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Introdução à Economia

Cap. 2.
Organização dos mercados e
princípios básicos da
Procura e da Oferta
Determinantes da estrutura de mercado
A estrutura de mercado é o conjunto de características de um mercado que o
distingue de outros mercados.
Vamos analisar quatro tipos de mercado. A cada um corresponde uma dada estrutura.
Esta tipologia dos mercados baseia-se nos seguintes critérios.
1. Número e dimensão das empresas concorrentes.
O número de empresas depende da tecnologia e das funções de custos
correspondentes. Se as economias de escala não existirem ou forem negligenciáveis
em relação à dimensão do mercado, existirão muitas empresas. Se as economias de
escala forem importantes, poderemos ter algumas empresas ou, até, uma única.
2. Poder de mercado
Existe poder de mercado quando uma empresa tem algum controlo sobre os preços
que pratica. Nalguns casos não existe poder de mercado, ou seja, a empresa é uma
«aceitadora do preço» (price taker) e este é determinado pela oferta e pela procura
do mercado.
3. Tipo de produto.
O produto pode ser homogéneo, caso em que as empresas vendem exactamente o
mesmo bem, como acontece, por exemplo, em concorrência perfeita, ou diferenciado
quando cada empresa vende um bem que é um sucedâneo próximo daqueles que são
vendidos pelas empresas concorrentes (concorrência monopolística e oligopólio)
2
Determinantes da estrutura de mercado
4. Barreiras
Obstáculos que determinam a maior ou menor dificuldade para uma empresa entrar
no mercado.
Nalguns casos não existem barreiras porque o investimento necessário para entrar
num tipo de mercado é reduzido e semelhante àquele que outra empresa realizou
(caso da concorrência perfeita). Noutros casos podem existir algumas barreiras ou
barreiras suficientemente fortes que garantam a existência de uma única empresa no
mercado (monopólio).
5. Competição sem ser pelo preço
Nalguns mercados (como a concorrência monopolística ou o oligopólio) as empresas
usam a publicidade, em vez dos preços, para competir umas com as outras. A
publicidade é determinante em mercados como a concorrência monopolística e o
oligopólio, independentemente do facto de existir ou não diferenciação do produto.
6. Custos e estrutura de mercado
A tecnologia e as funções custo que delas derivam (através das funções de produção)
são factores determinantes da estrutura de mercado, assim como a procura.
A ausência ou quase ausência de economias de escala relativamente à dimensão do
mercado faz com que a produção se disperse por um elevado número de empresas.
Pelo contrário, se existirem fortes economias de escala, a produção tende a
concentrar-se nalgumas ou mesmo numa única empresa.
3
Determinantes da estrutura de mercado
Critérios C. PERFEITA MONOPÓLIO C.MONOPOLÍSTICA OLIGOPÓLIO
Nº e dimensão dos Muitos e sem possibilidade de Muitos e sem possibilidade de Muitos e sem possibilidade de Muitos e sem possibilidade de
compradores influenciar o mercado influenciar o mercado influenciar o mercado influenciar o mercado

Nº e dimensão dos Muitos e sem possibilidade de Muitos e com possibilidade de Alguns e com possibilidade de
Um só
vendedores influenciar o mercado influenciar o mercado influenciar o mercado

Grau de
substituibilidade Ausência de sucedâneos Bens homogéneos ou
Produto homogéneo Bens heterogéneos
entre os produtos próximos diferenciados
dos vendedores
Influência dos Nula: vendedores são price-
O monopolista é um price- Os vendedores são price- Os vendedores são price-
vendedores no takers ou aceitadores do
maker makers makers
preço preço

Influência dos
compradores no Aceitadores do preço Aceitadores do preco Aceitadores do preco Aceitadores do preco
preço
Comportamento Não existe comportamento Não existe comportamento Comportamento estratégico é
Não existe
Estratégico(1) estratégico estratégico determinante

A entrada está bloqueada:


Condições de Livre entrada: não há barreiras Entrada livre: não há barreiras
existem barreiras legais ou Fortes barreiras à entrada.
entrada legais ou tecnológicas. legais naturais.
naturais

Nível de informação Informação pode ser Informação pode ser


Informação completa Informação completa
dos compradores incompleta incompleta

Competição sem ser Publicidade e diferenciação do Publicidade e diferenciação do


Nenhuma Publicidade
pelos preços produto produto

(1) No sentido em que uma empresa antecipa as reacções das empresas rivais quando ela própria faz as suas opções. Uma estratégia representa uma espécie de plano de
acção num jogo. 4
Noção de Mercado
O mercado é um espaço abstracto…
- pode ser um local físico (uma feira, uma praça, um centro comercial…);
- pode ser um local não físico (o OLX, a Bolsa de Valores, …).

O mercado é um espaço de trocas…


- alguém que quer comprar bens e serviços (consumidores, compradores, clientes);
- alguém que quer vender bens e serviços (produtores, vendedores, fornecedores).

Os agentes que nele actuam têm objectivos contraditórios…


- compradores querem comprar bens e serviços ao menor preço possível;
- vendedores querem vender bens e serviços ao maior preço possível.

5
Os intervenientes nas transacções
Os objectivos contraditórios têm de se harmonizar, isto é, terá de existir um
consenso entre os compradores e os vendedores (via negociação ou rateio)…
- porque os compradores precisam de satisfazer as suas necessidades;
- porque os vendedores precisam de ter lucros para não acabarem por ir à falência.

A PROCURA de mercado representa o lado de quem compra

A OFERTA de mercado representa o lado de quem vende bens e serviços

Os consumidores escolhem os bens e serviços a que atribuem mais valor …

Os produtores tem como objetivo a maximização do lucro …

6
Factores Determinantes da Procura
PREÇO DO BEM
PREÇO E DISPONIBILIDADE DE OUTROS BENS
(bens substitutos e complementares)

A cidade de New York tem o número de automóveis “per capita” mais baixo que todos os outros estados
americanos, em parte devido a uma eficiente rede de transportes públicos do município.

RENDIMENTO MÉDIO DOS CONSUMIDORES


Países e famílias com maior riqueza procuram mais de quase tudo.

GOSTOS DOS CONSUMIDORES


Factores subjectivos ligados a gostos e preferências.

DIMENSÃO DO MERCADO
O nº de agregados familiares afecta a quantidade procurada de cada bem a cada preço.

7
Função Procura preço
qdx = f (px, py, pz, …, pn, Y, G)
em que:

qdx = quantidade procurada do bem x


px = preço do bem x
py = preço do bem y
pn = preço do bem n
Y = rendimento
G = gostos ou preferências

“Ceteris paribus” ou seja, considerando tudo o resto constante , excepto o preço do


próprio bem

qdx = f (px, py, pz, …, pn, Y, G)

qdx = f (px) => função procura


8
Função Procura preço
Existe uma relação entre PREÇO e QUANTIDADE PROCURADA de um bem
Por exemplo, o mercado de maças;
-caracterizado por muitos compradores e muitos vendedores;
-nenhum participante tem qualquer controle sobre os preços.

Se o PREÇO das maças aumentar num quadro de tudo o resto constante


O consumidor compra uma MENOR QUANTIDADE de maças porque existem bens
substitutos, por exemplo Pêras que podem ser adquiridas ao mesmo preço.

As Pêras ficaram relativamente mais baratas…

Porquê ? Maças e Pêras são SUBSTITUTOS

Existe uma relação INVERSA entre PREÇOS e QUANTIDADES

9
Lei da Procura Decrescente
- O objectivo de quem compra bens e serviços é satisfazer as suas
necessidades, gastando o mínimo possível.
- logo, se os preços dos bens aumentarem, as famílias irão querer comprar
uma menor quantidade desses bens (e vice-versa).
- Pode-se dizer, portanto, que a Procura traduz uma relação INVERSA entre
PREÇOS e QUANTIDADES. Porquê?

EFEITO-SUBSTITUIÇÃO
Quando aumenta o preço de um bem “ceteris paribus”, os bens substitutos
ficam relativamente mais baratos e podem ser utilizados para satisfazer a
mesma necessidade.
Ex: chá vs. café
EFEITO-RENDIMENTO
Quando um preço aumenta “ceteris paribus”, incluindo o Rendimento
nominal, o rendimento real do consumidor decresce sendo provável que ele
compre menos do bem e também de quase todos os bens.

10
Lei da Procura Decrescente
O efeito substituição e o efeito rendimento contribuem para a relação inversa
entre o Preço e a Quantidade de um bem “ceteris paribus”.

A lei da procura expressa uma relação inversa entre o preço e


quantidade de um bem, em condições “tudo o resto
constante”.

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Movimentos sobre a curva
Quando varia o preço das maçãs a Função Procura indica
quais serão as novas quantidades procuradas.

Logo: VARIAÇÃO NA QUANTIDADE PROCURADA

Uma alteração do preço das maças gera um MOVIMENTO


AO LONGO da curva.
PM

p1

p2

D
QM
q1 q2

12
Deslocamentos da Procura
AUMENTO OU REDUÇÃO (VARIAÇÃO) DA PROCURA DE MAÇAS

Um deslocamento de toda a curva ocorre quando se verifica uma


variação em qualquer um dos outros factores que influenciam a
procura, o que faz com que uma quantidade diferente seja
procurada para cada preço.

Aumento do preço do bem substituto (Peras)


PM
Diminuição do preço do bem complementar
Maior preferência por maças
Aumento do Rendimento
D2
…. D1

13
Bens Normais e Bens Inferiores
Os bens podem ser classificados em Normais ou Inferiores.
No caso dos bens NORMAIS quando o RENDIMENTO aumenta as
pessoas podem consumir mais.
Logo:Deslocamento da curva da procura para a direita (D1)
PM

D D1
D2
EXCEPÇÕES A ESTA REGRA:
0
QM
Para um BEM INFERIOR:

- se o RENDIMENTO aumenta as pessoas REDUZEM o consumo.


Logo: deslocamento da curva da procura para a esquerda (D2)

Para bens como feijão, batata, Porquê ? Vão consumir mais carne (bem mais caro)
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Bens Relacionados
BENS COMPLEMENTARES: Gasolina e Automóveis

Aumento do preço da gasolina => Diminuição quantidade procura de gasolina


=>Diminuição na procura de Automóveis (para os mesmos preços de
automóveis)

BENS SUBSTITUTOS: Maças e Bananas

Aumento do preço da Maças =>Diminuição na quantidade procurada de


Maças =>Aumenta a procura de Bananas (para os mesmos preços Bananas)
São bens SUBSTITUTOS quando prevalece entre eles uma relação de
oposição.

Mais exemplos:- chá e café, manteiga e margarina.

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Significado dos parâmetros de uma curva de procura directa com
declive constante
A relação procura pode ser expressa através de uma tabela
Q = a + b P - Curva de procura directa
sendo a =100 e b =-2

Q = 100 - 2 P

A curva de procura directa estabelece uma relação entre o preço


(variável independente) e as quantidades procuradas (variável
dependente)

a – Quantidades máximas de um bem que os consumidores estão dispostos


a adquirir quando qualquer dos factores, com excepção do preço do bem,
influencia as intenções de compra. (ABCISSA NA ORIGEM)

b – Velocidade à qual os consumidores estão dispostos a alterar as


intenções de compra face a uma variação unitária do preço, ceteris
paribus. (DECLIVE)
16
Lei da Procura Decrescente (excepções)
Até aqui vimos que a PROCURA traduz uma relação INVERSA entre PREÇOS e
QUANTIDADES:
- Se os preços aumentarem, a quantidade procurada diminui e vice-versa!

No entanto, existem bens para os quais esta relação não se verifica. Na verdade,
tratam-se bens que as famílias irão querer adquirir uma maior quantidade quando
estão mais caros e vice-versa…

BENS ESPECULATIVOS: o aumento do preço destes bens atrai mais consumidores que
os adquirem com o objectivo de obterem mais-valias no futuro (e vice-versa). EXS:
Acções, Habitações, Terrenos

BENS DE VEBLEN: o aumento do preço destes bens atrai mais consumidores que os
adquirem para “ostentação” ou “status social” (e vice-versa). EXS: Tecnologia,
Diamantes, Obras de Arte

BENS DE GIFFEN: o aumento do preço destes bens atrais mais consumidores


(normalmente de baixos rendimentos) que os adquirem porque não existem outros
bens tão básicos capazes de o substituir e têm receio que a tendência de aumento se
mantenha. EXS: Pão, Combustíveis, Batatas
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Função Procura Preço
A relação procura pode ser expressa através de uma tabela

PREÇO QUANTIDADE
A 10 80
B 20 60
C 30 40
D 40 20

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Função Procura Preço
A relação procura pode ser expressa através de uma representação gráfica

Q = 100 - 2 P
Preço
50 Quando:
P=0 : Q = 100

Q=0: 0=100-2P
P=100/2=50

100 Quantidade

Preço - variável explicativa (no eixo vertical)


Quantidade - variável explicada (nas abcissas)
Indica as quantidades de maças que seriam compradas a um dado preço

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Lei da Oferta Crescente
PREÇO DO BEM

Com um preço mais elevado do trigo => os produtores abandonam outras


produções para cultivarem Trigo (porque assim têm mais probabilidade de
obter lucros)

As empresas produzem para obter um lucro (quanto mais lucro, melhor).

Se preços mais elevados => lucros mais elevados

Quando o preço desce acentuadamente algumas empresas deixam de


produzir Trigo dado que

PREÇO < CUSTO DE PRODUÇÃO

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Oferta – factores explicativos
CUSTO DOS FACTORES DE PRODUÇÃO
Quando o preço dos fertilizantes sobe os agricultores estão menos dispostos
a produzir bens ao mesmo preço;
=>a curva da oferta desloca-se para a esquerda;

TECNOLOGIA
- melhoria na tecnologia implica diminuição dos custos de produção;
- os produtores estão dispostos a produzir mais ao mesmo preço;
- a curva da oferta desloca-se para direita.

CONDIÇÕES CLIMATÉRICAS
Este factor é importante para a produção agrícola (secas, geadas, etc.).

21
Oferta – factores explicativos
PREÇOS DOS BENS RELACIONADOS

Caso dos bens SUBSTITUTOS:


- milho e soja são substitutos na produção;
Se aumenta o preço do milho => diminui a produção de soja => aumenta a
produção de milho.
a quantidade de soja que os produtores estão dispostos a oferecer ao mesmo
preço diminui => a curva da oferta de soja desloca-se para a esquerda.

Caso dos bens COMPLEMENTARES:


- carne e couro
Se aumenta a procura de carne => aumenta a produção de carne -> aumenta
a produção de couro => a curva da oferta de couro desloca-se para a direita

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Oferta – factores explicativos
A relação OFERTA descreve o comportamento dos vendedores mostrando o
que estariam dispostos a vender a um determinado preço.

A quantidade oferecida é função do seguinte:

qsx = f (px, py, …, pn, pfp, T)

em que:
qsx = quantidade oferecida do bem x
px = preço do bem x
py =preço do bem y
pn = preço do outros bens
pfp =preço dos factores produtivos
T= tecnologia
23
Função Oferta
considerando "tudo o resto constante":
__ __ __ __
qsx = f (px, py, …, pn, pfp, T)

temos

qsx= f(px)

a função oferta é um relação entre quantidades e preços, mantendo


"tudo o resto constante":

24
Função Oferta
Representação gráfica

P
S

10

Q
Exemplo de um função oferta:

Qs = -20 + 2 P

Quando Q=0:
0 = -20 + 2 P
P=20/2 = 10
25
Equilíbrio
EQUILÍBRIO DA OFERTA E PROCURA
PREÇO QUANTIDADE QUANTIDADE
PROCURADA OFERECIDA
A 5 9 18
B 4 10 16
C 3 12 12
D 2 15 7
E 1 20 0

Equilíbrio no mercado regista-se para


P
níveis de preço e quantidades em que as
S forças que actuam no mercado estão em
equilíbrio (chegam a acordo);

3 São níveis de preço em que as quantidades


que os consumidores desejam comprar são
D exactamente iguais às quantidades que os
Q produtores desejam vender (os objectivos
12
contraditórios harmonizam-se).
26
Desequilíbrio: Excesso de Oferta
Assim quando P = 5 (Qs=18 e Qd=9)
Existe um excesso de oferta = 18 – 9 = 9
Há ABUNDÂNCIA no mercado
Problemas: acumulação de stocks (podem-se estragar se perecíveis; custos de
armazenamento; ausência de retorno)
A concorrência entre os produtores faz baixar o preço ate ao Pe = 3 (os
produtores podem igualmente extinguir campanhas de marketing, diminuir a
produção e exportar até que o equilíbrio de restabeleça).

S
5

18 Q 27
9 12
Desequilíbrio: Excesso de Procura
Assim quando P = 2 (Qs=7 e Qd=15)
Existe um excesso de procura = 15 – 7 = 8
Há ESCASSEZ no mercado
Problemas : ruptura de stocks (consumo excede a produção, os armazéns
ficam vazios, os clientes que não podem obter trigo estão disposto a pagar
preços mais elevados) que insatisfaz clientes (comprometendo a fidelização),
aumentam as filas espera e a tendência para o mercado paralelo.
O preço vai subir até ao Pe = 3, podem-se reforçar campanhas de Marketing,
pode-se aumentar a produção e até importar para que o equilíbrio se
restabeleça.
p

3
2

D
28
7 12 15 Q
Equilíbrio
Qs =Qd
-20 + 2 P = 100 – 2P
2P + 2P = 100 + 20
4P = 120
P=120/4
P=30
Q=100 – 2 x 30 =40
p

50
S

30

10 D

40 100 Q

29
Deslocamentos da procura

Causas possíveis
➢ Aumento Py (bem substituto)
➢ Diminuição Pz (bem
Px D1 complementar)

D0 S ➢ Aumento Y (rendimento) para bem


normal
P1
➢ Publicidade
P0 ➢ Maior preferência pelo bem
➢ Diminuição Y (rendimento) para
bem inferior
Q0 Q1 Qx

Efeitos: Px  Qx 
30
Deslocamentos da procura

Causas possíveis
➢ Diminuição Py (bem substituto)
➢ Aumento Pz (bem complementar)
Px D0 ➢ Diminuição Y (rendimento) para
D1 S bem normal
➢ Menor preferência pelo bem
P0
➢ Aumento Y (rendimento) para bem
P1 inferior

Q1 Q0 Qx

Efeitos: Px  Qx 
31
Deslocamentos da oferta

Causas possíveis

S0 ➢ Diminuição custo de produção do


Px bem x

P0 S1 ➢ Boas condições meteorológicas

P1 ➢ ……

Q0 Q1 Qx

Efeitos: Px  Qx 
32
Excedente do consumidor e produtor
P Excedente
do
Consumidor S
28

20 Preço de Equilíbrio

Excedente D
12 do Produtor

72 Q

Excedente do Consumidor:
Diferença entre o preço que o consumidor está disposto a pagar pelo bem e o
preço efectivamente pago representa o Excedente do Consumidor

Excedente do Produtor:
A diferença entre o preço de mercado e o preço mais baixo que o produtor /
vendedor está disposto a cobrar por uma unidade de um bem constitui o
Excedente do Produtor.
33
Excedente do consumidor
Diferença entre o preço que o consumidor está disposto a pagar pelo bem e o
preço efectivamente pago representa o Excedente do Consumidor.

Trata-se de um benefício marginal líquido de que o consumidor beneficia e


corresponde graficamente à área situada entre o preço de mercado e a curva
da procura acima desse mesmo preço. Na Figura acima o excedente do
consumidor é quantificado pela área do triângulo rectângulo superior:
(28-20) x (72) / 2 = 288

Se o preço de mercado diminuir, o excedente do consumidor aumenta


porque, por um lado, os compradores iniciais vêem o seu excedente
aumentar e, por outro, o número de consumidores do mesmo bem aumenta.

34
Excedente do produtor
A diferença entre o preço de mercado e o preço mais baixo que o produtor /
vendedor está disposto a cobrar por uma unidade de um bem constitui o
Excedente do Produtor.

O excedente total do produtor corresponde graficamente à área delimitada


pelo preço de mercado e pela curva de oferta abaixo desse mesmo preço.
Na Figura acima o excedente do produtor é quantificado pela área do
triângulo rectângulo superior:
(20-12) x (72) / 2 = 288

Se o preço de mercado diminuir o excedente dos produtores também


diminui, por duas razões:
1ª) o excedente dos produtores que ainda estão no mercado diminui;
2ª) há menos produtores a oferecer o mesmo bem.

35
Elasticidades
Elasticidade
A elasticidade mede a sensibilidade dos agentes económicos quando se
verifica uma alteração no preço.
Lei da procura decrescente já nos indica que:

Preço Quantidade … e vice-versa

Como é que se mede essa sensibilidade ?

Através da variação percentual do preço e da quantidade.

Se o preço aumentar 1% sabemos que a quantidade vai diminuir, mas em que


percentagem?

O pretendemos saber é: Qual será a variação percentual na quantidade


procurada gerada por uma dada variação percentual no preço

A elasticidade-preço da procura, identificada usualmente por Ɛd, é o quociente


entre a “variação percentual da quantidade procurada” e a “variação percentual
do preço”.
Elasticidade
𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑐𝑢𝑟𝑎𝑑𝑎(%)
𝜀𝑑 =
𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 (%)
Em termos de equação 𝒒 é a quantidade inicial, por ex. 50 e ∆𝑞
matemática: representa a variação na quantidade, por ex. 5.
Assim a variação % na qt procurada será dada
pelo quociente:
∆𝑞 ∆𝑞
x 100 =
5
x 100 = 0,1 x 100 = 10%
𝑞 𝑞 50
𝜀𝑑 =
∆𝑝 𝒑 é o preço inicial, por ex. 5 e ∆p representa a
𝑝 variação no preço, por ex. 1.
Assim a variação % na preço será dada pelo
quociente:
∆𝑝 1
x 100 = x 100 = 0,2 x 100 = 20%
𝑝 5
Neste caso, quando o preço varia 20%, a quantidade procurada varia 10%, ou seja,
quando o preço varia 1%, a quantidade varia 0,5% (regra da proporcionalidade)
38
Elasticidade
𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑐𝑢𝑟𝑎𝑑𝑎(%)
𝜀𝑑 =
𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 (%)
Uma divisão
converte-se
∆𝑞 numa
𝑞 ∆𝑞 𝑝
𝜀𝑑 = 𝑥 multiplicação
𝜀𝑑 = 𝑞 ∆𝑝
∆𝑝 invertendo o
𝑝 respectivo
denominador

A fórmula da elasticidade está


Δ𝑞 𝑝 em módulo para que o valor da
𝜀𝑑 = 𝑥 elasticidade seja sempre
Δ𝑝 𝑞 positivo: o declive da procura
Δ𝑞
Declive da função procura é sempre negativo
Preço e quantidade no ponto
Δ𝑝
39
Elasticidade preço da procura
Com efeito, embora os preços e as quantidades sejam valores positivos, a
inclinação da curva da procura é negativa.

Exemplo: 𝑸𝒅 = 50 – 10p

O declive da função procura é -10

O valor da elasticidade-preço da procura seria negativo, uma vez que o


declive a função procura é sempre negativo.

Para evitar eventuais ambiguidades usa-se passar a elasticidade-preço para


valores positivos através do sinal de valor absoluto (em módulo).

40
Calcular a Elasticidade da procura
Calcular a elasticidade da procura no ponto B Δ𝑞 𝑝
𝜀𝑑 = 𝑥
Δ𝑝 𝑞
𝑸𝒅 = 50 – 10p
p

4
B 4
𝜀𝑑 = −10𝑥
10
D Declive da função procura

Preço e quantidade no ponto


q
10 50

𝜀𝑑 = 4
O resultado da fórmula da elasticidade de procura corresponde à
variação % na quantidade procurada face a uma variação de 1% no
preço.
Neste caso existe uma variação de 4 % na quantidade procurada face a
uma variação de 1% no preço.
41
Elasticidade elástica e rígida

Procura elástica Procura rígida

p p

4
1000

2
500
D D

1 2 3 q 10 15 q

Se o preço diminui para Se o preço diminui para metade a


metade a quantidade aumenta quantidade aumenta apenas 1,5x
3x (mais que proporcional) (menos que proporcional)

42
Procura de elasticidade unitária

1,0

0,5
D

1000 2000 q

Se o preço diminui para metade, a quantidade aumenta para o


dobro (na mesma proporção)

43
Calcular a Elasticidade da procura
Calcular a elasticidade da procura no ponto A Δ𝑞 𝑝
𝜀𝑑 = 𝑥
𝑸𝒅 = 50 – 10p Δ𝑝 𝑞
ED > 1
p
5
2,5
ED = 1 𝜀𝑑 = −10𝑥
4 ED < 1 25
A
2,5
𝜀𝑑 = 1
D

q
10 25 50

Neste caso, temos uma variação de 1 % na quantidade procurada face a


uma variação de 1% no preço – Procura de elasticidade unitária
Para a esquerda do Ponto A (preço aumenta e a Qt diminui) a Procura é
elástica.
Para a direita do Ponto A (preço diminui e a Qt aumenta) a Procura é
rígida.
44
Calcular a Elasticidade da procura Δ𝑞 𝑝
𝜀𝑑 = 𝑥
Calcular a elasticidade da procura no ponto B Δ𝑝 𝑞

𝑸𝒅 = 50 – 10p ED > 1
p
5
4
B 𝜀𝑑 = −10𝑥
4 ED < 1 10
ED = 1
2,5 𝜀𝑑 = 4
D

q
10 25 50

Neste caso, temos uma variação de 4 % na quantidade procurada


face a uma variação de 1% no preço – Procura elástica ou
Elasticidade elástica

45
Calcular a Elasticidade da procura
Calcular a elasticidade da procura no ponto C

𝑸𝒅 = 50 – 10p ED > 1 Δ𝑞 𝑝
p 𝜀𝑑 = 𝑥
5
Δ𝑝 𝑞
4 ED < 1

ED = 1 1
2,5
𝜀𝑑 = −10𝑥
1
C
D
40

50 q
10 25 40 𝜀𝑑 = 0,25

Neste caso, temos uma variação de 0,25 % na quantidade procurada


face a uma variação de 1% no preço – Procura rígida ou Elasticidade
rígida

46
Elasticidade ao longo da recta da
procura

p
4
ED > 1

ED = 1
2
ED < 1
D

q
2 4

Inclinação e elasticidade são coisas diferentes – Todos os pontos na


linha da procura têm a mesma inclinação.
Mas acima do ponto central a procura é elástica e, abaixo dele é
rígida; no ponto central, a procura tem elasticidade unitária.
47
Intervalos de elasticidade da procura
Valor da Descrição - Definição Impacto nas
elasticidade da Procura receitas
procura

Superior a 1 Elástica Variação percentual da As receitas


quantidade procurada maior do aumentam quando
que a variação percentual do o preço diminui
preço

Igual a 1 Elasticidade Variação percentual da As receitas mantêm-


unitária quantidade procurada igual à se quando o preço
variação percentual do preço diminui

Inferior a 1 Rígida Variação percentual da As receitas


quantidade procurada menor do diminuem quando o
que a variação percentual do preço diminui
preço

48
Factores que determinam a elasticidade
preço da procura
A existência de sucedâneos: a elasticidade varia na razão directa
do número e da qualidade dos sucedâneos.
Exemplos: sal versus t-shirts azuis.

A natureza do bem: a elasticidade é mais elevada para os bens


de luxo e mais reduzida para os bens necessários.
Exemplos: anéis de ouro versus pão.

Peso do bem no orçamento: a elasticidade aumenta


proporcionalmente ao peso do bem no orçamento por causa do
efeito rendimento associado à variação do preço.
Exemplos: caixas de fósforos versus mobiliário.
49
Factores que determinam a elasticidade
preço da procura
Modo de definir o bem. A forma de definição dos bens pode ser
mais ou menos ampla.
A elasticidade para os bens genéricos (legumes) é normalmente
mais reduzida enquanto que a dos bens específicos (alfaces) é
mais elevada.

Período de tempo: a elasticidade tende a aumentar com o tempo


decorrido devido ao aparecimento de novos sucedâneos e/ou à
possibilidade dos consumidores poderem mudar de um bem para
outro, ajustando-se às variações de preço.
Exemplos: gasolina e gás natural; tabaco e bebidas alcoólicas;
utilização de diferentes meios de transporte: combóio/automóvel.

50
Elasticidade da Oferta
A elasticidade da oferta define-se da mesma forma, identificada
normalmente por Ɛs, e é a razão entre a “% de variação na
quantidade oferecida” e a “% de variação no preço”.

Δ𝑞 𝑝
𝜀𝑠 = 𝑥
Δ𝑝 𝑞
A elasticidade da oferta é então a medida da sensibilidade dos
vendedores quando são confrontados com uma variação no preço.

Quando o preço aumenta 10% e a quantidade oferecida aumenta


mais de 10%, isso significa que a elasticidade da oferta é superior a
um e que a oferta é elástica. No caso contrário, a oferta é rígida, o
que quer dizer que os vendedores são pouco sensíveis ao preço.
51
Elasticidade-preço e Receita total
Há uma relação interessante entre a elasticidade-preço da procura e a Receita Total
dos produtores. Consideremos um exemplo. Admita que a procura de bilhetes para
um espetáculo é definida pela função Qd = 200 – 4P.

P Q Rt 𝜀𝑑 50
0 200 0 0,00 |Ed|< 1
25
10 160 1600 0,25
20 120 2400 0,67
25 100 2500 1,00 Zona
rígida
30 80 2400 1,50 2500
40 40 1600 4,00
50 0 0 ∞
100
Relativamente à Receita Total, as conclusões a tirar são três:
➔na zona elástica da procura, quando o preço baixa a receita aumenta (varia em sentido contrário);
➔na zona rígida da procura, quando o preço baixa a receita também baixa (varia no mesmo sentido);
➔a receita máxima encontra-se ao nível em que a procura é unitária.
Graficamente e utilizando uma função procura concreta:

Procura directa

P (€/bilhete) 50 P Q Rt 𝜀𝑑
D Na zona elástica a Rt varia no
40 |ε| > 1 sentido oposto ao do preço e ao 0 200 0 0,00
da elasticidade (em módulo) 10 160 1600 0,25
30
|ε| = 1 20 120 2400 0,67
20 Na zona rígida a Rt varia no mesmo
sentido que o preço e que a 25 100 2500 1,00
|ε| < 1
10 elasticidade (em módulo) 30 80 2400 1,50
0 40 40 1600 4,00
0 40 80 120 160 200 240
50 0 0 ∞
Q (milhares de bilhetes / ano)

3000
Rt Procura inversa
2500

2000
Receita Total
1500

1000
A Rt é maximizada para P=25. Derivando Rt em ordem a Q e
500
igualando a zero, fica:
0
0 40 80 120 160 200 240 Ponto médio do segmento
50-0,5Q = 0
de recta que define a curva
Q (milhares de bilhetes / ano)
da procura, D.

53
Elasticidade-preço e Receita total
procura Q = 60 – 5P.

12 Receita Perdida
10
8 Receita Ganha

10 20
Q
A intervenção do Governo:
Controlo dos preços
O controlo dos preços impede que o mercado atinja uma nova situação de
equilíbrio.
Isto pode acontecer em duas situações:

– quando o Governo fixa compulsivamente um preço abaixo do preço de


equilíbrio (preço máximo)
– quando o Governo fixa compulsivamente um preço acima do preço de
equilíbrio (preço mínimo ou preço garantido)

No primeiro caso o Governo pretende impedir que o preço do bem suba


acima do preço tabelado, de modo a beneficiar os consumidores (ex.:
controlo das rendas).
No segundo caso o Governo estabelece um preço limite para que os
produtores possam vender o bem (ex.: preço de alguns produtos do sector
agrícola). O objectivo é, normalmente, beneficiar os produtores.

55
Preços máximos
Efeitos da fixação de um preço máximo sobre a variação dos
excedentes do consumidor e do produtor

Var. Exc. Consumidor = A - B Var. S

Excedente Produtor = - A – C Var. Pe


B
A C
P max.
conjunta = - B - C = Perda pura D Excesso procura
D

Excesso de procura = Q2 – Q1 Q1 Qe Q2 Q

56
Preços máximos
A fixação de um preço máximo gera uma ineficiência que se traduz
numa perda de excedente para os produtores. O excedente dos
consumidores pode aumentar ou diminuir. Esta ineficiência pode
assumir as seguintes formas:

1. Afectação ineficiente para os consumidores (os consumidores


que estão dispostos a pagar mais não têm acesso ao bem.

2. Desperdício de recursos – os consumidores despendem


dinheiro e tempo por causa da escassez relativa provocada pela
fixação compulsiva de um preço máximo (veja-se o caso das filas
de espera para o abastecimento de gasolina se o Governo fixasse
o preço do combustível).
57
Preços máximos

3. Mercado negro – um mercado em que os bens são


comprados e vendidos ilegalmente. Isto pode acontecer por
dois motivos:

A. Proibição de venda dos bens (ex.: sub-arrendamento ilegal de


casas, proibição de venda de órgãos humanos).

B. Os preços cobrados são legalmente proibidos após a fixação


do preço máximo (ex.: se o preço máximo de um bilhete para
um espectáculo for de €100 surgirão eventualmente
açambarcadores que podem comprar muitos bilhetes a esse
preço para depois os revenderem mais caros).

58
Preços máximos

Face ao que foi dito, por que motivo existem preços


máximos fixados compulsivamente pelo Governo?

•Porque alguns consumidores mais pobres saem


beneficiados já que não conseguiriam adquirir os bens ao
preço de mercado.
•Porque muitas vezes as entidades oficiais não estão
suficientemente informadas acerca dos efeitos das políticas
económicas no mundo real.

59
Preços mínimos ou preços garantidos
Os preços mínimos são preços fixados compulsivamente pelo Governo,
acima do preço de equilíbrio.

•Os preços mínimos estão normalmente associados aos produtos do sector


agrícola, como o leite ou os cereais, ou da pesca. Têm em vista garantir o
rendimento dos produtores.

•Noutras situações, pretende-se evitar que os trabalhadores recebam menos


do que aquilo que se considera como o rendimento mínimo que assegura
um nível de vida minimamente digno. Neste caso, temos o salário mínimo.

•Vamos mostrar que, apesar dos preços mínimos terem como objectivo
ajudar algumas pessoas (consumidores ou produtores) eles geram
ineficiências que se traduzem numa perda líquida de bem estar.

60
Efeitos da fixação de um preço mínimo, sobre a variação dos
excedentes do consumidor e do produtor

Excesso Oferta S
P min
A B
Pe
C

Q1 Qe Q2 Q

Consumidores:
que ainda compram o bem: perdem A
que já não compram o bem: perdem B
Produtores:
ganham A por transferência dos consumidores, mas perdem C
A>C mas isso nem sempre tem de acontecer.
61
Efeitos da fixação de um preço mínimo
Da observação da figura anterior podemos concluir que a fixação de um
preço mínimo:
1. Cria um excesso de oferta: (Q2-Q1);
2. Diminui sempre o excedente dos consumidores;
3. Pode aumentar ou diminuir o excedente dos produtores.
4. Gera sempre uma perda pura de eficiência (B+C)
• O excedente pode ser:
– comprado pelo Governo aos produtores e vendido posteriormente no
mercado internacional;
–destruído;
–armazenado (o que gera custos de manutenção).
•Para fugir às dificuldades de lidar com os excedentes, os governos podem
pagar aos produtores para não produzirem.

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