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Já a organização dos jogos tem feito o Rio passar vergonha. Detectores de metal
e portas de Raios X que não funcionam, filas intermináveis para entrar. Fiquei
sabendo que a empresa responsável pelos acessos às praças esportivas foi
troca agora às vésperas dos jogos. O interesse comercial falou mais alto que
conforto do espectador. Essa gente não trata bem nem seus próprios clientes.
Em alguns lugares de competição, nem comida tinha para se vender. Resultado:
arenas vazias no início das competições, mesmo com todos os ingressos
vendidos. E uma chuva de reclamações... Deve ser o jeito PMDB de organizar
as coisas. A população, os turistas, a imprensa internacional estão podendo ter
uma pequena amostra do que a prefeitura e o governo estadual fazem com
servidores e usuários de seus precários serviços... E ainda tem a repressão a
qualquer um que se manifeste contra este governo biônico que tomou de assalto
o país. Quando penso na ressaca que virá após os jogos...
A festa de abertura foi até simples, curta e bonita. Nada que justifique os
arroubos ufanistas de alguns comentaristas esportivos, nada que nos faça
esquecer nossas mazelas e acreditar que o espírito olímpico, como em um passe
de mágica, fará a nossa redenção. Mas cometeu erros graves porque deu a
impressão de que a cidade se resume aos seus pontos turísticos. E bem que Nei
Lopes, Elton Medeiros Martinho da Vila ou mesmo Monarco poderiam estar no
lugar do esforçado Wilson das Neves... Faltaram menções à Zona Norte, aos
subúrbios. O discurso de Nuzman forçou a barra, apelando para valores que sua
gestão no COB desconhece. E finalmente, não poderia ser mais significativo que
Guga e Hortência fossem os últimos a carregar a tocha olímpica, e que Vanderlei
Cordeiro de Lima acendesse a pira olímpica. Merecido e justo para um atleta que
teve verdadeiro espírito olímpico, coisa raríssima nos dias de hoje. Ainda bem
que Pelé não teve essa honraria. E não fez a menor falta na festa. E ficou
evidente a covardia de Temer que nem anunciado foi. Tomou vaia.
Infelizmente o Judô não ganhou medalhas. Nossos judocas não eram favoritos
dessa vez. Outros estavam melhores. Faltou condição física e técnica. A jovem
Sarah Menezes teve uma grande lição hoje. E certamente voltará ao alto do
pódio no Japão, em 2020. Já o vôlei feminino passeou contra a seleção de
Camarões. Mas preocupa a contusão da Thaísa, uma craque de bola. Ainda
assim, tem todas as condições para ser tricampeã. A dupla masculina de vôlei
de praia liderada pelo gigante Alisson venceu sem muitos sustos a dupla
canadense. Já as meninas precisaram do tie break para derrotar a boa dupla
tcheca. Na esgrima, nossa atleta com sua espada levou o Brasil ao inédito 5º
lugar. Faltou um pouco só pra medalha.
Mas a medalha do dia foi prateada e do esporte que nos deus a primeira medalha
da nossa história, nos jogos de Antuérpia -1920. Felipe Wu, que até anteontem
treinava sem condições em casa e sequer tinha patrocínio (e anda me vêm o
prefeito e o Nuzman falar de legado esportivo?), só não levou o ouro por 0,4
pontos. Uma história que se repete e que nos faça entender porque levamos 96
anos para conseguir nossa segunda medalha no tiro esportivo...