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ENGENHARIA DE ALIMENTOS
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
ENGENHARIA BIOQUÍMICA
PROF. DR. JORGE ALBERTO VIEIRA COSTA
FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA
RIO GRANDE – RS
NOVEMBRO – 2000
2
SUMÁRIO
1 Introdução.......................................................................................................... 5
2 Objetivos............................................................................................................ 6
3 Revisão Bibliográfica.........................................................................................6
3.1 Matérias Primas da Fermentação Alcoólica................................................6
3.2 Agentes da Fermentação Alcoólica............................................................7
3.3 Preparo do Inóculo.....................................................................................9
3.4 Preparo e ajuste do mosto- Estequiometria do processo..........................11
3.4.1 Teor de açúcares fermentáveis............................................................11
3.4.2 Acidez e pH do mosto..........................................................................13
3.4.3 Temperatura.........................................................................................13
3.4.4 Nutrientes.............................................................................................13
3.5 Adição de Antissépticos e Esterilização....................................................14
3.6 Cinética de Fermentação Alcoólica..........................................................15
3.7 Condução da Fermentação Alcoólica.......................................................16
3.7.1 Processo Descontínuo.........................................................................16
3.8 Acidentes na fermentação alcoólica.........................................................17
3.9 Controle da fermentação..........................................................................18
3.10 Subprodutos da Fermentação Alcoólica...................................................19
4 Metodologia.....................................................................................................20
4.1 Composição do Substrato........................................................................20
4.2 Microrganismo e Concentração de Inóculo...............................................20
4.3 Sistema de Fermentação..........................................................................20
4.4 Acompanhamento da Fermentação..........................................................21
4.4.1 Controle de pH.....................................................................................21
4.4.2 Concentração de Biomassa..................................................................21
4.4.3 Concentração de Açúcares no meio.....................................................22
4.4.4 Concentração e perfil de álcoois..........................................................23
5 Resultados.......................................................................................................24
5.1 Curva Padrão de Glicose..........................................................................24
5.2 Curva Padrão de Biomassa......................................................................25
5.3 Acompanhamento da Fermentação..........................................................27
5.4 Determinação das Velocidades Específicas e Fatores de Conversão......36
6 Discussão........................................................................................................41
7 Conclusão........................................................................................................43
3
8 Bibliografia.......................................................................................................44
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
As matérias primas mais importantes que são utilizadas no Brasil, por serem
diretamente fermentáveis, são o melaço e o caldo de cana-de-açúcar, sendo ambas
sacarídicas.
Dependendo da maturação e da variedade da cana, esta fornece em média 70-75%
de caldo, diretamente fermentável ou industrializável para açúcar.
O teor em açúcares do caldo costuma ser controlado no Brasil, pela medida do
ºBrix, em cuja escala, cada grau representa g de Sacarose por 100g de solução ou caldo,
indicando, portanto, % peso/peso. Entretanto, pela presença de outros sólidos que não os
açúcares, a leitura fornece o teor de sólidos totais, muito aproximado, embora, ao teor de
açúcares fermentáveis.
No Brasil, a cana é considerada madura quando o caldo tem as seguintes
características: Brix mínimo de 18º (expressa em sólidos totais ou matéria seca, %),
polarização de 15,3% (sacarose aparente), açúcares redutores máximo de 1% (glicose e
frutose, ou seja, açúcar invertido), pureza de 85% (relação sacarose, da polarização: sólidos
totais ou ºBrix).
A cana-de-açúcar cortada preferencialmente a não mais de 48 a 72 horas, chega à
usina, onde é pesada, lavada e encaminhada às moendas, para extração do caldo. A
moagem é auxiliada por embebição de água, o que favorece a extração, não devendo a
água ultrapassar a diluição que se pretende dar ao caldo de cana para a fermentação
alcoólica posterior, quando deve situar-se entre 12 e 18ºBrix.
O caldo obtido é filtrado ou peneirado por peneiras vibratórias, separando-se o
bagacilho, o qual pode ser retornado às moendas e dali às caldeiras, onde é queimado
juntamente com o bagaço sobre grelhas especiais, dado o seu teor de umidade (50%).
7
Nas usinas mais modernas, o caldo reunido de todas moendas é bombeado para
um sistema de aquecimento em contracorrente, elevando-se a sua temperatura até 105ºC,
com a finalidade de clarificá-lo, pela precipitação de proteínas, de natureza coloidal, que
formariam espuma durante a fermentação, obrigando a baixar o volume útil das dornas. O
pH da cana madura se situa entre 5,2 e 5,8, inferior ao ponto isoelétrico das citadas
proteínas. Por isso, eleva-se o pH para cerca de 6,5 por adição de leite de cal, decantando-
se o precipitado, por repouso. A separação se faz por filtração a vácuo.
O caldo também pode ser concentrado até um xarope de cana, com 70 a 75% de
açúcar fermentável, em evaporadores de três estágios, sob vácuo, podendo assim ser
estocado para uso na entre-safra. Além de possuírem maior concentração de açúcares
fermentáveis, os xaropes têm a vantagem de terem menos sólidos não fermentáveis do que
os melaços.
O melaço é o subproduto da fabricação do açúcar, sendo um xarope consistente e
grosso, de cor pardo-negra, decorrente da caramelização por efeito da temperatura de
cozimento e concentração do caldo de cana. É resultante da centrifugação dos cristais de
açúcar provenientes dos cristalizadores, sendo o resíduo não cristalizável dos mesmos.
Para usá-lo na fermentação alcoólica, basta promover sua diluição ao grau
apropriado, a qual pode ser feita com o vinhaço (resíduo da destilação) de partida anterior,
podendo o mosto comportar de 30 a 70% de vinhaço. Este fornece os nutrientes
necessários às leveduras, agentes da fermentação.
Outra matéria prima sacarídica com potencial no Brasil e que também é
diretamente fermentável é o caldo de variedades de sorgo, cujo cultivo visa à sacarose e
não ao grão. Trata-se de sorgos chamados sacaríneos, ou sorgos doces.
Em condições ótimas, uma levedura pode originar uma célula filha após 45 minutos,
contudo, o tempo é, em geral, de 90 a 120 minutos.
Para a fermentação alcoólica, as espécies de maior interesse industrial são
Saccharomyces cerevisiae, S.pombae e S.fragilis, usadas na produção do álcool e de
bebidas alcoólicas em geral: S.ellipsoideus, usadas na produção de vinhos e S.uvarum e
S.cerevisiae, na produção de cervejas.
Designam-se como Leveduras Cultivadas aquelas que têm maior poder
fermentativo, o qual foi adquirido através de inúmeras mutações ou por hibridação por
mutações induzidas ou por engenharia genética. As leveduras cultivadas fermentam muito
bem as hexoses, D-glicose, D-frutose e D-manose. Depois de alguma adaptação, também
fermentam a D-galactose. Todas dispõe de invertase, e por isso fermentam a sacarose.
Quanto à fisiologia, as leveduras utilizam o carbono, preferentemente o dos
carboidratos, mas também o de ácidos orgânicos, de álcoois e de aminoácidos; o nitrogênio,
preferentemente de sais amoniacais, mas também o de aminoácidos, peptonas e peptídeos
de baixo peso molecular. Apenas alguns elementos inorgânicos devem ser supridos às
células, para crescimento apropriado: P, K, Mg, Na, S, Fe, Cu e Zn, os últimos três como
elementos-traço.
As leveduras são mesófilas, crescendo e metabolizando bem entre 28 e 38ºC. A
temperatura letal se encontra em torno de 50-60ºC para a maioria das leveduras
esporógenas. Leveduras prensadas, com 25% de água, podem tolerar secagem ao ar
quente entre 35-40ºC, até atingir 10 a 12% de água. As temperaturas baixas são bem
toleradas pelas leveduras.
A tolerância ao álcool está limitada a um máximo de 110g ou 137mL por litro de
mosto.
Quanto ao pH, as leveduras apresentam uma faixa larga de otimização, entre 4-6.
O limite inferior é mais baixo do que aquele de bactérias típicas, o que muitas vezes limita a
concorrência pelo substrato.
As leveduras sintetizam suas vitaminas, pelo que se prescinde delas no meio de
cultivo. Suas células são ricas em vitaminas do complexo B.
Em relação ao oxigênio, são anaeróbias facultativas, quando fermentam
carboidratos. Pela aeração, contudo, seu metabolismo é oxidativo e elas consomem o
açúcar para se reproduzir intensamente, não formando álcool. É chamado Efeito Pasteur: as
células realizam o processo de respiração e não o de fermentação.
Bioquimicamente, se explica o efeito Pasteur como o resultado de maior
disponibilidade de oxigênio e ativação das enzimas oxidases, passando a glicólise à fase
aeróbia (Ciclo de Krebs), com maior liberação de energia, sob a forma de ATP, do que na
9
fase anaeróbia. Isto possibilita crescimento e reprodução celular, não havendo acúmulo de
ácido lático ou álcool.
A reprodução celular em condições aeróbias, depende no entanto, da
disponibilidade de glicose. Em concentração acima de 3,0%, a glicose atua como repressora
da síntese das enzimas respiratórias, havendo crescente atividade fermentativa, uma vez
que o oxigênio é consumido muito lentamente, até que a glicose tenha sido utilizada. Isto foi
chamado de contra efeito Pasteur, e é tido atualmente como um caso de repressão
catabólica/enzimática. A glicose, cuja oxidação fornece energia para a reprodução celular,
se existente em maior concentração, comanda a paralisação da síntese de enzimas
respiratórias e, com ela, a do consumo de oxigênio.
O aumento da concentração de glicose conduz à maior velocidade específica de
crescimento celular, mas reduz o rendimento em células; contrariamente ao que ocorre com
o aumento do fornecimento de oxigênio, justamente devido à formação de álcool, pelo
contra efeito Pasteur.
Na prática industrial das cervejarias e destilarias de bebidas alcoólicas, distinguem-
se dois tipos de leveduras, em decorrência da predominância de seu metabolismo em
relação ao oxigênio: as leveduras altas, as quais sobem à superfície, lá permanecendo em
forma de camada ou película uniforme, em formato de anel, preso às paredes do recipiente
e as leveduras baixas, que se desenvolvem no fundo e lá processam a transformação dos
açúcares em álcool. Por ação do CO2, sobem à superfície, sedimentando novamente no
final.
A concentração de açúcares no mosto deve ser tal que origine fermentados com
teores alcoólicos maiores que 8 a 9% em volume. Apenas linhagens selecionadas toleram
concentrações alcoólicas maiores. Além disso , concentrações superiores a 10%, em
volume, acarreta perda de etanol por evaporação, durante a centrifugação do mosto ou na
transferência deste, com a finalidade de encaminha-lo a destilação. Nesta concentração
alcoólica, a reprodução da levedura usada em destilarias cessa, e entra em diauxia a partir
de 11 a 12ºGL.
Para o ajuste dos açúcares fermentáveis no mosto e o cálculo do álcool
12
3.4.3 TEMPERATURA
3.4.4 NUTRIENTES
4 METODOLOGIA
Após a mistura dos componentes do meio ajustou-se o seu pH para faixa de 4,5-5,0
com Hidróxido de sódio ou Ácido sulfúrico, e em seguida esterilizou-se o meio à frio,
através de filtração em membrana (filtro milipore).
4.4.1 CONTROLE DE pH
Controlou-se o pH do meio de fermentação realizando-se a leitura a cada hora,
devendo esta, situar-se na faixa de 4,5-5,0. Nos casos em que o pH situou-se abaixo de 4,5
realizou-se a correção do mesmo utilizando-se solução de NH4OH 1,0N.
Foi obtida a partir de uma solução estoque de 0,5mg/mL de glicose padrão seca.
Numerou-se 10 tubos de ensaio e um branco e seguiu-se o procedimento colocado
na tabela 2.
5 RESULTADOS
y ax
Sendo: y=absorbância
X=concentração (mg/mL)
a= absortividade molar
xy
a
x2
OBS: A curva padrão foi construída apenas com 4 pontos, devido ao fato de que os
primeiros dois pontos da mesma, correspondentes às concentrações de 2,0 e 1,0g/L,
apresentaram absorbância muito superior a 1,0. Deveriam ter sido realizadas diluições
apropriadas, para estas duas concentrações.
200 1 5 .0
1 5 .0
160 1 2 .0
1 2 .0 C o n c e n tra ç ã o d e S u b s tra to (g / L)
C o n c e n t r a ç ã o d e B io m a s s a ( g / L )
9 .0 120 9 .0 G r a u s B r ix
6 .0 80 6 .0
3 .0 40 3 .0
0 .0 0 0 .0
B io m a s s a
0 .0 3 .0 6 .0 9 .0 1 2 .0 1 5 .0 1 8 .0 2 1 .0
te m p o (h ) S u b s tra to
º B r ix
200 1 5 .0
1 5 .0
1 2 .0 160 1 2 .0
C o n c e n tra ç ã o d e S u b s tra to (g / L )
C o n c e n t r a ç ã o d e B io m a s s a ( g / L )
9 .0 120 9 .0
G r a u s B r ix
6 .0 80 6 .0
3 .0 40 3 .0
0 .0 0 0 .0
B io m a s s a
0 .0 3 .0 6 .0 9 .0 1 2 .0 1 5 .0 1 8 .0 2 1 .0
te m p o (h ) S u b s tra to
º B r ix
200 1 5 .0
1 5 .0
160 1 2 .0
1 2 .0 C o n c e n tra ç ã o d e S u b s tra to (g / L )
C o n c e n t r a ç ã o d e B io m a s s a ( g / L )
9 .0 120 9 .0 G r a u s B r ix
6 .0 80 6 .0
3 .0 40 3 .0
0 .0 0 0 .0
B io m a s s a
0 .0 3 .0 6 .0 9 .0 1 2 .0 1 5 .0 1 8 .0 2 1 .0
te m p o (h ) S u b s tra to
º B r ix
240 1 5 .0
1 5 .0
200
1 2 .0
1 2 .0
C o n c e n tra ç ã o d e S u b s tra to (g / L )
C o n c e n t r a ç ã o d e B io m a s s a ( g / L )
160
9 .0 9 .0
G r a u s B r ix
120
6 .0 6 .0
80
3 .0 3 .0
40
0 .0 0 0 .0
B io m a s s a
0 .0 3 .0 6 .0 9 .0 1 2 .0 1 5 .0 1 8 .0 2 1 .0
te m p o (h ) S u b s tra to
º B r ix
1 6 .0 0
1 2 .0 0
C o n c e n t r a ç ã o C e lu la r ( g / L )
8 .0 0
4 .0 0
F e rm e n ta d o r 1
F e rm e n ta d o r 2
F e rm e n ta d o r 3
F e rm e n ta d o r 4
0 .0 0
0 .0 0 3 .0 0 6 .0 0 9 .0 0 1 2 .0 0 1 5 .0 0 1 8 .0 0 2 1 .0 0
te m p o (h )
2 4 0 .0 0
2 0 0 .0 0
C o n c e n tra ç ã o d e S u b s tra to (g / L )
1 6 0 .0 0
1 2 0 .0 0
8 0 .0 0
F e rm e n ta d o r 1
F e rm e n ta d o r 2
F e rm e n ta d o r 3
F e rm e n ta d o r 4
4 0 .0 0
0 .0 0 3 .0 0 6 .0 0 9 .0 0 1 2 .0 0 1 5 .0 0 1 8 .0 0
te m p o (h )
1 5 .0 0
1 2 .0 0
9 .0 0
B r ix
6 .0 0
3 .0 0
F e rm e n ta d o r 1
F e rm e n ta d o r 2
F e rm e n ta d o r 3
F e rm e n ta d o r 4
0 .0 0
0 .0 0 3 .0 0 6 .0 0 9 .0 0 1 2 .0 0 1 5 .0 0 1 8 .0 0
te m p o (h )
Uma vez que não foi possível obter os resultados para a concentração de etanol ao
longo do tempo de fermentação, os fatores de conversão de substrato em produto ( YP/S) e
de célula em produto (YP/X) não puderam ser determinados.
A partir dos resultados de concentração de substrato e de células no decorrer do
processo fermentativo, torna-se possível calcular apenas o fator de conversão de substrato
em célula (YX/S).
No que se refere às velocidades específicas, foram calculadas as velocidades
específicas de consumo de substrato (açúcares redutores) e crescimento celular. Isto foi
realizado através da determinação das derivadas em cada ponto (tempo), nas curvas de
concentração celular e concentração de substrato em função do tempo. Estas curvas foram
plotadas com os resultados colocados nas tabelas 5 a 8. Convém lembrar que a
determinação das derivadas foi realizada com o auxílio do software Microcal ORIGIN.
Entretanto, as derivadas em cada ponto nos fornecem as velocidades instantâneas,
sendo que para a determinação das velocidades específicas dividiu-se cada velocidade
instantânea pela respectiva concentração de biomassa, a qual foi determinada
anteriormente.
As tabelas 9 a 12 demonstram os resultados obtidos para as velocidades
instantâneas e específicas de crescimento celular e consumo de substrato (açúcares
redutores), para os quatro fermentadores.
0 .8 0
V e lo c id a d e E s p e c ífic a d e C r e s c im e n t o C e lu la r ( h -1 )
0 .6 0
0 .4 0
0 .2 0
0 .0 0
0 .0 0 3 .0 0 6 .0 0 9 .0 0 1 2 .0 0 1 5 .0 0 1 8 .0 0 2 1 .0 0
-0 .2 0
te m p o (h )
-0 .4 0
F e rm e n ta d o r 1
-0 .6 0 F e rm e n ta d o r 2
F e rm e n ta d o r 3
F e rm e n ta d o r 4
-0 .8 0
V e lo c id a d e E s p e c ífic a d e C o n s u m o d e S u b s t r a t o ( g s u b s / g b io m a s s a . h )
4 .0 0
3 .5 0
3 .0 0
2 .5 0
2 .0 0
1 .5 0
1 .0 0
F e rm e n ta d o r 1
0 .5 0 F e rm e n ta d o r 2
F e rm e n ta d o r 3
F e rm e n ta d o r 4
0 .0 0
0 .0 0 3 .0 0 6 .0 0 9 .0 0 1 2 .0 0 1 5 .0 0 1 8 .0 0
te m p o (h )
6 DISCUSSÃO
Desta forma torna-se difícil avaliar a cinética do processo, principalmente no que se refere
ao rendimento do mesmo, ou seja, ao fator de conversão de substrato em produto.
No entanto, observando-se os resultados expressos na tabela 8 e na figura 11, que
se referem ao fermentador 4 (Inóculo Uva Ferm), pode-se verificar que a transformação do
substrato em produto foi bastante lenta se comparada às fermentações realizadas com os
outros inóculos. A formação de produto (álcool) para este inóculo, durante as primeiras 12
horas foi praticamente nula, havendo no entanto, um aumento do consumo de substrato e
consequentemente de formação de produtos, a partir deste tempo de fermentação.
Observando-se a figura 14, que mostra a variação do ºBrix em função do tempo
para os quatro inóculos, podemos verificar que o comportamento dos inóculos 1 (Fleishman)
e 3 (Fermix) é muito semelhante no que se refere a diminuição do ºBrix e
consequentemente, transformação de substrato em produto. O inóculo 2 diferencia-se dos
inóculos 1 e 3, apresentando uma diminuição mais intensa do ºBrix. Porém, no tempo de 18
horas de fermentação, a concentração de substrato ficou em torno de 3,8 ºBrix para os 3
inóculos.
Observando-se a figura 13, que mostra as curvas da concentração de substrato
medidas através do método do 3,5 – DNS, pode-se verificar o mesmo comportamento
observado quando determinou-se a concentração de açúcares por medida do ºBrix.
Novamente, os inóculos 1, 2 e 3 apresentaram comportamento semelhante.
Torna-se importante comentar acerca dos resultados obtidos para a concentração
de substrato através dos dois métodos, uma vez que se observa uma diferença marcante
entre os mesmos. No tempo zero de fermentação a concentração de açúcares determinada
através do método de DNS para os quatro fermentadores, ficou em torno de 190 g/L,
enquanto que o ºBrix foi de 14º . A partir disto pode-se dizer que um dos métodos forneceu
resultados falhos. Considerando-se que o meio de fermentação foi preparado com glicose e
que o método do 3,5 –DNS quantifica açúcares redutores, sendo utilizada uma curva padrão
de glicose, admite-se este método como sendo o mais preciso.
No que se refere às concentrações de biomassa, verifica-se através da figura 12
que para a fermentação 2, na qual utilizou-se o inóculo Saft Instant, a fase Log de
crescimento celular foi verificada desde o início da fermentação. Desta forma pode-se
justificar o motivo pelo qual o consumo de substrato (decaimento do ºBrix) foi mais intenso
para esta fermentação. Convém ressaltar que podem ter ocorrido erros na determinação da
concentração inicial de biomassa, uma vez que se inoculou o meio de fermentação com
5,0g/L e as concentrações iniciais determinadas para os fermentadores 1, 3 e 4 foram
maiores que 5,0g/L. Isto pode ter ocorrido devido a erros na leitura da absorbância das
amostras retiradas, já que os valores lidos foram maiores que 1,0, não se ajustando a Lei de
Beer. Deveriam ter sido feitas diluições apropriadas antes da realização das leituras. Outra
42
fonte de erros é que a curva padrão de biomassa foi construída a partir do fermento Fermix,
tendo sido utilizada para os demais inóculos para a determinação da concentração de
biomassa.
Ainda em relação a figura 12, observa-se uma queda brusca da concentração de
biomassa a partir das 18h de fermentação, principalmente para os inóculos 1 e 2. Uma
queda da concentração celular no final da fermentação pode ser justificada em função do
aumento da concentração de etanol no meio, que pode causar a inibição das leveduras e
até mesmo a morte celular. No entanto, como a concentração celular no tempo de 21h foi
inferior à do tempo inicial, somente um erro de análise ou de má homogeneização do meio,
justificariam uma queda tão brusca.
Em relação às velocidades específicas de crescimento celular, através da figura 15
verifica-se que para a fermentação 2 (inóculo Saft Instant), esta velocidade específica foi
maior no início da fermentação, apresentando uma diminuição no decorrer do processo.
Para os inóculos 1, 3 e 4, a velocidade específica de crescimento celular é menor no início
do processo, apresentando uma pequena elevação no tempo de 10 – 15 horas e decaindo
em seguida. Provavelmente o inóculo 2 adaptou-se com maior facilidade ao substrato,
enquanto a adaptação dos demais ocorreu de forma mais lenta.
No que se refere às velocidades específicas de consumo de substrato, a figura 16
mostra um comportamento semelhante para os quatro inóculos. Verifica-se que no início,
esta velocidade específica é elevada, especialmente para o inóculo 2, provavelmente devido
ao fato de o meio apresentar uma maior concentração de oxigênio dissolvido, propiciando
uma reprodução celular elevada, que é acompanhada por um rápido consumo de açúcares
do meio. A partir do tempo de 9h a velocidade específica de consumo de substrato começou
a aumentar novamente, o que pode ser justificado pela maior concentração celular.
7 CONCLUSÃO
43
8 BIBLIOGRAFIA
44