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INSTITUTO TEOLÓGICO DE ENSINO - IET

GÉSICA HENRIQUE DA SILVA

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Arapiraca-AL
2015
INSTITUTO TEOLÓGICO DE ENSINO - IET

GÉSICA HENRIQUE DA SILVA

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Monografia apresentada como exigência parcial de


avaliação para conclusão do curso de Graduação m
Pedagogia, pelo Instituto Teológico de Ensino –
IET, sob a orientação da Prof.Givaldo.

Arapiraca-AL
2015
“Dedico este trabalho primeiramente а Deus, pоr
ser essencial еm minha vida, autor dе mеυ destino, mеυ
guia, socorro presente nа hora dа angústia, a todos os
meus familiares por me apoiar em meus momentos
mais necessitados e a todos оs professores dо curso,
qυе foram tãо importantes nа minha vida acadêmica е
nо desenvolvimento dеstа monografia”.
AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.


A esta instituição, seu corpo docente, direção e administração que
oportunizaram a janela que hoje vislumbro um horizonte superior, eivado pela
acendrada confiança no mérito e ética aqui presentes.
Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito
obrigado.
“A respeito das atividades de repetição e fixação, como
aparecem nos manuais, as crianças são ensinadas e
aprendem bem. Tão bem que se tornam incapazes de
pensar coisas diferentes. Tornam-se ecos das coisas
ensinadas e aprendidas. Tornam – se incapazes de dizer o
diferente. Se existe uma forma certa de pensar e fazer as
coisas, porque se dar ao trabalho de se meter por caminhos
não explorados? Basta repetir aquilo que a tradição
sedimentou… o saber sedimentado nas poupas dos riscos
da aventura de pensar.”(RUBEM ALVES, 1994).
RESUMO

O lúdico na educação infantil tem sido um dos instrumentos que fomentam um


aprendizado de qualidade para a criança, a partir das técnicas que promovem o
desenvolvimento das habilidades fundamentais nesse processo. Nesse sentido,
esse trabalho tem a finalidade de compreender a inserção da criança e das
atividades lúdicas no contexto da educação infantil e os reflexos dessa prática em
seu desenvolvimento global.

Palavras-chave: Lúdico. educação Infantil. desenvolvimento.


ABSTRACT

The playful in early childhood education has been one of the tools that foster a
quality learning experience for the child, from the techniques that promote the
development of fundamental skills in the process. Thus, this work aims to understand
the child's insertion and recreational activities in the context of early childhood
education and reflections of this practice in their overall development.

Word Key: Playful. Children's education. development.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 10
1. CAPÍTULO I
1.1 O LÚDICO NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO INFANTIL ....................................... 11
1.2. CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO LÚDICA ....................................................11
1.3 A EDUCAÇÃO INFANTIL E SEU DESENVOLVIMENTO POR MEIO DA
UTILIZAÇÃO DOS JOGOS LÚDICOS......................................................................12
1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...........................................................12
2. CAPÍTULO II
2.1 JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS ..................................................... 13
2.2 OS JOGOS LÚDICOS........................................................................................13
2.3. BRINQUEDO......................................................................................................14
2.4. A FUNÇÃO DO BRINQUEDO PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DO
SER HUMANO ......................................................................................................... 15
2.5 AS BRINCADEIRAS E AS NOVAS TECNOLOGIAS.........................................15
3. CAPÍTULO III
3.1 A CRIANÇA E O LÚDICO...................................................................................16
3.3 O PAPEL DO EDUCADOR EM RELAÇÃO AO LÚDICO...................................17
4. CAPÍTULO IV
4.1 BRINQUEDOTECA: UM ESPAÇO DE CONSTRUÇÃO DO LÚDICO ................ 18
4.2 A BRINQUEDOTECA COMO FACILITADORA DO PROCESSO DE
SOCIALIZAÇÃO, ENSINO E APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO
INFANTIL....................................................................................................................19
4.3. A BRINCADEIRA DESPERTANDO A CRIATIVIDADE ..................................... 20
5. CAPITULO V
5.1ENSINO-APRENDIZAGEM ATRAVÉS DO BRINCAR NA INFÂNCIA..................21
5.2. AS IMPLICAÇÕES DO ATO DE BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO
INFANTIL....................................................................................................................26
5.3. A CRIANÇA QUE BRINCA TORNA-SE UM ADULTO FELIZ.............................28
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 31
ANEXOS A.................................................................................................................33
ANEXOS B.................................................................................................................38
10

INTRODUÇÃO

O lúdico tem sua origem na palavra “ludus” que quer dizer “jogos” e “brincar”.
E neste brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e divertimento, isto oportuniza a
aprendizagem do aluno. O lúdico faz parte da atividade humana e caracteriza-se por
ser espontânea funcional e satisfatória, não importa somente o resultado, mas a
ação, o movimento vivenciado. Sendo que o mesmo acontece a partir do brinquedo,
brincadeiras e jogos, pois é o momento que a criança entra no seu mundo de
imaginação.
A atividade lúdica tem o objetivo de produzir prazer e de divertir ao mesmo
tempo, no entanto, desenvolve no educando habilidades cognitivas, motoras, a
atenção, o movimento ritmado, conhecimento quanto à posição do corpo, direção a
seguir e outros. Participando do desenvolvimento em seus aspectos biopsicológicos
e sociais, desenvolve livremente a expressão corporal que favorece a criatividade,
adquire hábitos de práticas recreativas para serem empregados adequadamente nas
horas de lazer, adquire hábitos de boa atividade corporal, seja estimulada em suas
funções orgânicas, visando ao equilíbrio da saúde dinâmica e desenvolve o espírito
de iniciativa, tornando-se capaz de resolver eficazmente situações imprevistas.
Brincar é sinônimo de aprender, pois o brincar e o jogar geram um espaço
para pensar, sendo que a criança avança no raciocínio, desenvolve o pensamento,
estabelece contatos sociais, compreende o meio, satisfaz desejos, desenvolve
habilidades, conhecimentos e criatividade.
A ideia de brincar origina-se na imaginação criada pela criança, em que
desejos impossíveis podem ser realizados, reduzindo a tensão e, ao mesmo tempo,
constituindo uma maneira de acomodação e conflitos e frustrações da vida real.
Vygotsky (1984, p. 64) afirma que, “brincar leva a criança a tornar-se mais flexível e
a buscar alternativas de ação. Enquanto brinca, a criança concentra sua atenção na
atividade em si e não em resultados e efeitos”.
As atividades lúdicas são fundamentais na formação das crianças, e
verdadeiras facilitadoras dos relacionamentos e das vivências no contexto escolar.
Pois a mesma promove a imaginação e, principalmente, as transformações de
sujeito em relação ao seu objeto de aprendizagem.
11

1. CAPÍTULO I

1.1 O LÚDICO NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

O lúdico é importante na educação infantil, pois é através dele que a criança


vem a desenvolver habilidades para a aprendizagem se efetivar. A educação lúdica
sempre esteve presente em todas as épocas entre os povos e estudiosos, sendo de
grande importância no desenvolvimento do ser humano na educação infantil e na
sociedade.
Os jogos e brinquedos sempre estiveram presentes no ser humano desde a
antiguidade, mas nos dias de hoje a visão sobre o lúdico é diferente. Implicam-se o
seu uso e em diferentes estratégias em torno da pratica no cotidiano.
Para que o lúdico contribua na construção do conhecimento faz-se necessário
que o educador direcione toda a atividade e estabeleça os objetivos fazendo com
que a brincadeira tenha um caráter pedagógico e não uma mera brincadeira,
promovendo, assim, interação social e o desenvolvimento de habilidades
intelectivas.

1.2 CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO LÚDICA

A educação lúdica contribui e influencia na formação da criança,


possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integrando-se
ao mais alto espírito democrático enquanto investe em uma produção séria do
conhecimento. A sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica,
promovendo a interação social e tendo em vista o forte compromisso de
transformação e modificação do meio.
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e
aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o
desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar
com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso,
pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.
Entende-se que educar ludicamente não é jogar lições empacotadas para o
educando consumir passivamente. Educar é um ato consciente e planejado, é tornar
o indivíduo consciente, engajado e feliz no mundo. É seduzir os seres humanos para
12

o prazer de conhecer. É resgatar o verdadeiro sentido da palavra "escola", local de


alegria, prazer intelectual, satisfação e desenvolvimento.

1.3 A EDUCAÇÃO INFANTIL E SEU DESENVOLVIMENTO POR MEIO DA


UTILIZAÇÃO DOS JOGOS LÚDICOS

A educação infantil divide-se em várias etapas, de acordo com a faixa etária


da criança. O lúdico é nosso companheiro diário, já que desse modo às crianças se
conhecem e se expressam melhor, adquirindo conhecimentos, conhecendo limites
de maneira agradável e saudável.
No que corresponde à faixa etária de cinco anos, procuramos dar maior
ênfase ao desenvolvimento motor, através das técnicas de recorte, colagem,
dobradura, movimento de pinça e modelagem, por meio de jogos de equilíbrio e
direção. Desta forma, procuramos converter a maior parte das atividades diárias da
criança em jogos motores e lúdicos.
No caso do Pré-escolar, o objetivo é acompanhar a evolução emocional de
cada criança através da criatividade individual e integração com as demais,
oferecendo ambientes para que ela possa descobrir e realizar tarefas com prazer e
alegria. Convém relembrar que o caráter lúdico nas brincadeiras, jogos e atividades
infantis são essenciais para o desenvolvimento da personalidade das crianças.

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A ação física é a primeira forma de aprendizagem da criança, estando à


motricidade ligada à atividade mental, a criança se movimenta pelo prazer do
exercício para adquirir maior mobilidade e explorar o meio ambiente.
Toda a ação humana envolve atividade corporal, a criança movimenta-se nas
ações do cotidiano: brincar, correr, saltar e dançar, são algumas das atividades que
estão ligadas a sua necessidade de experimentar o corpo não só para o seu
domínio, mas na construção da sua autonomia.
Lembrando que o jogo, a brincadeira e a diversão fazem parte deste
maravilhoso mundo do movimento e estarão presentes nas mais diversas atividades
aqui propostas, as quais serão permeadas pela ludicidade e a busca constante do
envolvimento de todas as crianças. Ressaltando que o trabalho com jogos e
13

brincadeiras é sem dúvida, um grande avanço para superação de uma prática


desestimulante e estática. O professor que vê nas atividades lúdicas um recurso
valioso para a aprendizagem de seu aluno, com certeza terá seus objetivos
alcançados com maior êxito.
14

2. CAPÍTULO II

2.1 JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS

No comportamento diário das crianças o brincar é algo que se destaca como


essencial para o seu desenvolvimento e aprendizagem. Jogos e brincadeiras
constam como recursos necessários na construção da identidade, da autonomia
infantil e das diferentes linguagens das crianças.
O jogo é a mais importante das atividades da infância, pois a criança
necessita brincar, jogar, criar e inventar para manter seu equilíbrio com o mundo. A
importância da inserção e utilização dos brinquedos, jogos e brincadeiras na prática
pedagógica é uma realidade que se impõe ao professor. Brinquedos não devem ser
explorados só para lazer, mas também como elementos bastantes enriquecedores
que promovem a aprendizagem. Através dos jogos e brincadeiras, o educando
encontra apoio para superar suas dificuldades de aprendizagem, melhorando o seu
relacionamento com o mundo.
Os jogos, brinquedos e brincadeiras são atividades fundamentais da infância,
para isso, é importante que a escola dê condições adequadas visando a promover
situações compatíveis com as necessidades apresentadas pelas crianças e
oportunizando estimulação para seu desenvolvimento integral.

2.2 OS JOGOS LÚDICOS

As aulas muitas vezes, tornam-se meras repetições de exercícios educativos,


ficando a aula monótona e como consequência vazia, procura-se a solução com a
utilização dos jogos para despertar na criança o interesse pela descoberta de
maneira prazerosa e com responsabilidade.
Vivemos uma época em que a tecnologia avança aceleradamente inclusive na
educação, mas as atividades lúdicas não podem ser esquecidas no cotidiano
escolar; porque a alternativa de trabalhar de maneira lúdica em sala de aula é muito
atraente e educativa.
15

O jogo é uma fonte de prazer e descoberta para a criança, o que poderá


contribuir no processo ensino e aprendizagem; porém tal contribuição no
desenvolvimento das atividades pedagógicas dependerá da concepção que se tem
do jogo.
Os jogos não são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para
gastar a energia das crianças, mas meios que enriquecem o desenvolvimento
intelectual e que podem contribuir significativamente para o processo de ensino e
aprendizagem e no processo de socialização das crianças, normalmente é visto por
seu caráter competitivo, ou seja, uma disputa onde existem ganhadores e
perdedores; esta visão está vinculada à postura de muitos educadores, para estes o
jogo é um ato diferente do brincar, não podemos considerar o jogo apenas como
uma competição. A atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades sociais e
intelectuais
Quando o professor recorre aos jogos, ele está criando na sala de aula uma
atmosfera de motivação que permite aos alunos participarem ativamente do
processo ensino aprendizagem, assimilando experiências e informações,
incorporando atitudes e valores. Para que a aprendizagem ocorra de forma natural é
necessário respeitar e resgatar o movimento humano, respeitando a bagagem
espontânea de conhecimento da criança.
Brincar e jogar são coisas simples na vida das crianças. Parecem simples,
mas depois de observá-los, se verifica que a atividade lúdica está no centro de
muitas ideias sobre o desenvolvimento psicológico, intelectual, emocional ou social
do ser humano. O jogo, o brincar e o brinquedo desempenham um papel
fundamentalmente na aprendizagem e no processo de socialização das crianças.

2.3 BRINQUEDO

A importância do brinquedo no desenvolvimento da criança tem sido


demonstrada, na contemporaneidade, pelo crescente número de pesquisas
existentes no campo da educação. Segundo abordagens diversas nas áreas
sociológica, psicológica e pedagógica, estas pesquisas têm como objeto de estudo,
entre outros, a influência da cultura na constituição dos brinquedos, a função destes
na construção do psiquismo infantil ou ainda a importância de utilizá-los como
16

recurso pedagógico, seja no contexto familiar ou em instituições coletivas, como


creches ou pré-escolas.

2.4 A FUNÇÃO DO BRINQUEDO PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DO


SER HUMANO

Através do brinquedo, a criança inicia sua integração social; aprende a


conviver com os outros, a situar-se frente ao mundo que a cerca, pois brincar não é
perda de tempo, nem simplesmente uma maneira de preencher o tempo, pois a
criança que não tem a oportunidade para brincar é como um peixe fora da água.
Portanto, o brinquedo possibilita o desenvolvimento integral da criança, já que
se envolve afetivamente, convive socialmente e opera mentalmente, tudo de uma
maneira envolvente, em que ela desprende energia, imagina, constrói suas normas e
cria alternativas para resolver imprevistos que surgem no ato de brincar.
Portanto, o brinquedo facilita a compreensão da realidade, é muito mais um
processo do que um produto, não é o fim de uma atividade ou o resultado de uma
experiência, por ser essencialmente dinâmico. O brinquedo possibilita a emergência
de comportamentos espontâneos e improvisados, exigindo movimentação física,
emocional, além de provocar desafio mental. E neste contexto, a criança só ou com
companheiros integra-se ou volta-se contra o ambiente em que está.

2.5 AS BRINCADEIRAS E AS NOVAS TECNOLOGIAS

As brincadeiras despertam nas crianças várias ações ao concretizar as regras


do jogo, sejam elas quais forem as mesmas procuram se envolver nessa
brincadeira, e em relação ao lúdico os brinquedos e as brincadeiras relacionam-se
diretamente com a criança, porém, não se confundem com o jogo, que aparece com
significações opostas e contraditórias, visto que a brincadeira se destaca como uma
ação livre e sendo supervisionada pelo adulto.
Numa sociedade que fragmenta os contextos culturais, a televisão oferece
uma referência comum, um suporte de comunicação. A mesma tem influência sobre
a imagem do brinquedo e sobre seu uso e, é claro, estimula o consumo de alguns
deles. Seja diretamente, por intermédio das emissões dos programas, ou
17

indiretamente, através dos brinquedos que se adaptaram à sua lógica, a televisão


intervém muito profundamente na brincadeira da criança, na sua cultura lúdica.
Quando o aluno se volta para a sociedade atual, por meio da informática, não
está apenas frente a um novo instrumento de consumo ou brinquedo. O computador
estrutura um novo recorte da realidade. Um recorte que possibilita ao usuário recriar
uma parte da realidade. Este fato nunca antes tinha acontecido nas dimensões
atuais. Com a criação da rede de computadores, e principalmente da internet, não
basta apenas o sujeito aprender a lidar com as informações mais gerais. É preciso
aprofundá-las, decodificando-as em toda a sua complexidade. Isto porque agora o
sujeito está sozinho frente ao processo de transmissão e produção/reprodução das
informações.
18

3. CAPÍTULO III

3.1 A CRIANÇA E O LÚDICO

Brincar não é perda de tempo. A criança que não brinca é como um peixe fora
da água. Os brinquedos possibilitam o desenvolvimento integral da criança porque
ela se envolve efetivamente e socialmente; tudo isso acontece de maneira
envolvente, onde a criança cria e recria normas e constrói alternativas para resolver
entraves que surgem no ato do brincar.
O ato de brincar é muito mais um processo do que um produto. O brinquedo
facilita a apreensão da realidade. Brincar é atividade e experiência: exige
movimentação física. O brincar requer da criança participação completa.
O brinquedo é essencialmente dinâmico e possibilita o surgimento de
comportamentos espontâneos; padrões e normas podem ser criados: há liberdade
para se tomar decisões. A essência da infância é o brinquedo; ele é o transporte
para o crescimento, é também um meio muito natural que permite à criança explorar
o mundo, possibilitando-lhe descobrir-se, conhecer seus sentimentos e sua forma de
agir e reagir.
De acordo com estudiosos da Educação Infantil que estudam o
comportamento do brincar das crianças, o brinquedo é influenciado pela idade, sexo,
presença de companheiros, surpresa, portanto, cabe ao professor valorizar o
brinquedo para encorajá-los os educandos, sem achar que está perdendo tempo.
As habilidades sociais reforçadas pelo brinquedo são muitas: cooperação,
comunicação eficiente, competição honesta e redução da agressividade. As crianças
progridem com os brinquedos.
Com as brincadeiras, as crianças desenvolvem a expressão corporal, gestos
e postura. A relação que se estabelece entre o corpo, a mente da criança e o seu
ambiente tem uma enorme importância para seu desenvolvimento.

3.3 O PAPEL DO EDUCADOR EM RELAÇÃO AO LÚDICO

Muitos profissionais da área educacional utilizam a ludicidade como um


recurso pedagógico, pois a utilização de recursos lúdicos, como jogos e
brincadeiras, auxilia a transposição dos conteúdos para o mundo do educando. O
19

lúdico aplicado à prática pedagógica não apenas contribui para a aprendizagem da


criança, como possibilita ao educador s aulas mais dinâmicas e prazerosas.
A importância da inserção e utilização dos brinquedos, jogos e brincadeiras
na prática pedagógica é uma realidade que se impõe ao educador. Brinquedos não
devem ser explorados somente como lazer, mas também como elementos bastante
enriquecedores para promover a aprendizagem.
Os educadores precisam estar cientes de que a brincadeira para o educando
é necessária e que ela traz enormes contribuições no desenvolvimento da habilidade
de aprender a pensar.
É importante que o educador descubra e trabalhe a dimensão lúdica que
existe em sua essência, no seu trajeto cultural, de forma que venha aperfeiçoar a
sua prática pedagógica, como relata Feijó (1992, p.61), “que o lúdico é uma
necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente e faz parte das
atividades essenciais da dinâmica humana”.
Jamais pense em usar os jogos pedagógicos sem um rigoroso e cuidadoso
planejamento, marcado por etapas muito nítidas e que efetivamente acompanhem o
progresso dos alunos, e jamais avalie qualidade de professor pela quantidade de
jogos que emprega, e sim pela qualidade dos jogos que se preocupou em pesquisar
e selecionar.
No planejamento de uma atividade, o professor deve antes adequar o tipo de
jogo ao seu público e o conteúdo a ser trabalhado, para que os resultados venham
ser satisfatórios e os objetivos alcançados.
Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível e que contribuirá
significativamente para formação de cidadãos que atendam as demandas do século
XXI.
20

4. CAPÍTULO IV

4.1 BRINQUEDOTECA: UM ESPAÇO DE CONSTRUÇÃO DO LÚDICO.

As brinquedotecas no Brasil começaram a surgir nos anos 80. Como toda


ideia nova, apesar do encantamento que desperta, tem que enfrentar dificuldades
não somente para conseguir sobreviver economicamente, mas também para se
impor como instituição reconhecida e valorizada a nível educacional.
A mesma tem como objetivo proporcionar estímulos para que a criança possa
brincar livremente e, por ser um local onde as crianças permanecem por algumas
horas, é um espaço onde acontece uma interação educacional. E as pessoas que
trabalham na brinquedoteca são educadores preocupados com a felicidade e com o
desenvolvimento emocional, social e intelectual das crianças.
De acordo com Froebel, por meio da atividade livre, que as Brinquedotecas
podem proporcionar, a criança desenvolve sua estrutura física e psíquica, permitindo
que a mesma cresça livremente. Já os brinquedos irão ajudar na realização das
atividades que serão aplicadas. E assim a criança aprende com aquilo que lhe é
natural, o brincar.
A principal implicação educacional da Brinquedoteca é a valorização da
atividade lúdica, que tem como consequência o respeito às necessidades afetivas da
criança. Promovendo o respeito à criança, contribui para diminuir a opressão dos
sistemas educacionais extremamente rígidos. Além de resgatar o direito à infância, a
brinquedoteca tenta salvar a criatividade e a espontaneidade da criança, tão
ameaçada pela tecnologia educacional de massa. Nos últimos anos, a tecnologia e
a ciência obtiveram avanços significativos sob todos os âmbitos, refletidos na
sociedade atual. Mas, no que tange à infância e o desenvolvimento da criança,
houve progressos e regressos.
Todavia, ocorreram regressos quanto ao espaço, tempo, objetos, condições
de segurança, de liberdade e o convívio social que comprometeram as brincadeiras
na fase infantil devido ao surgimento da modernidade e avanços tecnológicos.
21

4.2 A BRINQUEDOTECA COMO FACILITADORA DO PROCESSO DE


SOCIALIZAÇÃO, ENSINO E APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO
INFANTIL.

Na escola é possível planejar os espaços de jogo. Na sala de aula, o espaço


de trabalho pode ser transformado em espaço de jogo, podem ser desenvolvidas
atividades aproveitando mesas, cadeiras, divisórias etc. como recursos. Fora da
sala, sobretudo no pátio, a brincadeira “corre solta” e a atividade física predomina.
Como alternativa, ainda, de espaços lúdicos, além dos parques e praças
(escassos nas grandes cidades), surgiram desde o começo da década de 80 as
chamadas brinquedotecas ou ludotecas. São espaços públicos e/ou privados que
funcionam como bibliotecas de brinquedos, organizados de forma que as crianças
possam desenvolver criativamente suas atividades lúdicas. Em creches, escolas e
universidades há brinquedotecas com fins especificamente educacionais.
Outras brinquedotecas têm fins terapêuticos e funcionam em clínicas e
hospitais. A implementação de espaços lúdicos em hospitais pediátricos permite um
trabalho complementar de comprovada importância para apoio psicológico às
crianças internadas. Algumas empresas, sobretudo os fabricantes de brinquedos,
mantêm brinquedotecas, que, além de atender à comunidade, destinam-se à
pesquisa de brinquedos.
Finalmente, há brinquedotecas com fins basicamente sociais. Entre seus
objetivos, está oferecer, além da rua e do reduzido espaço das casas, uma
oportunidade diferente para a criança brincar; ao mesmo tempo, a criança tem
oportunidade de se desenvolver, interagir com outras crianças e adultos e ter acesso
a brinquedos raros para elas. Esse tipo de brinquedoteca tem aumentado em
diversos centros comunitários. No Brasil, a primeira brinquedoteca foi instalada na
Escola Indianópolis, em São Paulo.
22

Brinquedoteca do Instituto Indianópolis


Fonte: revista Páginas Abertas, ano 37, n.52, 2012.

4.3 A BRINCADEIRA DESPERTANDO A CRIATIVIDADE

A brincadeira favorece o equilíbrio afetivo da criança e contribui para o


processo de apropriação de signos sociais. Cria condições para uma transformação
significativa da consciência infantil, por exigir das crianças formas mais complexa de
relacionamentos com o mundo. Isso ocorre em virtude das características da
brincadeira.
Os objetos manipulados na brincadeira, especialmente, são usados de modo
simbólico, como um substituto para os outros, por intermédio de gestos imitativos
reprodutores das posturas, expressões e verbalizações que ocorrem no ambiente da
criança. Na verdade, só o fato de colocarmos o material a disposição da criança
permite que ela desenvolva sua atividade real. Com o material a criança age, e
nessa idade toda a aprendizagem ocorre por meio da ação.
Viver de maneira criativa ou viver de maneira não criativa constituem alternativas
que podem ser nitidamente contrastadas.
23

A criatividade vivenciada em momento relaciona-se com abordagem do


individuo a realidade externa. Supondo-se uma capacidade cerebral razoável,
inteligência suficiente para capacitar o indivíduo a tornar-se uma pessoa ativa e a
tomar parte na vida da comunidade, tudo o que acontece é criativo.
Poderíamos dizer que o brincar leva naturalmente à criatividade, porque em
todos os níveis do brincar as crianças precisam usar habilidades e processos que
proporcionam oportunidades de ser criativo.
Para ser criativo é preciso ousar ser diferente, requer tempo e imaginação, o
que está disponível para a maioria das crianças, requer autoconfiança, algum
conhecimento, receptividade, senso de absurdo e a capacidade de brincar. Tudo
isso faz parte da infância e, muito disso precisa ser estimulado com mais vigor no
contexto da escola e da educação.
24

CAPITULO V

5. 1 ENSINO-APRENDIZAGEM ATRAVÉS DO BRINCAR NA INFÂNCIA

Na educação de modo geral, e principalmente na Educação Infantil o brincar é


um potente veículo de aprendizagem experiencial, visto que permite, através do
lúdico, vivenciar a aprendizagem como processo social. A proposta do lúdico é
promover uma alfabetização significativa na prática educacional, é incorporar o
conhecimento através das características do conhecimento do mundo. O lúdico
promove o rendimento escolar além do conhecimento, oralidade, pensamento e o
sentido. Assim, Goés (2008, p 37), afirma ainda que:

(...) a atividade lúdica, o jogo, o brinquedo, a brincadeira, precisam ser


melhorado, compreendidos e encontrar maior espaço para ser
entendido como educação. Na medida em que os professores
compreenderem toda sua capacidade potencial de contribuir no
desenvolvimento infantil, grandes mudanças irão acontecer na
educação e nos sujeitos que estão inseridos nesse processo.

Contudo, compreender a relevância do brincar possibilita aos professores


intervir de maneira apropriada, não interferindo e descaracterizando o prazer que o
lúdico proporciona. Portanto, o brincar utilizado como recurso pedagógico não deve
ser dissociado da atividade lúdica que o compõe, sob o risco de descaracterizar-se,
afinal, a vida escolar regida por normas e tempos determinados, por si só já favorece
este mesmo processo, fazendo do brincar na escola um brincar diferente das outras
ocasiões. A incorporação de brincadeiras, jogos e brinquedos na prática pedagógica,
podem desenvolver diferentes atividades que contribuem para inúmeras
aprendizagens e para a ampliação da rede de significados construtivos tanto para
crianças como para os jovens.
Para Vygotsky (1998), o educador poderá fazer o uso de jogos, brincadeiras,
histórias e outros, para que de forma lúdica a criança seja desafiada a pensar e
resolver situações problemáticas, para que imite e recrie regras utilizadas pelo
adulto.
O lúdico pode ser utilizado como uma estratégia de ensino e aprendizagem,
assim o ato de brincar na escola sob a perspectiva de Lima (2005) está relacionada
ao professor que deve apropriar-se de subsídios teóricos que consigam convencê-lo
25

e sensibilizá-lo sobre a importância dessa atividade para aprendizagem e para o


desenvolvimento da criança. Oliveira (1997, p. 57) acrescenta o fato que a:

Aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire informações,


habilidades, atitudes, valores, etc. a partir de seu contato com a
realidade, o meio ambiente, as outras pessoas. É um processo que se
diferencia dos fatores inatos (a capacidade de digestão, por exemplo,
que já nasce com o indivíduo) e dos processos de maturação do
organismo, independentes da informação do ambiente (a maturação
sexual, por exemplo). Em Vygotsky, justamente por sua ênfase nos
processos sócio-históricos, a ideia de aprendizado inclui a
interdependência dos indivíduos envolvidos no processo. (...) o
conceito em Vygotsky tem um significado mais abrangente, sempre
envolvendo interação social.

Com isso, é possível entender que o brincar auxilia a criança no processo de


aprendizagem. Ele vai proporcionar situações imaginárias em que ocorrerá no
desenvolvimento cognitivo e facilitando a interação com pessoas, as quais
contribuirão para um acréscimo de conhecimento.
A essas ideias associamos nossas convicções sobre o brincar como prática
pedagógica, sendo um recurso que pode contribuir não só para o desenvolvimento
infantil, como também para o cultural. Brincar não é apenas ter um momento
reservado para deixar a criança à vontade em um espaço com ou sem brinquedos e
sim um momento que podemos ensinar e aprender muito com elas. A atividade
lúdica permite que a criança se prepare para a vida, entre o mundo físico e social.
De acordo com Kishimoto (2002) o jogo é considerado uma atividade lúdica
que tem valor educacional, a utilização do mesmo no ambiente escolar traz muitas
vantagens para o processo de ensino aprendizagem, o jogo é um impulso natural da
criança funcionando, como um grande motivador, é através do jogo obtém prazer e
realiza um esforço espontâneo e voluntário para atingir o objetivo, o jogo mobiliza
esquemas mentais, e estimula o pensamento, a ordenação de tempo e espaço,
integra várias dimensões da personalidade, afetiva, social, motora e cognitiva.
O desenvolvimento da criança e seu consequente aprendizado ocorrem
quando participa ativamente, seja discutindo as regras do jogo, seja propondo
soluções para resolvê-los. É de extrema importância que o professor também
participe e que proponha desafios em busca de uma solução e de participação
coletiva, o papel do educador neste caso será de incentivador da atividade. A
intervenção do professor é necessária e conveniente no processo de ensino-
26

aprendizagem, além da interação social, ser indispensável para o desenvolvimento


do conhecimento.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil
(BRASIL, 1998, p. 23, v.01):

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado, brincadeiras


e aprendizagem orientadas de forma integrada e que possam
contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação
interpessoal de ser e estar com os outros em uma atitude básica de
aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças aos
conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.

Por isso o educador é a peça fundamental nesse processo, devendo ser um


elemento essencial. Educar não se limita em repassar informações ou mostrar
apenas um caminho, mas ajudar a criança a tomar consciência de si mesmo, e da
sociedade. É oferecer várias ferramentas para que a pessoa possa escolher
caminhos, aquele que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com
as circunstâncias adversas que cada um irá encontrar. Nessa perspectiva, segundo
o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 30, v.01):

O professor é mediador entre as crianças e os objetos de


conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de
aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas,
emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus
conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes
campos de conhecimento humano. Na instituição de educação infantil
o professor constitui-se, portanto, no parceiro mais experiente, por
excelência, cuja função é propiciar e garantir um ambiente rico,
prazeroso, saudável e não discriminatório de experiências educativas
e sociais variadas.

Educar é acima de tudo a inter-relação entre os sentimentos, os afetos e a


construção do conhecimento. Segundo este processo educativo, a afetividade ganha
destaque, pois acreditamos que a interação afetiva ajuda mais a compreender e
modificar o raciocínio do aluno. E muitos educadores têm a concepção que se
aprende através da repetição, não tendo criatividade e nem vontade de tornar a aula
mais alegre e interessante, fazendo com que os alunos mantenham distantes,
perdendo com isso a afetividade e o carinho que são necessários para a educação.
27

A criança necessita de estabilidade emocional para se envolver com a


aprendizagem. O afeto pode ser uma maneira eficaz de aproximar o sujeito e a
ludicidade em parceria com professor-aluno, ajuda a enriquecer o processo de
ensino-aprendizagem. E quando o educador dá ênfase às metodologias que
alicerçam as atividades lúdicas, percebe-se um maior encantamento do aluno, pois
se aprende brincando.
Santos (2002) refere-se ao significado da palavra ludicidade que vem do latim
ludus e significa brincar. Onde neste brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e
divertimentos, tendo como função educativa do jogo o aperfeiçoamento da
aprendizagem do indivíduo.
Assim, a ludicidade tem conquistado um espaço na educação infantil. O
brinquedo é a essência da infância e permite um trabalho pedagógico que possibilita
a produção de conhecimento da criança. Ela estabelece com o brinquedo uma
relação natural e consegue extravasar suas angústias e entusiasmos, suas alegrias
e tristezas, suas agressividades e passividades.
Ainda Santos (2002, p. 12) relata sobre a ludicidade como sendo:

(...) uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode


ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto
lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e
cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um
estado interior fértil, facilita os processos de socialização,
comunicação, expressão e construção de conhecimento.

Ao assumir a função lúdica e educativa, a brincadeira propicia diversão,


prazer, potencializa a exploração e a construção do conhecimento. Brincar é uma
experiência fundamental para qualquer idade, principalmente para as crianças da
Educação Infantil.
Dessa forma, a brincadeira já não deve ser mais atividade utilizada pelo
professor apenas para recrear as crianças, mas como atividade em si mesma, que
faça parte do plano de aula da escola. Pois, de acordo com Vygotsky (1998) é no
brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva. Porque ela transfere
para o mesmo sua imaginação e, além disso, cria seu imaginário do mundo de faz
de conta.
Portanto, cabe ao educador criar um ambiente que reúna os elementos de
motivação para as crianças. Criar atividades que proporcionam conceitos que
28

preparam para a leitura, para os números, conceitos de lógica que envolve


classificação, ordenação, dentre outros. Motivar os alunos a trabalhar em equipe na
resolução de problemas, aprendendo assim expressar seus próprios pontos de vista
em relação ao outro.
Oliveira (1997, p. 61) afirma que:

A implicação dessa concepção de Vygotsky para o ensino escolar é


imediata. Se o aprendizado impulsiona o desenvolvimento, então a
escola tem um papel essencial na construção do ser psicológico
adulto dos indivíduos que vivem em sociedades escolarizadas. Mas o
desempenho desse papel só se dará adequadamente quando,
conhecendo o nível de desenvolvimento dos alunos, a escola dirigir o
ensino não para as etapas de desenvolvimento ainda não
incorporados pelos alunos, funcionando realmente como um motor
de novas conquistas psicológicas. Para a criança que frequenta a
escola, o aprendizado escolar é elemento central no seu
desenvolvimento.

O processo de ensino e aprendizagem na escola deve ser construído, então,


tomando como ponto de partida o nível de desenvolvimento real da criança, num
dado momento e com sua relação a um determinado conteúdo a ser desenvolvido, e
como ponto de chegada os objetivos estabelecidos pela escola, supostamente
adequados à faixa etária e ao nível de conhecimentos e habilidades de cada grupo
de crianças. O percurso a ser seguido nesse processo estará demarcado pelas
possibilidades das crianças, isto é, pelo seu nível de desenvolvimento potencial.
Enfim, estar ao lado do aluno, acompanhando seu desenvolvimento, para
levantar problemas que o leve a formular hipóteses. Brinquedos adequados para
idade, com objetivo de proporcionar o desenvolvimento infantil e a aquisição de
conhecimentos em todos os aspectos.
A partir da leitura desses autores podemos verificar que a ludicidade, as
brincadeiras, os brinquedos e os jogos são meios que a criança utiliza para se
relacionar com o ambiente físico e social de onde vive, despertando sua curiosidade
e ampliando seus conhecimentos e suas habilidades, nos aspectos físico, social,
cultural, afetivo, emocional e cognitivo, e assim, temos os fundamentos teóricos para
deduzirmos a importância que deve ser dada à experiência da educação infantil.
29

5.2.AS IMPLICAÇÕES DO ATO DE BRINCAR NO


DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Brincar, segundo o dicionário Aurélio (2003), é "divertir-se, recrear-se,


entreter-se, distrair-se, folgar", também pode ser "entreter-se com jogos infantis", ou
seja, brincar é algo muito presente nas nossas vidas, ou pelo menos deveria ser.
Segundo Oliveira (2000) o brincar não significa apenas recrear, é muito mais,
caracterizando-se como uma das formas mais complexas que a criança tem de
comunicar-se consigo mesma e com o mundo, ou seja, o desenvolvimento acontece
através de trocas recíprocas que se estabelecem durante toda sua vida.Assim,
através do brincar a criança pode desenvolver capacidades importantes como a
atenção, a memória, a imitação, a imaginação, ainda propiciando à criança o
desenvolvimento de áreas da personalidade como afetividade, motricidade,
inteligência, sociabilidade e criatividade.
Vygotsky (1998), um dos representantes mais importantes da psicologia
histórico-cultural, partiu do princípio que o sujeito se constitui nas relações com os
outros, por meio de atividades caracteristicamente humanas, que são mediadas por
ferramentas técnicas e semióticas. Nesta perspectiva, a brincadeira infantil assume
uma posição privilegiada para a análise do processo de constituição do sujeito,
rompendo com a visão tradicional de que ela é uma atividade natural de satisfação
de instintos infantis. Ainda, o autor refere-se à brincadeira como uma maneira de
expressão e apropriação do mundo das relações, das atividades e dos papéis dos
adultos.
A capacidade para imaginar, fazer planos, apropriar-se de novos
conhecimentos surge, nas crianças, através do brincar. A criança por intermédio da
brincadeira, das atividades lúdicas, atua, mesmo que simbolicamente, nas diferentes
situações vividas pelo ser humano, reelaborando sentimentos, conhecimentos,
significados e atitudes.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil
(BRASIL, 1998, p. 27, v.01):
30

O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que


assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira,
as crianças agem frente à realidade de maneira não literal,
transferindo e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e
características do papel assumido, utilizando-se de objetos
substitutos.

Zanluchi (2005, p. 89) reafirma que “Quando brinca, a criança prepara-se a


vida, pois é através de sua atividade lúdica que ela vai tendo contato com o mundo
físico e social, bem como vai compreendendo como são e como funcionam as
coisas.” Assim, destacamos que quando a criança brinca, parece mais madura, pois
entra, mesmo que de forma simbólica, no mundo adulto que cada vez se abre para
que ela lide com as diversas situações.
Portanto, a brincadeira é de fundamental importância para o desenvolvimento
infantil na medida em que a criança pode transformar e produzir novos significados.
Nas situações em que a criança é estimulada, é possível observar que rompe com a
relação de subordinação ao objeto, atribuindo-lhe um novo significado, o que
expressa seu caráter ativo, no curso de seu próprio desenvolvimento.

5.3. A CRIANÇA QUE BRINCA TORNA-SE UM ADULTO FELIZ

O desperdício da infância se expressa de várias maneiras: quando se faz das


crianças pequenas consumidoras de brinquedos que são fabricados a partir de
outras culturas, produtos que não consideram as crianças como seres inteligentes e
criativos, quando se deixa de trabalhar os valores como: cidadania e a garantia da
infância plena e verdadeira ou quando as atividades feitas com as crianças ocorrem
durante a maior parte do tempo dentro da sala de aula.
Na educação infantil a criança precisa e necessita brincar, porque o brincar
assume um papel importante na construção do conhecimento e no desenvolvimento
infantil, levando a criança a explorar o mundo à sua volta, descobrir e compreender a
si mesma e seus sentimentos. As atividades lúdicas não devem ser realizadas
somente no recreio, mas também, em sala de aula. Segundo MUNIZ, 2002, p. 41:

Devemos tomar o brincar como espaço onde as criança comunicam


entre elas suas maneiras de pensar e onde tentam explicar e validar
seus processos lógicos dentro do grupo que participa da atividade
lúdica.
31

Mesmo as mais simples brincadeiras são estímulos importantes para o


desenvolvimento infantil. Enquanto a criança brinca a mente trabalha, desenvolve
conexões elaboradas. Brincar é um direito básico para a formação saudável de
qualquer cidadão.
Atividades lúdicas estimulam todas as habilidades. A brincadeira não
acontece sem a atividade cerebral. Ao aprender a andar de bicicleta, uma criança
está também aprendendo a lidar com o fracasso e o sucesso.
Acredito que as crianças aprendem mais nos jogos em grupo que através de
muitas lições, folhas mimeografadas e cópias, os jogos possibilitam uma interação
social, ativa e prazerosa.
Ao defender uma prática pedagógica a partir da atividade do brincar senti que
houve mudanças significativas para o processo de ensino-aprendizagem nas séries
que atuei, pois remeteu-me à uma transformação do espaço escolar, tornando-o um
espaço integrador e dinâmico, onde não priorizo apenas o desenvolvimento
cognitivo do aluno, mas contemplo-o como indivíduo em constante processo de
transformação.
É possível perceber que o campo da ludicidade ainda é pouco explorado
pelas instituições educacionais brasileiras, no entanto, nosso país é riquíssimo em
danças, folguedos, brincadeiras, jogos, mas isso tudo não quer dizer que essas
tradições estão condenadas a desaparecer. A nossa diversidade cultural sempre há
de existir e com ela as brincadeiras da primeira infância que persistem no tempo
pela sua importância educativa, emotiva e social.
A relação com o conhecimento teórico, aprendizado prático,
interações sociais, histórias de vida, projetos e brincadeiras, relatórios, assim, como
estudos sistematizados foram me transformando em uma amante da educação
infantil. Nesse sentido o PIE me proporcionou subsídios teóricos para dialogar com
as questões oriundas das práticas cotidianas experimentadas em meu trabalho.
Os estudos realizados no PIE e as trocas de experiências fizeram
com que eu reformulasse, aprendesse e trocasse antigos e novos conceito,
chegando a concepções do processo de construção da prática pedagógica na
educação infantil.
32

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluí-se que o lúdico é uma forma facilitadora de aprendizado. Com ele a


criança desenvolve aspectos afetivos, cognitivos, motores e sociais, podendo assim
interagir com o meio em que vive de forma dinâmica e prazerosa. O jogo, a
brincadeira e o brinquedo não podem ser ignorados nas fases iniciais da vida da
criança e, infelizmente, é o que acontece quando muito professores, em função de
não terem acesso a informações mais precisas sobre o lúdico, acabam agindo de
maneira tradicional, deixando de utilizar esse elemento facilitador no processo de
formação de um cidadão crítico e reflexivo.
Brougére (2000) tem razão em afirmar que: Encontramos-nos frente a uma
brincadeira que sujeita a conteúdos definidos socialmente, não é mais brincadeira,
transformou-se em uma atividade controlada pela mestra que se utiliza na educação
para manter os alunos interessados em sua proposta.
Pode-se dizer que as atividades lúdicas ultrapassam a realidade,
transformando-a através da imaginação. A incorporação de brincadeiras, jogos e
brinquedos na prática pedagógica, podem desenvolver diferentes atividades que
contribuem para inúmeras aprendizagens e para a ampliação da rede de
significados construtivos para o educando, também funciona como exercícios
necessários e úteis à vida. Brincadeiras e jogos são elementos indispensáveis para
que haja uma aprendizagem com divertimento, que proporcione prazer no ato de
aprender, e que facilite as práticas pedagógicas em sala de aula.
33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBOSA , Alex Sobreira de Miranda. O Lúdico na Educação Infantil. Disponível


em: https://psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/o-ludico-na-educacao-
infantil. Acesso em: 02 de Fevereiro de 2015.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação


Fundamental. Referencial curricular nacional par a educação infantil. Brasília, 1998.
V. 2.

BROUGÉRE, Gilles. Brinquedo e Cultura. V. 43. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Brincar na Escola. Disponível em:


http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=270.

MOLUSCO, Lula. A importância de brincar na escola. (online) Disponível em:


http://www.jornallivre.com.br/195025/a-importancia-de-brincar-na-escola.html.

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http://www.jornallivre.com.br/195025/a-importancia-de-brincar-na-escola.html.
Acesso: 10 de fevereiro de 2015.

MORAIS, Ana Maria Galeazzi. A importância do brincar no desenvolvimento


infantil. Disponível em: http://www.tribunaimpressa.com.br/Conteudo/A-importancia-
do-brincar-no-desenvolvimento-infantil,771,778. Acesso: 10 de fevereiro de 2015.

MORAIS, Ana Maria Galeazzi. A importância do brincar no desenvolvimento


infantil. Disponível em: http://www.tribunaimpressa.com.br/Conteudo/A-importancia-
do-brincar-no-desenvolvimento-infantil,771,778.
34

NEVES, Augusta. A importância das atividades lúdicas no universo da


educação infantil. Disponível em:
http://mariaaugustaclimadasneves.jusbrasil.com.br/artigos/111955220/aimportancia-
das-atividades-ludicas-no-universo-da-educacao-infantil. Acesso em: 05 de
Fevereiro de 2015.

PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.


Renato, Brinquedoteca. Disponível em:
http://biblioteca.colband.net.br/2012/12/05/brinquedoteca/

ROSELI, Aparecida e Sousa,Marciana. A importância do lúdico na educação


infantil: uma forma de educar. Disponível
em:http://www.cefaprocaceres.com.br/index.php?option=com_content&view=article&i
d=503:a-importancia-do-ludico-na-educacao-infantil-uma-forma-de-
educar&catid=26:pedagogia&Itemid=134

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo, SP: Martins Fontes,


1984.
35

ANEXOS A
(As imagens a seguir são da Escola Municipal de Educação Básica Bernadete Barbosa,
localizada no sítio Barro Preto na cidade de Taquarana, a mesma que trabalhei no ano de
2014)
36

Projeto: Leitura na Praça, envolvendo todas as séries, havendo também


apresentações de peças teatrais com a participação da E ducação Infantil
de 4-5 anos.
37

Projeto Educação para o Trânsito: Alunos confeccionando o material para


ser usado no projeto.
38

Material pronto confeccionado pelos alunos .


39

Apresentação do projeto Educação para o trânsito.


40

ANEXO B
(As imagens a seguir são da Escola Municipal de Educação Básica Dom Sebastião
Leme, localizada no sítio Pau do Descanso na cidade de Taquarana, a mesma que
trabalhei no ano de 2013)
41

Atividade com jogos de quebra-cabeça, envolvendo somente os alunos da


Educação Infantil.
42

Trabalhando material reciclado com os alunos, envolvendo todas as turmas


da escola.

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