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João Goulart

O gaúcho João Goulart nasceu em São Borja, Rio Grande do


Sul, no dia 1º de março de 1918. Formado em direito, iniciou
sua carreira política em 1946 no PTB (Partido Trabalhista
Brasileiro), do qual foi fundador em sua cidade natal. Foi
presidente do diretório do partido no Rio Grande do Sul,
entre 1950 e 1954. Goulart elegeu-se deputado estadual
(1946-1950), deputado federal (1951) e licenciou-se do
mandato para assumir a Secretaria do Interior e Justiça do
Rio Grande do Sul (1951-1952).

Após atuar como deputado federal pelo mesmo partido (1952-1953), participou como
Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio do governo de Getúlio Vargas (1953-
1954). Tornou-se presidente nacional do PTB entre 1952 e 1964. Após ter sido
derrotado na eleição para o Senado em 1954, participou do governo de Juscelino
Kubitscheck como vice-presidente e, por meio de ação constitiucional, passou a
ocupar a presidência do Senado entre 1956 e 1961.

Reeleito vice-presidente com Jânio Quadros, Jango, como ficou popularmente


conhecido, tomou posse em 7 de setembro de 1961 após a renúncia do então
presidente em agosto do mesmo ano. Sua posse aconteceu após a aprovação pelo
Congresso da emenda institucional que instaurou uma república parlamentarista na
qual o chefe do poder executivo é o primeiro ministro e não o presidente.

Em 6 de janeiro de 1963, porém, Jango conseguiu o apoio do Congresso Nacional e da


classe operária para a aprovação de um plebiscito que instituía a volta do
presidencialismo. Com o fim do parlamentarismo, Goulart assumiu a chefia do
Executivo num momento marcado por crises políticas e econômicas entre a esquerda
e a direita radicais que colocavam em risco o regime democrático.

A crise política se agravou com a luta constante entre o governo e as oposições civis e
militares, que acusavam João Goulart de comunista devido a sua aproximação
populista com os operários, os sindicatos e outras entidades que representavam as
classes trabalhadoras. A inflação e a dívida externa atingiram números recordes até
aquele momento da história do Brasil.

O gigantesco comício realizado pelo presidente na estação da Central do Brasil, no Rio


de Janeiro, numa sexta-feira, 13 de março de 1964, acelerou sua queda. No comício,
o presidente assinou a reforma agrária decretando a desapropriação das terras ao
longo das rodovias e ferrovias e em torno dos grandes açudes. A multidão respondeu
com euforia, mas, seis dias depois, os grupos de oposição de São Paulo, incluindo o
governador Adhemar de Barros, empresários, padres, senhoras católicas, lideraram
uma passeata com mais de 300 mil pessoas pelas ruas centrais da capital paulista,
que ficou conhecida como Marcha da Família com Deus pela Liberdade.

Em 31 de março de 1964, João Goulart foi deposto pelo golpe militar de 1964, e foi
exilado no Uruguai. Faleceu no exílio, no município argentino de Mercedes, em 6 de
dezembro de 1976.
Castello Branco

Humberto Castello Branco nasceu em Fortaleza, no Ceará, no


dia 20 de setembro de 1897. Sua base de educação foi
inteiramente militar com períodos de estudo no Colégio
Militar de Porto Alegre, Escola Militar de Realengo, Escola de
Aperfeiçoamento de Oficiais da Armada, Escola de Estado-
Maior e Escola de Aviação Militar.

Durante a campanha da Itália, feita na Segunda Guerra


Mundial, fez parte da Seção de Planejamento e Operações da
FEB (Força Expedicionária Brasileira). Passou ao cargo de
subchefe do EMFA (Estado Maior das Forças Armadas), comandante da Escola do
Estado-Maior e diretor do departamento de estudos da ESG (Escola Superior de
Guerra). Foi promovido a general do Exército (1962), nomeado comandante do 4º
Exército, em Recife (1962-1963), e designado chefe do Estado-Maior do Exército
(1963-1964).

Castello Branco foi um dos principais articuladores do golpe militar de 1964, que
depôs o presidente João Goulart. Durante o período de transição, o presidente da
Câmara, Paschoal Ranieri Mazzilli, assumiu temporariamente a presidência da
República enquanto a alta cúpula militar preparava a substituição definitiva.

No dia 9 de abril de 1964, o supremo Comando Militar, composto pelo Exército,


Marinha e Aeronáutica decretou o AI-1 (Ato Institucional número 1), o primeiro de
uma série de AIs que marcaram o período militar. De acordo com o documento, que
em princípio teria validade de seis meses, a partir daquela data todas as garantias de
vitalicidade e estabilidade em cargos públicos estabelecidas pela Constituição foram
suspensas; o presidente passava a ter o direito de cassar mandatos e suspender
direitos políticos por 10 anos de qualquer cidadão e de propor emenda à Constituição
e declarar estado de sítio.

Dois dias depois da publicação do AI-1, o marechal Humberto de Alencar Castello


Branco foi eleito pelo congresso Nacional como representante para assumir a
presidência da república em 15 de abril de 1964. O regime militar que passou a ser
vigorado a partir desta data era baseado na política de fortalecimento do poder
Executivo e na idéia de "segurança nacional". Para tanto foram criados novos órgãos
governamentais, como o SNI (Serviço Nacional de Informação).

Marechal Castello Branco alegava ter como principal proposta impedir o avanço do
comunismo e da corrupção e recuperar a credibilidade internacional do Brasil. O
governo iniciou esta política com uma ação que foi denominada de "operação
limpeza", que teve início com os inquéritos policiais-militares, as prisões, as
suspensões de direitos políticos e as cassações de mandatos de vários cidadãos, entre
eles João Goulart, Leonel Brizola, Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros.

Sindicatos e federações operárias sofreram intervenções e foram extintas as ligas


camponesas e todas as organizações que defendiam as reformas de base do governo
anterior. As perseguições e as prisões se multiplicaram. Foram presos líderes
sindicais, líderes operários, líderes religiosos, estudantes, professores, camponeses e
militares acusados de subversão. Em 1965 houve eleições para governadores em 11
Estados brasileiros. Nos demais, as eleições seriam em 1966.

A vitória de Israel Pinheiro em Minas Gerais e a de Negrão de Lima na Guanabara, no


Rio de Janeiro, agitaram os meios militares, pois esses candidatos eram acusados de
serem contra o regime militar e eram aliados de Juscelino.

Apesar da pressão de muitos militares, chamados de "durões" da revolução, Castello


Branco garantiu a posse dos eleitos. Em 27 de outubro de 1965, foi decretado o AI-2,
que instituiu a eleição indireta para presidente e a extinção de todos os partidos
políticos até então existentes.

A partir desta data, passaram a existir apenas dois partidos no Brasil: Arena (Aliança
renovadora nacional e MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Em 5 de fevereiro de
1966, foi decretado o AI-3 que estabelecia eleições indiretas para os governadores e
para os prefeitos das capitais.

Em janeiro de 1967, o Congresso Nacional, que estava fechado desde outubro de


1966, foi reaberto apenas para aprovar a nova Constituição por determinação do AI-4,
que foi decretado em 7 de dezembro de 1966. Na área econômica, o governo lançou
mão de um plano de combate a inflação e de recuperação econômica chamado Paeg
(Plano de Ação Econômica do Governo), que visava garantir aos empresários
nacionais e estrangeiros o aumento dos seus lucros para que eles investissem mais
capital no Brasil.

O governo assumiu o pleno controle da economia, reduziu o crédito bancário,


aumentou os impostos e iniciou a prática da redução dos salários, que ficou conhecida
como política de arrocho salarial. Foi instituído o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço) que substituiu a garantia da estabilidade no emprego e a unificação dos
institutos de aposentadoria e pensões com a criação do INPS (Instituto Nacional de
Previdência Social).

Em janeiro de 1967, a nova Constituição federal entrou em vigor sob duras críticas,
inclusive no meio político. Em dezembro do ano seguinte, era instituído o AI-5, um
dos atos institucionais que criou mais polêmica por acabar com a liberdade de
imprensa e restringir a liberdade de expressão.

Faleceu no Ceará em acidente aéreo em 18 de julho de 1967.

Costa e Silva

Arthur da Costa e Silva nasceu no dia 3 de outubro de 1902 em


Taquari, Rio Grande do Sul. Filho de portugueses, estudou no
colégio Militar de Porto Alegre, na Escola Militar do Realengo, no
Rio de Janeiro, na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais da
Armada e na Escola de Estado-Maior do Exército. Fez parte do
movimento tenentista em 1922, quando foi preso e anistiado, e
dez anos mais tarde, em 1932, participou da Revolução Constitucionalista que
aconteceu em São Paulo.

Já envolvido na política, fez parte do grupo do exército na embaixada do Brasil, na


Argentina (1950-1952). Foi promovido a general de divisão em 1961 e liderou o
comando do 4º Exército, em Recife (1961-1962). Ao lado de Castello Branco, Costa e
Silva foi um dos principais articuladores do golpe de 1964, que depôs o presidente
João Goulart, e fez parte da junta batizada de Comando Supremo da Revolução,
formada pelo brigadeiro Correia de Melo e do almirante Augusto Rademaker.

Nomeado para o ministério da Guerra durante a gestão de Castello Branco (1964-


1966), afastou-se do cargo para candidatar-se às eleições indiretas pelo Arena
(Aliança Renovadora Nacional). Foi eleito presidente da República em 3 de outubro,
mediante abstenção de toda a bancada da oposição composta por políticos do MDB
(Movimento Democrático Brasileiro).

Tomou posse no dia 15 de março de 1967. O período de seu governo foi marcado por
forte agitação política, com importantes movimentos populares e políticos de
oposição, como a Frente Ampla, liderada por Carlos Lacerda e apoiada por Juscelino
Kubitschek e João Goulart. Este movimento tinha como proposta a redemocratização,
anistia, eleições diretas para presidente e uma nova constituinte.

Os protestos populares foram intensificados em 1968, com manifestações estudantis


denunciando falta de verbas e oposições contra a privatização do ensino público.
Como resposta às críticas, Costa e Silva instituiu o polêmico AI-5, que conferia ao
presidente da República poder para fechar o Parlamento, cassar políticos e
professores, indicar governadores e prefeitos.

A economia apresentou crescimento durante o período, tanto na área industrial


quanto na facilidade de crédito, política salarial e estabilidade na inflação. Delfim
Netto foi o Ministro da Fazenda.

Em agosto de 1969, Costa e Silva sofreu uma trombose cerebral e foi afastado do
cargo, sendo substituído por uma junta militar. Faleceu no Rio de Janeiro, em 17 de
dezembro de 1969.

Emílio Garrastazu Médici

Emílio Garrastazu Médici nasceu em Bagé, no Rio Grande do Sul,


no dia 4 de dezembro de 1905. Filho de um rico fazendeiro de
origem italiana, estudou no Colégio Militar de Porto Alegre e
seguiu carreira no Exército.

Em 1957 assumiu a chefia do Estado Maior da 3° Região Militar


de Porto Alegre a convite do general Arthur da Costa e Silva,
então comandante daquela unidade, com quem estabeleceu forte
amizade.

Promovido a general-de-brigada em 1961, foi nomeado comandante da Academia


Militar das Agulhas Negras, no Rio de Janeiro, e apoiou o golpe de 1964, que depôs o
presidente João Goulart.
Foi nomeado delegado brasileiro na Junta internacional de Defesa Brasil-Estados
Unidos, em Washington. Em 1967, assumiu a chefia do SNI (Serviço Nacional de
Informações) e, em 1969, o comando do 3º Exército, no Rio Grande do Sul. Após o
afastamento de Costa e Silva, o Alto Comando do Exército indicou o nome de Médici
para a presidência da República.

Em 30 de outubro de 1969, passou a exercer o cargo de presidente da República. No


seu governo houve o conhecido "milagre brasileiro", que representou uma significativa
melhora na economia brasileira, com aumento do PIB (Produto Interno Bruto),
estabilização da inflação em índices inferiores a 20%, aumento da produção industrial,
melhora dos níveis de emprego e do mercado interno.

O crescimento geral da economia, e da indústria automobilística em especial, gerava


novo empregos, possibilitava o desenvolvimento de outros setores econômicos e
aumentava a arrecadação do Estado através dos impostos. O comércio exterior
cresceu em níveis recordes e a produção industrial cada vez mais ganhava espaço nos
mercados mundiais. O Brasil tornava-se uma potência econômica do mundo.

No final do governo Médici já se fazia sentir a falência do "milagre econômico", que


entrou em derrocada a partir de 1973, juntamente com a crise internacional do
petróleo. A falta e o aumento do preço desse produto deu início a uma crise de
energia no Brasil. Nessa época, o país importava 80% do combustível que consumia.

Médici faleceu no Rio de Janeiro, em 9 de outubro de 1985.

Ernesto Geisel

Ernesto Geisel nasceu em Bento Gonçalves, no Rio Grande do


Sul, em 3 de agosto de 1907. Filho de alemães, estudou no
Colégio Militar de Porto Alegre, onde se formou em 1924 como
primeiro aluno da turma. Seguiu a carreira militar e participou de
movimentos políticos, como a Revolução de 1930, a qual
apoiava. Em 1932, lutou contra a Revolução Constitucionalista de
São Paulo.

Em 1946, foi nomeado secretário-geral do Conselho de


Segurança Nacional, cargo que ocupou por um ano. Atuou na
embaixada do Brasil no Uruguai (1947-1950), adjunto do Estado-Maior das Forças
Armadas (1950-1952), subchefe do Gabinete Militar no governo Café Filho (1955),
chefe da Seção de Informações do Estado-Maior do Exército (1957-1961), cargo que
exerceu juntamente com o ministério da Guerra no Conselho Nacional do Petróleo.

Durante a gestão do presidente Paschoal Ranieri Mazzilli (1961), foi chefe do gabinete
militar e fez parte do movimento político que originou o golpe de 1964. Promovido a
general-de-divisão em novembro de 1964 e a general-de-exército em 1966, ocupou a
chefia da Casa Militar no governo Castello Branco. Em 1969, assumiu a direção da
Petrobrás e, por meio de eleição indireta, passou a exercer o cargo de presidente da
República em 15 de março de 1974.
Durante seu governo, Geisel enfrentou o fim da chamado "milagre brasileiro", com a
redução do crescimento econômico e a alta da inflação. Para superar esse quadro
desfavorável, agravado pela vitória expressiva da oposição nas eleições parlamentares
de 1974, apresentou seu projeto de abertura política "lenta, gradual e segura com
vistas à reimplantação do sistema democrático no país".

O período foi marcado por conflitos polítos e sociais, já que o processo de


redemocratização entrava em choque com interesses dos militares. Num processo
gradual, o governo permitiu a realização, em 1974, da propaganda eleitoral pela
primeira vez desde a instituição do AI-5 (Ato Institucional número 5). Os candidatos
do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), partido da oposição, à Câmara dos
Deputados e ao Senado obtiveram vitória nos principais Estados do país, aumentando
consideravelmente a bancada oposicionista nos dois órgãos governamentais.

As mortes do jornalista Vladimir Herzog, em 1975, e do sindicalista Manoel Fiel Filho


(1976) causaram uma série de manifestações políticas contra o governo e
demonstraram que havia um conflito de interesses dentro do Estado. Enquanto eram
anunciadas medidas que pregavam maior abertura e liberdade política, Ernesto Geisel
demitiu o ministro do Exército, general Sílvio Frota, isolando o grupo de militares que
se colocava contra o processo de abertura política.

Em maio de 1978, foi registrada a primeira greve de operários metalúrgicos desde


1964, em São Bernardo do Campo, São Paulo, sob a liderança do presidente do
sindicato da categoria, Luís Inácio Lula da Silva.

Em 31 de dezembro do mesmo ano, Geisel revogou o AI-5, que representou um passo


decisivo no processo de redemocratização do país. Além disso, reatou relações
diplomáticas com a China, fez com o Brasil fosse o primeiro país do mundo a
reconhecer a independência de Angola e, buscando novas fontes de energia para o
país, firmou o acordo nuclear com a Alemanha e incentivou a utilização do álcool
como combustível.

Seu mandato foi encerrado em 15 de março de 1979. Em junho de 1980, tornou-se


presidente da Norquisa-Nordeste e do Copene (Conselho de Administração da
Companhia Petroquímica do Nordeste). Faleceu no Rio de Janeiro, em 12 de setembro
de 1996.

João Figueiredo

João Figueiredo nasceu na capital do Rio de Janeiro, em 15 de


janeiro de 1918. Filho de Euclides Figueiredo, estudou no Colégio
Militar de Porto Alegre, na escola Militar de Realengo, na Escola de
Aperfeiçoamento de Oficiais da Armada, na Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército e na Escola Superior de Guerra.

Foi nomeado Secretário Geral do Conselho de Segurança Nacional


durante o governo de Jânio Quadros e participou do movimento que
originou o golpe militar de 1964, que depôs o presidente João
Goulart.
Exerceu a chefia da agência do SNI (Serviço Nacional de Informações), no Rio de
Janeiro (1964-1966), foi comandante da Força Pública de São Paulo (1966-1967), do
1º Regimento de Cavalaria de Guardas - Dragões da Independência (1967-1969) e
chefe do estado-maior do 3º Exército (1969).

Chefe do Gabinete Militar do governo Médici (1969-1974), tornou-se ministro-chefe


do SNI durante a gestão de Geisel (1974-1979) e foi promovido a general-de-exército
em 1977. No dia 15 de março de 1979, assumiu a presidência da República por meio
de eleição indireta.

Em seu discurso de posse, João Figueiredo se propôs a continuar a abertura política


iniciada por Geisel. Em virtude do aumento crescente da oposição civil, o processo de
abertura política foi acelerado em 1979, com a Lei da Anistia e a restauração do
pluripartidarismo.

Em 1981, a explosão de duas bombas no Riocentro, no Rio de Janeiro, durante a


realização de um show comemorativo do Dia do Trabalho mostraram a oposição que
existia dentro do próprio governo contra a abertura política. Houve revolta da opinião
pública.

Em 1983, iniciou-se em São Paulo a campanha pelas eleições diretas para a


presidência da República, que ficou conhecida como movimento "Diretas Já". Por
pressão militar, porém, a emenda que permitiria as eleições diretas foi rejeitada pelo
Congresso Nacional.

Desta forma, a eleição presidencial de 15 de janeiro de 1985 foi realizada de maneira


indireta pelo Colégio Eleitoral. A vitória foi dos candidatos da Aliança Democrática
(PMDB E PFL), com Tancredo Neves para presidente e José Sarney para vice, que
derrotaram os candidatos governistas Paulo Maluf e Flávio Marcílio. Os candidatos da
oposição venceram por 480 votos, de um total de 686. A eleição marcou a transição
do poder militar para o poder civil.

Figueiredo faleceu no Rio de Janeiro, em 24 de dezembro de 1999 com insuficiências


renal e cardíaca.

Tancredo Neves

Tancredo Neves nasceu em São João Del Rei, Minas Gerais, em


4 de março de 1910. Advogado, ingressou na política pelo PP
(Partido Progressista), pelo qual foi eleito vereador em São João
del Rei em 1935, cargo que exerceu até 1937.

Já pelo PSD (Partido Social Democrático), elegeu-se deputado


estadual (1947-1950) e deputado federal (1951-1953). Passou
a atuar no ministério a partir de 25 de junho de 1953,
exercendo os cargos de ministro da Justiça e Negócios
Interiores até o suicídio do presidente Getúlio Vargas.

Em 1954, foi eleito novamente deputado federal, cargo que ocupou por um ano. Foi
diretor do Banco de Crédito Real de Minas Gerais (1955) e da Carteira de Redescontos
do Banco do Brasil (1956-1958). De 1958 a 1960, assumiu a Secretaria de Finanças
do Estado de Minas Gerais (1958-1960).

Foi nomeado primeiro-ministro com a instauração do regime parlamentarista, logo


após a renúncia do presidente Jânio Quadros. Ocupou o cargo de 1961 e 1962. No
ano seguinte, voltou a ser eleito deputado federal.

Foi um dos líderes do MDB (Movimendo Democrático Brasileiro), partido criado em 27


de outubro de 1965, a partir do AI-2 (Ato Institucional 2), que decretou a extinção de
todos os partidos políticos até então existentes e instituiu o bipartidarismo. Foi
reeleito deputado federal seguidas vezes entre 1963 e 1979.

Após a volta do pluripartidarismo, Tancredo foi senador pelo MDB em 1978 e fundou o
PP (Partido Popular), partido pelo qual continuou exercendo o mandato até 1982. No
ano seguinte, ingressou no PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) e foi
eleito governador de Minas Gerais (1983-1984).

Neste período político, houve grande agitação política em prol do movimento Diretas
Já, numa ação popular que mobilizou os jovens e pregava as eleições diretas para
presidente. Porém, com a derrota da emenda Dante de Oliveira, que instituía as
eleições diretas para presidente da República em 1984, Tancredo foi o nome escolhido
para representar uma coligação de partidos de oposição reunidos na Aliança
Democrática.

Com o senador José Sarney como vice, foi eleito presidente pelo Colégio Eleitoral, em
15 de janeiro de 1985, representando o partido da oposição e derrotando Paulo Maluf,
de direita. Na véspera de tomar a posse, em 14 de março de 1985, o político foi
internado em estado grave no hospital e o vice-presidente José Sarney assumiu o
cargo. Morreu no dia 21 de abril de 1985, em São Paulo.

José Sarney

José Ribamar Ferreira de Araújo Costa nasceu na cidade de


Pinheiro, Maranhão, em 24 de abril de 1930. Adotou o nome
de Sarney em homenagem ao pai, Sarney de Araújo Costa.
Formado em direito em 1954, ingressou na política como
suplente do deputado federal pela UDN (União Democrática
Nacional).

Foi eleito por dois mandatos como deputado federal (1958-


1965) e, como um dos líderes do grupo progressista da UDN,
defendia entre outras bandeiras, a reforma agrária no início
dos anos 60. Em 1964, fez oposição ao golpe militar que depôs
o presidente João Goulart. Com a instituição do bipartidarismo,
em 1965, aderiu ao partido governista,`a Arena (Aliança Renovadora Nacional).

Governou o Maranhão (1966-1971) e cumpriu dois mandatos como senador (1971-


1985), tornando-se um dos principais representantes políticos do regime militar.

Em 1979, após o fim do bipartidarismo, participou da fundação do PDS (Partido


Democrático Social). Deixou o partido em 1984, por ser contrário à escolha de Paulo
Maluf para disputar a eleição indireta à presidência da República.
Ingressou no PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) e foi indicado
como vice-presidente na chapa de Tancredo Neves, pela Frente Liberal. Em virtude do
falecimento de Tancredo, assumiu a presidência no dia 15 de abril de 1985.

O período de governo foi marcado por medidas econômicas de combate à inflação e


pelo estabelecimento de uma nova Constituição. Promulgada em 5 de outubro de
1988, a Carta, considerada a mais democrática da história brasileira, estabeleceu
eleições diretas em dois turnos para presidente, governador e prefeito.

Quanto às medidas econômicas, em 1º de março de 1986, foi estabelecido um plano


de ampla reforma monetária, que ficou conhecido como Plano Cruzado, em referência
à nova moeda implantada. Implantado pelo ministro da Fazenda Dílson Funaro, previa
o congelamento de preços e salários, o abono de 8% para todos os trabalhadores, o
"gatilho" salarial a cada vez que a inflação ultrapassasse 20% e o incentivo à
produção em detrimento da especulação financeira. O plano fracassou.

Em janeiro de 1988, o novo ministro da economia, Luís Carlos Bresser, implantou um


novo plano econômico de estabilização que também não deu certo. Em 1989, uma
nova estratégia econômica, denominada como Plano verão, foi anunciado pelo
governo mas também não trouxe o resultado esperado. A taxa anual de inflação havia
fechado em 1.764,86%.

Em 1989, ano de eleições diretas para presidente da República, o país se encontrava


extremamente agitado em virtude do caos na economia. Centenas de greves de
trabalhadores aconteceram em todo território nacional, atingindo inclusive os
chamados setores essenciais, como o da assistência médica-hospitalar, o dos
transportes coletivos e dos funcionários públicos.

As eleições presidenciais foram realizadas em dois turnos, pois nenhum dos


candidatos obteve maioria absoluta em 15 de novembro de 1989, conforme exigia a
Constituição.

No segundo turno, Fernando Collor de Mello, candidato da direita pelo PRN (Partido da
Reconstrução Nacional) e Luís Inácio Lula da Silva, da esquerda pelo PT (Partido dos
trabalhadores), disputaram o voto do eleitorado em 17 de dezembro de 1989. Collor
foi o vencedor e assumiu o governo em 15 de março do ano seguinte.

Ulysses Guimarães

Ulysses Guimarães formou-se advogado pela USP


(Universidade de São Paulo), em 1940. Foi vice-presidente
da UNE e secretário da Federação Paulista de Futebol.
Elegeu-se deputado estadual em 1947, pelo Partido Social
Democrático (PSD). Três anos depois, concorreu à Câmara
dos Deputados, sendo reeleito em 1954 e em 1958, quando
foi também delegado do Brasil junto à ONU.

Em 1961, foi nomeado ministro da Industria e do Comércio,


durante o regime parlamentarista. Exonerou-se no ano
seguinte, retornando a suas atividades na Câmara. Dois anos
após o golpe militar de 31 de março de 1964, com a
instituição do bipartidarismo, filiou-se ao MDB - Movimento Democrático Brasileiro -, o
partido de oposição à ditadura, e foi eleito seu vice-presidente, além de deputado
federal pelo partido. Nos dois anos seguintes foi presidente do Parlamento Latino-
americano. Em 1971 assumiu a presidência do MDB.
Ao final do período mais autoritário do regime militar, em 1973, apresentou-se como
anticandidato à presidência da República, como forma de protestar contra a farsa da
eleição presidencial promovida pela ditadura, em que o "candidato" governista já
estava previamente eleito, pela via indireta do voto de um Congresso manipulado.

No ano seguinte, porém, reelegeu-se deputado, função que exerceu até 1977 quando
o Congresso foi colocado em recesso pelo Executivo. Em 1979, com a volta do
pluripartidarismo, Ulysses integrou-se ao PMDB - Partido do Movimento Democrático
Brasileiro - e tornou-se seu presidente.

No começo dos anos 1980, foi um dos principais líderes da campanha pelas"Diretas
Já", sendo apelidado de "Senhor Diretas". Com a derrota no Congresso da emenda
que instituía a volta das eleições presidenciais diretas, articulou a campanha vitoriosa
de Tancredo Neves na eleição indireta de 1984.

Em 1988, presidiu a Assembléia Nacional Constituinte e anunciou a promulgação da


chamada "Constituição Cidadã", que, muito emendada, permanece em vigor até hoje.
Apesar de seu papel destacado na política nacional, entre o final dos anos 1970 e a
década de 1980, viu o PMDB se transformar num partido dividido e ambíguo que
perdeu a bandeira do oposicionismo para o PT e o PDT.

Assim, candidato a presidente da República em 1989, teve somente 4% dos votos


válidos no primeiro turno, um percentual inexpressivo que mal o aproximava do
segundo e do terceiro candidatos mais votados, respectivamenteLula e Leonel Brizola.

O segundo turno foi ganho por Fernando Collor de Mello, que logo sofreu o processo
de impeachment, devido ao esquema de corrupção articulado ao seu redor. Ulysses
Guimarães colaborou ativamente no processo, que terminou com a renúncia de Collor
e a posse do vice Itamar Franco. O líder peemedebista, então, empenhou-se em
ajudar na manutenção da governabilidade.

Ulysses Guimarães desapareceu em 12 de Outubro de 1992, num acidente aéreo. O


helicóptero que transportava os casais Ulysses Guimarães e Severo Gomes caiu após
sair de Angra dos Reis, litoral do Rio de Janeiro, com destino a São Paulo. Seu corpo
não foi encontrado, mas sua morte foi oficialmente reconhecida.

Mário Covas

Um dos mais importantes políticos brasileiros, Mário Covas


Junior nasceu em Santos, em 21 de abril de 1930. Filho do
português Mário Covas e da espanhola Arminda Carneiro
Covas, cresceu em Santos, onde cursou o ensino fundamental
no Colégio Santista. Nesta época, ganhou o apelido de 'Zuza',
nome carinhosos usado por seus fagmiliares, devido a uma
fantasia de Carnaval.

Ainda morando em Santos, com 16 anos, conheceu Florinda


Gomes, a Lila, durante uma partida de basquete, com quem se
casou em 1947 e se tornou a sua grande companheira. Nesta
época, interessava-se por política e esportes, dedicando-se
especialmente ao tênis e ao futebol, sendo um torcedor fanático do Santos Futebol
Clube. Junto com Lila, Covas teve três filhos: Renata, Mário e Silvia, que morreu em
1975, devido a um acidente de moto no Réveillon.

Em 1947, foi estudar química industrial na Escola Técnica Bandeirantes, na capital


paulista. No terceiro ano do curso, prestou vestibular para Engenharia Civil,
formando-se pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, turma de 1955.
Neste período, teve intensa militância na política estudantil da década de 50, sendo
vice-presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), em São Paulo. Formado,
prestou concurso público na Prefeitura de Santos, onde trabalhou como engenheiro
até 1962.

Em 1961, com o apoio de Jânio Quadros, disputou a eleição para a prefeitura de


Santos pelo Partido Social Trabalhista (PST), onde obteve 22.369 votos, ficando em
segundo lugar. No ano seguinte, foi eleito deputado federal com 31.100 votos, sendo
escolhido vice-líder do PST na Câmara. Em 1964, com a eleição indireta de Castelo
Branco para Presidência, Covas, em protesto, votou no marechal Juarez Távora, que
não concorria ao cargo. Neste mesmo ano, tornou-se líder do PST.

Com a extinção do pluripartidarismo, devido ao Ato Institucional 2, Covas filiou-se ao


MDB, partido pelo qual foi reeleito deputado em 1966, tornando-se líder da sigla na
Câmara. Em 1969, devido a promulgação do Ato Institucional 5, Mário Covas foi
destituído do seu cargo e teve seus direitos políticos suspensos por dez anos. Além
disso, no mesmo ano, passou dez dias preso em um Quartel da Aeronáutica, em São
Paulo. Durante o período da cassação, trabalhou com engenheiro, mas continuou seus
contatos com a vida política do país.

Com a retomada de seus direitos políticos, Mário Covas foi eleito diretor regional do
MDB e, no mesmo ano, com a extinção do bipartidarismo, filiou-se ao PMDB, sendo
eleito deputado federal, em 1982, com mais de 300 mil votos. Indicado pelo
governador Franco Montoro, assumiu a Prefeitura de São Paulo em 1983, onde ficou
até 1985.

Após sair da prefeitura, foi eleito senador, em 1986, com 7,7 milhões de votos, a
maior votação da história do Brasil na época, tornando-se líder do seu partido na
Assembléia Nacional Constituinte. Em junho de 1988, Mario Covas foi um dos
fundadores do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) e, alguns meses depois,
seu presidente nacional.

No ano seguinte, foi candidato a presidente da República, obtendo o quarto lugar. Em


1990, perdeu a eleição para governador de São Paulo, ficando em terceiro lugar.
Quatro anos depois, foi eleito governador do Estado de São Paulo com 8,6 milhões de
votos, sendo reeleito em 1998.

Durante este período, Mário Covas conviveu com vários problemas de saúde. Em
1986, sofreu um infarto, o que o levou a uma angioplastia e a colocação de duas
pontes de safena e uma mamária um ano depois. Em 1993, foi submetido a uma
cirurgia para retirada da vesícula biliar e, nos anos seguintes, foi internado duas vezes
por causa de crises de erisipela nas pernas.

Em 1998, após a retirada de um tumor benigno na próstata, os médicos detectaram


um câncer de bexiga, que foi retirada para iniciar um tratamento quimioterápico. Dois
anos depois, foi descoberto um novo tumor maligno entre a nova bexiga e o reto. No
dia 24 de outubro, Covas adiou sua internação para a noite do dia 29, data da eleição
para a Prefeitura de São Paulo, para confirmar publicamente seu voto em Marta
Suplicy (PT), no segundo turno.

Mesmo doente e se submetendo a vários tratamentos, Covas continuou as suas


atividades como político atuante. Em 2000, ao ser perguntado se iria descansar após
sair de uma internação no Instituto do Coração (Incor), Covas disse: "Eu vou
trabalhar, pois trabalhar não mata ninguém. Só hoje tenho cinco reuniões
agendadas."
Em 6 de março de 2001, Mário Covas morreu de falência múltipla dos órgãos por volta
das 5h30, no Incor, em São Paulo. O seu velório foi acompanhado por milhares de
pessoas, sendo sepultado no Cemitério do Paquetá, em Santos.

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