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ADMINISTRAÇÃO GERAL E

PÚBLICA
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Profª. Esp. Caroline Penteado Manoel 1.1. PRINCIPAIS ABORDAGENS DA
Formada em Administração com Habilitação em Comércio ADMINISTRAÇÃO (CLÁSSICA ATÉ CONTINGENCIAL).
Exterior pela UNIVEM de Marília. MBA em Gestão Empresarial A Revolução Industrial consistiu em um conjunto de mudanças
– INBRAPE, Licenciada em Administração. Professora Universi- tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em
tária. nível econômico e social. Iniciada na Inglaterra em meados do
século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX.
Ao longo do processo, a era agrícola foi superada, a máquina
1. EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO. foi suplantando o trabalho humano, uma nova relação entre capital
1.1. PRINCIPAIS ABORDAGENS DA e trabalho se impôs, novas relações entre nações se estabeleceram
ADMINISTRAÇÃO (CLÁSSICA ATÉ e surgiu o fenômeno da cultura de massa, entre outros eventos.
CONTINGENCIAL). 1.2. EVOLUÇÃO Antes da Revolução Industrial, a atividade produtiva era
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO artesanal e manual (daí o termo manufatura), no máximo com o
BRASIL (APÓS 1930); REFORMAS emprego de algumas máquinas simples. Dependendo da escala,
ADMINISTRATIVAS; A NOVA GESTÃO grupos de artesãos podiam se organizar e dividir algumas etapas do
PÚBLICA. processo, mas muitas vezes um mesmo artesão cuidava de todo o
processo, desde a obtenção da matéria-prima até à comercialização
do produto final. Esses trabalhos eram realizados em oficinas nas
casas dos próprios artesãos e os profissionais da época dominavam
1. EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO. muitas (se não todas) etapas do processo produtivo.
Com a Revolução Industrial os trabalhadores perderam o
A palavra Administração vem do latim ad (direção, tendência controle do processo produtivo, uma vez que passaram a trabalhar
para) e minister (subordinação ou obediência), designa o desem- para um patrão (na qualidade de empregados ou operários),
penho de tarefas de direção dos assuntos de um grupo. É utilizada perdendo a posse da matéria-prima, do produto final e do lucro.
em especial em áreas com corpos dirigentes poderosos, como por Esses trabalhadores passaram a controlar máquinas que pertenciam
exemplo, no mundo empresarial (administração de empresas) e em aos donos dos meios de produção os quais passaram a receber todos
entidades dependentes dos governos (administração pública). os lucros. O trabalho realizado com as máquinas ficou conhecido
Administrar é dirigir uma organização utilizando técnicas de por maquinofatura.
gestão para que alcance seus objetivos de forma eficiente, eficaz e A produção manual que antecede à Revolução Industrial
com responsabilidade social e ambiental. conheceu duas etapas bem definidas, dentro do processo de
Segundo conceito Administrar é o processo de tomada de de- desenvolvimento do capitalismo:
cisões sobre os objetivos organizacionais ou pessoais e a utilização • O artesanato, sendo representado por uma produção de
de recursos necessários para efetivação dos mesmos. Para entender caráter familiar, na qual o produtor (artesão) possuía os meios
o que significa administração, é preciso ir além da interpretação da de produção (era o proprietário da oficina e das ferramentas) e
palavra. É preciso também compreender o papel que a adminis- trabalhava com a família em sua própria casa, realizando todas
tração desempenha para as organizações e para a sociedade. Ob- as etapas da produção, desde o preparo da matéria-prima, até
jetivos, decisões e recursos são as palavras-chaves na definição de o acabamento final; ou seja, não havia divisão do trabalho ou
administração. Administração é o processo de tomar e colocar em especialização para a confecção de algum produto. Em algumas
prática decisões sobre objetivos e utilização de recursos. O proces- situações o artesão tinha junto a si um ajudante, porém não
so administrativo abrange quatro tipos principais de decisões, tam- assalariado, pois realizava o mesmo trabalho pagando uma “taxa”
bém chamadas processos ou funções: planejamento, organização, pela utilização das ferramentas.
execução e controle. A finalidade última do processo de adminis- O É importante lembrar que nesse período a produção
trar é garantir a realização de objetivos por meio da aplicação de artesanal estava sob controle das corporações de ofício, assim como
recursos. Para melhor aproveitar o estudo da administração, você o comércio também se encontrava sob controle de associações,
precisa pensar em situações práticas em que haja pessoas que uti- limitando o desenvolvimento da produção.
lizam recursos para produzir bens e serviços. Pense em organiza- • A manufatura, resultou da ampliação do mercado
ções próximas, como padarias, supermercados, a prefeitura de sua consumidor com o desenvolvimento do comércio monetário. Nesse
cidade, e outras, com as quais você tem contato direto. Pense tam- momento, já ocorre um aumento na produtividade do trabalho,
bém em organizações distantes, mas que têm influência sobre a sua devido à divisão social da produção, onde cada trabalhador
vida: a rede de televisão cujos programas você assiste, as empresas realizava uma etapa na confecção de um único produto. A
que fabricam os produtos que você usa (como roupas e automó- ampliação do mercado consumidor relaciona-se diretamente ao
veis) e as companhias fornecedoras de serviços, como telefone, alargamento do comércio. Outra característica desse período foi
água e esgotos, e energia elétrica. Pense na organização em que a interferência do capitalista no processo produtivo, passando a
você trabalha. Pense na maior de todas as organizações, o gover- comprar a matéria-prima e a determinar o ritmo de produção.
no. Pense em si próprio e em sua família como administradora de A Revolução Industrial alterou profundamente as condições
recursos e tomadores de decisões. Também, o processo de admi- de vida do trabalhador braçal, provocando inicialmente um intenso
nistrar (ou processo administrativo) é inerente a qualquer situação deslocamento da população rural para as cidades. Criando enormes
onde haja pessoas que utilizam recursos para atingir algum tipo de concentrações urbanas. Durante o início da Revolução Industrial,
objetivo. A finalidade última do processo de administrar é garantir os operários viviam em condições horríveis se comparadas às
a realização de objetivos por meio da aplicação de recursos. condições dos trabalhadores do século seguinte.

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A produção em larga escala e dividida em etapas iria distanciar  Isso levou Taylor estudar o problema de produção para
cada vez mais o trabalhador do produto final, já que cada grupo de tentar uma solução tanto aos patrões como aos empregados.
trabalhadores passava a dominar apenas uma etapa da produção, 
mas sua produtividade ficava maior. Como sua produtividade  ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA (ÊNFASE NAS
aumentava os salários reais dos trabalhadores ingleses aumentaram TAREFAS)
também.  Criada no início do século XX
As consequências da Revolução Industrial  O nome Administração Científica é devido à tentativa de
A partir da Revolução Industrial o volume de produção aplicação dos métodos da ciência aos problemas da Administração
aumentou extraordinariamente: a produção de bens deixou de ser a fim de aumentar a eficiência industrial.
artesanal e passou a ser maquinofaturada; as populações passaram  Preocupação eliminar o fantasma do desperdício e das
a ter acesso a bens industrializados e deslocaram-se para os centros perdas sofridas pelas indústrias e elevar os níveis de produtividade
urbanos em busca de trabalho. As fábricas passaram a concentrar por meio da aplicação de métodos e técnicas da engenharia
centenas de trabalhadores, que vendiam a sua força de trabalho em indústrial (tempos e movimentos).
troca de um salário.  Enfatiza as tarefas.
Outra das consequências da Revolução Industrial foi o rápido  1º PRIMEIRO PERÍODO DE TAYLOR
crescimento econômico. Antes dela, o progresso econômico 1) O objetivo da administração é pagar salários melhores e
era sempre lento (levavam séculos para que a renda per capita reduzir custos unitários de produção.
aumentasse sensivelmente), e após, a renda per capita e a 2) Para realizar tal objetivo, a Administração deve formular
população começaram a crescer de forma acelerada nunca antes princípios e estabelecer processos padronizados que permitam o
vista na história. controle das operações fabris.
A Revolução Industrial alterou completamente a maneira 3) Os empregados devem ser selecionados e colocados em
de viver das populações dos países que se industrializaram. As seus postos com condições de trabalho adequadas para que as
cidades atraíram os camponeses e artesãos, e se tornaram cada vez normas possam ser cumpridas.
maiores e mais importantes. 4) Os empregados devem ser treinados para aperfeiçoar
A vida na cidade moderna significava mudanças incessantes. suas aptidões e executar suas tarefas.
A cada instante, surgiam novas máquinas, novos produtos, novos 5) Proporcionar um ambiente de trabalho favorável para o
gostos, novas modas. desenvolvimento das tarefas, cooperação com os trabalhadores.
TEORIA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA  2º SEGUNDO PERÍODO DE TAYLOR
Algumas características do final do século XIX: 1) Desconhecimento das rotinas de trabalho e tempos
- Empresas haviam crescido de modo acelerado e necessários por parte da gerência;
desorganizado; 2) Na época, vigorava o sistema de pagamento por peça ou
- Necessidade de aumentar a eficiência (produção em por tarefa. Os patrões procuravam ganhar o máximo na hora de
massa); fixar o preço da tarefa, enquanto os operários reduziam o ritmo de
- Grande número de empresas de diferentes portes; produção para contrabalançar o pagamento por peça determinado
- Índices de desperdício elevados; pelos patrões .
- Insatisfação dos operários. 3) Falta de Uniformidade das Técnicas de Trabalho
Os objetivos do estudo dos processos de produção são (análise
Desdobramento da Abordagem Clássica: de tempos e movimentos):
 Treinamento dos operários
 Estabelecimento de normas de execução
 Adaptação do operário à própria tarefa
 Maior especialização das atividades
 Aumento de produtividade dos operários
 Acreditava que salário era a única fonte de motivação.
 ORGANIZAÇÃO RACIONAL DO TRABALHO
(ORT)
• ESTUDO DE TEMPOS E MOVIMENTOS: A
determinação do tempo médio que um operário comum levaria para
1ª FASE – ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA (ÊNFASE NAS a execução da tarefa, em relação ao tempo. A esse tempo médio
TAREFAS) eram adicionados os tempos elementares e mortos (espera, tempos
- INFLUÊNCIAS: FREDERICK WINSLOW TAYLOR de saída do operário da linha para suas necessidades pessoais, etc.),
(1856-1915) EUA resultando no tempo padrão. Com isso padronizava-se o método
* FREDERICK WINSLOW TAYLOR (pai da Administração de trabalho e o tempo destinado à sua execução.
Científica, considerado o fundador da moderna TGA): - Eliminação do desperdício de esforços humano e dos
 Nasceu na Filadélfia, EUA. movimentos inúteis.
 Engenheiro de Minas aos 25 anos. - Adaptação dos operários à tarefa.
 Gerente Geral aos 47 anos. - Facilidade no treinamento dos operários e melhoria da
 Viveu consequências da Revolução Industrial e da Primeira eficiência e rendimento da produção pela especialização das
Guerra Mundial. atividades.

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- Distribuição uniforme do trabalho para que não haja períodos - Adequação de instrumentos e ferramentas de trabalho para
de falta ou excesso de trabalho. minimizar os esforços do operador .
- Definição de métodos e estabelecimento de normas para a - Arranjo físico das máquinas e equipamentos.
execução do trabalho. - Melhoria do ambiente físico de trabalho, ruído, a ventilação,
- Estabelecer uma base uniforme para salários e prêmios de iluminação e o conforto no trabalho.
produção. • PADRONIZAÇÃO: Com a padronização dos métodos
• ESTUDO DA FADIGA HUMANA: A fadiga é um e processos de trabalho, máquinas e equipamentos, ferramentas
redutor da eficiência. Verificou que a fadiga predispõe o trabalhador e instrumentos de trabalho, matérias-primas e componentes, no
para: diminuição da produtividade e qualidade do trbalho; perda de intuito de reduzir a variabilidade e a diversidade no processo
tempo; aumento da rotatividade de pessoal; doenças e acidentes e produtivo e, daí, eliminar o desperdício e aumentar a eficiência.
 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA
diminuição da capacidade de esforços. O estudo dos movimentos
1) Princípio de Planejamento: Substituir a improvisação
humanos tem uma tripla finalidade;
pela ciência através do planejamento do método de trabalho.
- Evitar movimentos inúteis na execução de uma tarefa. 2) Princípio de preparo: Selecionar os trabalhadores,
- Execução econômica dos movimentos úteis do ponto de prepara-los, treina-los para produzirem mais e melhor. Preparar
vista fisiológico. máquinas e equipamentos em um arranjo físico e disposição
- Princípios da economia de movimentos. racional.
• DIVISÃO DO TRABALHO E ESPECIALIZAÇÃO 3) Princípio do controle: Controlar o trabalho para se
DO OPERÁRIO: Uma das decorrências do estudo dos tempos e certificar de que esta sendo executado de acordo com os métodos
movimentos foi a divisão do trabalho e a especialização do operário estabelecidos.
a fim de elevar sua produtividade. Com isso, cada operário passou 4) Princípio de execução: Distribuir atribuições e
a ser especializado na execução de uma única tarefa para ajustar-se responsabilidades para que a execução do trabalho seja disciplinada.
aos padrões descritos e às normas de desempenho definidas pelo  CRÍTICAS À ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA
método. 1) mecanicismo: pouca atenção foi dada à condição humana,
• DESENHO DE CARGOS E TAREFAS: Desenhar um sendo a organização concebida como um rígido tabuleiro de
cargo é especificar seu conteúdo (tarefas), os métodos de executar xadrez. A empresa era considerada como uma máquina;
as tarefas e as relações com os demais cargos existentes. O desenho 2) tempos e movimentos: o método trazia muito mais a
de cargos é a maneira pela qual um cargo é criado e projetado e intensificação do trabalho do que a racionalização do mesmo;
combinado com outros cargos para a execução das tarefas. 3) homo economicus: a única motivação admitida ao homem
pela teoria era a possibilidade de ganhos financeiros. Todos os
Vantagens do desenho de cargos:
demais fatores de motivação foram esquecidos;
- Admissão de empregados com qualificações mínimas e 4) superespecialização do operário: o trabalho se torna
salários menores, reduzindo os custos de produção. monótono, repetitivo, diminui-se a exigência de raciocínio e
- Minimização dos custos de treinamento. destitui-se completamente qualquer significado psicológico do
- Redução dos erros na execução, diminuindo os refugos e trabalho;
rejeições. 5) estrutura administrativa totalmente alienante: exigia-se
- Facilidade de supervisão, permite controlar um maior unicamente dos operários que obedecessem ordens. O homem era
número de subordinados. considerado apenas um apêndice da máquina industrial;
- Aumento da eficiência do trabalhador, permitindo maior 6) abordagem formal: a organização informal, os aspectos
produtividade. humanos da organização foram totalmente negligenciados;
• INCENTIVOS SALARIAIS E PRÊMIOS DE 7) abordagem incompleta: somente era analisada a fábrica,
PRODUÇÃO: Taylor e seus seguidores desenvolveram planos não merecendo atenção os demais aspectos das empresas.
de incentivos salariais e de prêmios de produção. A idéia básica 8) abordagem sistema fechado: visualiza somente o que
era a de que a remuneração baseada no tempo (salário mensal, acontece dentro da organização, sem levar em conta o meio
diário ou por hora) não estimula ninguém a trabalhar mais e deve ambiente que ela esta situada.
ser substituída por remuneração baseada na produção de cada
operário (salário por peça, por exemplo): o operário que produz TEORIA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO
2ª FASE – TEORIA CLÁSSICA (ÊNFASE NA ESTRUTURA
pouco ganha pouco e o que produz mais, ganha na proporção de
ORGANIZACIONAL)
sua produção. O estímulo salarial adicional para que os operários
INFLUÊNCIAS: HENRY FAYOL (1841-1925) FRANÇA
ultrapassem o tempo-padrão é o prêmio de produção.  1841 - 1925
• CONCEITO DE HOMO ECONOMICUS: Isto é homem  Nasceu em Constantinopla, morreu em Paris.
econômico. Segundo esse conceito, toda pessoa é concebida  Desenvolveu a Teoria Clássica na França.
como influenciada exclusivamente por recompensas salariais,  Engenheiro de Minas .
econômicas e materiais. O homem procura trabalho não porque  Viveu consequências da Revolução Industrial e da
gosta dele, mas como um meio de ganhar a vida por meio do Primeira Guerra Mundial.
salário que o trabalhado proporciona.  ADMINISTRAÇÃO CLÁSSICA
• CONDIÇÕES DE TRABALHO: Verificou-se que  Criada no final do século XX
a eficiência depende não somente do método de trabalho e do  Os aspectos organizacionais são analisados de cima para
incentivo salarial, mas também de um conjunto de condições baixo (da direção, para execução) e do todo para as partes (da
de trabalho que garantam o bem-estar físico do trabalhador e síntese para a análise), exatamente ao contrário da abordagem da
diminuam a fadiga. administração científica.

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 Os objetivos tanto da Administração Científica quanto Fayol: preferência pela organização linear, cujos princípios
da Teoria Clássica são os mesmo: a busca da eficiência das são:
organizações.  Unidade de comando ou supervisão única;
Objetivos da teoria clássica:  Unidade de direção: planos menores se integram a planos
 Aumentar a eficiência da empresa. maiores que conduzem aos objetivos da organização;
 Aumentar a produtividade do trabalho.  Centralização da autoridade: autoridade máxima no topo.
 Ênfase na Estrutura Organizacional  Cadeia escalar: autoridade distribuída em escalões
 Planejar e organizar órgãos e cargos hierárquicos, de maneira que todo nível hierárquico está
 Dirigir e controlar as atividades subordinado ao nível hierárquico superior (autoridade de
comando).
 PRINCÍPIOS GERAIS DE ADMINISTRAÇÃO PARA  CRÍTICAS À TEORIA CLÁSSICA DA
FAYOL ADMINISTRAÇÃO
1. Divisão do Trabalho – especialização das tarefas e das  Abordagem Simplificada da Organização Formal;
pessoas para aumentar a eficiência;  Ausência de Trabalhos Experimentais;
2. Autoridade e responsabilidade – autoridade é o direito  O Extremo Racionalismo na Concepção da
de dar ordens e o poder de esperar obediência; A responsabilidade Administração;
é uma conseqüência natural da autoridade e significa o dever de  “Teoria da Máquina”;
prestar contas; Ambas devem estar equilibradas entre si;  Abordagem Incompleta da Organização;
3. Disciplina – obediência, aplicação, energia,  Abordagem de Sistema Fechado;
comportamento e respeito aos acordos estabelecidos;  PONTOS POSITIVOS TEORIA CLÁSSICA DA
4. Unidade de Comando – princípio da autoridade única; ADMINISTRAÇÃO
Cada empregado deve receber ordens de apenas um superior;  Os trabalhadores da organização recebem apenas
5. Unidade de direção – apenas uma cabeça dirigente e um ordens de um único superior, evitando-se deste modo dualidades
plano para cada grupo de atividades que tenham o mesmo objetivo; de comando e contribuindo desta forma para o aumento da
6. Subordinação dos interesses individuais aos interesses produtividade.
gerais – os interesses gerais devem sobrepor-se aos interesses  A equidade presente na teoria de Fayol revela-se
particulares; fundamental para a motivação dos trabalhadores da organização.
7. Remuneração do pessoal – deve haver justa e garantida  Os princípios da teoria de Fayol revelaram-se úteis
satisfação para os empregados e para a organização em termos de para os iniciantes no campo da administração, permitindo uma
retribuição; abordagem sistemática do campo.
8. Centralização – concentração da autoridade no topo da  TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS
hierarquia; • Década de 30
9. Cadeia escalar – linha de autoridade do escalão mais alto • Ênfase: Nas pessoas
para o mais baixo. Princípio do Comando; • Incentivo econômico não é a única forma motivadora
10. Ordem – um lugar para cada coisa e cada coisa no seu • O trabalhador não se comporta como um ser isolado
lugar, compreendendo a ordem material e humana; • A especialização funcional não cria necessariamente a
11. Equidade – relacionamento amável e justo, como forma organização mais eficiente
de alcançar a lealdade do pessoal;  TEORIA BUROCRATICA
12. Estabilidade do pessoal – evitar a rotatividade, tendo em • Destaque: Max Weber
vista seus aspectos negativos sobre a eficiência da organização; • Ênfase: Na estrutura
13. Iniciativa – capacidade de visualizar um plano e assegurar • Caráter legal e normativo
o seu sucesso; • Formalidade das comunicações
14. Espírito de equipe – harmonia e união entre as pessoas • Racionalismo e divisão do trabalho
como grandes forças para a organização. • Rotinas e procedimentos padronizados
TEORIA • Especialização da administração
 DIVISÃO DO TRABALHO E ESPECIALIZAÇÃO CRITICAS:
 Quanto maior a divisão do trabalho, maior seria a • Apego exagerado a regulamentos
eficiência de uma organização. • Formalismo e papelório
 Administração Científica: divisão do trabalho no nível • Resistência a mudanças
operário. • Abusos de autoridade
 Teoria Clássica: divisão no nível dos órgãos que compõem • Conflitos com o público
a organização – departamentos, seções, divisões, unidades etc.  TEORIA SISTEMICA
Para a Teoria Clássica, a divisão trabalho pode dar-se em duas SISTEMAS - Conjunto de elementos dinamicamente
direções: relacionados, formando uma atividade para atingir um objetivo,
 Vertical: níveis de responsabilidade e de autoridade; operando sobre dados/energia/matéria para fornecer informação/
 Horizontal: diferentes tipos de atividades da organização. energia/ matéria.
Em um mesmo nível hierárquico, cada departamento ou seção é Estudos sobre informação e comunicação
responsável por uma atividade típica e própria. Componentes e características de um Sistema
• Organização linear 1. Insumos (entradas, inputs)

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2. Processamento (througput) cias, englobando empresas públicas, sociedades de economia mis-
3. Exsumos (produto, output) ta e fundações” (Lima Júnior, 1998:8). Até 1930 existiam no Brasil
6. Retroalimentação (feedback) 12 empresas públicas; de 1930 a 1945, foram criadas 13 novas
7. Decomposição do sistema em subsistemas. empresas, sendo 10 do setor produtivo, entre elas a Companhia
Vale do Rio Doce, hoje uma gigante da mineração, e a Companhia
1.2. EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO Siderúrgica Nacional, ambas já privatizadas.
BRASIL (APÓS 1930); REFORMAS ADMINISTRATIVAS; Dando cumprimento a esse programa, em 1930 foi criada a
A NOVA GESTÃO PÚBLICA. comissão permanente de padronização e, no ano seguinte, a co-
missão permanente de compras, ambas voltadas para a aquisição
Para fazer a análise da evolução da administração pública, de material. Na área de pessoal, a Constituição de 1934 introduziu
dividiremos o período de tempo (a partir de 1930), analisando
o princípio do mérito. Em 1935, foi criada a comissão mista de re-
cada fase separadamente, porém verificando eventuais relações
forma econômico-financeira, que destacou uma subcomissão, que
entre elas.
Os períodos foram divididos da seguinte forma: ficou conhecida como comissão Nabuco, para “estudar a possibi-
• 1930/45 – Burocratização da Era Vargas lidade de um reajustamento dos quadros do serviço público civil”
• 1956/60 – A administração paralela de JK (Wahrlich, 1975:10). Em decorrência do seu trabalho, em 1936
• 1967 – A reforma militar (Dec. Lei 200) foi promulgada a Lei n. 284, de 28 de outubro, a chamada Lei do
• 1988 – A administração pública na nova Constituição Reajustamento, que estabeleceu nova classificação de cargos, fi-
• 1990 – O governo Collor e o desmonte da máquina pública xou normas básicas e criou o Conselho Federal do Serviço Público
• 1995/2002 – O gerencialismo da Era FHC Civil.
• Nova Administração Pública (New Public Management). De todas essas medidas, a mais emblemática foi a criação
do Departamento Administrativo do Serviço Público, “o líder in-
BUROCRATIZAÇÃO DA ERA VARGAS (1930/45 ) conteste da reforma e, em grande parte, seu executor” (Wahrlich,
1974:29). O Dasp foi efetivamente organizado em 1938, com a
Em decorrência, principalmente, do sufocante Estado patri- missão de definir e executar a política para o pessoal civil, inclu-
monial (O patrimonialismo consiste, em linhas gerais, na apropria- sive a admissão mediante concurso público e a capacitação técni-
ção do público pelo privado), da falta de qualificação técnica dos ca do funcionalismo, promover a racionalização de métodos no
servidores, da crise econômica mundial que explodiu em 1929 e serviço público e elaborar o orçamento da União. O Dasp tinha
da difusão da teoria keynesiana – que pregava a intervenção do seções nos estados, com o objetivo de adaptar as normas vindas do
Estado na Economia –, o governo autoritário de Vargas resolve
governo central às unidades federadas sob intervenção.
modernizar a máquina administrativa brasileira através dos para-
digmas burocráticos difundidos por Max Weber (modelo racional- Essa primeira experiência de reforma de largo alcance inspira-
-legal). O auge dessas mudanças ocorre em 1936 com a criação va-se no modelo weberiano de burocracia e tomava como principal
do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), que referência a organização do serviço civil americano. Estava volta-
tinha como atribuição modernizar a máquina administrativa utili- da para a administração de pessoal, de material e do orçamento,
zando como instrumentos à afirmação dos princípios do mérito, para a revisão das estruturas administrativas e para a racionaliza-
a centralização, a separação entre público e privado (em resposta ção dos métodos de trabalho. A ênfase maior era dada à gestão de
ao patrimonialismo), a hierarquia, a impessoalidade, a rigidez e meios e às atividades de administração em geral, sem se preocupar
universalidade das regras e a especialização e qualificação dos ser- com a racionalidade das atividades substantivas.
vidores. Assim, a partir da criação do DASP, começou o processo A reforma administrativa do Estado Novo foi, portanto, o pri-
de implantação da Administração Pública Burocrática no Brasil. meiro esforço sistemático de superação do patrimonialismo. Foi
As velhas estruturas do Estado oligárquico, corroídas pelos uma ação deliberada e ambiciosa no sentido da burocratização do
vícios do patrimonialismo, já não se prestavam às novas formas Estado brasileiro, que buscava introduzir no aparelho administra-
de intervenção no domínio econômico, na vida social e no espaço tivo do país a centralização, a impessoalidade, a hierarquia, o sis-
político remanescente. Urgia reformar o Estado, o governo e a ad- tema de mérito, a separação entre o público e o privado. Visava
ministração pública. constituir uma administração pública mais racional eficiente, que
Assim, sob o impulso de superação do esquema clientelista e pudesse assumir seu papel na condução do processo de desenvol-
anárquico de administração oligárquica, o governo de Getúlio Var-
vimento, cujo modelo de crescimento, baseado na industrialização
gas iniciou uma série de mudanças que tinham pelo menos duas
via substituição de importações, supunha um forte intervencio-
vertentes principais (Lima Junior, 1998):
- estabelecer mecanismos de controle da crise econômica, nismo estatal e controle sobre as relações entre os grupos sociais
resultante dos efeitos da Grande Depressão, iniciada em 1929, e ascendentes — a nova burguesia industrial e o operariado urbano
subsidiariamente promover uma alavancagem industrial; (Marcelino, 1987).
- promover a racionalização burocrática do serviço público, A ADMINISTRAÇÃO PARALELA DE JK (1956/60)
por meio da padronização, normatização e implantação de meca- A administração paralela foi um artifício utilizado pelo gover-
nismos de controle, notadamente nas áreas de pessoal, material e no JK para atingir o seu Plano de Metas (50 anos em 5) e seguir
finanças. firme no seu projeto desenvolvimentista. Ela surgiu com a criação
A partir de 1937, promoveu uma série de transformações no de estruturas alheias à Administração Direta para, dessa forma, fu-
aparelho de Estado, tanto na morfologia, quanto na dinâmica de gir das amarras burocráticas.
funcionamento. Nesse período foram criados inúmeros organis- Assim, a chamada Administração Paralela (Ilhas de Excelên-
mos especializados e empresas estatais. “Até 1939, haviam sido cia) foram instituições criadas, via decreto presidencial, pelo go-
criadas 35 agências estatais; entre 1940 e 1945 surgiram 21 agên- verno JK, com o objetivo de obter mais flexibilidade e agilidade

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que eram necessárias para a implantação do seu plano de metas, extinção de órgãos e programas que trouxessem maior eficácia à
tendo em vista que os organismos públicos então existentes es- gestão pública. Foram realizados muitos estudos, trazendo con-
tavam impregnados por uma cultura burocrática que era rígida e tribuições importantes para a formulação do arcabouço teórico e
lenta demais. de metodologias que embasassem a modernização administrativa.
Sobre esse período, Frederico Lustosa revela que: Depois de Quanto às DASP, além de suas atividades regulares, seu princi-
um tumultuado período de transição de mais de um ano, com gol- pal projeto foi à elaboração de um novo plano de classificação de
pes, contragolpes, a eleição e a tentativa de impedimento da posse cargos, que se pautava numa classificação por categoria, em opo-
do eleito, assumiu o governo em 1956, Juscelino Kubitscheck de sição ao anterior, aprovado em 1960, que se apoiava num sistema
Oliveira. Seu Plano de Metas tinha 36 objetivos, com destaque de classificação por deveres e responsabilidades. Esse plano não
para quatro setores-chave: energia, transporte, indústria pesada e logrou êxito em modificar a estrutura hierárquica de cargos na ad-
alimentação. Propugnava a industrialização acelerada, apoiada na ministração pública, o que significa dizer que o sistema de mérito
associação entre capitais nacionais e estrangeiros, com ênfase na continuou restrito aos postos iniciais da carreira.
indústria de bens duráveis, dando prioridade à indústria automobi- Assim, durante o período militar, a administração pública pas-
lística e ao transporte rodoviário. Seu lema era a realização de “50 sa por novas transformações. Três aspectos podem ser ressaltados
anos em cinco” e a meta símbolo era a construção da nova capital nessa época:
do país, Brasília (Mendonça, 1990:335). Era uma fase de grande • A ampliação da função econômica do Estado com a cria-
euforia e de afirmação nacionalista. ção de várias empresas estatais;
Do ponto de vista institucional, a década que vai de 1952 a • A facilidade de implantação de políticas, em decorrência
1962 foi marcada pela realização de estudos e projetos que jamais da natureza autoritária do regime;
seriam implementados. A criação da COSB (Comissão de Simpli- • O aprofundamento da divisão da administração pública,
ficação Burocrática) e da Cepa (Comissão de Estudos e Projetos mais especificamente através do Decreto-Lei 200/67, que distin-
Administrativos), em 1956, representa as primeiras tentativas de guiu claramente a Administração Direta (exercida por órgãos di-
realizar as chamadas reformas globais. A primeira tinha como ob- retamente subordinados aos ministérios) da indireta (formada por
jetivo principal promover estudos visando à descentralização dos autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de econo-
serviços, por meio da avaliação das atribuições de cada órgão ou mia mista).
instituição e da delegação de competências, com a fixação de sua A reforma do período militar – que atingiu bons índices de
modernização – também teve como pontos importantes a padro-
esfera de responsabilidade e da prestação de contas das autorida-
nização e normatização nas áreas de pessoal, compras e execução
des. A Cepa teria a incumbência de assessorar a presidência da
orçamentária, estabelecendo ainda cinco princípios estruturais da
República em tudo que se referisse aos projetos de reforma admi-
administração pública: planejamento, coordenação, descentraliza-
nistrativa.
ção, delegação de competências e controle.
Esse período se caracteriza por uma crescente cisão entre a
Antes de verificarmos o processo de redemocratização e a
administração direta, entregue ao clientelismo e submetida, cada
nova constituinte da década de 80, devemos, à luz de Frederico
vez mais, aos ditames de normas rígidas e controles, e a adminis-
Lustosa, verificar dois programas de reforma elaborados entre
tração descentralizada (autarquias, empresas, institutos e grupos 1979 e 1982, a desburocratização e a desestatização. De iniciativa
especiais), dotados de maior autonomia gerencial e que podiam do Poder Executivo, os dois programas foram concebidos de for-
recrutar seus quadros sem concursos, preferencialmente entre os ma a atender objetivos complementares que seriam o aumento da
formados e especializados, remunerando-os em termos compatí- eficiência e eficácia na administração pública e o fortalecimento
veis com o mercado. Constituíram-se assim ilhas de excelência no do sistema de livre empresa. Mais especificamente, o programa
setor público voltadas para a administração do desenvolvimento, de desburocratização, instituído pelo Decreto-Lei n. 83.740, de 18
enquanto se deteriorava o núcleo central da administração. de julho de 1979, “visa à simplificação e à racionalização das nor-
De acordo com Lima Júnior (1998:10) a administração do mas organizacionais, de modo a tornar os órgãos públicos mais
plano de metas foi executada, em grande medida, fora dos órgãos dinâmicos e mais ágeis” (Wahrlich, 1984:53). Esperava-se que a
administrativos convencionais. Considerando-se os setores essen- supressão de etapas desnecessárias tornaria mais ágil o sistema
ciais do plano de desenvolvimento (energia, transportes, alimen- administrativo, trazendo benefícios para funcionários e clientes.
tação, indústrias de base e educação) apenas 5,2% dos recursos Diferentemente dos outros programas, o da desburocratização
previstos foram alocados na administração direta; o restante foi privilegiava o usuário do serviço público. Daí o seu ineditismo,
aplicado por autarquias, sociedades de economia mista, adminis- porque nenhum outro programa antes era dotado de caráter social
trações estaduais e empresas privadas. A coordenação política das e político. Mas, ele também incluía entre seus objetivos o enxu-
ações se fazia através dos grupos executivos nomeados diretamen- gamento da máquina estatal, já que recomendava a eliminação de
te pelo presidente da República. órgãos pouco úteis ou cuidava para impedir a proliferação de enti-
dades com tarefas pouco definidas ou já desempenhadas em outras
A REFORMA MILITAR ( 1967 - DEC. LEI 200/67) instituições da administração direta e indireta.
De 1967 a 1979, a coordenação da reforma administrativa O programa de desestatização visava ao fortalecimento do sis-
cabia à SEMOR (Subsecretaria de Modernização e Reforma Ad- tema livre de empresa e tinha os seguintes pressupostos:
ministrativa), que cuidava dos aspectos estruturais, sistêmicos e - organização e exploração das atividades econômicas compe-
processuais, e ao DASP, que atuava somente no domínio dos re- tem preferencialmente à empresa privada, na forma estabelecida
cursos humanos. Nesta fase, a SEMOR se preocupou em recorrer a na Constituição brasileira. O papel do Estado, no campo econômi-
frequentes exames da estrutura organizacional e analisou projetos co, é de caráter suplementar, e visa, sobretudo encorajar e apoiar
de iniciativa de outros departamentos, visando à criação, fusão ou o setor privado;

Didatismo e Conhecimento 6
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
- o governo brasileiro está firmemente empenhado em pro- O GOVERNO COLLOR E O DESMONTE DA MÁQUINA
mover a privatização das empresas estatais nos casos em que o PÚBLICA (1990)
controle público se tenha tornado desnecessário ou injustificável; Essa etapa da administração pública brasileira é marcada pelo
- a privatização das empresas estatais, porém, não deverá desmonte da máquina administrativa pelo governo Collor – sem
alcançar nem enfraquecer as entidades que devam ser mantidas nenhum planejamento – sob o argumento de que os servidores pú-
sob controle público, seja por motivos de segurança nacional, seja blicos eram verdadeiros “marajás”.
porque tais empresas criem efetivamente condições favoráveis Pouco tempo depois da posse, o governo promoveu a extinção
ao desenvolvimento do próprio setor privado nacional, ou ainda, de milhares de cargos de confiança, a reestruturação e a extinção
quando contribuem para assegurar o controle nacional do processo de vários órgãos, a demissão de outras dezenas de milhares de
de desenvolvimento (Wahrlich, 1984:54). servidores sem estabilidade e tantos outros foram colocados em
disponibilidade.
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA NOVA CONSTITUI- Segundo estimativas, foram retirados do serviço público, num
ÇÃO (1988) curto período e sem qualquer planejamento, cerca de 100 mil ser-
A nova Constituição da República Federativa do Brasil voltou
vidores. Tais fatos resultaram numa avalanche de processos judi-
a fortalecer a Administração Direta instituindo regras iguais às que
ciais que perduram até hoje, tendo a maior parte dos servidores
deveriam ser seguidas pela administração pública indireta, princi-
conseguido retornarem ao serviço público.
palmente em relação à obrigatoriedade de concursos públicos para
investidura na carreira (o que diminuiu a política clientelista) e aos A rápida passagem de Collor pela presidência provocou, na
procedimentos de compras públicas. administração pública, uma desagregação e um estrago cultural
Para Lustosa, no campo da política de recursos humanos do e psicológico impressionantes. A administração pública sentiu
setor público, o governo não conseguiu instituir um sistema de profundamente os golpes desferidos pelo governo Collor, com
carreiras, apoiando o progresso profissional na formação dos ser- os servidores descendo aos degraus mais baixos da autoestima e
vidores, que justificasse a existência desses organismos. Deixou valorização social, depois de serem alvos preferenciais em uma
para seu sucessor o projeto de um regime único para os servidores campanha política altamente destrutiva e desagregadora.
públicos, determinado pela Constituição de 1988 que, cedendo a
pressões de interesses corporativos, estabelecia mais de 100 direi- A NOVA GESTÃO PÚBLICA (1995/2002)
tos, uns dois ou três deveres e alguns poucos dispositivos sobre o A reforma administrativa foi o ícone do governo Fernando
processo disciplinar e as sanções cabíveis em caso de falta grave Henrique Cardoso em relação à administração pública brasileira.
(Lei n. 8.112, de 11 de dezembro de 1990, mais tarde, profunda- Inserida no contexto da reforma do Estado e capitaneada por Luis
mente alterada pela Lei n. 9.527, de 10 de dezembro de 1997). Carlos Bresser-Pereira à frente do então recém-criado Ministério
Sancionado com vetos posteriormente derrubados pelo Congresso da Administração Federal e da Reforma do Estado (MARE), a
Nacional, esse emblema do privilégio em nada contribuiu para va- chamada reforma gerencial teve como instrumento básico o Plano
lorizar a função pública. Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE), que visava
Ainda segundo Lustosa, do ponto de vista da gestão públi- à reestruturação do aparelho do Estado para combater, principal-
ca, a Carta de 1988, no anseio de reduzir as disparidades entre a mente, a cultura burocrática.
administração central e a descentralizada, acabou por eliminar a
flexibilidade com que contava a administração indireta que, apesar REFORMAS ADMINISTRATIVAS E A NOVA GESTÃO
de casos de ineficiência e abusos localizados em termos de remu- PÚBLICA
neração, constituía o setor dinâmico da administração pública. Ela O Brasil passou por três grandes reformas administrativas
foi equiparada, para efeito de mecanismos de controle e procedi- (também chamadas de reforma da Administração Pública ou refor-
mentos, à administração direta. ma do aparelho do Estado):
A aplicação de um regime jurídico único (RJU) a todos os
1ª na década de 1930 (reforma burocrática)
servidores públicos abruptamente transformou milhares de empre-
2ª na década de 1960 (reforma do período militar)
gados celetistas em estatutários, gerando um problema ainda não
3º na década de 1990 (reforma gerencial)
solucionado para a gestão da previdência dos servidores públicos,
pois assegurou aposentadorias com salário integral para todos Vamos compreender o que é reformar o aparelho do Estado.
aqueles que foram incorporados compulsoriamente ao novo regi- “Entende-se por aparelho do Estado a administração pública
me sem que nunca tivessem contribuído para esse sistema. em sentido amplo, ou seja, a estrutura organizacional do Estado,
Além disso, o RJU institucionalizou vantagens e benefícios em seus três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e três
que permitiram um crescimento vegetativo e fora de controle das níveis (União, Estados-membros e Municípios). O aparelho do Es-
despesas com pessoal, criando sérios obstáculos ao equilíbrio das tado é constituído pelo governo, isto é, pela cúpula dirigente nos
contas públicas e aos esforços de modernização administrativa em três Poderes, por um corpo de funcionários, e pela força militar”.
todos os níveis de governo. “O Estado, por sua vez, é mais abrangente que o aparelho,
Apesar do propalado retrocesso em termos gerenciais, a Cons- porque compreende adicionalmente o sistema constitucional legal,
tituição de 1988 não deixou de produzir avanços significativos, que regula a população nos limites de um território. O Estado é a
particularmente no que se refere à democratização da esfera públi- organização burocrática que tem o monopólio da violência legal,
ca. Atendendo aos clamores de participação nas decisões públicas, é o aparelho que tem o poder de legislar e tributar a população de
foram institucionalizados mecanismos de democracia direta, favo- um determinado território”.
recendo um maior controle social da gestão estatal, incentivou-se a “Esses conceitos permitem distinguir a reforma do Estado da
descentralização político-administrativa e resgatou-se a importân- reforma do aparelho do Estado. A reforma do Estado é um projeto
cia da função de planejamento. amplo que diz respeito às várias áreas do governo e, ainda, ao con-

Didatismo e Conhecimento 7
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
junto da sociedade brasileira, enquanto que a reforma do aparelho Todo processo de trabalho precisa ter um responsável, a quem
do Estado tem um escopo mais restrito: está orientada para tornar denominamos de “Dono do Processo”. A função dessa pessoa é
a administração pública mais eficiente e mais voltada para a cida- garantir a eficiência e a eficácia do processo na sua totalidade.
dania. Este Plano Diretor focaliza sua atenção na administração Um processo sem um responsável caminha solto e, portanto não
pública federal, mas muitas das suas diretrizes e propostas podem tem condições de ser analisado e melhorado. O dono do processo
também ser aplicadas no nível estadual e municipal”. deve ter profundos conhecimentos sobre o mesmo, isto é, deve ser
“A reforma do Estado deve ser entendida dentro do contexto uma pessoa reconhecida por suas habilidades em lidar com todas
da redefinição do papel do Estado, que deixa de ser o responsável as atividades que o compõem. Além disso, o dono do processo
direto pelo desenvolvimento econômico e social pela via da pro- necessita de autoridade para decidir sobre o que deve ser realizado
dução de bens e serviços, para fortalecer-se na função de promotor para que o processo seja permanentemente melhorado. No nosso
e regulador desse desenvolvimento”. exemplo, a dona de casa representa a figura do dono do processo.
A administração pública gerencial ou nova gestão pública Veja que dentro da família, normalmente é ela que detém todos
(new public management) é o modelo pós-burocrático para a rees- os conhecimentos sobre como lidar com as tarefas da casa. Além
truturação da gestão da administração pública baseado em valores disso, no que diz respeito a alimentação familiar e a manutenção
de eficiência, eficácia e competitividade. A administração pública dos vestuários é ela que decidi sobre o que considera melhorar
gerencial pode ser visualizada a partir das seguintes característi- para aperfeiçoar os processos do trabalho doméstico.
cas: Como identificar e encadear um PROCESSO?
• Competição entre organizações públicas e entre organiza- Existe uma maneira simples para isso. A ideia é listar todas
ções públicas e privadas. (ex: bancos); as atividades e depois buscar a sequência lógica que existe entre
• Uso de práticas de gestão provenientes da administração elas. Ao obtermos uma lista sequenciadas atividades, com início
privada (ex: reengenharia e programas de qualidade); e fim no Cliente, podemos garantir tratar-se de um processo.
• Disciplina e parcimônia no uso dos recursos públicos; Para definir as atividades, uma ferramenta que pode auxiliar é o
• Administradores empreendedores com autonomia para de- “Brainstorming”.
cidir; Brainstorming é uma técnica através da qual um grupo
• Avaliação de desempenho; de pessoas gera idéias, dentro de um clima sem restrições. O
• Avaliação focada nos resultados. Brainstorming é composto de três etapas. Na primeira, a ênfase é na
Características da Administração Pública Gerencial geração de ideias: quanto mais, melhor! Na segunda, deverá haver
• Orientada para o cidadão. um exame da lista gerada, de forma a garantir que todos entendam,
• Orientada para obtenção de resultados. mas ideias. Na terceira, deve ocorrer um exame adicional com
• Pressupõe que políticos e funcionários públicos sejam o objetivo de se eliminar redundâncias, discrepâncias etc. As
merecedores de grau limitado de confiança. sessões de brainstorming ajudam todos os membros de um grupo a
• Como estratégia, serve-se da descentralização e do in- contribuírem criativamente para a resolução de problemas.
centivo à criatividade e à inovação.
• Utiliza o contrato de gestão como instrumento de contro-
le dos gestores públicos. 2.1 FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO:
PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO,
DIREÇÃO E CONTROLE.
2. PROCESSO ADMINISTRATIVO.

A garantia da eficiência, eficácia e efetividade das ações


Um processo é uma série de atividades logicamente inter- administrativas dependem de quatro elementos fundamentais:
relacionadas que quando executadas produzem resultados Planejamento: Definição de objetivos futuros e recursos
esperados. O processo é a maneira através da qual uma necessários. Organização: Divisão de tarefas, atribuição de
organização transforma insumos em resultados que visam atender responsabilidade e distribuição de recursos. Controle: Assegurar
as necessidades e expectativas dos Clientes. a realização dos objetivos e/ou modificá-los quando necessário.
Notadamente, o processo sempre começa e termina com o Direção: Acionar e mobilizar recursos.
Cliente. É o Cliente que aciona o início do processo ao expressar • PLANEJAMENTO: “definir o futuro da empresa,
suas necessidades e, no final, é exatamente para ele que os principalmente, suas metas, como serão alcançadas e quais são
resultados do processo retornam. seus propósitos e seus objetivos” (ARAÚJO, 169, 2004), ou
Dois pontos são fundamentais ao se analisar um processo. como “ferramenta que as pessoas e as organizações usam para
Primeiro, ele só tem razão de existir se for para atender à administrar suas relações com o futuro. (MAXIMIANO, 105,
necessidade de um Cliente. Isto significa que nenhum processo 2002). O planejamento envolve a determinação no presente do
pode prescindir do Cliente. Segundo, todo processo necessita que se espera para o futuro da organização, envolvendo quais
agregar valor, ou seja, na medida em que suas atividades vão sendo as decisões deverão ser tomadas, para que as metas e propósitos
executado, o valor do item processado deve ser aumentado. Isto sejam alcançados.
significa que o produto final de um processo deve ter mais valor Podemos destacar 2 tipos principais de planejamento
para o Cliente do que ele possui antes do processamento administrativo:

Didatismo e Conhecimento 8
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
a) planejamento especial - é o que, atingindo seu objetivo, a) Primeira fase do controle de um serviço administrativo:
deixa de ser utilizado. quando do planejamento; quando da execução; quando da apuração
b) planejamento geral - é usado, muitas vezes, de forma dos resultados.
permanente. b) Classificação do controle quanto ao tempo: controle
Projeto: é um instrumento que possibilita avaliar as vantagens antecedente (antes do serviço); controle concomitante (durante o
e desvantagens de reunir ou combinar todos os recursos num serviço); controle subsequente (depois do serviço).
investimento empresarial, bem como aferir a capacidade dos c) Classificação do controle quanto à duração do controle:
empresários. Os projetos visam a montagem ou expansão das controle permanente (execução constante); controle temporário
empresas, em bases racionais, os projetos devem justificar o (execução variável).
interesse em se manter um programa de produção, e também d) Classificação do controle quanto ao processo:
reduzir os riscos que todo empresário enfrenta ao tomar a decisão estabelecimento de padrões (critérios ou normas de serviços);
de investir. avaliação de desempenho (comparar, medir ou verificar os
• ORGANIZAÇÃO: “é o processo administrativo que visa à resultados com o padrão); correção dos desvios (corrigir os planos,
estruturação da empresa, reunindo pessoas e os equipamentos, de modificar objetivos e mudar o pessoal).
acordo com o planejamento efetuado.” Se fosse possível sequenciar,
diríamos que depois de traçada(s) a(s) meta(s) organizacional
(ais), é necessário que as atividades sejam adequadas às pessoas 2.2 PROCESSO DE PLANEJAMENTO.
e aos recursos da organização, ou seja, chega a hora de definir o
que deve ser feito, por quem deve ser feito, como deve ser feito, a
quem a pessoa deve reportar-se, o que é preciso para a realização
da tarefa. (ARAÚJO, 169, 2004). A necessidade de um bom relacionamento entre a organização
“Organizar é o processo de dispor qualquer conjunto de e seu ambiente externo, fica cada vez mais evidenciada com o
recursos em uma estrutura que facilite a realização de objetivos. advento da globalização, pois as mesmas procuram se estruturar,
O processo de organizar tem como resultado o ordenamento das reduzindo hierarquias e corrigindo distorções, para buscar uma
partes de um todo, ou a divisão de um todo em partes ordenadas.” adequação de seus custos juntamente com uma qualificação
(MAXIMIANO, 111, 2002). primorosa, e com isto obter uma maior qualidade nos seus serviços.
• DIREÇÃO: é o processo administrativo que conduz Necessário se faz então o planejamento. Planejar é definir
e coordena o pessoal na execução das tarefas antecipadamente os objetivos e escolher o melhor curso de ação para alcançá-
planejadas.Dirigir uma empresa significa conseguir que os los, pois as empresas não trabalham na base da improvisação. O
empregados executem as tarefas (ou serviços) pelas quais planejamento define aonde se quer chegar, o que deve ser feito,
respondem. Tarefa é um trabalho que se há de concluir em quando deve ser feito e em que sequência, sendo uma técnica para
determinado tempo; serviço é o exercício de funções obrigatórias, absorver a incerteza permitir mais consistência no desempenho da
ou, então, o desempenho de qualquer trabalho. empresa.
Principais meios de direção empresarial: Com esta nova realidade, os administradores das organizações
a) Ordens ou Instruções (transmitir decisões aos subordinados): serão julgados por sua capacidade de identificar, cultivar e explorar
são dadas ou emitidas pelos encarregados da direção, enquanto as competências essenciais que tornam o crescimento possível e
ao empregado cumpre obedecer, executando o que lhe foi sustentável, o que implica necessariamente repensar o conceito da
determinado. Dois aspectos principais devem ser mencionados a corporação.
respeito das ordens de serviços: Devemos considerar que tais organizações devam ser flexíveis,
· quanto à amplitude se adaptando às mudanças de ambientes externos. Tal flexibilidade
* ordens gerais = obrigação de todos os empregados da deve levar em consideração o mercado de mão-de-obra, os
empresa. fornecedores, o sistema financeiro, os sindicatos, a concorrência,
* ordens específicas = competência de um ou de poucos a comunidade, a tecnologia e, principalmente, os consumidores
empregados da empresa. dos serviços. Para entendermos o planejamento, vamos considerar
· quanto à forma algumas definições:
* ordens orais (verbais) = ordens dadas de viva voz aos Objetivo é o alvo que se pretende atingir, podendo ser geral ou
executores. específico. Exemplo de objetivo geral é aumentar a competitividade
* ordens escritas = ordens dadas por escrito aos executores. da organização; objetivo específico é aumentar a fatia de mercado.
• CONTROLE: é o processo administrativo que consiste Meta é um objetivo quantificado com prazo de duração.
em verificar se tudo está sendo feito de acordo com o que foi Exemplo de meta é atingir e manter de maneira lucrativa e ética,
planejado e as ordens dadas, bem como assinalar as faltas e os fatia de mercado de 40% em doze meses.
erros, a fim de repará-los e evitar sua repetição. Desta forma, Planejamento significa:
As características do controle administrativo são: - a formulação sistemática de objetivos e ações alternativas,
maleabilidade: possibilitar a introdução de mudanças decorrentes que ao final, a escolha se dará sobre a melhor ação;
de alterações nos planos e nas ordens; instantaneidade: acusar o - Diz respeito a implicações futuras de decisões presentes, pois
mais depressa possível as faltas e os erros verificados; correção: é um processo de decisões inter-relacionadas e interdependentes
permitir a reparação das faltas e dos erros, evitando-se a sua que visam alcançar objetivos previamente estabelecidos;
repetição. - Definir os objetivos e escolher antecipadamente o melhor
Além dessas características de um controle eficiente, curso de ação para alcançá-los. - É onde se pretende chegar,
não podemos ignorar algumas classificações do controle, o que deve ser feito, quando e em que sequência, como dito
principalmente as mais importantes. anteriormente.

Didatismo e Conhecimento 9
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
O processo de planejamento é mais importante que seu produto 2. Tomada de decisões a respeito das ações futuras.
final se identificando com prováveis mudanças, estabelecendo O planejamento é um processo que, a partir da fixação dos
assim uma harmonia entre a organização e seu meio ambiente. objetivos a serem alcançados, determina a priori, o que se deve
Cabe salientar que deve ser feita a diferenciação entre planejar e fazer, quando fazer, quem deve fazê-lo e de que maneira. Feito
improvisar dentro das organizações. Planejar é a elaboração de um o diagnóstico da situação atual e determinados os objetivos a
esquema para agir e alcançar o objetivo proposto. Improvisar é agir ser alcançado, o planejamento é o caminho entre ambos, entre a
ao acaso. Com isto, podemos identificar dois tipos de organizações. situação presente e a situação objetivada.
A primeira, com alta capacidade de planejar, praticamente não terá Há várias maneiras diferentes para se fizer esse caminho; é
necessidade de improvisar. A Segunda, com baixa capacidade de preciso compará-las e escolher a mais adequada. E a escolha é o
planejar, certamente terá grande necessidade de improvisar; as resultado de um processo de tomada de decisão.
empresas não podem trabalhar na base da improvisação. Decidir é selecionar e escolher a alternativa mais adequada ou
AS ETAPAS DO PLANEJAMENTO conveniente para uma determinada questão.
O planejamento possui três etapas: 1. O estabelecimento dos Embora todo planejamento seja um processo de tomada de
decisão, toda decisão não é necessariamente um planejamento.
objetivos a alcançar; 2. Tomada de decisões a respeito das ações
Características da Tomada de decisão a). Tomada de decisão
futuras; 3. Elaboração de planos. antecipatória – refere-se à decisão sobre o que fazer, e como, antes
1. O Estabelecimento dos objetivos a alcançar de a ação requerida ser executada. O Planejamento envolve um
A definição dos objetivos e a elaboração dos planos para processo formal, enquanto a tomada de decisão pode ser informal.
alcançá-los é o começo do planejamento. Mas o que é objetivo? b) Interconexão das decisões – O Planejamento busca conjugar as
Objetivos são resultados previamente estabelecidos, que devem decisões nos diversos níveis e áreas da organização, bem como,
ser atingidos em certo período de tempo (metas), ou ainda, são com outras decisões antecedentes e subsequentes. c) Criação de
pretensões futuras que, alcançadas deixam de ser objetivos e se um estado futuro desejável – O planejamento busca alcançar uma
tornam realidade. situação futura almejada pela organização. Pode referir-se tanto a
Os objetivos em relação ao tempo podem ser: imediatos, objetivos organizacionais globais como a objetivos departamentais
acessíveis e imaginários. ou setoriais.
Explicando melhor, quanto mais os objetivos distanciam-se 3. Elaboração de planos.
no tempo, mais se tornam imaginários. Além da hierarquia dos objetivos, existe a hierarquia do
À medida que o tempo passa e os objetivos imediatos vão planejamento. Os níveis do planejamento podem ser; estratégico,
sendo alcançados, os objetivos acessíveis tornam-se imediatos e os tático e operacional.
objetivos imaginários tornam-se acessíveis, havendo uma contínua O planejamento estratégico: É o planejamento mais amplo
evolução dos objetivos que vão sendo redefinidos à medida que e abrangente da organização, situando-se no topo da hierarquia
empresarial, tendo como características:
são alcançados.
a) É definido no nível institucional e corresponde ao plano
Hierarquia dos objetivos maior ao quais todos os demais estão subordinados.
As empresas buscam geralmente alcançar vários objetivos ao b) É projetado em longo prazo com efeitos e consequências
mesmo tempo, havendo assim a necessidade de uma hierarquia estendidos por vários anos.
de objetivos. Os objetivos da empresa são os mais importantes c) Envolve a empresa como um todo, abrangendo seus
e predominam sobre todos os outros objetivos, e os objetivos de recursos e áreas de atividade, e preocupa-se em atingir os objetivos
cada divisão predominam sobre os objetivos de cada especialista. no nível organizacional;
Os objetivos maiores impõem-se aos objetivos específicos. a) É definido no nível intermediário para cada departamento
Desdobramentos dos objetivos da empresa.
Como consequências da hierarquia dos objetivos surgem os b) É projetado em médio prazo ou para o exercício atual.
desdobramentos dos objetivos, que podem ser fixados pela empresa c) Envolve cada departamento, seus recursos específicos e
em políticas organizacionais, diretrizes, metas, programas, preocupa-se em atingir os objetivos.
procedimentos, métodos e normas. Com base nos objetivos PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO APLICADOS AO
almejados, a organização define a estratégia para alcançá-los. PLANEJAMENTO
Princípios para o estabelecimento dos objetivos Dois princípios se sobressaem dentre os inúmeros princípios
São três os (princípios para o estabelecimento dos objetivos: de planejamento apontados pelos diversos estudiosos. São eles:
a). Principio da Comunicação total – Os objetivos devem ser a) Princípio da definição do objetivo: O planejamento
começa logo após a fixação do objetivo que se pretende alcançar
comunicados a toda empresa, e todos os níveis hierárquicos
e é estruturado em função desse objetivo. Como a finalidade da
devem conhecer e compreender os objetivos da organização organização é fazer a empresa atingir de forma mais eficiente
e a sua participação relativa quanto ao alcance deles. Mesmo e econômica os seus objetivos, torna-se primordial então, a
que determinada área não faça parte daquela ação ou daquele necessidade de estabelecer de forma clara, os objetivos que se
objetivo, deverá a mesma ter pleno conhecimento dos objetivos pretende alcançar. b) Princípio de flexibilidade do planejamento:
estabelecidos. O planejamento é permanente e aplicável tanto para atividades
b). Princípio da coerência vertical – O objetivo de um nível que ainda não estejam em funcionamento quanto para as que já
deve ser aquele que torne mais provável, mais fácil e econômico estejam em funcionamento. Deve ser flexível, uma vez que sua
a realização do objetivo organizacional imediatamente superior. execução poderá mostrar certas falhas imprevistas que poderão
c). Principio da coerência horizontal – deve haver harmonia e ser corrigidas no decorrer do seu desenvolvimento. As datas, os
coerência entre os objetivos dos órgãos situados no mesmo nível programas, a articulação das unidades envolvidas e a distribuição
organizacional, para evitar conflitos ou incompatibilidades. Ex: das tarefas deverão ser tão elásticas e flexíveis quanto permita o
Vendas x Produção caso em questão.

Didatismo e Conhecimento 10
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Características do planejamento seu ambiente de atuação. Da porta para fora, o planejamento
• O planejamento é um processo permanente e contínuo o cumpriria a função de orientar as ações da organização para que
Para alguns autores, o planejamento é muito mais uma questão ela possa buscar oportunidades e a própria sobrevivência.
de mentalidade voltada para o futuro do que um elenco de planos Assim, a estratégia é fruto de processos racionais de reflexão,
e programas de ação. · O planejamento é sempre voltado para o aprendizagem, elaboração, pensamento e intervenção, além de
futuro o planejamento é uma relação entre coisas a fazer e o tempo processos não racionais e simbólicos, construídos a partir da
disponível para tanto; o Como o passado se foi e o presente está “vivência” cotidiana da organização em seus embates internos e
andando, é com o futuro que o planejamento se preocupa. com o ambiente.
• O planejamento visa à racionalidade da tomada de decisão o Desenvolver a visão estratégica e a missão do negócio.
Ao estabelecer esquemas para o futuro, o planejamento funciona Através da visão é possível identificar quais são as expectativas
como um meio de orientar o processo decisório, dando-lhe maior e os desejos dos acionistas, conselheiros e elementos da alta
racionalidade e subtraindo a incerteza inerente a qualquer tomada administração da empresa, tendo em vista que esses aspectos
de decisão; o Se por um lado, o planejamento limita as alternativas proporcionam o grande delineamento do planejamento estratégico
e retira razoável parcela para decidir, por outro, imprime maior a ser desenvolvido e implementado. A gerência deve definir:
dose de segurança e de consistência nas escolhas feitas. “quem são”, “o que fazem” e “para onde estão direcionados”,
estabelecendo um curso para a organização.
A visão pode ser considerada como os limites que os principais
responsáveis pela empresa conseguem enxergar dentro de um
2.2.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO:
período de tempo mais longo e uma abordagem mais ampla. Ela
VISÂO, MISSÃO E ANÁLISE SWOT
deve ser resultante do consenso e do bom senso de um grupo de
líderes e não da vontade de uma pessoa.
A missão é a razão de ser da empresa. Neste ponto procura-
O planejamento estratégico poderia ser definido como um se determinar qual o negócio da empresa, por que ela existe, ou
processo de gestão que apresenta, de maneira integrada, o aspecto ainda em que tipos de atividades a empresa deverá concentrar-se
futuro das decisões institucionais, a partir da formulação da no futuro. Aqui se procura responder à pergunta básica: “Aonde
filosofia, da instituição, sua missão, sua orientação, seus objetivos, se quer chegar com a empresa?” “Na realidade, a missão da
suas metas, seus programas e as estratégias a serem utilizadas empresa representa um horizonte no qual a empresa decide atuar
e vai realmente entrar em cada um dos negócios que aparecem
para assegurar sua implementação. É a identificação de fatores
neste horizonte, desde que seja viável sobre os vários aspectos
competitivos de mercado e potencial interno, para atingir metas e
considerados”.
planos de ação que resultem em vantagem competitiva, com base
Esses negócios identificados no horizonte, uma vez
na análise sistemática de mudanças ambientais previstas para um
considerados viáveis e interessantes para a empresa, passam a ser
determinado período. Portanto, o planejamento estratégico não
denominados propósitos da empresa.
deve ser considerado apenas como uma afirmação das aspirações
Os objetivos correspondem à explicitação dos setores de
de uma empresa, pois inclui também o que deve ser feito para
atuação dentro da missão que a empresa já atua ou está analisando
transformar essas aspirações em realidade. Quando se considera a a possibilidade de entrada no setor, ainda que esteja numa situação
metodologia para o desenvolvimento do planejamento estratégico de possibilidade reduzida. As empresas precisam de objetivos
nas empresas, têm-se duas possibilidades, que se definem: estratégicos e objetivos financeiros. Os objetivos estratégicos
• em termos da empresa como um todo, “aonde se quer chegar referem-se à competitividade da empresa e as perspectivas de
e depois se estabelece “como a empresa está para se chegar à longo prazo do negócio. Os objetivos financeiros relacionam-se
situação desejada”; ou com medidas como o crescimento das receitas, retorno sobre o
• em termos da empresa como um todo “como se está” e investimento, poder de empréstimo, fluxo de caixa e retorno dos
depois se estabelece “aonde se quer chegar”. Pode-se considerar acionistas.
uma terceira possibilidade que é definir “aonde se quer chegar” A empresa bem-sucedida tem uma visão do que pretende, e
juntamente com “como se está para chegar lá”. Cada uma dessas esta visão trabalhada quanto a seus propósitos e a seu modelo de
possibilidades tem a sua principal vantagem. No primeiro caso, é a gestão constitui a missão que fornece à empresa o seu impulso e
possibilidade de maior criatividade no processo pela não existência sua direção.
de grandes restrições. A segunda possibilidade apresenta a grande Elaborar uma estratégia para atingir os objetivos.
vantagem de colocar o executivo com o pé no chão quando inicia Estabelecer estratégia significa definir de que maneira pode
o processo de planejamento estratégico. se atingir os objetivos de desempenho da empresa. A estratégia é
O que é estratégia? concebida como uma combinação de ações planejadas e reações
O conceito de estratégia é realmente amplo, e seu uso corrente adaptáveis para a indústria em desenvolvimento e eventos
permite associá-lo desde a um curso de ação bastante preciso até competitivos. Raramente a estratégia da empresa resiste ao tempo
ao posicionamento organizacional, em última análise, a toda razão sem ser alterada. Há necessidade de adaptação de acordo com as
de ser da empresa. variáveis do mercado, necessidades e preferências do consumidor,
A estratégia pode ser considerada um instrumento: o manobras estratégias de empresas concorrentes.
planejamento estratégico. Essa parte do planejamento estratégico Implementar e executar a estratégia
corresponderia aos caminhos selecionados para serem trilhados A implementação da estratégia é a sua execução, a fim de
primeiro pela identificação dos pontos fortes e fracos da se obter o desempenho programado dentro do prazo previsto. Os
organização, e das empresas e oportunidades diagnosticadas em principais aspectos da implementação da estratégia:

Didatismo e Conhecimento 11
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
• Desenvolver uma organização capaz de executar a estratégia • valores compartilhados e cultura da empresa. A estratégia
com sucesso. deve ser muito bem combinada com os pontos fortes, os pontos
• Desenvolver orçamentos que direcionam os recursos para fracos e com as capacidades competitivas da empresa, ou
atividades internas críticas para o sucesso estratégico. seja, deve ser baseada naquilo que ela faz bem e deve evitar
• Estabelecer políticas de apoio à estratégia. aquilo que ela não faz bem. Os pontos fortes básicos de uma
• Motivar as pessoas para perseguir os objetivos energicamente organização constituem uma importante consideração estratégia
e, se necessário, modificar seu comportamento de trabalho para pelas habilidades e capacidades que fornecem para aproveitar
adequar melhor as necessidades para execução da estratégia com determinada oportunidade, aonde podem proporcionar vantagem
sucesso. competitiva para a empresa no mercado e potencialidade que tem
• Associar a estrutura de recompensas com a realização dos para se tornar a base da estratégia. As ambições, valores, filosofias
resultados programados. de negócio, atitudes perante o risco e crenças éticas dos gerentes
• Criar uma cultura corporativa e clima de trabalho que têm influências importantes sobre a estratégia e são impregnadas
conduzam à implementação da estratégia de maneira bem- nas estratégias que eles elaboram. Os valores gerenciais também
sucedida. modelam a qualidade ética da estratégia de uma empresa, quando
• Instalar uma série de sistemas internos de apoio que capacitem os gerentes têm fortes convicções éticas, exigem que sua empresa
o pessoal para executar seu papel estratégico eficientemente todos observe um estrito código de ética em todos os aspectos do
os dias. negócio, como por exemplo, falar mal dos produtos rivais. As
• Instituir as melhores práticas e programas para a melhoria políticas, práticas, tradições e crenças filosóficas da organização
contínua. são combinadas para estabelecer uma cultura distinta. Em alguns
• Exercer a liderança interna necessária para avançar com a casos as crenças e cultura da empresa chegam a dominar a escolha
implementação e continuar melhorando a maneira de execução da das mudanças estratégicas.
estratégia. Estruturação e debate de cenários
Avaliar o desempenho Cenários representam critérios e medidas para a preparação
A missão da empresa, os objetivos, a estratégia e a abordagem do futuro da empresa. O executivo pode desenvolver cenários
da implementação nunca finalizam porque sempre ocorrem novas que retratem determinado momento no futuro ou que detalhem
situações que acarretam ajustes corretivos. A gerência tem a a evolução e a sequencia de eventos desde o momento atual até
responsabilidade de procurar atingir um melhor desempenho, determinado momento no futuro.
descobrindo meios de melhorar a estratégia existente e a maneira Por outro lado, existem cenários alternativos que, por
com que ela está sendo executada; portanto precisam manter- definição, não são previsões do que deve ocorrer. Pelo contrário, por
se próximos de situações de mudança nas condições externas a questionar premissas, devem explorar possibilidades alternativas
fim de revisar periodicamente a missão da empresa, os objetivos do futuro, possibilidades estas inconsistentes entre si em algumas
de desempenho, a estratégia e as abordagens de execução da dimensões, mas compatíveis em outras.
estratégia. Ao contrário das projeções ou pesquisas de mercado típicas,
Fatores que moldam a estratégia de uma empresa o planejamento de cenários não desenvolve apenas tendências
Fatores internos e externos devem ser considerados na do presente, ele constrói imagens do futuro. Por mais atraentes
elaboração de uma estratégia. que possam parecer os cenários, não deleitam os executivos que
Fatores externos da empresa preferem a ilusão da certeza à consciência dos riscos e das novas
• considerações políticas, legais de cidadania da comunidade; realidades.
• atratividade da indústria, mudanças da indústria e condições O planejamento de cenários, por outro lado, prepara as pessoas
competitivas; para qualquer contingência. Confere a capacidade de agir com
• oportunidades e ameaças da empresa. A tarefa de fazer com pleno conhecimento do risco assumido e da possível recompensa.
que a estratégia de uma empresa seja socialmente responsável, Essa é a principal diferença entre um executivo sábio e um
significa conduzir as atividades organizacionais eticamente e no burocrata ou apostador, que são seus polos opostos. Se homem e
interesse público geral, responder positivamente às prioridades empresa não aprenderem a detectar as questões predominantes no
e expectativas sociais emergentes, demonstrar boa vontade de futuro, tudo que tiver sido feito até o presente estará em risco. Com
executar as ações antes que ocorra um confronto legal, equilibrar base no filtro das urgências pessoais ou corporativas poderemos
os interesses dos acionistas com os interesses da sociedade como reduzir os riscos envolvidos nos movimentos feitos às cegas em
um todo e comportar-se como um bom cidadão na comunidade. um território desconhecido.
A estratégia de uma empresa deve fazer uma combinação perfeita Os cenários não são concebidos de uma só vez. Também
da indústria com as condições competitivas e ainda precisa ser podem ser excessivamente distantes, dependendo de como foram
direcionada para conquistar oportunidades de crescimento. Do previstos. Eles podem ser dissimulados, cruzados e recombinados
mesmo modo a estratégia deve ser equipada para proporcionar de maneiras inesperadas. Por essa razão é essencial assimilar o
defesa do bem-estar da empresa e do seu desempenho futuro exercício e adotá-lo como um modo de ver o mundo. O processo
contra ameaças externas. permite aceitar o futuro como uma realidade que se desenvolve
Fatores internos da empresa aos poucos.
• pontos fortes e pontos fracos da empresa e capacidades O ser humano nem sempre está preparado para acreditar
competitivas; naquilo que não está em seus planos ou em sua configuração
• ambições pessoais, filosofia de negócio e princípios éticos mental. Por isso a chave da construção de cenários bem-sucedidos
dos executivos; é preparar os executivos para ver além daquilo que querem ver.

Didatismo e Conhecimento 12
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
FUTURO Planejamento Conteúdo Prazo Características
Macroorientado:
Genérico e
PRESENTE Estratégico Longo aborda a empresa
Sintético
em sua totalidade
PASSADO Aborda cada uni-
Menos
dade de trabalho
genérico e
Imaginar cenários implica perceber o futuro no presente. Tático Médio ou cada unidade
mais deta-
As pessoas geralmente se enganam em relação à realidade. A de custo separada-
lhado
negação, por exemplo, é um dos mecanismos usados pelas pessoas mente
para se proteger contra as más notícias. Um bom cenário exige
dos executivos o tempo necessário para poder apreciar o impacto Microorientado:
causado por ele. Detalhado e aborda cada tarefa
Operacional Curto
Na verdade, os cenários manipulam dois mundos: o dos fatos analítico ou operação isola-
e o das percepções. Exploram fatos, mas indicam as percepções damente
daqueles que têm a responsabilidade de tomar decisões. Seu
objetivo é reunir e transformar informações que têm importância O Planejamento Estratégico refere-se ao planejamento
estratégica em novas percepções. Esse processo de transformação sistêmico das metas de longo prazo e dos meios disponíveis para
não é corriqueiro, ocorre com pouca frequência. Quando funciona, alcançá-las, ou seja, aos elementos estruturais internos da empresa,
é uma experiência criativa que desperta o prazer da realização nos mas também, e principalmente, o ambiente externo no qual a
executivos e leva a uma visão estratégica que enxerga muito mais empresa está inserida. O planejamento estratégico deve definir os
longe do que jamais puderam ver. rumos do negócio e, portanto, responder à pergunta: qual é o nosso
negócio e como deveria sê-lo? Seu propósito geral é influenciar o
ambiente interno e externo, a fim de assegurar o desenvolvimento
Planejamento estratégico
ótimo de longo prazo da empresa de acordo com um cenário
Planejamento compreende a definição das metas de uma aprovado. Ele é efetuado pelos dirigentes de mais alto nível da
organização, o estabelecimento de uma estratégia global para empresa, isto é, diretores e seus assessores, pois, quase sempre,
alcançar essas metas e o desenvolvimento de hierarquia de planos são os que possuem a visão sistêmica ou global da empresa e
abrangente para integrar e coordenar atividades. Diz respeito, têm melhores condições para ficarem atentos ao que ocorre no
portanto, aos fins (o que será feito) e também aos meios (como ambiente externo. O planejamento estratégico inicia-se no topo da
será feito). Planejamento é um processo desenvolvido com o hierarquia.
objetivo de alcançar uma determinada situação almejada, de modo No planejamento estratégico ocorre o mapeamento ambiental.
mais eficiente e eficaz, otimizando esforços e recursos existentes É feita uma análise das ameaças e oportunidades e uma avaliação
na organização. Para isso, existem diversos níveis de planejamento das forças e fraquezas da empresa (análise SWOT ou FOFA).
Um bom diagnóstico responde à perguntas: qual é o nosso
praticados por uma organização.
negócio? Como está o nosso negócio? Quais seus pontos fortes
O planejamento é um processo gerencial, ou seja, pensar em e fracos? Como deveria ser o nosso negócio? O cenário deve
planejamento significa, portanto, pensar em gerenciamento. responder às perguntas: como deverá ser o nosso negócio daqui
a X anos? O cenário poderá alterar até mesmo os objetivos gerais.
CARACTERÍSTICAS NÍVEIS TIPOS O planejamento estratégico deve evitar a miopia da empresa,
Planejamento ou seja, que os administradores suponham que os produtos,
Objetivos e metas Estratégico clientes, mercados ou tecnologias de hoje continuem sendo os
estratégico
Meios para atingir os Planejamento de amanhã e que dediquem esforços e recursos para a defesa de
Tático ontem.
objetivos e metas tático
Métodos operacionais e Planejamento Etapas do Planejamento Estratégico
Operacional 1. Determinação dos objetivos empresariais
alocação de recursos operacional
2. Análise ambiental externa (oportunidades e ameaças)
Análise SWOT ou FOFA
3. Análise organizacional interna (forças e fraquezas)
4.Formulação das alternativas estratégicas e escolha da
estratégia empresarial
5. Elaboração do plano estratégico
6. Implementação por meio dos planos táticos e planos
operacionais
7. Feedback ou controle
A análise SWOT (ou FOFA)
Consiste na avaliação da posição competitiva de uma empresa
com base em quatro variáveis: pontos fortes, pontos fracos,
oportunidades e ameaças. Pontos fracos e fortes - dizem respeito à
empresa (questões internas) Oportunidades e ameaças – ambiente
externo (meio envolvente).

Didatismo e Conhecimento 13
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
utilizados em hospitais, os procedimentos utilizados para aplicar
IN
IN
TE S W as soluções a pacientes diferem entre produtos concorrentes, e
TR
EN
AR- os suportes usados para pendurar as garrafas de solução não são
N
O
R compatíveis. Nesse caso, a troca de um produto por outro encontra
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grande resistência por parte das enfermeiras responsáveis pela
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administração dos tratamentos e exige novos investimentos em
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material de apoio.”
NI DESVANTAGENS DE CUSTO INDEPENDENTE DA
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X O T ESCALA. As empresas estabelecidas podem ter vantagens de
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custo por diversas razões, inclusive tecnologia patenteada, know-
O
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A how de produtos, acesso favorável à matéria-prima, localização
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A
EN favorável, força de trabalho experiente e assim por diante.
TE
- POLÍTICA GOVERNAMENTAL. O governo pode limitar
A
M ou impedir o ingresso de novas empresas em dados setores
BI
E solicitando licenças, limitando o acesso a matérias-primas como
carvão ou a terras públicas e de diversas outras normas. Entre os
setores regulamentados estão: transporte rodoviário, estradas e
2.2.2 ANÁLISE COMPETITIVA E transportes.
ESTRATÉGIAS GENÉRICAS. Força competitiva 2: Pressão de produtos substitutos
A segunda força competitiva de Porter está relacionada à
facilidade com a qual o comprador pode substituir um tipo de
produto ou serviço por outro. Por exemplo, isolamentos com
O primeiro conceito essencial de Porter identifica cinco forças celulose, lã mineral e isopor substituem o isolamento com fibra
competitivas que, segundo ele, determinam a intensidade da de vidro; o xarope de milho, com alto teor de frutose, é um
competição em um dado setor. “A meta da estratégia competitiva substituto do açúcar. Porter observa que os substitutos tornam-
para uma unidade de negócios em um setor é encontrar uma se particularmente uma ameaça não apenas quando oferecem
posição no setor onde a empresa possa se defender melhor dessas uma fonte alternativa para o comprador, mas também quando
forças competitivas ou influenciá-las a seu favor”. As cinco forças proporcionam uma melhoria significativa na relação preço/
competitivas são: desempenho. Por exemplo, os sistemas de alarme eletrônico
Força competitiva 1: Ameaça de novos concorrentes tiveram um impacto adverso sobre o negócio de empresas de
A primeira força competitiva de Porter trata da facilidade ou segurança, pois ofereceram proteção equivalente por um preço
dificuldade que um novo concorrente pode sentir ao começar a substancialmente inferior.
fazer negócios em um setor. Obviamente, quanto mais difícil for Força competitiva 3: Poder de barganha dos compradores
a entrada, menor será a concorrência e maior a probabilidade de Terceiro, disse Porter, nem todos os compradores são iguais.
lucros a longo prazo. Porter identifica sete barreiras que dificultam Os compradores têm muito mais poder de barganha quando fazem
a entrada de novos concorrentes no mercado. o seguinte:
ECONOMIAS DE ESCALA. Em alguns setores, as grandes  Compram em grandes volumes, o que lhes permite
empresas têm vantagem, pois o custo unitário da fabricação de exigir melhores preços unitários. Por exemplo, pense no poder
um produto ou administração de uma operação diminui à medida da Wal-Mart, em oposição a uma pequena loja familiar, de exigir
que o volume absoluto de produção aumenta. Portanto, um novo concessões dos compradores.
concorrente precisa pagar muito para operar em grande escala  Têm interesse significativo em economias, pois o item
ou deve aceitar uma desvantagem de custo significativa como que estão comprando representa uma porção significativa de seus
pequena empresa iniciante. Porter observa que “as economias de custos totais. Por exemplo, uma empresa aérea ficará muito mais
escala em produção, pesquisa, marketing e serviços provavelmente preocupada com o custo do combustível do que, digamos, uma loja
são barreiras à entrada no setor de computadores de grande porte”. de varejo que possui um único caminhão de entrega.
DIFERENCIAÇÃO DE PRODUTO. As empresas  Compram produtos padronizados ou commodities. Se o
estabelecidas têm um nome de marca e, ao longo do tempo, produto que o comprador está adquirindo puder ser comprado com
desenvolveram a fidelidade do cliente. facilidade, é provável que o comprador tenha muitos fornecedores
EXIGÊNCIAS DE CAPITAL. Quanto maiores são os alternativos, podendo jogar um contra o outro a fim de conseguir
recursos financeiros necessários para se iniciar um negócio, o melhor negócio. Por exemplo, o comprador que deseja adquirir
maior é a barreira à entrada. Isso é particularmente verdadeiro um automóvel sedã de quatro portas tem muito mais poder de
se o investimento inicial for arriscado ou irrecuperável, como barganha com a concessionária do que o comprador em busca de
um investimento pesado em pesquisa e desenvolvimento ou em um veículo popular.
publicidade. Por exemplo, o custo e o risco associados à criação  Enfrentam custos de troca. Trocar de uma marca para
de uma nova indústria farmacêutica seriam muito maiores do que outra de papel-toalha normalmente envolve pouco ou nenhum
os associados à formação de uma pequena empresa de consultoria. custo. Por outro lado, trocar um sistema de computador baseado
CUSTOS DE TROCA. Cria-se uma barreira à entrada se os em Windows por um sistema Apple Macintosh pode ser bastante
clientes tiverem que incorrer em um custo adicional para trocar de caro em termos da substituição de hardware e software, além da
fornecedor. “Por exemplo, nas soluções intravenosas (IV) e kits conversão dos arquivos de dados.

Didatismo e Conhecimento 14
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
 Obtêm baixos lucros. Quanto menor for a margem 3. As empresas têm altos custos fixos. Custos fixos são os
de lucros dos compradores, maior será a probabilidade de eles custos associados à administração de um negócio, como o salário
buscarem preços mais baixos. dos gerentes, feriados ou férias remuneradas, seguros e assim
 Fabricam internamente o produto. Os grandes fabricantes por diante, e normalmente não variam com base no volume de
de automóveis geralmente usam a ameaça da fabricação interna produtos fabricados. Quando os custos fixos são altos em relação
como poder de barganha junto aos seus fornecedores. “Não quer ao valor total do produto que está sendo fabricado, as empresas
vender os freios pelos preços que estamos pedindo? Pois bem, sofrem uma pressão significativa para produzir a todo vapor, a fim
vamos fabricá-los internamente.” de manter baixos os custos unitários.
 Estão muito preocupados com a qualidade do produto 4. As empresas têm altos custos de armazenagem. Quando o
que estão adquirindo. Porter cita os enormes custos associados custo dos estoques de produtos acabados é muito alto, as empresas
à ruptura de um poço de petróleo. Consequentemente, os ficam tentadas a reduzir preços para girar o estoque.
compradores de equipamentos para campos de petróleo estão 5. . As empresas sofrem restrições de tempo para venda do
muito mais preocupados com a qualidade e confiabilidade dos produto. Por exemplo, as empresas aéreas nunca recuperam a perda
de receita dos bilhetes não vendidos. Portanto, sofrem pressão para
dispositivos de prevenção de rupturas do que com seu custo.
vendê-los, mesmo com grandes descontos.
 Têm todas as informações. Um cliente que negocia o
6. O produto ou serviço é visto como uma commodity, para
preço de um novo carro depois de realizar extensas pesquisas sobre
a qual o comprador tem diversas opções, e o custo de troca de
os custos da concessionária e o valor do carro usado provavelmente marca ou fornecedor para o comprador é baixo. Nesses casos, os
fará um negócio melhor do que um cliente que aceite a palavra do compradores estão atrás de preço e serviço, e a concorrência é
vendedor sobre qual seria o melhor negócio. acirrada.
Força competitiva 4: Poder de barganha dos fornecedores 7. A capacidade deve ser acrescentada em grande incrementos.
Os fornecedores têm um poder de barganha semelhante ao Em alguns setores, como o de produção de cloro e cloreto de
dos compradores. Segundo Porter, os grupos de fornecedores serão amônio, as empresas não podem - pelo menos não com eficácia
poderosos caso existam as seguintes condições: em termos de custos – acrescentar capacidade de produção em
 São dominados por algumas empresas e estão mais pequenos incrementos. Resultado: provavelmente o setor sofrerá
concentrados do que o setor para os quais vendem, portanto é drásticas variações entre períodos de excesso de capacidade, quando
pouco provável que os compradores se agrupem para exigir melhor as empresas têm a habilidade de fabricar mais do que o mercado
preço, qualidade ou prazos. poderia absorver, e subcapacidade, quando a demanda é maior do
 Não têm que lutar contra outros produtos substitutos que a capacidade de produção da empresa. A subcapacidade leva a
vendidos ao setor. Em outras palavras, o comprador não tem decisões de expandir a capacidade. O acréscimo de capacidade se
muitas opções. dá necessariamente em grandes incrementos, gerando excesso de
 O fornecedor não depende do comprador para efetuar capacidade o que, por sua vez, leva a reduções de preço e à maior
uma parte substancial das vendas. concorrência.
 Os produtos do fornecedor são importantes para o 8. Os concorrentes têm estratégias, origens, personalidades,
negócio do comprador. etc., diferentes. Porter observa que as empresas estrangeiras
 Os produtos do fornecedor são únicos, de alguma forma, tornam o ambiente competitivo complexo porque abordam um
ou seria caro ou problemático para o comprador encontrar um negócio com metas e objetivos diferentes dos das empresas
produto substituto. nacionais já sedimentadas. O mesmo se aplica a empresas mais
 Eles impõem uma ameaça concreta de “integração para novas, menores, operadas pelos proprietários, que podem ser mais
frente” - o grupo de fornecedores poderia se tornar um concorrente agressivas e estar dispostas a assumir mais riscos.
para o comprador usando os recursos/produto que vende 9. Há muito em jogo. Por exemplo, a concorrência entre os
operadores de telefonia de longa distância nos Estados Unidos
atualmente ao comprador para produzir o item que o comprador
foi particularmente acirrada nos primeiros anos que se seguiram à
fabrica atualmente.
desregulamentação do setor, pois os rivais partiram do pressuposto
Força competitiva 5: Rivalidade entre os concorrentes
de que dispunham de um tempo limitado para conquistar clientes
Finalmente, disse Porter, o nível de competição em um setor e ganhar participação de mercado. Acreditavam que, depois que as
é moldado pela rivalidade existente entre os competidores. Porter pessoas tivessem escolhido um operador de longa distância, seria
argumenta que a competição é mais intensa em um setor onde difícil convencê-las a mudar.
predominem as seguintes condições. 10. As barreiras à saída são altas. Talvez seja caro para uma
l. O número de empresas competindo é grande ou o porte e/ empresa, dos pontos de vista estratégico e/ou emocional, desistir
ou recursos das empresas que competem são relativamente iguais. e sair do negócio, sendo assim, as empresas podem continuar
“Quando o setor é altamente concentrado ou dominado por uma competindo mesmo quando o negócio deixa de ser lucrativo para
ou algumas empresas... então... o líder ou os líderes podem impor elas. Porter cita os seguintes exemplos de barreiras à saída:
disciplina.” Quando existem muitas empresas competindo e/ou os  Equipamentos caros e especializados dos quais seria
concorrentes são praticamente iguais, aumentam as chances de difícil se desfazer
uma empresa reduzir seus custos de forma drástica para manter  Um acordo trabalhista cujo rompimento implicaria altos
vantagem. custos
2. O crescimento do setor é lento. Quando o crescimento  Laços emocionais dos gerentes e proprietários com o
do setor é lento ou inexistente, a única forma pela qual os rivais negócio
podem melhorar seus resultados é “roubar” negócios das empresas  Restrições a demissões e fechamentos de fábricas que
concorrentes. são comuns em países estrangeiros.

Didatismo e Conhecimento 15
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
ESTRATÉGIAS AS GENÉRICAS
Segundo Poter, “Estratégia competitiva é sinônimo de tomar 2.2.3 REDES E ALIANÇAS
atitudes ofensivas ou defensivas para criar uma posição defensável
em um setor, a fim de lidar com as cinco forças competitivas e,
assim, obter um retorno superior sobre o investimento.” Embora
admita que as empresas encontrassem muitas formas diferentes As alianças estratégicas e redes empresariais apresentam-se
de concretizar isso, Porter insiste na existência de apenas três como uma forma diferenciada de coordenar a atividade econômica,
estratégias bem-sucedidas e internamente coerentes para ter um em que as partes individuais existem não por si mesmas, mas pelas
desempenho superior ao das outras empresas. Essas estratégias suas relações com as outras.
genéricas são: Estes acordos de cooperação e/ou conveniência ocorrem a
Estratégia genérica 1: Liderança geral de custos partir de pressões contingenciais e fatores viabilizadores, com
Em algumas empresas, os gerentes dedicam grande atenção o objetivo de partilhar recursos, especialmente competências
ao controle de custos. Embora não negligenciem a qualidade, complementares, criando sinergias que alavancam o potencial
o serviço e outras áreas, o principal tema da estratégia dessas competitivo das empresas que os compõem.
empresas é o baixo custo em relação aos seus concorrentes. Esta dependência mútua propicia um senso de reciprocidade,
Obviamente, a liderança de custo não é a estratégia mais o qual, no longo prazo, encoraja as partes a buscarem novos
adequada para todas as empresas. Porter afirmou que as empresas modos de realizar as tarefas, promover o aprendizado e a troca de
que desejam buscar a liderança de custos como estratégia precisam informações, e ainda, propicia confiança.
ter uma alta participação de mercado com relação aos seus Sobre os conceitos de redes Interorganizacionais, Barney
concorrentes ou então possuir outras vantagens, como o acesso e Hesterly (1996) as descrevem como qualquer forma de
favorável à matéria-prima. relacionamento cooperativo entre duas ou mais firmas, cujo
Os produtos precisam ser projetados de modo a serem de fácil propósito é desenvolver, projetar, manufaturar, comercializar ou
produção, e uma empresa de baixo custo seria sábia se mantivesse distribuir produtos ou serviços, e na qual uma firma separada não
uma ampla linha de produtos afins e reduzisse a carga sobre os é criada para administrar o relacionamento. Ao invés disso, o
produtos individuais. Além disso, a empresa de baixo custo tem relacionamento é administrado por algum tipo de contrato.
que cortejar uma ampla base de clientes; ela não pode perseguir Ainda sobre os conceitos de redes, estes podem ser aplicados
nichos de mercado pequenos. Mesmo assim, depois que consegue sob duas abordagens. O primeiro, quando se refere à tentativa de
a liderança de custos, a empresa deve ser capaz de gerar altas compreender o comportamento de mercados distintos, procurando
margens de lucro; se reinvestir esses lucros de forma sábia na utilizar a noção de externalidades, enquanto princípio orientador.
modernização de equipamentos e instalações deve ser capaz de Neste sentido, Britto (2002) aponta que uma rede de empresas
sustentar durante algum tempo sua posição de baixo custo. pode ser definida como um conjunto de unidades de produção
Estratégica genérica 2:Diferenciação parcialmente separava que operam com rendimentos crescentes,
Porter sugeriu a diferenciação como uma alternativa à obtidos através de economias de escala, como consequência de
liderança de custos. Com a diferenciação, a empresa se preocupa externalidades técnicas, pecuniárias, tecnológicas e de demanda.
menos com os custos e tenta ser vista no setor como tendo algo de Este tipo de abordagem está relacionado aos possíveis efeitos
singular a oferecer. gerados sobre o comportamento de consumidores e produtores.
Ao contrário da liderança de custos, onde só pode existir um O outro tipo de abordagem envolve a capacidade da
verdadeiro líder no setor, pode haver muitos diferenciadores no coordenação de atividades econômicas. Neste caso, as redes
mesmo setor, cada um deles enfatizando um atributo diferente dos seriam estruturas com formas de atuação preocupadas com a
de seus rivais. adaptação as mudanças do ambiente na qual estas redes poderiam
A diferenciação exige alguns trade-offs em relação ao custo. Os estar inseridas.
adeptos da estratégia de diferenciação precisam, necessariamente, Nadvi (1997) cita três tipos básicos de vínculos de cooperação
investir mais em pesquisa do que os líderes em custos. Têm que entre as organizações em determinado ambiente a partir da
ter melhores projetos de produtos. Têm que usar em seus produtos definição da cadeia produtiva. São eles:
matéria-prima de melhor qualidade e, muitas vezes, mais cara. a) vínculos verticais: referente às ligações “anteriores”
Têm que investir mais no serviço ao cliente. Além disso, têm que através dos relacionamentos entre fornecedores e subcontratados
estar dispostos a abrir mão de parte da participação de mercado. e, ligações “posteriores” envolvendo consumidores e clientes. A
Embora todos possam reconhecer a superioridade dos produtos e cooperação efetiva abrange aspectos como organização e fluxo
serviços do adepto da estratégia de diferenciação, muitos clientes produtivo, gestão de estoques, desenvolvimento de produtos e
não podem ou não querem pagar por eles processos, controle de qualidade, design e marketing, etc.
Estratégia genérica 3: Enfoque b) vínculos horizontais: este tipo de vínculo ocorre entre
A estratégia genérica final de Porter é o enfoque. Nesse produtores do mesmo nível e pode envolver também instituições
caso, uma empresa corre atrás de um determinado comprador, que oferecem apoio e fomento a atividade empresarial, como as
linha de produto ou mercado geográfico. A principal diferença associações empresariais. Os principais objetivos deste tipo de
entre a estratégia de enfoque e as outras duas é que uma empresa vínculo são a prática de estratégicas de marketing conjunta; a
que adote a estratégia do foco decide conscientemente competir aquisição coletiva de insumos; compartilhamento de encomendas
apenas em um pequeno segmento do mercado. Em vez de tentar volumosas e/ou divisão de níveis de produção a partir de capacidades
atrair todos os compradores oferecendo-lhes baixo custo ou produtivas; a utilização comum não só de instalações, máquinas e
características e serviços únicos, a empresa que utiliza a estratégia equipamentos e ferramentas, mas também de informações sobre o
de enfoque busca servir a um único tipo de comprador. Servindo mercado e desenvolvimento conjunto de produtos.
a esse mercado limitado, a empresa que utiliza a estratégica do c) vínculos multilaterais: envolve a participação de instituições
enfoque pode buscar a liderança de custos ou a diferenciação com de apoio à atividade empresarial da região e o tipo de assistência
as mesmas vantagens e desvantagens dos líderes de custo e dos prestado a um conjunto de produtores de determinado segmento
diferenciadores. econômico. Essas relações incluem cooperação do tipo horizontal

Didatismo e Conhecimento 16
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
com o objetivo de conceber, instalar e administrar estruturas de unidade organizacionais. Ele é um desdobramento dos planos
locais de comércio, de acesso e disponibilização de informações, táticos de cada departamento em planos operacionais para cada
parceria com centros de pesquisa e prestação de serviços, de um tarefa.
modo geral. O planejamento operacional se preocupa basicamente em
Outra forma de encarar o sistema de redes e alianças “o que fazer” e “como fazer”. Está voltado para otimização e
estratégicas é observando o fato na medida em que o aprendizado maximização dos resultados, enquanto o planejamento tático está
mútuo e a inovação coletiva podem ocorrer mesmo quando não voltado para resultados satisfatórios.
existem grandes agrupamentos de empresas, ou seja, a formação das Ele pode ser um planejamento anual, bienal, ou com
redes entre pequenas e médias empresas não está necessariamente horizontes de doze meses, com detalhamento semanal, mensal ou
condicionada a elas estar em numa mesma localidade. trimestral. É ele quem especifica, com a precisão praticável, que
recursos devem estar disponíveis para cada produto e serviço, e os
cronogramas relativos a essa atividade que o devem acompanhar.
Os diversos planejamentos operacionais devem estar coerentes
2.2.4 PLANEJAMENTO TÁTICO
entre si e com o planejamento estratégico da empresa. Nos
planejamentos operacionais, dá-se muita ênfase à eficiência, à qual
esse planejamento está intimamente vinculado. Assim, é preciso
O Planejamento Tático tem por objetivo aperfeiçoar introduzir esse conceito com mais detalhes.
determinada área e não a organização como um todo, isto é, Preocupa-se com os métodos operacionais e alocação de
trabalha com decomposições dos objetivos, estratégias e políticas recursos:
estabelecidos no planejamento estratégico. o Detalhamento das etapas do projeto;
O planejamento tático é desenvolvido em níveis organizacionais o Métodos, processos e sistemas aplicados;
inferiores, ou seja, é realizado no nível gerencial ou departamental, o Pessoas: responsabilidade, função, atividades/tarefas;
tendo como principal finalidade a utilização eficiente dos recursos o Equipamentos necessários;
disponíveis para a consecução de objetivos previamente fixados, o Prazos e cronograma
segundo uma estratégia predeterminada, bem como as políticas
orientadoras para o processo decisório organizacional. Ou seja, ele
é um nível intermediário entre a estratégia global da empresa e o 2.2.6 ADMINISTRAÇÃO POR OBJETIVOS
nível operacional.
Representa uma tentativa da organização de integrar
o processo decisório e alinhá-lo à estratégia adotada, para
A Administração por objetivos - APO, é uma teoria da
orientar o nível operacional em suas atividades e tarefas, a fim
administração que surgiu na década de 1950 com Peter F. Druker,
de atingir os objetivos organizacionais anteriormente propostos
que é considerado o pai da administração moderna, como método
(CHIAVENATO, 1994).
de avaliação e controle sobre o desempenho de áreas e organizações
O Planejamento Tático é um conjunto de tomada deliberada em crescimento rápido. A administração por objetivos é uma
e sistemática de decisões envolvendo empreendimentos mais técnica de direção de esforços através do planejamento e controle
limitados, prazos mais curtos, áreas menos amplas e níveis mais administrativo.
baixos da hierarquia organizacional. O Planejamento tático está Para a organização atingir resultados é essencial definir em que
contido no planejamento estratégico e não representa um conceito negócio está atuando e aonde pretende chegar, e a Administração
absoluto, mas relativo: o planejamento tático de um departamento por objetivos - APO é um método no qual as metas são bem
da empresa em relação ao planejamento estratégico da organização definidas, e o diferencial é que isso ocorre em conjunto entre
é estratégico em relação a cada uma das seções que compõem administrador e seu superiores, especificando as responsabilidades
aquele departamento. para cada posição em função dos resultados esperados, resultados
Características Principais: Processo permanente e contínuo; esses, que passam a integrar os padrões de desempenho sob os
Aproxima o estratégico do operacional; Aproxima os aspectos quais os gerentes são avaliados.
incertos da realidade; É executado pelos níveis intermediários A Administração por objetivos - APO, é um sistema dinâmico
da organização; Pode ser considerada uma forma de alocação que integra a necessidade da companhia de alcançar os seus
de recursos; Tem alcance mais limitado do que o planejamento objetivos de lucro e crescimento, tornando-se um estilo exigente e
estratégico, ou seja, é de médio prazo; Produz planos mais bem compensador de administração de empresas.
direcionados às atividades organizacionais. A Administração por objetivos - APO implica em uma técnica
sistemática de gerência, com forte ênfase no planejamento e no
controle, onde o ponto de partida é a fixação dos objetivos da
2.2.5 PLANEJAMENTO OPERACIONAL organização, a declaração escrita do que se pretende alcançar. Com
a finalidade de: 
1. Proporcionar à organização uma diretriz certa no sentido
de uma finalidade comum;
O Planejamento Operacional é uma função gerencial, que 2. Promover o trabalho em equipe e eliminar as tendências
especifica que recursos devem estar disponíveis para cada produto egocêntricas de grupos existentes na organização;
e fornece os programas. As principais decisões a seu respeito 3. Servir de base segura para verificar o valor das metas e
são inerentes à atividade de administrar de cada um dos chefes dos planos e ajudar a evitar erros devidos à omissão;

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4. Tornar maiores as possibilidades de previsão do futuro,
pois uma organização deve dirigir o seu destino, em vez de 2.2.8 PROCESSO DECISÓRIO
submeter-se a fatalidade ou ao acaso.
A Administração por objetivos - APO, ajuda a orientar e a
prever distribuição criteriosa dos recursos.
As decisões são tomadas em resposta a algum problema a
ser resolvido, a alguma necessidade a ser satisfeita ou a algum
2.2.7 BALANCED SCORECARD objetivo a ser alcançado. As decisões envolvem um processo, isto
é, uma sequência de passos ou fases que se sucedem. Daí o nome
“processo decisório”.
Todas as organizações, cientistas, políticos, gerentes,
Segundo Kaplan e Norton, Balanced Scorecard é uma técnica enfrentam com assiduidade o problema de tomar decisões. Não
que visa à integração e balanceamento de todos os principais há nada mais fatal para um executivo do que a insegurança na
indicadores de desempenho existentes em uma empresa, desde os hora de tomar decisões. Os problemas, quando convenientemente
financeiros/administrativos até os relativos aos processos internos, analisados, apresentam-se de forma muito simples, admitem
estabelecendo objetivos da qualidade (indicadores) para funções e soluções simples e a escolha de decisões, no caso, é um problema
níveis relevantes dentro da organização, ou seja, desdobramento geralmente simples. À medida que o espaço de alternativas cresce,
dos indicadores corporativos em setores, com metas claramente cresce em geral, o número de linhas de ação para a tomada de
definidas. decisão. Neste caso, um gerente que vai tomar decisões, reconhece
Assim, esse modelo traduz a missão e a estratégia de uma o grau de complexidade do Processo Decisório.
empresa em objetivos e medidas tangíveis. Sob o ponto de vista mais objetivo, podemos conceituar o
As medidas representam o equilíbrio entre os diversos planejamento como um processo de tomada de decisão, subtende-
indicadores externos (voltados para acionistas e clientes), e as se um conjunto de decisões interdependentes.
medidas internas dos processos críticos de negócios (como a FASES DO PROCESSO DECISÓRIO
inovação, o aprendizado e o crescimento). a) Definição e diagnóstico do problema: Essa fase envolve
O BSC sinaliza em quais segmentos de mercado se deve a obtenção dos dados e dos fatos a respeito do problema, suas
competir e que clientes conquistar. Oferece uma visão do relações com o contexto mais amplo, suas causas, definição e
futuro e um caminho para chegar até ele, isso vai bem de diagnostico;
encontro ao que vimos anteriormente sobre Planejamento.  b) Processo de soluções alternativas mais promissoras: Esta
O Balanced Scorecard não é uma ferramenta destinada fase envolve a busca de cursos alternativos de ação possíveis e
a contadores, pois muitos tem essa ideias, que está ligada a que se mostrem mais promissoras para a solução do problema,
contabilidade da organização, o BSC deve ser utilizado pelos satisfação da necessidade ou alcance do objetivo;
executivos que precisam tomar uma série de decisões: a respeito c) Análise e comparação dessas alternativas de solução: É a
de suas operações, de seus processos de produção, de seus fase na quais as alternativas de cursos de ação são devidamente
objetivos, produtos e clientes, ou seja, visando o atingimento do analisadas, ponderadas e comparadas, no sentido de verificar os
Planejamento Estratégico da organização.  custos e os benefícios;
O BSC é um método que auxilia os gestores a desenvolver d) Seleção e escolha da melhor alternativa como um plano de
bem uma estratégia do princípio ao fim e depois fazer com que ação: A seleção e a escolha de uma alternativa de curso de ação
cada um na organização esteja envolvido a implementá-la (Kaplan implicam o abandono do demais curso alternativo. O tomador de
e Norton, 2001).  decisão escolhe uma alternativa dentre varias outras. Se ele escolhe
Através da observação dos resultados obtidos em outras os meios apropriados para alcançar um determinado objetivo, a
empresas, Kaplan e Norton concluíram que o Balanced Scorecard decisão é considerada racional.
deixara de ser um sistema de medição para se tornar rapidamente CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DECISÓRIO
(1997, pg. 9) um sistema de gestão, com o qual os executivos O processo decisório na empresa se caracteriza pelos seguintes
estavam não somente comunicando a estratégia, mas também aspectos: a) O tomador de decisões evita a incerteza e segue as
efetuando a sua gerência.  regras padronizadas para tomar as decisões; b) Procura manter as
O BSC emergiu porque é um sistema capaz de compreender regras estabelecidas pela empresa e somente a redefine quando
a estratégia empresarial e comunicá-la a toda a organização. Por sofre pressões; c) Quando o ambiente muda subitamente e novas
contemplar medidas não financeiras pode auxiliar as empresas estatísticas afloram ao processo divisional, a empresa se mostra
frente às mudanças do meio ambiente onde os ativos intangíveis da relativamente lenta no ajustamento e tenta utilizar o seu modelo
organização ganharam maior importância como fonte de vantagem decisório atual a respeito do mundo para lidar com as condições
competitiva no final do século XX. modificadas.
O Balanced Scorecard é baseado em quatro perspectivas ELEMENTOS DO PROCESSO DECISÓRIO
(financeira, clientes, processos internos e aprendizado/ O processo de tomada de decisão pode ser dividido em
crescimento), formando um conjunto coeso e interdependente, quatro elementos principais. Todo bom tomador de decisões deve,
com seus objetivos e indicadores se inter-relacionando e formando consciente ou inconscientemente, passar por cada um deles. São
um fluxo ou diagrama de causa e efeito que se inicia na perspectiva eles: Estruturar a questão: Isso significa definir o que deve ser
do aprendizado e crescimento e termina na perspectiva financeira.  decidido e determinar, de forma preliminar, que critérios o fariam
preferir uma opção em detrimento de outra. Ao fazê-lo, os bons

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tomadores de decisões consideram o ponto de vista a partir do qual de um candidato ou construção de um estádio de futebol), as
eles e os outros irão enfocar a questão e quais os aspectos mais organizações se caracterizam por um comportamento voltado para
importantes. Assim, inevitavelmente, eles simplificam o mundo; determinada meta ou para um objetivo. Isto é, perseguem metas
• Colher informações: Procurar tanto os fatos reconhecíveis e objetivos que podem ser alcançados de moda mais eficaz e
como as estimativas razoáveis a respeito dos “não reconhecíveis”, eficiente pela ação conjunta de indivíduos.
necessários para tomar a decisão. Os bons tomadores de decisões As organizações são instrumentos vitais da sociedade. Suas
administram a pesquisa com um esforço deliberado para evitar realizações nos campos da indústria, educação, saúde e interesses
falhas, como o excesso de confiança naquilo em que confirmem nacionais resultaram em enormes aumentos do padrão de vida e do
suas inclinações; poder de influência mundial. A própria grandeza das organizações
• Chegar a conclusões: Uma estruturação perfeita e boas com que tratamos no dia-a-dia deveria ilustrar, para cada um de
informações não garantem uma decisão correta. As pessoas não nós, o vasto poder econômico, social e político que possuem
podem tomar consistentemente boas decisões usando apenas separadamente.
critérios intuitivos, mesmo dispondo de dados excelentes. Uma
Mas as organizações são muito mais que meros instrumentos
abordagem sistemática força você a examinar vários aspectos,
para produção de bens e serviços. Elas criam também o ambiente
conduzindo, muitas vezes, a decisões melhores do que fariam horas
de trabalho desorganizado. Numerosos estudos têm mostrado que em que a maioria de nós para a vida e, neste sentido, tem uma
tanto iniciantes como profissionais experientes fazem julgamentos grande influência sobre o comportamento.
mais acurados quando seguem regras sistemáticas do que quando
confiam somente em seu julgamento intuitivo;
• Aprender com o feedback: Cada um precisa estabelecer um 2.3.1 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
sistema para aprender com os resultados de decisões passadas. Isso
por via de regra significa manter o acompanhamento daquilo que
você esperava que acontecesse, resguardando-se sistematicamente
contra explicações egoístas e assegurando-se de rever as lições Estrutura Organizacional é a forma como as empresas
produzidas pelo feedback na próxima vez em que surgir uma se articulam para desenvolver as suas atividades. Não existe
decisão semelhante. uma estrutura organizacional acabada e nem perfeita, existe
Essas quatro fases provêm à espinha dorsal de quase todos os uma estrutura organizacional que se adapte adequadamente às
processos de decisão. Porém, as fases desse processo não precisam mudanças.
ser efetuadas uma depois da outra. Na verdade, as informações “A estrutura depende das circunstâncias de cada organização
obtidas na fase de coleta devem, muitas vezes, inspira-lo a voltar em determinado momento”. Existem variáveis que contribuem
e reformular sua decisão. Além disso, um problema, complexo para isso: a sua estratégia, o meio ambiente em que opera
pode exigir uma série de decisões menores, cada uma das quais
a tecnologia de que dispõe e as características de seus participantes.
envolverá várias decisões de estruturação, vários esforços de
O ambiente em que a organização atua é caracterizado por
coleta de informações e varias etapas de chegada a conclusões.
três tipos:
 O ambiente estável, com pequena variação, que quando
ocorre é previsível e controlável;
2.3 ORGANIZAÇÃO  O ambiente em transformação, em que as tendências de
mudanças são visíveis e constantes;
 O ambiente turbulento, em que as mudanças são velozes,
Uma organização é uma combinação intencional de pessoas e oportunistas e, não raro, surpreendentes.
de tecnologia para atingir um determinado objetivo. Uma empresa Referente a estrutura organizacional, pode-se entendê-la
é uma organização. Também o é uma divisão, um departamento recorrendo a duas teorias de organização:
ou seção dentro de uma organização maior. Pessoas, dinheiro e 1ª) teoria organicista: as empresas são comparadas ao
materiais compõem os recursos que ingressam na organização. organismo animal. Trata-se de um estudo pelo processo analógico,
Bens e serviços saem das organizações. Entre estas entradas e por meio do qual se observa a semelhança entre coisas diferentes.
saídas, recursos são transformados para criação de excedentes. Podemos dizer que o conceito de órgão envolve a palavra função,
(Nas empresas, estes excedentes são normalmente chamados de que significa a ação de cada órgão, ou no caso da empresa, os
lucros). Os excedentes ajudam a assegurar a continuidade das serviços executados em cada departamento ou seção. Por exemplo,
organizações. no organismo humano a digestão é a função dos órgãos digestivos;
A organização tem três partes básicas: pessoas, tarefas e
nos organismos econômicos (empresa) os recebimentos e
administração. A administração inclui o planejamento, organização,
pagamentos são funções (ou serviços) da seção de caixa.
liderança e controle do desempenho das pessoas. Outro ponto
fundamental sobre as organizações é que elas existem dentro de 2ª) teoria comportamentista: as empresas constituem uma
um meio ambiente. Todas operam dentro de um ambiente que reunião de pessoas que trabalham para a produção de mercadorias
inclui fornecedores, clientes e concorrentes, bem como uma grande e/ou serviços. As relações que se estabelecem entre as pessoas que
variedade de condições legais, econômicas, sociais e tecnológicas. trabalham numa empresa constituem o que se chama de estrutura
A primeira justificativa para a existência de organizações é organizacional.
a de que certas metas só podem ser alcançadas mediante a ação A estrutura organizacional determina quais os cargos ou postos
convergente de grupos de pessoas. Neste sentido, qualquer que que devem ser ocupados pelas pessoas, bem como as funções (ou
seja a meta (obtenção de lucro, educação, religião, saúde, eleição serviços) a serem desempenhadas por elas.

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Quando a empresa é organizada chama-se: Estrutura de Existem diversas maneiras básicas pelas quais as organizações
Organização Formal, estabelecimento da linha de autoridade decidem sobre a configuração organizacional que será usada
(quem tem autoridade sobre os subordinados) e a linha de para agrupar as várias atividades. O processo organizacional de
responsabilidade (quem tem de prestar obediência a determinada determinar como as atividades devem ser agrupadas chama-se
autoridade). Departamentalização.
Tipo ou Modelo Organizacional Clássico: disciplina em Formas de Departamentalizar: 1) Função; 2) Produto ou
primeiro lugar; autoridade vai à linha vertical (piramidal). serviço; 3) Território; 4) Cliente; 5) Processo ou equipamento; 6)
· vantagens: unidade de comando (executor recebe ordens Projeto; 7) Matricial.
de um único supervisor) e simplicidade de estruturação (fácil Deve-se notar, no entanto, que a maioria das organizações usa
esquema da empresa). uma abordagem da contingência à Departamentalização: isto é, a
· desvantagem: o modelo em forma de pirâmide é muito maioria usará mais de uma destas abordagens usadas em algumas
rígido e que, por isso, das maiores organizações. A maioria usa a abordagem funcional na
cria dificuldades nas transmissões de informações (deve-se cúpula e outras nos níveis mais baixos.
informatizar a empresa). 1) DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR FUNÇÃO: A
· recomendações: reduzir ou achatar a organização vertical ou Departamentalização funcional agrupa funções comuns ou
piramidal e reduzir os níveis hierárquicos. atividades semelhantes para formar uma unidade organizacional.
Tipos Organizacionais para Grandes Empresas: Assim todos os indivíduos que executam funções semelhantes
- unidades de negócios: consiste em criar áreas ou setores ficam reunidos, todo o pessoal de vendas, todo o pessoal de
independentes, com vida própria (previsão orçamentária, apuração contabilidade, todo o pessoal de secretaria, todas as enfermeiras,
de custos e resultado operacional positivo - lucro). Não se deve e assim por diante.
confundir as unidades de negócios em referência com as “células A Departamentalização funcional pode ocorrer em qualquer
de produção”. nível e é normalmente encontrada muito próxima à cúpula.
- horizontais: com o surgimento da técnica administrativa, a Vantagens: As vantagens principais da abordagem funcional
partir de 1990, denominada de Reengenharia de Negócios, a qual são:
recomenda a busca do tamanho certo da empresa (rightsizing), • Mantém o poder e o prestígio das funções principais
bem como a redução dos níveis hierárquicos (downsizing) e ao • Cria eficiência através dos princípios da especialização.
praticar esses dois atos administrativos, a empresa estará se • Centraliza a perícia da organização.
horizontalizando. • Permite maior rigor no controle das funções pela alta
· vantagem: rapidez na tomada de decisão administração.
· desvantagem: desemprego generalizado. • Segurança na execução de tarefas e relacionamento de
- redes: costuma ser adotado por empresas que não têm colegas.
características das grandes, como instalações volumosas e • Aconselhada para empresas que tenham poucas linhas de
muitos funcionários, mas o movimento Econômico financeiro produtos.
é bem elevado. Há a interligação entre as empresas, ligando os Desvantagens: Existem também muitas desvantagens na
funcionários espalhados por todos os lugares (Alguns autores abordagem funcional.
preferem chamar esse tipo de organização de virtual; outros Entre elas podemos dizer:
denominam de modular). É diferente de rede comercial. Nos tipos • A responsabilidade pelo desempenho total está somente na
ou modelos em rede, cumpre saber que a colaboração de terceiros cúpula.
é feita por meio de contratos de empreitadas. Isso nos leva a • Cada gerente fiscaliza apenas uma função estreita
concluir que, com raras exceções, pois a empresa contratante às • O treinamento de gerentes para assumir a posição no topo é
vezes faz uma parte do projeto, a maioria dos empreendimentos limitado.
será terceirizada (outsourcing). • A coordenação entre as funções se torna complexa e mais
As empresas prestadoras de serviços especializados, ou difícil quanto à organização em tamanho e amplitude.
seja, as executantes do que se convencionou chamar de “pacote • Muita especialização do trabalho.
de serviços”, não se subordinam à empresa contratante, cujos
diretores se reúnem esporadicamente para tratar exclusivamente
sobre o andamento dos projetos.

2.3.2 TIPOS DE DEPARTAMENTALIZAÇÃO:


CARACTERÍSTICAS, VANTAGENS E
DESVANTAGENS DE CADA TIPO.

Departamentalização é o agrupamento, de acordo com 2) DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PRODUTO OU


um critério específico de homogeneidade, das atividades e SERVIÇO: É feito de acordo com as atividades inerentes a cada
correspondente recursos (humanos, financeiros, materiais e um dos produtos ou serviços da empresa.
equipamentos) em unidades organizacionais.

Didatismo e Conhecimento 20
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Exemplos de Departamentalização de produto:


1- Lojas de departamentos
2- A Ford Motor Company tem as suas divisões Ford,
Mercury e Lincoln Vantagens:
Continental. • Adaptabilidade uma determinada clientela.
3- Um hospital pode estar agrupado por serviços prestados, Desvantagens:
como cirurgia, obstetrícia, assistência coronariana. • Dificuldade de coordenação.
Vantagens: Algumas das vantagens da Departamentalização • Subutilização de recursos e concorrência entre os gerentes
de produtos são: para concessões especiais em benefício de seus próprios clientes.
• Pode-se dirigir atenção para linhas especificas de produtos 5) DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROCESSO OU
ou serviços. EQUIPAMENTO: É o agrupamento de atividades que se centralizam
• A coordenação de funções ao nível da divisão de produto nos processos de produção ou equipamento. É encontrada com
torna-se melhor. mais frequência em produção. As atividades de uma fábrica podem
• Pode-se atribuir melhor a responsabilidade quanto ao lucro. ser grupadas em perfuração, esmerilamento, soldagem, montagem
• Facilita a coordenação de resultados. e acabamento, cada qual em seu departamento.
• Propicia a alocação de capital especializado para cada grupo
de produto.
• Propicia condições favoráveis para a inovação e criatividade.
Desvantagens:
• Exige mais pessoal e recursos de material, podendo daí
resultar duplicação desnecessária de recursos e equipamento.
• Pode propiciar o aumento dos custos pelas duplicidades de
atividade nos vários grupos de produtos.
• Pode criar uma situação em que os gerentes de produtos se
tornam muito poderosos, o que pode desestabilizar a estrutura da Vantagens:
empresa. • Maior especialização de recursos alocados.
3) DEPARTAMENTALIZAÇÃO TERRITÓRIO: Algumas • Possibilidade de comunicação mais rápida de informações
vezes mencionadas como regional, de área ou geográfica. É o técnicas.
agrupamento de atividades de acordo com os lugares onde estão Desvantagens:
localizadas as operações. Uma empresa de grande porte pode • Possibilidade de perda da visão global do andamento do
agrupar suas atividades de vendas em áreas do Brasil como a processo.
região Nordeste, região Sudeste, e região Sul. Muitas vezes as • Flexibilidade restrita para ajustes no processo.
filiais de bancos são estabelecidas desta maneira. 6) DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROJETO: Aqui as
pessoas recebem atribuições temporárias, uma vez que o projeto
tem data de inicio e término.
Terminado o projeto as pessoas são deslocadas para outras
atividades.

As vantagens e desvantagens da Departamentalização


territorial são semelhantes às dadas para a Departamentalização
de produto. Tal grupamento permite a uma divisão focalizar as
necessidades singulares de sua área, mas exige coordenação e
controle da administração de cúpula em cada região.
4) DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR CLIENTE: A
Departamentalização de cliente consiste em agrupar as atividades Por exemplo: uma firma contábil poderia designar um sócio
de tal modo que elas focalizem um determinado uso do produto ou (como administrador de projeto), um contador sênior, e três
serviço. A Departamentalização de cliente é usada principalmente contadores juniores para uma auditoria que está sendo feita para
no grupamento de atividade de vendas ou serviços. um cliente.

Didatismo e Conhecimento 21
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Uma empresa manufatureira, um especialista em produção, A organização ou estruturação da empresa deve levar em
um engenheiro mecânico e um químico poderiam ser indicados conta três questões:
para, sob a chefia de um administrador de projeto, completar o · Autoridade: é direito de mandar e o poder de se fazer
projeto de controle de poluição. obedecer.
Em cada um destes casos, o administrador de projeto seria · Responsabilidade: é a obrigação de fazer e prestar contas do
designado para chefiar a equipe, com plena autoridade sobre seus que foi feito.
membros para a atividade específica do projeto. ·Divisão do Trabalho: é considerada como princípio
7) DEPARTAMENTALIZAÇÃO DE MATRIZ: A fundamental da organização, isto é, a organização existe porque
Departamentalização de matriz é semelhante à de projeto, com o trabalho do homem é dividido, uma vez que ele não pode fazer
uma exceção principal. No caso da Departamentalização de tudo. A divisão do trabalho decorre da distribuição da autoridade e
matriz, o administrador de projeto não tem autoridade de linha das responsabilidades nas empresas. Ao dividir o trabalho estamos
sobre os membros da equipe. Em lugar disso, a organização do Departamentalizando, ou seja, criando diversas seções que
administrador de projeto é sobreposta aos vários departamentos executam as funções (ou serviços) específicas ou próprias.
funcionais, dando a impressão de uma matriz. O trabalho de departamentalizar uma empresa costuma ser
A organização de matriz proporciona uma hierarquia que desdobrado em duas fases:
responde rapidamente às mudanças em tecnologia. Por isso, é - a análise: é o trabalho de decompor um todo, com a
tipicamente encontrada em organização de orientação técnica, finalidade de conhecer suas partes. No caso da organização, a
como a Boeing, General Dynamics, NASA e GE onde os cientistas, análise consiste em conhecer cada uma das funções (ou serviços),
engenheiros, ou especialistas técnicos trabalham em projetos de acordo com sua natureza;
ou programas sofisticados. Também é usada por empresas com - a síntese: é o trabalho de compor o todo, reunindo todas as
projetos de construção complexos. partes conhecidas.
Vantagens: No caso da organização, a síntese compreende o agrupamento
• Permitem comunicação aberta e coordenação de atividades das funções (ou serviços) em departamentos específicos.
entre os especialistas funcionais relevantes. Os gráficos da organização apresentam a estrutura
• Capacita a organização a responder rapidamente à mudança. organizacional da empresa, ou então, o movimento ou fluxo de
São abordagens orientadas para a tecnologia. suas atividades, daí sua classificação em dois tipos ou modelos:
Desvantagens: a) organogramas: a estrutura organizacional de uma empresa
• Pode haver choques resultantes das prioridades. pode ser representada graficamente por meio de pequenos
retângulos - também conhecidos por “caixas” - e linhas indicativas
das ligações hierárquicas.
b) fluxogramas (flowcharts): serve para designar até um simples
rascunho, no qual se faz, por exemplo, uns círculos ou retângulos
ligados por linhas em forma de flechas, com a finalidade de mostrar
como é que a coisa funciona ou se movimenta. O fluxograma serve
também para acusar os defeitos, os erros, as falhas, os retrabalhos,
as demoras ou atrasos e assim por diante. Esses fatos ou eventos
acabam representando um custo desnecessário ao que se produz ou
que se faz (denominado custo agregado).

2.3.4 CULTURA ORGANIZACIONAL.

2.3.3 ORGANIZAÇÃO INFORMAL “Cultura organizacional é a maneira costumeira ou tradicional


de pensar e fazer as coisas que é compartilhada por todos os
membros da organização e que os novos membros devem aprender
e concordar para serem aceitos no serviço da organização”.
Estrutura de Organização Informal não é visível nas empresas, (CHIAVENATO,1999)
mas ninguém pode negar sua existência. Existem muitas razões A Cultura organizacional equivale ao modo de vida da
para justificar as mais variadas alterações ou desvios daquilo que organização em todos os seus aspectos, é o conjunto de hábitos e
foi planejado e organizado. Esse fenômeno é comum em toda a crenças, estabelecidos por normas, valores, atitudes e expectativas,
organização humana, pois sempre aparece alguém procurando compartilhadas por todos os membros da organização.
modificar ou alterar o que existe, o que, às vezes, é um bem, O estudo da cultura é utilizado para entender as organizações
desde que beneficie a todos os interessados na organização. Isso e compreende diversos elementos que foram desenvolvidos e
não deve ser como o uso de outras duas técnicas administrativa: a transmitidos aos novos das organizações pelos veteranos. Os
administração participativa (todos os que estão ligados à empresa novos integrantes acabam sendo forçados a entender a cultura e se
participam das decisões) e a autogestão empresarial (toda a moldar a ela para serem aceitos na organização e uma vez que uma
empresa está sob o controle dos trabalhadores ou dos empregados). forma de agir já está implementada, fica muito difícil alterá-la no
Não confundir com cogestão. curto prazo sem resistência às mudanças.

Didatismo e Conhecimento 22
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Todas as organizações desenvolvem uma cultura própria, só as leis formais, como os costumes, rituais, padrões e códigos
inerente aos seus processos e hábitos internos. Muitas vezes os informais, isto é, não estabelecidos oficialmente, mas obedecido
administradores entendem o termo cultura como sendo um sistema tacitamente. Em linguagem de análise transacional, corresponde ao
de representações simbólicas que expressam formas de interpretar o Pai; em linguagem da teoria sistêmica, relaciona-se ao subsistema
mundo, possibilitando a comunicação entre os membros do grupo. gerencial administrativo;
Neste sentido, cada profissional traz em si sua própria cultura e b) Tecnologia: Conjunto de instrumentos, processos, know-
estas devem ser amalgamadas por meio de uma cultura maior (a da how, modo de fazer as coisas, layout, distribuição de tarefas,
empresa) que possibilitará que diferentes pessoas (com diferentes divisão do trabalho e fluxo organizacional. É a função técnica,
experiências e expectativas) possam trabalhar em equipe. metodológica, científica, racional e operativa da organização.
Na formação da cultura há uma forte influência dos fundadores Engloba o grau de maior ou menor estrutura das funções, grau
da instituição, que estabeleceram diretrizes culturais, e que são maior ou menor de certeza das tarefas e contato com o meio
vistos com muito respeito, ou até adorados, por grande parte dos ambiente. Em linguagem de análise transacional, corresponde
colaboradores. ao Adulto; em linguagem de teoria sistêmica, relaciona-se ao
Cada organização cultiva e mantém a sua própria cultura. É subsistema técnico-estrutural.
por este motivo que algumas empresas são conhecidas por algumas c) Caráter: Conjunto de expressões ativas e afetivas
peculiaridades próprias. A cultura representa o universo simbólico
dos indivíduos da organização, manifestações subjetivas de
da organização e proporciona um referencial de padrões de
idiossincrasias características dos comportamentos grupais.
desempenho entre os funcionários, influenciando a pontualidade, a
Engloba as percepções, os sentimentos e as reações positivas
produtividade e a preocupação com qualidade e serviço ao cliente.
A cultura exprime a identidade da organização. Ela é ou negativas dos sujeitos organizacionais. Em linguagem de
construída ao longo do tempo e passa a impregnar todas as análise transacional, corresponde à Criança; em linguagem
práticas, constituindo um complexo de representações mentais e de teoria sistêmica relaciona-se ao subsistema psicossocial ou
um sistema coerente de significados que une todos os membros comportamental.
em torno dos mesmos objetivos e dos mesmos modos de agir. Os três elementos da cultura não são necessariamente
Ela serve de elo entre o presente e o passado e contribui para a equivalentes: Um ou outro pode predominar na vida organizacional,
permanência e a coesão da organização. Em outras palavras, pode ter maior expressão, atuar com mais força. Há organizações
a cultura organizacional representa as normas informais e não eminentemente tecnológicas, outras mais normativas, outras ainda
escritas que orientam o comportamento dos membros de uma em que é mais intensa a expressão do caráter. Não só a cultura
organização no dia-a-dia e que direcionam suas ações para o é diferente de organização para organização, em virtude dos
alcance dos objetivos organizacionais. No fundo, é a cultura que conteúdos preceituais, tecnológicos e caracterológicos envolvidos,
define a missão e provoca o nascimento e o estabelecimento dos como dentro da mesma organização formam-se subculturas
objetivos da organização. A cultura precisa ser alinhada juntamente diferentes nas diversas unidades (divisões, departamentos, sessões,
com outros aspectos das decisões e ações da organização como etc.). O setor de vendas tem características diversas da produção;
planejamento, organização, direção e controle para que se possa a divisão administrativa tem uma subcultura diferente da técnica,
melhor conhecer a organização. etc. Também ocorrem diferenças culturais ao longo da hierarquia,
A cultura organizacional se caracteriza pela sua aceitação nos diversos escalões gerenciais.
implícita pelos seus membros. Ela é também reforçada pelo próprio Os três elementos culturais são interdependentes, isto é, cada
processo de seleção, que elimina as pessoas com características um tem efeito sobre os outros dois. Uma inovação tecnológica
discrepantes com os padrões estabelecidos e ajuda a preservar a pode acarretar mudança nas diretrizes organizacionais, com efeito
cultura. consequente no seu caráter. A interdependência mais estreita e
A cultura organizacional define a maneira como os integrantes direta ocorre entre preceitos e caráter.
da organização devem interagir entre si e com o mundo externo. As especializações levam à formação de grupos com cultura
Padroniza a forma como as pessoas devem resolver esses problemas própria. Os especialistas sofrem conflitos de lealdade entre a
e cria um conjunto de expectativas em torno de certas decisões.
organização em que trabalham e o grupo de sua profissão, quando
A maneira como as pessoas interagem dentro da organização
as duas culturas entram em choque. Por esse motivo é mais lenta
e como lidam com as pessoas fora da organização podem ser
a formação de uma cultura própria nas equipes multidisciplinares,
entendidas com base na cultura da organização. Para mudar a
forma de uma organização agir é necessário mudar sua cultura e em que trabalham técnicos de diferentes origens profissionais.
isto, evidentemente, leva tempo, pois é necessário atuar nos Um exemplo: A empresa familiar caracteriza-se por uma
componentes da cultura organizacional além de ser necessário cultura que reforça os preceitos e tende a ser resistente às
tempo para as pessoas assimilarem novos comportamentos e demandas externas. Está mais empenhada na preservação dos seus
repassarem esses comportamentos. valores do que em abertura e renovação. A organização brasileira
Tanto o administrador como o consultor, precisam conhecer os também revela cultura patriarcal. O estilo gerencial mais aceito
elementos, as características e a dinâmica da cultura organizacional é o autocrático benevolente. Existe uma cultura organizacional
para o bom desempenho de suas funções. A cultura pode ser típica das grandes organizações que transcende as culturas sociais
dividida em três elementos componentes, cada um abrangendo locais. Em outras palavras: As grandes organizações, em diversas
uma área de fenômenos: partes do mundo, são mais semelhantes entre si do que as grandes
a) Preceitos: Conjunto de normas, valores, regulamentos, e pequenas empresas no mesmo país.
política administrativa, tradições, estilos gerenciais que governam Os funcionários aprendem e visualizam a cultura
e controlam o funcionamento organizacional. É a função organizacional através de diversos elementos, como: histórias,
reguladora, de autoridade dentro da organização. Engloba não rituais, símbolos materiais, normas e linguagem.

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Histórias: Contos e passagens sobre o fundador da companhia, Outra dificuldade com culturas muito forte está relacionada à
lembranças, sobre dificuldades ou eventos especiais, regras de barreira a fusão e aquisição. Se, há algum tempo atrás, a preocupação
conduta, corte e recolocação de funcionários. Acertos e erros do nas fusões das empresas se concentrava nas vantagens financeiras
passado geralmente ancoram o presente no passado e explicam a ou sinergia dos produtos, agora está relacionada à compatibilidade
legitimação das práticas atuais. cultural, devido ao fracasso das fusões quando há conflito entre
Rituais e Cerimônias: São sequencias repetitivas de atividades culturas.
que expressam e reforçam os valores principais da organização. A contracultura também existe nas organizações, e nada
As cerimônias de fim de ano e as comemorações do aniversário mais é do que um movimento reacionário, por parte de um grupo
da organização são rituais que reúnem e aproximam a totalidade pequeno, ou até mesmo grande, que quer reagir contra os valores
dos funcionários para motivar e reforçar aspectos da cultura da tradicionais, que está insatisfeito, e vive em busca de mudanças e
organização, bem como reduzir os conflitos. inovações na cultura atual.
Símbolos Materiais: A arquitetura do edifício, as salas e mesas, Alguns aspectos da cultura organizacional são percebidos
o tamanho e arranjo físico dos escritórios constituem símbolos
mais facilmente, enquanto outros são menos visíveis e de difícil
materiais que definem o grau de igualdade ou diferenciação
percepção.
entre as pessoas e o tipo de comportamento (como assumir
riscos ou seguir a rotina, autoritarismo ou espírito democrático, Segundo Chiavenato (1999) Toda a cultura se apresenta em
estilo participativo ou individualismo, atitude conservadora ou três diferentes níveis:
inovadora) desejado pela organização. Os símbolos materiais  ARTEFATOS: Constituem o primeiro nível da cultura,
constituem a comunicação não verbal. o mais superficial, visível e perceptível. São todas as coisas ou
Normas: São as regras que falam sobre o comportamento eventos que podem nos indicar visual ou auditivamente como é
esperado e adotado pelo grupo. a cultura da organização. Os símbolos, as histórias, os heróis, os
Linguagem:  Muitas organizações e mesmo unidades dentro lemas, as cerimônias são exemplos de artefatos.
das organizações utilizam a linguagem como um meio de identificar  VALORES COMPARTILHADOS: Constitui o segundo
membros de uma cultura ou subcultura. Ao aprender a linguagem, nível da cultura. São os valores relevantes que se tornam importantes
o membro confirma a aceitação da cultura e ajuda a preserva-la. para as pessoas e que definem as razões pelas quais elas fazem
As organizações desenvolvem termos singulares para descrever o que fazem. Em muitas culturas organizacionais os valores são
equipamentos, escritórios, pessoas chaves, fornecedores, clientes criados originalmente pelos fundadores da organização.
ou produtos. Também a maneira como as pessoas se vestem e os  PRESSUPOSIÇÕES BÁSICAS: Constituem o nível
documentos utilizados constituem formas de expressar a cultura mais íntimo, profundo e oculto da cultura organizacional. São
organizacional. as crenças inconscientes, percepções e sentimentos nos quais as
A Cultura Organizacional apresenta vantagens e desvantagens. pessoas acreditam.
Quando citamos as vantagens, a cultura organizacional ajuda
A cultura representa a maneira como a organização visualiza
na resolução de problemas internos, diminui conflitos e diferenças,
faz o controle da gestão, e desenvolve uma imagem positiva da a si própria e seu ambiente. Os principais elementos da cultura
organização na mente de quem a conhece. organizacional são:
Podemos salientar uma série de papéis positivos para a cultura 1. O cotidiano do comportamento observável. Como as
dentro da organização: em primeiro lugar, proporcionar um senso pessoas interagem, a linguagem e gestos utilizados, os rituais,
de identidade aos membros da organização, em segundo lugar, tem rotinas e procedimentos comuns.
papel de divisor de fronteiras entre uma organização e outra, em 2. As normas. Ou regras que envolvem os grupos e seus
terceiro lugar, favorece o comprometimento com algo maior que comportamentos, como nos momentos de lazer, nas refeições, nos
os interesses individuais de cada um, em quarto lugar, estimulam a dias informais.
estabilidade do contexto social, mostrando os padrões adequados 3. Os valores dominantes. Defendidos por uma organização,
aos funcionários, diminuindo a ambiguidade no ambiente de como a ética, o respeito pelas pessoas, à qualidade de seus produtos
trabalho. ou preços baixos.
A desvantagem que a formação de uma cultura organizacional 4. A filosofia administrativa. Que guia e orienta as políticas da
pode vir a trazer é se ela puder de alguma forma, impedir que a organização quanto aos funcionários, clientes e acionistas.
empresa progrida, colocando obstáculos a mudanças, a diversidade, 5. As regras do jogo. Como as coisas funcionam, o que um
a fusões ou aquisições. novo funcionário deve aprender para sair-se bem e ser aceito como
Entretanto a cultura pode se tornar um problema numa membro de um grupo.
organização de cultura muito arraigada, muito forte, que necessite
6. O clima organizacional. Os sentimentos das pessoas e a
enfrentar processos de mudanças, em função de mudanças
maneira como elas interagem entre si, com os clientes ou elementos
externas. Podem funcionar como barreiras às mudanças, em
função de mudanças externas e mudanças necessárias. externos.
Outro ponto a salientar em relação às dificuldades enfrentadas As organizações bem sucedidas estão adotando culturas não
diante de uma cultura muito forte está à barreira à diversidade, somente flexíveis, mas, sobretudo sensitivas, para acomodar as
dificultando a concentração de novos funcionários que não sejam diferenças sociais e culturais de seus funcionários, principalmente
parecidos com a maioria dos membros da organização. quando eles atuam em termos globais e competitivos, espalhando-
A diversidade de pessoas é muito importante para a organização, se por várias partes do mundo.
pois propicia novas fórmulas da solução de problemas. E mesmo Kotter e Heskett apud Chiavenato (1999) afirmam que a
que se consiga contratar pessoas com perfil diverso da organização, cultura apresenta um forte e crescente impacto no desempenho das
estas podem encontrar dificuldades de ajustamento á mesma, em organizações. Certas culturas permitem a adaptação a mudanças e
função das pressões internas para a conformidade. a melhoria do desempenho da organização, enquanto outras não.

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a) Culturas adaptativas: Se caracterizam pela sua maleabilidade tarefas (ou serviços) pelas quais respondem. Tarefa é um trabalho
e flexibilidade e são voltadas para a inovação e a mudança. que se há de concluir em determinado tempo; serviço é o exercício
São organizações que adotam e fazem constantes revisões e de funções obrigatórias, ou, então, o desempenho de qualquer
atualizações, em suas culturas adaptativas se caracterizam pela trabalho.
criatividade, inovação e mudanças. De um lado, a necessidade de Principais meios de direção empresarial:
mudança e a adaptação para garantir a atualização e modernização, a) Ordens ou Instruções (transmitir decisões aos subordinados):
e de outro, a necessidade de estabilidade e permanência para são dadas ou emitidas pelos encarregados da direção, enquanto
garantir a identidade da organização. O Japão, por exemplo, é ao empregado cumpre obedecer, executando o que lhe foi
um país que convive com tradições milenares ao mesmo tempo determinado. Dois aspectos principais devem ser mencionados a
em que cultua e incentiva a mudança e a inovação constantes. respeito das ordens de serviços:
Nos ambientes empresariais em rápida mudança, a capacidade · quanto à amplitude
de introdução de novas estratégias e práticas organizacionais é * ordens gerais = obrigação de todos os empregados da
uma necessidade se a empresa tiver que atingir um desempenho empresa.
superior por um longo período de tempo. As marcas de excelência * ordens específicas = competência de um ou de poucos
de uma cultura adaptável são: empregados da
- Líderes que têm comprometimento maior com princípios empresa.
perpétuos do negócio e com depositários organizacionais; · quanto à forma
- Membros do grupo que são respectivos ao risco, à * ordens orais (verbais) = ordens dadas de viva voz aos
experimentação, à inovação e à mudança de estratégias e práticas, executores.
sempre que for necessário para satisfazer os legítimos interesses * ordens escritas = ordens dadas por escrito aos executores.
dos depositários.
b) Culturas conservadoras: Se caracterizam pela manutenção
de ideias, valores, costumes e tradições que permanecem
arraigados e que não mudam ao longo do tempo. São organizações 2.4.1 MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA.
conservadoras que se mantêm inalteradas como se nada tivesse
mudado no mundo ao seu redor;
c) Culturas fortes: Seus valores são compartilhados Os indivíduos possuem valores, opiniões e expectativas
intensamente pela maioria dos funcionários e influencia em relação ao mundo que os rodeia, possuindo representações
comportamentos e expectativas. As empresas com cultura forte
internalizadas do seu ambiente. O termo motivação é usado para
tipicamente têm os executivos que encorajam as pessoas a segui-
designar um problema do indivíduo isolado, para compreender as
los de maneira regular e seriamente;
suas necessidades e conhecer as causas, formas e direções das suas
d) Culturas fracas: São culturas mais facilmente mudadas.
ações.
Como exemplo, seria uma empresa pequena e jovem. Como está
A motivação se refere ao comportamento causado por uma
no início, é mais fácil para a administração comunicar os novos
necessidade percebida pelo indivíduo e dirigido aos objetivos que
valores, isto explica a dificuldade que as grandes corporações têm
para mudar sua cultura. A cultura de uma empresa pode ser fraca e podem satisfazer essa necessidade. Satisfeita uma necessidade,
fragmentada no sentido de que existem muitas subculturas, poucos surge outra em seu lugar e, assim por diante, contínua e
valores e normas comportamentais são vastamente compartilhados infinitamente.
e existem poucas tradições fortes. O estudo da motivação tem sido aplicado a todos os ramos
A cultura organizacional compreende um conjunto de da atividade humana e em especial, no campo organizacional.
propriedades do ambiente de trabalho, percebidas pelos Muitos pesquisadores têm dedicado o melhor de seus esforços
empregados, constituindo-se numa das forças importantes que no sentido de caracterizar os objetivos motivacionais no trabalho.
influenciam o comportamento. Compreende além das normas Uma das teorias que teve maior importância foi elaborada por
formais, também o conjunto de regras não escritas, que condicionam Abraham Maslow nos anos 50, denominada Teoria da Hierarquia
as atitudes tomadas pelas pessoas dentro da organização: Por este das Necessidades.
motivo, o processo de mudança é muito difícil, exigindo cuidado e Maslow propõe um tipo de classificação ou hierarquia dos
tempo. Para se obter uma mudança duradoura, não se tenta mudar motivos humanos. Em primeira instância, coloca as necessidades
pessoas, mas as restrições organizacionais que operam sobre elas. fisiológicas (alimento, abrigo, etc.); em segundo lugar, a
A cultura da organização envolve um conjunto de pressupostos necessidade de segurança; em seguida, os incentivos sociais
psicossociais como normas, valores, recompensas e poder, sendo (amizades, convívio social); satisfeitos estes níveis “básicos”,
atributo intrínseco a organização. surgem à necessidade de estima (afeto, convivência familiar); e
finalmente uma última classe de incentivos, ditos incentivos de
ego, ou necessidade de auto realização.
2. 4 DIREÇÃO. A ideia de hierarquizar os motivos humanos foi, sem dúvida,
a solução inovadora para que se pudesse compreender melhor o
comportamento humano na sua variedade. Um mesmo indivíduo
ora persegue objetivos que atendem a uma necessidade, ora busca
É o processo administrativo que conduz e coordena o pessoal satisfazer outras. Tudo depende da sua carência naquele momento.
na execução das tarefas antecipadamente planejadas. Dirigir uma Duas pessoas não perseguem necessariamente o mesmo objetivo
empresa significa conseguir que os empregados executem as no mesmo momento. O problema das diferenças individuais
assume importância preponderante quando falamos de motivação.

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O indivíduo precisa suprir suas necessidades para motivar-se As Motivações para o trabalho, as pessoas são levadas à ação
e alcançar seus objetivos. Podemos identificar os seguintes tipos para cumprir determinadas tarefas através de motivos. Existem
de motivação: fatores que dão estímulo para essa pessoa realizar as tarefas. Não
• Motivação Externa: a pessoa realiza determinadas tarefas é só o dinheiro ou a segurança que podem motivar o trabalhador.
por ser “obrigada”, ou seja, são impostas determinações para que Há também outros fatores, que podem ter um efeito positivo sobre
essa pessoa cumpra. É a forma mais “primitiva” de motivação, a satisfação no trabalho.
baseada na hierarquia e normalmente utilizando as punições como A complexidade da motivação nas organizações originou
fator principal de motivação. Trata-se de “fazer o ordenado para várias teorias que abordam a questão da motivação. As teorias de
conteúdo se preocupam com os fatores internos, ou seja, procuram
não ser punido”, “cumprir ordens”.
estabelecer as necessidades que motivam os comportamentos.
• Pressão Social: a pessoa cumpre as atividades porque As teorias de processo descrevem como certos comportamentos
outras pessoas também o fazem. Ela não age por si, mas sim, para podem ser estimulados, dirigidos ou evitados. Além da teoria de
acompanhar um grupo e cumprir as expectativas de outras pessoas. Maslow, as principais teorias de conteúdo são:
Aqui, estamos falando de “fazer o que os outros fazem para ser Teoria dos dois fatores de Herzberg: Esta teoria muito
aceito, fazer parte do grupo”. divulgada estabeleceu que a insatisfação é causada pela ausência
• Automotivação: a pessoa automotivada age por iniciativa de certos fatores higiênicos, externos ao trabalho em si. Por outro
própria, em função de objetivos que escolheu. A automotivação é a lado, a satisfação seria causada pelos fatores motivadores, inerentes
convicção que a pessoa tem de que deseja os frutos das suas ações. ao trabalho: realização, trabalho desafiante, reconhecimento do
É “fazer o que creio ser adequado aos meus objetivos”. desempenho, responsabilidade, desenvolvimento.
Não existe motivação “certa”. Em situações de emergência, Teoria das necessidades aprendidas de MacClelland: Esta
por exemplo, provavelmente a simples obediência seja a ação teoria afirma que os indivíduos “aprendem” certas necessidades,
mais indicada. O sucesso de uma ação coletiva (uma reivindicação tais como responsabilidade e poder.
As principais teorias de processo são a teoria da expectativa
salarial, por exemplo) pode depender da conformidade das ações
(o indivíduo “espera” que certo comportamento conduza a certo
individuais à orientação do grupo. Por outro lado, uma pessoa resultado) e teoria da equidade (o indivíduo compara os resultados
pode ser fortemente automotivada a objetivos destrutivos, como dos seus esforços com os dos seus pares e avalia se estes resultados
uma ambição excessiva. são distribuídos de forma equilibrada).
O ideal seria o alinhamento de todos estes tipos de motivação; Todas as teorias apontam para o fato de que as organizações
pessoas auto motivadas atuando em grupos coesos, com orientação podem atingir maiores níveis motivacionais de seus empregados
clara, sólida e coerente. ao favorecer a realização pessoal, demonstrar reconhecimento
De forma geral, a literatura classifica os principais motivos pelo valor profissional, oferecer oportunidades de promoção,
humanos de acordo com os objetivos gerais de (1) sobrevivência e atribuir responsabilidades a cada um, tornar o trabalho agradável e
segurança (motivos de deficiência) e (2) satisfação e estimulação possibilitar o crescimento do indivíduo.
(motivos de excesso). Os motivos de deficiência se referem As organizações têm buscado obter o máximo empenho e
a evitar estados e experiências desagradáveis, perigosos ou desempenho de seus colaboradores há muito tempo e utilizando
indesejáveis. Os motivos de excesso se referem a buscar estados diferentes técnicas. Vamos descrever brevemente algumas destas
técnicas ou sistemas motivacionais, classificados em sistemas de
e experiências agradáveis. Os fatores motivadores podem ser
reconhecimento, de envolvimento e de recompensas monetárias.
classificados como: Referentes ao corpo: Deficiência: evitar fome, Os sistemas de reconhecimento são baseados em reconhecer
sede, excesso de calor e frio, fadiga, doenças e outros estados e elogiar comportamentos desejáveis e desempenhos acima das
físicos desagradáveis. Excesso: Obter experiências sensoriais expectativas. Podem tomar várias formas: um bilhete ou e-mail de
agradáveis; prazeres, conforto físico, etc. Referentes às relações parabéns do chefe, um elogio público, os famosos “Funcionário
com o ambiente: Deficiência: Evitar objetos perigosos, feios e do mês” do MacDonald’s (e várias outras organizações), até
desagradáveis; buscar objetos necessários para a segurança e prêmios de valor simbólico, como brindes, entradas de cinema,
sobrevivência futuras; manter um ambiente estável, claro e seguro. pequenas comemorações, etc. Uma característica atrativa o custo
Excesso: Obter posses agradáveis; construir e inventar objetos; das premiações, que normalmente é modesto ou nulo.
compreender o ambiente; resolver problemas; jogar; buscar Envolvimento dos funcionários é um conceito genérico que
novidades e mudanças ambientais, etc. Referentes às relações envolve diversas técnicas “envolvendo todo o contingente de
com outras pessoas: Deficiência: Evitar conflitos e hostilidade funcionários e tendo por objetivo obter crescente comprometimento
interpessoal; manter participação, prestígio, status nos grupos; com o sucesso da organização” (Robbins). Alguns exemplos de
programas de envolvimento:
obter cuidado dos outros; conformar-se aos valores e padrões do
• gestão participativa: os funcionários adquirem influência
grupo; conseguir poder e domínio sobre os outros, etc. Excesso: significativa sobre o processo decisório, compartilhando o poder
Conseguir amor, identificação positiva com as pessoas e grupos; de decisão com as chefias;
ter prazer na companhia de outras pessoas; auxiliar e compreender • participação por representação: muito difundido na Europa,
os outros; ser independente. Referentes ao EU: Deficiência: este sistema prevê a participação dos funcionários nas decisões
Evitar sentimentos de inferioridade e fracasso na comparação através de pequenos grupos de representantes, os conselhos de
com outros ou com o EU ideal; evitar perda de identidade; evitar trabalhadores.
sentimentos de vergonha, medo, angústia, tristeza, etc. Excesso: • círculos de qualidade: muito utilizados no Japão, os círculos
Obter sentimentos de autorespeito e autoconfiança; exprimir-se; de qualidade são pequenos grupos de funcionários que se reúnem
ter sentido de realização; sentir-se desafiado; estabelecer valores regularmente para debater os seus problemas de qualidade e como
morais; descobrir lugar significativo do EU no universo. resolvê-los.

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Os programas de recompensas incluem vários tipos de Um líder deve inspirar confiança, ser inteligente, perceptivo
remuneração variável, de acordo com o desempenho e cumprimento e decisivo para ter melhores condições de liderar com sucesso.
de metas. Algumas formas são os bônus, a participação nos lucros, Exemplos de certos reis, militares, heróis. Mas, nem todas as
etc. Para serem eficazes, estes programas devem vincular de forma pessoas podem ser lideres, pois para ser um líder, o indivíduo tem
explícita a recompensa ao desempenho premiado. que cativar as pessoas com habilidade pessoal, passando para elas
Motivação é proporcionar um motivo a uma pessoa, confiança, sinceridade, conhecimento exercendo influencia sobre
estimulando-a a agir de maneira desejada. A melhor maneira de o grupo ou pessoa. Uma pessoa pode ser um grande líder em uma
abordar o assunto é fazer um resumo ou classificação dos motivos empresa ou escola, no entanto na comunidade ou até mesmo em
em quatro categorias: seu lar ao menos consegue dar uma opinião. O próprio Stogdill, em
· sobrevivência (continuar a viver); 1948, já verificava que “torna-se claro que uma análise adequada
· segurança (manter-se protegido); da liderança envolve não apenas o estudo dos líderes em si, mas
· satisfação (sentir-se saciado, contente, realizado, etc.); também das situações em que estão envolvidas. É importante
· estimulação (buscar novos estímulos). ressaltar, que este poder atribuído aos líderes deve ser orientado, e
Do ponto de vista do administrador, a motivação compreende voltado a satisfação daqueles que são subordinados, pois é crescente
a criação de condições que proporcionem satisfação pessoal o número de casos de chefes que humilham seus subordinados,
a quem trabalha sob suas ordens. Não é tarefa simples, pois o como forma de mostrar o seu poder, e tornam o que deveria ser
comportamento humano é complexo. uma conquista, um motivo de orgulho, uma rotina de humilhações,
A Liderança é necessária em todos os tipos de organização que segundo à Organização Internacional do Trabalho (OIT) é um
humana, principalmente nas empresas, onde uma boa Liderança
dos principais fatores de aposentadoria precoce. Uma Liderança
pode gerar satisfação num grupo de pessoas envolvidas pelo líder,
inadequada, pôr tiranos ou incompetentes, traz prejuízos drásticos
assim como uma má Liderança pode gerar separação do grupo não
não só à empresa, mas principalmente aos indivíduos que dela
atingindo o mesmo objetivo da organização.
É preciso distinguir dois tipos de Liderança: fazem parte. Há relatos impressionantes de pessoas que sofrem
Liderança como qualidade pessoal: Combinação especial de verdadeira tortura cotidiana, causando problemas emocionais,
características pessoais que fazem de um indivíduo um líder. físicos e consequências irreversíveis à carreira. Como última
Liderança como função: Decorrente da distribuição da análise, é fundamental ao Líder ter habilidade para lidar com
autoridade de tomar decisões dentro de uma empresa. gente, para não perder a contribuição que cada um pode dar a
Liderança é uma questão de redução de incertezas do grupo, qualquer projeto.
pois o indivíduo que passa a contribuir mais com orientações Hoje em dia o espírito de Liderança é muito valorizado,
e assistência ao grupo (auxiliando para tomada de decisões tanto no âmbito profissional comono pessoal, ser Líder não é
eficazes) tem maiores possibilidades de ser considerado seu líder. ser o “chefe” ou o “gerente”, é muito diferente disto. Os Líderes
Assim, a Liderança é uma questão de tomada de decisões do autênticos são pessoas que já absorveram a verdade fundamental
grupo. Do ponto de vista da Liderança Funcional, “A Liderança da existência: que não é possível fugir das contradições inerentes
é função das necessidades existentes numa determinada situação à vida. A mente de Liderança é ampla. O comportamento de
e consiste numa relação entre um indivíduo e um grupo”. Essa Liderança envolve funções como planejar, dar informações,
relação funcional somente existe quando um líder é reconhecido avaliar, arbitrar, controlar, recompensar, estimular, punir etc., deve
pôr um grupo como possuidor ou controlador de meios para a ajudar o grupo a satisfazer suas necessidades. Um líder inato pode
satisfação de suas necessidades. Quando o grupo elege, aceita ser facilmente reconhecido perante o grupo, pois sua capacidade
espontaneamente um indivíduo como líder, é porque ele possui de coordenar, direcionar, conduzir o grupo à atingir seus objetivos
e controla os meios (como: habilidade pessoal, conhecimento, ficam evidentes e o tornam uma espécie de guia representativo do
dinheiro, relacionamentos, posses, etc.) que o grupo deseja utilizar grupo.
para atingir seus objetivos, ou seja, para obter um aumento de A Liderança faz parte da personalidade de um administrador.
satisfação de suas necessidades. Ele precisa ser um condutor ou guia de seus subordinados. Embora
A Liderança é uma influência interpessoal, a influência o administrador tenha o poder de admitir, promover, demitir e
envolve conceitos como poder e autoridade, abrangendo todas as exigir dos funcionários a prestação de serviços (por força de sua
maneiras pelas quais se introduzem mudanças no comportamento autoridade), ele terá maior sucesso nos resultados de cada um se
de pessoas ou de grupos de pessoas. A importância da Liderança,
souber conduzi-los como um líder.
sobretudo nas empresas, é bastante visível nos dias de hoje, pois
A liderança está baseada no prestígio pessoal do administrador
se a liderança é uma influência interpessoal, que modifica o
e na aceitação pelos dirigidos ou subordinados. Três fatores, pelo
comportamento, esta, deve ser dirigida à aumentar a satisfação na
conquista de determinada meta e na diminuição dos riscos. menos, influem no poder de liderança de um administrador:
Traço é uma qualidade ou característica distintiva da · posição hierárquica (status) - decorrente de sua função de
personalidade. O líder é aquele que possui vários traços específicos autoridade (direito de mandar e de se fazer obedecer);
de personalidade que o distinguem das demais pessoas. Com ·competência funcional - resultante de seus conhecimentos
isso o líder apresenta traços marcantes pôr meio dos quais pode gerais e especializados (cultura geral e técnica).
influenciar o comportamento das pessoas, passando para elas · personalidade dinâmica - produto de suas características e
parte das suas ações, a maneira de agir em determinada situação, qualidades pessoais (aspecto físico, temperamento, caráter, etc.).
como lidar com pessoas temperamentais, enfim alguns lideres Os estilos de liderança determinam o tipo de relação dos
possuem traços tão marcantes que pode até influenciar a missões líderes com os grupos, dependendo da diversidade da situação e
importantes como religião ou uma missão militar. das diversas forças que afetam a conduta dos liderados.

Didatismo e Conhecimento 27
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Estilo Autocrático: Os meios de comunicação utilizados para a transmissão de
O líder é controlador e coercitivo, decidindo o quê o grupo informações ou mensagens são os mais diversos. Por exemplo:
deve fazer e como fazer. Impõe suas ideias através de um monólogo telefones, interfones, intranet, correio eletrônico, ordens de
e toma pessoalmente a maioria das decisões. serviço, comunicados, avisos, cartas, memorandos, etc.
Isso afeta a produtividade dos seus membros, impede a COMUNICAÇÃO INTERNA
participação, há indecisão quanto às etapas futuras de trabalho, A comunicação interna da empresa tem um papel fundamental
maior dependência e falta de interesse espontâneo e pró-atividade. na criação da cultura colaborativa. A interação entre todos os
Todavia, o método é válido em várias circunstâncias e o componentes que fazem o cotidiano das organizações é a própria
trabalho realizado é maior apesar da insatisfação reinante; mas essência do fluxo que deve ter essas informações que levam ao
sem a presença do líder o grupo para por falta de iniciativa. saber coletivo.
Estilo Democrático: Pesquisas demonstram que as empresas que buscaram a feição
O líder democrático faz parte do grupo e usa sua influência humana motivaram e deram ferramentas para seus funcionários
para obter participação; acata as ideias, discutindo-as com seus criarem e administrarem a própria comunicação foram as que mais
liderados, ao mesmo tempo em que lhes amplia os conhecimentos disseminaram seus valores para a sociedade e colheram resultados.
e cria um clima harmônico e de amizade. Ajuda o grupo a se Recomenda-se que a comunicação interna esteja calcada em
integrar e a assumir responsabilidade. elementos centrais da cultura administrativa que se transformam
As decisões são conjuntas e a motivação é maior, o espírito
na percepção de como fazer, com que métodos, de que modo e sob
de grupo é mais acentuado, o que ocasiona eficiência geral alta
a orientação de quais valores. Considera-se boa à comunicação em
e contínua no trabalho. Daí o desenvolvimento da iniciativa,
do espírito inventivo, do senso de responsabilidade e do moral uma empresa, quando se define objetivos claros, busca recursos
elevado. humanos adequados às tarefas a serem executadas, empenha-se na
Estilo Liberal: motivação das pessoas, sabe buscar e compartilhar as estratégias
O líder desse grupo é menos organizado, não orienta seus mais adequadas para atingir os fins visados e, ainda, avalia e divide
liderados, omite-se, e o grupo sem liderança e sem objetivos não resultados.
obtém resultados e o trabalho torna-se inexpressivo. Realizar tudo isso não é simples, quando se trata de
Há completa liberdade para a decisão individual, causando administrar a comunicação interna. Existem muitas dificuldades,
fracassos e atrasos nas atividades, desinteresse a ausência de porque implica a gestão de pessoas, de processos e de resultados,
coesão grupal. Os membros se sentem frustrados com a falta de o que impõe, de cara, alguns obstáculos. Algumas grandes
liderança que, por sua vez, lhes frustra a necessidade de clareza, corporações historicamente não exercitam a preocupação com
senso de direção e realização. seus relacionamentos internos relacionamentos que têm com
complicador o fato de o público interno não ser composto por
grupos homogêneos. Eles dividem-se em vários segmentos
2.4.2 COMUNICAÇÃO. com características e objetivos, se não divergentes, no mínimo
diferentes. Há grande diversidade de linguagem, de filosofia, de
idade, de nível de escolaridade, de competências e de valores.
Nessa diversidade residem os muitos entraves de relacionamento
Muitas pessoas acreditam que possuem habilidade de entre os níveis ascendente, descendente e horizontal.
comunicação, e talvez, até mesmo por esta razão, não se é Ressalte-se ainda que o modo de planejar e administrar a
dado à devida importância ao ato de comunicar-se. Pequenas comunicação interna estão diretamente ligados ao lugar ocupado
falhas de comunicação podem gerar um caos total. Seja ela pela comunicação e pelos profissionais dessa área nas administrações
adquirida no trabalho, nos estudos ou na vida pessoal, as falha de empresariais, ou seja, seu poder de ação e de decisão para questões
comunicação sempre geraram um grande desgaste na relação entre que dizem respeito à comunicação. A capacidade de gestão das
os envolvidos na situação. Um simples gesto ou uma expressão dificuldades implica apostar em objetivos não vislumbrados e
facial, não compreendida de forma correta, pode mudar o rumo
aproveitar, inclusive, as diferenças. Nessas circunstâncias, a tarefa
de uma situação. Em resumo, um processo de coordenação de
do comunicador não é fácil. Implica romper com isolamento de
atividades, informações e decisões, têm que ser um processo que
reúna critérios, planejamento, documentação, e também a arte de indivíduos e de “guetos”, com a desconfiança nos propósitos dos
se comunicar. Um bom plano de comunicação pode ser a chave dirigentes e, mesmo, nos da empresa em si.
para que a execução e o controle de qualquer projeto pessoal e As empresas estão vivenciando momentos de insatisfação
profissional tenham sucesso. generalizada, em todos os níveis e serviços. Insatisfação com
A Comunicação pode ser considerada como o processo as políticas salariais adotadas, com os critérios de avaliação
de transmissão de informações ou mensagens. A conceituação implantados, com a perda do sentimento de pertença e tantos outros.
apresentada revela que o processo de comunicação envolve a Exercitar o diálogo e direcioná-lo para o alcance da satisfação com
informação (baseada em dados) transmitida, por exemplo, pelo o trabalho, com a convivência interna e com outros anseios são
dirigente “A” (chamado emissor) para o funcionário “B” (chamado desafios dos comunicadores das empresas no plano interno.
receptor) que recebe a mensagem (entender o verdadeiro sentido As necessidades e as respostas estão centradas nos níveis
da informação transmitida pelo emissor). hierárquicos inferiores, mas são os dirigentes que habitualmente
O emissor deve codificar a mensagem, transformando-a numa traçam as políticas e, em realidade, lideram as mudanças. Assim,
forma especial para a transmissão, e o receptor precisa decodificar crê-se que a eficaz gestão dos processos comunicativos internos é
a mensagem, ou seja, decifrar a mensagem transmitida, para possível. Segundo Cerqueira (1988, p. 4), pode-se alcançar essa
poder entender a informação que o código contém. Esse processo eficácia com a concessão de determinados acordos, compromissos
será completo, quando tiver o retorno da informação, o chamado e consensos, o que pode favorecer, ao menos, um sentimento de
feedback. compreensão, de aceitação.

Didatismo e Conhecimento 28
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Hoje, para garantir o sucesso de qualquer empreendimento, dentro dos quais se desenvolve e que assegura as comunicações
cada vez mais, funcionários e colaboradores estão sendo vistos necessárias e a formação dos homens que o praticam. A política de
como sócios do negócio, contribuindo para o crescimento das descentralização e frequentemente revista, devendo ser dinâmica,
corporações e compartilhando resultados. Além de produtos e não podendo ser reduzida a formulários e/ou instruções imutáveis.
serviços de qualidade e preços justos e competitivos, as corporações A descentralização normalmente ocorre nas seguintes
têm de apresentar valores éticos. Por isso a necessidade de se situações:
preocupar com a comunicação interna dentro da empresa. - A carga de trabalho de alta administração esta volumosa
COMUNICAÇÃO EXTERNA e/ou demasiadamente complexa.
Não menos importante do que a simples divulgação de - Pela maior ênfase que a empresa quer dar à relação
produtos ou serviços, a comunicação externa é poderosa ferramenta produto-mercado.
para a empresa dialogar com a sociedade, dar satisfação de seus - Para encorajar o desenvolvimento gerencial de seus
atos e conhecer expectativas, é um instrumento fundamental para executivos lotados na média e baixa administração.
construir e solidificar a imagem empresarial. - Para proporcionar maior participação e motivação
Uma política de comunicação externa clara e definida é - O grande volume de trabalho de alta administração
reconhecida como fator estratégico para o sucesso da corporação. provoca morosidade no processo decisório.
A princípio, pode parecer fácil implantar uma política de Para que o processo de descentralização seja efetivado
comunicação externa em uma empresa. Mas não basta definir algumas questões devem ser observadas, tais como:
princípios e traçar estratégicas. Criar e implantar uma política de - Nível de treinamento e preparo da chefia;
comunicação é uma tarefa árdua antes de tudo, e quase sempre, é - Grau de confiança dos chefes sobre os subordinados;
preciso mudar mentalidades e a própria cultura da empresa, não - Capacidade do subordinado de lidar com as suas
apenas da alta direção, mas principalmente, da média gerência. responsabilidades;
Quando se fala em mudança de mentalidade, pode-se imaginar - A forma de atuação das unidades organizacionais de
uma empresa como a Volkswagem, com cerca de 400 diretores, assessoria.
gerentes e supervisores, pessoas que, de alguma forma, controlam Algumas vantagens da descentralização:
as informações em suas áreas. Em muitos casos, sentem-se donas - Rapidez nas decisões pela proximidade do lugar onde
das informações ou inseguras por terem de compartilha-las. Ainda surgem os problemas.
há o medo de que a divulgação possa prejudica-las. - Aumento do moral e da experiência dos jovens
No oposto a isso, outros entendem que informação é o poder
executivos.
e querem usá-la para atender a seus projetos pessoais, mais do que
- Diminuição da esfera de controle do principal executivo.
aos interesses corporativos.
- Tendência a maior número de ideias inovadoras.
Essas mentalidades têm que mudar para que os funcionários
- Possibilidade de maior participação e motivação.
de uma corporação, em todos os níveis, entendam a importância
- Maior tempo à alta administração para outras atividades.
da comunicação para a empresa. É preciso haver a consciência de
- Maior desenvolvimento da capacitação gerencial e
que a informação tem valor estratégico para empresa e faz parte
profissional.
do negócio.
Algumas desvantagens da descentralização:
A política de comunicação externa de uma empresa deve ser
norteada por alguns princípios e o principal deles é a consciência do - Inadequada utilização dos especialistas centrais.
dever de informar à sociedade sobre suas atividades. A corporação - Maior necessidade de controle e de coordenação.
precisa respeitar o direito democrático e universal à informação. - Maior dificuldade de normatização e de padronização.
Por isso, deve exercer a transparência. A sociedade tem - Pouca flexibilidade da organização frente a situações
direito à informação e as ações de comunicação empresarial, para excepcionais.
o público interno ou externo, visam informar e esclarecer. - Necessidade de contar com dirigentes treinados para a
descentralização.
- O custo das comunicações tende a aumentar.
2.4.3 DESCENTRALIZAÇÃO - Maior dificuldade de coordenação de atividades que
E DELEGAÇÃO. envolvem alto nível de interdependência.
Pode-se dizer que a descentralização deve ser considerada
como os demais problemas organizacionais, em termos de
conveniência administrativa. Sempre que uma decisão puder
A descentralização administrativa existe quando a maioria das ser mais bem tomada ao nível operativo, com maior rapidez e
decisões processa-se nos níveis hierárquicos inferiores, ou seja, favorecendo o completo exame dos vários fatores em causa, pode-
a descentralização coloca os centros decisórios o mais próximo se proceder logo a uma descentralização da função respectiva.
possível dos órgãos de execução. A descentralização esta intimamente associada à ideia de
A descentralização remota à década de 20, quando a GMC se alterar o regimento interno da organização e os documentos
conseguiu grande sucesso em seu complexo industrial, graças à decorrentes, para que a decisão relativa aos assuntos
aplicação dessa filosofia, que se apresentaram mais fortemente nas descentralizados passe a ser competência dos níveis inferiores.
grandes instituições a partir da Segunda guerra mundial. A descentralização tem caráter permanente e é impessoal,
Segundo D’Estaing a descentralização é um estado de espírito, onde a autoridade passa para o nível subordinado as atribuições e
criado pela administração estratégica que formula os limites responsabilidades.

Didatismo e Conhecimento 29
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
DELEGAÇÃO Além dessas características de um controle eficiente, não
Delegação é a transferência de determinado nível de podemos ignorar
autoridade de um chefe para seu subordinado, criando a crescente algumas classificações do controle, principalmente as mais
responsabilidade pela execução da tarefa delegada. importantes.
Quando se fala de delegação, vale lembrar um princípio a) Primeira fase do controle de um serviço administrativo:
importante de uma organização, assim como da administração, quando do planejamento; quando da execução; quando da apuração
é que a autoridade deve ser igual à responsabilidade. Esse dos resultados.
princípio, conhecido como a equivalência da autoridade e da b) Classificação do controle quanto ao tempo: controle
responsabilidade, garante que o serviço será feito com uma antecedente (antes do serviço); controle concomitante (durante o
quantidade mínima de frustração por parte do pessoal. Se o gerente serviço); controle subsequente (depois do serviço).
não delegar autoridade que se iguale à responsabilidade, criará uma c) Classificação do controle quanto à duração do controle:
insatisfação no funcionário e em geral gastará energia e recursos. controle permanente (execução constante); controle temporário
O processo de delegação compõe-se de três fases. (execução variável).
1- Distribuição de tarefas pelo dirigente aos seus d) Classificação do controle quanto ao processo:
subordinados. estabelecimento de padrões (critérios ou normas de serviços);
2- Permissão para praticar os atos necessários ao avaliação de desempenho (comparar, medir ou verificar os
desempenho das tarefas (Autoridade) resultados com o padrão); correção dos desvios (corrigir os planos,
3- Criação da obrigação dos subordinados perante o dirigente modificar objetivos e mudar o pessoal).
de executarem satisfatoriamente as tarefas (Responsabilidade)
A delegação é feita através de um documento formal
apropriado (portaria, aviso, determinação etc.) que deverá indicar
com precisão a autoridade delegante, à autoridade delegada, as 2.5.3 SISTEMA DE MEDIÇÃO DE
atribuições objeto da delegação e, se for o caso, a sua vigência. DESEMPENHO ORGANIZACIONAL
Na delegação a autoridade continua responsável pela tarefa
cometida ao seu subordinado. A delegação tem caráter transitório
e é quase sempre pessoal nominal. A Avaliação de Desempenho é uma importante ferramenta
A falta de delegação acarreta algumas situações: de Gestão de Pessoas que corresponde a uma análise sistemática
1- Para a empresa: o ritmo dos negócios é aquele imposto por do desempenho do profissional em função das atividades que
seu proprietário. A administração torna-se morosa e dependente. A realiza, das metas estabelecidas, dos resultados alcançados e do
participação dos funcionários é baixa. seu potencial de desenvolvimento. O objetivo final da Avaliação
2- Para o empresário: existe sobrecarga de trabalho que de Desempenho é contribuir para o desenvolvimento das pessoas
exige dele atuação nas mais diferentes áreas. Comumente sente- na organização.
se só. Trabalhando tenso, estará predisposto ao stress e as suas A Avaliação do Desempenho é um procedimento que avalia
consequências negativas. e estimula o potencial dos funcionários na empresa. Seu caráter
3- Para o funcionário: baixo desenvolvimento profissional e é fundamentalmente orientativo, uma vez que redireciona os
envolvimento com coisas da empresa. Não existindo motivação e desvios, aponta para as dificuldades e promove incentivos em
ocorrendo desejo de participação não correspondido, os melhores relação aos pontos fortes.
elementos não permanecem. A avaliação deve ocorrer todos os dias e não apenas em
Deve ser lembrado, que vários livros sobre a matéria não faz momentos formais.
distinção entre descentralização e delegação, acrescentando alguns
O esforço individual é direcionado pelas capacidades e
que a delegação é o instrumento da descentralização.
habilidades do indivíduo e pelas percepções que ele tem do papel
a desempenhar e função do valor de as recompensas dependerem
do esforço. Na maior parte das vezes, a avaliação do desempenho
2.5 CONTROLE. é responsabilidade de linha e função de staff (consultoria) com a
2.5.1 CARACTERÍSTICAS. assistência do órgão de ARH. Quem avalia é o superior imediato,
2.5.2 TIPOS, VANTAGENS E que, melhor do que ninguém tem condições de acompanhar e
DESVANTAGENS. verificar o desempenho de cada subordinado, diagnosticando com
precisão os pontos fortes e fracos.
Os objetivos fundamentais da avaliação de desempenho:
É o processo administrativo que consiste em verificar se tudo 1. Permitir condições de medição do potencial humano no
está sendo feito de acordo com o que foi planejado e as ordens sentido de determinar plena aplicação.
dadas, bem como assinalar as faltas e os erros, a fim de repará-los 2. Permitir o tratamento dos Recursos Humanos como um
e evitar sua repetição. recurso básico da organização e cuja produtividade pode ser
As características do controle administrativo são: desenvolvida indefinidamente, dependendo, obviamente, da forma
maleabilidade: possibilitar a introdução de mudanças decorrentes de administração.
de alterações nos planos e nas ordens; instantaneidade: acusar o 3. Fornecer oportunidades de crescimento e condições de
mais depressa possível as faltas e os erros verificados; correção: efetiva participação a todos os membros da organização, tendo
permitir a reparação das faltas e dos erros, evitando-se a sua em vista, de um lado, os objetivos organizacionais e, de outro, os
repetição. objetivos individuais.

Didatismo e Conhecimento 30
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
APLICAÇÃO específicos e a determinadas características das várias categorias
A entrevista da Avaliação de Desempenho de pessoal. A que diga que a avaliação de desempenho no fundo
A Avaliação de Desempenho é uma sistemática apreciação do não passa de uma boa sistemática de comunicações, atuando no
comportamento das pessoas nos cargos que ocupam. Apesar de ser sentido horizontal e vertical da organização. As avaliações de
uma responsabilidade de linha é uma função de Staff, em algumas desempenho para serem eficazes devem basear-se inteiramente
empresas, a avaliação do desempenho pode ser um encargo do nos resultados das atividades do homem no trabalho e nunca
supervisor direto do próprio empregado, ou ainda de uma comissão apenas em suas características de personalidade.
de avaliação, dependendo dos objetivos da avaliação. A avaliação MÉTODO DA ESCALA GRÁFICA.
com o empregado avaliado constitui o ponto principal do sistema: Este método é incontestavelmente o método de avaliação mais
a comunicação que serve de retroação e que reduz as distâncias utilizado e divulgado. Aparentemente, é o método mais simples,
entre o superior e o subordinado. mas sua aplicação requer uma multiplicidade de cuidados, a fim
BENEFÍCIOS de neutralizar a subjetividade e o prejulgamento do avaliador que
Quando um programa de avaliação é bem planejado, podem ter enorme interferência. Utiliza um formulário de dupla
coordenado e desenvolvido, traz benefícios a curto, médio e longo entrada, no qual as linhas representam os fatores de avaliação de
prazo. desempenho e as colunas representam os graus de avaliação dos
Benefícios para o chefe: fatores. Os fatores são selecionados para definir as qualidades a
• melhor avaliar o desempenho e o comportamento dos serem avaliadas. Cada fator é definido com uma descrição simples
subordinados, contando com uma avaliação que elimina a e objetiva para não haver distorções.
subjetividade. Vantagens do método das escalas gráficas.
• propor medidas e providências no sentido de melhorar o 1. Permite aos avaliadores um instrumento de avaliação de
padrão de comportamento de seus subordinados. fácil entendimento e avaliação simples.
•comunicar-se com seus subordinados, fazendo-os 2. Permite uma visão integrada e resumida dos fatores de
compreender a mecânica da avaliação do desempenho como um avaliação, ou seja, das características do desempenho mais
sistema objetivo. realçadas pela empresa e a situação de cada empregado diante
2. Benefícios para o subordinado: delas; e
• aprendem quais são os aspectos de comportamento e de 3. Proporciona pouco trabalho ao avaliador no registro de
desempenho que a empresa mais valoriza em seus funcionários. avaliação.
• fica conhecendo quais as expectativas de seu chefe a respeito Desvantagens do método das escalas gráficas.
de seu desempenho e seus pontos fortes e fracos, segundo a 1. Não permite muita flexibilidade ao avaliador que deve
avaliação do chefe. ajustar-se ao instrumento e não as características do avaliado;
• conhece as providências tomadas por seu chefe quanto à 2. É sujeito a distorções e interferências pessoais dos
melhoria de seu desempenho (programa de treinamento, estágios, avaliadores, que tendem a generalizar sua preciação sob os
etc.) e as que ele próprio deverá tomar (auto correção, maior subordinados para todos os fatores de avaliação. Cada pessoa
capricho, mais atenção no trabalho, cursos por conta própria, etc.). percebe e interpreta as situações segundo seu “campo psicológico”.
• condições para fazer avaliação e crítica para o seu próprio Esta interferência subjetiva e pessoal de ordem emocional e
desenvolvimento e controle. psicológica releva alguns avaliados afetos da esterotipação;
Benefícios para a organização:
3. Tende a rotinizar e bitolar os resultados das avaliações;
• mais condições para avaliar seu potencial humano a curto,
• Necessita de procedimentos matemáticos e estatísticos para
médio e longo prazo e definir a contribuição de cada empregado.
corrigir distorções e influencia pessoal dos avaliadores.
• identificação dos empregados que necessitam de reciclagem
e/ou aperfeiçoamento em determinadas áreas de atividade e MÉTODO DA ESCOLHA FORÇADA
selecionar os empregados com condições de promoção ou Desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial para a
transferências. escolha de oficiais a serem promovidos. Esse método, aplicado
• pode dinamizar sua política de recursos humanos, experimentalmente, possibilitou resultados amplamente
oferecendo oportunidades aos empregados (não só de promoções, satisfatórios, sendo posteriormente adaptado e implantado em
mas principalmente de crescimento e desenvolvimento pessoal), várias empresas. Ele consiste em avaliar o desempenho dos
estimulando a produtividade e melhorando o relacionamento indivíduos por intermédio das frases descritivas de determinadas
humano no trabalho. alternativas de tipos de desempenho individual.Em cada bloco,
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DEDESEMPENHO ou conjunto composto de duas, quatro ou mais frases, o avaliador
A avaliação de desempenho humano pode ser efetuada por deve escolher obrigatoriamente apenas uma ou duas que mais se
intermédio de técnicas que podem variar intensamente, não se de aplicam ao desempenho do avaliado.
uma organização para outra, mas dentro da mesma organização a) Dentro de cada bloco há duas frases de significado positivo
quer se trate de níveis diferentes de pessoal ou áreas de atividades e duas de significado negativo. O avaliador escolhe a frase que
diversas. Geralmente a sistemática avaliação de desempenho mais se aplica e a que menos se aplica ao desempenho do avaliado.
humano atende a determinados objetivos, traçados com base uma b) Em cada bloco há quatro frases de significado apenas
política de RH. Assim, como as políticas de RH variam conforme positivo. São escolhidas as frases que mais se aplicam ao
a organização, não é de se estranhar que cada organização desempenho do avaliado. No formulário com blocos de
desenvolva a sua própria sistemática para medir a conduta de seus significados positivo e negativo, o avaliador localiza as frases
empregados. Como, de maneira geral, a aplicação do pessoal é que possivelmente contam pontos, podendo assim, distorcer o
definida conforme o nível e as posições dos cargos, geralmente resultado da avaliação. No entanto, no formulário com blocos de
as organizações utilizam mais de uma avaliação de desempenho. significado apenas positivo, a presença de frases com um único
E relativamente comum encontrar organizações que desenvolvem sentido dificulta a avaliação dirigida, levando o avaliador a refletir
sistemáticas específicas conforme o nível e as áreas de distribuição e ponderar sobre cada bloco, escolhendo a frase mais descritiva do
de seu pessoal. Cada sistemática atende a determinados objetivos desempenho do avaliado.

Didatismo e Conhecimento 31
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
As frases são selecionadas por meio de um procedimento Esse modelo de gestão pública deve orientar as organizações
estatístico que visa verificar a adequação do funcionário à empresa. nessa transformação gerencial e, ao mesmo tempo, permitir
Vantagem do método da escolha forçada avaliações comparativas de desempenho entre organizações
1. Propicia resultados mais confiáveis e isentos de influencias públicas brasileiras e estrangeiras e mesmo com empresas e demais
subjetivas e pessoais, pois elimina o efeito da estereotipação (hallo organizações do setor privado. Em 1997, o Programa optou pelos
effect); Critérios de Excelência utilizados no Brasil e em diversos países e
2. Sua aplicação e simples e não exige preparo intenso ou que representam o “estado da arte” em gestão.
sofisticado dos avaliadores. A adoção sem adaptação dos modelos utilizados pelos
Desvantagens do método de escolha forçada prêmios e sistemas existentes mostra-se inadequada para parte das
1. Sua elaboração e montagem são complexas, exigindo um organizações públicas, principalmente para aquelas integrantes da
planejamento muito cuidadoso e demorado; administração direta, em função da linguagem, caracteristicamente
2. É um método fundamentalmente comparativo e empresarial, adotada por esses modelos.
discriminativo e apresenta resultados globais; Discrimina apenas A estratégia utilizada pelo Programa da Qualidade no Serviço
Público foi de adaptação da linguagem, ou seja, da explicação
empregados bons, médios e fracos, sem informações maiores;
dos conceitos, mantendo o alinhamento em termos de critérios,
3. Quando utilizado para fins de desenvolvimento de RH
pontuação e, principalmente, da essência que define todos os
necessita de uma complementação de informações de necessidade
modelos analisados como de excelência em gestão.
de treinamento, potencial de desenvolvimento etc. Não se tratou, em momento algum, de fazer concessões à
4. Deixa o avaliador sem noção alguma do resultado da gestão pública, mas de criar o entendimento necessário para dar
avaliação que faz a respeito de seus subordinados. viabilidade ao seu processo de transformação rumo a excelência
MÉTODO DE AUTO AVALIAÇÃO gerencial com base em padrões e práticas mundialmente aceitas.
É o método por meio do qual o próprio empregado é solicitado A adaptação da linguagem cuidou de dois aspectos importantes:
a fazer uma sincera analise de suas próprias características de interpretar para o setor público os conceitos de gestão contidos
desempenho. Podem utilizar sistemáticas variadas, inclusive nos modelos e preservar a natureza pública das organizações que
formulários baseados nos esquemas apresentados nos diversos integram o aparelho do Estado brasileiro.
métodos de avaliação de desempenho. De lá para cá, e sob a mesma orientação, o Modelo de
MÉTODO DA AVALIAÇÃO POR RESULTADOS Excelência em Gestão Pública tem passado por aperfeiçoamentos
Muito ligado aos programas de administração por objetivos, contínuos com o propósito de acompanhar o “estado da arte” da
este método baseia-se numa comparação periódica entre os gestão preconizado pelos modelos de referência que lhe deram
resultados fixados ou esperados para cada funcionário e os origem e, também de acompanhar as mudanças havidas na
resultados efetivamente alcançados. As conclusões a respeito dos administração pública brasileira.
resultados permitem a identificação dos pontos fortes e fracos Acompanhar o estado da arte da gestão garante a identidade
dos funcionários bem como as providências necessárias para o do modelo com o pensamento contemporâneo sobre excelência
próximo período. É sobre tudo um método prático, embora o seu em gestão. Acompanhar as mudanças na administração pública
funcionamento dependa sobremaneira das atitudes e dos pontos de garante a identificação do modelo com a realidade das organizações
vista do supervisor a respeito da avaliação do desempenho. públicas brasileiras.
MÉTODOS MISTOS O Modelo de Excelência em Gestão Pública é composto por
As organizações recorrem a uma mistura de métodos na sete critérios que juntos compõem um sistema de gestão para as
composição do modelo de avaliação de desempenho por ter organizações do setor público brasileiro.
uma grande complexidade em seus cargos. Os métodos de Os critérios que compõem o modelo são os seguintes:
avaliação são extremamente variados, em todos os aspectos, 1.Liderança; 2.Estratégias e planos; 3.Clientes; 4.Informação; 5.
Pessoas; 6.Processos; 7.Resultados
pois cada organização ajusta os métodos às suas peculiaridades
e necessidades. Cada organização tem seus próprios sistemas
FUNDAMENTOS
de avaliação do desempenho adequado às circunstâncias, à sua
O Modelo de Excelência em Gestão Pública está
história e a seus objetivos. fundamentado nos 8 Princípios da Gestão Pública pela Qualidade,
descritos a seguir.
1. Satisfação do cliente: A excelência em gestão pública
3. GESTÃO DA QUALIDADE E MODELO pressupõe atenção prioritária ao cliente Consultar no glossário a
DE EXCELÊNCIA GERENCIAL. definição do termo “clientes”. – ou seja, ao usuário dos serviços
públicos.
As organizações públicas, mesmo aquelas que prestam
serviços exclusivos de Estado, devem submeter-se à avaliação
A Gestão da Qualidade é um conjunto de práticas e ferramentas, de seus usuários, obtendo o conhecimento necessário para gerar
apoiada em políticas e normas internacionalmente estabelecidas produtos e serviços de valor para esses clientes e com isso
com o propósito de assegurar a qualidade de produtos, processos proporcionar-lhes maior satisfação.
e serviços. 2. Envolvimento de todos: A excelência em gestão pública
A compreensão de que o maior desafio do setor público depende, em grande parte, da capacidade de gerentes e gerenciados
brasileiro é de natureza gerencial, fez com que, na década de 90, se de trabalharem de maneira integrada e harmônica. Esse é um pré-
buscasse um novo modelo de gestão pública focado em resultados requisito para que a organização aprenda continuamente e dê
e orientado para o cidadão. sustentabilidade ao seu desenvolvimento.

Didatismo e Conhecimento 32
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
O envolvimento e o comprometimento da alta administração
com a busca da excelência organizacional é um fator vigoroso para 3.1. PRINCIPAIS TEÓRICOS E SUAS
estimular e envolver as pessoas, fazendo com que se identifiquem CONTRIBUIÇÕES PARA A GESTÃO DA
com os desafios e resultados desejados pela organização. QUALIDADE.
3. Gestão participativa: O estilo da gestão pública de excelência
é participativo. Isso determina uma atitude gerencial de liderança,
que busque o máximo de cooperação das pessoas, reconhecendo a
capacidade e o potencial diferenciado de cada um e harmonizando • FREDERICK TAYLOR criou a função de “inspetor de
os interesses individuais e coletivos, a fim de conseguir a sinergia qualidade”, com o objetivo de inspecionar os produtos finais.
A busca pela qualidade dos produtos custava cada vez mais
das equipes de trabalho.
caro, pois exigia cada vez maior número de profissionais alocados
Uma gestão participativa genuína requer cooperação,
em atividades de inspeção (não produtivas)
compartilhamento de informações e confiança para delegar, dando
• WALTER SHEWHART, introduziu o Controle Estatístico
autonomia para atingir metas.
da Qualidade, com o objetivo de efetuar um acompanhamento
Como resposta, as pessoas tomam posse dos desafios e dos mais amplo e não apenas verificar o produto final após o processo
processos de trabalho dos quais participam, tomam decisões, realizado. Shewhart estabeleceu o conceito de tolerância e passou
inovam e dão à organização um clima organizacional saudável. a usar o gráfico de controle de qualidade de produtos.
4. Gerência de processos: O centro prático da ação da gestão • DEMING, Americano disseminou os conceitos de foco
pública de excelência é o processo, entendido como um conjunto no Processo, Controle Estatístico do Processo (CEP), e introduziu
de atividades inter-relacionadas ou interativas que transforma o conceito do Ciclo PDCA (Paln, Do, Chek, Act).
insumos (entradas) em produtos/serviços (saídas) com alto valor • ARMAND VALLIN FEIGENBAUN conceito de
agregado. Esses processos são geralmente planejados e realizados “Controle da Qualidade Total” (Total Quality Control – TQC).
para agregar valor aos produtos/serviços. Conforme sua teoria, a Qualidade é um instrumento estratégico
Gerenciar um processo significa planejar, desenvolver onde todos os trabalhadores são responsáveis.
e executar as suas atividades e, avaliar, analisar e melhorar A Qualidade é uma Filosofia de Gestão em compromisso com
seu desempenho, proporcionando melhor desempenho da a excelência. E tem por base a orientação para o cliente.
organização. A gestão de processos permite a transformação das • JOSEPH M. JURAN, contribuiu para o desenvolvimento
hierarquias burocráticas em redes de unidades de alto desempenho. da Qualidade.
5. Valorização das pessoas: As pessoas fazem a diferença quando o O Controle da Qualidade deveria ser uma ferramenta
assunto é o sucesso de uma organização. administrativa, criando, assim, o conceito de Qualidade Total.
A valorização das pessoas pressupõe dar autonomia para atingir Juran,como Deming, considerava que a maioria dos problemas
metas, criar oportunidades de aprendizado, de desenvolvimento da Qualidade está baseda em três processos gerenciais, que são:
das potencialidades e de reconhecimento pelo bom desempenho. A) O Planejamento; B) O Controle; e a C) Melhoria
6. Constância de propósitos: Estabelecer um futuro desejado constante.
para a organização e agir persistentemente, de forma contínua • PHILIP CROSBY está relacionado ao conceito de “Zero
para que as ações do dia-a-dia contribuam para a construção desse Defeito” ou à premissa de “Fazer certo na primeira vez”. A meta é
futuro é a essência desse princípio. produzir, atendendo às especificações, o que encoraja as pessoas a
A visão de futuro indica o rumo para a organização, a melhorarem continuamente. Ele defendeu que o Zero Defeito não
é apenas um slogan, mas um padrão de desempenho a ser atingido.
constância de propósitos a mantém nesse rumo.
• KAORU ISHIKAWA, O Diagrama de Ishikawa, também
7. Melhoria contínua: A busca da excelência requer que a
conhecido como “Diagrama de Causa e Efeito” ou “Espinha-de-
organização melhore continuamente.
peixe”, é uma ferramenta gráfica utilizada pela Administração para
O princípio da melhoria contínua está baseado no entendimento
o Gerenciamento e o Controle da Qualidade (CQ) em processos
de que apenas a solução de problemas, a redução do desperdício diversos de manipulação das fórmulas.
ou a eliminação de defeitos não conduzem ao alto desempenho
institucional.
É preciso ir além dos problemas e procurar novas oportunidades
para a organização, utilizando como referenciais os modelos de 3.2 FERRAMENTAS DE GESTÃO DA
excelência. Isso é um processo contínuo e inesgotável que engloba
QUALIDADE.
tanto as melhorias incrementais, como as inovações e a ruptura de
práticas que deixam de ser necessárias, apesar da competência da
organização em realizá-las. As ferramentas irão nos ajudar a estabelecer melhorias de
8. Gestão pró-ativa: A postura pró-ativa está relacionada à qualidades entre as quais destacamos as Ferramentas básicas do
noção de antecipação e resposta rápida às mudanças do ambiente. controle de Qualidade:
Para tanto, a organização precisa correr riscos, antecipando-se no 1- FOLHA DE VERIFICAÇÃO
atendimento às novas demandas dos usuários e das demais partes 2- DIAGRAMA DE PARETO
interessadas. Isto requer um foco permanente em resultados, 3- DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO
medido por meio de indicadores balanceados que reflitam o grau 4- DIAGRAMA DE DISPERSÃO
de atendimento das necessidades destas partes interessadas. 5- HISTOGRAMA

Didatismo e Conhecimento 33
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
6- FLUXOGRAMA É um documento de Para planejar as
7- GRÁFICO DE CONTROLE forma organizada para diversas ações que
8- BRAINSTORMING 9. 5 W1H identificar as ações e serão desenvolvi-
9- 5W1H a responsabilidade de das no decorrer do
Conforme a experiência, a maioria dos problemas existentes cada um. trabalho.
numa empresa poderá ser resolvida com o auxílio destas
ferramentas. 1. LISTA OU FOLHA DE VERIFICAÇÃO
Cada ferramenta tem sua própria utilização, sendo que não
existe uma receita adequada para saber qual a ferramenta que será É uma lista de itens pré-estabelecidos que seja marcado a
usada em cada fase. partir do momento que forem realizados ou avaliados.
Isto vai depender do problema envolvido, das informações A Lista de Verificação é usada para a certificação de que os
obtidas, dos dados históricos disponíveis, e do conhecimento do passos ou itens pré-estabelecidos foram cumpridos ou para avaliar
processo em questão em cada etapa. em que nível eles estão. Determine exatamente quais os itens que
A tabela a seguir apresenta um quadro do resumo: o que é, precisam ser verificados, como a ordem de uma tarefa, pontos que
e para que utilizar as principais ferramentas da qualidade. Do devem ser verificados. Monte um formulário onde a pessoa que
mesmo modo a nos mostra a relação entre cada ferramenta e os for preencher possa marcar um “X” ao lado item verificado ou no
principais dados para a construção das ferramentas da qualidade. critério estabelecido de avaliação (exemplo: ruim, regular, bom e
Resumo das principais ferramentas da qualidade. excelente).
VANTAGENS:
• A obtenção do fato é registrado no momento que ocorre;
FERRA- PARA QUE UTI-
O QUE É • Essa situação facilita a identificação da causa junto ao
MENTAS LIZAR
problema;
1. F O L H A Para facilitar a co- • A atividade é muito simples de aplicar, bastando apenas
DE Planilha para a coleta leta de dados perti- pouca concentração.
V E R I F I C A- de dados. nentes a um proble- DESVANTAGENS:
ÇÃO ma. • Os equipamentos de medida podem não estar auferidos;
• O processo de coleta pode ser lento e demanda recursos de
2. D I A - Diagrama de barra que acordo com a amplitude da amostra;
Prioriza os poucos,
GRAMA DE ordena as ocorrências
mais vitais.
PARETO do maior para o menor 2. DIAGRAMA DE PARETO
Estrutura do método
3. D I A - Ampliar a quantida-
que expressa, de modo O gráfico de Pareto é um diagrama que apresenta os itens e a
GRAMA DE de de causas poten-
simples e fácil, a série classe na ordem dos números de ocorrências, apresentando a soma
CAUSA E ciais a serem anali- total acumulada.
de causa de um efeito
EFEITO sadas. Permite-nos visualizar diversos elementos de um problema
(problema)
auxiliando na determinação da sua prioridade.
4. D I G R A - Gráfico cartesiano que Verificar a correla- É representado por barras dispostas em ordem decrescente,
MA DE representa a relação ção entre duas va- com a causa principal vista do lado esquerdo do diagrama, e as
DISPERSÃO entre duas variáveis. ráveis. causas menores são mostradas em ordem decrescente ao lado
Diagrama de barra que Verificar o compor- direito. Cada barra representa uma causa exibindo a relevante
5. H I S T O - representa a distribui- tamento de um pro- causa com a contribuição de cada uma em relação à total.
GRAMA ção da ferramenta de cesso em relação à É uma das ferramentas mais eficientes para encontrar
uma população. especificação. problemas.
Este diagrama de Pareto descreve as causas que ocorrem
São fluxos que permite
Estabelecer os li- na natureza e comportamento humano, podendo assim ser uma
6. FLUXO- a visão global do pro- poderosa ferramenta para focalizar esforços pessoais em problemas
mites e conhecer as
GRAMA cesso por onde passa o e tem maior potencial de retorno.
atividades.
produto. J.M. Juran aplicou o método como forma de classificar os
Gráfico com limite de problemas da qualidade em “poucos vitais” e “muitos triviais”, e
7. G R Á F I - Verificar se o pro-
controle que permite denominou-o de Análise de Pareto.
CO DE cesso esta sob con-
o monitoramento dos Demonstrou que a maior parte dos defeitos, falhas, reclamações
CONTROLE trole.
processos. e seus custos provêm de um número pequeno de causas.
É um conjunto de Se essas causas forem identificadas e corrigidas torna-se
ideias ou sugestão possível à eliminação de quase todas as perdas. É uma questão de
Ampliar a quanti- prioridade.
8. BRAINS- criado pelos membros
dade de opções a O princípio de Pareto é conhecido pela proporção “80/20”.
TORMING da equipe que permite
serem analisadas. “È comum que 80% dos problemas resultem de cerca de
avanços na busca de
apenas 20% das causas potenciais”.
soluções.
“Dito de outra forma, 20% dos nossos problemas causam 80%
das dores de cabeça”.

Didatismo e Conhecimento 34
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
QUANDO USAR • Permite a rápida visualização dos 80% mais representativos;
• Para identificar os problemas. • Facilita o direcionamento de esforços;
• Achar as causas que atuam em um defeito. • Pode ser usado indefinidamente, possibilitando a introdução
• Descobrir problemas e causas; problema (erro, falhas, gastos, de um processo de melhoria contínua na Organização;
retrabalhos, etc.) e causas (operador, equipamento, matéria-prima, • A consciência pelo “Princípio de Pareto” permite ao gerente
etc.). conseguir ótimos resultados com poucas ações.
• Melhor visualização da ação. DESVANTAGENS
• Priorizar a ação. • Existe uma tendência em se deixar os “ 20% triviais” em
• Confirmar os resultados de melhoria. segundo plano. Isso gera a
• Verificar a situação antes e depois do problema, devido às possibilidade de Qualidade 80% e não 100%;
mudanças efetuadas no processo. • Não é uma ferramenta de fácil aplicação: Você pode pensar
• Detalhar as causas maiores em partes específicas, eliminando que sabe, mas na hora de fazer pode mudar de opinião.
a causa.
• Estratificar a ação. 3. DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO (ESPINHA DE
• Identificar os itens que são responsáveis pelos maiores PEIXE)
impactos.
• Definir as melhorias de um projeto, tais como: principais O Diagrama de Causa e Efeito (ou Espinha de peixe) é uma
fontes de custo e causas que afetam um processo na escolha do técnica largamente utilizada, que mostra a relação entre um efeito
projeto, em função de número de não conformidade, e outros. e as possíveis causas que podem estar contribuindo para que ele
COMO CONSTRUIR (PRÉ-REQUISITOS) ocorra.
• Coleta de dados Construído com a aparência de uma espinha de peixe, essa
• Folha de verificação ferramenta foi aplicada, pela primeira vez, em 1953, no Japão,
• A frequência relativa e acumulada na ocorrência de cada pelo professor da Universidade de Tóquio, Kaoru Ishikawa, para
item. sintetizar as opiniões de engenheiros de uma fábrica quando estes
• Estratificação, separando o problema em proporções ou discutem problemas de qualidade.
família. USE PARA
COMO FAZER • Visualizar, em conjunto, as causas principais e
• Decidir o que vai ser analisado, e o tipo de problema. secundárias de um problema.
• Selecionar o método e o período para coletar os dados. • Ampliar a visão das possíveis causas de um problema,
Coletar os dados de acordo com sua causa e assunto. enriquecendo a sua análise e a identificação de soluções.
• Estabelecer um período de tempo para coletar dados, tais • Analisar processos em busca de melhorias.
como: horas, dias, semanas, meses, etc. COMO CONSTRUIR
• Reunir os dados dentro de cada categoria • Estabeleça claramente o problema (efeito) a ser analisado.
• Traçar dois eixos, um vertical e um horizontal de mesmo • Desenhe uma seta horizontal apontando para a direita
comprimento. e escreva o problema no interior de um retângulo localizado na
No eixo vertical da direita, fazer uma escala de 0% a 100%, e ponta da seta.
na esquerda uma escala de 0% até o valor total. • Faça um brainstorming (veja na página XX desta
• Listar as categorias em ordem decrescente de frequência apostila) para identificar o maior número possível de causas que
da esquerda para a direita. Os itens de menos importância podem possam estar contribuindo para gerar o problema, perguntando
ser colocados dentro de uma categoria “outros” que é colocada na “Por que isto está acontecendo?”.
última barra à direita do eixo. • Agrupe as causas em categorias. Uma forma muito
• Calcular a frequência relativa e a acumulada para cada utilizada de agrupamento é o 4M: Máquina (Equipamentos),
categoria, sendo que a acumulada será mostrada no eixo vertical Mão de obra (Método de trabalho), Medidas de desempenho e
e à direita. Materiais. Mas você poderá agrupar como achar melhor.
• Para melhor compreensão do problema, busque as sub
causas das causas já identificadas ou faça outros diagramas de
causa e efeito para cada uma das causas encontradas. Neste caso,
seriam encontradas as causas das causas.

VANTAGENS
• A análise de Pareto permite a visualização dos diversos
elementos de um problema, ajudando a classificá-los e priorizá- VANTAGENS
los. • É uma ferramenta estruturada, que direciona os itens a serem
verificados para que se chegue a identificação das causas;

Didatismo e Conhecimento 35
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
• Apesar de existir um esqueleto a ser preenchido, não há DESVANTAGENS
restrição às ações dos participantes quanto às propostas a serem • É um método estatístico complexo, que necessita de um
apresentadas; nível mínimo de conhecimento sobre a ferramenta para que possa
• Permite ter uma visão ampla de todas as variáveis que utilizá-la;
interferem no bom andamento da atividade, ajudando a identificar • Exige um profundo conhecimento do processo cujo problema
a não conformidade. deseja-se solucionar;
DESVANTAGENS • Não há garantia de causa-efeito. Há necessidade de
• Limitada a solução de um problema por aplicação; reunir outras informações para que seja possível tirar melhores
• Não apresenta quadro evolutivo ou comparativo histórico, conclusões.
como é o caso do histograma;
• Para cada nova situação, é necessário percorrer todos os 5. HISTOGRAMA
passos do processo, utilizando o diagrama. São gráficos de barras que mostram a variação sobre uma
faixa específica.
4. DIGRAMA DE DISPERSÃO O histograma foi desenvolvido por Guerry em 1833 para
descrever sua análise de dados sobre crime. Desde então, os
São gráficos que permitem a identificação entre causas e histogramas tem sido aplicados para descrever os dados nas mais
efeitos, para avaliar o relacionamento entre variáveis. diversas áreas.
O diagrama de dispersão é a etapa seguinte do diagrama de É uma ferramenta que nos possibilita conhecer as
causa e efeito, pois se verifica se há uma possível relação entre características de um processo ou um lote de produto permitindo
as causas, isto é, nos mostra se existe uma relação, e em que uma visão geral da variação de um conjunto de dados.
intensidade. A maneira como esses dados se distribuem contribui de uma
QUA NDO USAR UM DIAGRAMA DE DISPERSÃO forma decisiva na identificação dos dados. Eles descrevem a
• Para visualizar uma variável com outra e o que acontece se frequência com que variam os processos e a forma de distribuição
uma se alterar. dos dados como um todo.
• Para verificar se as duas variáveis estão relacionadas, ou se QUANDO USAR O HISTOGRAMA
há uma possível relação de causa e efeito. São várias as aplicações dos histogramas, tais como:
• Para visualizar a intensidade do relacionamento entre as • Verificar o número de produto não conforme.
duas variáveis, e comparar a relação entre os dois efeitos. • Determinar a dispersão dos valores de medidas em peças.
PRÉ-REQUISITOS PARA CONSTRUIR O DIAGRAMA • Em processos que necessitam ações corretivas.
DE DISPERSÃO: • Para encontrar e mostrar através de gráfico o número de
Coletar dados sob forma de par ordenado, em tempo unidade por cada categoria.
determinado, entre as variáveis que se deseja estudar as relações. PRÉ-REQUISITOS PARA CONSTRUIR UM
COMO FAZER UM DIAGRAMA DE DISPER SÃO: HISTOGRAMA
• Coletar os pares da amostra que poderão estar relacionados.
• Construir os eixos, a variável causa no eixo horizontal e a
variável efeito no eixo vertical.
• Colocar os dados no diagrama. Se houver valores repetidos,
trace um círculo concêntrico.
• Adicionar informações complementares, tais como: nome
das variáveis, período de coleta, tamanho da amostra e outros.

VANTAGENS
• Visão rápida de análise comparativa de uma sequencia de
dados históricos;
• Rápido de elaborar, tanto manual como com o uso de um
software (Por exemplo, o Excel da Microsoft);
• Facilita a solução de problemas, principalmente quando se
VANTAGENS: identifica numa série história a evolução e a tendência de um
• Permite a identificação do possível relacionamento entre determinado processo.
variáveis consideradas numa análise; DESVANTAGENS
• Ideal quando há interesse em visualizar a intensidade do • Fica ilegível quando se necessita a comparação de muitas
relacionamento entre duas variáveis; sequencias ao mesmo tempo;
• Pode ser utilizado para comprovar a relação entre dois efeitos, • Quanto maior o tamanho de (n) maior o custo de amostragem
permitindo analisar uma teoria a respeito de causas comuns. e teste;

Didatismo e Conhecimento 36
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
• Para um grupo de informações é necessário à confecção de • Elabore um macrofluxo do processo, identificando os
vários gráficos a fim de que se consiga uma melhor compreensão seus grandes blocos de atividades.
dos dados contidos no histograma; • Monte, para a elaboração do fluxograma, um grupo,
composto pelas pessoas envolvidas nas atividades do processo.
6. FLUXOGRAMA • Detalhe as etapas do processo e descreva as atividades e
os produtos ou os serviços que compõem cada uma delas.
Representação gráfica da sequencia de atividades de um • Identifique os responsáveis pela realização de cada
processo. atividade identificada.
Além da sequencia das atividades, o fluxograma mostra o que • Cheque se o fluxograma desenhado corresponde à forma
é realizado em cada etapa, os materiais ou serviços que entram e como o processo é executado e faça correções, se necessário.
saem do processo, as decisões que devem ser tomadas e as pessoas
envolvidas (cadeia/ cliente/fornecedor).
O fluxograma torna mais fácil a análise de um processo à
identificação:
o das entradas e de seus fornecedores;
o das saídas e de seus clientes;
o de pontos críticos do processo.
SÍMBOLOS
O fluxograma utiliza um conjunto de símbolos para
representar as etapas do processo, as pessoas ou os setores VANTAGENS:
envolvidos, a sequencia das operações e a circulação dos dados e • Por dar suporte a análise de processo torna-se um meio eficaz
dos documentos. Os símbolos mais comumente utilizados são os para o planejamento e a solução de problemas;
seguintes: • O fluxo permite visão global do processo por onde passa
o produto e, ao mesmo tempo, ressalta operações críticas ou
situações, em que haja cruzamento de vários fluxos;
• O próprio ato de elaborar o fluxograma melhora o
conhecimento do processo e desenvolve o trabalho em equipe
necessário para descobrir o aprimoramento.
DESVANTAGENS:
• Sua aplicabilidade só será efetivada na medida em que
mostrar, verdadeiramente, como é o processo;
• Falta de padronização. A maioria das empresas não é
padronizada. Quando se encontra alguma padronização, ela
Conector: Une vários fluxogramas é montada de forma inadequada e as pessoas da empresa não
Fluxo do Produto, documento, informação: Indica a seqüência conhecem;
das etapas do processo. • Uma pessoa sozinha é incapaz de completar o fluxograma, a
não ser que tenha ajuda de outros.
Transporte: Indica movimentação de material.
Processo: Indica uma etapa do processo. A etapa e quem a
7. GRÁFICO DE CONTROLE
executa são registradas no interior do retângulo.
O gráfico de controle é uma ferramenta utilizada para avaliar a
Armazenagem: Indica um produto que está armazenado ao estabilidade do processo, distinguindo suas variações.
longo da cadeia do processo, e pode ser adicionado. São gráficos para examinar se o processo está ou não sob
Adição de matéria-prima: Indica a entrada da matéria-prima controle.
na etapa do processo. Sintetiza um amplo conjunto de dados, usando métodos
Decisão/ opção / inspeção: Indica o ponto em que a decisão estatísticos para observar as mudanças dentro do processo, baseado
deve ser tomada. A questão é escrita dentro do losango, duas setas, em dados de amostragem.
saindo do losango mostram a direção do processo em função da Quando casuais, elas se repetem aleatoriamente dentro
resposta (geralmente as respostas são SIM e NÃO). de limites previsíveis. Já as decorrentes de causas especiais
USE PARA necessitam de tratamento.
• Entender um processo e identificar oportunidades de É necessário, então, identificar, investigar e colocar sob
melhoria (situação atual). controle alguns fatores que afetam o processo.
• Desenhar um novo processo, já incorporando as QUANDO USAR UM GRÁFICO DE CONTROLE
melhorias (situação desejada). • Para verificar se o processo está sob controle, ou seja,
• Facilitara comunicação entre as pessoas envolvidas no dentro dos limites pré-estabelecidos.
mesmo processo. • Para controlar a variabilidade do processo, ou grau de
• Disseminar informações sobre o processo. não conformidade.
COMO USAR COMO FAZER UM GRÁFICO DE CONTROLE
• Defina o processo a ser desenhado. Escolha um processo • Coletar dados.
que crie o produto ou o serviço mais importante, do ponto de vista • Calcular os parâmetros estatísticos de cada tipo de
do cliente. gráfico.

Didatismo e Conhecimento 37
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
• Desenhar as linhas de controle. POR QUÊ?
• Plotar as médias das amostras no gráfico. Focaliza a atenção do usuário no aspecto mais importante do
• Verificar se os pontos estão fora ou dentro dos limites de problema. Exercita o raciocínio para englobar vários ângulos de
controle. uma situação ou de sua melhoria. Serve com “lubrificante” num
• processo de solução de problemas, especialmente se:
1. as causas do problema são difíceis de identificar;
2. a direção a seguir ou opções para a solução do problema
não são aparentes.
VANTAGENS:
• Permite a manifestação aleatória das pessoas;
• É uma técnica muito flexível em termos de possibilidades
de utilização;
• É de fácil aplicação e não requer grandes conhecimentos
para se obter resultados com a técnica;
• Possibilita ultrapassar os limites/paradigmas dos membros
da equipe.
DESVANTAGENS
• Se o objetivo do brainstorming não estiver claro, pode virar
VANTAGENS: uma tempestade de asneiras, em vez de ideias/sugestões criativas;
• Mostram tendência, ao longo do tempo, de um determinado • Nem sempre surte o resultado ou a solução esperada para o
processo (se a sequencia de valores for muito longa, é recomendável problema em questão;
o gráfico de linhas); • É um processo empírico e primário. Não há comprovação
• Apresentam dados estratificados em diversas categorias; científica do resultado. Tem por base a experiência de cada um dos
• É útil para comparar dados resultantes de processo de envolvidos no processo.
contagem (variáveis discretas e atributos). É um documento de forma organizada que identifica as
DESVANTAGENS ações e as responsabilidades de quem irá executar, através de um
• Tem que ser atualizados, conforme o período mostrado no questionamento, capaz de orientar as diversas ações que deverão
gráfico (diário, semanal, mensal, anual, etc.); ser implementada.
• É genérico. Não há detalhes sobre a informação (histórico/
composição); 9. 5W1H
• Tem que ter conhecimentos básicos de estatísticas para poder
utilizar e escolher o tipo mais adequado para cada situação. O 5W1H deve ser estruturado para permitir uma rápida
identificação dos elementos necessários à implantação do projeto.
8. BRAINSTORMING Os elementos podem ser descritos como:
Brainstorming é a mais conhecida das técnicas de geração de WHAT - O que será feito (etapas);
ideias. Foi originalmente desenvolvida por Osborn, em 1938. Em HOW - Como deverá ser realizado cada tarefa/etapa (método);
Inglês, quer dizer “tempestade cerebral”. O Brainstorming é uma WHY - Por que deve ser executada a tarefa (justificativa);
técnica de ideias em grupo que envolve a contribuição espontânea WHERE - Onde cada etapa será executada (local);
de todos os participantes. Soluções criativas e inovadoras para WHEN - Quando cada uma das tarefas deverá ser executada
os problemas, rompendo com paradigmas estabelecidos, são (tempo);
alcançadas com a utilização de Brainstorming. O clima de W HO - Q u em realizará as tarefas (responsabilidade).
envolvimento e motivação gerado pelo Brainstorming assegura QUANDO USAR 5W1H
melhor qualidade nas decisões tomadas pelo grupo, maior • Referenciar as decisões de cada etapa no desenvolvimento
comprometimento com a ação e um sentimento de responsabilidade do trabalho.
compartilhado por todos. • Identificar as ações e responsabilidade de cada um na
execução das atividades.
QUEM O UTILIZA? • Planejar as diversas ações que serão desenvolvidas no
Todas as pessoas da empresa podem utilizar essa ferramenta, decorrer do trabalho.
devido à sua facilidade. Porém o sucesso da aplicação do PRÉ-REQUISITOS PARA CONSTRUI R UM 5W1H.
Brainstorming é seguir as regras, em especial a condução do • Um grupo de pessoas.
processo, que deve ser feita por uma única pessoa. • Um líder para orientar as diversas ações para cada pessoa.
COMO FAZER UM 5W1H.
QUANDO? • Construir uma tabela com as diversas questões; What, How,
O Brainstorming é usado para gerar um grande número de Why, Where e When.
ideias em curto período de tempo. Pode ser aplicado em qualquer • Fazer um questionamento em cima de cada item.
etapa do processo de solução de problemas, sendo fundamental • Anotar as decisões em cada questão considerada de suas
na identificação e na seleção das questões a serem tratadas e na atividades.
geração de possíveis soluções. Mostra-se muito útil quando se
deseja a participação de todo grupo.

Didatismo e Conhecimento 38
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
Para efetivar a etapa do Controle (C), são mensurados os
3.3. MODELO DA FUNDAÇÃO NACIONAL resultados em relação a: situação econômico-financeira, clientes
DA QUALIDADE e mercado, pessoas, sociedade, processos principais do negócio e
processos de apoio, e fornecedores.
Os efeitos gerados pela implementação sinérgica das práticas
de gestão e pela dinâmica externa à organização podem ser
MODELO DE EXCELÊNCIA DA GESTÃO comparados às metas estabelecidas para eventuais correções de
O Modelo de Excelência da Gestão (MEG) é baseado em 11 rumo ou reforços das ações implementadas.
fundamentos e oito critérios. Como fundamentos podem definir os Esses resultados, apresentados sob a forma de informações e
pilares, a base teórica de uma boa gestão. Esses fundamentos são conhecimento, retornam a toda a organização, complementando o
colocados em prática por meio dos oito critérios. São eles: ciclo PDCA com a etapa referente à ação (A).
Fundamentos: pensamento sistêmico; aprendizado Essas informações representam a inteligência da organização,
organizacional; cultura de inovação; liderança e constância de viabilizando a análise do desempenho e a execução das ações
propósitos; orientação por processos e informações; visão de necessárias em todos os níveis. A gestão das informações e dos
futuro; geração de valor; valorização de pessoas; conhecimento ativos intangíveis é um elemento essencial à jornada em busca da
sobre o cliente e o mercado; desenvolvimento de parcerias e excelência.
responsabilidade social.
Critérios: liderança; estratégias e planos; clientes; sociedade;
informações e conhecimento; pessoas; processos e resultados. 3.4. MODELO DO GESPÚBLICA.
A figura representativa do MEG simboliza a organização,
considerada como um sistema orgânico e adaptável ao ambiente
externo. O MEG é representado pelo diagrama acima, que utiliza
O Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização
o conceito de aprendizado segundo o ciclo de PDCA (Plan, Do,
GESPÚBLICA foi instituído pelo Decreto nº 5.378 de 23 de fe-
Check, Action).
vereiro de 2005 e é o resultado da evolução histórica de diversas
O sucesso de uma organização está diretamente relacionado à iniciativas do Governo Federal para a promoção da gestão pública
sua capacidade de atender às necessidades e expectativas de seus de excelência, visando a contribuir para a qualidade dos serviços
clientes. Elas devem ser identificadas, entendidas e utilizadas para públicos prestados ao cidadão e para o aumento da competitivida-
que se crie o valor necessário para conquistar e reter esses clientes. de do País.
Para que haja continuidade em suas operações, a empresa Visto como uma política pública fundamentada em um mode-
também deve identificar, entender e satisfazer as necessidades lo de gestão específico, o Programa tem como principais caracte-
e expectativas da sociedade e das comunidades com as quais rísticas o fato de ser essencialmente público orientado ao cidadão
interage — sempre de forma ética, cumprindo as leis e preservando e respeitando os princípios constitucionais da impessoalidade, da
o ambiente. legalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência de ser
De posse de todas essas informações, a liderança estabelece contemporâneo alinhado ao estado da arte da gestão de estar volta-
os princípios da organização, pratica e vivencia os fundamentos do para a disposição de resultados para a sociedade com impactos
da excelência, impulsionando, com seu exemplo, a cultura da na melhoria da qualidade de vida e na geração do bem comum e
excelência na organização. Os líderes analisam o desempenho de ser federativa com aplicação a toda a administração pública, em
e executam, sempre que necessário, as ações requeridas, todos os poderes e esferas do governo.
consolidando o aprendizado organizacional. Por sua vez, o Modelo de Excelência em Gestão Pública
As estratégias são formuladas pelos líderes para direcionar (MEGP) representa a principal referência a ser seguida pelas ins-
a organização e o seu desempenho, determinando sua posição tituições públicas que desejam aprimorar constantemente seus ní-
competitiva. Elas são desdobradas em todos os níveis da veis de gestão. Como todo modelo de gestão, o MEGP contém
organização, com planos de ação de curto e longo prazo. Recursos diretrizes expressas em seus critérios de excelência gerencial (li-
adequados são alocados para assegurar sua implementação. derança, estratégias e planos, cidadãos, sociedade, informação e
A organização avalia permanentemente a implementação conhecimento, pessoas, processos e resultados), técnicas e tecno-
das estratégias e monitora os respectivos planos e responde logias para sua aplicação (como, por exemplo, a Carta de Serviços
rapidamente às mudanças nos ambientes interno e externo. ao Cidadão, o Instrumento Padrão de Pesquisa de Satisfação, o
Guia de Gestão de Processos, o Guia ‘d’ Simplificação Adminis-
Considerando os quatro critérios apresentados, tem-se a etapa
trativa e o Instrumento de Avaliação da Gestão) e práticas de ges-
de planejamento (P) do ciclo PDCA.
tão implantadas com sucesso.
As pessoas que compõem a força de trabalho devem estar
Para que tanto o Modelo de Excelência em Gestão Pública
capacitadas e satisfeitas, atuando em um ambiente propício à quanto o próprio Programa GESPÚBLICA acompanhem a
consolidação da cultura da excelência. dinâmica da sociedade brasileira e estejam em conformidade com
Com isso, é possível executar e gerenciar adequadamente as necessidades dos cidadãos, são fundamentais ações contínuas
os processos, criando valor para os clientes e aperfeiçoando o de inovação do modelo, de sua comunicação e de garantia de sua
relacionamento com os fornecedores. A organização planeja e sustentabilidade.
controla os seus custos e investimentos. Os riscos financeiros são Nos últimos anos, o GESPÚBLICA utilizou-se de uma
quantificados e monitorados. estratégia de sucesso alicerçada no trabalho voluntário de
Conclui-se, neste momento, a etapa referente à execução (D) representantes de instituições públicas, desenvolvendo e
no PDCA. divulgando conceitos e soluções para gestão, implantando e

Didatismo e Conhecimento 39
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
mobilizando núcleos regionais e setoriais nas unidades da federação “Os projetos são empreendimentos com objetivos específicos
e realizando avaliações do nível de gestão das instituições, seja e ciclo de vida definido”. Na gerência de um projeto são postas em
por meio de auto-avaliações, seja nos ciclos anuais do Prêmio prática as funções administrativas tradicionais de planejamento,
Nacional da Gestão Pública. Destaque também foi dado a organização, motivação, direção e controle.
iniciativas relacionadas ao atendimento ao cidadão, tais como Responsabilidades dos profissionais de um projeto:
o desenvolvimento de estudos, guias e eventos para as centrais 1. Compreender as metas de tempo, custo e qualidade do
de atendimento integrado e a recente publicação do Decreto de projeto.
Simplificação do Atendimento. 2. Reconhecer as habilidades disponíveis e que as requeridas
Com o Decreto Presidencial que instituiu 2009 como o para o projeto podem
Ano Nacional da Gestão Pública, a estratégia do Programa para ser diferentes.
cumprimento de sua missão foi ajustada de forma a facilitar a 3. A duração da designação para um projeto é temporário.
construção coletiva de uma agenda de gestão e a adesão das 4. Compreender a designação específica do trabalho.
instituições aos princípios da Carta de Brasília, documento 5. Participar do planejamento do prometo.
elaborado em conjunto pelo Ministério do Planejamento e pelo 6. Informar sobre o progresso do trabalho.
A maioria das pessoas que trabalham em projetos não são
CONSAD e que contém um conjunto de orientações para a
treinadas em técnicas de gerência de projetos, mas indivíduos que
melhoria da gestão pública em nosso País. Em especial, foi criado
executam partes selecionadas do trabalho.
um fórum nacional permanente de discussão do tema, foi lançado
Tais indivíduos são os profissionais que possuem habilidades
o Portal Nacional da Gestão Pública e os processos de trabalho
para se trabalhar com projetos, mas que podem ter pouca
que sustentam o GESPÚBLICA passaram a ser a articulação,
experiência ou entendimento quanto à gerência de projetos.
o fomento e a mobilização de redes de gestão, com geração de O trabalho em projeto é muito diferente do trabalho na área
conhecimento em gestão pública. de produção, e é único em sua execução. Uma pessoa pode ser
Tais alterações vêm promovendo mudanças culturais no treinada em engenharia, física, ciência, ou comércio e ainda ser um
relacionamento entre o conjunto de instituições brasileiras, tais participante do projeto. A área de educação básica é transformada
como: a possibilidade de adesão ao GESPÚBLICA de qualquer e aperfeiçoada quando uma pessoa trabalha em um ambiente de
pessoa física ou jurídica pelo uso de instrumentos de gestão projeto.
ou mesmo pela simples participação nos fóruns de discussão Os projetos focalizam as metas concentradas em tempo, custo
presentes no Portal da Gestão Pública; a ampliação das ferramentas e qualidade.
disponíveis e a avaliação de sua qualidade pelos próprios
integrantes da Rede Nacional de Gestão Pública; o estabelecimento
de parcerias com especialistas em assuntos que vão desde a teoria
de redes e de sistemas complexos até a disposição de soluções 4.1 ELABORAÇÃO, ANÁLISE E
de gestão; e, principalmente, a intensa comunicação entre os AVALIAÇÃO DE PROJETOS.
participantes do movimento pela melhoria da gestão, por meio dos
mais eficientes canais (vídeos, ensinos à distância, redes sociais e
blogs de gestão). Um projeto, considerado em sentido formal e limitado,
Em uma visão mais ampla do Programa, iniciativas como a constitui apenas um documento que retrata um processo de
proposta de contratualização do desempenho, a lei orgânica da planejamento pelo qual se tomam decisões a respeito de resumos de
administração, o desenvolvimento e a implantação de indicadores ação, emprego de recursos e de esforços, bem como se especificam
de desempenho, a adequação da força de trabalho das organizações ações e condições necessárias para resolver problemas, alterar uma
e as ações dos programas de cooperação internacional para a situação ou criar novas. A partir de tal consideração, a tendência de
execução da agenda federativa se integram no cumprimento da planejadores é a de focalizarem o documento e não os processos e
missão de melhorar os serviços prestados à sociedade. respectivos resultados que se pretende ao elaborá-lo.
Temos a certeza que gestão pública é um desafio altamente Elaborar projeto significa planejar cursos específicos
e dinâmicos de ação, tendo-se em mente articular todos os
complexo e de tal importância para a sociedade brasileira que não
elementos envolvidos (pressupostos, objetivos, objeto, método
pode se restringir à ação de poucos.
e seus desdobramentos, clientes, condições físicas, materiais,
financeiras e circunstâncias necessárias para sua execução), a
partir de uma visão concreta da realidade e comprometimento com
4. GESTÃO DE PROJETOS. a sua transformação.
Em seu sentido mais amplo, e na realização plena do seu
significado, o mais importante não é o documento produzido
pelo planejamento, e sim o processo mental e social que envolve
A definição inicial de um projeto é “qualquer empreendimento o empreendimento que mobiliza e que se faz presente na ação
que tenha objetivos claros e definidos que representam valores inteligente dos integrantes do projeto, que cria a predisposição
específicos a serem usados para satisfazer alguma necessidade ou e determinação para agir visando consequências concretas e
desejo”. positivas.

Didatismo e Conhecimento 40
ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
ativa”. Portanto, a proposição de objetivo geral pressupõe que se
4.2 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS tenha claro o foco unitário e que se entende bem e claramente o
MODELOS DE GESTÃO DE PROJETOS. significado e alcance do(s) conceito(s) nele(s) inserido(s).
Objetivos específicos: apontam para dimensões e aspectos
julgados importantes e necessários para a efetivação do(s)
Os projetos são normalmente autorizados como resultado de objetivo(s) geral(ais). Exemplo: “Definir o processo de regulação
uma ou mais considerações estratégicas. Estas podem ser uma das compras e contratação de serviços”, “Delinear o âmbito de
demanda de mercado, necessidade organizacional, solicitação de decisão sobre a realização de compras e de serviços”.
um cliente, avanço tecnológico ou requisito legal. d) Definição de metas
Uma meta corresponde a uma declaração quantitativa
As principais características dos projetos são:
dos resultados do projeto, declaração esta proposta de forma
• temporários, possuem um início e um fim definidos. mensurável, de maneira a determinar o foco específico da
• planejados, executado e controlado. avaliação.
• entregam produtos, serviços ou resultados exclusivos. Por exemplo: dado o objetivo de qualificar funcionários para a
• desenvolvidos em etapas e continuam por incremento melhoria na prestação de serviços, um projeto propõe como meta:
com uma elaboração progressiva. Treinar 35 vendedores no atendimento a clientes, visando um
• realizados por pessoas. aumento em 20% da clientela até dezembro.
• com recursos limitados. e) Delineamento de método, estratégias e procedimentos.
Constitui-se numa lógica que propõe e estabelece a unidade
da ação a ser desencadeada. É justamente a proposição de método
que garante a flexibilidade do projeto e a sua fluidez diante
4.3 PROJETOS E SUAS ETAPAS de imprevistos, enquanto na ausência dele surgem impasses,
imobilização, paradas, atrasos e desvirtuamentos,
f) Especificação de cronograma
Nesse sentido a elaboração de um projeto corresponde a A proposição do cronograma permite, portanto ajustar no
um processo de mobilização e promoção de sinergia para a ação tempo a proposição de resultados, tanto intermediários como
organizada e consistente. finais, estabelecendo importantes parâmetros de monitoramento e
a) Identificação do projeto avaliação do projeto.
Tem por objetivo apresentar as informações básicas para g) Identificação de recursos e custos
sua caracterização geral, de modo a dar uma ideia sobre a sua Um projeto não deve produzir resultados que valham menos
abrangência e aspectos gerenciais básicos. É o seu título, que traduz do que custa para promovê-lo. Sempre se deve esperar com a sua
implementação um retorno positivo na relação custo-benefício.
a natureza do projeto; a unidade ou setor onde será realizado; o
h) Proposição de monitoramento e avaliação
programa do qual faz parte; os responsáveis pela sua execução; a Todo projeto deve ter incorporado um conjunto de técnicas e
determinação do período de tempo para sua execução; o cliente a procedimentos de monitoramento da sua execução e avaliação dos
que se destina e o orçamento. resultados, de modo não apenas a garantir a sua execução no tempo
b) Descrição da situação-problema planejado, com os recursos previstos, mas também, e, sobretudo a
É a descrição de uma realidade específica, mediante análise identificar a necessidade de medidas corretivas durante o processo.
de todos os seus aspectos importantes de modo a caracterizar, com Sem o monitoramento do projeto não se pratica a sua gestão ou
clareza e objetividade, de uma situação que demanda ação de ino- gerenciamento.
vação, melhoria ou transformação. A adoção da palavra “proble- O monitoramento é uma atividade contínua, sistemática e
ma” trata-se de um termo convencional da Metodologia Científica regular que objetiva determinar se a implantação e implementação
que diz respeito ao foco de atenção ao projeto “problematizado”, do projeto são realizados de acordo com o planejado.
isto é questionado de modo a construir uma visão de novas reali- A avaliação, embora associada ao monitoramento, corresponde
dades. É necessário realizar análises bem fundamentadas, conside- ao processo de medida e de julgamento dos resultados parciais
rando elementos contextuais (a evolução da situação e sua relação e finais obtidos pelo projeto e seu impacto sobre a realidade.
com o modo de ser e de fazer), elementos comparativos (identifi- Corresponde, portanto, a uma verificação de eficácia do projeto.
cação de paralelos com elementos de outras situações semelhan-
tes), elementos analítico, críticos (evidencia a complexidade e a
dinâmica da situação vivenciada) e teóricos Nessa fase surgem as 5. GESTÃO DE PROCESSOS.
perguntas: “Quais são os processos relacionados à situação consi-
derada?”, “Quem é o cliente? Quais as suas necessidades presentes
e futuras?” “Como estão organizados os processos de trabalho?”.
Ao analisar um processo, a equipe de projeto deve partir
c) Proposição de objetivos
sempre da perspectiva do cliente (interno ou externo), de forma
A descrição do objetivo propõe um resultado alcançável num a atender às suas necessidades e preferências, ou seja, o processo
tempo limitado, de modo a estabelecer um compromisso de tra- começa e termina no cliente, como sugerido na abordagem
balho. derivada da filosofia do Gerenciamento da Qualidade Total (TQM).
Exemplo de um objetivo voltado para a área de Suprimentos: Dentro dessa linha, cada etapa do processo deve agregar valor
integrar e otimizar o processo de aquisição de bens e serviços. A para o cliente, caso contrário será considerado desperdício, gasto,
redação correta é “Garantir a oferta de bens e serviços adequados, excesso ou perda; o que representaria redução de competitividade
suficientes e em tempo hábil, para sua aquisição ágil, eficaz e pro- e justificaria uma abordagem de mudança.

Didatismo e Conhecimento 41
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Entender como funcionam os processos e quais são os tipos de custos no desenvolvimento de produtos e serviços, a redução
existentes é importante para determinar como eles devem ser nas falhas de integração entre sistemas e melhora do desempenho
gerenciados para obtenção de melhores resultados. da organização, além de ser uma excelente ferramenta para
Afinal, cada tipo de processo tem características específicas e possibilitar o melhor entendimento dos processos atuais e eliminar
deve ser gerenciado de maneira específica. ou simplificar aqueles que necessitam de mudanças.
O mapeamento do processo teve suas origens em uma
variedade de áreas, sendo que, a origem da maioria das técnicas
5.1 CONCEITO DA ABORDAGEM POR como o diagrama de fluxo, o diagrama de cadeia, o diagrama de
PROCESSOS movimento, os registros fotográficos, os gráficos de atividades
múltiplas e os gráficos de processo podem ser atribuídos a Taylor
e a seus estudos de melhores métodos de se realizar tarefas e
organização racional do trabalho.
A visão de processos é uma maneira de identificar e aperfeiçoar O mapeamento do processo serve para indicar a sequência de
as interfaces funcionais, que são os pontos nos quais o trabalho atividades desenvolvidas dentro de um processo. Deve ser feito
que está sendo realizado é transferido de um setor para o seguinte. de forma gráfica, utilizando-se a ferramenta fluxograma, para
Nessas transferências é que normalmente ocorrem os erros e a representá-lo.
perda de tempo. Uma grande quantidade de aprendizado e melhoria
Todo trabalho realizado numa organização faz parte de nos processos pode resultar da documentação e exame dos
um processo. Não existe um produto ou serviço oferecido sem relacionamentos input output representados em um mapa de
um processo. A Gestão por Processos é a forma estruturada de processos. Afinal, a realização deste mapa possibilita a identificação
visualização do trabalho. das interfaces críticas, a definição de oportunidades para simulações
O objetivo central da Gestão por Processos é torná-los mais de processos, a implantação de métodos de contabilidade baseados
eficazes, eficientes e adaptáveis. em atividades e a identificação de pontos desconexos ou ilógicos
Eficazes: de forma a viabilizar os resultados desejados, a nos processos. Desta forma, o mapeamento desempenha o papel
eliminação de erros e a minimização de atrasos; essencial de desafiar os processos existentes, ajudando a formular
Eficientes: otimização do uso dos recursos;
uma variedade de perguntas críticas, como por exemplo: Esta
Adaptáveis: capacidade de adaptação às necessidades
complexidade é necessária? São possíveis simplificações? Existe
variáveis do usuário e organização.
Deve-se ter em mente que, quando os indivíduos estiverem excesso de transferências interdepartamentais? As pessoas estão
realizando o trabalho através dos processos, eles estarão preparadas para as suas funções? O processo é eficaz? O trabalho
contribuindo para que a organização atinja os seus objetivos. Hunt é eficiente? Os custos são adequados? Em um mapa de processos
(1996) discute que esta relação deve ser refletida pela equipe de consideram-se atividades, informações e restrições de interface
trabalho, através da consideração de três variáveis de processo: de forma simultânea. A sua representação inicia-se do sistema
Objetivos do processo: derivados dos objetivos da organização, inteiro de processos como uma única unidade modular, que será
das necessidades dos clientes e das informações de benchmarking expandida em diversas outras unidades mais detalhadas, que,
disponíveis; conectadas por setas e linhas, serão decompostas em maiores
Design do processo: deve-se responder a pergunta: “Esta é detalhes de forma sucessiva. Esta decomposição é que garantirá a
melhor forma de realizar este processo?” validade dos mapas finais. Assim sendo, o mapa de processos deve
Administração do processo: devem-se responder as seguintes ser apresentado em forma de uma linguagem gráfica que permita:
perguntas: “Vocês entendem os seus processos? Os subobjetivos • Expor os detalhes do processo de modo gradual e
dos processos foram determinados corretamente? O desempenho controlado;
dos processos é gerenciado? Existem recursos suficientes alocados • Encorajar concisão e precisão na descrição do processo;
em cada processo? As interfaces entre os processos estão sendo • Focar a atenção nas interfaces do mapa do processo;
gerenciadas?”. • Fornecer uma análise de processos poderosa e consistente
Realizando estas considerações, a equipe estabelecerá a com o vocabulário do design.
existência da ligação principal entre o desempenho da organização O mapeamento do processo serve para indicar a sequência de
e o individual no desenvolvimento de uma estrutura mais atividades desenvolvidas dentro de um processo. Tal etapa inicia-
competitiva, além de levantar informações que servem para
se determinando as seguintes informações:
comparar as situações atuais e desejadas da organização, de forma
• Nome do processo;
a impulsionar a mudança.
• Objetivos do processo;
• Entradas do processo (fornecedores e insumos);
• Necessidades dos clientes (quem são, requisitos, normas
5.2 TÉCNICAS DE MAPEAMENTO, de orientação);
ANÁLISE E MELHORIA DE PROCESSOS • Recursos necessários;
• Formas de controle;
• Saídas do processo (produtos e resultados esperados).
O MAPEAMENTO de processos é uma ferramenta gerencial Comece pelo seu produto prioritário (produto crítico). Não
analítica e de comunicação que têm a intenção de ajudar a melhorar queira fazer tudo perfeito da primeira vez. Não tenha medo de
os processos existentes ou de implantar uma nova estrutura voltada errar. O mapeamento inicial deve refletir a situação real e não
para processos. A sua análise estruturada permite, ainda, a redução aquela que se imagina que seja a ideal.

Didatismo e Conhecimento 42
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O mapeamento deve conter as tarefas prioritárias para a sua produtividade e competitividade. Surge a primeira inspeção, com
execução. A forma de determinar as tarefas prioritárias é por inter- objetivo simplório de separar produtos “bons e ruins”, em seguida
médio de reunião com os responsáveis pelo processo. As tarefas o controle de qualidade passa a incluir o processo produtivo na
prioritárias são aquelas que: Se houver um pequeno erro, afetam avaliação dos produtos, mas ainda não garante produtos livres de
fortemente a qualidade do produto; Já ocorreram acidentes no pas- falhas, pois as ferramentas avaliam o fim do processo. A garantia
sado; Ocorrem “problemas” na visão dos supervisores e respon- da qualidade passa então a atuar preventivamente, com inspetores
sáveis. ao longo da cadeia produtiva, surge o conceito mais amplo de
MONITORANDO OS PROCESSOS Qualidade Total que inclui as pessoas no “combate” aos erros e
O que se pode medir, se pode gerenciar. Gerenciar significa defeitos em ações globais de atuação. Atualmente um conjunto
ter o controle sobre os processos, tendo informações sobre o seu de técnicas e ferramentas foi agregado aos sistemas da qualidade
desempenho, que levarão a tomada consciente de decisão. Isso não tornando-os complexos e robustos, no sentido de envolver todas
quer dizer que todas as tarefas e atividades de um processo deve- as pessoas e áreas das empresas para o alcance dos resultados
rão ser monitoradas. Mas aquelas que podem causar problemas almejados.
sim. Mesmo que isso signifique monitorar um item de cada vez. Neste sentido, torna-se indispensável um estudo cuidadoso dos
Uma forma de monitorar um processo é utilizando indicado- processos produtivos, pois eles representam o esqueleto central de
res de desempenho. Os indicadores são formas de representações análise das ferramentas de padronização e normalização. As normas
quantificáveis das características de um processo e de seus produ- ISO significa, International Organization for Standardization
tos ou serviços. Utilizamos indicadores para controlar e melhorar (Organização Internacional de Normalização), seu objetivo é
a qualidade e o desempenho destes produtos ou serviços ao longo promover o desenvolvimento de normas, testes e certificação
do tempo. constituem-se um conjunto de normas que apresentam diretrizes e
Muitas organizações têm dificuldades em criar indicadores de modelos para a garantia da qualidade. Elas estabelecem elementos
ou critérios que visam estruturar os processos de maneira que os
desempenho, devido ao fato de que eles enfatizam os indicadores
mesmos possam ser minuciosamente documentados.
de resultado, aqueles relacionados ao produto final da organização, A Gestão da Qualidade, assim como a própria Qualidade possui
e não a maneira como os processos estão sendo desempenhados. diversos conceitos, muitos autores e pensadores estabeleceram suas
Basicamente podemos ter dois tipos de indicadores. Os in- definições e correntes, de acordo com pontos de vista observados.
dicadores resultantes (outcomes) e os indicadores direcionadores Os conceitos aqui apresentados não são únicos, nem se esgotam
(drivers). aqui. São antes de tudo referências básicas e introdutórias. Vamos
Os indicadores resultantes: Permitem saber se o efeito dese- a eles:
jado foi obtido; Ligados ao resultado final do processo; Baixa O que é Gestão?
frequência de análise (longo prazo); Mostram o passado; Mais Atividades coordenadas para dirigir e controlar uma
comparáveis. organização.
Os indicadores direcionadores: Permitem analisar as causas O que é um Sistema de Gestão?
presumidas do efeito, de forma proativa; Ligados às tarefas inter- Sistema para estabelecer políticas e objetivos e para atingir
mediárias do processo; Alta frequência de análise (curto prazo); estes objetivos.
Antecipam o futuro; Menos comparáveis. O que é Política da Qualidade?
Os indicadores direcionadores medem as causas, os fatores Intenções e diretrizes globais de uma organização, relativas à
que levam aos efeitos. Estes por sua vez, são monitorados pelos qualidade, formalmente expressas pela Alta Direção.
indicadores resultados. Entre eles existe uma relação de causa e Qual o Objetivo da Qualidade?
efeito, que se tomada partido, auxilia no gerenciamento do proces- Aquilo que é buscado, almejado, no que diz respeito à
so e na tomada de decisão. qualidade.
Os indicadores direcionadores, também chamados de indica- Quais são as normas da série ISO 9000?
dores de controle dos processos são utilizados como instrumentos A ISO 9000 é uma série de cinco normas internacionais sobre
de observação para identificar situações ou tendências antes que o gerenciamento e a garantia da qualidade, que compreende a ISO
elas se tornem perigosas e como garantia de que o processo está 9000, ISO 9001, ISO 9002, ISO 9003 e ISO 9004. A ISO 9000
funcionando da maneira correta. Eles são usados como sensores serve de roteiro para implementar a ISO 9001, ISO 9002 ou a
do sistema de mensuração para conduzir o trabalho e medir os re- ISO 9003. Estas três normas da qualidade podem ser entendidas
pela diferença entre suas abrangências. A mais abrangente, a ISO
sultados.
9001, incorpora todos os 20 elementos de qualidade da norma da
Ao se criar indicadores de desempenho, podemos ter em qualidade; a ISO 9002 possui 18 daqueles elementos e a ISO 9003
mente outro tipo de classificação, quanto ao tipo dos indicadores. tem 12 elementos básicos.
Dependendo do tipo de processo, podemos criar indicadores que A norma ISO 9001 é utilizada pelas companhias para controlar
reflitam a Economicidade, a Eficiência, a Eficácia e a Efetividade seus sistemas de qualidade durante todo o ciclo de desenvolvimento
dos esforços despendidos pela organização. dos produtos, desde o projeto até o serviço. Ele inclui o elemento
do projeto do produto, que se torna mais crítico para os clientes
que se apoiam em produtos isentos de erros.
5.3 PROCESSOS E A norma ISO 9002 é usada por companhias as quais a ênfase
CERTIFICAÇÃO ISSO 9000:2000. está na produção e na instalação. Esta norma da qualidade pode ser
utilizada por uma empresa cujos produtos já foram comercializados,
testados, melhorados e aprovados. Desta forma, há a possibilidade
de a qualidade do produto ser alta. Estas companhias focalizam
A história da Qualidade atravessa as fases de pré e pós- seus esforços para a qualidade na conservação e no melhoramento
industrialização sempre buscando objetivos de atingir melhores dos sistemas da qualidade existentes, em lugar de desenvolverem
níveis de excelência, em meio a dificuldades de mercado, sistemas da qualidade para um produto novo.

Didatismo e Conhecimento 43
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A norma ISO 9003 é dirigida para companhias nas quais seguir o conhecido plano  PDCA  (Plan,  Do,  Check,  Act). Após
sistemas abrangentes da qualidade podem não ser importantes ou a coleta dos dados eles devem ser compilados para retirar as
necessários, como, por exemplo, as fornecedoras de mercadorias, informações necessárias sob a forma de gráficos, sendo o gráfico
nestes casos, a inspeção e o ensaio final do produto seriam de linhasrepresentado pelo plano cartesiano e graficamente
suficientes. distribuído sob forma de linhas horizontais oscilantes de acordo
Por que implantar a ISO? com o valor de leitura das amostras, onde o eixo y representa os
O objetivo da ISO 9001 é atender as demandas dos clientes valores e oeixo x representa a linha de tempo de cada leitura.
com eficácia, aumentando sua satisfação! Uma organização que Controle de Processos
implanta a ISO 9001 se torna mais organizada e é reconhecida pela Cada processo modela-se de acordo com diversos fatores que
competência de seus produtos e serviços. podem ser físicos, tecnológicos, operacionais, naturais, normativos
Os funcionários se desenvolvem profissionalmente, e muitos outros variando entre processos. É de fundamental
aumentando suas oportunidades! Além disso, passam a ter um importância o conhecimento total do processo, ou seja, quem
ambiente melhor de trabalho. O cliente ganha, adquirindo produtos coletará os dados deve saber, no mínimo, o comportamento do
e serviços confiáveis e de melhor qualidade. Os fornecedores processo, suas variações, possíveis problemas e consequentemente
ampliam suas possibilidades de negócios e passam a serem a solução dos mesmos.
parceiros da qualidade. Após a coleta dos dados é fundamental que eles sejam
Podemos simplificar a ISO 9001 em três pontos principais: analisados e que padrões sejam definidos, encontrar valores ou
• SATISFAÇÃO DO CLIENTE fatores de controle que serão chamados de limites de controle e
 Este é o foco principal! Sem clientes, não existe organização. são divididos em três tipos:
• INDICADORES DE DESEMPENHO • Limite superior de controle (LSC): é o maior limite aceito
Eles ajudam a organização a medir seu desempenho e indicam pelo processo, analisado através de uma variação especificada
onde há pontos fortes e onde pode-se melhorar. posteriormente.
• MELHORIA CONTÍNUA • Limite de controle (LC): é o valor zero ou ideal para a
 Para ter clientes sempre satisfeitos precisa-se evoluir a cada amostra, exemplo um produto com peso nominal de 500g tem peso
dia!
ideal igual a 500g, ou seja, sem qualquer variação.
• Limite inferior de controle (LIC): é o menor limite aceito
pelo processo.
5.4 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA Além destes limites de controle podemos definir outros pontos
APLICADA AO CONTROLE E À MELHORIA de verificação, como média móvel, linha de tendência ou média
DE PROCESSOS das médias de acordo com a necessidade de cada processo.
Definidos os limites de controle vamos validar estes limites
através de análise de normas, técnicas e verificação do processo,
O Controle Estatístico de Processos (CEP) é uma ferramenta pode ocorrer que algum processo esteja sob controle analisando-o
da qualidade utilizada nos processos produtivos (e de serviços) pelo próprio processo, porém o processo pode estar fora do
com objetivo de fornecer informações para um diagnóstico requisito de algum regimento ou norma.
mais eficaz na prevenção e detecção de defeitos/problemas nos Implantação do CEP
processos avaliados e, consequentemente, auxilia no aumento da A fase de implantação do CEP deve seguir alguns requisitos,
produtividade/resultados da empresa, evitando desperdícios de como a modelagem da ferramenta de apoio contendo campos úteis
matéria-prima, insumos, produtos, etc. nas tomadas de decisão, por exemplo:
Posteriormente o CEP trará menos retrabalho aproveitando • Data: define o dia em que foram coletados os dados
melhor os recursos disponíveis e o bem estar dos funcionários que referentes à leitura.
passarão a trabalhar melhor e com metas específicas para cada • Hora: registra a hora que os dados foram coletados,
área, podendo assim implantar outros programas como o plano de objetivando a rastreabilidade do processo.
remuneração variável (PRV). • Responsável: define quem fez a coleta dos dados.
Estes recursos podem ser usados tanto numa grande empresa • Amostra 1, Amostra 2... Amostra n: representa a
como na mais simples delas, tendo como característica comum composição da amostra, que poderá ter um ou mais elementos,
o uso de uma ferramenta gráfica e pessoas capacitadas para bastando para isso definir no escopo do projeto.
analisar criticamente os resultados obtidos para implementarem as • Média: representa à média das amostras compostas de
melhorias possíveis. mais de uma leitura coletada, caso número de amostras seja maior
A estatística  é a ciência que examina a ocorrência de fatos que um.
entre uma população sob forma de amostra, permite realizar • Limites de Controle: limites definidos anteriormente
estudos sobre o comportamento de uma população em relação a um entre limite superior, limite de controle e limite inferior para
determinado aspecto. Seus resultados são graficamente analisados, auxiliar na visualização do processo.
tornando assim mais simples a visualização de variações dos • Problema: é a descrição do problema de forma bem
resultados e a parametrização dos dados. simples.
Os elementos estatísticos baseiam-se num universo de • Causa: representa o porquê da ocorrência do problema
amostras que podem ser retiradas aleatoriamente, em horários ou desvio do processo, já definido anteriormente, estes dados serão
determinados ou em situações determinadas, bastando para isso usados como entrada no gráfico de pareto.

Didatismo e Conhecimento 44
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• Ação corretiva: representa a ação imediata tomada para III. As secretarias formuladoras de políticas e as unidades
conter o problema, naquele momento específico, ou seja, para executoras dessas políticas devem ser separadas e a relação
cada desvio do processo será aberta uma ação corretiva no próprio entre elas operada por meio de contratos de gestão baseados no
documento de anotação do CEP, seja ele por meio eletrônico ou desempenho de resultados.
registros impressos. IV. O Estado deve orientar suas ações para o cidadão-usuário
Estando todos os campos necessários definidos, preparamos os de seus serviços.
gráficos de controle para a certificação do processo, estes gráficos V. Um dos princípios centrais do paradigma pós-burocrático
serão usados para facilitar a visualização dos desvios, ficando a é a ênfase no controle de resultados por meio dos contratos de
critério de cada responsável a definição dos tipos usados. gestão.
a) Estão corretas APENAS as afirmativas I e II.
EXERCÍCIOS b) Estão corretas APENAS as afirmativas I, II e V.
c) Estão corretas APENAS as afirmativas II, III e IV.
1) Com relação à estrutura informal, assinale a alternativa d) Estão corretas APENAS as afirmativas III e IV.
correta. e) Estão corretas APENAS as afirmativas III, IV e V.
a) É a rede de relações sociais e interpessoais que é estabelecida
ou requerida pela estrutura formal. Surge da interação social das 4) O Programa Nacional de Desburocratização, implantado
pessoas, o que significa que deve se desenvolver na organização, no início dos anos 80, idealizado pelo Ministro Hélio Beltrão,
quando as pessoas se reúnem. caracterizou-se
b) É a rede de relações sociais e pessoais que é estabelecida a) pela retomada dos conceitos contidos no Decreto-Lei nº 200,
ou requerida pela estrutura formal. Surge da interação social das de 1967, buscando, assim, a atuação administrativa centralizada,
pessoas, o que significa que se desenvolve espontaneamente, sem, no entanto, deixar de lado a dimensão política do governo.
quando as pessoas se reúnem. b) pela diminuição do peso das instituições burocráticas
c) É aquela deliberadamente planejada e informalmente no serviço público, procurando retomar alguns procedimentos
representada, em alguns de seus aspectos, pelo organograma. tradicionais da rotina administrativa, não necessariamente
d) É aquela deliberadamente planejada e formalmente alinhados com a eficiência.
representada, em alguns de seus aspectos, pelo organograma. c) pela implementação por meio de uma sólida base
e) É a rede de relações sociais e pessoais que não é estabelecida parlamentar de apoio, o que lhe forneceu condições inéditas de
ou requerida pela estrutura formal. Surge da interação social das
sustentabilidade.
pessoas, o que significa que se desenvolve espontaneamente,
d) por focalizar o usuário do serviço público e divulgar
quando as pessoas se reúnem.
amplamente seus princípios norteadores, concentrando-se na
produção de mudanças no comportamento e na atuação da
2) O inventário físico consiste na contagem física dos itens de
burocracia pública.
estoque com o intuito de avaliar as alterações e ajustar as diferenças
e) pela introdução, no setor público, de alguns estilos
entre o inventário e o controle de estoques. Para isso, o inventário
físico é efetuado de duas maneiras: periódico ou rotativo. Significa gerenciais baseados nos modelos e princípios administrativos do
dizer que: setor privado, conseguindo, assim, a ampla adesão de empresas
a) O periódico é realizado na contagem física dos estoques estatais e dos principais grupos financeiros do País.
em determinados períodos e o rotativo é realizado na contagem
física dos estoques permanentemente. 5) A administração pública societal busca um novo modelo de
b) O periódico é realizado na contagem física dos estoques desenvolvimento baseado, por exemplo, em uma visão deliberativa
de forma permanente e o rotativo é realizado na contagem física e participativa da democracia. Emerge, então, a importância
dos estoques em determinados períodos. do formato e da dinâmica institucionais que possibilitem a
c) O periódico é realizado na contagem física dos estoques transformação das relações entre Estado e sociedade. Assinale a
em determinados períodos e o rotativo é realizado na contagem alternativa que contém exemplos de novos arranjos institucionais
física dos estoques somente em períodos de fiscalização. segundo o modelo societal.
d) O periódico é realizado na contagem física dos estoques a) as Agências Reguladoras Independentes e os Fóruns Temá-
somente em períodos de fiscalização e o rotativo é realizado na ticos
contagem física dos estoques a todo momento em que ocorre b) o Orçamento Participativo e o Governo Eletrônico
entrada e saída de itens do estoque.
6) (FGV/FIOCRUZ/ANALISTA DES. INSTITUCIO-
3) A implantação do paradigma pós-burocrático no Brasil NAL/2010)
orientou-se para o aumento da capacidade de governo, por meio Com relação às características básicas da Administração Pú-
da adoção dos princípios da administração gerencial. Em relação blica Gerencial, assinale a afirmativa incorreta.
a esses princípios: a) É orientada para o cidadão e para a obtenção dos resultados.
I. A principal forma de controle sobre as unidades executoras b) Pressupõe que os políticos e os funcionários públicos são
de políticas públicas é o controle social direto: através da merecedores de grau limitado de confiança.
participação em conselhos. c) Concentra-se no processo.
II. O núcleo estratégico das atividades típicas de Estado d) Serve-se, como estratégia, da descentralização e do incenti-
deve ser convertido em cargos de nomeação política, passando a vo à criatividade e à inovação.
controlar de forma exclusiva a formulação e a gestão de políticas e) Utiliza o contrato de gestão como instrumento de controle
públicas. dos gestores públicos.

Didatismo e Conhecimento 45
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7) O líder orientado para as pessoas tende a apresentar os
5 E
seguintes comportamentos:
a) enfatiza o cumprimento de prazos e busca sempre superar a 6 C
concorrência para obter resultados superiores.
b) esclarece as responsabilidades individuais; focaliza o 7 C
trabalho do colaborador e do grupo e focaliza o cumprimento de 8 CERTO
metas.
c) apoia os colaboradores; focaliza o próprio colaborador ou 9 CERTO
grupo, enfatizando as relações humanas e o desenvolvimento da 10 E
capacidade de trabalhar em equipe e é amigável.
d) busca sempre superar desempenhos passados; focaliza 11 ERRADO
a necessidade do cumprimento dos padrões de qualidade e cria
controles de supervisão sobre os trabalhos realizados por cada
colaborador.
e) identifica o que cada colaborador deve realizar no trabalho; ANOTAÇÕES
atua com controles de qualidade bem estabelecidos e promove
foco em resultados no grupo.

8) (CESPE - 2012 - ANATEL - Técnico Administrativo)


Julgue o próximo item, relativo à gestão da qualidade.
—————————————————————————
Considere que determinada organização necessite solucionar
um tipo de reclamação de usuários motivada por diversas causas e —————————————————————————
que, por limitação de recursos, a organização pretenda solucionar
as causas mais relevantes. Nessa situação, o diagrama de Pareto —————————————————————————
seria uma ferramenta útil para a priorização das causas mais
—————————————————————————
relevantes.
( ) Certo ( ) Errado —————————————————————————
9) (CESPE - 2012 - ANCINE - Técnico Administrativo) —————————————————————————
A gestão da qualidade prevê a eliminação ou a simplificação de
processos que não adicionem valor ao produto.
—————————————————————————
( ) Certo ( ) Errado —————————————————————————
10) (FAURGS - 2012 - TJ-RS - Analista Judiciário - Área —————————————————————————
Administrativa) Assinale a alternativa que apresenta ferramentas
que NÃO são utilizadas na gestão pela qualidade total. —————————————————————————
a) Gráfico de barras e diagrama de causa e efeito. —————————————————————————
b) Folha de verificação e gráfico de controle.
c) Diagrama de dispersão e diagrama de linha de tempo. —————————————————————————
d) Diagrama de Pareto e fluxograma.
e) Organograma radial e método linear. —————————————————————————
—————————————————————————
11) A respeito de gestão de pessoas e gestão da qualidade,
julgue os itens a seguir. —————————————————————————
De acordo com Ishikawa e Feignebaum, a escola da
qualidade total propõe que se designe uma unidade responsável, —————————————————————————
normalmente o departamento de qualidade, para garantir a —————————————————————————
qualidade dos processos e dos produtos entregues pela organização.
( ) Certo ( ) Errado —————————————————————————
—————————————————————————
Gabarito
—————————————————————————
1 E
2 A
—————————————————————————

3 E —————————————————————————

4 D —————————————————————————

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