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A importância de treinar seus funcionários

Sergio Luiz de Jesus

O Brasil possui algumas carências estruturais muito sérias, que impedem um


maior desenvolvimento econômico e social. Uma delas, sem nenhuma dúvida, é a
educação, tanto em nível fundamental, como em nível técnico e superior, focado
em especial na preparação da carreira profissional.

É muito comum receber na empresa jovens sem nenhuma formação profissional


ou ainda formados em Administração, Marketing, Economia, etc, que pleiteiam
uma colocação, mas que não têm nenhuma idéia, preparo ou mesmo aptidão para
a vida na empresa. Na verdade, por mais dura que seja a realidade, as escolas
brasileiras, em qualquer nível e com raras exceções, não preparam
adequadamente os jovens para a vida empresarial, o que se reflete
posteriormente nos resultados comerciais, administrativos e de gestão e liderança,
tão comuns nas empresas nacionais.

Não é à toa que, apesar de todas as nossas potencialidades, num ranking recente
de produtividade efetuado entre 70 países, estamos na ridícula 64ª posição.

Acaba sendo inevitável que a própria empresa seja obrigada a qualificar seus
funcionários, de modo a contar com um mínimo de talento e poder superar esse
sério obstáculo. E, não há dúvida que a melhor forma de fazê-lo é treinar,
desenvolver, acompanhar via feedback e cobrar resultados a partir dos
conhecimentos transmitidos.

Efeito invisível

A premissa desse investimento em treinamento de pessoas é debelar o chamado


“efeito invisível” do despreparo profissional, da falta de foco e do mau atendimento
sobre a empresa. Tais fatores somados levam a apenas um resultado: falta de
produtividade.

Estudos atestam de que a cada reclamação feita por um cliente, outras 12 não são
formalizadas. O cliente insatisfeito apenas deixa de comprar naquele
estabelecimento. Estudos adicionais indicam que o desperdício de insumos e
materiais a partir da ação de funcionários despreparados chega a ser 18% maior,
o que se constitui em prejuízo para a empresa. Para dar alguns exemplos:, um
veículo de transporte necessitará de até 13% mais de reparos e manutenção por
mau uso; 7% mais de energia elétrica será consumida e 11% mais de água será
desperdiçada, 14% mais de telefone será consumido, 16% mais papel e até 23%
do tempo produtivo será consumido com retrabalho, ou seja, a necessidade de
refazer o que alguém fez de maneira inepta.

Algumas empresas já descobriram a imensa validade e o retorno financeiro que o


treinamento proporciona, tanto que patrocinam universidades corporativas, centros
de treinamento e programas de desenvolvimento de habilidades e competências,
transformando-as em políticas de RH. Mas a imensa maioria opta por mão de obra
desqualificada (para pagar pouco), sem a consciência de que funcionários ineptos
ou despreparados causam estragos à imagem corporativa, ao relacionamento com
o cliente e aos equipamentos, instalações, etc. Fora os custos para o país, com o
turn over (rotatividade) e encargos sociais, como o seguro desemprego.

É um engano pensar que “os funcionários não precisam de treinamento, por que
cada um sabe muito bem o que fazer”, ou então que “treinar pra quê, se o
funcionário treinado acaba arrumando outro emprego”? É lamentável imaginar que
alguns empresários acham que podem ter uma empresa nota 10 com empregados
nota 5. . .

A realidade é que o treinamento gera motivação e empenho, qualifica a mão de


obra, reduzindo re-trabalhos, desperdícios, perdas de clientes, quebra de
equipamentos, baixa produtividade e ambiente de trabalho ruim. Segundo estudo
de renomada consultoria, o treinamento tende a se custear totalmente em prazo
médio de 6 a 14 meses, tendo em vista os bons resultados que agrega. Ou seja, é
um investimento que retorna integralmente para o bolso do empresário. Afora os
benefícios na imagem da empresa, que são muito superiores a cifras financeiras.

Além disso, se o treinamento fizer parte integrante do plano de carreira ou se


tornar requisito para promoções, premiação por resultado e aumentos salariais,
gera-se um efeito de “internalização dos conhecimentos”, os quais não são
perdidos por se tornarem práticas adotadas rapidamente. Segundo o renomado
Steve Jobs “o patrimônio de conhecimento interno da equipe supera em muito
qualquer conceito de investimento em inovação... afinal, ela já está lá, na cabeça
de cada um”.

Como está sua equipe de funcionários? Serão totalmente aptos ao que deles se
espera ou estarão, no dia a dia, gerando problemas e comprometendo as
operações de sua empresa?

Se a escola não prepara adequadamente, cabe à empresa qualificar, até porque


as corporações efetivamente possuem um papel social e de contribuição ao
desenvolvimento que vai além do capital.

Faça sua parte. Além de ajudar a desenvolver o país, você lucrará muito mais e
seus clientes ficarão bem mais satisfeitos com a qualidade de produtos e serviços
de sua empresa. É apostar para ver!
Sergio Luiz de Jesus é consultor de gestão com 20 anos de experiência. É formado em
Ciências Humanas pela USP – Universidade de SP e pós-graduando em Marketing e
Comunicação Integrada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Especializou-se em
Comunicação não verbal e em público. Possui diversos cursos de extensão universitária
pela USP, FGV e IBMEC. Atua nas áreas de RH, Comunicação, Liderança e Negócios
em empresas no MERCOSUL, Itália, México e Israel. É diretor da Skywalker Consultoria
e Marketing – SP.

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