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CARACTERÍSTICAS DE DESENVOLVIMENTO DACONTABILIDADE

AMBIENTAL: Um estudo exploratório do Estado do Rio Grande do Sul

Carolina Hallal de Freitas, Débora Gomes Machado,


Arthur Roberto de Oliveira Gibbon.

RESUMO

Com a crescente disputa pelo mercado consumidor, torna-se cada vez mais importante
para as empresas a existência de um diferencial competitivo, os consumidores estão mais
exigentes e sentindo a necessidade de gestões responsáveis, que preocupem-se não só com o
lucro, mas com todo o ambiente interno e externo da empresa, também a sociedade na qual
estão inseridas. Os recursos naturais, antes abundantes, tornaram-se escassos, devido à falta
de interesse das organizações em poupar o meio ambiente dos danos causados pela sua gestão,
porém, esta realidade vem mudando a cada dia. A população está mais atenta aos problemas
ambientais, e por isso, passaram a cobrar das empresas uma postura de responsabilidade
sócio-ambiental. Para atender a essa postura, surge um novo ramo na contabilidade, de cunho
ambiental, que procura mensurar os custos que as empresas devem dispensar à preservação do
meio ambiente e à possível reversão dos danos a ele causados. Essa contabilidade ambiental
favorece a população, protegendo o meio ambiente e às empresas, ajudando na tomada de
decisões para atender a essa nova necessidade competitiva de desenvolvimento sustentável.
Este estudo traz o tema contabilidade ambiental como problemática de pesquisa, buscando
evidenciar as características e estágio de desenvolvimento da Contabilidade Ambiental no
Estado do Rio Grande do Sul. O estudo, de caráter dedutivo, classifica-se como pesquisa
bibliográfica, descritiva, documental, e estudo de campo. Este estudo encontra-se em fase de
desenvolvimento.

Palavras-chave: Meio Ambiente, Diferencial Competitivo, Contabilidade Ambiental.

1 INTRODUÇÃO

A partir da década de 90, com a abertura dos mercados na busca pelo crescimento
econômico, começou a surgir a globalização. Anos depois, ela passou a ter uma desenfreada
aceleração, e trouxe consigo o aumento da competitividade entre as empresas, fazendo com
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que elas não visassem somente o lucro, mas passassem a se preocupar com a qualidade e com
os problemas sociais para ganharem a confiança dos clientes.
Surgiu então, a contabilidade ambiental, uma maneira das empresas registrarem seus
fatos ambientais, como os investimentos para a preservação do meio ambiente e os custos e
despesas para a reversão de fatos a ele prejudiciais. Além disso, as informações desse ramo
contábil auxiliam a administração na tomada de decisões, bem como a mostrar ao mercado
consumidor e aos stakeholders sua responsabilidade social, agindo também como marketing e
diferencial competitivo.
Diante do exposto, este estudo traz o tema contabilidade ambiental como problemática
de pesquisa, buscando evidenciar as características e estágio de desenvolvimento da
contabilidade ambiental no Estado do Rio Grande do Sul.
O estudo da contabilidade ambiental torna-se relevante para diferenciação dos
conceitos de gastos, despesas e investimentos, na tentativa de melhorar o meio ambiente e
garantir boas condições de nossos recursos naturais às gerações futuras.

2 CONTABILIDADE AMBIENTAL

Segundo Tinoco e Kraemer (2008, p.153) a contabilidade ambiental é definida como:


"o veículo adequado para divulgar informações sobre o meio ambiente. Esse é um fator de
risco e de competitividade de primeira ordem. A não-inclusão dos custos, despesas e
obrigações ambientais distorcerá tanto a situação patrimonial como a situação financeira e os
resultados da empresa".
Os autores acrescentam que dentre os objetivos dessa contabilidade estão: saber se a
empresa cumpre ou não com a legislação ambiental vigente, ajudar a direção em seu processo
decisório e na fixação de uma gestão ambiental, comprovar a evolução da atuação ambiental
da empresa através do tempo, detectar as áreas da empresa que necessitam de especial atenção
quanto aos aspectos ambientais, identificar oportunidades estratégicas, obter a informação
específica para fazer frente à solicitação dos stakeholders.
São muitas as vantagens da contabilidade da gestão ambiental, mas em especial, pode-
se destacar como benefícios a identificação, estima e redução dos custos ambientais,
controlando o desperdício e o uso dos recursos naturais como água e energia e prevenindo a
poluição. Além disso, informando detalhadamente o desempenho ambiental, melhora a
imagem da organização perante a sociedade e os stakeholders, garantindo assim a perpetuação
de sua existência.
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Contabilidade
Ambiental

Melhoramento da imagem
Identificação, alocação e
Controle do uso dos da organização perante a
redução dos custos
recursos naturais. parte interessada ou
ambientais.
interveniente

Figura 1: Benefícios da Contabilidade Ambiental


Fonte: Elaborado a partir de Tinoco e Kraemer (2008)

2.1 Gastos e Custos Ambientais

Segundo Tinoco e Kraemer (2008, p. 169), a contabilidade de custos ambientais


"consiste numa técnica que permite redução dos custos ambientais, geração de resíduos e
efluentes, bem como nível de poluição, procurando incorporar os custos relacionados com
todas as fases do ciclo de vida de um produto".
De acordo com os autores (2008, p. 172): "os gastos ambientais apresentam-se em
muitas das ações das empresas a todo o momento. Podem estar ocultos em etapas do processo
produtivo e nem sempre são facilmente identificados, como por exemplo, o design de novos
produtos".
O controle dos custos ambientais conforme Ribeiro, Gonçalves e Lima (2002)
tornaram-se muito relevante dado o significativo volume que representam, e, portanto, seus
efeitos influem diretamente na continuação da empresa. Esse controle refletirá o nível de
falhas existentes e o volume de gastos necessários para eliminar e/ou reduzir estas falhas, seja
na forma de investimentos de natureza permanente, ou de insumos consumidos no processo
operacional.
Conforme explica Moura (2000), os custos ambientais podem ser divididos em dois
grandes grupos, que seriam aqueles decorrentes do controle e os ocasionados pela falta do
mesmo. Os custos ambientais, segundo Tinoco e Kraemer (2008), classificam-se em internos
e externos:
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a) Os externos têm como exemplos: esgotamento de recursos naturais, danos e impactos


causados à natureza, emissões de água, disposição de dejetos a longo prazo, efeitos na
saúde não compensados, compensação na qualidade de vida.
b) Os custos internos dividem-se em diretos e indiretos, contingentes e intangíveis.
Diretos e indiretos referem-se à administração de dejetos, custos de cumprimento,
honorários, treinamento ambiental, manutenção relacionada ao meio ambiente, custos
e multas legais, certificação ambiental, entradas de recursos naturais. Já os
contingentes e intangíveis são tais como: custos de prevenção ou compensação futura
incerta, qualidade do produto, saúde e satisfação do empregado, ativos de
conhecimento ambiental, risco de ativos deteriorados, percepção do público/cliente.

2.2 Ativos Ambientais

Os ativos ambientais, conforme Tinoco e Kraemer (2008, p.181): "são bens adquiridos
pela companhia que tem como finalidade controle, preservação e recuperação do meio
ambiente".
São exemplos de ativos ambientais os estoques de insumos, peças, acessórios e tudo
aquilo ligado ao processo de eliminação ou redução dos níveis de poluição, os investimentos
em máquinas, equipamentos, e demais utilitários produzidos na intenção de amenizar os
danos causados ao meio ambiente, gastos com pesquisas e tudo mais que possa beneficiar a
companhia nos exercícios seguintes.

2.3 Passivos Ambientais

Os passivos ambientais, segundo Tinoco e Kramer (2008, p.183): "normalmente são


contingências formadas em longos períodos, sendo despercebidos às vezes pela administração
da própria empresa. Normalmente, surgem da posse e do uso de uma mina, uma siderúrgica,
ou um lago, rio, mar e de uma série de espaços que compõe nosso meio ambiente, inclusive o
ar que respiramos, e que de alguma forma estão sendo prejudicados, ou ainda pelo processo
de geração de resíduos ou lixos industriais, de difícil eliminação."

2.4 Despesas Ambientais

Tinoco e Kraemer (2008) explicam que as despesas ambientais que ocorrem nas
empresas são aquelas ocasionadas pela prevenção de contaminação relacionada em seu
processo produtivo; tratamento de resíduos e vertidos; tratamento de emissões;
descontaminação e restauração; materiais auxiliares e de manutenção de serviços; depreciação
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de equipamentos; exaustões ambientais; pessoal envolvido na produção; gestão do meio


ambiente; investigação e desenvolvimento; desenvolvimento de tecnologias mais limpas;
auditoria ambiental.

2.5 Receitas Ambientais

Tinoco e Kraemer (2008) explanam que as receitas ambientais são aquelas decorrentes
de prestação de serviços especializados em gestão ambiental; venda de produtos elaborados
de sobras de insumos do processo produtivo; venda de produtos reciclados; receita de
aproveitamento de gases e calor; redução do consumo de matérias-primas; redução do
consumo de energia; redução do consumo de água; participação no faturamento total da
empresa que se reconhece como sendo devida a sua atuação responsável com o meio
ambiente.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O método de abordagem adotado para a realização desta pesquisa é o dedutivo. A


pesquisa classifica-se quanto a natureza como aplicada, pois objetiva gerar conhecimentos
úteis para o avanço da ciência contábil, com a exploração das práticas utilizadas no ambiente
da contabilidade ambiental.
Quanto aos objetivos, trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, buscando
aprofundar o assunto para torná-lo mais claro. Silva (2003) destaca que a pesquisa
exploratória é realizada em área que há pouco conhecimento acumulado e sistematizado,
proporcionando assim maior familiaridade com o problema, tornando-o mais claro.
Na concepção de Silva (2003), a pesquisa descritiva tem como principal objetivo a
descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou ainda, o
estabelecimento de relações entre as variáveis. A pesquisa descritiva, usualmente, é
considerada intermediária entre a pesquisa exploratória e a explicativa, ou seja, não é tão
preliminar como a primeira nem tão arraigada quanto a segunda. Neste contexto, descrever
significa identificar, relatar, comparar, entre outros aspectos.
Quanto aos procedimentos na pesquisa científica referem-se à maneira pela qual se
conduz o estudo e, portanto, se obtêm os dados, nessa tipologia, a pesquisa sem enquadra
como pesquisa bibliográfica, documental e estudo de campo.
De acordo com Gil (2002), a pesquisa documental vale-se de materiais que ainda não
receberam nenhum tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados, podendo
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figurar como documentos que não receberam nenhum tratamento analítico ou como
documentos que, de alguma forma, já foram analisados.
Cervo e Bervian (1983) definem a pesquisa bibliográfica como a que explica um
problema a partir de referenciais teóricos publicados em documentos, podendo ser realizada
independentemente, ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental, ambos os casos
buscando conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes
sobre um determinado assunto, tema ou problema.
Por fim, tem-se a tipologia de pesquisa quanto à abordagem do problema, que neste
caso, classifica-se como pesquisa qualitativa, Beuren e Raupp (2006, p. 92) descrevem que
“na pesquisa qualitativa concebem-se análises mais profundas em relação ao fenômeno que
está sendo estudado”, não observadas por meio de um estudo quantitativo.

3.1 População e Amostra

A população objeto de estudo desta pesquisa constitui-se nas empresas gaúchas, tendo
como amostra as indústrias de transformação localizadas na cidade do Rio Grande, sul do
Estado do Rio Grande do Sul.

3.2 Coleta, Tratamento e Análise de Dados


O instrumento que será utilizado para a coleta de dados é documental, também o
questionário. A partir desta coleta, as informações serão agrupadas, tabeladas e demonstradas
graficamente para análise comparativa dos resultados obtidos.

4 CRONOGRAMA

Datas e Tarefas Ago. Set. Out. Nov. Dez.


Elaboração do referencial
X X
teórico
Coleta de dados X
Tratamento e análise dos dados X
Conclusão X

REFERÊNCIAS
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CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica: para uso dos
estudantes universitários. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1978.

GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002.

RAUPP, Fabiano Maury; BEUREN, Ilse Maria. In: BEUREN, Ilse Maria (org. e colab.).
Como Elaborar Trabalhos Monográficos em Contabilidade. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2006.

Moura, Osni Ribeiro. Contabilidade de Custos Fácil. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.

RIBEIRO, M. S. GONÇALVES, R. C. M. LIMA, S.A. Aspectos de contabilização do passivo


e ativo ambientais nas termelétricas brasileiras. Revista de Contabilidade do Conselho
Regional de São Paulo. São Paulo, SP: ano VI, n.20, p.04-12, jun.2002.

SILVA, Antonio Carlos Ribeiro da. Metodologia da Pesquisa Aplicada à Contabilidade. 2.


ed. São Paulo: Atlas, 2006.

TINOCO, João Eduardo Prudência, KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira: contabilidade e


gestão ambiental, 2º ed. São Paulo: Atlas, 2008.

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