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Genética & Câncer

Prof. Edenir Inêz Palmero, PhD


edenirip@yahoo.com.br
O que é Cancer?
O que é o câncer?
Proliferação
descontrolada Doença
das células genética

Acúmulo de mutações em genes


envolvidos nos mecanismos de
controle do ciclo celular e
manutenção do funcionamento
celular normal, que, desta forma, se
tornam inoperantes ou ineficientes.

As células tumorais se proliferam descontroladamente, tornam-se


incapazes de responder aos estímulos de morte (células imortais) e
podem adquirir a capacidade de se irradiarem para outras partes do
organismo (metástase).
Sarcomas: tecido mesenquimal (osso, músculo ou tecido
conjuntivo)
Carcinomas: tecido epitelial (revestimento do intestino, brônquios
e dutos mamários)
Malignidades hematopoiéticas e linfóides (leucemias e linfomas,
que se disseminam pela medula óssea, pelo sistema linfático e
pelo sangue periférico)

Hematopoiese
Malignidades hematopoiéticas e linfóides (leucemias e linfomas,
que se disseminam pela medula óssea, pelo sistema linfático e
pelo sangue periférico)
Linfomas
Malignidades hematopoiéticas e linfóides (leucemias e linfomas,
que se disseminam pela medula óssea, pelo sistema linfático e
pelo sangue periférico)
Leucemia
Freqüência dos diferentes tipos de
câncer

Esporádico
Familial
Hereditário
Câncer Esporádico

Acúmulo de Mutações

Câncer
Câncer Familial

Acúmulo de Mutações

Câncer
Genes de Suscetibilidade
BIOTRANSFORMAÇÃO DE XENOBIÓTICOS

FASE I FASE II:


Citocromos P 450 GSTs e NATs

XENOBIÓTICOS: Metabólitos Eletrofílicos Produtos Conjugados


Poluentes
Drogas
Toxinas
Pesticidas
Inativação
metabólica e
Excreção
Câncer Hereditário

Câncer
Todo Câncer se Origina
de Mutações Gênicas
Mutações germinativas Mutações somáticas

Genitor Prole

Mutação Todas Mutações


em óvulo células somáticas
ou afetadas (p.ex. tecido
esperma na prole mamário)

l Presentes em óvulo/esperma l Ocorrem em tecidos não-


não-
l “Herdáveis” germinativos
l Causa de síndromes l Não são “herdáveis”
familiares de câncer
Câncer Esporadico
Modelo de Knudson “two-hits”
Primeiro “hit”
(hit=mutaçao)

SEGUNDO
Nascimento: Duas
HIT
copias nao-mutadas
do gene

Uma mutaçao em um
gene; Segundo gene nao-
mutado
Duas mutaçoes –
uma em cada gene
CANCER
Câncer Hereditario
Modelo de Knudson “two-hits”
Primeiro “hit”
(hit=mutaçao)

SEGUNDO Nascimento: Duas


HIT copias nao-mutadas
do gene

Uma mutaçao em um
gene; Segundo gene nao-
mutado
Duas mutaçoes –
uma em cada gene
CANCER
Mutações Gênicas podem ser
Herdadas ou Adquiridas

Esporádico
2 mutações
adquiridas

Hereditário
1 mutação adquirida
e 1 mutação herdada

Baseado no modelo de Knudson, 1971.


Características do Câncer
Hereditário e Esporádico
Hereditário Esporádico

Mama
dx 47
Mama
dx 71
Mama Mama
dx 45 dx 61

Ovário Mama
dx 50 dx 42

Modificado de material informativo de Myriad Genetic Laboratories, Inc.


Câncer de Mama e Ovário:
Quanto é Hereditário?

Câncer de Mama Câncer de ovário

15%--20%
15%

5%
5%–
–10% 5%
5%–
–10%

Esporádico

Agrupamentos familiares

Hereditário
ASCO
Causas de Predisposiçao
Hereditária ao CCR

Esporádico
(65%–85%)
Familial
(10%–30%)

Raras
síndromes CCR
(<0.1%) Câncer colo
colo--retal
hereditário não
não--
Polipose adenomatosa polipomatoso
familiar (FAP) (1%) (HNPCC) (5%)
Adapted from Burt RW et al. Prevention and Early Detection of CRC,
CRC, 1996 ASCO
O que é uma Síndrome de Predisposiçao Hereditária
ao Câncer ?

Condição em que o indivíduo herda uma probabilidade


maior de desenvolver determinado(s) tipo(s) de tumor.

Esta predisposiçao é causada por mutações em


oncogenes, genes supressores de tumor ou genes
responsáveis pelo controle do dano celular.

O indivíduo afetado herda uma predisposição ao câncer


Bases genéticas do câncer
ONCOGENES

Seus produtos mutados ou super-expressos estimulam a mitose, mesmo


na ausência dos sinais de crescimento normais.

Estes genes são dominantes,ou seja, a presença de apenas um alelo


mutado predispõe a célula ao câncer.

Mutações de Ganho de Função/ Translocações cromossômicas


Bases genéticas do câncer

GENES SUPRESSORES DE TUMOR (ST)

Estes genes normalmente atuam como inibidores da mitose.

Genes ST são recessivos; ou seja, ambas cópias (materna e paterna)


devem estar mutadas para que haja perda de função.

Mutações de Perda de Função/Translocações cromossômicas


Bases genéticas do câncer
ONCOGENES X GENES SUPRESSORES DE TUMOR
Genes de reparo de danos ao DNA

Normal DNA repair


T C GA C
Base pair
mismatch No cancer
TC T A C

AG C T G

TC TAC TCTAC

AG C T G
Cancer

AG TG AGA T G
No DNA repair
Falhas no sistema de reparo levam à
Instabilidade de Microsatélites (IMS)

Normal

Instabilidade
Microsatélites Addition of
nucleotide
repeats
Progressão tumoral: modelo do
Câncer Colorretal

APC K-RAS DCC p53 Outras


alterações?

Epitélio Focos de Adenoma Adenoma Adenoma Carcinoma Metástase


Colônico displasia inicial intermediário tardio in situ
normal

TECIDO NORMAL INICIAÇÃO DO TUMOR PROGRESSÃO DO CARCINOMA


TUMOR

Seqüência adenoma-carcinoma em CCR (adaptado de Vogelstein et al., 1988).


Como Identificar o Paciente com
Predisposiçao Hereditária ao Câncer ?

Tumores
hereditários são
responsáveis por
apenas uma
pequena proporção
de todos os tumores

ASCO
A História Familiar de Câncer é “Chave” para:

l Avaliação precisa
do risco
l Aconselhamento
genético eficaz
l Seguimento
médico apropriado

ASCO
Como Obter a História Familiar de Câncer

 Obter história familiar de pelo menos 3 gerações


 Indagar sobre todos familiares e registrar:
- idade ao diagnóstico de câncer, idade ao óbito
e causa do óbito
- tumor primário vs. metastático
- lesões precursoras, tumores bilaterais
 Identificar grupo étnico

ASCO
Quando Suspeitar de uma Síndrome de
Predisposição Hereditária ao Câncer?
 Câncer em 2 ou mais familiares próximos
(mesmo lado da família)
 Idade precoce ao diagnóstico
 Múltiplos tumores primários
 Tumores bilaterais ou múltiplos tumores raros
 Constelação de tumores consistente com determinada
síndrome de predisposição hereditária ao câncer (p.ex.
mama e ovário)
 Evidência de herança autossômica dominante

ASCO
Principais Síndromes de predisposição
hereditária ao câncer de mama
SÍNDROME DE PREDISPOSIÇÃO AO CÂNCER DE
MAMA E OVÁRIO HEREDITÁRIOS - HBOC – Hereditary
Breast and Ovarian Cancer Syndrome

Mama
dx 47
GENES ENVOLVIDOS:
BRCA1, BRCA2
Mama
dx 45

Ovário Mama
dx 50 dx 42
Principais Síndromes de predisposição
hereditária ao câncer de mama
SÍNDROME DE LI-FRAUMENI

Alteração em TP53

SNC

SARCOMAS
MAMA
DE TECIDOS MOLES

ADRENOCORTICAL
SARCOMAS ÓSSEOS < 1% dos casos de
câncer de mama
hereditários

http://www.iarc.fr/p53
CÂNCER COLORRETAL HEREDITÁRIO
NÃO-POLIPOMATOSO (HNPCC)

MSH6
MSH2 MLH1 PMS2

Cr. 7
Cr. 3
Cr. 2

Acúmulo de Mutações em Progressã


Instabilidade de Oncogenes e Genes o do
Microssatélites Supressores de Tumor Tumor
POLIPOSE ADENOMATOSA FAMILIAR (PAF)
Porque é importante
identificar indivíduos em
risco para o câncer
hereditário ?

Prevalência destas doenças


Risco para diversos tipos de câncer
Risco de câncer superior à população
Câncer de Mama Hereditario:
Hereditario: tumores associados ao
BRCA1:: Risco cumulativo até os 80 anos de idade
BRCA1

RCV Câncer de mama 68%


68%--78% (População= 10%)

RCV Segundo câncer de mama primário


34%--47%
34%

RCV Câncer de ovário 36%


36%--46% (População= 1%)

Risco aumentado:
Câncer de cólon, pâncreas, gástrico

RCV = risco cumulativo vital


ASCO
Brose et al. JNCI 94(18):1365-1372;2002
Câncer de Mama Hereditario: tumores associados ao
BRCA2: Risco cumulativo até os 80 anos de idade

Câncer de mama Câncer de mama


(50%--85%)
(50% masculino
(6%)
Segundo câncer de
mama primário (~50%)

Câncer de ovário
(10%--20%)
(10%

Risco aumentado de câncer de próstata, vias


biliares, estômago,
pâncreas e melanoma

ASCO
Risco de Câncer Colorretal (CCR)

População geral 5%

História pessoal de
15%–20%
câncer colorretal
Doença inflamatória
15%–40%
intestinal

70%–80%
HNPCC

Polipose >95%
adenomatosa
familiar (PAF)
0 20 40 60 80 100

Risco de câncer até 70 anos (%)


ASCO
Risco Familiar de Câncer Colorretal
100
70%
80

Risco
60
cumulativo
aproximado de
CCR40
(%)
17%
20
6% 8% 10%
2%
0
Nenhum Um 1° Um 1°
1° 1° e Um 1° 1° Mutação
1° Dois 1°
dois 2°
2° idade HNPCC
<45
Número de familiares afetados
Aarnio M et al. Int J Cancer 64:430, 1995
Houlston RS et al. Br Med J 301:366, 1990
St John DJ et al. Ann Intern Med 118:785, 1993
ASCO
Porque é importante
identificar indivíduos em
risco para o câncer
hereditário ?

Medidas eficazes de redução de risco


Redução do Risco de Câncer de Mama e Ovário

Resultado positivo para BRCA1 ou


BRCA2

Oferecer teste para outros


familiares em risco

Prevenção Mudanças Quimioprevenção Cirurgias


intensificada no estilo de profiláticas
vida

ASCO
O Processo de
Aconselhamento Genético
Etapas do Processo de Investigação da
Predisposição Genética ao Câncer

AG pós
teste e
Análise dos seguimento
Selecionar resultados dos
famílias//
famílias pacientes e
familiares
TCLE teste
genético
AG
Identificação Pré teste
de pacientes
em risco
Etapas do Processo de Investigação da
Predisposição Genética ao Câncer

AG pós
teste e
Análise dos seguimento
resultados dos
Selecionar pacientes e
famílias//
famílias familiares
TCLE
teste
AG genético
Identificação Pré teste
de pacientes
em risco
MÉTODOS
MOLECULARES DE
INVESTIGAÇÃO E
RASTREAMENTO
Preparação do DNA para análise

Amostra de Centrifugação e DNA para análise


sangue extração de
DNA das
células brancas
do sangue ASCO
Métodos de Investigação
de Doenças Genéticas

• Identificação de Alterações Estruturais do DNA


- mutações conhecidas (pré-determinadas)
- mutações desconhecidas

• Identificação de Alterações na Expressão Gênica


- análise do RNA
- análise da proteína
“População” complexa
de DNA (DNA
genômico total etc.)

Amplificação Abordagens gerais


específica para estudar Detecção específica
seqüências
(Clonagem de DNA) específicas de DNA

Clonagem Clonagem Hibridização


baseada em in vitro Métodos Molecular
células (PCR)

•Célula hospedeira • Sonda marcada


adequada; • DNA polimerase de DNA ou RNA;
termoestável;
•Replicon (vetor); • Capacidade de
• Conhecimento detectar
•Capacidade de da seqüência para Requerimentos fragmentos
inserção do DNA síntese dos essenciais hibridizados com
exógeno e oligonucleotídeos a sonda.
transformação da (primers).
célula hospedeira.
A Reação em
Cadeia da
Polimerase - PCR
Polymerase Chain Reaction (PCR)

Desnaturação Anelamento Extensão


94ºC 50-65°C 72°C

DNA

primers sais dNTPs


polimerase
Temp

X 30
tempo
Eletroforese de DNA

Fragmentos de DNA colocados nas canaletas

Fragmentos de
DNA separados
por tamanho e
carga
Voltagem

Sentido da migração

MPM +
MPM: marcador de peso molecular ASCO
Seqüenciamento por Didesoxi

Em cada tubo são colocados a DNA polimerase, primers, os


nucleotídeos, o fragmento de DNA desejado e um didesoxi base-
específico que interrompe a polimerização
Seqüenciamento automatizado
Análises Laboratoriais:

BRCA1 (22 exons codificadores)

PCR
34 fragmentos
34 amplicons
(234--564 pb)
(234
Análises Laboratoriais:

BRCA2 (26 exons codificadores)

PCR
42 fragmentos 42 amplicons
(278--707 pb)
(278
Identificação de Mutações

Possíveis resultados da investigação


molecular

Positivo Inconclusivo Negativo

Alteração de sequência Alteração de sequência Nenhuma alteração


reconhecidamente de significado incerto de sequencia
patogênica detectável
Teste Genético de Predisposição ao Câncer
Benefícios: alívio de incerteza e ansiedade sobre o risco
informação para o paciente e sua família
condutas de vigilância e prevenção

Riscos: stress psicológico, discriminação


alteração da dinâmica familiar

Limitações: nem sempre uma mutação pode ser detectada


o significado da mutação pode ser desconhecido
muitas intervenções ainda não são comprovadamente
eficazes.
A Investigação Genética tem
Conseqüências para toda a Família

É preciso
considerar o
impacto da
investigação sobre
todos membros da
família
A investigação
genética é uma
escolha individual

ASCO
Etapas do Processo de Investigação da
Predisposição Genética ao Câncer

AG pós
teste e
Análise seguimento
dos dos
Selecionar resultados pacientes e
famílias/ familiares
TCLE
teste
AG genético
Identificação Pré teste
de pacientes
em risco
Software
Progeny

Plataforma ABI 3500


Investigação Genética: Possíveis Resultados

• Positivo: Um resultado positivo indica


uma maior probabilidade de
ter câncer,
mas não significa 100% de
chance de desenvolver câncer.
Investigação Genética: Possíveis Resultados

• Negativo: Um resultado negativo


precisa ser interpretado
no contexto da história
familiar.

(Negativo verdadeiro vs. inconclusivo)


Interpretação de um Resultado Negativo

Nenhuma mutação identificada Família com mutação conhecida


na família

Ca Cólon, 52 Ca Cólon, 52

Ca Ca Ca Cólon, Ca
Cólon, Endométrio 45 Endométrio
47 MSH2 + 47
45
37 37
MSH2 - MSH2 -

Inconclusivo Negativo verdadeiro

ASCO
Etapas do Processo de Investigação da
Predisposição Genética ao Câncer

AG pós teste
e
Análise dos seguimento
resultados dos
Selecionar pacientes e
famílias/ familiares
TCLE
teste
AG genético
Identificação Pré teste
de pacientes
em risco
Papel do Aconselhamento Genético:
Pós-Teste
1) Informar o resultado e discutir seu significado

2) Avaliar a resposta do paciente ao resultado

3) Discutir plano em relação a outros familiares

3) Discutir opções de manejo


- intensificação da vigilância
- intervenções preventivas
Redução do Risco de Câncer de Mama e
Ovário
Resultado negativo para BRCA1 ou BRCA2

Membro de uma família com


mutação conhecida em BRCA1 ou
NÃO BRCA2 ? SIM

Destacar o risco de mutação Destacar o risco de câncer


não-identificada na família esporádico

Encorajar adesão às medidas


Oferecer plano de populacionais de prevenção e
rastreamento/prevenção redução do risco de câncer
personalizado
Redução do Risco de Câncer de Mama e
Ovário

Resultado positivo para BRCA1 ou


BRCA2

Oferecer teste para


outros familiares em risco

Prevenção Mudanças no Quimioprevenção Cirurgias


intensificada estilo de vida profiláticas

ASCO
Obrigada!!!

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