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ISECENSA – Institutos Superiores de Ensino do Parte 2


Centro Educacional Nossa Senhora Auxiliadora
A Economia Brasileira
Instituto de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Engenharia de Produção Professor Lincoln Weinhardt
Disciplina: Economia e Globalização

Artigo nº 02
PAEG
PROGRAMA DE AÇÃO ECONÔMICA DO GOVERNO

I – introdução

O Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG), foi um programa implementado


entre 1964 e 1968, que serviria como a solução do problema inflacionário, que assombrava o
Brasil nos idos de 63, onde após desacertos econômicos realizados por governos populistas.

Foi elaborado pelo recém criado Ministério do Planejamento e Coordenação


Econômica. O ministério econômico foi composto pela dupla Roberto Campos e Octávio
Gouvêa de Bulhões, onde todos os caminhos antiinflacionários eram combatidos através de
soluções que não afetavam o quadro político daquela época. Cabe lembrar o cenário com a
instalação do governo militar no Brasil e o regime de exceção.

II – Decisões de Política Econômica tomadas no período de análise

Em 1963, o governo Goulart elaborou o Plano Trienal para reduzir a inflação, garantir
o crescimento até 1965 e realizar as "reformas de base". Para combater a inflação, foram
adotadas políticas fiscais e monetárias contracionistas. A carga tributária foi elevada e os
gastos do governo em investimento e subsídio foram reduzidos. O crédito ao setor privado
também foi contraído. As reformas de base diziam respeito à reforma agrária, às reformas
fiscais, administrativas e educacionais e à redução dos desequilíbrios regionais. Acreditava-
se que sem estas reformas a inflação não seria eliminada.
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A possível renegociação da dívida externa e o aumento das exportações fariam com


que entrassem capitais externos. O Plano Trienal contava com isto para retomar o
crescimento e melhorar a capacidade de importação da economia.

O Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social, elaborado sob a


coordenação de Celso Furtado, no governo de Goulard, foi um fracasso. Basicamente
porque não foi bem recebido pela comunidade internacional e havia uma política
antiinflacionária recessiva.

A destituição do governo de Goulart através do movimento militar, consagrando o


marechal Castelo Branco a presidente do Brasil em março de 1964, norteou o rumo do Brasil
para que fechasse a válvula inflacionária que se encontrava descontrolada em função de
desacerto econômico advindos de más administrações passadas e de falta de
sustentabilidade dos planos econômicos antes implementados. Em novembro de 1964 foi
apresentado o Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG), elaborado pelo recém
criado Ministério do Planejamento e Coordenação Econômica, sendo composto pela dupla
Campos e Bulhões, respectivamente no Planejamento e na Fazenda.

O PAEG listava os seguintes objetivos:

1. Acelerar o ritmo de desenvolvimento econômico interrompido no


biênio 1962/63;
2. Conter, progressivamente, o processo inflacionário;
3. Atenuar os desníveis econômicos setoriais regionais;
4. Assegurar, pela política de investimentos, oportunidades de
emprego produtivo à mão-de-obra;
5. Corrigir a tendência a déficits descontrolados do balanço de
pagamento;
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Para garantir tais objetivos, os instrumentos de ação focados a Política


Financeira, a Política Econômica Internacional e a Política Social, sendo elas constantes de
válvulas reguladoras a seguir:

1. Política Financeira
a. Política de redução do déficit de caixa governamental;
b. Política tributária, destinada a fortalecer a arrecadação e a
combater a inflação;
c. Política monetária condizente com os objetivos de progressiva
estabilização dos preços;
d. Política bancária, destinada a fortalecer o nosso sistema
creditício;
e. Política de investimentos públicos, orientada de modo que
fortalecesse a infra-estrutura econômica e social do País.

2. Política Econômica Internacional


a. Política cambial e de comércio exterior;
b. Política de consolidação da dívida externa e de restauração do
crédito do País no exterior;
c. Política de estímulos ao ingresso de capitais estrangeiros.

3. Política de Produtividade Social


a. Política salarial

Tratava-se, portanto, de um programa que acentuava a importância da manutenção,


ou da recuperação, das taxas de crescimento da economia.
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Com base nisto a análise técnica econômica sobre a inflação do 1964, constatou uma
aceleração inflacionária e um aumento no déficit no balanço de pagamentos. Nestes moldes,
com a instalação do governo militar a estabilização da inflação passou a ser prioridade de
política econômica.

O Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG) procurou reduzir a inflação através


da diminuição da demanda agregada. A ênfase recaiu na redução dos gastos do governo e
na remoção do excesso de demanda provocado pelas políticas populistas anteriores de juros
baixos e aumentos de salário acima da produtividade. Ao invés do tratamento de choque, a
inflação procurou ser reduzida gradualmente.

Para reduzir o déficit do balanço de pagamentos, foi adotado um sistema de


minidesvalorizações cambiais.

Foram criados novos mecanismos de intermediação financeira, houve um


reordenamento do mercado de capitais e foram adotadas novas medidas para atrair capitais
externos.

A correção monetária foi um mecanismo de indexação introduzido para convivência


com a inflação. Também foram criadas condições financeiras para fornecimento de crédito
ao consumidor.

Empréstimos de curto prazo para as empresas ficaram a cargo de bancos comerciais,


enquanto investimentos de longa maturação foram financiados por bancos de investimento.
Em particular, a construção civil foi financiada pelo Banco Nacional da Habitação (BNH).

Um mecanismo de poupança forçada foi criado em 1967 para financiar a construção


civil ao lado do BNH: o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que mais tarde
levou a um grande impulso da construção civil.
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A arrecadação de impostos cresceu a partir de 1965 graças a uma reforma tributária


centralizadora e a aplicação da correção monetária aos tributos.

Títulos do Tesouro foram vendidos para financiar o gasto do governo com poupança
privada.

As empresas estatais foram estimuladas a fixar os preços de seus produtos com base
em planilhas de custo. Estas empresas puderam então ampliar sua capacidade produtiva
sem impactar as contas do governo. Isto não se aplicou, porém, às empresas produtoras de
insumos básicos.

Além das minidesvalorizações, foram instituídas outras medidas para atrair os


investimentos estrangeiros afugentados no final do governo anterior.

Na política salarial, reajustes foram concedidos com base na inflação prevista pelo
governo adicionando 1,5% pela produtividade. Como as previsões subestimaram a inflação,
isto acabou provocando perda do poder de compra dos salários entre 1965 e 1967.

Alguns autores acreditam que a contração monetária foi precipitada, pois os principais
responsáveis do aumento da inflação naquele momento eram os preços agrícolas, devido à
quebra de safra.

Com os fatos acima relatados, podemos concluir que em geral, o PAEG foi um plano
bem sucedido: a inflação caiu entre 1964 e 1967. As estabilidades dos preços juntamente
com a reforma financeira deixaram a economia em condições de voltar a crescer a partir de
1968.
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III – Conseqüências Macroeconômicas das decisões tomadas

A política econômica desse período preocupou-se com a inflação de demanda. Esta


foi combatida através do arrocho salarial, da contenção dos gastos públicos e do aumento da
carga tributária.

Esta provocou a parada do crescimento durante o período 1963-67 criando um hiato


entre o produto observado e o produto potencial, medido pela linha de tendência do PIB
baseado na taxa histórica de 7% ao ano, que só foi eliminado em 1973.

Como conseqüência da política implementada, tivemos sucesso no combate a


inflação, que baixou de 100% ao ano para 25% ao ano e uma retração econômica, fazendo
que o crescimento econômico fosse menor que o esperado.

IV - Conclusões sobre o ponto de vista do quadro herdado

A Correção Monetária, idéia da dupla Campos – Bulhões, era correta, mas virou um
monstro. A idéia era modernizar o fornecimento de créditos, mas, virou uma espiral
inflacionária devido a indexação dos preços através das ORTNs – Obrigações Reajustáveis
do Tesouro Nacional, um verdadeiro canal de transmissão da inflação.

A reforma tributária foi sem dúvida o maior legado do PAEG, com a organização dos
impostos a nível federal, estadual e municipal através da criação do IPI, ICM, ISS, IR,
imposto do comércio externo e imposto territorial rural. Também destaca-se a criação dos
fundos sociais FGTS e PIS a criação do SFH e do BNH. Dirigidos inicialmente as classes
menos favorecidas. Finalmente teremos uma mudança na conjuntura inflacionária
provocando a chamada inflação de custos, devido a elevação dos juros.

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