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INQUÉRITO POLICIAL
Características:
Inquisitoriedade: = investigatoriedade. É a não aplicação os princípios da ampla
defesa e do contraditório durante o inquérito policial. Esses princípios se aplicam para
os processos administrativos. O inquérito é PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. Já
que ninguém será punido, não há ampla defesa e contraditório. A ampla defesa é a
utilização dos mecanismos defensivos estipulados em lei, ex: memoriais. É a defesa
técnica (exercida pelo advogado ou DP) e a autodefesa (exercida pelo acusado). O
contraditório é a possibilidade de se manifestar em relação a um ato que está sendo
produzido.
Art. 212 do CPP (alterado pela reforma de 2008): permite perguntas diretas às
testemunhas. Isso é exercer o contraditório.
Art. 188 do CPP: vigora o sistema presidencialista no interrogatório.
Art. 7º, XXI, EOAB: acrescentado pela lei 13.245/16. É direito do advogado
“ASSISTIR” a seu cliente durante o inquérito policial. Não liberou a ampla defesa e o
contraditório, mas permite que o advogado preste assistência jurídica, oriente, seu
cliente. Pode o cliente olhar para o advogado antes de responder uma pergunta e o
advogado responder “essa pergunta você não precisa responder”, mas o advogado
não pode fazer perguntas. O inciso fala de nulidade.
Sigiloso: o código é de 1941, nesse ano vigorava a ditadura havia um estado
autoritário. O art. 20 do CPP consagra o sigilo do inquérito. A CF/88 rompe com o
estado autoritário. O STF editou a SV 14: é direito do defensor ter acesso AMPLO aos
elementos de prova JÁ DOCUMENTADOS. Isto é, o STF proibiu esse inquérito
totalmente sigiloso, mas a atividade policial precisa da surpresa. Então o IPL é fatiado,
diligências já documentadas e diligências em andamento. Não se pode acessar as
diligências em andamento, estas serão sigilosas.
O que o advogado pode fazer caso o delegado o impeça de tirar cópia do que
já é documentado? A primeira medida é o MS (direito líquido e certo). Posso entrar
com uma reclamação (SV que não está sendo respeitada). Há ainda a possibilidade
de impetrar habeas corpus.
Art. 13-a e 13-b do CPP: tráfico de pessoas. O 1º fala de dados cadastrais,
pode o delegado requisitar diretamente a qualquer órgão público ou privado dados
cadastrais de suspeitos e de vítimas do crime de tráfico de pessoas. O 2º fala de
sinais de localização, para que o delegado obtenha sinais de localização de suspeitos
e de vítimas é necessária autorização judicial. Se o juiz não responder em 12 horas, o
delegado pode obter estas informações diretamente.
IPL concluído: o delegado deve elaborar um relatório (art. 10, §1º do CPP) e tipificar a
conduta. O inquérito e o relatório são encaminhados ao poder judiciário. Há 2
hipóteses:
A) Crime de ação penal pública: há remessa ao MP (art. 126, I, CF: titular da
pretensão punitiva). Quando o MP recebe o inquérito, há 3 possibilidades: (1)
há indícios, materialidade e o crime é de A. P. Pública, o MP oferece a
denúncia (5 dias – preso e 15 dias – solto); (2) se o inquérito está incompleto o
MP pode requisitar novas diligências, o delegado é obrigado a cumprir; e (3)
pode pedir o ARQUIVAMENTO (consagração que o estado não tem interesse
ou não pode oferecer uma ação penal), pode ocorrer quando há falta de provas
ou a prescrição, por exemplo. O MP promove o arquivamento, opina por ele.
Toda vez que o MP o fizer, o feito vai ser encaminhado ao juiz (para fiscalizar o
MP). Quando o juiz é chamado, pode homologar o arquivamento ou discordar
do arquivamento. Art. 28 do CPP: O feito é encaminhado ao procurador geral,
que (1) pode sustentar que é caso de arquivamento ou (2) pode opinar pela
ação, que ou o próprio procurador geral denuncia ou delega para outro
promotor.
O procurador geral quer ajuizar a ação penal. Por que não obriga o promotor
que opinou pelo arquivamento a oferecer a ação? Ausência de hierarquia,
liberdade/independência funcional, ele não pode!
B) Crime de ação penal privada (art. 19 CPP): o inquérito fica no poder judiciário.
Tenho 6 meses a contar do conhecimento da autoria para ajuizar a queixa-
crime, depois disso extingue-se a punibilidade.
O inquérito arquivado pode ser desarquivado. Art. 18 CPP. Quando? Basta ter
NOTÍCIA. Ex: 1 ano depois surge a notícia de que a testemunha chave que estava
desaparecida reapareceu. Isso não é prova nova, é mera notícia. Se a notícia não foi
suficiente, o inquérito será novamente arquivado. Aquilo que era notícia pode virar
provas novas. Ex: ex esposa de Celso Pitta, que após separação conta tudo sobre o
esquema do marido. Para promover a ação penal, é necessária PROVA NOVA.
AÇÃO PENAL
Art. 24 do CPP
TGP: condições da ação:
a) legitimidade
b) possibilidade jurídica do pedido
c) interesse de agir: ex: no intervalo o aluno deixa as coisas em cima da mesa e na
volta não tem mais nada: crime de furto. O aluno tem interesse em retomar o
patrimônio? Sim. Todos os outros alunos têm interesse nesse caso. Então, o interesse
é obviedade. Há uma nova teoria do processo penal. A doutrina está dividida.
Mas ninguém discorda da JUSTA CAUSA PENAL. São os indícios de autoria e
materialidade. Há penas privativas de liberdade, restritiva de direitos e multa. Mas o
fato de ser investigado ou acusado já prejudica a vida de uma pessoa inocente. A justa
causa é impedir acusação leviana. Não cabe, por exemplo, denúncia genérica. A justa
causa é uma causa de proteção. Art. 395, III, CPP.
Requisitos da ação penal: art. 41 e 44 CPP
a) Exposição do fato;
b) Qualificação do acusado ou sinais característicos;
c) Classificação do crime; e
d) Rol de testemunhas.
Basta isso para denúncia ou queixa.
OBS: Na queixa precisa ter procuração.
Por conta desse inciso que a Lava Jato está na Justiça Federal. A operação teve
origem no estado do Paraná e o delegado teve que pedir autorização para fazer uma
busca e apreensão na casa de câmbio de dólares e ao fazer o pedido, pela livre
distribuição, o pedido caiu em um juízo, que ficou prevento.
Sociedades de economia mista: JUSTIÇA ESTADUAL.
Art. 69 do CPP:
IV - a distribuição.
Quando as varas criminais são igualmente competentes é a livre distribuição.
V - a conexão ou continência.
Havendo concursos de crimes e/ou concurso de pessoas, o objetivo é a reunião
processual.
VI - a prevenção;
É o primeiro Juízo que toma conhecimento da causa. Ex: quando um delegado está
conduzindo um inquérito e quer uma interceptação telefônica, ao protocolar o pedido
cai na 8a VF Criminal. É o Juízo que fica prevento.
VII - a prerrogativa de função.
A prerrogativa de função é um critério constitucional.
Como era?
Um determinado cargo público definido na CF/88 ao cometer um crime comum será
investigado ou acossado pelo respectivo foro privilegiado. É ser julgado
originariamente no STJ, no STJ, no TRF ou no TJ.
STF: art. 102 da CF diz que deputados e senadores são julgados no STF.
STJ: Art. 105, governador e des.
TRF: Art. 108 da CF: Juiz federal no TRF.
TJ: prefeito, art. 29, X e 96, III.
A sistemática era que adquirido o cargo, ganhava o foro. Perdido o cargo ou com a
renúncia, perdia o foro. Então, o processo que estava no STF iria para a primeira
instância e demora muito, então prescrevia.
Luis Roberto Barroso consegue alterar isso.
Atual:
Para ter direito ao foro privilegiado AP 937 no STF, deve ser um cargo público definido
na constituição. Só terá direito ao foro privilegiado se o crime for relacionado com a
função e durante o mandato. Se o crime não for relacionado com a função é primeira
instância. Além disso, essa ação penal decidiu que intimadas as partes para
alegações finais, mesmo perdendo o cargo, perpetua-se a competência.
Gabriel, prefeito municipal de São Gonçalo/RJ, é acusado de ordenar a morte de seu
inimigo de infância. O motivo é o sucesso empresarial do inimigo. A emboscada é
realizada e Gabriel atira em seu inimigo com intenção de matar, todavia, a vítima é
levada às pressas ao hospital e é salva. Qual é o foro competente para julgar o
prefeito?
a) TJRJ.
b) Vara Criminal de São Gonçalo/RJ.
c) Tribunal do Júri de São Gonçalo.
d) Tribunal do Júri Federal do Rio de Janeiro.
O crime de Gabriel não está relacionado com a função. Antigamente seria no TJRJ.
Mas atualmente não. O Tribunal do Júri julga crimes dolosos contra a vida, homicídio
doloso é um deles. O homicídio culposo é na vara criminal (ex: atropelo alguém sem
querer). Por circunstancias alheias a minha vontade não consigo consumar o crime.
Então, tentativa de homicídio é crime do Júri.
Art. 74 do CPP: o Tribunal do Júri julga crimes consumados ou tentados.
R: Diante de uma questão de competência, primeiramente devemos analisar a
prerrogativa de função com a nova visão do STF. Após esta análise, deve-se avaliar a
natureza da infração. Esta postura está em sintonia com os critérios constitucionais de
competência, que devem prevalecer. Letra C.
Aula 4
Prisão e medidas cautelares diversas da prisão:
Lei 12.403/2011: o primeiro objetivo era constitucionalizar a matéria de prisão no CPP.
Art. 5º, LXI da CF:
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.
A matéria de prisão vai do inciso LXI até o LXVI, todos os artigos foram copiados para
o CPP.
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença
condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em
virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.
O segundo objetivo é trazer a prática para dentro da lei. Exemplo: art. 320 do CPP:
havia uma divergência doutrinária quanto ao juiz poder ou não reter o passaporte.
Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades
encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou
acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas.
Essa lei veio melhorar o estudo da prisão dentro do ordenamento jurídico. O maior
desafio é aceitar que a regra é a liberdade, enquanto a exceção é a prisão. Além
disso, há a superpopulação carcerária, é a quarta maior do mundo. 45% dessa
população está presa cautelarmente.
Art. 283, §1o As medidas cautelares previstas neste Título não se aplicam à infração a
que não for isolada, cumulativa ou alternativamente cominada pena privativa de
liberdade.
A regra é que a pessoa responda ao processo em liberdade. Mas o juiz deve aplicar
as medidas cautelares diversas da prisão. É uma liberdade vigiada, ex: 319, IX. Mas
se o caso for muito complicado aplica-se a prisão cautelar.
Ex: quem briga em jogo de futebol. Nos horários daqueles determinados jogos ele
deve permanecer na delegacia, por exemplo.
Vide art. 322: Delegado pode arbitrar fiança, só para crimes até 4 anos.
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja
pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente
praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal , poderá, fundamentadamente, conceder ao
acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais,
sob pena de revogação.
Paguei a fiança e fui absolvido, art. 337. O dinheiro será restituído, SALVO se a
absolvição foi por causa de uma prescrição decretada da sentença.
Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em julgado sentença que houver
absolvido o acusado ou declarada extinta a ação penal, o valor que a constituir, atualizado,
será restituído sem desconto, salvo o disposto no parágrafo único do art. 336 deste Código.
IX - monitoração eletrônica.
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o
agente for:
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos
estabelecidos neste artigo.
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe
ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por
prisão domiciliar, desde que:
IV - condenada gestante.
Lei 11.343/2006: O uso está no art. 28. O tráfico está no §2º. Se sou pego com uma
quantidade razoável de maconha, eu posso, dependendo do local que fui pego, ser
considerado usuário se eu comprovar que não preciso daquilo para sobreviver, por
exemplo. Mas se estou embaixo dos Arcos da Lapa, com uma quantidade mínima de
cocaína e muitas notas de 20 reais no bolso, posso ser considerado traficante. Mas o
art. 48 diz que se a pessoa for apenas usuário não haverá prisão em flagrante.
2) Condução
3) Lavratura do APF
4) Recolhimento
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa,
em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
presumir ser ele autor da infração.
Incisos I e II: quando a pessoa está cometendo a infração penal ou acaba de comete-
la. É o flagrante próprio, real ou perfeito.
Situações flagranciais:
Parte 4 min 29