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Cálculo Diferencial e Integral a Várias Variáveis

Aula 01

Guilherme Lemermeier

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico


Conversa Inicial
Esta aula é a entrada para o estudo de Cálculo Diferencial e Integral
de mais de uma Variável, e a composição dela se dará da seguinte forma:

 Inicialmente veremos as Funções de Várias Variáveis e as Funções


Vetoriais. A importância desses dois tópicos nos remete ao estudo do
domínio de funções e de curva de nível.
 Depois veremos as Funções Vetoriais, partindo da definição para as
operações. Esse tópico nos mostrará os fundamentos do que estudaremos
mais adiante, o cálculo com base vetorial.
 No terceiro tópico, trabalharemos com a Teoria dos Limites, porém desta
vez lidaremos com mais de uma variável. Sequencialmente, serão
abordadas as curvas e as representações paramétricas.
 Depois, abordaremos as Derivadas com mais de uma Variável, o que
torna o assunto bem interessante.
 E por último, começaremos a estudar as Funções Vetoriais de Várias
Variáveis.

Pronto para começar? Então, acesse a Biblioteca Virtual e abra o livro


indicado para esta disciplina: “Cálculo B”, de Gonçalves & Fleming.

Acesse o material on-line e conheça o professor Guilherme Lemermeier, que


ministrará as aulas desta disciplina.

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Contextualizando
Nesta aula veremos vários tópicos importantes para o desenvolvimento
da disciplina. Apresentaremos conteúdos teóricos cuja aplicação está
intrínseca em diversos temas do campo da engenharia, por exemplo: Mecânica
Geral e Aplicada, Mecânica dos Fluidos, Esforços e Resistência dos Materiais
entre outras disciplinas.
Entretanto, alguns tópicos podem ser demonstrados diretamente de
forma aplicada, como o caso do estudo da Curva de Nível e o Comprimento de
um Arco. Esses temas têm sua vazão dentro dos estudos da Topografia e no
cálculo de contornos de figuras. Nesse caso, podemos fazer uso da
modelagem matemática para calcular, por exemplo, o perímetro de um lago ou
determinado trecho de uma estrada.

Enfim, a partir de agora os seus conhecimentos terão aplicação de forma


indireta ou direta. Portanto, torna-se fundamental a compreensão dos
conteúdos que serão apresentados.

Pesquise

Função de Várias Variáveis


Estudo do Domínio
Segundo a definição de GONÇALVES (2007, p.2):
Seja A um conjunto do espaço n-dimensional ( ), isto é, os

elementos de A são n-uplas ordenadas (x1, x2, ..., xn) de números reais. Se a
cada ponto P do conjunto A associamos um único elemento temos uma

função . Essa função é chamada função de n-variáveis reais.

Denotamos:

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O conjunto A é denominado domínio da função .

Para explicar mais claramente, seguiremos com um exemplo didático.


Exemplo 1: Fazer a representação do conjunto de pontos do da

função:

Sendo assim, a representação gráfica fica:

1
y

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Exemplo 2: Determinar os valores para o domínio da função: z = In (3x
– y +2).
Condição: 3x – y + 2 > 0 ou y < 3x + 2.

Curva de Nível
Seja k um número real. Uma curva de nível C x de uma função z = f (x,y)
é o conjunto de todos os pontos (x,y) Є (f), tais que f (x,y) = k.
Simbolicamente, escrevemos:

Ck = {(x,y) Є D(f) | f(x,y)= k}

Seguindo o exemplo 1, para a função , algumas curvas

de nível são:

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Portanto graficamente, temos:

Um caso interessante de ser mostrado, em relação a aplicação das


Curvas de Nível é o relevo de uma batata frita. Note como, por meio da
modelagem matemática, poderíamos definir a forma e área de uma batata frita
em escala industrial.

Resolva os exercícios a seguir:

Exercício 1. Faça a representação gráfica do domínio das seguintes funções:


a)

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Resposta:

(representa uma esfera de raio 3).

b)

Resposta:
Domínio: (i) e

(i)

(i)

(ii)

(ii)

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Exercício 2. Determine os valores para o domínio da função:
e faça a representação gráfica do domínio.

Resposta:

Em casos em que ocorre raízes de índices ímpares, não há restrição em


relação ao radicando, ou seja, ele pode assumir qualquer valor real. Assim,
o domínio é o plano XOY.

Exercício 3. Esboce o gráfico da função f (x,y) = 8 – x2 – 2y,


considerando cinco níveis de altura (z = 8, 6, 4, 2 e 0).
Resposta:
Se z = 0, teremos o traço no plano xy, resultando em:

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x² = 2(4 - y)

x² = 2(4 - y)

Analogamente fazendo com que x = 0 e y = 0, teremos os traços nos


planos yz e xz, respectivamente. Sendo assim, teremos, para yz a reta 2y + z =
8 e a parábola x2 = - (z - 8) para xz.
Percebe-se que ao variar o valor de k obtém-se uma parábola de vértice
na reta 2y + z = 8.

Portanto, graficamente:

Se importarmos esses dados para o programa Matlab1, teremos:

Plano xy: x2 = 4 (2 – y)

1
Programa Matlab: software destinado a fazer cálculos com matrizes

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Fonte: MatlabPro

Plano yz: 2y + z = 8

Fonte: MatlabPro

Plano xz: x2 = - (z - 8)

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Fonte: MatlabPro

Em Perspectiva

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Fonte: MatlabPro

Exercício 4. Esboce o gráfico da função z = x 2 + y2 – 16 e trace as


curvas de nível para as alturas z = -16, -8; 0; 8 e 16.
Vamos à resposta:
Se z = 0, teremos o traço no plano xy resultando em:

f (x,y) = z = x2 + y2 – 16
0 = x2 + y2 – 16
x2 + y2 = 16
x2 + y2 = 42 (circunferência centrada na origem com raio = 4 unidades)

Se x = 0, teremos o traço no plano yz, que resulta z = y 2 – 16 que é uma

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parábola. Se y = 0, obtém-se o traço o plano xz, que resulta z = x2 – 16, que é
a equação de uma parábola.
Calculando as curvas de nível para diferentes valores de z, obtém-se:

ou

ou

ou

ou

ou
As curvas de nível resultantes são circunferências com raios variando
entre 0 e unidades. Estas informações nos levam ao seguinte paraboloide.

Fonte: MatlabPro

Agora é com o professor Guilherme Lemermeier! Veja o que ele tem a dizer
sobre a função de várias variáveis no vídeo disponível no material on-line.

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Funções Vetoriais
Dentro da disciplina de Cálculo Diferencial e Integral de mais de uma
Variável a noção vetorial é muito importante. A seguir, veremos alguns
conceitos importantes sobre vetores e funções vetoriais.

Definição
GONÇALVES (2007, p. 21) define que: função vetorial de uma variável
real t, definida em um intervalo I, a função que a cada t Є I associa um vetor

do espaço. Denotamos:

O vetor pode ser escrito como:

Portanto, desta forma ao ser dado um ponto P(x, y, z) é atribuído um


único vetor posição

Como podemos ver na figura.

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Exemplificando:
O vetor demonstra em sua representação

gráfica o conjunto de valores compreendidos no domínio das funções cosseno


e seno do ângulo t.

Operações
Nesse tópico veremos algumas operações vetoriais que nos auxiliam
nesta disciplina. Para melhor entendimento faremos as demonstrações das
operações de forma genérica.
Dadas as funções vetoriais:
e , onde .

a) Soma:

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b) Subtração:

c) Produto vetorial (vetor):

d) Multiplicação por função real:

e) Produto escalar (número):

Exercício 5. Dadas as funções vetoriais a seguir:


, e a função real

Determine o resultado das seguintes operações:

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a) :

Soma:

b) :

Subtração:

c) :

Produto vetorial (vetor):

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d) :

Multiplicação por função real:

e) :

Produto escalar (número):

Assista à explicação do professor Guilherme Lemermeier sobre as funções


vetoriais no vídeo disponível no material on-line.

Limite e Continuidade
De acordo com (GONÇALVES, 2007, p.24):
Seja uma função vetorial definida em um intervalo aberto I,

contendo , exceto possivelmente no próprio . Dizemos que o limite de

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quando t aproxima-se de é e escrevemos:

Se para todo , existe , tal que sempre que

Exemplificando:
Sabendo que . Calcule

E nesse caso podemos constatar a continuidade da função em t = 1.

Curvas

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Dada a função vetorial contínua , ,

chamamos curva o lugar geométrico dos pontos P do espaço que têm vetor
posição . (GONÇALVES, 2007, p.28).

Exemplificando: descreva a trajetória L de um ponto móvel P, cujo


deslocamento é expresso por . Vamos à tabela.

-2

-1

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Agora vamos à representação gráfica.

Representação Paramétrica de Curvas


Nesse tópico iremos diretamente aos exemplos, pois assim ficará mais
táctil o conteúdo, além de abordamos os dois tipos iniciais.
Sejam a equação vetorial representa uma reta cujos

parâmetros são:

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Agora, apresentamos um exemplo contrário a esse para esclarecer o
que é parâmetro.

Dados os parâmetros:

, represente a curva (equação vetorial) :

Enfim, a curva:

A parametrização de uma reta pode ser dada por:


Dessa forma, podemos dizer que as equações paramétricas de uma reta
que passa pelo ponto tem direção .

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Assim:
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Por exemplo, determine uma representação paramétrica da reta que
passa pelo ponto A (2, 3, -1) na direção

Exercício 6. Sendo assim, calcule:

Resposta:

O professor Guilherme Lemermeier fala mais sobre limite e continuidade


no vídeo disponível no material on-line.

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Derivada
A derivada segue uma definição ampliada, contudo, muito próxima
àquela que foi vista na disciplina Cálculo Diferencial e Integral de uma
Variável. Inclusive pela demonstração através de limites com .

Enfim,

Exemplificando:

Se

Temos:

Curvas Suaves
Geometricamente, uma curva suave é caracterizada pela ausência de
pontos angulosos. Em cada um de seus pontos, a curva tem uma tangente
única que varia continuamente quando se move sobre a curva. (GONÇALVES,
2007, p.55)

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Orientação de uma Curva
Segundo GONÇALVES (2007, p.56), se um ponto se desloca sobre uma
curva suave C, temos dois possíveis sentidos de percurso. A escolha de um
deles como sentido define a orientação da curva C. Portanto, ao escolher o
sentido de análise, definimos o sentido da curva (positivo ou negativo).
Comprimento de Arco
De forma prática, o comprimento de uma curva é dado por:

Exemplificando, calcule o comprimento do arco da curva cuja equação


vetorial é , entre [0, 1].

Calculando a derivada, temos:

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Portanto, o comprimento do arco da curva é dado por:

Exercício 7. Calcule a derivada de :

Resposta:

Derivando os termos:

Exercício 8. Calcule a derivada de

Resposta:

Derivando os termos,

Assista ao vídeo, disponível no material on-line, e descubra o que o


professor Guilherme Lemermeier tem a dizer sobre dizer sobre esse tema.

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Funções Vetoriais de Várias Variáveis

Nesse tópico apresentaremos uma definição de Funções Vetoriais de


Várias Variáveis.
Na acepção de GONÇALVES (2007, p.65), se é uma função vetorial

das variáveis , definida em um domínio , ela pode ser expressa

por:

Em que , são funções escalares definidas em .

Essa definição também é aplicável quando trabalhamos no

Exemplificando: é uma função definida em

todos os pontos de desde que , condição imposta pela raiz

quadrada.
Sendo assim, as coordenadas em forma de função são dadas por:

, e .

Portanto, como acabamos de ver, as funções envolvidas devem

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respeitar seus domínios.

Exercício 9. Calcule o comprimento do arco da curva cuja equação


vetorial é:
, entre .

Resposta:
Derivando os termos,
Aplicando na fórmula de cálculo do arco da curva, temos:

Veja no vídeo, disponível no material on-line, o que o prof. Guilherme


Lemermeier tem para nos dizer sobre esse tema.

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Na Prática
A aplicabilidade desse conteúdo acontece de forma direta, como é o
caso do cálculo das Curvas de Nível e do Comprimento de Arco, amplamente
usados no cálculo de superfícies. E, nesse caso, não nos referimos somente à
topografia, já que esse tipo de aplicação é constante nas engenharias.
Um bom exemplo fica por conta da aplicação prática do Cálculo das
Derivadas na física. Além da trajetória de objetos, existem vários modelos
matemáticos para gestão de produção que utiliza esses conceitos.

Veja como os cálculos de Curvas de Nível na Topografia são utilizados na


representação gráfica das nuances do terreno. Confira!
https://www.youtube.com/watch?v=wN_hju1IMZ0

Usando uma ferramenta gráfica fica mais simples de elaborar um


gráfico, restando apenas tomar cuidado com os parâmetros escolhidos para a
plotagem.

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Como exemplo disso, veja o gráfico z = cosx + cosy em dois contextos
diferentes. O primeiro foi extraído LEITHOLD (Vol II, 1994, p.915), o segundo
foi feito no Mathlab PRO (versão: 4.4.106)

Fonte: LEITHOLD, 1994

Fonte: MatlabPro

Leitura Complementar
Para aprofundar seus conhecimentos sobre as curvas de nível e as

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derivadas, leia os materiais indicados a seguir.
http://www.mat.ufba.br/mat042/aula24/aula24.htm
https://www.prp.rei.unicamp.br/pibic/congressos/xxcongresso/paineis/105059.p
df

Síntese
Agora que você estudou o conteúdo desta aula, é possível fazer
inferências da utilização desse assunto.

Nesse contexto é interessante destacar que a engenharia é um conjunto de


conhecimentos aplicados de forma prática e correta. O papel do engenheiro envolve a
busca de soluções para as demandas que lhe são atribuídas, sendo assim, os preparos
técnico e intelectual são fundamentais a esse profissional.

Relembrando que foi apresentado as funções de várias variáveis, o


domínio de funções, o cálculo de curva de nível e as funções vetoriais (em que
você adquiriu a base do conhecimento teórico das operações com vetores).
Além disso, vimos os limites, a continuidade no aprofundamento do cálculo
diferencial e integral, as curvas suaves e o comprimento de arco (que
demostrou a aplicação prática do conteúdo).

Até a próxima aula!

Referências
ANTON, H. Cálculo, Vol II. Porto Alegre: Bookman, 2000.
GONÇALVES, M. B , FLEMMING, D. M.; Cálculo B: Funções de várias
variáveis, Integrais MúTemaltiplas, Integrais Curvilíneas e Superfícies.
São Paulo: Person, 2007.

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STEWART, J. Cálculo 2. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
SWOKOWSKI, E. W. Cálculo com Geometria Analítica 2. São Paulo:
Makron, 2007.

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