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5 de novembro de 2019
Guia Prático
Workshop
Guia Prático
de
Contratação Pública
Setor da saúde
Julho de 2019
2
Índice
Introdução 04
Parte I
Contratação pública em Portugal
1. O regime jurídico da contratação pública em Portugal 05
1.1. Âmbito de aplicação subjetivo
(a situação dos hospitais integrados no Serviço 06
1.2. Âmbito de aplicação objetivo – a que contratos se aplica o CCP? 07
1.3. Âmbito de aplicação objetivo – o setor da saúde em particular 07
2. Principais procedimentos de formação de contratos públicos 08
2.1. Concurso público sem qualificação 08
2.2. Concurso público limitado por prévia qualificação 09
2.3. Consulta prévia e ajuste direto 09
2.4. Outros procedimentos de formação de contratos públicos 10
3. Principais aspetos a ter em conta na contratação pública 11
3.1. Alguns temas procedimentais relevantes 11
3.1.1. Limitações ao recurso aos procedimentos
sem abertura à concorrência 11
3.1.2. Limitação de celebração de contratos com objeto misto 12
3.2. Os requisitos de qualificação 12
3.2.1. Modelo simples e modelo complexo de qualificação 12
3.2.2. Capacidade técnica 13
3.2.3. Capacidade financeira 13
3.3. Critério de adjudicação, atributos das propostas
e modelo de avaliação 14
3.4. Especificações técnicas 16
3.5. Preço ou custo anormalmente baixo 18
3.6. Os documentos do procedimento e o seu principal conteúdo 19
3.7. Alguns temas contratuais relevantes 21
3.7.1. Modificação objetiva do contrato 21
3.7.2. Resolução de litígios 22
3.8. Aspetos orçamentais e financeiros 23
Parte II
Uma solução para a inovação em Saúde: contrato misto
para disponibilização de tecnologia
1. Caracterização do contrato à luz do regime aplicável 25
2. Procedimentos pré-contratuais aplicáveis 26
2.1. Conveniência da adoção de uma fase de qualificação prévia 28
3. Critério de adjudicação e avaliação das propostas 28
4. Resolução de litígios 29
Parte III
Casos de estudo
1. Dois exemplos de procedimentos lançados com fins idênticos 30
2. P rocedimento concursal lançado pela
Comunidade Autónoma da Extremadura 30
3. Procedimento concursal lançado pela
Comunidade Autónoma da Andaluzia 32
3
Introdução
O presente guia prático pretende oferecer uma visão panorâmica da contratação
pública, especialmente numa perspetiva de promoção da inovação no setor da
Saúde.
Assim, procurar-se-á, em primeira linha e na Parte I, apresentar os traços gerais
do regime jurídico da contratação pública em Portugal continental, incluindo o
seu âmbito de aplicação e os principais procedimentos de formação de contratos
públicos.
Na Parte II, e numa vertente essencialmente prática, serão analisados alguns
dos principais temas procedimentais e contratuais a ter em conta na
contratação pública, incluindo limitações na escolha dos procedimentos,
requi-sitos de qualificação dos participantes, critérios de adjudicação, preço
ou custo anormalmente baixo, modificação objetiva do contrato, entre outros.
Serão ainda apresentados os principais contornos de uma possível solução
para a inovação das aquisições relacionadas com a utilização de tecnologia
complexa e sujeita a upgrades ou substituições frequentes em hospitais.
Esta solução traduz-se na celebração de contratos mistos para disponibilização
de tecnologia, ficando a cargo do adjudicatário a respetiva atualização
decorrente da evolução tecnológica ao longo da duração do contrato.
Trata-se, bem assim, de uma solução que combina elementos provenientes de
diferentes tipos contratuais e que tem em vista assegurar a contínua atualização
tecnológica dos equipamentos de saúde, a fim de permitir oferecer as melhores
respostas às necessidades dos utentes.
Na Parte III, e como caso de estudo, selecionou-se dois procedimentos de
contratação pública lançados em Espanha os quais se descrevem de forma
mais detalhada e que tiveram como objeto contratos para disponibilização de
tecnologia.
O presente guia baseia-se na conjugação de um amplo conjunto de elementos
relevantes para a compreensão do regime jurídico da contratação pública, entre
os quais, naturalmente, a legislação aplicável, tanto de origem nacional como
europeia, bem como a prática decisória dos tribunais, com especial enfoque na
jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia, do Tribunal de Contas
e dos tribunais administrativos superiores.
Este guia não consubstancia aconselhamento jurídico sobre nenhuma das
matérias nele abrangidas.
4
Parte I
A contratação pública em Portugal
1. O regime jurídico da contratação pública em Portugal
O regime jurídico da contratação pública corresponde ao conjunto de regras
e princípios jurídicos aplicáveis aos procedimentos levados a cabo por
entidades públicas ou que, apesar de possuírem natureza jurídico-privada, e por
diversas razões, se considera que assumem uma relevância pública (“entidades
adjudIcantes”) para a celebração de contratos em diversos domínios – os
designados “contratos públicos”.
O regime jurídico da contratação pública abrange, ainda, as regras e os princípios
jurídicos aplicáveis a um segmento particular de contratos públicos que, por se
encontrarem especialmente orientados para a satisfação do interesse público,
beneficiam de uma atenção particular por parte do legislador – os designados
“contratos administrativos”.
A contratação pública, sobretudo na primeira vertente dos procedimentos para
a celebração de contratos, constitui um domínio significativamente harmonizado
ao nível da União Europeia, tendo em vista a promoção da concorrência e
da transparência no acesso dos operadores económicos de toda a União ao
mercado dos contratos públicos.
Neste sentido, o regime jurídico da contratação pública é atualmente regido,
em primeira linha, por três diretivas europeias 1:
a. Diretiva 2014/23/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de
fevereiro de 2014, relativa à adjudicação de contratos de concessão; As regras portuguesas de
contratação pública transpõem
b. Diretiva 2014/24/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de diretivas da União Europeia.
fevereiro de 2014, relativa à generalidade dos contratos públicos; e
c. Diretiva 2014/25/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de
fevereiro de 2014, relativa aos contratos públicos celebrados pelas
entidades que operam nos setores da água, da energia, dos transportes
e dos serviços postais.
1
xistem outras diretivas relevantes como seja a Diretiva n.º 2014/55/UE, de 16 de abril de 2014 sobre
E
faturação eletrónica e que não integram o objeto de análise neste guia.
2
Decreto-Lei n.º 18/2008, de 29 de janeiro foi já sucessivamente alterado, tendo sido alterado por
O
último pelo Decreto-Lei n.º 33/2018, de 15 de maio. Nas regiões autónomas existem diplomas especiais
que regulam a contratação pública e que não irão ser objeto de análise.
5
1.1. Âmbito de aplicação subjetivo (a situação dos hospitais integrados no Serviço
Nacional de Saúde em particular)
Para se poder concluir pela aplicação da parte II do CCP à formação de certo
O regime de formação dos tipo de contratos, é necessário que se verifique que pelo menos uma das partes
contratos públicos aplica-se a nesses contratos possa ser qualificada como entidade adjudicante, à luz dos
“entidades adjudicantes”.
critérios estabelecidos no próprio CCP.
Nos termos do n.º 1 do artigo 2.º do CCP, são entidades adjudicantes, antes de
mais, as seguintes: o Estado, as Regiões Autónomas, as autarquias locais, os
institutos públicos, as entidades administrativas independentes, o Banco de
Portugal, as fundações públicas, as associações públicas e as associações de
que façam parte uma ou várias das pessoas coletivas anteriormente referidas.
Para além destas, são ainda entidades adjudicantes, de acordo com o n.º 2 do
mesmo artigo, os designados organismos de direito público, considerando-se
como tais quaisquer pessoas coletivas que, independentemente da sua
natureza pública ou privada:
I)
Tenham sido criadas especificamente para satisfazer necessidades de
interesse geral, sem caráter industrial ou comercial, entendendo-se
como tais aquelas cuja atividade económica não se submeta à lógica
concorrencial de mercado, designadamente por não terem fins lucrativos
ou por não assumirem os prejuízos resultantes da sua atividade; e
II)
Sejammaioritariamente financiadas por entidades referidas no n.º 1 ou
por outros organismos de direito público, ou a sua gestão esteja sujeita a
controlo por parte dessas entidades, ou tenham órgãos de administração,
direção ou fiscalização cujos membros tenham, em mais de metade do
seu número, sido designados por essas entidades.
Por fim, são ainda entidades adjudicantes quaisquer pessoas coletivas que se
encontrem na situação caracterizada nas alíneas anteriores relativamente a uma
Existem várias “entidades entidade que seja, ela própria, uma entidade adjudicante de acordo com tais
adjudicantes” no setor da alíneas, bem como, mediante a verificação de certos requisitos, as associações
saúde. de que façam parte uma ou várias das pessoas coletivas já referidas.
Especificamente no setor da saúde, cumpre verificar que a organização
administrativa do Serviço Nacional de Saúde (“SNS”) obedece a um esquema
pluralista, nele se enquadrando entidades com características muito diversas
entre si:
I) Emprimeiro lugar, são entidades adjudicantes, desde logo, os (poucos)
estabelecimentos hospitalares organizados sob a forma de institutos
públicos, conforme decorre do n.º 1 do artigo 2.º do CCP (por exemplo,
As entidades adjudicantes o Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa ou o Hospital Dr. Francisco
no setor da saúde podem ser
Zagalo, em Ovar);
organismos de direito público
(abrangidas pelo artigo 2.º, II)
Avasta maioria dos estabelecimentos hospitalares do SNS possui, no
n.º 2, do CCP).
entanto, carácter empresarial, estando organizados sob a forma de
entidades públicas empresariais (“EPE”). São pessoas coletivas de
direito público com natureza empresarial, criadas especificamente para a
prestação de cuidados de saúde.
Apesar de os hospitais EPE não constarem do elenco do n.º 1 do artigo 2.º
do CCP, estão verificados quanto a eles os requisitos de que depende a sua
qualificação como organismos de direito público, constantes do n.º 2 do
mesmo artigo, pelo que são também qualificados como entidades adjudicantes
para efeitos da sua sujeição às regras da contratação pública.
Com efeito, conforme tem sido reconhecido pela jurisprudência do Tribunal de
Contas, os hospitais EPE são entidades “criadas para satisfazer necessidades
de interesse geral [mas sem caráter industrial e comercial], com titulares da
administração, direção e fiscalização designados pelo Estado, a quem também
cabe o correspondente financiamento e controlo da gestão”, assumindo-se,
portanto, “como organismos de direito público e reais integradores da
Administração Pública” 3.
3
Acórdão n.º 32/2011 do Tribunal de Contas, proferido em 28 de novembro de 2011, no processo
n.º 587/2011, disponível em www.tcontas.pt.
6
III) Também as entidades privadas com quem sejam celebrados contratos
que tenham por objeto a realização de prestações de saúde através de
um estabelecimento de saúde integrado no SNS, em regime de parceria
público-privada, poderão ser qualificadas como entidades adjudicantes
para efeitos da aplicação do regime da contratação pública, na medida e
se se verificar, quanto a elas, os apontados requisitos de que, nos termos
do n.º 2 do artigo 2.º do CCP, depende a sua qualificação como organismos
de direito público.
Quando o valor dos contratos que tenham por objeto a aquisição dos serviços
de saúde elencados no anexo IX ao CCP não atinja aquele montante, a parte
II do CCP não será aplicável, mas a entidade adjudicante terá de observar
os princípios gerais da contratação pública previstos no n.º 1 do artigo 1.º-A
do CCP, entre os quais os princípios da concorrência, da publicidade e da
transparência, da igualdade de tratamento e da não-discriminação.
Entre outros, estão especificados no anexo IX ao CCP, com recurso aos códigos
do sistema de Vocabulário Comum para os Contratos Públicos (CPV), diversos
serviços de saúde, entre os quais serviços de fornecimento de pessoal de
enfermagem, serviços de fornecimento de pessoal médico, diversos serviços
hospitalares, no plano assistencial e cirúrgico, serviços administrativos na área
da saúde, entre outros.
Por outro lado, importa, ainda, referir o caso dos contratos mistos, ou seja, de
contratos cujo objeto abranja simultaneamente prestações típicas de mais do
que um tipo de contrato. Nestes casos, conforme dispõe o n.º 4 do artigo 32.º
7
do CCP, quando o contrato for composto por prestações típicas pertencentes a
um ou mais contratos abrangidos, e a um ou mais contratos não abrangidos,
pela parte II do CCP, aplica-se a todo o contrato o regime correspondente da
parte II do CCP, relevando para o efeito o valor total do contrato.
Os contratos mistos abrangem Neste particular, deve ter-se em conta que a formação do contrato misto está
prestações típicas de mais do sujeita ao cumprimento dos trâmites procedimentais e outros requisitos legais
que um contrato.
específicos, devidamente conjugados, aplicáveis aos vários tipos contratuais
abrangidos pelo contrato.
A conclusão pela exclusão da aplicação do CCP à formação de certo contrato
depende, com frequência, de uma análise aprofundada, que combina vários
elementos e que, por isso mesmo, só em concreto pode ser devidamente
empreendida. De todo o modo, com relevância para o setor da saúde,
e meramente a título de exemplo, podemos agrupar do seguinte modo alguns
dos contratos excluídos da aplicação da parte II do CCP:
I)
Contratoscujo objeto abranja prestações que não estão nem sejam
suscetíveis de estar submetidas à concorrência de mercado,
designadamente em razão da sua natureza ou das suas características,
bem como da posição relativa das partes no contrato ou do contexto
da sua formação (por exemplo, um acordo de cooperação no domínio
da partilha de conhecimento resultante da atividade hospitalar ou um
contrato-programa para planeamento e financiamento da prestação de
cuidados de saúde por um hospital do setor público);
II)
Contratosque devam ser celebrados com uma entidade, que seja ela
própria uma entidade adjudicante, em virtude de esta beneficiar de um
direito exclusivo de prestar o serviço a adquirir, desde que a atribuição
desse direito exclusivo seja compatível com as normas e os princípios
constitucionais e comunitários aplicáveis (por exemplo, contrato entre a
ACSS, I.P. e a SPMS, E.P.E. com vista a prover o SNS com os adequados
sistemas de informação e comunicação);
Há contratos celebrados por
“entidades adjudicantes” que III) Contratos
celebrados entre entidades adjudicantes e centrais de compras
não são abrangidos pela públicas para a prestação de serviços de compras centralizadas (por
Parte II – regime de
contratação pública – do CCP. exemplo, contrato de adesão de um estabelecimento do SNS ao sistema
Mas podem ser abrangidos nacional de compras públicas);
pelos princípios gerais de
contratação pública. IV)
Certos
contratos celebrados entre entidades adjudicantes (contratação
in house), desde que se mostrem preenchidos os requisitos legalmente
estabelecidos para esse efeito (por exemplo, a celebração de um
contrato entre o SUCH – Serviço de Utilização Comum dos Hospitais e um
estabelecimento hospitalar associado);
V)
Contratos de trabalho em funções públicas e contratos individuais de
trabalho;
VI)
Contratos
de doação de bens móveis a favor de qualquer entidade
adjudicante e contratos de compra e venda, de doação, de permuta e de
arrendamento de bens imóveis ou contratos similares.
Apesar de excluídos da aplicação do CCP, alguns destes contratos poderão
estar submetidos a regimes de contratação pública aprovados por outros
diplomas. Poderá ser esse o caso, por exemplo, de contratos que envolvam
direitos sobre imóveis, eventualmente sujeitos ao regime do património
imobiliário público, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 280/2007, de 7 de agosto.
Noutros casos, embora excluídos da parte II do CCP, alguns dos referidos
contratos poderão estar sujeitos aos princípios gerais da atividade administrativa
e da contratação pública, nomeadamente por via do artigo 5.º-B do CCP.
4
xistem algumas exceções relacionadas com os ajustes diretos e consultas prévias que não irão ser
E
descritas.
5
s limiares europeus para os anos de 2018 e 2019 são os seguintes: €5.548.000, para contratos
O
de concessão de obras públicas ou de serviços públicos ou empreitadas de obras públicas; €144.000,
para contratos de aquisição ou locação de bens móveis ou aquisição de serviços quando a entidade
adjudicante for o Estado; €221.000, para contratos de aquisição ou locação de bens móveis ou aquisição
de serviços quando a entidade adjudicante for qualquer outra entidade adjudicante diferente do Estado.
9
podendo com elas negociar os aspetos da execução do contrato a celebrar.
Consulta prévia, ajuste direto O ajuste direto, por seu turno, é o procedimento em que a entidade adjudicante
e ajuste direto simplificado são
os procedimentos mais simples
convida diretamente uma entidade à sua escolha a apresentar proposta, para
de contratação pública com ela celebrar o contrato.
e, também, os menos abertos
à concorrência. Destaca-se, ainda, a existência de um procedimento de ajuste direto simplificado,
em que a adjudicação pode ser feita, diretamente, sobre uma fatura ou um
documento equivalente apresentado pela entidade convidada, com dispensa de
tramitação eletrónica e de quaisquer outras formalidades.
Tratando-se de procedimentos sem qualquer abertura à concorrência (ajuste
direto) ou que restringem significativamente a concorrência (consulta prévia),
a sua adoção é naturalmente excecional, sendo apenas admitida nos casos em
que, em função de critérios materiais, de valor do contrato ou outros, se preveja
especificamente essa possibilidade.
De acordo com as estatísticas disponíveis, estes procedimentos foram os mais
usados (face ao número total de procedimentos de formação de contratos
públicos) desde o início do corrente ano de 2019, surgindo o concurso público
(sem qualificação) apenas em terceiro lugar. Todavia, se o critério for o do valor
do contrato a celebrar, o procedimento mais utilizado no corrente ano de 2019
foi o concurso público 6.
10
Ainda neste âmbito, cumpre sublinhar a possibilidade de celebração de
acordos-quadro, celebrados entre uma ou várias entidades adjudicantes e
uma ou mais entidades, com vista a regular relações contratuais futuras a
estabelecer ao longo de um determinado período, mediante a fixação antecipada
dos respetivos termos. Deste modo, os acordos-quadro permitem a posterior
formação de contratos ao seu abrigo por ajuste direto (os call-offs), sem
necessidade de lançamento de um procedimento aberto à concorrência.
Neste sentido, tendo em vista a obtenção das melhores condições contratuais,
foi criado um sistema nacional de compras públicas (SNCP), centralizando
na Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública, I.P. e, no caso
específico da saúde, na Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, E.P.E. a
contratação de acordos-quadro ou outros contratos em benefício das entidades
compradoras vinculadas ao sistema. Tendo sido determinada a vinculação ao
SNCP das unidades e estabelecimentos integrados no Serviço Nacional de
Saúde, verifica-se que uma parte muito significativa das compras públicas no
setor da saúde é atualmente realizada de forma centralizada.
12
No modelo simples, todos os candidatos que preencham os requisitos mínimos
de capacidade técnica e financeira, nos termos previstos no programa do
concurso, são qualificados e, por isso mesmo, poderão apresentar proposta.
Aqueles que não preencham tais requisitos são excluídos.
Diversamente, no modelo complexo, os candidatos que preencham os requisitos
mínimos de capacidade técnica e de capacidade financeira são ordenados de
acordo com o critério de qualificação previsto programa do concurso, sendo Existem dois modelos
qualificados apenas os que sejam ordenados nos lugares correspondentes ao de qualificação: simples
número de candidatos a qualificar fixado no programa do concurso, salvo se os e complexo.
candidatos que preencham aqueles requisitos mínimos sejam menos de cinco,
caso em que ficarão todos qualificados.
No caso de a qualificação assentar num modelo complexo, a entidade adjudicante
deverá estabelecer no programa do concurso o modelo de avaliação dos
candidatos, explicitando claramente os fatores e eventuais subfatores que
densificam o critério de qualificação, os valores dos respetivos coeficientes de
ponderação e, relativamente a cada um dos fatores ou subfatores elementares, a
respetiva escala de pontuação, bem como a expressão matemática ou o conjunto
ordenado de diferentes níveis de capacidade suscetíveis de serem apresentados
pelos candidatos que permita a atribuição das pontuações parciais.
13
Nos termos do artigo 165.º do CCP, os requisitos mínimos de capacidade financeira
não podem exceder o dobro do valor do contrato, salvo em casos devidamente
justificados, designadamente quando se prenda com os riscos especiais associados
à natureza do contrato, e devem reportar-se à aptidão estimada dos candidatos
para mobilizar os meios financeiros previsivelmente necessários para o integral
cumprimento das obrigações resultantes do contrato a celebrar.
Os requisitos mínimos de capacidade financeira podem, por exemplo, ser fixados
com recurso a uma fórmula matemática, rácios financeiros ou outros elementos
e até mesmo uma combinação de diversos fatores. De todo o modo, no caso
de se adotar o modelo simples de qualificação, considera-se que equivale ao
preenchimento do requisito mínimo de capacidade financeira:
I)
Aapresentação de declaração bancária conforme modelo constante do
anexo VI ao CCP; ou
II)
Nocaso de o candidato ser um agrupamento, um dos membros que
o integram ser uma instituição de crédito que apresente documento
comprovativo de que possui sede ou sucursal em Estado membro da
União Europeia, emitido pela entidade que exerça a supervisão bancária
nesse Estado.
A título de exemplo quanto a requisitos mínimos de capacidade financeira,
pode referir-se a exigência de que a média aritmética do volume de negócios do
candidato nos últimos três anos seja igual ou superior a certo montante, assim
se assegurando, quanto possível, a respetiva robustez financeira.
Um pouco mais complexo, mas igualmente comum, é o requisito que se traduz
na seguinte fórmula matemática, que exprime uma relação entre o valor do
contrato e os resultados operacionais dos candidatos:
V×t≤R×f
sendo:
V – o valor económico mínimo estimado do contrato, indicado exclusivamente
para efeitos de capacidade financeira dos candidatos;
t – a taxa de juro;
R – o valor médio dos resultados operacionais do candidato num determinado
período;
f–u
m fator, igual a 1.
As especificações técnicas
traduzem o que a entidade 3.4. Especificações técnicas
adjudicante quer adquirir
(o objeto do contrato a celebrar As especificações técnicas das prestações a executar pelo adjudicatário
e as condições de execução devem ser definidas pela entidade adjudicante no caderno de encargos e
do contrato). devem explicitar as características exigidas para as obras a executar, bens
móveis a fornecer e serviços a prestar.
De acordo com o Anexo VII do CCP, entende-se por “especificações técnicas”,
para efeitos da contratação pública, o seguinte:
I)
No caso dos contratos de empreitada de obras públicas, a totalidade
das prescrições técnicas constantes, nomeadamente, dos documentos do
procedimento, que definem as características exigidas ao material ou
produto e que permitem caracterizá-los de modo a que correspondam à
utilização a que a entidade adjudicante os destina; essas características
incluem os níveis de desempenho ambiental e climático, a conceção que
preveja todas as utilizações (incluindo a acessibilidade por parte das pessoas
com deficiência) e a avaliação da conformidade, o desempenho, a segu-
rança ou as dimensões, incluindo os procedimentos relativos à garantia de
16
qualidade, a terminologia, os símbolos, os ensaios e métodos de ensaio, a
embalagem, a marcação e a rotulagem, as instruções de utilização, bem
como os procedimentos e métodos de produção em qualquer das fases
do ciclo de vida dos trabalhos; as características incluem igualmente as
regras de conceção e cálculo dos custos, as condições de ensaio, de
controlo e de receção das obras, bem como as técnicas ou métodos
de construção e todas as outras condições de caráter técnico que a
autoridade adjudicante possa exigir, por meio de regulamentação geral ou
especial, no que respeita às obras acabadas e aos materiais ou elementos
integrantes dessas obras;
II)
No caso de contratos de aquisição ou locação de bens móveis e de
aquisição de serviços, uma especificação constante de um documento que
define as características exigidas a um produto ou a um serviço, tais como
os níveis de qualidade, os níveis de desempenho ambiental e climático,
a conceção que preveja todas as utilizações (incluindo a acessibilidade
por parte das pessoas com deficiência) e a avaliação da conformidade,
o desempenho, a utilização do produto, a segurança ou as dimensões,
incluindo as prescrições aplicáveis ao produto no que se refere ao nome
sob o qual é vendido, a terminologia, os símbolos, os ensaios e métodos
de ensaio, a embalagem, a marcação e rotulagem, as instruções de
utilização, os procedimentos e métodos de produção em qualquer fase
do ciclo de vida do produto ou serviço e os procedimentos de avaliação
da conformidade.
É importante ter em conta que as especificações técnicas a definir pela entidade
adjudicante devem permitir a igualdade de acesso dos operadores económicos
ao procedimento de contratação e não devem criar obstáculos injustificados à
abertura dos contratos públicos à concorrência.
Por outro lado, em relação a todos os contratos cujo objeto se destine a ser
utilizado por pessoas singulares, quer seja o público em geral quer seja o
pessoal da entidade adjudicante, as especificações técnicas devem, salvo em
casos devidamente justificados, ser elaboradas de modo a ter em conta os
critérios de acessibilidade para as pessoas com deficiência ou de conceção
para todos os utilizadores. Sempre que existam normas de acessibilidade
obrigatórias adotadas por ato legislativo da União Europeia, as especificações
técnicas devem ser definidas por referência a essas normas, no que respeita
aos critérios de acessibilidade para as pessoas com deficiência ou de conceção O cumprimento das
para todos os utilizadores. especificações técnicas não
está sujeito à concorrência.
Sem prejuízo das regras técnicas nacionais vinculativas, na medida em que
sejam compatíveis com o Direito da União Europeia, as especificações técnicas
devem ser formuladas segundo uma das seguintes modalidades:
I) Emtermos de desempenho ou de requisitos funcionais, que podem incluir
critérios ambientais, desde que os parâmetros sejam suficientemente
precisos para permitir que os concorrentes determinem o objeto do
contrato e que a entidade adjudicante proceda à respetiva adjudicação;
II)
Por referência a especificações técnicas definidas e, por ordem de
preferência, a normas nacionais que transponham normas europeias,
a homologações técnicas europeias, a especificações técnicas comuns,
a normas internacionais e a outros sistemas técnicos de referência
estabelecidos pelos organismos europeus de normalização ou, quando
estes não existam, a normas nacionais, a homologações técnicas nacionais
ou a especificações técnicas nacionais em matéria de conceção, cálculo
e execução das obras e de utilização dos fornecimentos, devendo cada
referência ser acompanhada da menção «ou equivalente»;
III) Em
termos do desempenho ou dos requisitos funcionais a que se refere
a alínea I), com referência às especificações técnicas a que se refere
a alínea II) como meio de presunção de conformidade com esse
desempenho ou com esses requisitos funcionais;
17
referência às especificações técnicas a que se refere a alínea II), para
IV) Por
determinadas características, e por referência ao desempenho ou aos
requisitos funcionais a que se refere a alínea I), para outras.
A menos que o objeto do contrato o justifique, as especificações técnicas
não podem fazer referência a determinado fabrico ou proveniência, a um
procedimento específico que caracterize os produtos ou serviços prestados por
determinado fornecedor, ou a marcas comerciais, patentes, tipos, origens ou
modos de produção determinados que tenham por efeito favorecer ou eliminar
determinadas empresas ou produtos. Apenas se não for possível uma
descrição suficientemente precisa e inteligível do objeto do contrato sem essas
referências poderão as mesmas ser utilizadas, devendo, no entanto, ser
acompanhadas da menção “ou equivalente”.
Importa, ainda, sublinhar que nem sempre a definição de especificações
técnicas possibilita a exclusão de propostas com fundamento na
desconformidade da mesma com tais especificações, havendo situações em
que é possível aos concorrentes demonstrar que as suas propostas satisfazem
de modo equivalente os requisitos estabelecidos.
22
II)
A necessidade de aceitação, por parte do cocontratante, da jurisdição
de um centro de arbitragem para a resolução dos litígios relativos ao
contrato, de acordo com o modelo previsto no anexo XII ao CCP, a incluir
no caderno de encargos e no contrato;
III) O
modo de constituição do tribunal e o regime processual a aplicar, por
remissão para as normas do centro de arbitragem competente, também
de acordo com o modelo previsto no anexo XII ao CCP.
A resolução de litígios por um tribunal não enquadrado num centro de
arbitragem (arbitragem ad hoc) tem caráter excecional e apenas é admitida nas
situações especificamente previstas no n.º 3 do artigo 476.º do CCP, implicando
a realização de uma avaliação do impacto dos custos que tal opção acarreta,
designadamente quanto aos honorários de árbitros e advogados, taxas, custas
e outras despesas.
23
Por outro lado, nos termos do artigo 22.º do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8
de junho, no caso de se tratar de despesa plurianual, isto é, que dê lugar a
encargo orçamental em mais de um ano económico ou em ano que não seja
o da sua realização, e sem prejuízo dos casos excecionais previstos neste
diploma, não pode tal despesa ser efetivada sem prévia autorização conferida
em portaria conjunta do Ministro das Finanças e do ministro da tutela, salvo
quando resultem de planos ou programas plurianuais legalmente aprovados,
os seus encargos não excedam o limite de €99.759,58 (noventa e nove mil,
setecentos e cinquenta e nove euros e cinquenta e oito cêntimos) em cada um
dos anos económicos seguintes ao da sua contratação e o prazo de execução
de três anos 9. Esta competência poderá ser delegada nos órgãos de direção
dos hospitais EPE ou do setor público administrativo.
Para além disso, nos termos do artigo 6.º, n.º 1, alínea a), da Lei n.º 8/2012,
de 21 de fevereiro, a assunção de compromissos plurianuais por entidades
públicas do SNS está igualmente dependente de autorização prévia conjunta
dos membros do Governo responsáveis pela área das finanças e da tutela, salvo
quando resultarem da execução de planos plurianuais legalmente aprovados.
Em 2019, a autorização para a assunção de compromissos plurianuais caberá
somente ao ministro da tutela nos casos em que a respetiva despesa não careça
de autorização prévia conjunta dos membros do Governo das finanças e da
tutela, nos termos previstos no artigo 46.º, n.º 6, do Decreto-Lei n.º 84/2019,
de 28 de junho.
Em certos casos, a competência para a assunção de compromissos plurianuais
que apenas envolvam receita própria e ou receitas provenientes de
cofinanciamento comunitário cabe ao respetivo órgão de direção, mas deve
ter-se em conta que, de acordo com a jurisprudência referida, não deve ter-se
como “receita própria” aquela que resulta de transferências do Orçamento do
Estado.
Em termos gerais, deve ainda notar-se que, conforme resulta da alínea b) do
n.º 5 do artigo 25.º do Decreto-Lei n.º 133/2013, de 3 de outubro, que estabelece
o regime jurídico do setor público empresarial, carece sempre de autorização
prévia do titular da função acionista nas empresas públicas, incluindo as que
operam no setor da saúde, a celebração de todo e qualquer ato ou negócio
jurídico do qual resultem para a empresa responsabilidades financeiras efetivas
ou contingentes que ultrapassem o orçamento anual, ou que não decorram
do plano de investimentos aprovado pelo titular da função acionista. A função
acionista nas empresas públicas do sector empresarial do Estado é exercida
exclusivamente pelo membro do Governo responsável pela área das finanças,
com faculdade de delegação, sem prejuízo da devida articulação com o
membro do Governo responsável pelo respetivo sector de atividade.
Ainda no domínio das E.P.E. no setor da saúde, importa sublinhar que, nos
termos das alíneas a) e d) do n.º 2 do Decreto-Lei n.º 18/2017, de 10 de
fevereiro, compete ao Ministro das Finanças aprovar os respetivos orçamentos,
bem como autorizar a realização de investimentos, quando as verbas globais
correspondentes não estejam previstas nos orçamentos aprovados e sejam
de valor superior a 2% do capital estatutário, mediante parecer favorável do
conselho fiscal e do revisor oficial de contas ou do fiscal único, consoante o
modelo adotado.
Por fim, aconselha-se a consulta detalhada, entre outros, dos diplomas
mencionados, nomeadamente do Decreto-Lei n.º 84/2019, de 28 de
junho, que aprova as regras da execução orçamental para 2019 e que, nesse
âmbito, introduz diversas especificidades no tocante à assunção de
compromissos plurianuais.
os termos do artigo 46.º do Decreto-Lei n.º 84/2019, de 28 de junho, este limite temporal é alargado
N
9
para quatro anos económicos no caso de contratos cujo prazo de execução seja de até 36 meses.
24
Parte II
Uma solução para a inovação em Saúde:
contrato misto para disponibilização
de tecnologia
No presente capítulo, proceder-se-á a uma análise essencialmente prática de
um caso específico que poderá constituir uma solução para a promoção da
inovação em Saúde.
Trata-se da possibilidade de celebração de um contrato para disponibilização
de equipamentos correspondentes à tecnologia mais avançada em cada
momento, em que o fornecedor, permanecendo proprietário dos equipamentos,
se obriga não apenas a disponibilizar tais equipamentos ao contraente
público e a proceder à sua manutenção, mas também a efetuar as atualizações
necessárias para que esses equipamentos se mantenham com os padrões
tecnológicos mais avançados e a prestar aos trabalhadores do contraente
público formação adequada para a operação dos equipamentos.
28
V)
Plano de desenvolvimento tecnológico, eventualmente avaliando os
recursos que os proponentes se comprometem a aportar para assegurar o
desenvolvimento e a atualização tecnológica dos equipamentos ao longo
do período de execução do contrato;
VI)
Planode comissionamento, por forma a assegurar que a entrada em
serviço dos equipamentos decorre da melhor forma possível;
VII) Plano de formação contínua das equipas da entidade adjudicante;
VIII) Níveis de disponibilidade dos equipamentos;
IX) Preço.
4. Resolução de litígios
No que respeita à resolução de litígios emergentes do contrato a celebrar, a
entidade adjudicante poderá optar entre a jurisdição dos tribunais
administrativos do Estado e a arbitragem.
Atendendo à complexidade técnica de que se reveste o contrato misto em
apreço, poderá haver vantagem em prever o recurso à arbitragem como meio
de resolução de litígios emergentes do contrato, possibilitando a formação de
um tribunal composto por pessoas escolhidas pelas partes, com conhecimentos
especializados no domínio em causa e, eventualmente, com regras processuais
adaptadas às especificidades dos litígios.
Por outro lado, a arbitragem tem a vantagem de, em princípio, possibilitar a
resolução do litígio de forma mais célere, o que poderá ser especialmente
importante no caso de litígios emergentes de contratos cuja boa execução se
mostra essencial para a prossecução do interesse público, como sucederá no
caso da solução contratual em apreço.
29
Parte III
Casos de estudo
1. Dois exemplos de procedimentos lançados com fins idênticos
A solução para a promoção da inovação em Saúde que acima se apresenta inspira-se em dois procedimentos
concursais lançados em Espanha, pela Comunidade Autónoma da Extremadura e pela Comunidade Autónoma
da Andaluzia, em 2018 e 2019, para a celebração de contratos mistos para a disponibilização de tecnologia
avançada em equipamentos de saúde.
30
Principais obrigações O adjudicatário fica obrigado a garantir a disponibilidade dos equipamentos
das partes (não inferior a 98%) em perfeito estado de funcionamento durante toda o
período de vigência do contrato.
A entidade adjudicante fica obrigada a realizar determinados pagamentos,
podendo haver deduções aos mesmos, nomeadamente caso se verifiquem
falhas de disponibilidade dos equipamentos.
Por outro lado, o adjudicatário deverá assegurar, em termos gerais, a:
a. Interconexão dos equipamentos e auxiliares com o sistema informático do
hospital;
b. Manutenção integral (tudo incluído) dos equipamentos durante o período
de vigência do contrato, excetuando aquele que tenha por causa um mau
uso por parte do pessoal do hospital;
c. Atualizações e renovações dos equipamentos, aplicações e software de
caráter assistencial, diagnóstico, etc. correspondente a cada equipamento
(sempre que o seu hardware o admita), como consequência dos avanços
tecnológicos que surjam durante o contrato;
d. Colocação em funcionamento dos equipamentos;
e. Formação permanente do pessoal do hospital;
f. Legalização dos equipamentos e instalações.
Critério Melhor relação qualidade-preço, havendo um conjunto de aspetos, sobretudo
de adjudicação relacionados com as especificações dos equipamentos, que são valorados de
acordo com uma escala de pontuação previamente definida e no quadro de
uma fórmula gizada para avaliar as diferentes propostas.
Valor estimado €31,058,337.52
do contrato
Tipo de subtipo Serviços, serviços de manutenção e reparação
e contrato
Código CPV 50532000 – Serviços de reparação e manutenção de maquinaria elétrico,
dispositivos e equipamento conexo
Lugar de execução Espanha – Extremadura
Duração do contrato 10 anos
Resultado Adjudicado
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3. Procedimento concursal lançado pela Comunidade Autónoma da Andaluzia
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Este Guia Prático integrou o Workshop do Seminário “Novos Modelos de Contratação Pública | Que Futuro
para a Gestão Hospitalar?”
5 de novembro de 2019
Guia Prático
Workshop