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E SEUS CONTEXTOS DE
APLICAÇÃO
Eliana Freire do Nascimento
Chrystianne Moura Santos Fonsêca
Renato Souza do Nascimento
Organização
MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
E SEUS CONTEXTOS DE
APLICAÇÃO
2018
Comitê Científico:
Prof. Me. Alessander Mendes do Nascimento
Profa. Me. Chrystianne Moura Santos Fonsêca
Profa. Dra. Eliana Freire do Nascimento
Prof. Me. Francisco Robert Bandeira Gomes da Silva
Profa. Ma. Danyelle Bandeira de Melo
Profa Dra. Maria Gessi-Leila Medeiros
Prof. Me. Renato Souza do Nascimento
1ª edição: 2018
Revisão
Francisco Antonio Machado Araujo
Editoração
Francisco Antonio Machado Araujo
Diagramação
Editora Silva
Capa
Mediação Acadêmica
Reprodução e Distribuição
Editora Garcia
E-Book.
ISBN: 978-85-5512-447-1
CDD: 303.69
Bibliotecária Responsável:
Nayla Kedma de Carvalho Santos CRB 3ª Região/1188
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 7
A MEDIAÇÃO INTERDISCIPLINAR:
desafios e possibilidades 9
Eliana Freire do Nascimento
A TRANSFORMAÇÃO DE CONFLITOS NO
AMBIENTE HOSPITALAR POR MEIO DA MEDIAÇÃO 63
Danilo Fiuza Lima Verde Santos
INTRODUÇÃO
A
s sessões de mediação de conflitos constituem-se
práxis jurídicas cujos modelos de execução têm sido
revistos pelo Poder Judiciário. Diante da necessidade
em construir um discurso jurídico mediador que fortaleça as
relações para o êxito da mediação, constitui-se necessidade social
a incorporação de fundamentos éticos pautados em conceitos da
filosofia ocidental, catalizador de subjetividades que se manifestam
nas sessões de mediação de conflitos em contraposição ao espírito
competitivo presente nas lides.
As inquietações diante desse paradoxo competitivo e
compositivo para resolução dos problemas é estabelecemos como
questão norteadora deste estudo saber de que modo a dimensão
sociológica funde-se ao pensamento filosófico no discurso das partes
em conflito e do próprio mediador?
1
O uso do termo comunidades tradicionais refere-se a grupos culturalmente
diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias
de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais
como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral
e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e
transmitidos pela tradição. No Brasil diz respeito ao Decreto Presidencial nº
6.040/2007 que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável
dos Povos e Comunidades Tradicionais, em favor da autonomia dessas
comunidades. Abrange grupos humanos com essas características em
diferentes partes do mundo. Fonte: http://selecionandodireito.blogspot.com.
br/2012/06/o-conceito-de-comunidades-tradicionais.html
2
Essa realidade, pelo menos no que toca a Grécia Antiga, era fruto da
mentalidade baseada na mitologia, na qual os mitos cosmogônicos regiam
o sistema de crenças. Em oposição a essa mentalidade, surge na Grécia do
século VI a.C., uma inusitada tentativa de explicar o universo quanto a suas
origens, baseada tão-somente na observação e no uso metódico da razão – a
saber, a Filosofia. (GILES, 1995, p.10).
3
O prefixo /a-/ indica plural na língua zande, [...] a palavra “zande” com inicial
maiúscula (e no plural vernacular) quando ela se refere a este povo como
coletividade étnica e cultural: “os Azande”. (PRITCHARD, 1937/2005, p. 9).
4
Filme épico, dirigido por Zack Snyder (EUA, 2007). Grécia, 480 a. C. Na
Batalha de Termópilas, o rei Leônidas (Gerard Butler) e seus 300 guerreiros de
Esparta lutam bravamente contra o numeroso exército do rei Xerxes (Rodrigo
Santoro). Após três dias de muita luta, todos os espartanos são mortos.
O sacrifício e a dedicação destes homens uniu a Grécia no combate contra
o inimigo persa. Disponível em < http://www.adorocinema.com/filmes/
filme-57529/>. Acesso em 01 nov 2017.
5
Pitisas ou pitonisas, eram sacerdotisas dos oráculos gregos que traduziam
as mensagens dos deuses aos homens através de um transe induzido. Suas
mensagens tinham caráter profético.
6
Os Éforos era uma um conselho formado por anciãos eleitos que decidiam as
questões políticas, administrativas e religiosas na sociedade espartana.
7
A expressão aqui adotada refere-se à noção de organicismo desenvolvida
por Durkheim, na qual pode-se conceber um exemplo figurativo descrito
como um corpo e seus órgãos. Havendo o bom funcionamento dos órgãos,
mantem-se a integridade e o equilíbrio do corpo, o que na esfera social reflete
o funcionamento das estruturas. São as partes que a compõem (DURKHEIM,
2008, p 27)
8
Pode-se estender essa noção de competição às crianças que jogam o game
Warcraft, como transfiguração dos personagens na vida real. Entende-se que
as crianças incorporam inconscientemente os personagens e lutam entre si
através do jogo, estabelecendo-se regras existentes até mesmo nos jogos de
videogames. Os jogos podem não estabelecer as regras de Convivência social das
crianças, mas incute a ideia de organização que lhes será útil quando incorpora
as regras sociais verdadeiras, valendo a máxima: “A vida é um jogo” Quer
queira, quer não, a mediação encerra situações de conflito regidas também
pela competição entre as partes, necessitando submeter os participantes às
regras impostas.
9
Seriam várias as evidencias disso. Os produtos que se vinculam aos interesses
de todas as categorias sociais estão incorporados como parte da dimensão
cultural. Dois dos maiores representantes dos interesses de grupos são as
indústrias do entretenimento e da estética.
10
O futebol praticado como lazer em campos de areia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
O
presente estudo aborda a manifestação das emoções
pelos sujeitos em sessões de mediação de conflitos. No
momento presente há na sociedade, além da jurisdição,
outros métodos de solução de conflitos que não sejam exclusivamente
oriundos da decisão proferida pelo Estado-juiz. São chamados
equivalentes jurisdicionais, pois prescindem da atuação de um juiz, e a
Mediação é um deles. A proposta apresenta a interdisciplinaridade de
uma relação entre a Antropologia e o Direito. Procura-se desenvolver
um estudo focando na mediação de conflito e nas emoções.
A mediação de conflitos consiste na prática que visa articular
os interesses de duas partes em disputa, com o objetivo de resolver
altercações através de um acordo entre elas. Essa forma de tratamento
de contendas no judiciário caracteriza-se por uma conversa entre
três pessoas: as partes em conflito e o mediador. Desenvolve-se
em âmbito extrajudicial, por se tratar de um procedimento criado
para que uma disputa não chegue às vias processuais, demandando
esforço e custos excessivos ao Poder Judiciário.
1
“A Escuta ativa significa a vontade e a capacidade de escutar a mensagem
inteira (verbal, simbólica e não verbal).” (SALES, 2010, p. 68).
2
“Importante também ressaltar que uma técnica frequentemente utilizada em
processos autocompositivos consiste na validação de sentimentos. Ao validar
sentimentos o mediador indica, em um tom normalizador, às partes, que
identificou o sentimento gerado pelo conflito.” (MANUAL DE MEDIAÇAO
JUDICIAL do CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2016, p. 182).
3
A observação é uma das etapas do método científico. Consiste em perceber,
observar e relatar como foi visualizada. (HENRIQUES; MEDEIROS, 2010).
4
A descrição também é uma etapa do método científico. Registrar experiências.
(HENRIQUES; MEDEIROS, 2010).
5
Por mais que os indivíduos em um corpo social ofereçam resistência ao poder
instituído, eles reconhecem que sem esse poder instituído poderia haver
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
A
família, embora tenha passado por uma série de
transformações sociais e estruturais, continua sendo o
núcleo basilar e fundamental de qualquer sociedade.
Na história da espécie humana, segundo o antropólogo britânico Jack
Godoy1, não se conhece praticamente nenhuma sociedade em que
a família nuclear, elementar, não tenha tido um papel importante,
mesmo naquelas em que não se exigia comportamento monogâmico.
O conceito de família tem sofrido modificações ao longo do
tempo. Segundo o jurista Rodrigo da Cunha Pereira, família vem
do latim famulus, de famel (escravo), que denominaria um grupo de
pessoas, parentes, que viviam numa mesma casa, sendo servos ou
escravos cumprindo funções para outro grupo, o dos patrões. No
1
Dortier, Jean-François. Dicionário de Ciências Humanas. São Paulo: WMF
Martins Fontes, 2010. p.203.
2
Sobre o assunto, é oportuno lembrar Segundo a Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988 no seu artigo 226 a família é a base da sociedade,
logo tem proteção absoluta do Estado. Ver CERDOTI, Angélica; GARCIA,
Vanessa. A mediação familiar: por uma cultura de paz e resultados qualitativos
como direito fundamental das famílias na atualidade.
3
A origem da justiça de paz está ligada à formação do “King’s Peace” (também
usado em latim, como “Pax Regis”), cujo objetivo era consolidar a autoridade
do poder central. Sua criação deu-se no reinado de Eduardo III, embora seja
possível ligar os novos juízes aos antigos “conservadores da paz” (“conservators
of the peace”) criados por Hubert Walter, Arcebispo da Cantuária e chefe do
conselho de ministros na Inglaterra durante o reinado de Ricardo I.
Ver A estrutura jurídica no Brasil colonial. Criação, ordenação e
implementação, disponível em http://www.ambito-juridico.com.br/site/
index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7088 e LOPES, Hálisson
Rodrigo. O Juiz de Paz no Brasil Imperial. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande,
XIV, n. 90, julho de 2011.
4
Disponível em: http://digitarq.advct.arquivos.pt/details?id=1053721. Acesso
em 05 nov. 2017.
5
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-
estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de
uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia
social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução
pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.” (CONTITUIÇÃO
FEDERAL, 1988)
O Manancial de Saberes
6
Para Rosenblatt e Martins, “na multidisciplinaridade busca-se, ao se colocar lado
a lado várias abordagens disciplinares, conhecer melhor um mesmo objeto. A
interdisciplinaridade surge quando este cotejamento não é suficiente para dar
conta do objeto, e se torna necessário a criação de novas disciplinas ‘mistas’,
mais complexas, que não se enquadram nos moldes das disciplinas tradicionais
(...). A transdisciplinaridade, por sua vez, é o passo dado no sentido de uma
mistura, de um atravessamento, de um uso complexo de várias disciplinas,
sem que por isso se forma uma nova disciplina.” (2016, p. 140-140)
7
Escuta ativa é uma técnica que pode ser compreendida como uma escuta
qualificada, de modo que as pessoas se sintam legitimadas e acolhidas em
suas manifestações. O mediador também promove escuta ativa quando
equilibra as falas dos mediandos, bem como promove perguntas que geram
informação e movimentam o diálogo colaborativo. (ALMEIDA, 2014)
8
Concentrar-se em interesses e não em posições é uma técnica de negociação
do Projeto de Negociação de Harvard, significa que aquilo que é manifestado
em um conflito representa apenas o conflito aparente, quando na verdade
o conflito real está obscurecido. O conflito real é traduzido pelos desejos,
necessidades e expectativas. Por trás de posturas antagônicas existe sempre
interesses comuns, especialmente quando se trata de relações continuadas,
como é o caso dos relacionamentos familiares. (URY e FISHER, 1922-2014)
REFERÊNCIAS