Você está na página 1de 13

Processo Penal – Aula 2

INQUÉRITO POLICIAL
Características:
Inquisitoriedade: = investigatoriedade. É a não aplicação os princípios da ampla
defesa e do contraditório durante o inquérito policial. Esses princípios se aplicam para
os processos administrativos. O inquérito é PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. Já
que ninguém será punido, não há ampla defesa e contraditório. A ampla defesa é a
utilização dos mecanismos defensivos estipulados em lei, ex: memoriais. É a defesa
técnica (exercida pelo advogado ou DP) e a autodefesa (exercida pelo acusado). O
contraditório é a possibilidade de se manifestar em relação a um ato que está sendo
produzido.
Art. 212 do CPP (alterado pela reforma de 2008): permite perguntas diretas às
testemunhas. Isso é exercer o contraditório.
Art. 188 do CPP: vigora o sistema presidencialista no interrogatório.
Art. 7º, XXI, EOAB: acrescentado pela lei 13.245/16. É direito do advogado
“ASSISTIR” a seu cliente durante o inquérito policial. Não liberou a ampla defesa e o
contraditório, mas permite que o advogado preste assistência jurídica, oriente, seu
cliente. Pode o cliente olhar para o advogado antes de responder uma pergunta e o
advogado responder “essa pergunta você não precisa responder”, mas o advogado
não pode fazer perguntas. O inciso fala de nulidade.
Sigiloso: o código é de 1941, nesse ano vigorava a ditadura havia um estado
autoritário. O art. 20 do CPP consagra o sigilo do inquérito. A CF/88 rompe com o
estado autoritário. O STF editou a SV 14: é direito do defensor ter acesso AMPLO aos
elementos de prova JÁ DOCUMENTADOS. Isto é, o STF proibiu esse inquérito
totalmente sigiloso, mas a atividade policial precisa da surpresa. Então o IPL é fatiado,
diligências já documentadas e diligências em andamento. Não se pode acessar as
diligências em andamento, estas serão sigilosas.
O que o advogado pode fazer caso o delegado o impeça de tirar cópia do que
já é documentado? A primeira medida é o MS (direito líquido e certo). Posso entrar
com uma reclamação (SV que não está sendo respeitada). Há ainda a possibilidade
de impetrar habeas corpus.
Art. 13-a e 13-b do CPP: tráfico de pessoas. O 1º fala de dados cadastrais,
pode o delegado requisitar diretamente a qualquer órgão público ou privado dados
cadastrais de suspeitos e de vítimas do crime de tráfico de pessoas. O 2º fala de
sinais de localização, para que o delegado obtenha sinais de localização de suspeitos
e de vítimas é necessária autorização judicial. Se o juiz não responder em 12 horas, o
delegado pode obter estas informações diretamente.
IPL concluído: o delegado deve elaborar um relatório (art. 10, §1º do CPP) e tipificar a
conduta. O inquérito e o relatório são encaminhados ao poder judiciário. Há 2
hipóteses:
A) Crime de ação penal pública: há remessa ao MP (art. 126, I, CF: titular da
pretensão punitiva). Quando o MP recebe o inquérito, há 3 possibilidades: (1)
há indícios, materialidade e o crime é de A. P. Pública, o MP oferece a
denúncia (5 dias – preso e 15 dias – solto); (2) se o inquérito está incompleto o
MP pode requisitar novas diligências, o delegado é obrigado a cumprir; e (3)
pode pedir o ARQUIVAMENTO (consagração que o estado não tem interesse
ou não pode oferecer uma ação penal), pode ocorrer quando há falta de provas
ou a prescrição, por exemplo. O MP promove o arquivamento, opina por ele.
Toda vez que o MP o fizer, o feito vai ser encaminhado ao juiz (para fiscalizar o
MP). Quando o juiz é chamado, pode homologar o arquivamento ou discordar
do arquivamento. Art. 28 do CPP: O feito é encaminhado ao procurador geral,
que (1) pode sustentar que é caso de arquivamento ou (2) pode opinar pela
ação, que ou o próprio procurador geral denuncia ou delega para outro
promotor.
O procurador geral quer ajuizar a ação penal. Por que não obriga o promotor
que opinou pelo arquivamento a oferecer a ação? Ausência de hierarquia,
liberdade/independência funcional, ele não pode!

B) Crime de ação penal privada (art. 19 CPP): o inquérito fica no poder judiciário.
Tenho 6 meses a contar do conhecimento da autoria para ajuizar a queixa-
crime, depois disso extingue-se a punibilidade.

O inquérito arquivado pode ser desarquivado. Art. 18 CPP. Quando? Basta ter
NOTÍCIA. Ex: 1 ano depois surge a notícia de que a testemunha chave que estava
desaparecida reapareceu. Isso não é prova nova, é mera notícia. Se a notícia não foi
suficiente, o inquérito será novamente arquivado. Aquilo que era notícia pode virar
provas novas. Ex: ex esposa de Celso Pitta, que após separação conta tudo sobre o
esquema do marido. Para promover a ação penal, é necessária PROVA NOVA.

AÇÃO PENAL
Art. 24 do CPP
TGP: condições da ação:
a) legitimidade
b) possibilidade jurídica do pedido
c) interesse de agir: ex: no intervalo o aluno deixa as coisas em cima da mesa e na
volta não tem mais nada: crime de furto. O aluno tem interesse em retomar o
patrimônio? Sim. Todos os outros alunos têm interesse nesse caso. Então, o interesse
é obviedade. Há uma nova teoria do processo penal. A doutrina está dividida.
Mas ninguém discorda da JUSTA CAUSA PENAL. São os indícios de autoria e
materialidade. Há penas privativas de liberdade, restritiva de direitos e multa. Mas o
fato de ser investigado ou acusado já prejudica a vida de uma pessoa inocente. A justa
causa é impedir acusação leviana. Não cabe, por exemplo, denúncia genérica. A justa
causa é uma causa de proteção. Art. 395, III, CPP.
Requisitos da ação penal: art. 41 e 44 CPP
a) Exposição do fato;
b) Qualificação do acusado ou sinais característicos;
c) Classificação do crime; e
d) Rol de testemunhas.
Basta isso para denúncia ou queixa.
OBS: Na queixa precisa ter procuração.

Modalidades de ação penal:


A diferença é quanto a titularidade. Será pública quando o titular for o MP (art. 129, I,
CF), conhecida como denúncia (art. 46 CPP - 5 dias preso e 15 dias solto).
Princípios que regem a ação penal pública:
- Principio da oficialidade (MP órgão oficial);
- Princípio da intranscendência ou pessoalidade (impede a denuncia genérica, a um
grupo de pessoas);
- Princípio da obrigatoriedade: art. 24 CPP: a ação penal SERÁ promovida se há
indício de autoria e materialidade, mas no JECRIM - crimes < 2 anos - de menor
potencial ofensivo, se aplica a obrigatoriedade regrada, pois o MP tem que oferecer a
transação penal ainda que haja indício de autoria e materialidade. O que acontece
com o descumprimento da transação penal? Súmula Vinculante n 35: prosseguimento
do feito, ou seja, ou o MP promove a ação penal ou inaugura um inquérito policial,
depende de haver indício de autoria e materialidade ou não.
- princípio da indisponibilidade: art. 42 do CPP, o MP não pode desistir.
Na ação penal pública, há 3 modalidades: (quem define é o legislador)
a) incondicionada (= denúncia): no silêncio total da lei. Novo art. 225 do CP está
escrito, pois houve mudança. Art. 100 da lei 8.666/93: licitação e contratos, também
prevê ação penal pública incondicionada, pois quem lê essa lei nem sempre é
advogado. Mas o homicídio (121 CP) é ação penal pública incondicionada, pois nada
está escrito.
b) condicionada a representação do ofendido: quando a lei diz que é condicionada a
representação. A representação é condição de procedibilidade, para proceder a ação
o MP precisa da representação, assim como o delegado também precisa para abrir
inquérito. Art. 147 CP: ameaça, está escrito. Art. 140, parágrafo 3o c/c 145 CP. A
representação pode ser retirada até o momento do oferecimento, propositura da ação.
A representação tem prazo de 6 meses a contar da autoria.
c) condicionada a requisição do Ministro da Justiça: RARÍSSIMO. Casos de ofensa à
soberania nacional.
Ação penal privada (queixa-crime):
Ofendido representado pelo advogado. Art. 30 do CPP. Prazo de 6 meses a contar do
conhecimento da autoria. O prazo penal conta o primeiro dia e exclui o último. Ex:
11/01/2019 - 10/07/2019 final do prazo. Se 10 de julho é domingo eu posso ajuizar
antes ou ir ao plantão judiciário.
Princípios:
- Princípio da intranscendência
- Princípio da oportunidade: há uma escolha.
- Princípio da disponibilidade: posso desistir da ação penal.
- Princípio da indivisibilidade: tem que ser contra todos.
Como se desiste da ação penal?
1) renúncia: se, nos seis meses que tenho para ajuizar a ação penal, acontece alguma
coisa. É a desistência anterior à propositura da ação.
2) perdão: é a desistência processual. Quando a ação já foi ajuizada. Há uma proposta
para o outro aceitar.
3) perempção. Quando a ação já foi ajuizada. Art. 60 do CPP. Quando a pessoa perde
o interesse, deixa de fazer os atos, etc.
Aula 3
Competência penal:
O local do crime não é critério preponderante para determinação do foro.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal


forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as
de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
Trabalho;

II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou


pessoa domiciliada ou residente no País;

III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro


ou organismo internacional;

IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,


serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas
públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e
da Justiça Eleitoral;

A petrobras e o banco do Brasil são sociedades de economia mista.

V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a


execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente;

V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; 

VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei,


contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;

Por conta desse inciso que a Lava Jato está na Justiça Federal. A operação teve
origem no estado do Paraná e o delegado teve que pedir autorização para fazer uma
busca e apreensão na casa de câmbio de dólares e ao fazer o pedido, pela livre
distribuição, o pedido caiu em um juízo, que ficou prevento.
Sociedades de economia mista: JUSTIÇA ESTADUAL.

Autarquias federais e emrpesas públicas: CEF, ECT, INSS E BC.

Se for contravenção contra a CEF: justiça estadual.

VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o


constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a
outra jurisdição;

VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade


federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;

IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a


competência da Justiça Militar;

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de


carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação,
as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;

XI - a disputa sobre direitos indígenas.

Súmula 546 do STJ. A competência para processar e julgar o crime de uso de


documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado
o documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor.
Independe quem produziu o documento falso, para efeitos de competência, o
importante é saber para quem o documento foi apresentado. Ex: Carlos falsifica sua
CNH, ao apresenta-la a um PRF, seu crime é descoberto. Quem é competente? A
CNH é um documento estadual com validade nacional, mas ele apresentou para a
PRF, então a competência é da JF.
Pirâmide de Kelsen: CF e os códigos (CPP): prevalece o que está na CF. A análise
deve ser feita de uma competência constitucional, portanto.
Art. 69 do CPP.  Determinará a competência jurisdicional:
I - o lugar da infração;
NÃO é um critério preponderante.
Para o CP é tanto os atos de execução quanto os atos de consumação para o local do
crime. Mas o CPP adotou a teoria do resultado, o local do crime é onde foi a
consumação. A competência em razão do local é infraconstitucional, portanto, é
relativo. Admite-se o deslocamento.
Ex: o CP estuda as classificações de crime, há o crime plurilocal, quando os atos de
execução são em uma comarca e a consumação em outra. Ex: tiroteio em Caxias, um
policial é baleado e é trazido para o Miguel Couto, na capital, e horas depois falece.
Os atos de execução foram iniciados em Caxias, mas a morte, consumação do
homicídio foi no Rio. Então, pela teoria do resultado, a competência seria do Rio de
janeiro. Mas em Caxias estão todas as provas. Então, nesse caso, nos crimes
plurilocais, podem ser julgados nos atos de execução. O mais seguro é marcar os
atos de consumação.
II - o domicílio ou residência do réu;
III - a natureza da infração;
Critério constitucional!
IV - a distribuição;
V - a conexão ou continência;
VI - a prevenção;
VII - a prerrogativa de função.
Critério constitucional.
Se não tiver natureza da infração, nem prerrogativa de função, que são os critérios
constitucionais, utiliza-se o critério local.
Natureza da infração é a competência em razão da matéria. Que crime foi cometido?
a) Crime doloso contra a vida: JURI, art. 5º, XXXVIII, alínea “d” da CF.
Homicídio, instigação ou induzimento ao suicídio, infanticídio e aborto (arts.
121, 122, 123 e 124). E o feminicídio? É um homicídio. Quem define a
competência é a CF, mas quem define o rito é a lei.
O tribunal do juri é o procedimento mais longo, sua grande característica é o
sigilo, isso quer dizer que, ao fim dos debates, o juiz, o MP, os advogados e os
jurados, sem o réu, vão para a sala especial, onde o juiz formula as perguntas
aos jurados, que através de placas em uma urna respondem sim ou não, as
respostas se dão por maioria de votos.
b) Crime de menor potencial ofensivo: cuja pena máxima em abstrato não
supera 2 anos: competência do JECRIM. Art. 98, I da CF. o rito está na lei
9.099.
O objetivo do JECRIM é trazer o acordo para a esfera penal. Para isso, foram
criadas medidas despenalizadoras. Uma delas é a transação penal, que é uma
proposta do MP, que normalmente é pagar sexta básica para uma determinada
instituição. Fica consignado na FAC que naquele dia o sujeito aceitou uma
transação e nos próximos 5 anos ele não pode fazer uma nova. Isso não
caracteriza reincidência, é apenas para contabilizar os 5 anos. Se deixo de
pagar as cestas básicas, o que acontece?
SV 35: A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei
9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas,
retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a
continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou
requisição de inquérito policial.
Ou seja, ou o MP dá prosseguimento ao inquérito ou promove a ação.
OBS: Todas as medidas despenalizadoras são antes da denúncia. São
medidas a fim de evitar o processo.
Mas se o sujeito tiver direito à suspensão condicional do processo, o MP deve
oferece-la.
c) Crime federal: Justiça Federal: art. 109 da CF.
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de
bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas
ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a
competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
Crimes políticos: são aqueles descritos na lei 7.170/83 (lei de Segurança
Nacional).
Facada no Bolsonaro: 1ª corrente: crime doloso contra a vida. 2ª corrente:
crime da lei 7.170/83, artigo 20 (praticar atentado pessoal), a lei é anterior a
CF, então o STF entendeu que serão julgados pela JF. Incide o parágrafo
único pois gerou lesão grave.

Bens, serviços ou interesse da União: art. 20 e 21 da CF. Carteiro assaltado


em serviço, crime federal pois está prestando serviço postal (inciso XI). Casa
da Moeda é um órgão federal, a falsificação de papel moeda tem duas
possibilidades. Para ser julgado na JF deve ser uma falsificação idônea, mas
se for grosseira e eu conseguir usar essa moeda é competência da JE por se
tratar de estelionato (Súmula 73 do STJ) e não respondo pela falsificação.
Roubo contra a CEF: é uma empresa pública federal então é JF.
Roubo contra o BB: é sociedade de economia mista, então é JE.
Assalto a CEF e o BB: há um concurso de crimes, nesse caso, por força da
súmula 122 do STJ ambos serão julgados na JF:
Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes
conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art.
78, II, a, do Código de Processo Penal.

V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste


artigo;
Um IPL e uma ação estão em algum lugar do Brasil e o PGR (órgão
permanente do STF) toma conhecimento que esse IPL ofende gravemente os
direitos humanos e, então, pode apresentar o IDC (incidente de
deslocamento de competência) no STJ, na 5ª turma. A ideia é tirar a ação da
esfera estadual e leva-la para a justiça estadual, é federalizar a competência
(art. 109, §5º). A legitimidade para apresentar o IDC é do PGR.
Marielle Franco: é necessário federalizar a persecução penal? A Raquel Dodge
deve apresentar o IDC no STJ.

IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a


competência da Justiça Militar.
Se o crime é dentro do avião a competência é da JF, independentemente de
estar voando ou não. E se estiver voando? O art. 90 do CPP diz que tanto faz
se é do local que decola ou pousa. Para efeitos de navio, deve ser embarcação
de grande porte, segundo o STJ, capaz de adentrar em mares internacionais.

XI - a disputa sobre direitos indígenas.


É interesse coletivo dos índios. É diferente da súmula 140 do STJ, que
quando o índio for autor ou vítima de um crime, é Justiça Estadual. Ex: rapazes
que incendiaram um índio, JE, não houve um interesse coletivo dos índios.

d) Crime eleitoral: Justiça Eleitoral. Art. 118 da CF.

Art. 69 do CPP:
IV - a distribuição.
Quando as varas criminais são igualmente competentes é a livre distribuição.
V - a conexão ou continência.
Havendo concursos de crimes e/ou concurso de pessoas, o objetivo é a reunião
processual.
VI - a prevenção;
É o primeiro Juízo que toma conhecimento da causa. Ex: quando um delegado está
conduzindo um inquérito e quer uma interceptação telefônica, ao protocolar o pedido
cai na 8a VF Criminal. É o Juízo que fica prevento.
VII - a prerrogativa de função.
A prerrogativa de função é um critério constitucional.
Como era?
Um determinado cargo público definido na CF/88 ao cometer um crime comum será
investigado ou acossado pelo respectivo foro privilegiado. É ser julgado
originariamente no STJ, no STJ, no TRF ou no TJ.
STF: art. 102 da CF diz que deputados e senadores são julgados no STF.
STJ: Art. 105, governador e des.
TRF: Art. 108 da CF: Juiz federal no TRF.
TJ: prefeito, art. 29, X e 96, III.
A sistemática era que adquirido o cargo, ganhava o foro. Perdido o cargo ou com a
renúncia, perdia o foro. Então, o processo que estava no STF iria para a primeira
instância e demora muito, então prescrevia.
Luis Roberto Barroso consegue alterar isso.
Atual:
Para ter direito ao foro privilegiado AP 937 no STF, deve ser um cargo público definido
na constituição. Só terá direito ao foro privilegiado se o crime for relacionado com a
função e durante o mandato. Se o crime não for relacionado com a função é primeira
instância. Além disso, essa ação penal decidiu que intimadas as partes para
alegações finais, mesmo perdendo o cargo, perpetua-se a competência.
Gabriel, prefeito municipal de São Gonçalo/RJ, é acusado de ordenar a morte de seu
inimigo de infância. O motivo é o sucesso empresarial do inimigo. A emboscada é
realizada e Gabriel atira em seu inimigo com intenção de matar, todavia, a vítima é
levada às pressas ao hospital e é salva. Qual é o foro competente para julgar o
prefeito?
a) TJRJ.
b) Vara Criminal de São Gonçalo/RJ.
c) Tribunal do Júri de São Gonçalo.
d) Tribunal do Júri Federal do Rio de Janeiro.
O crime de Gabriel não está relacionado com a função. Antigamente seria no TJRJ.
Mas atualmente não. O Tribunal do Júri julga crimes dolosos contra a vida, homicídio
doloso é um deles. O homicídio culposo é na vara criminal (ex: atropelo alguém sem
querer). Por circunstancias alheias a minha vontade não consigo consumar o crime.
Então, tentativa de homicídio é crime do Júri.
Art. 74 do CPP: o Tribunal do Júri julga crimes consumados ou tentados.
R: Diante de uma questão de competência, primeiramente devemos analisar a
prerrogativa de função com a nova visão do STF. Após esta análise, deve-se avaliar a
natureza da infração. Esta postura está em sintonia com os critérios constitucionais de
competência, que devem prevalecer. Letra C.
Aula 4
Prisão e medidas cautelares diversas da prisão:
Lei 12.403/2011: o primeiro objetivo era constitucionalizar a matéria de prisão no CPP.
Art. 5º, LXI da CF:
 LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.
A matéria de prisão vai do inciso LXI até o LXVI, todos os artigos foram copiados para
o CPP.

Art. 283.  Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença
condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em
virtude de prisão temporária ou prisão preventiva. 

É o fenômeno da constitucionalização da matéria penal.

O segundo objetivo é trazer a prática para dentro da lei. Exemplo: art. 320 do CPP:
havia uma divergência doutrinária quanto ao juiz poder ou não reter o passaporte.

Art. 320.  A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades
encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou
acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas.

Essa lei veio melhorar o estudo da prisão dentro do ordenamento jurídico. O maior
desafio é aceitar que a regra é a liberdade, enquanto a exceção é a prisão. Além
disso, há a superpopulação carcerária, é a quarta maior do mundo. 45% dessa
população está presa cautelarmente.

Prisão cautelar X prisão pena

A prisão pena é aquela do condenado, da decisão transitada em julgado, condenado a


uma pena privativa de liberdade. É para punir. A prisão cautelar é para proteger,
assegurar, o bom andamento da investigação ou do processo, aqui estou diante do
princípio da presunção de inocência.

Art. 283, §1o  As medidas cautelares previstas neste Título não se aplicam à infração a
que não for isolada, cumulativa ou alternativamente cominada pena privativa de
liberdade. 
A regra é que a pessoa responda ao processo em liberdade. Mas o juiz deve aplicar
as medidas cautelares diversas da prisão. É uma liberdade vigiada, ex: 319, IX. Mas
se o caso for muito complicado aplica-se a prisão cautelar.

Art. 319.  São medidas cautelares diversas da prisão:

I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo


juiz, para informar e justificar atividades; 

Quem define a periodicidade é o juiz. A segurança que a medida dá é que o sujeito


não vai sair da comarca.

II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por


circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante
desses locais para evitar o risco de novas infrações;

Ex: quem briga em jogo de futebol. Nos horários daqueles determinados jogos ele
deve permanecer na delegacia, por exemplo.

III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por


circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer
distante;

Ex: Lei Maria da Penha prevê isso.

IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja


conveniente ou necessária para a investigação ou instrução;

Se a pessoa se ausentar ela será presa.

V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o


investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; (vide art. 317)

VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza


econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática
de infrações penais;

Funcionário público e detentor de cargo eletivo. Ex: Eduardo Cunha.

VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com


violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-
imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; 

Normalmente é para doentes mentais.

VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a


atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência
injustificada à ordem judicial; 

A fiança é para poder responder em liberdade. Não é compra da impunidade, o


processo ou IPL continua.

Vide art. 322: Delegado pode arbitrar fiança, só para crimes até 4 anos.
Art. 322.  A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja
pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. 

Art. 310.  Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente:

I - relaxar a prisão ilegal; ou

II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos


constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas
cautelares diversas da prisão; ou

III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.

Parágrafo único.  Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente
praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput  do art. 23 do Decreto-Lei
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal , poderá, fundamentadamente, conceder ao
acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais,
sob pena de revogação.

O art. 323 traz os crimes inafiançáveis.

Paguei a fiança e fui absolvido, art. 337. O dinheiro será restituído, SALVO se a
absolvição foi por causa de uma prescrição decretada da sentença.

Art. 337.  Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em julgado sentença que houver
absolvido o acusado ou declarada extinta a ação penal, o valor que a constituir, atualizado,
será restituído sem desconto, salvo o disposto no parágrafo único do art. 336 deste Código.

IX - monitoração eletrônica.  

O problema é o estigma, a publicização.

Recolhimento domiciliar Prisão domiciliar (arts. 317 Regime domiciliar (art.


(art. 319,V) e 318) 117 da LEP)
Cabe para o investigado e Cabe para o investigado e Cabe para o condenado
o acusado. o acusado em regime aberto.
NJ: medida cautelar NJ: é uma substituição da
diversa da prisão prisão preventiva
Residência + trabalho fixo >80 anos, ext. deb. Por >70 anos; doença grave;
doença grave; gestante e mulher com filho menor ou
mulher com filho de até 12 deficiente e gestante.
anos ou homem desde
que seja o único
responsável.

Art. 318.  Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o
agente for:

I - maior de 80 (oitenta) anos;

II - extremamente debilitado por motivo de doença grave;

III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de


idade ou com deficiência; 
IV - gestante;

V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos;

VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12


(doze) anos de idade incompletos.

Parágrafo único.  Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos
estabelecidos neste artigo. 

Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe
ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por
prisão domiciliar, desde que:

I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;

II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.

Art. 117 da LEP. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime


aberto em residência particular quando se tratar de:

I - condenado maior de 70 (setenta) anos;

II - condenado acometido de doença grave;

III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;

IV - condenada gestante.

Prisão em flagrante: art. 301 do CPP

Art. 301.  Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão


prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.

É a prisão cautelar que tem por objetivo impedir a consumação do crime.

1ª parte: qualquer do povo poderá: é facultativo.

2ª parte: as autoridades policiais e seus agentes deverão: obrigatório ou


compulsório.

Lei 11.343/2006: O uso está no art. 28. O tráfico está no §2º. Se sou pego com uma
quantidade razoável de maconha, eu posso, dependendo do local que fui pego, ser
considerado usuário se eu comprovar que não preciso daquilo para sobreviver, por
exemplo. Mas se estou embaixo dos Arcos da Lapa, com uma quantidade mínima de
cocaína e muitas notas de 20 reais no bolso, posso ser considerado traficante. Mas o
art. 48 diz que se a pessoa for apenas usuário não haverá prisão em flagrante.

A prisão em flagrante é dividida em 4 momentos:


1) Captura

2) Condução

3) Lavratura do APF

4) Recolhimento

Se sou policial, meu deve é capturar e conduzir. Ao chegar na delegacia, o delegado


vai olhar e definir se é trafico ou não, se for ele lavra e recolhe. Se não, ele elabora o
termo circunstanciado e entrega para o usuário, que comparecerá ao JECRIM.

Art. 302.  Considera-se em flagrante delito quem:

I - está cometendo a infração penal;

II - acaba de cometê-la;

III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa,
em situação que faça presumir ser autor da infração;

IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
presumir ser ele autor da infração.

Incisos I e II: quando a pessoa está cometendo a infração penal ou acaba de comete-
la. É o flagrante próprio, real ou perfeito.

Inciso III: se narrar uma perseguição, é o flagrante impróprio, imperfeito ou irreal.


Pode ser preso 3 semanas depois, se for perseguição.

IV: é o flagrante presumido ou ficto.

Situações flagranciais:

1) Flagrante esperado (lícito)


2) Flagrante retardado (lícito)
3) Flagrante preparado (ilícito)
4) Flagrante forjado (ilícito)

Parte 4 min 29

Você também pode gostar