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Análise Do Caso Dora.

Acadêmicas: Geovanna Patrício Borges Ferreira; Pauliane C. Gonçalves Gomes

O caso desse tratamento relatado sobre uma garota histérica deve trazer, como a

interpretação dos sonhos intervém no trabalho da análise, vamos ao caso. Dora tinha 18 anos,

foi encaminhada a Freud por seu pai. Ela vivia com o pai, sua mãe e seu irmão, tendo sido

sempre muito próxima ao pai, essa afeição por ele é intensificada por muitos problemas de

saúde que ele vinha sofrendo desde que ela tinha seis anos de idade, e Dora sempre se

responsabilizou por seu cuidado o pai encontrou nela uma agradável companheira. Sua mãe

concentra todos os interesses nos interesses da casa, uma psiconeurótica dona de casa. Possuía

uma obsessão por limpeza de maneira excessiva. A relação com a mãe era inamistosa. O irmão

apoiava a mãe, e Dora sempre a criticava e se isolava de sua influência. Havia formado o

triangulo edípico entre mãe e filho e pai e filha. A relação entre seus pais, não era muito boa,

sendo os dois bastante distantes A tia dela, irmã de seu pai, enfrentava uma grave crise de

psiconeurose, faleceu de um marasmo, Dora tinha uma identificação com essa tia. Irmão mais

velho do pai é hipocondríaco. Com oito anos de idade Dora já mostrava sintomas nervosos.

Sofre de dispneia crônica com acessos muito agudos. É diagnosticada com um distúrbio

nervoso pelo médico da família. Com doze anos começa a sofrer com enxaquecas e acessos de

tosses nervosas. Por volta dos dezesseis anos a enxaqueca desaparece, porém os acessos de

tosses continuaram com frequência. Às vezes tossia por semanas ou por meses sem parar com

a perda da voz. Quando Dora tinha seis anos, a família se mudou para outra cidade, e lá fizeram

amizade com um casal, o Sr. e a Sra. K. O pai de Dora se aproximou bastante da Sra. K., que

muitas vezes cuidou dele quando sua saúde piorava. A princípio, Dora tinha também grande

afeição por ela, mas depois de certa época passou a não mais suportá-la, afirmando que ela e

seu pai tinham um caso amoroso. A moça, inicialmente, tinha boa relação também com o Sr.
K, mas aos 16 anos acusou-o de lhe fazer uma proposta amorosa, passando desde então a evitá-

lo. Todos esses sintomas estavam relacionados a um recalcamento sofrido por Dora algum

tempo antes. Uma das interpretações de Freud a respeito deste caso de histeria se baseia

principalmente na relação entre Dora, seu pai e a Sra. K. Dora, em sua infância, teria se

apaixonado por seu pai, acontecimento bastante comum nas crianças, compreendido como

Complexo de Édipo. Essa paixão, embora aceitável pela criança quando ainda é muito jovem e

não entende de questões morais, com o passar do tempo pode se traduzir em culpa, já que

começa a perceber que esse relacionamento não seria possível, nem aceito. Dora deve então ter

recalcado tal lembrança, tornando-a inconsciente, de forma a proteger seu próprio eu. Esses

sentimentos e lembranças ficaram adormecidos por algum tempo, mas alguns fatos foram

responsáveis por trazer esse material à tona, embora nunca de forma específica. A histeria que

Dora desenvolveu representava uma identificação com seu pai, estando este no lugar de sujeito

desejante. Ela compartilhava com ele, portanto, o desejo pela Sra. K. Em toda fantasia,

entretanto, o sujeito ocupa o lugar do sujeito desejante, mas também o lugar do objeto de desejo,

sendo possível entender então que a moça se identificava também à Sra. K. Esta senhora era

uma mulher jovem que tinha o amor de seu pai, assim como ela havia desejado ter. A

identificação com ela possibilitou, inicialmente, que Dora cultivasse a amizade entre as duas,

mesmo desconfiando da relação entre ela e seu pai. Em um segundo momento, a moça deixou

de aceitar essa situação, passando a odiar a Sra. K, por ter roubado seu posto, e acusa seu pai.

Dora relata ter 2 sonhos, o primeiro foi recorrente.

“Uma casa estava pegando fogo. Meu pai encontrava -se de pé ao lado

de minha cama e me despertou. Me vesti rapidamente. Mamãe queria parar e

salvar sua caixa de joias; mas Papai disse: ‘Não quero morrer queimado, junto

com meus dois filhos, por causa de sua caixa de joias’. Descemos

apressadamente as escadas, assim que estamos fora, eu acordo”


Questionada a respeito ao que os elementos da narrativa remetiam, lembrou que, em L,

uma vez que a casa onde se acomodaram não possuía para-raios, seu pai manifestou angústia

diante à possibilidade de um incêndio. Na tarde seguinte ao passeio no lago, recostou em um

sofá e, ao acordar, viu o Sr. K. tal como no sonho, parado frente a ela. O fato a levou a pedir à

Sra. K. uma chave, que sumiu no dia seguinte ao que a recebeu. Também falou que o Sr. K. já

a havia presenteado com uma caixa de joias. Quanto ao termo, reconheceu que “caixa de joias”

é uma expressão utilizada para referir-se ao genital feminino.

Na sessão seguinte, Dora relatou o que esquecera de contar: todas as vezes, depois de

acordar, sentia cheiro de fumaça. Reconheceu que, além do elemento combinar com fogo e com

a expressão muito utilizada pelo analista “onde há fumaça, há fogo”, havia a variável de seu

pai, Sr. K. e Freud serem fumantes apaixonados. Assim, Freud inseriu que o beijo roubado,

lembrança da qual ela se protegia, cheiraria a fumo. Considerando a transferência, poderia ter

ocorrido que o mesmo se repetiria em um contato com o analista.

Segundo sonho

Freud teve dificuldades para interpretar esse segundo sonho. De início Freud liga Dora ao

um engenheiro ao qual teve interesse nela. Quando Dora fala que já perguntou cem vezes

lembrou – se da conversa com sua mãe sobre onde estava a chave do bufê para pegar o conhaque

para seu pai, Dora se irrita com sua mãe por não haver resposta, e lhe diz que havia que lhe

perguntando umas cem vezes, sendo que na verdade foram 5 vezes. O termo chave está ligado

a caixa, o qual Freud interpreta como uma alusão aos órgão genitais.

Na segunda fase do sonho fantasia de vingança contra o pai. Dora sai de casa, o pai adoece

e morre. Ela volta pra casa e não apresenta nenhum remorso pela morte do pai. Há duas alusões

a vingança, a dos pais encontrarem a carta de despedida para que pai se separe da Sra. K. Por
trás dessa fantasia se oculta o desejo de pensamento de vingança pelo Sr. K. No sonho após

Dora preferir seguir sozinha pode se interpretar da seguinte forma, ela segue sozinha e não se

casa, quando na verdade o que Dora queria dizer era: “Eu teria esperado por você até ser sua

mulher”.

Terceira faze do sonho fantasia e defloração, a dificuldade de ir adiante e a angústia sentida

no sonho aponta para a virgindade realçada por Dora com tanto gosto, que vemos indicada

em outro lugar mediante a Madona Sistina. Freud destaca dois detalhes aos sonhos. Está

relacionado ao livro ao qual lera, pois já que o pai estava morto, e os demais no cemitério. Se o

pai de Dora estivesse morto ela poderia ler o que quisesse e amar quem quisesse. Quando Dora

relata lendo um livro, esse livro era para satisfazer suas dúvidas sexuais. E com a morte do pai

ela poderia ler tranquilamente.

Freud considerou a possibilidade de mais de uma interpretação para os relatos da moça,

que, por ter se originado de apenas três meses de análise, não possibilitou investigações mais

aprofundadas, nem novos fatos.


Séries Complementares

Fatores congênitos/hereditário: Experiências Infantis:

 Dores no estomago  Enurese noturna


 O pai da Dora fica doente
(prima)
quando ela tinha 6 anos, depois
 Hipocondríaco (tio) disso ela passa a ter um vínculo
afetivo muito grande.
 Neurose obsessiva (mãe)  Perda da tia a qual ela era
muito apegada.
 Psiconeurose (tia)  Sofria de enxaqueca e tosses
nervosas. Aos 16 anos os
 Saúde frágil (pai)
sintomas de enxaqueca
 O pai passou sífilis para desapareceu, ficando só a tosse
nervosa.
mãe.  Descobriu que chamava
atenção quando estava doente.
 Tosses (pai)

Disposição à doença: Histeria

Efeitos e sintomas:
Fatores atuais desencadeantes:  Tosse nervosa que poderia
durar até meses.
 Desejo sexual reprimido  Enxaqueca
 Dores no estomago
 Complexo de édipo
 Amnesia
 Desejo pela Sr. K  Após o primeiro beijo começou
a sentir aperto no peito, evitava
 Primeiro beijo conversar com homens de
forma afetuosa.
 O pai duvidar da Dora  Sentia repugnância.
 Apendicite.
 Ausência do Sr. K
 Constipação intestinal.
 Fadiga e falta de concentração.
 Afonia.

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