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MIEC - FEUP - AM2 - 2018/19 1

Denições páginas
Curva 1
Parametrização simples 3
Curva simples 3
Parametrização regular 3
Curva regular 3
Comprimento de uma urva regular 5
Orientação de uma urva induzida por uma parametrização 5
Reparametrização de uma parametrização 5
Integral de uma função es alar ao longo de uma urva 7
Integral de um ampo ao longo de uma urva 8
Campos onservativos 9
Teorema de Green 10
Valor médio de uma função numa urva, entro de massa e momentos de inér ia de uma urva 11,12
Centro geométri o de uma urva 11

1 Curvas em Rn
Daqui em diante sempre que nos referirmos a Rn estamos a pressupor que n ≤ 3.
Denição 1.1. C diz-se uma urva de Rn se for a imagem de uma função r : [a, b] ⊂ R → Rn e r diz-se uma
parametrização de C . Se r(a) = r(b) então a urva C diz-se fe hada.
Exemplo 1.1. Uma parametrização do segmento de reta AB é denida por r(t) = A + t(B − A), t ∈ [0, 1], ver
gura 1.

Figura 1: Segmento de reta parametrizado.

Exemplo 1.2. Uma parametrização da ir unferên ia entrada em (0, 0) e om raio a é dada por r(t) =
(a cos(t), a sin(t) onde t ∈ [0, 2π], ver gura 2.

Exemplo 1.3. Uma parametrização da reta denida pelas equações y = 5x + 3 e z = 2 é r(t) = (t, 5t + 3, 2),
t ∈] − ∞, +∞[.

Exemplo 1.4. Uma parametrização da urva estrofóide C é dada por r(t) =


 2

1−t2 t(1−t )
1+t2 , 1+t2 , t ∈] − ∞, ∞[, ver
gura 3.
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Figura 2: Cir unferên ia per orrida no sentido positivo, i. e., ontrário ao dos ponteiros do relógio.

Figura 3: Estrofóide, exemplo de urva que não é simples.


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Denição 1.2. Diz-se que uma parametrização r : [a, b] → Rn é simples se r for uma apli ação injetiva.
Denição 1.3. Uma urva diz-se simples se for a imagem de uma parametrização simples.
A urva C apresentada na gura 4 é simples porque admite a parametrização dada por r(t) = (t, t2 ), que é
injetiva e t ⊂] − ∞, ∞[.
Observação 1.1. Sejam C uma urva e c : [a, b] → Rn uma parametrização simples da urva C . Estabele emos
uma orientação positiva na urva que é dada pela forma omo c(t) per orre a urva C à medida que t varia
de a para b.
Observação 1.2. Uma urva simples diz-se fe hada se admitir uma parametrização r : [a, b] → Rn tal que
r(a) = r(b).
Observação 1.3. Nas urvas fe hadas planares onsideramos o sentido positivo quando elas são per orridas
no sentido anti-horário e o sentido negativo quando são per orridas no sentido ontrário.
Daqui em diante só estudamos urvas simples.

Denição 1.4. Sejam C uma urva e r : I ⊂ R → Rn uma parametrização de C . Diz-se que a parametrização
ré suave ou regular se e só se r for uma parametrização simples, de lasse C 1 e r′ (t) 6= 0∀t ∈ I .
Denição 1.5. Diz-se que uma urva C é suave ou regular se admitir uma parametrização que é regular.
Denição 1.6. Sejam C uma urva regular e r : [a, b] → R3 uma parametrização regular de C . Denem-se
as equações paramétri as da reta tangente à urva C no ponto r(t0 ) omo sendo, (x, y, z) = r(t0 ) + λr′ (t0 ),
λ ∈ R. Um exemplo de uma urva regular está na gura 4.

Figura 4: Exemplo de urva regular (parábola).

Exemplo 1.5. Exemplo de uma parametrização que não é de lasse C 1 de uma urva.
Considere a parametrização r1 da urva C que se apresenta na gura 5. A parametrização r1 é dada por

se

(t, t) t>0
r1 (t) = .
(t, −t) se t<0

r1 não é de lasse C 1 pois r′ (0) não existe.


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Exemplo 1.6. Exemplo de uma parametrização que é de lasse C 1 da urva da gura 5.


Considere a parametrização r2 (t) da mesma urva C que é dada por,


(t2 , t t) se

t>0
r2 (t) =
(t2 , −t2 ) se t<0

. é de lasse C 1 mas não é regular pois r′ (0) = (0, 0)

Observação 1.4. A urva C do grá o apresentado na gura 5 não é regular porque não tem sentido falar em
vetor tangente em r(0) pois não se pode denir em r(0) a reta tangente ao grá o da urva.

Figura 5: Exemplo de urva não regular.

Daqui em diante sempre que falarmos de uma urva pressupomos que a urva é regular e
sempre que falarmos em parametrização de uma urva pressupomos que ela é regular se nada for
dito em ontrário.

Observação 1.5. Vamos apresentar uma breve expli ação de omo surge a fórmula de ál ulo para o ompri-
mento de uma urva. Seja C uma urva de R3 e r : [a, b] → R3 tal que r(t) = (x(t), y(t), z(t)), t ∈ [a, b] uma sua
parametrização. Considerem-se agora os pontos ti = a + (b−a)i n , i = 1, · · · , n. Considere-se agora as urvas Ci
om i = 0, · · · , nS− 1 em que a urva Ci é o segmento de reta que une r(ti−1 ) a r(ti ). Considere-se agora a linha
poligonal Pn = i=0 n−1
Ci . Como o omprimento da linha poligonal quando n → ∞ tende para o omprimento
−−−−−−−−→
da urva então vamos al ular o omprimento da linha poligonal. Agora, por sua vez, L(Ci ) = kr(ti )r(ti+1 )k e
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tem-se
p
[x(ti+1 ) − x(ti )]2 + [y(ti+1 ) − y(ti )]2 + [z(ti+1 ) − z(ti )]2 =
L(Ci ) =
v
# 
2 2
u  2  2 "
u x(ti+1 ) − x(ti ) y(ti+1 ) − y(ti ) z − (ti+1 ) − z(ti )
u
=t + +  (ti+1 − ti )2 =
ti+1 − ti ti+1 − ti ti+1 − ti
v
# 
2 2
u  2  2 "
x(t ) − x(t ) y(t ) − x(t ) z(t ) − x(t )
u
i+1 i i+1 i i+1 i
= t + + (ti+1 − ti ) =
u
ti+1 − ti ti+1 − ti ti+1 − ti
v
# 
2 2
u  2  2 "
u x(ti + △t) − x(t) y(ti + △t) − y(ti ) z(ti + △t) − z(ti )
u
=t + + (ti + △t − ti ) =
ti + △t − ti ti + △t − ti ti + △t − ti
q

2 2 2
[x′ (ti )] + [y ′ (ti )] + [z ′ (ti )] △t = kr′ (ti )k△t (1)
e assim Z n−1
X n−1
X Z b
l(C) = 1ds = lim Pn = lim l(Ci ) = lim kr′ (ti )k△t = kr′ (t)kdt
C n→+∞ n→+∞ n→+∞ a
i=0 i=0

Teorema 1.1. Seja C uma urva de R parametrizada por r então o omprimento l(C)) da urva C é
n

Z
l(C) = kr′ (t)kdt
C
.
Denição 1.7. Dada uma urva C de Rn e uma parametrização r, o vetor r′ (t) é tangente à urva C no ponto
r(t). Interpretando r(t) omo posição de uma partí ula no instante t passamos a designar r′ (t) omo vetor
velo idade no instante t da partí ula e a r (t) hamamos a eleração da partí ula no instante t.
′′

Denição 1.8. Quando a urva C está parametrizada por uma parametrização r(t), t ∈ [a, b] estamos a pressu-
por que ela está munida de uma orientação positiva que é introduzida na urva quando o vetor r(t) per orre
a urva quando t varia de a para b e es revemos C + , ou então C , para dizer que a urva está munida dessa
orientação positiva. Es revemos C − para dizer que C está munida da orientação negativa da parametrização
quando r(t) per orre a urva quando t diminui de b para a.
Daqui em diante quando dissermos seja C uma urva uja parametrização é r pressupomos
que a urva está orientada segundo o sentido positivo forne ido pela parametrização, ex eto se
houver alguma indi ação em ontrário.
Denição 1.9. Sejam C uma urva, c : [a1 , b1] → Rn , n ≤ 3 uma parametrização de C e h : [a, b] → [a1 , b1 ]
uma apli ação bijetiva de lasse C 1 . Então p = c ◦ h diz-se uma reparametrização de c. Existem dois asos
para a função h. Primeiro aso, se h(a) = a1 e h(b) = b1 então a reparametrização p mantém a orientação da
urva C . Segundo aso se h(a) = b1 e h(b) = a1 então a reparametrização p inverte o sentido da orientação da
urva C .
Observação 1.6. Sejam C uma urva de Rn e c : [a, b] → Rn uma parametrização de c. Considere-se a
parametrização de c denida por cop (t) = c(a + b − t), t ∈ [a, b]. Tem-se cop (a) = c(b) e cop (b) = c(a). Logo
cop inverte a orientação dada por c.

Observação 1.7. A parametrização g da ir unferên ia x2 +y 2 = a2 dada por g(t) = (a cos(2π−t), a sin(2π−t)),


t ∈ [0, 2π] estabele e uma orientação negativa (no sentido dos ponteiros do relógio) nesta ir unferên ia.
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Note que a parametrização g(t) = r(0 + 2π − t), t ∈ [0, π] onde r é a parametrização do exemplo 1.2 inverte
a orientação da urva do exemplo 1.2.

Exemplo 1.7. Seja p : [0, 1] ⊂ R → Rn tal que p(t) = c(a + (b − a)t). Note que p(0) = c(a) e p(1) = c(b).
Então p é uma reparametrização de c preservando a orientação de c.
Denição 1.10. Sejam C uma urva de Rn , r : [a, b] ⊂ R → Rn Ruma parametrização de C e f : Rn → R uma
função es alar tal que f ◦ r é ontínua em [a, b] então dene-se C
f ds o integral de f ao longo da urva C ,
através da igualdade
Z Z b
f ds = f (r(t))kr′ (t)kdt
C a

Observação 1.8.
R Seja f : R3 → R uma função positiva e C uma urva de R3 parametrizada por r : [a, b] ∈
R → R então C f ds representa a área duma er a uja base é a urva C e a altura da urva no ponto r(t) é
3

f (r(t)), ver gura 6.

Figura 6: er a gerada por uma função sobre a urva C .


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Exemplo 1.8. Considere a urva C parametrizada por r(t) = (t, t, 0), t ∈ [1, 2] e seja f (x, y, z) = y . Cal ulemos
o f ds. Tem-se
R
C

1 1 1  2 1 √
Z Z

Z √ Z √ t 2
f ds = f (r(t))kr (t)kdt = f (t, t, 0) 2dt = t 2dt = = .
C 0 0 0 2 0 2

ver gura 7. Notem que a área da região R (a vermelho na gura) veri a Area(R) = 2
2
, onrmando o
resultado obtido no ál ulo, ver gura 7.

Figura 7: er a gerada por uma função sobre a urva C .

Exemplo 1.9. Seja


R2
r1 a parametrização da urva do exemplo 1.12. Então tem-se 1 F (r1 (t)) · r1′ (t)dt =
R2 R2 2 2
1 (3 − t, 3 − t) · (−1, −1)dt = 1 [(t − 3) + (t − 3)] = [t − 6t]1 = 4 − 12 − (1 − 6) = 4 − 12 + 5 = −3

Observação 1.9. A denição do integral de uma função es alar ao longo de uma urva não depende da
parametrização es olhida no onjunto das parametrizações que se obtém uma das outras por reparametrização.
Exemplo 1.10.
Exemplo: Sejam C = AB onde A = (1, 1), B = (2, R 2). r é a parametrização de C denida por r(t) = (t, t),
t ∈ [1, 2] e seja f (x, y) = x. Cal ule o integral de C f ds tal
2 2 2

Z Z

Z
√ √ Z 3 2
f ds = f (r(t))kr (t)kdt = · · · = t 1 + 1dt = 2 tdt = · · · =
C 1 1 1 2

Exemplo 1.11. Sejam C a urva do exemplo 1.10, r1 uma sua parametrização dada1 por r1R(t) = r(3 − t) =
(3 − t, 3 − t), t ∈ [1, 2] e f (x, y) = x. Usando esta parametrização, al ule o integral de C f ds. Tem-se
R2 R2 √ R2 √ h 2 2
i √
1
f (r1 (t))kr1′ (t)kdt = 1 (3 − t) 2 = 1 (3 − t)dt = 2 3t − t2 = · · · = 3 2 2
1

Observação 1.10. Sejam F um ampo F : R3 → R3 tal que F é um ampo ontínuo R em R , C uma urva
3

de R3 e r : [a, b] → R3 uma parametrização de lasse C 1 de C . Então, dene-se o C F · ds omo sendo o


trabalho realizado por F ao deslo ar uma partí ula de r(a) a r(b) ao longo da urva C admitindo que a força
que atua na posição r(t) vale F ◦ r(t). Considere-se ti = a + (b−a) n i, i = 0 · · · n. Considere-se agora a linha
poligonal Pn = i=0 Ci , i = 1, · · · , n, onde Ci é o segmento de reta que une r(ti ) a r(ti+1 ). Vamos adotar o
Sn−1

1 notem que a=1 e b=2


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seguinte ra io ínio, para n grande podemos pressupor que a função F é onstante em Ci e o seu valor é F ◦ r(ti )
e vamos pressupor que o trabalho ao longo da linha poligonal é prati amente igual ao trabalho ao longo da urva
C pressupondo que n é su ientemente grande.
Assim o trabalho realizado ao longo da urva P Ci é Wi = F (r(ti )) · (r(ti+1 ) − r(ti )) que é aproximadamente igual
a F ◦ r(ti ) · r′ (ti )△t onde △t = b−a . Assim n−1
i=0 F ◦ r(ti ) · r (ti )△t logo
Pn−1 ′
n i=0 Wi ≈

Z n−1 Z b
˙ = lim Wi = lim
X
f ds F ◦ r(ti ) · r′ (ti )△t = F ◦ r(t) · r′ (t)dt
C n→∞ n→∞ a
i=0

Denição 1.11. Sejam C uma urva de R , r : [a, b] → RRn uma parametrização


n
de C e F um ampo F :
R → R tal que F ◦ r é ontínua em [a, b]. Então dene-se C + F · ds ( C F · ds) omo o integral de F ao longo
n n
R

da urva C , através da igualdade, Z Z b


F · ds = F (r(t)) · r′ (t)dt
C+ a
.
Exemplo 1.12. Seja C a urva parametrizada por r(t) = (t, t), t ∈ [1, 2]. Cal ule F ·ds onde f (x, y) = (x, y).
R
C
Z Z 2 Z 2 Z 2 Z 2
 2
F · ds = F (r(t)) · r′ (t)dt = F (r(t)) · r′ (t)dt = (t, t) · (1, 1)dt = 2tdt = t2 1 = 3
C 1 1 1 1

Teorema 1.2. Seja F : Rn → Rn (n ≤ 3) de lasse C 1 . Se C = C1 + C2 + · · · + Cm então


Z X m Z
F · ds = F · ds
C i=1 Ci

Teorema 1.3. Seja f : Rn → R de lasse C 1 . Se C = C1 + C2 + · · · + Cm então


Z m Z
X
f ds = f ds
C i=1 Ci

Exemplo 1.13. Cal ule o integral onde C é o triângulo om vérti es O, A, B orientada no sentido
R
C (x + y)ds
anti-horário.

Então R R R R
C
(x + y)ds = C1
(x + y)ds + C2
(x + y)ds + C3
(x + y)ds
Para as urvas C1 , C2 , C3 e C4 podemos utilizar as parametrizações r1 , r2 , r3 e r4 tais que r1 (t) = (t, 0), ∀t ∈
[0, 1], r2 (t) = (1, t), ∀t ∈ [0, 1], r3 (t) = (1 − t, 1 − t), ∀t ∈ [0, 1]. Assim
R R R R
(x + y)ds = C1 (x + y)ds + C2 (x + y)ds + C3 (x + y)ds
CR
1 R1 R1
= 0 (t + 0)||r1′ (t)||dt + 0 (1 + t)||r2′ (t)||dt + 0 (1 − t + 1 − t)||r3′ (t)||dt
R1 R1 R1
= 0 t||(1, 0)||dt + 0 (1 + t)||(0, 1)||dt + 0 (1 − t + 1 − t)||(−1, −1)||dt
R1 √ R1 √ R1 p
= 0 t 12 + 02 dt + 0 (1 + t) 02 + 12 dt + 0 (2 − 2t) (−1)2 + (−1)2 dt
R1 √ R1 √ R1 √
= 0 t 1dt + 0 (1 + t) 1dt + 0 (2 − 2t) 2dt
R1 R1 √ R1
= 0 tdt + 0 (1 + t)dt + 2 0 (2 − 2t)dt
2 2 √
= t2 |10 + (t + t2 )|10 + 2(2t 2 1
√ − t )|0
1 1
= 2 − 0 + (1 + 2 − 0)√+ 2(2 − 1 − 0)
= 21 − 0 + ( 32 − 0) + √2(2 − 1 − 0)
= 21 − √ 0 + ( 32 − 0) + 2(1)
= 2 + 2.
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Figura 8: Triângulo OAB

Exemplo 1.14. Cal ule o integral C F ·ds onde C é a fronteira do triângulo formado pelos pontos O = (0, 0, 0),
R
A = (1, 1, 0) e B = (1, 1, 1) e orientada omo se apresenta na gura abaixo. Seja F (x, y, z) = (x, y, xy).

Resolução 1. A fronteira do triângulo om vérti es O, A, B orientada no sentido anti-horário estão na gura


abaixo. Chamemos C1 ao segmento de reta que liga O a A. A sua parametrização, na orientação pretendida

Figura 9: Triângulo OAB

R1
é dada por r1 (t) = O + t(A − O), t ∈ [0, 1]. Assim r1 (t) = (t, t, 0). Então C1 f (r1 (t)) · r1′ (t)dt = 0 (t, t, t2 ) ·
R
R1
(1, 1, 0)dt = 0 2tdt = [t2 ]10 = 1. Chamemos C2 ao segmento de reta que une o ponto A a B , a sua parametrização
é dada por r2 (t) = A + t(B − A), t ∈ [0, 1]. Assim r2 (t) = (1, 1, 0) + t((1, 1, 1) − (1, 1, 0)) = (1, 1, 0) + t(0, 0, 1) =
(1, 1, t). Cal ulando o integral tem-se,

Z Z 1 Z 1 Z 1
F · ds = F (r2 (t)) · r2′ (t)dt = (1, 1, 1) · (0, 0, 1)dt = dt = 1
C2 0 0 0

. Para o segmento que liga B a O temos a parametrização r3 (t) = B + t(O − B) = (1 − t, 1 − t, (1 − t)2 ),


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t ∈ [0, 1]. Assim para o integral tem-se,


Z Z 1 Z 1 Z 1
F · ds = F (r3 (t)) · r3′ (t)dt = (1 − t, 1 − t, (1 − t)2 ) · (−1, −1, −1)dt = (2t − 2 − (1 − t)2 dt =
C3 0 0 0
1
(1 − t)3

−4
2
= t − 2t + = . (2)
3 0 3

Somando os três, F · ds = 2/3.


R
C

Observação 1.11. Sejam C uma urva uja orientação é induzida pela parametrização r : [a, b] ⊂ R → Rn .
Então interpretando r(t) omo o vetor posição de uma partí ula no instante t tem-se:

C F · ds representa o trabalho realizado pela força F quando deslo a uma partí ula da posição r(a) para
R

a posição r(b) ao longo da urva C .
Rb Rbh ′
(t)
i
F (r(t)) · r′ (t)dt = F (r(t)). krr′ (t)k kr′ (t)kdt =
R
• C
F.ds = a a

Z b
= [F (r(t)).T (t)] kr′ (t)kdt
a

Assim, F · ds é igual ao ao longo de C .


R
C
integral da omponente tangen ial de F

Denição 1.12. Seja F : R3 → R3 de lasse C 1 em R3 . Dene-se o rota ional de F omo sendo um ampo
de R → R denido por
3 3

~i ~j ~k

∂ ∂


rotF (x, y, z) = ∂x ∂y ∂z
.
F F2 F
1 3

Denição 1.13. Se F (x, y, z) = (x, y, z) então rotF = (0, 0, 0). Um ampo F : R3 → R3 de lasse C 1 diz-se
irrota ional em R se e só se qualquer que seja (x, y, z) ∈ R3 se tiver rotF (x, y, z) = (0, 0, 0).
3

Observação 1.12. Também se representa o rota ional de uma função F omo ∇ × F onde ∇ = ( ∂x
∂ ∂
, ∂y ∂
, ∂z ).

Observação 1.13. Pode-se interpretar um ampo de F : R2 → R2 tal que F (x, y) = (F1 (x, y), F2 (x, y)) omo
sendo um ampo de F : R → R para tal es revemos, F (x, y, z) = (F1 (x, y), F2 (x, y), 0)
3 3

Denição 1.14. Seja F : R3 → R3 . Dizemos que F é um ampo gradiente se existir uma função f : R3 → R
tal que F (x, y, z) = ∇f (x, y, z) e f diz-se uma função poten ial de F .
Denição 1.15. Seja F : R2 → R2 . Dizemos que F é um ampo gradiente se existir uma função f : R2 → R
tal que F (x, y) = ∇f (x, y) e f diz-se uma função poten ial de F .
Exemplo
  1.15. F (x, y) = (x3 , y 3 ) é um ampo gradiente uma vez que F é o gradiente de f tal que f (x, y) =
4
, y4 .
4
x
4

Exemplo 1.16. O ampo F (x, y, z) = (yz + 1, xz + 1, xy + 1) é um ampo gradiente porque F = ∇f onde


f (x, y, z) = xyz + x + y + x. Assim f é um poten ial para F .
Teorema 1.4. Sejam C uma urva em R3 (R2 ), F : R3 (R2 ) → R3 (R2 ) um ampo gradiente ontínuo em R3 (R2 ),
f uma função poten ial de F e r : [a, b] → R3 (R2 ) uma parametrização de C . Então C F ·ds = f (r(b))−f (r(a)).
R

Demonstração:
R R Rb
Como f é função poten ial de F então F = ∇f . Tem-se F · ds = ∇f · ds = ∇f (r(t)) · r ′ (t)dt =
Rb Rb d C C a

a
Df (r(t)) · Dr(t)dt = a dt (f ◦ r)(t)dt = f (r(b) − f (r(a)). ⋄
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Observação 1.14. Interpretando um ampo F : R3 → R3 omo um ampo de forças diz-se que o ampo F é
onservativo se o trabalho realizado por F ao deslo ar uma partí ula de um ponto A ao ponto B ao longo de
uma urva C não depender da urva utilizada para transportar a parti ula de A para B mas apenas de A e B .
Denição 1.16. Diz-se que um ampo F : R3 → R3 ontínuo em R3 é onservativo se e só se quaisquer que
sejam Ros pontos ARe B ∈ R e quaisquer que seja as urvas C1 e C2 a unir A a B orientadas de A para B
3

então C1 F · ds = C2 F · ds.
Denição 1.17. Diz-se que um ampo F : R2 → R2 ontínuo em R3 é onservativo se e só se quaisquer que
sejam Ros pontos ARe B ∈ R e quaisquer que seja as urvas C1 e C2 a unir A a B orientadas de A para B
2

então C1 F · ds = C2 F · ds.
Observação 1.15. Interpretando um ampo F : R3 → R3 omo um ampo de forças diz-se que o ampo F é
onservativo se o trabalho realizado por F ao deslo ar uma partí ula de um ponto A ao ponto B ao longo de
uma urva C não depender da urva utilizada para transportar a parti ula de A para B mas apenas de A e B .
Denição 1.18. Diz-se que um ampo F : R3 → R3 ontínuo em R3 é onservativo se e só se quaisquer que
sejam Ros pontos ARe B ∈ R e quaisquer que seja as urvas C1 e C2 a unir A a B orientadas de A para B
3

então C1 F · ds = C2 F · ds.
Denição 1.19. Diz-se que um ampo F : R2 → R2 ontínuo em R3 é onservativo se e só se quaisquer que
sejam Ros pontos ARe B ∈ R e quaisquer que seja as urvas C1 e C2 a unir A a B orientadas de A para B
2

então C1 F · ds = C2 F · ds.
Teorema 1.5. (Campos onservativos) Seja F : Rn → Rn (n ≤ 3) um ampo vetorial de lasse C 1 . As
seguintes ondições são equivalentes:
(i) Para qualquer urva simples fe hada orientada C , F · ds = 0.
R
C

(ii) Para quaisquer duas urvas orientadas C1 e C2 om os mesmos extremos então F · ds.
R R
C1
F · ds = C2

(iii) F é o gradiente de alguma função f , ou seja F = ∇f .


(iv) ∇ × F = 0
Se o ampo F é onservativo então veri a qualquer uma das propriedades (i) a (iv).
Observação 1.16. Para ver a demonstração deste teorema ver página 495 do livro Vetor Cal ulus da bibli-
ograa prin ipal da adeira.
Observação 1.17. O domínio onde estão denidas todas as funções envolvidas no teorema 1.5 e onde está a
urva C pode não ser Rn , n ≤ 3, mas sim um onjunto aberto simplesmente onexo de Rn 2 .
Teorema 1.6. Teorema de Green. Seja D uma região do tipo 3 de R2 (ver gura 10) e seja C a sua
fronteira, suponha que P : D → R e Q : D → R são funções de lasse C 1 então
ZZ  
∂Q ∂P
Z
(P, Q) · ds = − dydx
C+ D ∂x ∂y

Observação 1.18. Para ver a demonstração deste teorema ver página 467 do livro Vetor Cal ulus da bibli-
ograa prin ipal da adeira.

2 Um onjunto U de Rn , n ≤ 3 diz-se simplesmente onexo se qualquer linha simples fe hada puder ser ontraída num ponto.
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Figura 10: Exemplo de região de R2 do tipo 3 onde se apli a o teorema de Green.

Exemplo 1.17. Considere o ampo ve torial F (x, y) = (−y 2 , −yx) de lasse C 1 . Use o teorema de Green
para al ular o integral de F ao longo da fronteira de D, onde
R D é denido por D = {(x, y) ∈ R : −1 ≤ x ≤
2

1 ∧ 2x ≤ y ≤ x + 1}, C , no sentido positivo (anti-horário), C + f.ds.


2 2

Resolução 2. Pretende-se al ular ∂D+ F.ds onde F é o ampo dado por F = (P, Q) om P (x, y) = −y 2 e
R

Q(x, y) = −yx, usando o teorema de Green, vem que


ZZ  
∂Q ∂P
Z
F.ds = − dydx
C+ D ∂x ∂y

. Assim,
ZZ   Z 1 Z x2 +1
∂Q ∂P
ZZ ZZ
− dydx = (−y + 2y)dydx = ydydx = ydydx
D ∂x ∂y D D −1 2x2
Z 1  2 x2 +1 1
1 1 2 −3x5 x3

y x 16
Z
2 2 2
= dx = [(x + 1) − (2x ) ]dx = + + = .
−1 2 2x2 2 −1 10 3 2 −1 15

2 Valor médio, massa, entros de massa e momentos de inér ia

Daqui em diante vamos supor que a densidade no ponto (x, y, z) é ρ(x, y, z).
Teorema 2.1. (valor médio) Seja C uma urva de Rn parametrizada por r então o valor médio de uma função
es alar real, fC ao longo da urva C é dado por
R
C f ds
fC =
l(C)
.
Denição 2.1. A massa total de uma urva C de R3 é dada por,
Z
m= ρds
C
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Figura 11: semi- ir ulo

Exemplo 2.1. Cal ule a massa total de um o om a forma de um semi- ír ulo de raio a entrado na origem
onsiderando que a densidade de massa num ponto da urva é igual à sua distân ia à reta que passa pelos pontos
extremos do o.
A distân ia de um ponto P à referida reta é igual à sua ordenada. Assim ρ(x, y) = y . Uma parametrização
do semi- ír ulo é dadaR por r(t) R= (a cos(t),
R a sin(t)), t ∈ [0, π]. √
A massa total M = C ρds = C yds = 0π a sin(t)kr′ (t)kdt = · · · = 0π a sin(t) a2 dt = 2a2 π.
R

Denição 2.2. O Centro de massa de uma urva C de R3 é o ponto (x, y, z) tal que,
1
R
• x= M C xρds
1
R
• y= M C yρds
1
R
• z= M C zρds

Observação 2.1. O entro de massa de uma urva C uja densidade é ρ = 1 diz-se entro geométri o da
urva C .
Denição 2.3. Seja C uma urva de Rn , os momentos de inér ia, Ix , Iy e Iz de C relativamente aos eixos
xoordenados Ox, Oy e Oz de uma urva são denidos através das igualdades:
(y 2 + z 2 )ρds
RRR
• Ix = c

2
+ z 2 )ρds
RRR
• Iy = c (x

(x2 + y 2 )ρds
RRR
• Iz = c

Do mesmo modo se dene a massa, os entros de massa quando a urva C está em R2 apenas há uma ligeira
modi ação nos momentos de inér ia.
y 2 ρ(x, y)ds
RR
• Ix = c

2
RR
• Iy = c x ρ(x, y)ds
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3 Apêndi e

Nota: Sejam C uma urva e r : [a, b] ⊂ R → Rn uma parametrização de C . Diz-se que r é uma parametrização
regular por bo ados se existirem números reais t0 · · · , tm tais que t0 = a e tm = b e ti−1 < ti para i = 1, · · · m
e tal que r é uma parametrização regular em ]ti−1 , ti [ para i = 1, · · · , m. Podemos estender todas as
denições para urvas que admitam parametrizações regulares por bo ados.

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