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Processos Mecânicos de Conformação – CET046

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS – Versão 2009-2

1 Forjamento (Forging) ............................................................................................................ 1


1.1 Definição............................................................................................................................ 1
1.2 Nomenclatura do processo:................................................................................................ 3
1.3 Classificação ...................................................................................................................... 4
1.4 Equipamento para forjar .................................................................................................... 4
1.5 Considerações .................................................................................................................... 6
1.6 Carga para forjar ................................................................................................................ 7
1.7 Defeitos no forjamento ...................................................................................................... 7

Índice de figuras
Figura 1. Representação de uma peça forjada. 1
Figura 2. Exemplo de peças forjadas. 2
Figura 3. Temperatura de forjamento a quente de aços de baixa liga. 2
Figura 4. Forjamento a quente (matriz aberta) 3
Figura 5. Linhas de fluxo ou estrutura de fibras em uma peça forjada. 3
Figura 6. Matriz para forjamento por impacto. 3
Figura 7. Etapas na fabricação de chaves de boca (matriz fechada) 4
Figura 8. Diagrama esquemático de equipamentos para forjar. 6
Figura 9. Influência do atrito no forjamento de tubos e anéis. 6
Figura 10. Forjamento de cilindros entre matrizes planas. 7

Índice de tabelas
Tabela 2. Velocidades de deformação para equipamentos de forjar. 4

1 Forjamento (Forging)
1.1 Definição
Forjamento é a denominação de um conjunto de processos e que a deformação plástica da
matéria prima é produzida pela aplicação de esforços não contínuos de compressão. Processo que
modifica tridimensionalmente a geometria de uma peça, através de esforços de compressão bi ou
tri-dimensionais, em aplicações únicas ou seqüenciais.
Produtos típicos são virabrequins, eixos, engrenagens, volantes de inércia, ferramentas manuais,
cabeças de parafusos, conforme apresentado na Figura 1 e na Figura 2 a seguir.

Figura 1. Representação de uma peça forjada.

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Figura 2. Exemplo de peças forjadas.

O forjamento pode ser realizado a temperatura ambiente (a frio ou cold work), em temperaturas
elevadas (a morno ou warm forging) ou a quente (hot work).
O forjamento a quente (Figura 4) refina a estrutura de grão e melhora as propriedades mecânicas
do metal. Na fase de projeto do processo, o fluxo dos grãos cristalinos pode ser orientado na direção
das tensões principais do produto. As propriedades mecânicas, como resistência, ductilidade e
tenacidade são significantemente melhoradas em relação à estrutura cristalina orientada
aleatoriamente (estrutura de solidificação).
A Figura 3 a seguir apresenta uma etapa do forjamento de um machado. A tonalidade amarela
corresponde a uma temperatura em torno de 950 ºC, adequada para o forjamento de aços de baixa
liga.

Figura 3. Temperatura de forjamento a quente de aços de baixa liga.

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Figura 4. Forjamento a quente (matriz aberta)

Figura 5. Linhas de fluxo ou estrutura de fibras em uma peça forjada.

A Figura 6 a seguir apresenta uma matriz para forjamento por impacto (a) e algumas peças
fabricadas por forjamento (b). São produzidos três pares de tesouras para chapas metálicas por
operação.

Figura 6. Matriz para forjamento por impacto.

1.2 Nomenclatura do processo:


 forjamento parcial (matriz aberta): aumento de comprimento e redução da seção transversal
 forjamento parcial (upsetting - matriz aberta): redução de comprimento e aumento da seção
transversal
 prensagem (squeezing ) (matriz fechada): alteração de comprimento e de seção transversal

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1.3 Classificação

Matriz aberta: a geometria (shape) da peça Matriz fechada: a geometria da peça é


é definida pela forma como as forças de definida pela geometria interna da matriz.
conformação são aplicadas (intensidade e
direção);

(à frio → h ≤ 3d)
d

Figura 7. Etapas na fabricação de chaves de boca (matriz fechada)

1.4 Equipamento para forjar


Os equipamentos para forjar são classificados, de acordo com a forma de obtenção da carga de
conformação, em martelos de forjamento, prensas mecânicas e prensas hidráulicas. Os martelos de
forjamento são os mais utilizados.
Para obter precisão dimensional adequada nos produtos forjados é necessário que o equipamento
tenha capacidade superior à carga necessária para a conformação e a precisão dimensional também
depende da rigidez do equipamento.
Uma variável importante na especificação de um equipamento de forjamento é a velocidade de
deformação produzida durante a aplicação da carga (velocidade sob pressão). Alguns valores típicos
de velocidade de deformação são apresentados na Tabela 1 a seguir:

Tabela 1. Velocidades de deformação para equipamentos de forjar.


Equipamento Velocidade de deformação
(m/s)
Martelo ( por gravidade) 3,6 a 4,8
Martelo (energizado) 3,0 a 9,0
Prensas mecânicas 0,06 a 1,5
Prensas hidráulicas 0,06 a 0,3
(Altan, 1973)

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1.4.1 Martelos (impacto)
A carga de forjamento é gerada pela aceleração da parte superior da ferramenta, pelo ação do
próprio peso ou com auxílio mecânico, como po r fricção ou pressão hidráulica. Para subir os
martelos são acionados por fricção (embreagens), por acionamento hidráulico, por parafusos de
acionamento ou mecanismos
 queda livre m.g.h → (½).m.v2 → energia de deformação
 energizados: são acelerados na descida, mas somente antes do contato com o metal a ser
conformado.
 o forjamento por impacto (martelos) é mais adequado para peças menores, tanto em
matiz fechada quanto aberta.
 a energia disponível para conformação mecânica é limitada, em função do espaço físico
disponível e das dimensões do equipamento.
 nos martelos energizados a energia de deformação pode ser controlada; nos martelos de
queda livre este parâmetro é fixo (a altura de liberação do martelo não é regulável).
 o tempo de contato entre a peça e a ferramenta é da ordem de 1 a 10 ms.
1.4.2 Prensas
A aplicação de pressão é feita após o contato da matriz com a ferramenta, aumentando
gradualmente até o fim da conformação. Podem ser utilizadas para peças maiores e resultam
em estrutura cristalina mais homogênea (o que não significa necessariamente propriedades
mecânicas melhores ou piores).
 Prensas mecânicas: apresentam curso limitado e sua capacidade é definida em função da
carga que pode ser aplicada em cada ponto do trajeto da ferramenta;
 Prensas hidráulicas: capacidade de conformação limitada pela máxima pressão
disponível, entretanto a presão máxima pode ser obtida em qualquer ponto do curso de
conformação. A velocidade pode ser controlada durante a deformação, podendo ser
fixada em determinado valor ao longo de todo o curso ou variar ao longo deste curso.
 Prensas excêntricas: são as prensas mais utilizadas. O movimento de rotação dos
volantes de inércia é transformado em deslocamento linear alternativo (vai e vem) da
ferramenta. O tempo de cotanto peça-matriz é menor que nos outros tipos de prensa e a
pressão varia ao longo do curso, sendo máxima a 1/8 do curso a partir da posição mais
baixa da ferramenta. Como a energia de deformação é sempre a mesma para um
determinado equipamento, peças que requerem preformagem e acabamento necessitam
duas prensas para sua produção.
1.4.3 Comparação entre os equipamentos
Prensas:
 custo das ferramentas é menor, em função de requerem menor resistência ao impacto;
 maior custo inicial do equipamento é maior;
 tempo de contato entre matriz e peça é maior, o que representa maior desgaste das
ferramentas e pode resultar em danos para tanto para a matriz quanto para o produto;
 o acabamento e as precisões dimensionais das peças são melhores;
 as prensas hidráulicas em geral apresentam problemas de vazamento de óleo;
 produzem menos impacto no solo, vibrações e ruído que os martelos (este problema
pode ser minimizado com martelos de dupla ação, em que tanto a parte superior quanto a
parte inferior da matriz são impulsionadas para conformar o produto, fazendo com que
praticamente toda a energia dos martelos seja absorvida pela peça e não pela fundação
do equipamento;
 o custo inicial das prensas hidráulicas é maior que os das prensas mecânicas, para uma
determinada capacidade;

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descer discos de
fricção

}m haste

h subir

Martelo de Prensa Prensa ou martelo Martelo (fricção)


queda livre Excêntrica hidráulico
(nos martelos a pressão
hidráulica acelera a descida)
Figura 8. Diagrama esquemático de equipamentos para forjar.

1.5 Considerações
a. atrito
(sem atrito – ideal)

(com atrito – real)

b. Formatos complicados: seções de geometria complicada ou com variações bruscas na


geometria são colocadas na direção 1-1, em que o fluxo de material (ou a deformação) é
maior.
1

2 2

c. Conformação de tubos ou anéis

d0 d1

Baixo atrito d1 > d0

d1

d1 < d0
Atrito elevado

Figura 9. Influência do atrito no forjamento de tubos e anéis.

d. Rebarba (flash) – no forjamento em matriz fechada sempre sempre deverá haver rebarba,
com as seguintes funções:

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• atuar como válvula de alívio, limitando a pressão máxima no interior da matriz;
• auxilia no preenchimento completo da matriz, favorecendo a obtenção da
geometria especificada. A localização dos canais de rebarba é considerada no
projeto da matriz, de forma que fiquem em regiões de geometria mais
complicada.
e. Forjamento em temperaturas elevadas
• a oxidação atua como lubrificante e isolante térmico. Serragem pode ser utilizada
para as funções acima;
• para forjar em temperaturas elevadas, especialmente acima de 1100 ºC, deve-se
aquecer a matriz pelo menos a 300 ºC, para proteger contra fadiga térmica.

1.6 Carga para forjar


Considerando a condição forjamento em matriz aberta, sem atrito, para o caso simples de um
cilindro entre duas matrizes planas.
σ = k . εn [1]
σ=F/A [2]
[2] em [1] → F / A = k . εn
ou F = k . εn . A
Φ0
como o volume permanece
h0 constante na deformação plástica:
Φ A0.L0 = A.L → A = A0.L0 / L
n
h ∴ F = k . ε . A0.L0 / L
ainda: ε = ln (L/L0)
F = k . [ln (L/L0)]n . A0.L0 / L
Figura 10. Forjamento de cilindros entre matrizes planas. considerando o atrito (β):

Relação tensão/deformação no regime plástico n

(entre o início do escoamento e a carga máxima) β ⋅ k ⋅ A0 ⋅ L0 ⋅ ln L L 


σ = k . εn Fat =   0 
n – coeficiente de encruamento L
k – deformação para ε = 1 β ≅ 2 para forjamento simples de
cilindros entre placas paralelas.

Para o forjamento em matriz fechada, os cálculos mais complexos. Na indústria são aplicados
cálculos simplificados:

F = σ ⋅ AT ⋅ C

onde At é a área da seção transversal de forjamento, na região de junção entre as matrizes,


incluindo a rebarba.
C = fator de forma, que depende da complexidade da geometria a ser forjada
• C ≅ 1,2 a 2,5 forjamento de cilindros entre matrizes planas
• C≅3a8 forjamento em matriz fechada, geometria simples e com rebarba
• C ≅ 8 a 12 forjamento de formas complexas

1.7 Defeitos no forjamento


Durante a conformação por forjamento, fases secundárias ou inclusões presentes no material da
peça, são orientadas segundo a direção de fluxo do metal. As linhas de fluxo ou estrutura de fibras
que se forma pode ser observadas por macroscopia. Esta é uma característica de todos os processos
de forjamento e não deve ser considerada um defeito. Entretanto, a estrutura de fibras reduz a

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ductilidade e a resistência em fadiga na direção normal ao fluxo principal (direção transversal). Para
obter um balanço adequado entre as estas propriedades nas duas direções (normal e transversal ao
fluxo), a quantidade de deformação é limitada a valores entre 50 e 70% de redução da seção
transversal.

 Trincas superficiais
• Deformação excessiva da superfície em temperaturas inferiores às especificadas
(troca de calor com a ferramenta)
• Tensões secundárias de tração , por exemplo devidas ao atrito,
 Trincas internas – mais comum em matrizes abertas, em função de tensões
circunferenciais de tração, que podem ser geradas pelo atrito durante a conformação de
peças cilíndricas. A utilização de matrizes côncavas minimiza este efeito.
 Fragilidade a quente (presença de enxofre na atmosfera do forno ou na composição da
peça). Utilizar aços com Mn.
 Trinca na raiz da rebarba. Aumentar a espessura da rebarba, deslocar para regiões menos
críticas ou remover a rebarba a quente (melhor)
 Dobras frias – descontinuidades formadas por fluxo incorreto no preenchimento da
matriz, ocorrendo o dobramento de duas superfícies da peça sem que ocorra a união entre
elas (soldagem). A correção é obtida alteração na forma de preenchimento da matriz,
controle do atrito e eliminação de cantos vivos.
 Matriz fechada: preenchimento incompleto da matriz por geometrias complicadas ou
devido a resíduos de lubrificantes (microesferas de vidro, por exemplo)

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