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Desigualdades escolares e

atuação docente
Curso de Extensão

Aula 1 – 2 de agosto de 2021


Professora Gabriela Honorato
Laboratório de Estudos e Pesquisas em Educação Superior
Faculdade de Educação da UFRJ
O curso tem como objetivo familiarizar os estudantes com conceitos e
análises referentes aos estudos da sociologia da educação, em especial
aqueles que analisam as escolas eficazes, incluindo aspectos históricos e
contemporâneos referentes à educação básica.
Será realizado de maneira remota através de aulas expositivas, leitura de
textos, debates em aula, trabalhos escritos, aulas com convidados,
principalmente pesquisadores integrantes do LAPES/UFRJ (Laboratório
de Pesquisa em Ensino Superior), do LEPES/UFRJ (Laboratório de Estudos
e Pesquisas sobre Educação Superior), do Desestrutura/UFF (Grupo de
Pesquisa sobre Desigualdades Estruturantes), LAP/UFF (Laboratório
sobre Acesso e Permanência na Universidade) e do GEES/UFMG (Grupo

Sobre o curso de Estudos sobre Educação Superior).


Trata-se de um curso desenvolvido no escopo do projeto Estratificação da
educação básica brasileira: uma abordagem multidimensional, que conta
com financiamento do CNPq.
https://estratificaeduca.wixsite.com/my-site
PÚBLICO-ALVO: Docentes das redes pública estadual e municipal,
estudantes de graduação e pós-graduação das IES, integrantes de ONGs
e movimentos sociais, público em geral interessado no tema.
​O curso é gratuito e haverá emissão de certificado caso o participante
atenda às seguintes exigências: ter participado de no mínimo 75% das
atividades remotas e entregar as avaliações solicitadas pelos docentes.
A plataforma utilizada é o Zoom, que pode ser acessada pelo Desktop ou
pelo celular. Para mais informações sobre como ingressar na sala remota
- https://support.zoom.us/hc/pt-br/articles/201362193-Como-ingressar-
em-uma-reuni%C3%A3o

A sala remota ficará aberta a partir das 17h30 para testes de áudio e
imagem. É importante manter o microfone desligado ao longo da aula.
A organização das aulas e os respectivos textos estão disponíveis
em https://estratificaeduca.wixsite.com/my-site/aulas

O chat ficará aberto para comentários, dúvidas e inscrição para questões.


As aulas serão gravadas e ficarão disponíveis no site do curso.

Os certificados de participação serão fornecidos ao final do curso,


observando os critérios de frequência (75% das atividades remotas) e
avaliação (A avaliação será feita através da frequência e participação nas
aulas, e da elaboração e entrega de um trabalho final que reflita sobre a
temática do curso (desigualdades escolares e atuação docente), que
deve ter entre 04 e 06 páginas, incluindo título, resumo, introdução,
desenvolvimento, considerações finais e a bibliografia citada, que deve
incluir ao menos 5 artigos trabalhados no curso. Devem estar em
formato pdf com fonte Times New Roman, corpo 12, espaçamento 1,5. O
prazo para entrega é 15 de setembro. A nota mínima exigida é 6,0 (seis).
Professora responsável: Gabriela Honorato (UFRJ)

Objetivo: A aula terá como objetivo explorar a relação entre expansão das oportunidades educacionais e
de profissionais docentes. Destacar-se-á a história da participação feminina no mercado de trabalho; o
recrutamento de mulheres para a docência a partir da segunda metade do século XX; e, o impacto da
profissão docente nas condições de trabalho do pessoal de nível superior no Brasil nos últimos anos.

Bibliografia:
ELACQUA, Gregory et. al. O impacto da rápida expansão da cobertura escolar na profissão docente. In:
PROFISSÃO PROFESSOR NA AMÉRICA LATINA. Por que a docência perdeu o prestígio e como recuperá-
lo? NY: BID, 2018. (https://drive.google.com/file/d/1IzludLWooqvkLXS0-
aJXN3scwvy_LyCR/view?usp=sharing)
Apoio:
MORAIS, Regis (1989). A educação brasileira nos séculos XIX e XX. In: CULTURA BRASILEIRA E EDUCAÇÃO.
2ª Ed. Campinas, SP: Papirus, 2002.

Aula 1 (02/08):
Apresentação do curso;
Identificação de expectativas;
Introdução à temática do curso;
História da formação de professores
Expectativas?
Os materiais de estudo disponibilizados pela
docente não podem ser compartilhados e/ou
divulgados para terceiros que não estejam
inscritos neste Curso sem a devida autorização
Confidencialidade da Profa. Gabriela Honorato. Assim, nenhum/a
participante está autorizado/a a divulgar os
mesmos a terceiros, sob pena de o fazendo,
responder judicialmente pelas perdas e danos
decorrentes do ato.
A história da educação no Brasil é de uma “vasta precariedade”
(Morais, 2002)
A despeito de profundas
mudanças para a “entrada” do
Filhos/as das elites, recebiam
país no mundo moderno; trabalho
educação em casa, de forma
de “modernização da Colônia”;
início do preparo da nação para
servir à vida industrial
privada
Educação no
Brasil: Século XIX
Na prática: rala distribuição de
Deslocamento do ensino de
retórica e letras para o campo das
ciências
escolas elementares pelo
território, de modo precário e
(Comportou
desigual
Colônia + 2 fases
Imperiais + 1 fase
O novo Império continuava uma
sociedade escravocrata (maioria
Estes eram, em geral, preparados
para assumirem postos como
republicana)
sem acesso à educação): somente funcionários do novo Estado
homens brancos, livres e não- independente (sobretudo nas
pobres estudavam Faculdades de Direito)
Fase imperial

▪Recursos não foram destinados para a reorganização da estrutura de educação após a


expulsão dos jesuítas (1759)
▪ Ato Adicional à Constituição de 1834: governo central atribuiu à cada província a
tarefa de educar (descentralização)
▪ Consequências: possibilidade de evitar uniformizações indevidas + aumento no
número de escolas elementares + desigualdade + algumas províncias concebiam o
estudo como um “estorvo”, face ao trabalho dominante
▪ Avanços da educação no Império: pequenos; nada de muito significativo
Fase republicana

▪Ascensão do positivismo; ciência e educação escolar como destino civilizatório;


de modernização cultural (embora, com fortes traços de cientificismo acrítico)
▪Para os positivistas:
▪ a manutenção da ordem necessitaria da educação escolar. Esta prepararia os
cidadãos para adesão à ordem social de forma intelectual
▪ Educação como preservação da ordem e do progresso
Cultura e educação no século XX
Brasil na década 1930:
educação apresentava um Censo Demográfico 1940:
Precária oferta de ensino
quadro crítico do ponto de taxa de analfabetismo era de Em 1960 a taxa caiu para
público à população em
vista do acesso e 56,17% da população com 39,35%
idade escolar
permanência das crianças na idade superior a 15 anos
escola

Era preciso, nesse momento, Comenta-se e constata-se,


No final do século XIX os
definir o papel do Estado no meio político, os
países industrializados já
diante da educação, problemas educacionais:
tinham vencido a barreira do
acompanhando a onda incapacidade de preparar o
analfabetismo
internacional povo para um futuro
▪Tem início a proposta de uma educação nova, de uma “Escola Nova”, revolucionária,
uma vez que “modernizadora”
▪Tem início também o embate entre cosmovisão tradicional/católica e uma
cosmovisão moderna/escolanovista; pedagogia tradicional e a pedagogia nova

▪“(...) esse antagonismo foi o que de mais importante ocorreu no Brasil em campo
educacional na primeira metade do século atual.”
▪“(...) tradicionalismo pedagógico e escolanovismo permanecem como atores
privilegiados de nosso drama educacional” (Morais, p. 111)

Observação:
▪Auge da cosmovisão e pedagogia escolanovista: década de 1960
Educadores tradicionais Escolanovistas
▪ Busca pela essência humana ▪ Conhecimento emerge da experiência
▪ Ensino de valores eternos, verdades absolutas, princípios que não ▪ Mundo em processo de mudanças vertiginosas
sofrem alterações sócio-históricas ▪ Modificação de mentalidade
▪ Conteúdo do ensino: aquele que foi acumulado ao longo do tempo, ▪ Assimilação do movimento da industrialização
verdades absolutas ▪ Passar a educação de bases místicas para científicas
▪ Ensino deve conduzir o ser humano a Deus ▪ Democracia
▪ Contestam a desclericalização do ensino, técnicas pedagógicas não ▪ Iluminismo
hierárquicas e ensino misto ▪ Estado como responsável pela educação dos cidadãos
▪ Democratização do ensino
Ideário: tradicional, católico, filosófico, teológico ▪ Igualdade de oportunidades
▪ Ensino obrigatório (para extirpar o analfabetismo)
Pedagogia: aprendizagem centrada no professor; exposição oral; ▪ Ignorância não pode existir com a evolução industrial
disciplina; memorização; professor é o sujeito e o elemento decisivo e ▪ Ensino gratuito: injusto obrigar sem oferecer meios
decisório do processo ▪ Educação vista como um direito
▪ Ensino laico (sem sectarismo de credo)
▪ Ensino misto (economia financeira)
▪ Ensino de prática profissionalizante
▪ Ensino comunitário – visando o partejar de uma consciência de
cooperação social

Ideário liberal (politicamente) e funcionalista (cientificamente)

Pedagogia: aprendizagem participada (não passiva); quebra de


distanciamento autoritário entre professor e aluno; aluno como centro
do processo
▪ Governo JK (1956-1961)
▪ Transição rural-urbano
▪ Consagrado na memória política brasileira como um
Segunda ▪
governo democrático
Empenhado em levar o “desenvolvimento” a todo
metade do ▪
território nacional
Educação com 3,4% dos investimentos no grandioso
Século XX Plano de Metras – preocupação com a formação de
pessoal técnico
(novo ideário ▪ Criou a UnB e estimulou cursos superiores voltados
para a Administração
educação- ▪ Acreditava-se que com uma elite bem preparada o
país se beneficiaria e poderia estender
trabalho) progressivamente a educação ao conjunto da
população. “A implementação de um programa de
desenvolvimento implicaria a racionalização e a
modernização administrativas do país, que exigia
formação especializada” (H. Bomeny)
▪ Registro forte da década de 1950: publicação em 1959
de um novo manifesto “Mais uma vez convocados”,
também redigido por F. de Azevedo e assinado por 189
pessoas ilustres
▪ Reavivamento da plataforma dos Pioneiros da Educação
Nova:
▪ defesa, como direito do cidadão e dever do Estado,
de uma educação pública, obrigatória, laica e
gratuita;
▪ uma educação garantia pelo Estado para todos os
que estivessem em idade de frequentar a escola;
▪ obrigatoriedade da matrícula sob pena de punição;
▪ não submissão da educação a qualquer orientação
confessional;
▪ gratuidade, para que todos, indiscriminadamente,
tivessem acesso.
▪Vai se intensificar a influência norte-americana, após a II Guerra
Mundial (com todo o poder internacional que vai consolidar)
▪Com sua forte concepção de segurança e polícia internacional de
modo a garantir a ordem, a prosperidade, a liberdade, a
democracia... Seja onde for (também entre os países latino-
americanos)
▪Com seu movimento de tentar incorporar os países latino-
americanos em seu espaço de intervenção econômico, político e
sociocultural (por meios organizados institucionalmente)
▪Empresas privadas, corporativas e monopolistas celebraram acordos
com nossos governos (e chegam com força ao Brasil)
▪Novo ideário e nova política de educação se estabelece a partir daí
▪Origem das futuras “pedagogias tecnicistas” (forte nos anos 1970),
com as palavras de ordem “eficiência” e “produtividade”
▪Recebida via acordos MEC-USAID (United States Agency for
International Development), mas com “resistência/s”
(empreendimentos de educação popular)
▪Para educação de massa, com objetivo de preparação
para o trabalho
▪Espécie de modelo empresarial de educação (no estilo
taylorista-fordista de administração e planejamento
racional)
▪Elemento principal: organização racional dos meios
▪Professor e aluno ocupam posição secundária; são
Pedagogia executores de um processo, cuja concepção,
planejamento, coordenação e controle ficam a cargo de
tecnicista especialistas habilitados, neutros, objetivos e imparciais
▪Não dialógica; procura a objetividade; busca diminuir as
interferências subjetivas (de professores e alunos) que
possam colocar em risco sua eficiência
▪Valoriza: auto-ensino; livro-didático; manuais; cartilhas;
apostilas; tele-ensino; recursos audiovisuais; múltipla-
escolha; DESEMPENHO (notas objetivas)
▪Escola deve moldar o comportamento, organizar o
processo para a aquisição de habilidades e
conhecimentos já historicamente descobertos
▪Quem descobre são os cientistas, pesquisadores,
especialistas e não os professores. Ao professor cabe
repassar o conhecimento, buscando a melhor forma de
controlar as condições ambientais que assegurem a
transmissão/recepção de informações

Consequências:
Intensificação da burocratização da educação;
Evasão; repetência; inferiorização de quem fracassa
(incompetente; não apto para o trabalho produtivo);
interiorização da função do professor (simples executor
de planos, planejamentos, de especialistas que não
pisavam em sala de aula, etc.)
E os professores?
A formação nas Escolas
Até a primeira metade do
Normais era muito valorizada
século XX, ser professor da
O docente era uma figura de (seletiva e prestigiosa), numa
educação básica era uma
autoridade social época em que a cobertura do
profissão de muito prestígio
ensino médio era muito
social
limitada

A reputação dos professores


Esse fato não se relacionava
era tão elevada que em
com o nível socioeconômico
alguns locais eles podiam
dos alunos. Muitos de baixo
atuar como juiz de paz ou
status estudavam com bolsas
tabelião
Mas, com as transformações que a AL vivenciou
no século XX...
1) Rápida expansão da cobertura escolar, com a
incorporação de milhares de novos alunos
2) Houve a necessidade de se incorporar
também milhares de novos professores
3) Houve o aumento nos programas de formação
de professores, mas sem a devida atenção à
qualidade da formação inicial – pela
necessidade de posicionar rapidamente novos
professores nas escolas
4) Salários foram ainda mais reduzidos
Outra questão importante:
As profundas transformações sociais e culturais
vivenciadas pelo mercado de trabalho feminino.

Há um século, ser professora era uma das poucas


ocupações profissionais abertas às mulheres.
Sem dúvida, muitas mulheres talentosas
tornaram-se professoras.

Hoje, muitas mulheres talentosas buscam


carreiras profissionais mais lucrativas e
prestigiosas.
➢Meados do século XX: a expansão se acelerou muito, mesmo com a taxa de
crescimento demográfico dobrando entre 1950 e 1980
➢Ondas de migração do campo para a cidade: facilita a cobertura de
escolarização – construir dezenas de escolas para atender à população rural
não é o mesmo que erguer algumas escolas em bairros urbanos, concentrando
um número maior de habitantes
➢Estados: muito esforço para expandir a escolarização; elevaram muito os gastos
públicos com educação, aproveitando ao máximo a infraestrutura existente

Expansão (adicionando turnos, por exemplo)

escolar Mas a expansão foi feita por políticas “de cima para baixo”:
➢ Obrigatoriedade do EF;
➢ Eliminação dos exames de admissão para o EM;
➢ Fornecimento de material didático gratuito;
➢ Programas de alimentação;
➢ Construção de novas escolas.
Como foi possível recrutar tantos professores?

Necessidade ➢ O crescimento no número de professores


chegou a ser maior que o de matrículas
de novos ➢ Flexibilização dos requisitos para o acesso à
docência
docentes ➢ Expansão da formação de professores, muitas
vezes, de forma pouco regulamentada
➢ Facilitação da titulação pelos governo
➢Assim, possuir um título docente passou a não
representar uma garantia de formação
pedagógica de qualidade.
➢ A qualidade ficou em segundo plano.
➢ No Brasil, relata-se o empobrecimento e a
desarticulação dos conteúdos, bem como a
menor duração da formação em cursos de
carreira docente (Tanuri, 2000).
➢ Devido ao excesso de escolas normais de baixa
qualidade, a elevação da formação ao nível
superior, parecia uma medida na direção correta
para reverter a qualidade insuficiente
➢Mas a ascensão à formação superior não atingiu
o objetivo de elevar a qualidade da formação (e
uma transformação real na formação docente)
➢A seletividade diminuiu
Na AL, sistemas de garantia da qualidade do ES só
surgiram nas décadas de 1990 e 2000 e com
escassa regulamentação, proliferaram-se os
programas de formação de baixa qualidade
(cursos EaD, setor privado).
➢ Os professores deixaram de pertencer à “classe
média” e passaram a integrar as “classes
populares”, com baixa capacidade econômica
➢ Devido ao crescente número de professores, a
pressão dos salários sobre o tesouro público se
tornava cada vez maior
A queda nos ➢ Os salários se tornaram os mais baixos entre os
servidores públicos
salários ➢ Ou seja: perda de renda + baixa qualidade da
formação
Como mesmo assim o aumento no
número de professores continuou?

Continuou pelas mudanças nas


características daqueles que optam
pela docência.

Tornou-se uma opção acessível para


os que tinham poucas oportunidades
de seguir outras carreiras.
➢ Historicamente, a docência tem sido uma profissão
predominantemente feminina
“Como as ➢ No início do século XX, era quase a única opção para as
mulheres
mudanças no ➢ As que trabalhavam eram até “estigmatizadas”
➢ A maioria que trabalhava na época era solteira, jovem (ou de
MT feminino baixo nível socioeconômico)
➢ Áreas com maior participação feminina: artes plásticas;
afastaram da conservatórios (elites); ensino e saúde (classes médias);
serviços e indústria (classes populares – empregadas
docência as domésticas; cozinheiras; operárias; costureiras; lavadeiras;
etc.).

melhores ➢ À medida que as opções de emprego para as mulheres se


expandiram, muitas mulheres talentosas foram motivadas a se
afastar da carreira docente
candidatas?”
➢ O sistema educacional do século XIX e XX não estimulou o
desenvolvimento acadêmico e profissional das mulheres
➢ Elas tiveram prioridade inferior a dos homens
➢ Havia mais escolas para meninos que para meninas
➢ O objetivo da instrução das mulheres era o de desenvolver virtudes
O acesso morais e sociais de seus filhos
➢ A participação feminina no EM era muito limitada

limitado das ➢ Meninas de classes altas: tinham acesso a professores particulares e


a algumas escolas de elite

mulheres à ➢ Classes médias e baixas: excluídas do sistema


➢ EM: era destinado, principalmente, a aqueles que pretendiam se

educação preparar para o ES


➢ O EM, inclusive, era proibido às mulheres, e depois passou a ter
baixa participação feminina
➢No Brasil, puderam ter acesso a partir de 1827. Somente foi
fundada em 1858 a 1ª escola de ensino médio para mulheres.
O ES continuou exclusivo para homens até 1879
➢ Apenas 5 países da AL passaram a oferecer acesso às
mulheres à universidade no final do século XIX: Brasil,
Argentina, Chile, Cuba e México
➢ No final dos século XIX, as mulheres tinham menos da
metade dos anos de escolaridade dos homens (com exceção
do Chile, onde tinham a metade)
➢ A formação de professoras em nível médio era uma das
poucas opções para se continuar estudando (era uma função
socialmente aceita; extensão do espaço doméstico e da
criação dos filhos). Ideia de que: Professora deveria ser como
uma segunda mãe; Missão de educadora, dada por natureza;
Instinto materno e para a docência.
➢Pagar a professoras em massa era economicamente mais
lucrativo para os governos
➢Isso em função à sua “natural vocação” para a profissão
➢Para as mulheres, era a máxima remuneração que podiam
aspirar
➢Século XIX: diferentes leis foram aprovadas de apoio à
A feminização do ensino feminização do ensino:
também foi sustentada ▪ Suspensão de bolsas para homens nas escolas normais
pela legislação (Argentina)
▪ Somente mulheres podiam lecionar a partir de 1881 no
EF (Chile), na Colômbia (1904)
▪ Brasil: foi proibida a admissão de homens no Curso
Normal do Instituto de Educação
➢A partir de meados dos anos 1960/70: AL começou a se
industrializar
➢Novas oportunidades de trabalho para as mulheres
surgiram
➢Começaram a conquistar mais direitos, incluindo o voto
Expansão de ➢Passaram a ter mais acesso ao ES e a empregos mais bem
oportunidades de remunerados
trabalho para ➢Diminuição progressiva do estigma social
mulheres e maior ➢A região passou/passa por uma queda considerável na
acesso à educação taxa de fecundidade desde os anos 1970
➢Houve mudança na composição do professorado
feminino: é possível que as “mais talentosas” tenham se
afastado da docência e estejam em carreiras profissionais
mais lucrativas e atrativas
Questão para reflexão e estudo:

Que tipo de influência esses fenômenos todos têm


sobre a qualidade da educação básica? Se há alguma
influência negativa, como solucioná-la?
Fontes
MORAIS, Regis (1989). A educação brasileira nos séculos XIX e XX. In: CULTURA
BRASILEIRA E EDUCAÇÃO. 2ª Ed. Campinas, SP: Papirus, 2002.

ELACQUA, G. et al. Profissão Professor na América Latina: Por que a docência perdeu
o prestígio e como recuperá-lo? NY: BID, 2018.
Obrigada!
Profa. Dra. Gabriela Honorato
Laboratório de Estudos e Pesquisas em
Educação Superior
Faculdade de Educação da UFRJ

Contato: honorato@ufrj.br

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