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Estudo TBL AB VII – 18/02

IVAS
 IVAS  responsáveis por 13.8% das internações hospitalares no BR
 IRAs (infecções respiratórias agudas) = “gripe”
o Síndromes clínicas: Rinofaringite aguda (resfriado comum), bronquite aguda, exacerbação da
bronquite crônica (asma), a sinusite, a própria gripe e a pneumonia
 Vírus respiratórios, bactérias típicas (S. pneumoniae, H. influenzae) e as atípicas (Chlamydia
pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae)
 Grande maioria das vezes: manifestações leves que podem ser tratadas apenas com sintomáticos
o Algumas podem necessitar ATB
o Poucas (pneumonia, exacerbação infecciosa de asma ou gripe em idosos p.ex.) apresentam
quadro mais grave  hospitalização indicada
 Na presença de tosse produtiva prolongada (>2 semanas), principalmente quando não responsiva a ATB
 Tuberculose como DDx diferencial  pesquisa de BAAR no escarro
Infecções Virais
Resfriado comum
 AKA Rinofaringite aguda
 Infecção viral benigna, autolimitada, em geral restrita às vias aéreas superiores
 Frequente em crianças pré-escolares  em media 6-8 resfriados/ano
o Adultos tem 3-5 episódios/ano
 Resfriado é a principal causa de absenteísmo escolar e do trabalho
 Sintomas mais comuns
o Rinorreia, espirros, congestão nasal e ardência na garganta
o Alguns indivíduos  dor facial e/ou tosse
o Febre costuma ser baixa (<38ºC)
o Pessoas com asma ou bronquite crônica podem apresentar exacerbação dos sintomas
 Etiologia e Fisiopatologia
o Rinovírus é responsável pela maioria dos casos
 Coronavirus, influenza, Parainfluenza, vírus sincicial respiratório e adenovirus são
responsáveis pelo resto
o A alta incidência de infecção se deve ao fato de que a imunidade desenvolvida par ao rinovírus é
do tipo especifica e parcial, e esse vírus apresenta >100 sorotipos diferentes
o Bactérias atípicas como clamídia e Micoplasma podem raramente causar quadros semelhantes
o Transmissão viral se faz por:
 Por contato direto das mãos com secreções e inoculação nas mucosas oral e conjuntival
 Aerossóis e inalação de micropartículas contaminadas
 Por deposito de macropartículas na conjuntiva e trato respiratório
o O período de incubação é curto, de 2-3d
o Sintomas duram de 5-7d, mas em crianças podem perdurar por >10d
 Tratamento
o Sintomático  hidratação (principalmente em idosos e lactentes)
 Sintomas como mal-estar, cefaleia e artralgia  AINEs ou paracetamol
o Anti-histamínicos podem aliviar os sintomas nasais  rinite alérgica
o Se necessário, um descongestionante tópico ou sistêmico pode ser utilizado 1-2x/dia por poucos
dias
o Brometo de ipratrópio  capaz de reduzir sintomas de rinite e tosse
o ATB  inefetivos e contraindicados
 Prognóstico
o Em cerca de 5% dos indivíduos o resfriado comum evolui para sinusite, sendo o pneumococo e o
Haemophilus os principais responsáveis por complicações bacterianas
o Não existe vacina disponivel para o resfriado comum por conta de haver múltiplos agentes
causais
Gripe
 AKA influenza
 Doença aguda febril, de gravidade variável, com manifestações respiratórias e sistêmicas, causadas pelo
vírus influenza
o O vírus pertence à família dos ortomixovírus e compreende 3 tipos (A, B e C)
 A doença costuma apresentar-se de forma epidêmica na comunidade, no período de inverno
o O tipo A é responsável pelas grandes epidemias, causando milhões de mortes (ex. H1N1 em
2009)
 O vírus, principalmente o A, tem a capacidade de variar sua antigenicidade, proporcionando a repetição
de epidemias
o Os vírus circulantes ao final de uma estação serão os responsáveis pelas infecções no próximo
ano, geralmente
 Fisiopatologia
o A infecção é altamente contagiosa e a disseminação do agente se faz por aerossóis, fômites ou
contato direto (mãos)
o Os vírus causam danos ao epitélio respiratório  descamação das células colunares ciliadas
o Período de transmissão da influenza é de um dia antes até o 7º dia do inicio dos sintomas em
adultos
 Mais prolongado em crianças <12 anos, iniciando um dai antes e permanecendo até o 14º
dia
o FR para infecção: idade <2 anos ou >60 anos e gestação
o Em qualquer época do ano  influenza deve ser considerada em pessoas imunocompetentes e
imunodeprimidas com sintomas respiratórios agudos e febre
 Quadro clínico e diagnóstico
o Infecção aguda, com febre alta (até 40ºC) de inicio súbito, acompanhada de tosse ou dor de
garganta, e pelo menos um dos seguintes
 Cefaleia
 Mialgia
 Artralgia
o Sintomas oculares, como fotofobia e lacrimejamento, também são frequentes
o Sintomas respiratórios  tanto de vias aéreas superiores quanto inferiores são proeminentes
 Coriza abundante, congestão nasal, dor na garganta, rouquidão e tosse
 Tosse pode ser acompanhada de ardência retroesternal
o Febre costuma ceder a partir do 3º dia  melhora simultânea dos sintomas decorrentes do
aumento de temperatura corporal
 Tosse, cansaço e mal-estar podem perdurar algumas semanas
o Alterações laboratoriais
 Leucocitose, leucopenia ou neutrofilia
o Alterações radiológicas
 Rx de tórax com infiltrado intersticial localizado ou difuso OU presença de área de
condensação
 Prognóstico
o Pneumonia pode ocorrer como complicação causada pelo próprio vírus ou por bactéria, ou
geralmente, por ambos
o Suspeitar de Síndrome Respiratória Aguda Grave
 Febre >38ºC, tosse e dispneia
 Aumento da FR (>25 ipm)
 Hipotensão em relação à PA habitual do paciente
 Em crianças  batimentos da asa de nariz, cianose central, tiragem intercostal,
desidratação e inapetência
 Em caso de SRAG  coletar secreção nasofaríngea (detecção de influenza), hemocultura
(pesquisa de agentes microbianos e avaliação de resistência a ATB) e outras amostras
clínicas especificas do paciente
o FR para complicação por Influenza
 Imunodepressão
 Condições crônicas (ex.: hemoglobinopatias, cardiopatias, pneumopatias, IRC, doenças
metabólicas
 Diagnóstico diferencial
o Feito com outras infecções virais que também se manifestam em forma de surtos
 Manejo
o Principalmente
 Lavar as mãos com água e sabão
 Evitar tocar olhos, nariz ou boca após contato com superfícies
 Evitar sair de casa enquanto estiver transmitindo (até 5d após início dos sintomas)
 Evitar entrar em contato com pessoas suscetíveis
 Evitar aglomerações e ambientes fechados
 Repousar, ter alimentação balanceada e ingerir bastante liquido
o Em indivíduos saudáveis  infecção é autolimitada e o tratamento consiste apenas em
medicamentos sintomáticos
 Antivirais (neuraminidases) são efetivos, mas apresentam efeitos modestos (reduz em um
dia o quadro gripal)  não recomendado
o Tratamento com antivirais é indicado para todos indivíduos que apresentam SRAG (com
oseltamivir)
 Além disso  orientar afastamento temporário das atividades de rotina, higienizar as
mãos, utilizar lenço descartável para higiene nasal, cobrir nariz e boca quando espirrar ou
tossir, evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca, higienizar as mãos após tossir ou
espirrar
 Prevenção
o Vacina contra influenza é efetiva na prevenção da doença  reduz em 60% a ocorrência
 Vacina possui as estirpes virais mais representativas das cepas circulantes a cada ano
 Após vacinar  detecção de anticorpos protetores ocorre entre 1-2 semanas
 Vírus inativado  não provoca doença
o Quimioprofilaxia
 Não substitui a vacina
 Inibidores de Neuraminidases são efetivos na prevenção, mas seu uso está contraindicado
para profilaxia de larga escala  profissionais de laboratório e profissionais de saúde que
tenha manipulado amostras clínicas ou se envolvido na realização de procedimentos
invasivos sem uso de EPIs
Bronquite Aguda
 Costuma acompanhar as infecções respiratórias em geral, mesmo as das vias aéreas superiores, sendo
frequente no resfriado comum
 Expressão clínica mais comum: tosse (pode perdurar algumas semanas), em geral acompanhado por
outro sintoma torácico (expectoração, chiado ou desconforto no peito)
 É um motivo frequente de consulta médica e de prescrição de ATB, ainda que aprox. 90% dos casos
sejam virais
 Quando a tosse se torna persistente e arrastada, e sintomas sistêmicos como mal-estar e cansaço são
importantes  considerar bactérias atípicas (Micoplasma ou Clamídia) e Bordetella pertussis
o Coqueluche (B. pertussis) pode comprometer indivíduos vacinados na infância, pois a imunidade
se reduz com o tempo
 Tosse produtiva e prolongada também pode ser expressão de sinusite ou sinusobronquite
o Obstrução nasal persistente, sensação de corpo estranho na garganta ou execução frequente de
manobras de aspiração são sintomas sugestivos desse diagnóstico
 Em pacientes com tosse prolongada, a investigação com Rx de tórax e seios da face + exame
bacteriológico de escarro deve ser considerado, sobretudo se um curso de ATB já tiver sido realizado
o TC é o padrão ouro no que se refere ao complexo ostiomeatal e aos seios etmoidais, mas é caro e
de difícil acesso  situações especiais
 DDx de TB deve ser afastado, e se o individuo for tabagista, pensar em neoplasia
 Asma, sinusite e refluxo devem ser considerados em pacientes com Rx normal e tosse prolongada
 Tratamento
o Na maioria dos casos  doença é autolimitada e regride em 2-4 semanas, independentemente do
tratamento instituído
o ATB confere muito pouco benefício clínico  não sendo recomendada de rotina
 Uso abusivo de ATB para infecções respiratórias é considerado um dos fatores
responsáveis pela emergência de patógenos resistentes
 ATB pode ser indicada nos indivíduos com risco de complicações devido à comorbidade
preexistente (insuficiências cardíaca, renal, pulmonar e hepática, doença neuromuscular
ou imunossupressão) e em pacientes com >65 anos e dois fatores de risco ou >80 anos e
um FR (admissão hospitalar nos ultimos 12 meses, DM, história de ICC e/ou uso de
corticoide oral)
o ATB de escolha  aminopenicilinas oral (ex.: amoxicilina)
 Alternativas  macrolídeos, tetraciclina, cefalosporinas, cetolídeos ou uma
fluoroquinolona respiratória
 TB suspeito  evitar fluoroquinolonas
o Uso de broncodilatadores B2-agonistas pode ser útil em pacientes com hiper-reatividade
brônquica, mas seu uso de rotina não é aconselhado
 Brometo de ipratrópio é uma boa opção para pacientes do DPOC
o Anti-histamínicos podem auxiliar no tto de pacientes com rinite e gota pós-nasal
Exacerbações agudas de DPOC
 Definida pelo
o Aumento da purulência
o Aumento do volume de escarro
o Intensificação do grau de dispneia
 Principal causa: infecção  especialmente em vias aéreas inferiores (>50% dos casos)
 Aumento de materiais particulados (poluição) aumenta desencadeio de exacerbações
 Condições que podem favorecer a agudização da doença ou mimetiza-la:
o TEP, pneumotórax, ICC e reações adversas medicamentosas
 Bactérias são responsáveis por 2/3 das infecções causadoras de exacerbações agudas da DPOC, e os
vírus, pelo restante
o Bactérias mais comuns: H. influenzae e S. pneumoniae, depois, Moraxella catarrhalis
o Existe correlação entre a gravidade da doença de base e o agente microbiano isolado, também há
relação com uso frequente de corticoides sistêmicos e de antibióticos
 Exacerbações de DPOC tem relação com perda de função pulmonar e com mau prognóstico de doença
 por isso, prevenir
 Tratamento
o Antibióticos são efeitos nas exacerbações de DPOC  +20% nas taxas de melhora clínica
o Entretanto a origem infecciosa pode ser viral (principalmente com escarro mucoide)  ATB não
são recomendados
o Doentes mais graves  considerar Pseudomonas
o Escolha do antibiótico deve levar em consideração a epidemiologia do doente
Pneumonia
 PAC  infecções agudas do parênquima pulmonar, que acometem indivíduos fora do ambiente
hospitalar ou nas primeiras 48h após admissão hospitalar
o FR: >60 anos, imunodepressão e comprometimento do SNC
 Idosos tem menos sintomas geralmente  apresentação atípica de doença
 Epidemiologia
o PAC é a causa mais frequente de hospitalização entre as doenças respiratórias no BR
o A mortalidade por pneumonia é de cerca de 12%,
 Índices mais elevados em crianças <4 anos e adultos >60 anos
 Em pacientes com doença leve, tratados ambulatorialmente  mortalidade <1%
 Doença grave, que necessitam internação em UTI  >30%
o Internações tem forte influência sazonal  maior número de ocorrências nos meses de inverno
 Etiologia
o Em geral, qualquer microrganismo pode causar pneumonia, mas um numero relativamente
pequeno deles responde pela maioria dos eventos
o S. pneumoniae  agente mais frequente
 H. influenzae, M. pneumoniae, Chlamydophila pneumoniae, Legionella spp.  são os
outros agentes mais comuns
o As infecções virais podem ser causa primaria de pneumonia, como as ocorridas na pandemia de
Influenza A H1N1, mas também pode servir de porta de entrada para bactérias colonizadoras das
vias aéreas superiores
 Associação influenza + S. aureus é muito grave
o Tabagistas e portadores de DPOC  H. influenzae
o Infecções por bacilos entéricos Gram -  FR: idade avançada, residência institucionalizada,
cardiopatia, DPOC, doenças múltiplas e uso recente de ATB
o TB deve ser considerada em pacientes com quadro mais arrastado e resposta baixa a ATB
o Condições epidemiológicas e morbidades associadas a patógenos pulmonares específicos
 Alcoolismo: pneumococo, anaeróbios, bacilos Gram – (BGN) e TB
 DPOC/tabagismo: pneumococo, hemófilos, Moraxella, Legionella
 Instituições geriátricas: pneumococo, BGN, hemofilo, estafilococo, anaeróbios, clamídia,
TB
 Higiene oral precária: anaeróbios
 Influenza na comunidade: influenza, pneumococo, estafilococo, hemofilo
 Aspiração maciça: anaeróbio
 Bronquiectasias: Pseudomonas, estafilococo
 Drogadição: estafilococo, anaeróbios, TB, PCP
 HIV: pneumococo, hemófilo, TB, PCP
 Diagnóstico
o Quadro clássico da pneumonia pneumocócica
 Início agudo, febre alta com episodio de calafrio intenso, tosse, dor pleurítica e sinais de
consolidação ao exame torácico
 Ausência de qualquer alteração sistêmica  improvável ser pneumonia
o Infecções causadas por bactérias atípicas costumam apresentar quadro mais insidioso, com maior
tempo de duração dos sintomas  geralmente afeta adultos jovens com cefaleia associada
o Legionella costuma comprometer adultos de meia-idade, fumantes e alcoólatras  quadro
clínico grave, com cefaleia, diarreia, envolvimento multissistemico, provas de função hepática
alteradas, creatinina elevada e hiponatremia
o Avaliação da gravidade da pneumonia
 Definidor do local onde será feito o tratamento
 1) Avaliar presença de doenças associadas
 2) Realizar CURB-65
 3) Avaliar grau de oxigenação e comprometimento radiológico (SpO2 <90% e/ou
Rx com lesão extensa ou derrame pleural suspeito de empiema
 4) Avaliar fatores sociais e cognitivos
 5) Avaliar fatores econômicos
 6) Avaliar aceitabilidade da medicação oral
 7) Fazer julgamento clínico
 Escalas de gravidade:
 PSI
o 20 variáveis incluindo dados demográficos, comorbidades, alterações
laboratoriais e de imagem e o exame físico
o Classes
 I-III  baixo risco
 IV e V  alto risco
o Escore pouco prático devido à necessidade de dados laboratoriais e de
imagem
 CURB-65
o Avaliação feita com:
 C  Confusão mental (mini mental <8)
 U  Ureia >50mg/dL
 R  FR >30/min
 B  PAs<90mmHG ou PAd<60mmHg
 65  Idade >65 anos
o Cada fator presente vale 1 ponto  escala de 0-5
 0-1  mortalidade baixa  tratamento ambulatorial
 2  mortalidade intermediária  considerar tratamento hospitalar
 3-5  mortalidade alta  tratamento hospitalar, avaliar UTI se
escore 4-5
o Radiológico
 Rx de tórax permite confirmar o DDx de pneumonia, fornece indicações para
determinação de gravidade e pode contribuir para DDx etiológico presuntivo
 Comprometimento de >1 lobo, lesões bilaterais ou rapidamente progressivas,
derrame pleural moderado ou de grande volume, necrose do parênquima  sinais
de gravidade  considerar hospitalizar
o Etiológico
 Quando existe necessidade de internação  fazer esforço para identificar agente causal
 Etiologia pode ser definida em 10-20% das pneumonias
 Melhora escolha de ATB a ser usado
o Laboratorial
 O DDx laboratorial de pneumonia é bastante limitado na AP
 HMG, PCR
 Leucocitose com desvio a esquerda  indicação forte de infecção bacteriana
 Escarro é discutível a indicação
 Manejo terapêutico
o O manejo de um paciente com pneumonia envolve 3 aspectos fundamentais
 Decisão do local de tratamento
 Escolha dos antimicrobianos e a utilização de medidas de suporte
o ATB
 Antibioticoterapia empírica deve ser instituída (mesmo antes dos exames terem sido
coletados)
 Duração do tratamento para PAC leve a moderada deve ser de 5-7d, dirigida para
microrganismos mais prováveis
o Quando microrganismo for identificado, deve-se instituir tratamento mais
específico
o ATBs recomendados: macrolídeos ou beta-lactâmicos
o Reavaliar paciente em 48-72h em casos ambulatoriais para saber se ATB
está funcionando
o Medidas gerais
 Além do tratamento com o ATB, algumas medidas são importantes para bem-estar e
recuperação adequada do paciente
 Cessação do fumo, repouso e hidratação adequada são recomendados
 Prevenção
o Pessoas com risco aumentado para pneumonia  vacina contra pneumococo e vírus influenza
 Reduz incidência de pneumonia e reduzir a mortalidade pela doença
o Cessação do tabagismo

Rinossinusite
 É um processo inflamatório que acomete a mucosa que reveste a cavidade nasal e os seios paranasais
 A rinite pode existir isoladamente, mas sinusite sem presença de rinite é uma condição muito rara
 A rinossinusite é caracterizada por >2 sintomas:
o Obstrução nasal, rinorreia anterior ou posterior, dor ou pressão facial, redução ou perda do olfato
o Um ou mais achados endoscópicos  pólipos, secreção mucopurulenta drenando do meato
médio, edema obstrutivo da mucosa no meato médio e/ou alterações de mucosa do complexo
ostiomeatal ou seios paranasais visualizados na TC
 Intensidade da doença pode ser avaliada por meio de uma escala visual analógica
o Leve  quando o paciente refere desconforto dos sinais e sintomas entre 0-4
o Moderado-grave  5-9
o Grave  10 (maior desconforto imaginável)
 Fatores Predisponentes
o Natureza multifatorial
o FR
 Infecção prévia nas vias aéreas superiores, infecção por GAS, rinite alérgica ou não
alérgica, poluentes, irritantes locais, infecções ou extrações dentarias, alterações
hormonais, fatores iatrogênicos, alterações anatômicas, natação, imunodeficiência,
distúrbios secretórios, síndrome do cílio imóvel, bronquiectasias
 Microbiologia
o Se baseia em cultura da secreção dos seios maxilares ou em aspirados do meato médio
o Bactérias mais comuns: S. pneumoniae, H. influenzae, S. viridans, M. catarrhalis e S. aureus
 Os dois primeiros  70% dos casos
o Vírus: rinovírus, Influenza A e Parainfluenza
 Diagnóstico
o O DDx de rinossinusite costuma ser baseado em evidências clínicas e na duração de
sintomatologia
o Manifestações clínicas
 Clássico: Obstrução nasal, rinorreia purulenta, espirros, pressão facial, dor da garganta,
mialgias, tosse e febre
 Persistência sintomática por mais de 7-10d ou quando houver piora dos sintomas após o
5ºd  sugere presença de infecção bacteriana secundária
 Sinusite crônica é diagnosticada pela presença de obstrução ou secreção nasal com
dor/pressão facial ou redução/perda do olfato com duração >12 semanas
o Imagem
 RX simples  técnica cada vez menos utilizada
 Dispensável em casos agudos
 TC computadorizada  exame de imagem de escolha
 Auxilia a confirmar DDx, verifica extensão da doença e fornece particularidades
sobre a anatomia dos seios da face
 Indicado em casos de resposta difícil ao tto clínico, nos casos recorrentes ou
crônicos, na vigência de complicações e no planejamento cirúrgico
 RNM  reservada para uso associado à TC para investigação de neoplasias
 Rinoscopia
 Identificação de edema e hiperemia de conchas, além da presença de secreção em
região de meato médio ou nas fossas nasais
 Tratamento
o Objetivos: controlar infecção, restaurar ventilação normal das cavidades paranasais e a patência
dos ostios sinusais, melhorar a depuração mucociliar e promover a drenagem de secreções
o Rinossinusite aguda
 Em pacientes previamente hígidos com quadros agudos leves  não há necessidade de
ATB
 Analgésicos, lavagem nasal com solução salina, hidratação
 Curso natural da doença prevê a resolução do quadro em 2-3 semanas
 ATB apenas para pacientes com MEG ou em alto risco de complicações devido a
comorbidades preexistentes
 ATB empírico por 10-14d com escolha a depender da gravidade, evolução e
exposição recente a ATB
 Hospitalização imediata  grande repercussão sistêmica ou com suspeita de
complicações infraorbitárias ou intracranianas
 FR para má resposta a ATB
 Infecção durante o uso de profilaxia, alergia à penicilina, uso de ATB há menos
de 1 mês, alto índice de resistência ao ATB na comunidade, falha de tratamento
com agente de primeira escolha, creche, idade <2 anos, rinossinusite frontal ou
esfenoidal, rinossinusite etmoidal complicada, familiar tabagista
o Rinossinusite crônica
 Evidências disponíveis são limitadas para indicar o uso de ATB sistêmicos para o
tratamento de rinossinusite crônica
 Caso se opte por ATB  cobertura deve ser eficaz contra os microrganismos aeróbios
previamente considerados, além das bactérias anaeróbias estritas
 Clindamicina ou a combinação de amoxicilina com clavulanato
 Metronidazol + cefalosporina de 1ª ou 2ª geração
 Fluoroquinolonas respiratórias também podem ser usadas
Dor de Garganta
 Queixa muito comum, principalmente entre as crianças
 Processos infecciosos são a causa mais comum de dor de garganta, acometendo preferencialmente
crianças de 4-7 anos
o Porém também acometem adultos e de forma mais rara crianças <1 ano
 A presença ou ausência de amigdalas palatinas não é determinante para a ocorrência de dor de garganta
o Remoção das amigdalas é indicada nos casos de 7x1, 5x2, 3x3  reduz ocorrência de novos
episódios de dor de garganta
 Etiologia
o Em quase metade dos casos de faringite aguda  não se encontra agente etiológico
o Em situações não epidêmicas, GAS beta-hemolítico pode ser isolado em 35% das crianças com
dor de garganta e em 9-15% dos adultos com esse sintoma
 Há mais de 100 tipos diferentes de GAS beta-hemolítico que podem causar faringite
 Alguns podem levar a febre reumática e outros a GNDA
o Diversos vírus (EBV, HSV, adenovírus, Coxsackie, Parainfluenza, rinovírus, enterovírus, VSR)
e algumas bactérias (Arcanobacterium haemolyticum, Corynebacterium diphtheriae,
Mycoplasma pneumoniae, Neisseria gonorrheae, Haemophilus influenzae tipo B)
o Complicações podem ser supurativas (disseminação para tecidos adjacentes) e não supurativas
(sequelas imunomediadas)
 Manifestações clínicas
o Faringite viral
 Classicamente: processo de inicio gradual que se acompanha de febre, mal-estar e
anorexia
 Inflamação na faringe costuma ser leve, mas em alguns casos é grave, com ulcerações no
palato mole e nos pilares posteriores
 Dor de garganta costuma ser moderada ou aparecer 1-2d após os outros sintomas
 Conjuntivite, coriza, rinite, tosse, rouquidão e diarreia  achados frequentes (>2
sintomas sugere infecção viral)
 Doença pode durar pouco mais de 24h e em geral não persiste por mais de 5d, exceto
faringite por adenovirus que pode durar 7d
o Faringite estreptocócica
 Quadro clínico: início súbito, calafrios, dor de garganta intensa, cefaleia, dor abdominal,
orofaringe hiperemiada com exsudato, petéquias no palato mole e adenite cervical
anterior dolorosa  apenas 20% das crianças doentes
 Maioria das vezes: manifestações menos especificas
 Cerca de metade dos indivíduos com faringite estreptocócica tem infecção
subclínica
 Em adultos  tríade: febre >37.8ºC, exsudato faríngeo e adenite cervical anterior
é mais sugestiva de infecção estreptocócica
 Manifestações clínicas aparecem após um período de incubação de 2-5d e variam de
acordo com a idade do individuo
 A doença ocorre mais no inverno e na primavera
 A transmissão é maior durante a fase aguda, diminuindo gradualmente em semanas nos
indivíduos não tratados
 Escore clínico (Centor) é utilizado para auxiliar no DDx para crianças entre 3 e 14 anos
de idade com dor de garganta
 A escarlatina, causada pelas toxinas eritrogênicas dos GAS é caracterizada pelo: inicio
súbito com febre, faringite exsudativa, cefaleia, vômitos, calafrios, toxemia e erupção
cutânea característica
 Pode não ser estreptocóccica  Arcanobacterium haemolyticum
 Diagnóstico laboratorial
o Cultura de orofaringe  critério diagnostico de escolha
 Mas podem haver falsos-positivos  médico deve considerar isso
o Testes para diagnostico rápido de faringite por GAS podem ser uteis
 Quando teste for negativo  cultura
 Teste for positivo  desnecessária a confirmação por cultura
o Fatores a serem considerados na decisão para obter DDx laboratorial em crianças com faringite
 Idade (>3 anos), presença de sinais clínicos de infecção estreptocóccica, sazonalidade e
epidemiologia familiar e da comunidade
o Os contatos familiares sintomáticos de infecção estreptocóccica devem coletar material para
cultura
o Diagnóstico definitivo de infecção por estreptococo só pode ser feito por meio de dosagens de
anticorpos antiesptreptococos (antiestreptolisina O)
 Tratamento
o Faringite virais  sintomáticos
o Faringite estreptocóccica  ATB
o Quando tratar com ATB
 Considerar quando escore Centor for >3
o Escolha do ATB
 Penicilina injetável (benzatina – Benzetacil) em dose única garante o tratamento
completo
 Amoxicilina é muito efetiva e pode ser administrada 1-3x/d com eficácia equivalente
 Pacientes alérgicos  eritromicina, clindamicina, cefalosporinas orais

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