 370 mil, votaram).
Os elementos apresentados neste sub tópico indicam um quadro muito mais complexo
do que a mera e simplista existência de um “povo” menos tolerante que clama por mais
e mais punição. Em sentido diverso, além de não existir uma opinião pública
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Populismo Penal: o que nós temos a ver com isso?
No plano legislativo, embora as propostas de leis penais punitivas entre 1989 e 2006
tenham tramitado, em regra, de modo mais acelerado do que as leis penais ampliadoras
de direitos (CAMPOS, 2010), é possível sustentar que a política criminal legislativa em
tal período é mais bem identificada pela coexistência de normas que visam à
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criminalização e ao agravamento de penas, e normas descriminalizantes e de
efetivação de direitos e garantias do preso e/ou do acusado (CAMPOS, 2010; VER
TAMBÉM SOZZO, 2017c). Ademais, a formulação de tais políticas teve como base tanto
a participação de ativistas de movimentos sociais, quanto de pesquisadores e
profissionais do Estado (CIFALI, 2016), novamente rechaçando a hipótese de
predominância do povo em detrimento dos experts no processo de criação de leis.
Diferentemente de juízes e promotores dos Estados Unidos, esta classe burocrata não é
eleita democraticamente no Brasil. Para ascender a tais cargos, deve-se
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necessariamente passar por concursos públicos e, a partir do eventual êxito, segue-se
uma carreira estável e protegida, marcadas, por exemplo, pelas garantias da
vitaliciedade e da inamovibilidade, tornando-os, em tese, menos suscetíveis a influências
políticas e pressões populares. Trata-se de profissionais independentes, que não
dependem do crivo popular e não devem prestar contas à população ou à classe política.
Portanto, observa-se novamente um excelente fator protetivo na realidade brasileira.
Em que pese tenha de fato aumentado a previsão de pena mínima para o crime de
tráfico de drogas (de três para cinco anos), a Lei 11.343/06 (LGL\2006\2316)
determinou apenas medidas de prevenção ao uso de drogas, não possibilitando a
aplicação de pena de prisão em tais casos. No entanto, o que determinará o
enquadramento legal de uma situação concreta é justamente a avaliação subjetiva do
juiz a partir da “natureza e [d]a quantidade da substância aprendida, [d]o local e [d]as
condições em que se desenvolveu a ação, [d]as circunstâncias sociais e pessoais, bem
como [d]a conduta e [d]os antecedentes do agente”. Trata-se indubitavelmente de um
movimento contrário à tendência populista punitiva que busca reduzir os espaços de
discricionariedade do juiz. No Brasil, aumentar a margem de discricionariedade dos
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agentes do sistema penal produz o aumento do uso da punição e da repressão,
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Populismo Penal: o que nós temos a ver com isso?
Conclusão
Logo, ainda que se observem casos particulares de algum modo conectados à hipótese
do populismo penal no Brasil e com efeitos materiais concretos, não limitados
meramente a dimensões simbólicas e/ou discursivas, estes possuem caráter de
excepcionalidade.
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3 Como bem sustenta Žižek (2003 [2002]), ao imputar tal movimento como irracional,
perde-se a atenção em relação às causas e às condições que propiciaram seu próprio
êxito.
4 David Garland (2018, p. 23-25) e Forman Jr. (2017), em direção oposta, apontam
outra perspectiva, na qual a guerra às drogas teria surgido com amplo suporte popular,
inclusive por líderes comunitários e representantes políticos de afro-americanos.
9 Em épocas em que a fake news é apontada como fator importante nas eleições
presidenciais dos EUA (EL PAÍS, 2018a) e do Brasil (EL PAÍS, 2018b), bem como na
votação do Brexit (EL PAÍS, 2016), não se deve duvidar dos limites do uso de
informações falsas para intencionalmente manipular pessoas.
10 Nesse sentido, Emma Bell (2009, p. 198) ressalta o elevado medo popular da
violência cometida com a utilização de faca no Reino Unido, quando, na prática, sua
ocorrência é incomum. Igualmente, Boris Fausto (1984, p. 144) indica a distorção da
realidade causada pela mídia já em 1890, quando assaltos cometidos à mão armada por
autoria desconhecida eram ressaltados, embora o uso de violência em subtrações
naquele período histórico era fundamentalmente raro.
11 Com isso, não se pretende afirmar – de forma alguma – que o povo seja irracional e
reproduza integralmente o que é retratado pela mídia.
13 Disponível em:
[https://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/moradores-dizem-nao-ao-uso-de-armas-pela-guarda-muni
14 O que também pode ser corroborado, de maneira mais ampla, pelo elevado número
de abstenções nas eleições presidenciais de 2018, representando 21,3% do eleitorado
apto a votar no segundo turno. Somado às taxas de nulos e brancos, tal índice equivale
a 30,8%. Disponível em:
[https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/eleicao-em-numeros/noticia/2018/10/28/percentual-de-vo
Acesso em: 24.05.2019.
17 Disponível em:
[https://oglobo.globo.com/brasil/confira-as-justificativas-de-cada-senador-na-votacao-do-impeachment
18 Disponível em:
[www.cartacapital.com.br/politica/temer-tem-a-pior-aprovacao-desde-o-fim-da-ditadura-diz-ibope].
21 Disponível em:
[https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/justica-manda-soltar-homem-que-assediou-mulher-em-onibus
Disponível em:
[https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/juiz-manda-soltar-homem-que-ejaculou-em-mulher-em-onibus
22 Disponível em:
[https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2018/04/17/reu-por-corrupcao-aecio-e-alvo-de-ou
23 Disponível em:
[https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/desastre-ambiental-em-mariana/noticia/processos-e-acordos-m
24 O tráfico de drogas hoje representa o crime que mais leva pessoas ao cárcere (MJSP,
2017), correspondendo a quase 30% da população prisional total. Em 2005, antes da
nova Lei de Drogas, pouco mais de 30.000 pessoas se encontravam presas por tal crime
(AZEVEDO; CIFALI, 2016). Em 2016, mais de 176.000 pessoas estavam encarceradas
pelo mesmo motivo (MJSP, 2017).
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