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ALFABETIZAR LETRANDO – DISCUTINDO TEORIAS E

PRATICAS PEDAGOGICAS.

BOAS, Marcela Aparecida Vilas.

SILVA, Melissa Cross Bier de.

RESUMO

O objetivo desta pesquisa é um artigo de estudo qualitativo de natureza


bibliográfica, o estudo fundamentou-se nas teorias de alguns escritores como
Freire (1997,2006), Ferreiro (1996,1999 e 2000), Piaget (1978, 1975), Soares
(1998,2000 e 2002), Tfouni (1988 e 1995), Mortatti (1999), Brandão (2006 e
2016) Rosa (2010) que abordam o tema proposto. O assunto referente ao tema
apontou a contribuição do pedagogo na formação de crianças que se
encontram na fase pré-escolar e a contribuição de atividades lúdicas que
possibilita o desenvolvimento das capacidades cognitivas, físicas e
psicológicas da criança por parte dos educando, considerando o nível de
escolaridade no qual se encontram debater sobre como tentar diminuir as
dificuldades existentes dos alunos na produção do falar, ler e escrever em sala
de aula. A partir da leitura e análise das teorias expostas pelos autores foi
possível perceber a importância de se dar maior atenção ao aluno durante a
aula de produção de texto escrito, buscando-se uma mudança na postura dos
professores em prol da melhora em suas práticas docentes, cuja mudança
poderá fazer toda diferença na formação cultural do aluno. Enfim, por meio de
todo o estudo realizado e das sugestões pedagógicas apresentadas foi
possível confirmar que mudanças, principalmente na postura do professor,
precisam acontecer como a maior brevidade possível.

Palavra-chave: Alfabetização. Pedagogo. Lúdico. Prática Pedagógica.

Melissa Cross Bier da Silva - Pós-graduada em Gestão Pública, com habilitação


em Gestão de Pessoas pelo Instituto Federal do Paraná - IFPR. Pós-graduada em
Educação à Distância, com habilitação em Tecnologias Educacionais pelo Instituto
Federal do Paraná - IFPR. Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário
Internacional - UNINTER.
Marcela Aparecida Vilas Boas-Licenciada em Pedagogia pela Universidade
Paulista-Unip
1. INTRODUÇÃO

Sabe-se que o ingresso da criança na educação infantil pode alargar o


seu universo inicial e também as possibilidades de conviverem com as outras
crianças e com os adultos, adquirir novos hábitos, aprender novas brincadeiras
e o mais importante desenvolver seu conhecimento. Na educação infantil, as
crianças desenvolvem autonomia, aprendem a tomar decisões, levando em
conta as regras e valores. Para tanto, é de suma importância analisar as
teorias e práticas do ensino para as fases pré-escolares até a fase do ensino
fundamental e compreender como estas contribuem para o desenvolvimento
como cidadão consciente de seus deveres e direitos dentro da sociedade
igualitária e justa.

Na era contemporânea, conclui-se um modo de ver e praticar o


conhecimento e a cultura, mas, uma grande quantidade de informações,
aliadas à velocidade com que é veiculada, satura as pessoas com imagens e
slogans para serem consumidas de forma rápida e com reposição contínua e
constante sem fixar ideias ou criar raízes para desenvolver reflexão. Tudo é
muito provisório, passageiro e principalmente espetacular. Nesse imenso show
que invade um cotidiano permeado de realidades descartáveis, os valores de
cidadania e de participação não são enfatizados. A ideia de compromisso se
fragmenta. Os direitos do cidadão são substituídos pelos direitos do
consumidor. Qual o papel da educação nesse contexto?

As crianças representam, de forma indireta, todos os outros que estão


sendo inseridos nas encruzilhadas da sociedade atual. Devemos acreditar que
a educação escolar, em qualquer grau, infantil, fundamental ou superior, é um
espaço de produção de sentido. O ser humano para viver e exercitar sua
humanidade precisa construir significados, valores, crenças, costumes, isto é,
uma referência cultural que alicerça sua identidade. Mas o grande desafio a ser
enfrentado nos dias de hoje é uma antropologia complexa que, a partir da
reforma do pensamento, supere as disciplinas como comportamento isolado
para explicar as relações existentes entre elas. Uma compreensão que

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desenvolve as conexões e que trabalhe ao mesmo tempo com o contínuo e
com o descontínuo.

Justificamos assim, que relacionar brincadeiras aos conteúdos


programáticos a serem desenvolvidos pelos professores, com base no
desenvolvimento infantil de modo que o intercâmbio de saberes seja
possibilitado por estratégias e práticas pedagógicas e metodológicas que se
efetivem através de ações conjuntas que ampliem o repertório e o
conhecimento dos alunos é de suma importância para o processo educacional
da criança. Por isso, a metodologia de pesquisa em um artigo de estudo
qualitativo de natureza bibliográfica buscou-se estudos voltados a uma
percepção sobre as possibilidades de associação das atividades educacionais,
visto que o desenvolvimento das habilidades cognitivas, motoras e sociais é
perpassado por elementos culturais que estão essencialmente atrelados às
concepções de mundo que as crianças trazem de suas casas, além da
afetividade, e que se encontram em um ambiente constituído pela diversidade
de saberes.

Levando em conta a problemática supracitada, o presente trabalho tem


por objetivo estabelecer uma análise sobre a importância das práticas
pedagógicas que levam em conta a aplicação de estratégias lúdicas, no
ambiente escolar para que as crianças possam aprender por meio desse
processo a falar, ler e escrever a fim de que seja possível evidenciar e
combater as dificuldades existentes pelos alunos em sala de aula beneficiando
os anos seguintes de suas vidas e no processo de ensino-aprendizagem.

Uma educação que produz sentido é uma educação questionadora que


ensina a perguntar sobre os desafios do tempo e do espaço em que estamos
inseridos e não só ofereça respostas prontas e acabadas. Para tanto, a escola
é um ambiente na qual se busca o desenvolvimento ensino- aprendizagem e as
habilidades de construção da fala, escrita e leitura. Assim, essas formações
não podem ser excluídas das competências a serem trabalhadas em sala de
aula. A escrita está na base da organização social, isso não quer dizer que
basta saber ler e escrever para poder viver neste lugar. A educação escolar
tem sido para a maioria das pessoas muito mais imposição de sobrevivência

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que exercício do poder ou forma de indagar o mundo. Além da simples
capacidade de ler, estão as formas de inserção das pessoas no tecido social e
a distribuição da riqueza econômica e dos bens culturais. Isto implica, entre
outras coisas, a possibilidade de, lendo ou dizendo no espaço escrito, exercer
o poder e o controle dos processos de fabricação da vida. Sendo assim, o
Alfabetizar letrado nas escolas é de suma importância para o desenvolvimento
das crianças e adolescentes e para a inserção deste na sociedade.

2. ALFABETIZAR LETRANDO-DISCUTINDO TEORIAS E PRATICAS

PEDAGOGICAS.

O embasamento teórico desde artigo bibliográfico se deu por meio de


referências de autores como Freire (1997,2006), Ferreiro (1996,1999 e 2000),
Piaget (1978, 1975), Soares (1998,2000 e 2002), Tfouni (1988 e 1995), Mortatti
(1999), Brandão (2006 e 2016) Rosa (2010), que abordam o tema sobre a
alfabetização e letramento nas escolas, sejam elas publicas ou privadas.
Considerando a importância do alfabetizar- letrado das crianças e adolescentes
em seus níveis escolares.

A linguagem humana possui a característica da dupla articulação: o


pensamento se articula para formar as palavras, e as palavras, por sua vez, se
articulam para formar frases. Essa dupla articulação oferece enormes
possibilidades expressivas. Pensar é expressar- se - ainda que não
pronunciemos os sons, o pensamento por si só já é uma manifestação de
inteligência e linguagem. Essa experiência habitual de nos faltarem às palavras
para dizer os que queremos não significa que o pensamento não esteja ali,
montado dos pés a cabeça, é que às vezes as palavras não se articulam,
causando um problema de inexpressividade tão comum, presente nos textos
dos alunos da educação infantil e ensino fundamental, diante disso cabe ao

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professor analisar sua prática e buscar soluções para melhorar a
expressividade através da língua escrita do aluno.

Os primeiros pensamentos, ainda confusos são expressos pela palavra,


mesmo que as vezes incompreensível; conforme eles vão se distinguindo uns
dos outros, vão encontrando palavras diferentes pelas quais se expressarem. E
reciprocamente, o fato de se ter adquirido cada vez mais palavras permite que
elas modelem os pensamentos, que desse modo podem ir se separando uns
dos outros. A linguagem modela o pensamento, não se limita a vesti-lo. Na
medida em que a rede de nossos conceitos está fixada numa língua, aprender
uma língua é aprender uma determinada maneira de classificar e organizar o
universo. Uma língua é uma visão do mundo, uma cosmovisão, porque
proporciona categorias mentais e a conceptualização da realidade feita por
uma comunidade linguística. Com a linguagem, aprendemos a capitar e a
entender a realidade de uma determinada maneira; aprendemos a pensar e
escrever a realidade. As classificações da realidade efetuadas por meio dos
conceitos não coincidem entre si - o que podemos observar em qualquer
esforço de tradução de uma língua para outra.

É interessante, aprender sobre a história da fala e da escrita, conforme


citado acima, ver o texto escrito como algo que materializa a ideia, tornando tal
registro histórico, podendo esse ter impacto social e cultural. Todavia, o
problema hoje está voltado para o ensino das crianças nos anos iniciais da
escolaridade até a fase adulta, o crescente descompromisso da família e da
comunidade com o processo educativo, sobretudo com o exercício pela escola
pública, atolada, no Brasil, num estado de abandono ostensivo. Essa
deterioração do ensino só tem aprofundado e tornado cada vez mais
intransponível o fosso que separa as elites do restante da população do País,
aproximando cada vez mais a estratificação social brasileira do regime de
castas. Há um fato que se sobrepõe a maneira mecanizada, que largamente se
vê transmitida aos discentes, que é quando se consegue ver alunos, fazendo
uso de atos cognitivos, escrevendo além dos muros escolares. Mesmo assim,
não parece, ainda, haver razão para que se comemore vez que escrever fora
da escola é exceção, infelizmente. É sinal de que se precisa alterar a rota de
práticas docentes, reconhecidamente, fracassadas.

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O ponto forte da caminhada construtivista para o debate no Brasil e a
concepção de ensino adota pelas escolas foi à obra Reflexão sobre a
alfabetização (1985) de Emília Ferreiro. As concepções de Jean Piaget na
época traziam severas críticas aos métodos tradicionais (cartilhas), fato que
gerou muito tumulto na escola brasileira. Emília Ferreiro disse que a escola
prestava mais atenção no aspecto gráfico da escrita, ignorando aspectos
construtivistas, ou seja, era mais importante ter a letra bonita do que interpretar
a escrita. O mais importante era que a criança quis representar, os meios
utilizados para a representação e as diferenças entre uma primeira e uma
segunda tentativa, para que se possa perceber a evolução de cada passo
durante a rotina da escrita.

A trajetória da alfabetização pode ser dividida em antes e depois de


Emília Ferreiro. Ela se tornou o modelo no ensino brasileiro, fundamentada
pelas descobertas do biólogo suíço Jean Piaget (1896 a 1980).

Para compreender os desafios da alfabetização diante dos processos de


socialização escolar na conjuntura atual, é necessário compreender a evolução
e o desenvolvimento das crianças com base em autores que desvendaram os
mecanismos pelos quais as crianças aprendem a ler e escrever. A família é o
fundamento básico e universal das sociedades, mas é a escola que possibilita
um conjunto de regras culturais e oferece padrões de conduta que orientaram
cada individuo em cada sociedade. Por isso futuros educandos e professores
devem estudar o desenvolvimento intelectual e cognitivo das crianças sendo
valorizada e observada à escrita e a leitura no sistema regular de educação.
Segundo Ferreiro (1985) os níveis de escrita e as diversas hipóteses elaborada
pelo alfabetizando no processo de construção estão inseridas nas concepções
que a criança possui e os níveis conceituais linguísticos são:

Nível Um: silábico- (Dois anos) fase pictórica, gráfica primitiva e silábica. É o
registro feito pela criança com desenhos sem figuração e, mais trade desenhos
com figuração. Começa a diferenciar as letras dos números. Se a criança já for
estimulada ao uso de caneta ou lápis e papel.

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Nível Dois: intermediário I (2 a 4 anos) fase dos conflitos, em que a criança
não tem resposta para alguns questionamentos e diz que ''não sabe escrever'',
mas já compreende os sons das letras.

Nível Três: silábico (5 a 7anos) a criança conta os sonoros (silabas) e os


associa com um símbolo (letra).

Nível Quatro: Intermediário dois ou silábico - alfabético (7 a 8 anos), fase em


que a criança precisa descobrir o nível silábico para pensar segundo o nível
alfabético. Nesta fase, o professor deve instigar a criança no sentido de
reflexão sobre o sistema linguístico pela observação da escrita alfabética.

Nível Cinco: Alfabético, quando a criança chega nesta fase, reconstrói o


sistema linguístico e compreende como ele funciona, consegue ler e expressar
seus pensamentos e falas. Forma sílabas e palavras juntando as letras e
consegue distinguir letra, sílaba, palavra e frase.

Ferreiro (2000, p. 19), afirma que: ''Por trás da mão que pega o lápis,
dos olhos que olham, dos ouvidos que escutam, há uma criança que pensa''.
Diante disso, é notável que, é na escola que a criança constrói parte da
identidade de ser e pertencer ao mundo; nelas adquirem-se os modelos de
aprendizagem, os princípios éticos e morais que permeiam a sociedade. A
socialização é um processo interativo e necessário para o desenvolvimento
intelectual através do qual a criança satisfaz suas necessidades e assimila a
cultura, ao mesmo tempo em que, a sociedade perpetua-se e desenvolvesse.
Isso se da por meio da alfabetização e do letramento.

A alfabetização exige conhecimento, habilidade e competência para dar


condições à criança de construir seus conhecimentos. O professor não pode
somente fazer a transmissão do alfabeto, da junção de letras e palavras, sem
se preocupar-se com a função da escrita, sem possibilitar o uso da linguagem
escrita pela criança.

Todo o desenvolvimento intelectual está relacionado à interação do


sujeito com o meio físico e social. E nesse desenvolvimento está o papel do
professor que no ambiente escolar busca ensinar as habilidades de construção
da fala, escrita e leitura. As atividades que facilitam a criação de sentidos

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contribuem para o crescimento pessoal, as que não têm sentido podem ser
alienantes para a uma criança e o adolescente. Quando a criança e o
adolescente aprendem a falar, ler e a escrever percebe por si mesma seu
próprio desenvolvimento, ela compreende que a atividade de leitura o
enriquece interiormente, uma vez que está formada neles um sistema de
habilidades que lhe permite perceber, conhecer novas dimensões da realidade
circunstante.

A adaptação é um equilíbrio cuja conquista dura toda infância e


adolescência e define a estruturação própria desses períodos da existência,
entre assimilação e acomodação. Segundo Piaget:

A adaptação intelectual é então, o equilíbrio entre a assimilação da


experiência às estruturas (mentais) dedutivas e a acomodação
dessas estruturas aos dados da experiência. De uma maneira geral, a
adaptação supõe uma interação tal entre sujeito e o objeto, que o
primeiro possa incorporar a si o segundo levando em conta as suas
particularidades; a adaptação é tanto maior quanto forem mais bem
diferenciadas e mais complementares a essa assimilação e essa
acomodação. (PIAGET, 1978, p. 157)
Nesse sentido, a adaptação resulta sempre do equilíbrio da assimilação
e acomodação, tanto por meio do físico como do objeto. Podemos estabelecer
uma análise sobre a importância das práticas pedagógicas que levam em conta
a aplicação de estratégias lúdicas, a fim de que seja possível abordar
características específicas da educação infantil, bem como realizar um breve
estudo sobre aspectos relevantes do lúdico, além de evidenciar os benefícios
da aplicação de metodologias lúdicas ao processo de ensino-aprendizagem.

Alguns estudos sobre a importância da ludicidade têm sido


desenvolvidos com base em propostas pedagógicas e isso tem gerado um
efeito positivo em algumas instituições de ensino, que atrelam lúdico ao ensino.
Deste modo, a brincadeira é encarada como parte constituinte da essência da
infância e é transposta para o campo da construção do conhecimento como
elemento basilar deste processo e não como mero acessório. Existem muitas
orientações de cunho teórico e prático sobre a educação infantil em seus
diversos níveis e modalidades. Atentar-se a elas é fundamental para que a
inserção da ludicidade não seja descontextualizada, mas que seja efetivamente
satisfatória tanto no conhecimento quanto no gosto por aprender. Por isso, as
brincadeiras devem reproduzir situações cotidianas que envolvem

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possibilidades de resolução de problemas, de enfrentamento de situações e de
superação de dilemas, de modo que desde os alunos sejam desafiados em
relação à sua criatividade e senso de comunidade.

2.1 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA ALFABETIZAÇÃO SEGUNDO

ALGUNS AUTORES

Quando se observa as formas de interação das crianças com o meio no


qual elas estão inseridas, pode-se notar que o imaginário norteia as
brincadeiras, as expressões e os comportamentos adotados por elas. Assim,
as brincadeiras se tornam ações desempenhadas pelas crianças ao
concretizarem determinadas regras de jogos, mergulhando-as na ação
dinâmica e dialógica do lúdico. O brinquedo, por sua vez, encontra-se em um
campo onde as regras se liquefazem e perdem sua rigidez, estabelecendo-se
enquanto suporte da brincadeira, atuando em sua dimensão material, dinâmica
e cultural. Conforme Piaget (1975, p. 21),

No começo há tantos espaços coordenados entre si, quantos


domínios sensoriais (espaço bucal, visual, tátil etc.) [...] [porém,] no
final do segundo ano, ao contrário, está concluídos um espaço geral
que compreende todos os outros, caracterizando as relações dos
objetos entre si e os contendo na sua totalidade, inclusive o próprio
corpo.
A infância tem uma simbologia própria. O lúdico tem o objetivo de fazer
com que a criança aprenda a registrar a construção do conhecimento de forma
criativa e prazerosa, colaborando com a possibilidade de desenvolvimento de
capacidades perspectivas e cognitivas, com a leitura de mundo a partir da
leitura das ações presentes e com a expansão da capacidade criativa de cada
um. O lúdico ajuda no relacionamento, em sugerir ajuda, em modificar e em
inferir no mundo imaginaria da criança, alfabetizando-o para as futuras fases
escolares e a inserção dos mesmos na sociedade.

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Para exercitar esse caminho a escola deve estar preparada e com
profissionais empenhados nesse processo, porque a alfabetização e o
letramento não podem ser reduzidos a uma tecnologia ou a técnica de leitura e
de escrita, tem que ser ensinada por meio do lúdico que deve ser inseridos nas
escolas.

[...] em que se respeitam as suas singularidades (das crianças), em


que há espaço para a brincadeira e o prazer, para o movimento do
seu corpo, para criar e dialogar, local em que se pode experimentar
investigar, expressar sentimentos, construir a identidade e aprender
numa atmosfera acolhedora e desafiante . (BRANDÃO, 2006, p.
105).
Recentemente, a educação passou a utilizar o conceito de jogos lúdicos
e associar ao letramento para referir tanto ao processo de ensino de leitura e
escrita quanto de uso deste para jogos para desenvolver o conhecimento das
crianças. A dinâmica social contemporânea impõe ás pessoas uma quantidade
imensa de exigências, envolvendo capacidade de participação, de crítica, de
transformação, de propor soluções criativas etc. Ou seja, para participar e
mover-se com desenvoltura nessa sociedade, a pessoa deve ser capaz de agir
com autonomia, demonstrar iniciativa e ter capacidade de análise e decisões. A
palavra chave nesse contexto é autonomia intelectual, entendida como a
capacidade de a pessoa em situações diversas, decidir, calcular, planejar,
intervir, criticar, transformar, solucionar; criar.

Para que a criança se familiarize com as letras e aprendam seus


nomes, não é necessário recorrer a famosas fichas em que se pede à
criança para escrever uma mesma letra de cima para baixo na folha,
começando pelas vogais ou fazendo a leitura do alfabeto em coro
infinitas vezes. Ao contrário, é possível aprender sobre as letras por
meio de jogos e atividades bastante diversificadas. O bingo de nomes
é um bom exemplo. As crianças recebem cartões com seus nomes
escritos ou outros significativos, ao ouvirem o nome da letra chamada
pela professora marcam aquelas que estejam em sua cartela .
(ROSA, 2010, p 28 cap. 9).
Para a autora, quando a criança brinca ou joga, estas atividades geram
um espaço para o pensamento, ocasionando o avanço do raciocínio e
desenvolvendo o pensamento, já que a atividade lúdica pressupõe a ação,
provocando a cooperação e a articulação de diferentes pontos de vista,
estimulando a representação e engendrando a operabilidade. O modo como
uma criança se coloca em uma brincadeira evidencia o modo como ela se vê
no mundo.

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Uma obra que contribui para o ensino da linguagem escrita e do lúdico
no ensino infantil é Ler e escrever na educação infantil - Discutindo práticas
pedagógicas (Brandão e Rosa 2010). O livro apresenta um conjunto de artigos
voltados para os professores que atuam na educação infantil.

Na Educação Infantil são inúmeras as oportunidades significativas em


que as crianças podem reconhece letras, aprender os nomes de cada
uma e tentar grafá-las. Tal conhecimento é importante, em primeiro
lugar, porque desse modo à criança foca a atenção ao princípio de
que utilizamos a letra na escrita de palavras. (ROSA, 2010, p 28,
cap. 9).
A criança tem uma necessidade constante de adaptar-se ao mundo dos
adultos, de diversas maneiras, mas este mundo ainda se apresenta de forma
estranha e nebulosa para elas, pois suas regras de funcionamento estão
ligadas ao desenvolvimento cognitivo, motor, social e cultural. Assim, a
brincadeira estimula a identificação e escrita de letras e o reconhecimento
global de certas letras e é uma atividade que transforma o real, através da
assimilação quase pura das necessidades da criança em razão das suas
atividades afetivas e cognitivas levando a criança ao desenvolvimento do
letramento.

2.2 A PRÁTICA DOCENTE E O LETRAMENTO DA ALFABETIZAÇÃO NO

ENSINO INFANTIL, FUNDAMENTAL E SUPERIOR.

Considerando o nível escolar que se encontram os alunos na Educação


Infantil da 1° etapa da educação básica (creches 03 anos) e (pré-escola 04-05
anos), é notável que a influência de Piaget seja mais forte na educação infantil
e na educação moral. Sua teoria do desenvolvimento cognitivo pode ser usada
como uma ferramenta na sala de aula da primeira infância. De acordo com
Piaget (1984) as crianças se desenvolvem melhor em sala de aula a partir da
interação, constroem sua própria visão de mundo moral, formando ideias sobre
o certo e errado, justo e injusto, que não são o produto direto do ensinamento
dos adultos. Ele acreditava em dois princípios básicos relativos à educação
moral: que as crianças desenvolvem ideias morais em etapas e que as
crianças criam suas concepções do mundo. Ele enfatizou que ao observar a

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maneira como a criança adquire o conhecimento, é possível entender e auxiliá-
las na construção e aquisição do conhecimento humano. Seus estudos da
psicologia do desenvolvimento e a epistemologia genética tinham o objetivo de
entender como o conhecimento evoluiu.

As quatro fases de desenvolvimento são descritas na teoria de Piaget


(1896-1980) como:

1º período: Sensório-motor (0 a 2 anos) conhecido como o modelo sociológico


de desenvolvimento.

2º período: Pré-operatório (2 a 7 anos) conhecido com o modelo adaptativo do


desenvolvimento intelectual.

3º período: Operações concretas, (7 a 11 ou 12 anos) conhecido como modelo


lógico de desenvolvimento intelectual. Neste modelo ele sustentou a ideia de
que a inteligência se desenvolve em uma série de etapas que estão
relacionadas à idade e são progressivas porque um estágio deve ser realizado
antes do próximo poder ocorrer.

4º período: Operações formais, (11 ou 12 anos) Conhecido como pensamento


figurativo. Piaget estudou áreas da inteligência como a percepção e memória,
que não são inteiramente lógicas.

Jean Piaget ficou conhecido por estudar a gênese ou ''genética''


humana, interessado no processo do desenvolvimento qualitativo do
conhecimento. Como ele diz na introdução de seu livro Epistemologia genética.
“O que a epistemologia genética propõe é descobrir as raízes das diferentes
variedades de conhecimento, desde as suas formas elementares, seguindo
para os próximos níveis, incluindo o conhecimento científico”. (PIAGET, 1978,
p.3). Ele acreditava que podia encontrar as respostas para as questões
epistemológicas do seu tempo ou, pelo menos, uma proposição mais correta,
se alguém pesquisasse o aspecto genético das mesmas; Essa foi a razão para
suas experiências com crianças e adolescentes. Piaget considerava o
desenvolvimento de estruturas cognitivas como a possibilidades de fazer uma
diferenciação dos regulamentos biológicos. Isto quer dizer que, à medida que

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podemos fazer a construção dessas estruturas cognitivas, podemos também
desenvolver a inteligência e o conhecimento.

Ainda na linha de pensamento dos autores, temos o nome de maior


influência na reformulação metodológica da educação brasileira: Emília
Ferreiro. Seu nome ficou ligado ao conceito do construtivismo. Sua influência
atingiu as normas governamentais para a alfabetização, incorporadas nos
Parâmetros Curriculares Nacionais. Ferreiro (1996, p. 16): “Nenhuma criança
chega à escola ignorando totalmente a língua escrita. Elas não aprendem
porque veem e escutam ou por ter lápis e papel à disposição, e sim porque
trabalham cognitivamente com o que o meio lhes ofereça’’.

Nos anos 1970, a pesquisadora e educadora Emília Ferreiro e várias


colaboradoras trouxeram para o debate pedagógico a hipótese de que as
crianças, em sua aprendizagem da escrita, não incorporam mecanicamente o
funcionamento deste sistema, mas sim o reconstroem, a partir de um intenso
processo de construção de conhecimento. Entre seus postulados, dois são
particularmente importantes para nossa exposição. O primeiro é aquele relativo
à compreensão do que seja a escrita. Para a autora.

A escrita é um sistema de representação cuja vincula com a


linguagem oral é muito mais complexa do que alguns determinam
(...). Eu entenderia representação como esse conjunto de atividades
que as sociedades desenvolvem em graus diversos, que consiste em
dar conta de certo tipo de realidade, com certos propósitos, em uma
forma redimensiona. (...) A representação permite uma reanálise do
objeto representado. (FERREIRO, 2000, p. 77-78).

Este postulado nos leva a pensar não apenas na necessidade de


repensar o processo de alfabetização, já que não se trata mais de treinar uma
mente pronta a usar um código, mas principalmente a compreender a escrita
como um fenômeno dinâmico e complexo e que a aprendizagem deste sistema
supõe a vivência com os objetos culturais e modos de ser característicos da
cultura escrita.

A autora refere-se aos múltiplos usos e às diversas funções que a escrita pode
ser submetida. Ela lembra que o indivíduo urbano, mesmo aquele que nunca
foi à escola (seja porque ainda não atingiu a idade escolar, seja porque, devido
a condições sociais, não teve oportunidade), está exposto ao material escrito e

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faz suposições sobre ele: “O segundo é que a escrita não é um produto
escolar, mas sim um objeto cultural, resultado do esforço coletivo da
humanidade. Como objeto cultural, a escrita cumpre diversas funções sociais e
tem meios concretos de existência (especialmente nas concentrações
urbanas). “ (FERREIRO, 1999, p. 43).

Ainda na linhagem infantil o professor é aquele que, tendo adquirido o


nível de cultura necessária para o desempenho de sua atividade, dá direção ao
ensino e a aprendizagem; para tanto é necessário o conhecimento de novas
armas para se trabalhar o letramento na escola.

Em suma, vivenciamos práticas de leitura em grupo, mediadas pelos


professores, as crianças ampliam suas experiências de letramento e
seus repertórios textuais, desenvolvem estratégias variadas de
compreensão textual, inserindo-se no mundo da escrita e iniciando-se
como leitoras, mesmo que ainda não saibam ler automaticamente .
(BRADÃO, 2016, p 22, cap. 6)
É interessante, aliás, conforme citado acima, ver como a leitura em
grupo materializa a ideia, podendo esse ter impacto social e cultural.

Para entender como o processo de mudança nas práticas pedagógicas


acontece, o ensino Fundamental com duração de 09 anos tem por objetivo a
formação básica do cidadão mediante o desenvolvimento da criança embora
não haja garantia de que tais mudanças sejam bem-sucedidas, apresentando
conceitos e definição surge à escritora Mortatti (1999), incentivando os
educadores a buscarem soluções para problemas de ensino e aprendizagem
no ensino da língua escrita, visando o fim do “fracasso escolar’’ na
alfabetização, “Saber ler e escrever se tornou instrumento privilegiado de
aquisição de saber e imperativo da modernização e desenvolvimento social’’.
(MORTATTI, 1999, p. 2), por muito tempo os esforços para solucionar tais
problemas estavam associados apenas aos métodos de alfabetização. Havia
aqueles que defendiam o método revolucionário, e os que consideravam
apenas os tradicionais validos.

A partir desta perspectiva, Soares (2000), assegura que a alfabetização


era compreendida, ate então, apenas como a aprendizagem do sistema

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convencional de escrita, por isso oscilava-se em busca do melhor método de
alfabetização, os quais tinham por objetivo a aprendizagem do sistema
alfabético e ortográfico da escrita. No seu pensar, a alfabetização deve ser
entendida como processo de aquisição e apropriação do sistema da escrita,
“alfabético e ortográfico” (SOARES, 2002, p. 16) Os educando deveriam
ensinar em um contexto de letramento “a participação em eventos variados de
leitura e escrita, e o consequente desenvolvimento de habilidades de uso da
leitura e escrita nas praticas sociais que envolvam a língua escrita” (SOARES,
2002, p. 16).

A palavra alfabetização tem uma tradição no contexto do paradigma da


educação e das ideias pedagógicas, por isso, a alfabetização não pode ser
reduzida a uma tecnologia ou técnica de leitura e de escrita. Ser uma pessoa
letrada não significa ser uma pessoa alfabetizada, sendo assim, a leitura é uma
atividade que solicita intensa participação do leitor e o alfabetizar não pode ser
visto como um processo de ensinar a escrever e a ler; no entanto, alfabetizado
é aquele que lê e escreve.

Conforme verificado, o ensino dos jogos na 1º etapa da educação básica


é de suma importância para o desenvolvimento das crianças com objetivo de
formação do falar, ler e escrever no ensino Fundamental e com a finalidade da
formação do cidadão mediante o desenvolvimento para o ensino Médio que
contempla a formação do aluno para o exercício de profissões na sociedade.
Por meio dessas experiências os educando conseguira formar “diferentes
portadores de leitura e escrita, com as diferentes funções que a leitura e a
escrita desempenham na nossa vida’’ (SOARES, 2000, p. 44)”.

A escrita está na base da organização social, isto não quer dizer que
basta saber ler, falar e escrever para viver neste mundo. A educação escolar
tem sido, para a maioria das pessoas, muito mais imposição de sobrevivência
que exercício do poder ou forma de indagar o mundo. Além da simples
capacidade de ler, falar e escrever estão às formas de inserção das pessoas
no tecido social e a distribuição da riqueza econômica e dos bens culturais. Isto
implica, entre outras coisas, a possibilidade de, lendo ou dizendo no espaço
escrito, exercer o poder e o controle dos processos de fabricação da vida.

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Nos dias de hoje, a alfabetização e o letramento “Influenciam todos os
indivíduos de uma sociedade, é claro que de maneira desigual” (TFOUNI,
1995, p. 1). Baseamos esse conceito por meio da tecnologia e da multimídia
que continua crescendo e transformando a sociedade em que estamos
inseridos e na alfabetização de alunos nas redes de ensinos dificultando a
realização da pratica docente de letramento.

Para uma alfabetização que não despreza a aprendizagem da escrita é


preciso a compreensão dos aspectos políticos e ideológicos da educação por
meio dos educandos, tomando evidencia que a escrita não se reduz a uma
questão técnica e sim marcadas nos contextos sociais e culturais.

Ora, em tese, muitos docentes limitam os alunos a obterem,


conhecimento da escrita e da leitura por não estarem preparados para essa
tarefa tão importante, assim é necessário um “Ensino organizado, sistemático e
internacional, demandando, para isso preparação de profissionais
especializados’’”. (MORTATTI, 1999, p.3).

O professor, na condição de ser humano, é construtor de si mesmo e da


sua história. O professor é aquele que, tendo adquirido o nível de cultura
necessária para o desempenho de sua atividade, dá direção ao ensino e a
aprendizagem; para tanto é necessário o conhecimento de novas tecnologias
da informação e comunicação - como o uso de software que estão disponíveis
na atualidade para gerar, armazenar e disponibilizar informações e permitir a
comunicação entre as pessoas. A educação, cada vez mais, vem sendo
discutida em congresso, palestras e demais eventos com o intuito de sinalizar
quanto ás competências necessárias para o sucesso de estudantes e
professores. O saber falar, ler e escrever é importantíssimo para todos os
seguimentos da humanidade, torna-se valioso, pois quem o domina pode ter
acesso a inúmeras oportunidades. O conhecimento tomou proporções que vão
além dos limites das instituições de ensino ou do que o professor pode dispor
podendo ser construído de várias formas e lugares. Nesse sentido, a sociedade
passou a exigir indivíduos que pensem globalmente e atuem socialmente.

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3. METODOLOGIA

O percurso metodológico de o artigo Alfabetizar letrado-discutindo


teorias e praticas pedagógicas se deu por meio de revisão bibliográfica pautada
em estudos provenientes de diversas fontes literárias como periódicos, livros,
artigos científicos, apostilas, entre outros. Trata-se de uma pesquisa qualitativa
que é a que melhor se enquadra ao tipo de produção realizada.

A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas


já analisadas e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros e
artigos científicos. Todos os artigos científicos são iniciados com uma pesquisa
bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o
assunto.

No que se refere este artigo é um estudo qualitativo de natureza bibliográfica a


cerca de a temática Alfabetizar letrado-Discutindo teorias e práticas pedagogias
na etapa da educação Infantil e fundamental tendo por finalidade esclarecer os
métodos adotados pelos educadores quanto ao ensino e aprendizagem de
crianças e jovens, suas capacidades de aprender a falar, ler e escrever, a
compreensão do ambiente natural e social, sistema politico, da tecnologia, das
artes e valores que fundamenta a sociedade, a formação da aquisição de
habilidades, atitudes e valores, fortalecendo os vínculos familiares, os laços de
solidariedade e tolerância.

Para Gil (2007, p.44), os exemplos mais característicos desse tipo de


pesquisas são sobre investigações sobre ideologias ou aquelas que se
propõem á analise das diversas posições acerca de um problema.

Através do artigo de pesquisa foram usados como base os educadores


Freire (1997,2006), Ferreiro (1996,1999 e 2000), Piaget (1978, 1975), Soares
(1998,2000 e 2002), Tfouni (1988 e 1995), Mortatti (1999), Brandão (2006 e
2016) Rosa (2010) que desvendou os mecanismos pelos quais as crianças
aprendem a falar, ler e escrever, o que levou os educadores a rever
radicalmente seus métodos, em um sistema de apoio a professores. Assim

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compreende-se que: "A escrita não é um produto escolar, mas sim um objeto
cultural, resultado do esforço coletivo da humanidade. Como objeto cultural, a
escrita cumpre diversas funções de existência". (Ferreiro 1996, p 36).

Portanto, o desafio do professor é formar alunos praticantes da leitura e


da escrita que desejassem estar em outros mundos possíveis, que só quem lê
e quem escreve poderia entrar e criar. Assim fica claro a importância do Lúdico
e brincadeiras para contribuir com uma educação e aprendizado eficaz, uma
vez que propõe interativa e comprometimento com o trabalho em equipe,
estimulando na sua formação psíquica a necessidade de criar relações sociais
saudáveis, bem como, romper com os desafios que eventuais crianças podem
encontrar no que tange as relações de aprendizado. As teorias e as práticas
são analisadas conjuntamente, adequando-as as fases de aprendizagem das
crianças em seu conjunto. O desafio para o docente seria que os alunos
alcancem a condição de produtores de textos escritos com competência e
conscientes de sua importância na realidade social, na qual estão inseridos, e
não somente treinar em sala de aula cópias que apenas reproduzem as letras.

A educação, cada vez mais, vem sendo discutida em congresso,


palestras e demais eventos com o intuito de sinalizar quanto ás competências
necessárias para o sucesso de estudantes e professores. O saber falar, ler e
escrever é importantíssimo para todos os seguimentos da humanidade, torna-
se valioso, pois quem o domina pode ter acesso a inúmeras oportunidades. O
conhecimento tomou proporções que vão além dos limites das instituições de
ensino ou do que o professor pode dispor podendo ser construído de várias
formas e lugares. Nesse sentido, a sociedade passou a exigir indivíduos que
pensem globalmente e atuem socialmente. Assim, saber falar, ler e escrever
não é mais um diferencial é uma obrigação.

3. CONSIDERAÇÕS FINAIS.

O presente estudo possibilitou uma análise de como o conteúdo de


produção textual escrita, e lúdica estão sendo ministrados pelos professores

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em sala de aula, refletindo acerca dos prováveis benefícios aos alunos e a
sociedade se houvesse mudança de atitude dos docentes em suas práticas
pedagógicas, além de tentar compreender algumas dificuldades básicas
encontradas ao se trabalhar esse conteúdo.

Também possibilitou a compreensão da realidade que se interliga na


sala de aula: aluno, prática docente e professor, favorecendo uma reflexão
crítica acerca do tema abordado. De um modo geral, os professores não estão
capacitados para lidarem com produção textual na sala de aula e ainda não se
enxerga luz para amenizar, pelo menos, tal situação. Embora alguns docentes
utilizem alguns recursos didáticos em sala de aula, a maioria aparenta, em
tese, desinteresse em trabalhar o conteúdo em sala de aula de maneira criativa
e significativa. A falta de apoio da escola favorece a precarização, mas ainda
há algumas dificuldades, como controlar a inquietação da turma, estimular o
interesse dos alunos e com os recursos precários disponibilizados pela
instituição escolar.

Sabe-se que a linguagem é um instrumento indispensável para se


chegar à cultura e se incorporar a ela, pois seus elementos, as palavras, são
símbolos que permitem a comunicação. Dessa forma é instaurada a
temporalidade no existir humano. Aprendendo a falar, ler e escrever, o ser
humano deixa de reagir somente ao presente, ao inédito; passa a poder pensar
no passado e reescrever seu futuro e, com isso, constrói o seu projeto de vida.
Na comunicação oral e escrita é preciso distinguir a diferença entre a
linguagem oral da escrita. Embora o discurso escrito de uma pessoa pouco
alfabetizada possa espelhar seu discurso oral e a fala de certos indivíduos ou,
em determinados contextos formais mostre-se influenciada pelos modelos
escritos, na realidade a escrita e a oralidade apresentam traços e
possibilidades muito distintos. O discurso oral quando o emissor e o receptor
estão presentes, permite o recurso a meios extralinguísticos, como gestos, por
exemplo, que suprem a falta de precisão e permitem a supressão de elementos
linguísticos essenciais na escrita. A coexistência de emissor e receptor no
tempo facilita reformulações imediatas e repetições que a escrita não admite.

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O caráter imediato da língua oral dificulta a escolha de termos cultos e
de requintes de construção de frases, que não acontece com o discurso
escrito; ao contrário, favorece o uso de elementos apelativos e emocionais para
compensar a economia de meios e até das falhas de construção sintática. O
que cada pessoa sabe e faz com a escrita (incluindo tanto o sistema quanto os
objetos culturais e comportamentos associados a ela) é bastante variado.
Pode- se sempre postular um nível mínimo de conhecimento e práticas
desejados para que alguém possa ser considerado inserido plenamente na
vida social, mas não há como fixar um padrão único, até porque, em função da
complexa relação social e dos modos de vida nas sociedades complexas
existem muitos tipos de participação e de utilização e conhecimento dos
objetos da cultura escrita. Neste caso, cabe bem a ideia de que todos são
ignorantes em muitas coisas e que dependemos dos outros para poder viver. O
analfabeto, principalmente, o que vive nas grandes cidades, sabe, mais do que
ninguém, qual a importância de saber falar, ler e escrever, para sua vida como
um todo. No entanto, não podemos alimentar a ilusão de que o fato de saber
falar, ler e escrever, por si só, vá contribuir para alterar as condições de
moradia, comida e mesmo de trabalho. Neste sentido, mais do que
simplesmente estabelecer cortes rígidos, do tipo alfabetizado e analfabeto, é
mais interesse descrever os conhecimentos e práticas das pessoas e dos
grupos em que se inserem imaginando uma escala contínua de alfabetismo (ou
letramento), em função do que estas pessoas sabem fazer com seus
conhecimentos de leitura e de escrita.

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