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Atividade Avaliativa (A1) - Direito Digital

Guilherme Gatto
RA: 818233730
DIR1AN-STD
 
QUESTÃO 1

O desenvolvimento tecnológico é inerente a humanidade, possivelmente seja a única


linha completamente ascendente trilhada pela humanidade (do ponto de vista
exclusivamente tecnológico). Ao longo de toda a história a progressão das ferramentas e
aparatos humanos é sempre crescente, o problema se encontra no monopólio ou
supressão dessas ferramentas; quando o Estado absorve para si todo o monopólio de um
medicamento, ou um tratamento médico específico, ou até mesmo do armamento, o
povo fica a mercê das decisões desse Estado, que pelo teor das suas próprias ações é
tirânico. Para quebrar essa hegemonia monopolista apenas um grupo revolucionário
pode agir, mas a intenção desse grupo sempre é a substituição do grupo dominante e não
a distribuição igualitária como é pregado no discurso. Logo a população permanece de
mãos atadas em meio a brigas de agentes poderosos: um amparado pela legalidade e o
outro truculento e “profético restaurador da ordem”.
De fato a internet e as novas tecnologias, enquanto não forem totalmente suprimidas
pelo Estado ou reduzidas a uma parcela mínima de utilidade fora dos grandes grupos de
agentes históricos, é um instrumento de grande valor para todos que a puderem
manusear. Mas, não podemos nos esquecer que toda a tecnologia tem um preço, esse
preço que me refiro é o valor dela no mercado. Todo o produto tecnológico, quanto
mais avançado mais caro se torna; assim o acesso a ele não é tão fácil, o que facilita os
grandes grupos monopolistas e o próprio Estado a serem os donos únicos desses meios.
Mas, exemplifico: quando os alimentos transgênicos foram criados, o objetivo primário
era a erradicação da fome no mundo, afinal a mudança no código genético das plantas
poderia fazê-las prosperar em ambientes não propícios; mas o que houve foi o
monopólio da engenharia genética dos alimentos tomado pelas grandes empresas
alimentícias, ou seja, não atingiu os objetivos espirados do seu criador.
Isso acontece pelo preço da tecnologia, da mesma forma a internet, que foi criada por
pessoas com uma determinada mentalidade e hoje pertencem a outras com outras idéias
completamente diferentes. Então, no que tange a redução das desigualdades sociais, a
tecnologia age na contramão, por assim dizer, da redução das desigualdades. Para
comprovar isso é só observar que hoje, no Brasil 46 milhões de pessoas não tem acesso
a internet. Ou seja, a classe mais pobre não tem acesso às novas tecnologias.
A cerca das tecnologias da chamada Quarta Revolução Industrial, assim como todas as
outras tecnologias existentes, qualquer uma pode ser utilizada para redução ou
agravamento das desigualdades sociais, por exemplo: se o diretor de um hospital se
dispuser a produzir e doar próteses impressas em 3D para o SUS, ou alguma empresa
compartilhar seus aparelhos de inteligência artificial com os pequenos empresários, nós
presenciaríamos uma promoção de desigualdade social, e a situação não retrocederia
com a extinção das parcerias, uma vez que o crescimento econômico e setorial dos
pequenos empresários se manteria minimamente estável. Do mesmo modo a
distribuição ou compartilhamento de big datas, por exemplo, entre os membros do
Clube Bilderberg, ou da Fundação Rockfeller ajudaria a aumentar as desigualdades
sociais, visto que as atividades econômicas desses empresários unificados destrói a
liberdade de mercado e o princípio da concorrência, levando a falência os empresários
menores (Tese demonstrada pela primeira vez no livro Os Estados Unidos e a Nova
Ordem Mundial, de Olavo de Carvalho/Alexandr Dugin. Hoje existem dezenas de obras
arespeito). Muito além deste ponto a terminologia moderna da “Quarta Revolução
Industrial” parece imprecisa, pois a Revolução industrial foi um período histórico
caracterizado pela criação da atividade industrial, as revoluções industriais subsequentes
são caracterizadas pelo alargamento das atividades de produção em série e nada tem a
ver com a criação de uma nova atividade econômica, apenas com a extensão dessa
atividade existente a partir de novas áreas de atuação. Por exemplo: a produção de
equipamentos de nanotecnologia não é outra coisa se não a aplicação sistemática da
linha de produção clássica. Os meios empregados são mais modernos, os equipamentos
mais sofisticados, até a forma pode ser distinta, mas o método é o mesmo para toda a
atividade industrial.
Fazendo uma analogia a esse raciocínio, os movimentos artísticos jamais poderiam ser
distintos como fases individuais da história das artes, por exemplo: após a Renascença
não poderia surgir o Maneirismo e após ele o Barroco sendo que a arte de esculpir
figuras no mármore, ensinada por Miguel Ângelo, é a mesma e apenas a forma e a
técnica foram modificadas (e não substancialmente); assim não deveríamos chamar
Maneirismo, Barroco, Neoclassicismo etc. e sim Primeira Renascença, Segunda
Renascença etc.
Para nós é difícil observar a história recente por sermos personagens dela, seria muito
difícil que Brás Cubas compreendesse, antes de sua morte, a confusão de seus
pensamentos e vislumbrasse seu futuro enquanto a realidade de suas ações fazia-se
presente na narrativa de sua vida. Com essa analogia a obra de Machado de Assis eu
desejo fazer-me compreender no que tange a observação concreta do presente; não é
possível que nós possamos compreender e precisar as informações do presente visto que
ele é continuamente mutável. No Congresso de Viena (1814) foi decidido sobre a
restauração das monarquias nacionais, mas esse movimento foi responsável pela
extinção delas; nesse tempo ainda não se compreendia os verdadeiros efeitos da
Revolução Francesa e os intelectuais ainda escreviam muito sobre o Iluminismo, era
história recente. Somos personagens dessas “revoluções industriais”, portanto não
poderemos tão recentemente nomeá-las precisamente, apenas descrevê-las para que as
próximas gerações de historiadores o façam.
As propostas para “um futuro melhor” não só sobre o uso da tecnologia, mas quaisquer
promessas de uma utopia causam-me algum temor. Explico: Lutero e Calvino
receberam a revelação de um mundo melhor orientado por uma nova fé e por uma nova
Igreja, em 1532 a Reforma Protestante foi violentamente instaurada a pretexto de um
mundo melhor causando o maior genocídio da história até então, 50 mil mortes; em
1798 a ala revolucionária da França resolve implementar as idéias iluministas e levar a
França a um patamar político superior e inicia a Revolução Francesa, novamente a
pretexto de um mundo melhor, dessa vez com 100 mil mortos; na Rússia a decisão de
instaurar o paraíso socialista gerou cerca de 94 milhões de mortos entre a Revolução
Russa e a dissolução da união Soviética; o mesmo paraíso comunista foi instaurado na
China e causou a morte de pelo menos 60 milhões de pessoas.
O Nazismo e o Fascismo, perto dos seus “concorrentes” quase não são vistos a olho nu.
É por isso que eu jamais poderia compactuar com a formulação de idéias de um mundo
melhor ou de como as pessoas devem usar a tecnologia para isso ou para aquilo. O que
me parece justo é que as pessoas possam seguir o exemplos que deram certo ao longo da
história, e o exemplo que eu dou é o de sociedades cristãs, que implementem a caridade
e a elevação da consciência espiritual, como a fase cristã do império Romano, que
historiadores relatam como eras prósperas para o governo e para o povo; como a Baixa
Idade Média, na qual os senhores feudais não tinham maios de ação sobre seus servos e
se preocupavam com o destino de suas almas (Como demonstra Bertrand de Jouvenel
em seu livro Du Pouvoir); como o liberalismo americano, que em tempos de crise,
como as Guerras Mundiais, não se viu crises de fome ou miséria (fato comprovado
pelos índices migratórios inclusive).
Concluindo, minha proposta é a verdadeira caridade (não a “caridade obrigatória” como
redistribuição de terras, reforma agrária etc.), que só pode ser inserida na cultura através
da liberdade (não regularizada pelo Estado, porque a liberdade não é um princípio e se
regulada já estabelece limites para seu exercício) e do cristianismo.

QUESTÃO 2

Inicialmente podemos observar que os dados foram recolhidos pela empresa sem
consentimento dos usuários do serviço público, e é explícita no inciso I do artigo 7º da
Lei de proteção de Dados, o consentimento da pessoa que fornece os dados, nitidamente
não houve esse consentimento e tão pouco é atividade legítima da empresa coletar essas
informações.
“Nada está na realidade política de um país, que não esteja primeiro na sua literatura”
(Hugo von Hofmannsthal). Essa frase expressa, dentre as diversas lições que podemos
aprender analisando-a, a funcionalidade da mente humana; a imaginação precede a
ação, primeiro se pensa, depois se age, por mais espontânea que seja a ação, antes ela
percorre a mente do indivíduo. Tudo isto para dizer que George Orwell e Aldous
Huxley já descreveram como seria um mundo no qual sempre somos vigiados pelo “Big
Brother”, e essa descrição é no mínimo macabra.
A indiscriminada coleta de dados pode nos levar a essa realidade já descrita na
literatura, apesar desta não ser exclusiva do nosso país já se disseminou pela nossa
civilização inteira. Devemos estar atentos a essas manifestações do espírito humano
para que não sejamos levados a caminhos obscuros.

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