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Atualmente, a população de índios no Brasil ainda segue em luta por direitos a

território e condições dignas de vida. Segundo dados divulgados em abril de


2013, resultantes do último Censo realizado pelo IBGE em 2010, atualmente
existem aproximadamente 900 mil índios no país. Destes, aproximadamente 518
mil vivem em territórios indígenas, o restante divide-se entre a zona urbana
(aproximados 300 mil) e a zona rural (pouco mais de 80 mil). É possível
encontrar índios em todas as regiões do país, mas a maior concentração ocorre
nos estados do Amazonas e do Mato Grosso do Sul, seguidos pelos estados da
região norte e nordeste. Até a cidade de São Paulo, a maior do país, conta com
uma reserva indígena, a única em perímetro urbano do mundo.

Ainda segundo dados do IBGE, esta população estaria dividida em pelo menos
305 grupos distintos e manteria vivas 274 diferentes línguas. Toda esta
diversidade cultural, porém, encontra-se em constante ameaça, exigindo da
FUNAI (Fundação Nacional do Índio), órgão governamental responsável
exclusivamente por cuidar da população indígena, a lidar com uma série de
desafios. As dificuldades para a manutenção das práticas culturais e a própria
sobrevivência das populações indígenas são diversas. Sobretudo no Mato
Grosso do Sul, existe uma franca disputa territorial entre índios e fazendeiros. A
violência, a dificuldade para sobreviver dos recursos da floresta e a miséria
decorrente destas circunstâncias têm levado à degradação das tribos. Grupos
indígenas inteiros são encontrados à beira das estradas, o vício em álcool ganha
dimensões alarmantes e a taxa de suicídios entre jovens índios é causa de
evidente preocupação.

Da mesma forma, em outras regiões do país, ações como o garimpo e a


exploração de reservas por madeireiros ameaçam as terras demarcadas e que,
por direito, pertencem aos índios. As transformações e o crescimento econômico
do país também se mostram como ameaças quando pensamos na construção de
hidrelétricas em território amazônico, a exemplo da polêmica Hidrelétrica de
Belo Monte. Apesar de todas estas dificuldades e do clima de tensão crescente,
os índios brasileiros continuam resistindo. Demonstram, assim, a força da
ancestralidade que carregam e a sabedoria que trazem de seus antepassados.
Esta força resulta também do contato direto com os ensinamentos oferecidos ao
longo de séculos pela natureza.

Violência contra o Índio


A maioria das formas de violência cometidas contra os povos indígenas
aumentou em 2012. Um crescimento de 237% foi constatado somente em 2012
na categoria “violência contra a pessoa”, que engloba ameaças de morte,
homicídios, tentativas de assassinato, racismo, lesões corporais e violência
sexual, quando comparado com os casos registrados em 2011. A categoria
“vítimas de violência” teve um aumento de 76%. Os dados foram trazidos à
tona em relatório lançado pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário).
Segundo a pesquisa, foram cometidos 60 homicídios contra indígenas no Brasil
em 2012, o que representa nove mortes a mais do que no ano anterior. O maior
número ocorreu em Mato Grosso do Sul, que contabilizou 37 casos, seguido de
Maranhão e Bahia, com sete e quatro casos, respectivamente. Segundo o Cimi,
nos últimos dez anos ocorreram cerca de 563 assassinatos de índios em todo o
país.

A omissão do poder público, a morosidade nos processos de regularização


fundiária, os confinamentos de grandes populações em pequenas reservas e a
situação de isolamento estão entre as categorias mais praticadas contra as
comunidades tradicionais. A pesquisa aponta também que a falta de respeito
aos direitos dos indígenas como parte do povo brasileiro está no cerne de todas
as violações. Aliada a todos os tipos de violência sistematizados está a
diminuição acentuada do ritmo das demarcações de Terras Indígenas no Brasil.
A degradação ambiental realizada em territórios indígenas, em sua maioria já
demarcados, mas que são invadidos por não índios e têm seus recursos naturais
explorados ilegalmente – principalmente madeira –, também figuram como
uma das principais causa.

“Onde há disputa de terra há violência e violação de uma série de outros


direitos. Nos últimos tempos, após a aprovação do novo Código Florestal,
houve um aumento significativo e visível da retirada ilegal de madeira e do
assédio contra territórios indígenas”, concluiu a antropóloga Lúcia Helena
Rangel, coordenadora do relatório. Constam no relatório casos como o dos
Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, e o da Operação Eldorado, em
novembro de 2012, que levou dezenas de agentes da Polícia Federal e soldados
da Força Nacional à aldeia Teles Pires, do povo Munduruku. Na ocasião, o
indígena Adenilson Kirixi Munduruku foi morto com dois tiros nas pernas e
um na testa. Ainda impune, o crime revela como a violência contra as
comunidades tradicionais tem partido de quem deveria defendê-las: o Estado.

Outra causa que contribuem para a violência vivida pelos povos em suas
aldeias são a política desenvolvimentista do governo, que enxerga os indígenas
como obstáculo ao progresso. “Nós vamos acusar o governo por omissão
sempre que alguma coisa seja feita contra os povos indígenas. O resultado
concreto da vinda dos Munduruku em Brasília para a reunião com o governo
foi mínima”, afirmou Dom Erwin Kräutler, presidente do Cimi.

“Na Amazônia, a violência, o trabalho escravo, a opressão contra os povos


tradicionais e o desmatamento são íntimos e caminham de mãos dadas. O
governo precisa de políticas públicas específicas e contundentes voltadas para
essas populações. Mas o cenário que temos hoje é que nem mesmo os direitos já
garantidos pela Constituição aos indígenas têm sido respeitados. O
preocupante quadro atual de violência no campo é uma realidade concreta, e
alerta para a necessidade de o governo responder a isso, recolocando a pauta na
agenda de debate, junto com as outras reivindicações legítimas que estão nas
ruas”, defendeu Kenzo Jucá, coordenador da Campanha Amazônia do
Greenpeace.

Omissão Governamental
Das 1.113 terras indígenas reconhecidas, em processo de reconhecimento pelo
Estado brasileiro ou reivindicadas pelas comunidades, até agosto de 2016,
apenas 398, ou 35,7%, tinham seus processos administrativos finalizados, ou
seja, foram registradas pela União. Um resumo da situação das terras indígenas
no Brasil, segundo o levantamento do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Observa-se que, do total das 654 terras indígenas com pendências
administrativas para terem finalizados os seus procedimentos demarcatórios,
348 terras - ou seja, pouco mais da metade (53%) - não tiveram quaisquer
providências administrativas tomadas pelos órgãos do Estado até hoje.

Homicídio culposo
O Cimi registrou em 2015, 18 casos de homicídio culposo, com 24 vítimas. Em
quase todas as ocorrências, as vítimas foram atropeladas. Em pelo menos sete
casos, os motoristas fugiram sem prestar socorro. Foram registradas ocorrências
no Maranhão (3), Mato Grosso do Sul (5), Minas Gerais (1), Pará (1), Paraná (2),
Rio Grande do Sul (3) e Santa Catarina (3).

Suicídios de indígenas
Entre os mais de 5 mil municípios brasileiros, a cidade de São Gabriel da
Cachoeira, no noroeste da Amazônia, ficou na primeira posição
do ranking brasileiro de suicídios, a razão principal do espanto é que a
população de São Gabriel é quase toda indígena. Os novos dados do Mapa da
Violência 2014 revelam que, entre 2008 e 2012, a taxa de suicídios na cidade foi
de 50 casos por 100 mil habitantes, dez vezes maior do que a média brasileira.
Entre os que se mataram, 93% eram índios. Oito entre dez se enforcaram. O
suicídio por ingestão de timbó, raiz venenosa que causa sufocamento, foi o
segundo método mais usado.

Nos últimos dez anos, entre 2002 e 2012, o Amazonas foi o estado onde o
suicídio de jovens mais cresceu (134%). Lá, onde os índios representam 4,9% da
população, 20,9% dos suicídios foram praticados indígenas, número quatro
vezes maior que o esperado. A situação é parecida no Mato Grosso do Sul,
onde a proporção de índios entre os que se mataram é sete vezes maior do que a
fatia deles na população.

São crianças e jovens que estão entre dois mundos: Foram alfabetizados. Na
cidade não são admitidos como cidadãos plenos, na cidade são índios e nas
aldeias são citadinos. São imigrantes na cidade e imigrantes nas aldeias
indígenas

Fontes: http://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/saiba-como-vivem-os-indios-
hoje-brasil/

https://mobilizacaonacionalindigena.wordpress.com/2013/08/27/violencia-contra-os-povos-
indigenas-uma-realidade-crescente/
http://www.cimi.org.br/pub/relatorio2015/relatoriodados2015.pdf

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