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Aços Inoxidáveis
Aços Inoxidáveis
Aços Inoxidáveis
A essa liga ele denominou “Stainless Steel”, ou seja, “aço sem manchas”.
Brearly quis dizer que esse aço não era atacado ou “manchado” quando submetido
aos ataques metalográficos da época. No Brasil este aço recebeu a denominação
de inoxidável muito embora o que garanta a resistência contra a corrosão da liga
seja justamente o óxido formado.
No mesmo ano, na Alemanha, Eduard Maurer mencionou que uma liga Fe-Cr
elaborada por Beno Strauss resistiu por vários meses aos vapores agressivos do
laboratório em que trabalhavam.
ASPECTOS DA CORROSÃO
A corrosão pode ser considerada como a deterioração gradual e contínua de
um metal pela ação química ou eletroquímica do meio ambiente, aliada ou não a
esforços mecânicos. A velocidade de ataque e sua extensão dependem não só da
natureza do meio, como também do tipo de metal ou liga sofrendo a ação corrosiva.
Algumas das principais dúvidas relacionadas à corrosão estão apresentadas a
seguir na forma de perguntas e respostas.
1 - O que é corrosão ?
A corrosão é um fenômeno superficial que envolve a reação entre o material e o meio,
durante um tempo suficiente para que haja a degradação do comportamento do material.
Os danos podem ser superficiais, com ou sem a deposição visível dos produtos da reação
com o meio, ou internos, necessariamente sem a presença dos produtos de corrosão.
Como mencionado acima a corrosão envolve a reação entre o material e o meio, de forma
que a propriedade de resistência à corrosão não é intrínseca ao material, e sim à
combinação material x meio, existindo ainda outra variável muito importante que é a
temperatura. Logo, antes de selecionar um material para um equipamento resistente à
corrosão deve-se sempre considerar as características específicas do meio ao qual o
material deverá resistir.
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2 - Quais são os principais tipos de meios que favorecem a corrosão?
Os principais problemas de corrosão estão associados a:
• meios aquosos, que são os responsáveis pela maior parte dos problemas de corrosão e
que incluem águas naturais ou tratadas, chuva, atmosfera úmida, além das milhares de
soluções aquosas em processos industriais;
• metais líquidos e sais fundidos; e
• gases (normalmente em elevada temperatura).
Figura 1
Dupla camada que se forma na superfície de um metal quando este entra em contato com
um meio aquoso, conferindo ao sistema material x meio um potencial medido em relação a
um eletrodo de referência.
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Dependendo de diversas condições, entre elas o pH do meio (acidez) e o potencial do
sistema, um material metálico pode assumir em meio aquoso um dos seguintes estados de
equilíbrio (previstos termodinamicamente pelos diagramas de Pourbaix):
1. ATIVO
2. PASSIVO
3. ESTÁVEL
• para potenciais muito baixos o material se apresenta estável e não reage com o meio
(muito embora possam estar ocorrendo diversas reações em sua superfície), o que
significa que não existe a possibilidade de ocorrer degradação do material. Este estado
estável pode existir em um aço ao carbono quando se aplica proteção catódica, por
exemplo com anodos de sacrifício ou corrente impressa, pois se leva o material a um
potencial mais negativo, o que significa que existem elétrons de sobra para suprir as
reações em sua superfície sem que haja uma perda de seus próprios elétrons;
• para potenciais mais altos, em pH alcalino, o material forma uma película de óxido que
pode protegê-lo do meio (tornando-o passivo). Este estado passivo pode ser verificado
em aços ao carbono em quase todas as condições industriais onde se utiliza água
tratada em sistemas fechados. Usualmente os tratamentos de água são realizados com
produtos que formam uma película protetora na superfície de tubos ou equipamentos,
com vistas a passivar os materiais, mas sempre com o cuidado de não alcalinizar demais
a água para não favorecer encrustações. A corrosão em materiais que passivam é
pontual e a mais crítica pois a falha pode ocorrer antes de que se possa detectar o
processo corrosivo.
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Figura 2 - Diagrama de Pourbaix esquemático mostrando as regiões onde o ferro se
apresenta nos estados estável, ativo e passivo, dependendo do potencial e do pH do meio.
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6 - Quais os principais efeitos que levam à corrosão localizada?
A barreira protetora pode ser rompida por diferentes tipos de efeitos, a saber:
• efeitos metalúrgicos, quando existem regiões do material que não formam a película
protetora, como em precipitados que fazem com que os óxidos percam a estabilidade. A
corrosão intergranular do aço inox ou de ligas de alumínio é um bom exemplo;
• efeitos de superfície, como por exemplo quando existem condições de erosão (com a
remoção do óxido passivo); quando o meio favorece a redução localizada do óxido (por
exemplo a corrosão por pites em meios redutores) ou quando existem depósitos na
superfície onde a corrosão por frestas (ou crevice) é um bom exemplo;
• efeitos de tensão, onde devido à tensão trativa atuante existe uma deformação e
quebra localizada do óxido passivo. Podem ser tensões trativas estáticas (corrosão-sob-
tensão) ou cíclicas (corrosão-fadiga). Existe ainda um tipo de corrosão sob tensão que é
até difícil de entender como corrosão, pois seus efeitos são internos ao material, porém
gerados por um processo corrosivo na superfície, aliado às tensões trativas e presença
de estrutura endurecida. É a fragilização pelo hidrogênio, que causa trincas internas no
material (com os mesmos mecanismos da trinca a frio da solda), mas cuja a origem do
hidrogênio é proveniente do processo corrosivo.
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para trabalho em meio agressivo devem ser muito maiores, e principalmente que o
procedimento deve ser bem selecionado e a qualificação deve contar com testes de
corrosão, pois se a soldagem realizada não for aquela adequada para garantir a resistência
à corrosão do equipamento, você somente saberá quando seu equipamento já estiver
degradado.
Além disso o fornecedor de qualquer equipamento que opera em meio agressivo deve
tomar o cuidado de fornecer ao seu cliente métodos de manutenção e conservação do
equipamento.
Referências básicas: ASM Handbook Volume 13 “Corrosion” ; NACE MR 0175.
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RESISTÊNCIA À CORROSÃO DOS INOXIDÁVEIS
Como visto anteriormente alguns metais e ligas permanecem inalterados no
meio circunvizinho, pela formação de uma película superficial que garante sua
passividade.
A natureza da passividade dos metais é ainda hoje objeto de discussão. A
teoria original é ainda a mais aceita é justamente a que liga a inalterabilidade
adquirida pelo material sujeito à ação do meio corrosivo à formação de uma
“camada ou película de óxido” no momento em que for exposto ao meio.
O ferro ou aço ao carbono não se caracterizam normalmente por serem
passivos, entretanto a passividade pode lhes ser conferida pela introdução de
elementos de liga.
Contrariamente ao que se poderia pensar não são os metais mais nobres
(ouro, prata ou platina) que promovem a inoxibilidade, mas o cromo, o níquel e em
menor grau o cobre, o molibdênio e o alumínio são os metais que conferem as
melhores propriedades de resistência à corrosão, pois podem em condições
economicamente viáveis favorecer a formação da película protetora sobre o aço.
Os aços inoxidáveis são portanto:
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Os principais fatores que influenciam a passividade dos aços inoxidáveis são:
• composição química
• condições de oxidação
• susceptibilidade à corrosão localizada
• condições de superfícies, tensões, fenômenos galvânicos.
COMPOSIÇÃO QUÍMICA
O cromo é o elemento mais importante para favorecer a passividade, sendo
necessário um mínimo de 10% e podendo chegar até teores na ordem de 30%.
O níquel também melhora a resistência à corrosão em soluções neutras de
cloretos e ácidos de baixa capacidade de oxidação, e é utilizado para estabilizar a
fase austenítica quando em teores maiores do que 6%.
O carbono, sempre presente nos aços, diminui ligeiramente a resistência a
corrosão quando no estado dissolvido e decresce-a apreciavelmente quando na
forma de carbonetos uniformemente distribuídos; porém na forma de carbonetos em
contornos de grão causa a completa desintegração dos inoxidáveis.
Podem ainda ser adicionados:
O molibdênio que aumenta a passividade e a resistência à corrosão em
altas temperaturas e na água do mar.
O cobre que melhora a resistência à corrosão em ácido sulfúrico;
O silício que melhora a resistência à oxidação em altas temperaturas.
O manganês que por vezes é utilizado como substituto ao níquel.
O nióbio e titânio que evitam a corrosão intergranular, estabilizando o aço.
CONDIÇÕES DE OXIDAÇÃO
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SUSCEPTIBILIDADE À CORROSÃO POR PITES
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Figura 4 - Sistemas Fe-Ni e Fe-Cr.
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AÇOS INOXIDÁVEIS MARTENSÍTICOS
Estes aços se caracterizam por serem basicamente ligas Fe-C-Cr, contendo
cromo entre 11,5% e 18%, endurecíveis por transformação martensítica em têmpera
a partir do campo austenítico ilustrado na figura 8.
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Figura 9 - Principais tipos de inoxidáveis martensíticos padronizados.
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A tabela 2 apresenta as composições químicas e aplicações de alguns inoxidáveis martensíticos.
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Características importantes destes aços:
• são ferro magnéticos;
• podem ser facilmente trabalhados, tanto a quente como a frio, sobretudo quando
o teor de carbono for baixo;
• apresentam resistência à corrosão relativamente boa quando expostos ao tempo
e a ação da água, porém esta resistência fica prejudicada quando o teor de
carbono aumenta.
• normalmente não são susceptíveis à precipitação de carbonetos em contornos
de grão;
• o níquel melhora a sua resistência à corrosão;
• a têmpera melhora a resistência a corrosão pois contribui para evitar a
possibilidade de precipitação de carbonetos.
Outro fator que deve ser mencionado em relação aos aços inoxidáveis
martensíticos diz respeito ao fenômeno de fragilização induzida pelo hidrogênio,
principalmente com dureza elevada. Essa fragilização pode ocorrer durante a fusão
do aço; durante os tratamentos térmicos e químicos ou eletroquímicos; durante a
soldagem ou durante o serviço em meio corrosivo ou com proteção catódica.
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AÇOS INOXIDÁVEIS FERRÍTICOS
Este tipo de aço apresenta o cromo em teores bem maiores do que os
inoxidáveis austeníticos, como pode-se observar na figura 10.
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Figura 11 – Principais tipos de inoxidáveis ferríticos padronizados.
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A tabela 3 apresenta composições químicas e aplicações de alguns
inoxidáveis ferríticos.
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AÇOS INOXIDÁVEIS AUSTENÍTICOS
São os mais importantes entre os aços inoxidáveis. Apresentam
simultaneamente cromo e níquel, o cromo variando entre 16 e 26% e o níquel entre
6 e 22%, sendo os mais populares os 18-8.
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A figura 13 apresenta os principais tipos de inoxidáveis austeníticos
padronizados, e a tabela 4 algumas características de composição química e
aplicações de inoxidáveis austeníticos.
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Tabela 4 – Composição química e aplicações de inoxidáveis austeníticos.
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Principais características destes aços:
• são não-magnéticos;
• são não-endurecíveis;
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Tabela 6 – Propriedades de alguns aços endurecíveis por precipitação.
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SOLDABILIDADE DOS AÇOS INOXIDÁVEIS
Existe uma grande variedade de tipos de aços cujas características
determinam sua SOLDABILIDADE. Serão apresentados para estes materiais os
principais problemas metalúrgicos relacionados à susceptibilidade ao trincamento e
à perda de propriedades mecânicas e de resistência à corrosão.
SUSCEPTIBILIDADE AO TRINCAMENTO
trincas a quente
trincas a frio
trincas de reaquecimento
PERDA DE PROPRIEDADES
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INOXIDÁVEL FERRÍTICO
O aço inoxidável ferrítico é uma liga de Fe-Cr com baixo teor de carbono, que
solidifica na forma de ferrita delta e que e que não apresenta transformações de
fases no resfriamento (a fase sigma só aparece quando existem condições de
tempo longo e temperatura elevada). Para este material o único tipo de
transformação metalúrgica decorrente dos ciclos de soldagem é o crescimento
exagerado de grãos na região da ZTA próxima do MS.
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INOXIDÁVEL MARTENSÍTICO
Os aços inoxidáveis martensíticos são ligas Fe-“baixo” Cr - C que apresentam
microestrutura martensítica por efeito de tratamento térmico de têmpera. A elevada
dureza é um requisito indispensável e a soldagem não deve ser realizada utilizando
procedimentos que procurem reduzi-la em excesso.
Este tipo de aço pode apresentar, por efeito dos ciclos térmicos de soldagem,
fragilizações em regiões da ZTA próximas do MS (martensita tensionada, não
revenida) na condição como soldado; e amaciamento em regiões da ZTA mais
afastadas (super-revenimento da martensita), figura 14.
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São indicados para este tipo de aço:
INOXIDÁVEL AUSTENÍTICO
Os aços inoxidáveis austeníticos são ligas Fe-C-Cr-Ni que se apresentam na
forma austenítica a temperatura ambiente pelo efeito do Ni na estabilização da fase
CFC (cúbica de corpo centrada)
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A grande afinidade do Cr com o C favorece a formação de carbonetos de
cromo, chamada sensitização, que torna o aço susceptível à corrosão localizada
(intergranular) pois a formação de carbonetos em regiões localizadas (contornos de
grão) causa o empobrecimento de cromo na matriz austenítica ao redor dos
carbonetos, destruindo a inoxibilidade pontualmente pois o óxido formado na
superfície do componente próximo a estas regiões não apresenta o teor mínimo de
cromo necessário para passivar o óxido.
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PROCEDIMENTOS DE SOLDAGEM
Processos
Os aços inoxidáveis podem ser soldados pela maioria dos processos embora
um criteriosa avaliação de sua aplicabilidade seja necessária a cada caso.
Limpeza da Junta
SOLDAGEM DISSIMILAR
A previsão da microestrutura e composição química do metal de solda
formado na soldagem dissimilar de aços pode ser prevista com o auxílio do
Diagrama de Schaeffler (figura 16).
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Figura 16 – Diagrama de Schaeffler
BIBLIOGRAFIA
ASM Metals Handbook; Volume 1; 10a Edição.
Castro e Cadenet; “Welding Metalurgy of Stainless and Heat Resisting Steels”;
cambridge University Press, USA , 1975.
AWS Welding Handbook; Volume 4;8a Edição
página 30