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É cognoscível que desde o início do século XX, com a criação do Código de Menores, a
sociedade brasileira busca métodos para criar e aprimorar suas leis no que se refere aos
direitos das crianças e adolescentes. No cotidiano atual, esse cenário permanece com a criação
em 1990 do Estatuto da Criança e Adolescente, que visa a proteção integral de crianças e
adolescentes, garantindo a eles um maior amparo legal. Toda via, mesmo com a criação de
um estatuto tão moderno, o Brasil ainda precisa se desvincular de raízes culturais arcaicas que
prejudicam o efetivo direito de crianças e adolescente.
É imprescindível mencionar que o ECA, em seu artigo 4º, resguarda alguns direitos
fundamentais as crianças e adolescente, inclusive o direito a profissionalização. É indubitável
que, no cenário atual do mercado de trabalho, a experiência no currículo é de grande
relevância. Visando isso, é fundamental que os adolescentes já tenham algum tipo de contato
com o cotidiano do trabalho para que não ingressem no mercado de forma limitada e
meramente teórica. Porém, o grande impasse está em proporcionar uma experiência
profissional de aprendizagem para os adolescentes na prática do dia a dia, sem os mesmos
serem explorados ou prejudicados pelas respectivas empresas contratantes. Para este fim, o
ECA traz em seu capítulo V, dos art. 60 ao 69, diretrizes e parâmetros de como deve ser
direcionada essa aprendizagem nas empresas, visando sempre o bem estar do adolescente e
sua formação escolar.
Em primeira análise, convém frisar que no ECA, no art. 60 fica exposto que “É proibido
qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz”.
Diante disso, fica-se evidente que para a contratação de crianças a partir de 14 anos na
condição de aprendiz precisa-se de todo um tramite especial, desde o contrato até as
atividades de aprendizagem que serão desenvolvidas durante o período estipulado. Vale
ressaltar que toda atividade realizada durante o trabalho deve ser compatível com os horários
de estudo do adolescente, garantindo-lhe acesso ao ensino regular, conforme citado no art. 63
do ECA. É de suma relevância que a atividade praticada pelo jovem seja compatível com o a
sua formação, garantindo-lhe experiência para o mercado de trabalho e não somente um
trabalho sem fins pedagógicos.
É importante mencionar que atualmente, as empresas são obrigadas pela lei 10.097/2000 a
terem o seu corpo profissional composto de 5% a 15% de aprendizes. A posição do TRT da 3º
região sobre o tema é de grande relevância, sendo indiscutível e inegociável o limite de cotas
para as empresas:
Ademais é cabível pontuar que que é garantido aos adolescentes, no art. 67 do ECA, uma
série de condições proibitivas de trabalho, visando não prejudicar o desenvolvimento desses
jovens na sua vida escolar, física e psicológica. Além disso, vale ressaltar que o objetivo do
trabalho para menores é a educação e aprimoramento dos mesmos e que ele não é um
profissional formado que se possa exigir o mesmo grau de produtividade de um contratado
pela empresa, pois o adolescente ainda está em formação e o objetivo previsto no art. 68
parágrafo 1º é a formação do educando.
Após minuciosa análise, pode-se inferir que o trabalho infantil no Brasil é proibido, com
exceção para os aprendizes. O ECA garante aos adolescentes a partir de 14 anos a
possibilidade de ter um contato com o ambiente de trabalho e se especializar em uma área
específica de formação, garantindo-lhe uma melhor formação e experiência na área. Assim,
com a legislação em vigor garantindo os direitos dos adolescentes, as empresas podem
garantir oportunidades de aprendizados práticos para os jovens, os quais estarão melhor
capacitados para ingressarem no mercado de trabalho sem ter sua vida escolar prejudicada.
BIBLIOGRAFIA