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Original em inglês:
GALATIANS -
Commentary by A. R. Faussett
Introdução
*
Não entendemos como o autor possa supor que os “irmãos de Jesus” fossem unicamente “primos”,
ou “parentes próximos”, e não os filhos de José e Maria. Nos evangelhos “os irmãos” de Jesus
aparecem quase sempre em relação próxima de Maria, a mãe de Jesus, por exemplo Mt_12:47-48;
Mt_13:55-56, o que não seria tão provável se aqueles “irmãos” fossem apenas sobrinhos dela. Só
aqueles que estão a favor da doutrina da “virgindade perpétua” buscam semelhantes explicações,
para tratar de fazer crer que José e Maria não levavam uma vida normal de casamento depois do
nascimento de nosso Senhor. Mt_1:25, indica que suas relações de marido e esposa eram normais, e
portanto é muito provável que tenham tido mais família. – Nota do Tradutor.
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fato de que Antioquia era mais importante que Tarso, assim como
também a sua residência mais longa naquela cidade que nesta. Também
“Síria e Cilícia”, por sua conexão geográfica estreita, veio a ser uma
frase genérica geográfica, e menciona-se Síria primeiro por ser o distrito
mais importante. [Conybeare e Howson]. Esta viagem por mar explica a
razão pela qual o apóstolo não era “conhecido de vista das igrejas da
Judeia” (v. 22). Não menciona sua segunda visita a Judeia e a Jerusalém
(At_11:30), sem dúvida porque o objeto limitado e especial de levar
esmolas ocuparia só poucos dias (At_12:25), e se tinha desatado então
em Jerusalém uma feroz perseguição, por causa da qual Tiago, irmão de
João, foi martirizado; Pedro esteve no cárcere, e Tiago parece ter sido o
único apóstolo presente (At_12:17). Era inútil, pois, mencionar tal visita,
visto que ele não pôde em tal ocasião receber as instruções que os gálatas
alegavam que ele tinha recebido da principal fonte de autoridade, os
apóstolos.
22. não era conhecido de vista — Tão longe estava eu de ser
discípulo dos apóstolos, que até era eu desconhecido das igrejas da
Judeia (salvo a de Jerusalém, At_9:26-29), as quais foram o cenário
principal dos trabalhos deles.
23. Ouviam somente dizer — Traduza-se como o grego: “Somente
ouviam” notícias que lhes chegavam de tempo em tempo. [Conybeare e
Howson].
Aquele que, antes, nos perseguia — “nosso perseguidor de antes”
[Alford]. O apóstolo era melhor conhecido entre os cristãos por esta
designação que por seu nome “Saulo”.
24. glorificavam a Deus a meu respeito — “em meu caso”.
Havendo entendido a mudança completa que se tinha operado no lobo de
antes, quem agora faz as vezes de pastor, alegravam-se no fato com
ações de graças”. [Teodoreto]. Quão diferente ele dá a entender aos
gálatas, é o espírito deles do seu!
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Gálatas 2
Vv. 8-11. Aqui o apóstolo insiste com os gálatas para que não se
voltem atrás, deixando seus privilégios de filhos livres e submetendo-se
novamente à escravidão legal.
Outrora, porém — em que foram “servos” (v. 7).
não conhecendo a Deus — Não é contrário a Rm_1:21. Os pagãos
originalmente conheciam a Deus, como diz Rm_1:21, mas não queriam
ter a Deus em seu conhecimento e assim corromperam a verdade
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original. Poderiam tê-Lo conhecido até certo ponto por Suas obras, mas
não O conheciam positivamente com relação à Sua eternidade, Seu poder
como Criador e Sua santidade.
servíeis a deuses que, por natureza, não o são — Aos que não
têm uma existência, tal como lhes atribuem seus adoradores, na natureza
das coisas, mas sim só na imaginação corrompida de seus adoradores
(notas, 1Co_8:4; 1Co_10:19-20; 2Cr_13:9). Vosso “serviço” foi uma
escravidão diferente da dos judeus, a qual foi um serviço verdadeiro.
Entretanto, o deles, como o vosso, foi um jugo pesado; como é então que
desejais tomar de novo o jugo depois que Deus vos tirou isso, a judeus e
a gentios, para que sirvais livremente?
9. agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo conhecidos por
Deus — Eles não conheceram e amaram a Deus primeiro, mas Deus em
Seu amor eletivo, primeiro os conheceu e os amou como deles, e por isso
os atraiu ao conhecimento salvador dEle (Mt_7:23; 1Co_8:3; 2Tm_2:19;
compare-se Êx_33:12, Êx_33:17; Jo_15:16; Fp_3:12). A grande graça de
Deus fazia com que a queda deles fosse tanto mais grave.
como estais voltando — expressando assombro indignado de que
tal coisa fosse possível, e até ocorresse neles (Gl_1:6). “Como é que vos
voltais ...?”, etc.
aos rudimentos fracos — sistemas judeus impotentes para
justificar: em contraste com o poder justificador da fé (Gl_3:24; veja-se
Hb_7:18).
e pobres — em contraste com as riquezas da herança dos crentes
em Cristo (Ef_1:18). O estado do “menor” (v. 1) é fraco porque não
chegou ao estado adulto; é “pobre” porque não recebeu a herança.
rudimentos — É como se um mestre de escola voltasse atrás para
aprender o abecedário [Bengel].
aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos — A palavra se
repete no original grego. “Quereis de novo, começar de novo a estar em
servidão.” Embora os gálatas, como gentios, não tinham estado sob o
jugo mosaico, entretanto tinham estado sob “os rudimentos do mundo”
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(v. 3): título comum para designar os sistemas judeu e gentil igualmente,
em contraste com o evangelho (embora o sistema judaico era superior ao
gentio). Ambos os sistemas consistiam no culto externo, e se ajustavam a
formas sensíveis. Ambos estavam em servidão aos elementos dos
sentidos, como se estes pudessem dar a justificação e santificação que só
pode outorgar o poder interior e espiritual de Deus.
10. Guardais dias, e meses — O guardar certos dias como se isto
fosse uma obra meritória, é alheio ao espírito livre do cristianismo. Isto
não é incompatível com a observância do Dia do Senhor como
obrigação, embora não como uma obra meritória (o que foi o erro judeu
e gentio na observância dos dias), mas sim como um meio assinalado
pelo Senhor para chegar a um fim: a santidade. A vida inteira pertence
ao Senhor na opinião evangélica, assim como todo mundo Lhe pertence,
e não só os judeus. Mas assim como no Paraíso, assim agora é preciso
uma porção de tempo para que a alma se retire dos assuntos seculares
para chegar-se a Deus (Cl_2:16). Os “sábados, luas novas e festas fixas”
(1Cr_23:31; 2Cr_31:3) correspondem aos “dias, e meses e tempos”.
“Meses”, entretanto, pode referir-se ao primeiro e sétimo meses, que
eram sagrados devido ao número de festas que havia neles.
e tempos — grego, “épocas”, ou “estações”, as das três grandes
festas: a Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos.
e anos — O ano sabático se celebrava uma vez cada sete anos e
correspondeu ao tempo da redação desta Epístola, ano 48. [Bengel].
11. Receio de vós, etc. — Meu temor não é por causa de mim
mesmo, mas por vós.
12. Sede qual eu sou — “Assim como eu, ao viver entre vós,
rejeitei os costumes judaicos, assim fazei-o vós; porque eu vim a ser
como vós”, quer dizer, na não observância de ordenanças legais. “O fato
de que eu as rechaço entre os gentios, demonstra que as considero como
de maneira nenhuma contribuintes à justificação ou à santificação.
Considerai-as vós na mesma luz, e agi de acordo.” O fato de ele observar
a lei entre os judeus, não foi inconsequente com isto, porque o fazia só
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com o fim de ganhá-los, sem comprometer princípios. Por outro lado, os
cristãos gálatas, adotando as ordenanças legais, davam a entender que as
consideravam úteis para a salvação. Isto é o que Paulo combate.
Em nada me ofendestes — quer dizer, naquele período quando
pela primeira vez preguei o evangelho entre vós, e quando me fiz tal
como foram vós, quer dizer, vivendo como gentio e não como judeu. Vós
naquela ocasião não me fizestes nenhuma ofensa; “Nem menosprezastes
minha tentação … em minha carne” (v. 14); mas sim me recebestes
como a um anjo de Deus”. Então, no v. 16, ele pergunta: “Tornei-me,
porventura, vosso inimigo, por vos dizer a verdade?”
13. vós sabeis que vos preguei ... por causa de uma enfermidade
física — antes, como no grego, “Vós sabeis que por causa de uma
fraqueza em minha carne, vos anunciei”, etc. Dá a entender que uma
doença corporal, havendo-se detido entre eles, contrariamente a sua
intenção original, foi o motivo pelo qual pregou ali o evangelho.
a primeira vez — lit., “a vez anterior”: dando a entender que no
tempo de escrever esta carta, ele tinha estado duas vezes na Galácia.
Veja-se minha Introdução; também v. 16, e Gl_5:21, Notas. Sua doença
foi provavelmente a mesma que lhe recorreu mais violentamente depois,
e que ele chama “um espinho na carne” (2Co_12:7), a qual também foi
usada por Deus para o bem (2Co_12:9-10), como a “fraqueza de carne”
que se menciona aqui.
14. vos foi uma tentação, contudo, não me revelastes desprezo
— Os manuscritos mais antigos leem, “vossa tentação”. Minha doença
que foi, ou teria podido ser, uma “tentação”, ou uma prova para vós, não
menosprezastes, quer dizer, não fostes tentados por ela a desprezar a
mim e minha mensagem. Talvez, entretanto, é melhor pontuar e explicar
como Lachmann, unindo-o com o v. 13, “E (sabeis) vossa tentação (quer
dizer, a tentação à que fostes expostos devido à fraqueza) que estava em
minha carne, não menosprezastes (por amor próprio natural), não
rejeitastes (por orgulho espiritual); antes me recebestes”, etc. “Tentação
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não quer dizer aqui, como costumamos usar a palavra, uma tendência a
um ato ímpio, mas sim uma prova corporal”.
como anjo de Deus — como a um mensageiro inspirado pelo céu e
enviado de Deus: “anjo” quer dizer mensageiro (Ml_2:7). Veja-se a
frase, 2Sm_19:27, frase hebraica e oriental por pessoa que deve ser
recebida com o maior respeito (Zc_12:8). Um anjo está livre da carne, a
fraqueza e a tentação.
como o próprio Cristo — sendo o representante de Cristo
(Mt_10:40). Cristo é o Senhor dos anjos.
15. Onde está … sua bem-aventurança? — De que valor foi
vossa felicitação (assim o grego para “bem-aventurança”) ao ter-me
entre vós, o mensageiro do evangelho, se se considerar quão
completamente mudastes desde então? Antes vos considerastes bem-
aventurados ao ser favorecidos pelo meu ministério.
teríeis arrancado os próprios olhos para mos dar — um dos
membros mais queridos do corpo, tão altamente me estimáveis: frase
proverbial que significa o sacrifício pessoal maior (Mt_5:29). Conybeare
e Howson pensam que esta forma especial de provérbio foi usada em
referência a uma fraqueza nos olhos de Paulo, unida a um físico nervoso,
talvez causada pela brilhantismo da visão descrita em At_22:11;
2Co_12:1-7. “Teríeis arrancado vossos olhos para suprir a falta dos
meus”. O poder divino das palavras e obras de Paulo, em contraste com a
fraqueza de sua pessoa (2Co_10:10), no princípio impressionou
poderosamente os gálatas, que tinham todo o impulsivo da raça celta, da
qual descenderam. Subsequentemente, logo mudaram de atitude devido à
inconstância que é também característica dos celtas.
16. Traduza-se, “vim, pois a ser vosso inimigo, por vos dizer a
verdade?” (Gl_2:5, 14). É evidente que não granjeou a inimizade deles
em sua primeira visita, e as palavras aqui dão a entender que depois de
então, e antes de escrever agora, sucedeu isto; de modo que a ocasião em
que ele lhes dissesse a verdade desagradável, deveria ser em sua segunda
visita (At_18:23; veja-se minha Introdução). O insensato e o pecador
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odeiam o repreensor. Os justos amam a fiel repreensão (Sl_141:5;
Pv_9:8).
17. Eles têm zelo por vós (RC) — seus aduladores; em contraste
com o próprio Paulo, quem lhes diz a verdade. O zelo no proselitismo foi
característico especialmente dos judeus, e assim também dos judaizantes
(Gl_1:14; Mt_23:15; Rm_10:2). Por isso buscavam os crentes gálatas.
não como convém (RC) — não de maneira boa, nem para bom fim.
Nem o motivo que os impulsionou a captar vossa simpatia, nem a
maneira, que usaram para fazê-lo, foi o que deveria ser.
mas querem excluir-vos (RC) — “eles querem vos excluir” do
reino de Deus (quer dizer, eles querem vos convencer que vós como
gentios incircuncisos, estão excluídos dele), “para que o vosso zelo seja
em favor deles”, quer dizer, para que sejais circuncidados, como zelosos
seguidores deles. Alford explica que o desejo dos judaizantes era o de
excluir os gálatas da comunidade cristã geral, e atraí-los como um grupo
isolado ao partido deles. Assim se usa a palavra “exclusivo”.
18. É bom ser sempre zeloso pelo bem — antes, corresponder a
“cortejar zelosamente” no v. 17, ou “ser cortejados zelosamente” Não os
critico porque têm zelo de vós”, (v. 17) nem a vós porque “os zelem a
eles” contanto que seja “em boa causa” (traduza-se assim), “é coisa boa”
(1Co_9:20-23). Meu motivo ao dizer que têm zelo mas “assim que” (v.
17), é que eles não têm zelo por vós por uma causa boa.
sempre — Traduza-se e decida-se a ordem das palavras assim:
“Sempre, e não somente quando eu estou presente convosco”. Não
desejo ter eu exclusivamente o privilégio de ter zelo por vós. Outros
podem fazê-lo em minha ausência com a minha plena aprovação, a fim
de que seja com bons propósitos e Cristo seja pregado fielmente
(Fp_1:15-18).
19. meus filhos — (1Tm_1:18; 2Tm_2:1; 1Jo_2:1). Minha relação
convosco não é meramente a de um zeloso vigilante vosso (vv. 17, 18),
mas sim a de um pai para com seus filhos (1Co_4:15).
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de novo — a segunda vez. A primeira vez foi quando eu estava
“presente convosco” (v. 18; veja-se Nota, v. 13).
de parto — como mãe sofrendo dores até o nascimento de seu
filho.
até ser Cristo formado em vós — Para que vivam nada mais que a
vida de Cristo; não pensem em nada mais que em Cristo (Gl_2:20), nem
vos jacteis em nada mais que em Cristo, Sua ressurreição e justiça
(Fp_3:8-10; Cl_1:27).
20. Se permitísseis as circunstâncias (o que estas não permitem),
prazeroso estaria convosco. [M. Stuart].
pudera eu estar presente, agora, convosco — como estive já duas
vezes. Falar face a face é tanto mais eficaz para a persuasão carinhosa
que escrever uma carta (2Jo_1:12; 3Jo_1:13, 3Jo_1:14).
e falar-vos em outro tom de voz — como uma mãe (v. 19):
adaptando meu tom de voz ao que eu pessoalmente visse que vosso caso
necessitasse. Isto é possível para alguém que está presente, mas não o é
para aquele que está escrevendo. [Grocio e Estius].
me vejo perplexo a vosso respeito — Não sei como tratar
convosco, que classe de palavras usar, suaves ou severas, para voltar a
vos trazer para o caminho reta.
21. os que quereis estar sob a lei — de sua própria vontade,
praticando zelosamente aquilo que lhes terá que condenar e arruinar.
não ouvis a lei? — antes, em tempo presente: “não estais escutando
a lei?” Não considerais o sentido místico das palavras de Moisés?
[Grocio]. A própria lei vos separa de si para vos aproximar de Cristo.
[Estius]. Depois de ter mantido sua posição por meio de argumentos,
confirma-a e ilustra por meio de uma exposição alegórica inspirada de
fatos históricos que têm em si leis e tipos gerais. Talvez seu motivo para
usar a alegoria foi o de confutar os judaizantes, usando suas próprias
armas. As interpretações sutis, místicas, alegóricas, não autorizadas pelo
Espírito, eram seus argumentos favoritos, como os dos rabinos nas
sinagogas. Veja-se o Talmude de Jerusalém, Tractatu Succa, cap.
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Hechalil. Paulo os refuta com uma exposição alegórica que não era obra
da fantasia, mas sim uma exposição sancionada pelo Espírito Santo. A
história, se é entendida corretamente, contém em seus fenômenos
complicados, leis divinas simples que continuamente se repetem. A
história do povo escolhido, assim como suas ordenanças legais, tinha,
além de seu sentido literal, um sentido típico (comp. 1Co_10:1-4;
1Co_15:45, 1Co_15:47; Ap_11:8). Assim como Isaque, que nasceu de
maneira extraordinária como um dom de graça segundo a promessa,
suplantou, fora de todos os cálculos humanos, a Ismael que nasceu
naturalmente, assim a nova raça teocrática, a semente espiritual de
Abraão segundo a promessa (crentes gentios como também judeus),
estavam prestes a tomar o lugar da semente natural, a qual se imaginou
que exclusivamente a ela pertencia o reino de Deus.
22-23. (Gn_16:3-16; Gn_21:2).
Abraão — de quem quereis ser filhos (veja-se Rm_9:7-9).
teve dois filhos … o da escrava … segundo a carne; o da livre,
mediante a promessa — Ismael, nascido segundo o curso usual da
natureza, em contraste com Isaque, quem nasceu “por virtude da
promessa” (assim o grego) como a causa eficiente para que Sara
concebesse fora do curso da natureza (Rm_4:19). Abraão devia
desprezar toda confiança na carne (segundo a qual nasceu Ismael), e
viver só pela fé na promessa (segundo a qual nasceu milagrosamente
Isaque, contrariamente a todos os cálculos da carne e sangue).
24. Estas coisas são alegóricas — quer dizer, têm um sentido além
do sentido literal.
estas mulheres são duas alianças — Omita “as”, segundo os
manuscritos mais antigos. Como entre os judeus a escravidão da mãe
determinava a do filho, os filhos da aliança livre da promessa, que
corresponde aos de Sara, são livres; os filhos da aliança da servidão não
o são.
uma, na verdade, se refere ao monte Sinai — Quer dizer, tomou
sua origem no monte Sinai. Aqui, conforme parece, o apóstolo está
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tratando da lei moral (Gl_3:19) principalmente (Hb_12:18). Paulo
conhecia o distrito de Sinai na Arábia (Gl_1:17), tendo ido lá depois de
sua conversão. No sombrio cenário da entrega da Lei, ele aprendeu a
apreciar, por contraste, a graça do evangelho, e assim a desprezar todas
as suas dependências legais passadas.
que gera para escravidão — Quer dizer, dando à luz filhos para
serem escravos. Veja-se a frase “filhos … a aliança que Deus
estabeleceu … dizendo a Abraão”. (At_3:25).
25. Traduza-se: “Porque (esta palavra) Agar é (corresponde a) o
monte Sinai na Arábia” (entre os árabes, na língua árabe). Assim explica
Crisóstomo. Haraut, o viajante, diz que até hoje os árabes chamam Sinai,
“Hadschar”, quer dizer, Hagar, que quer dizer rocha ou pedra. Agar
fugiu duas vezes ao deserto da Arábia (Gn_16:1-16 e Gn_21:9-21); dela
o monte e a cidade tomaram seu nome, e os habitantes se chamavam
“hagarenes”. Sinai, com suas rochas escarpadas, longe da terra
prometida, foi muito próprio para representar a lei, que inspira terror, e o
espírito de servidão.
Sinai … corresponde à — Lit., “está no mesmo nível”; quer dizer,
“corresponde a”
Jerusalém atual — a Jerusalém atual e terrestre; a Jerusalém dos
judeus, a qual só tem uma existência temporal, em contraste com a
Jerusalém espiritual do evangelho, a qual em germe, e na forma de uma
promessa, existia séculos antes, e existirá para sempre nos séculos
vindouros.
que está em escravidão com seus filhos — Os manuscritos mais
antigos leem: “Porque serve (como escrava) com seus filhos”. Assim
como Agar servia como escrava à sua senhora Sara, assim a Jerusalém
que agora é, serve à lei e também aos romanos: estando seu estado civil
de acordo com seu estado espiritual. [Bengel].
26. Este versículo está em lugar da frase que deveríamos esperar, ao
continuar o que se diz no v. 24: “estas mulheres são as duas alianças;
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uma certamente do monte Sinai,… que é Agar”. A frase seria: A outra
aliança do monte celestial, que é (corresponde na alegoria a) Sara.
a Jerusalém lá de cima — Hb_12:22 diz: “Jerusalém a celestial”.
“A nova Jerusalém, a qual desce do céu de meu Deus” (Ap_3:12;
Ap_21:2). Aqui “a teocracia messiânica, que antes da segunda aparição
de Cristo é a igreja e depois de Sua vinda, será o reino glorioso de
Cristo”. [Meyer].
livre — como foi Sara, em contraste com Agar “que está em
escravidão” (v. 25).
a qual é nossa mãe — O termo “todos” é omitido em muitos dos
manuscritos mais antigos, mas é apoiado por alguns. “Mãe de nós” os
crentes, que já somos membros da igreja invisível, a Jerusalém celestial,
que deve ser manifestada depois. (Hb_12:22).
27. (Isa_54:1).
Alegra-te, ó estéril — Aqui se faz referência à Jerusalém de cima:
a igreja espiritual do evangelho, o fruto da promessa”, correspondendo a
Sara, quem deu à luz não “segundo a carne”; em contraste com a lei, que
corresponde a Agar, e que foi fecunda no curso ordinário da natureza.
Isaías fala em primeiro lugar da restauração de Israel depois de suas
calamidades de longo tempo; mas sua linguagem é preparada pelo
Espírito Santo para alcançar além desta a Sião espiritual, que incluiria
não só os judeus, descendentes naturais de Abraão e filhos da lei, mas
também os gentios. Considera-se a Jerusalém espiritual como “estéril”,
enquanto que estava sob a lei, algemou Israel, porque ela não tinha filhos
espirituais dentre os gentios.
exulta e clama — grita com alegria.
são mais numerosos os filhos da abandonada — Traduza-se
como o grego: “Muitos são os filhos da deixada (a igreja do Novo
Testamento, composta em maior parte de gentios, os quais por um tempo
não tinham a promessa, e não tinham a Deus como seu marido); mais
que da que tem marido” (a igreja judaica, que tinha a Deus como marido,
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Is_54:5; Jr_2:2). Embora fossem numerosos os filhos da aliança legal, os
da aliança evangélica são agora mais numerosas.
28. nós (RC) — Os manuscritos mais antigos estão divididos entre
“nós” e “vós”. “Nós” concorda melhor com o v. 26, “Mãe de nós”.
somos filhos da promessa — Não somos filhos segundo a carne,
mas sim filhos pela promessa. (vv. 23, 29, 31). “Nós o somos”, e nosso
desejo deveria ser o continuar sendo.
29. o que nascera segundo a carne perseguia — Ismael
“caçoava” de Isaque, o que continha o germe e o espírito da perseguição
(Gn_21:9). Sua zombaria provavelmente foi dirigida contra a piedade de
Isaque e sua fé nas promessas de Deus. Sendo ele mais velho por
nascimento natural, arrogantemente se orgulhava sobre aquele que
nasceu pela promessa; assim como Caim odiava a piedade de Abel.
ao que nasceu segundo o Espírito — Embora se refira primeiro a
Isaque, quem nasceu de uma maneira espiritual (quer dizer, pela
promessa da parte de Deus, emitida por Seu Espírito eficiente, a qual
estava contra o curso normal da natureza, ao tornar frutífera a Sara no
tempo de sua velhice, a linguagem está formulada especialmente para
referir-se aos crentes justificados pela graça evangélica através da fé, em
oposição aos homens carnais, judaizantes e legalistas.
assim também agora — (Gl_5:11; 6:12, 17; At_9:29; At_13:45,
At_13:49-50; At_14:1-2, At_14:19; At_17:5, At_17:13; At_18:5-6). Os
judeus perseguiam a Paulo não porque pregasse o cristianismo em
oposição ao paganismo, mas porque o pregava como distinto do
judaísmo. Com exceção de dois casos, em Filipos e em Éfeso (onde os
assaltantes estavam pecuniariamente interessados em sua expulsão),
Paulo nunca foi atacado pelos gentios, a menos que estes fossem
primeiro provocados pelos judeus. A coincidência entre as Epístolas de
Paulo e a história de Lucas (Os Atos) neste particular, é claramente
natural, e assim uma prova de que tanto aquelas como esta são genuínas
(veja-se Paley, Horae Paulinae).
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30. Contudo, que diz a Escritura? — Aqui se refere a Gn_21:10,
Gn_21:12, onde as palavras de Sara são: “O filho da escrava não deve
herdar com meu filho, com Isaque.” Mas o que ali foi dito literalmente,
aqui por inspiração é expresso em seu sentido alegórico espiritual,
referindo-se ao crente do Novo Testamento, que corresponde ao “filho
da livre”. Em Jo_8:35-36, Jesus refere-se a isto.
Lança fora a escrava e seu filho — da casa e da herança;
literalmente, Ismael; espiritualmente, os carnais e legalistas.
de modo algum o filho da escrava será herdeiro — O grego é
mais forte, “não deverá ser herdeiro” ou “não deverá herdar”,
31. E, assim — Os manuscritos mais antigos leem, “Portanto”. Esta
é a conclusão tirada do que antecede.
somos filhos não da escrava, e sim da livre — Em Gl_3:29 e
Gl_4:7, estabeleceu-se que nós, os crentes do Novo Testamento somos
“herdeiros”. Então se somos herdeiros, “não somos filhos da escrava
(cujo filho, segundo as Escrituras, “não devia ser herdeiro”, v. 30), mas
sim da livre” (cujo filho, segundo as Escrituras, devia ser o herdeiro).
Porque não somos “lançados fora”, como Ismael, mas sim aceitos como
filhos e herdeiros.
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Gálatas 5