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Cuidados Paliativos Domiciliares
Cuidados Paliativos Domiciliares
cuidador familiar
RESUMO
ABSTRACT
This article is a literature review about of the role of family caregivers of patients
with end-stage disease accompanied by a Palliative Home Care Service in order
to understand what the national literature has presented nowadays, since it
considers relevant for the understanding of this dynamic to think and rethink the
existing practice.To develop the study, a bibliographic survey of the past eight
years (2006-2013) encountering 46 articles, of which 21 articles and the Manual of
Palliative Care were selected for analysis as it covered specifically the family as
1
Hospital Erasto Gaertner. Email: itala.duarte@hotmail.com
2
Tribunal de Justiça do Paraná. Email: kricia.fernandes@gmail.com
3
Instituto do Rim do Paraná. Email: suellencvpsi@yahoo.com.br
Introdução
Método
Trata-se de uma revisão bibliográfica acerca da proposta e atuação dos Cuidados
Paliativos Domiciliares como modalidade e possibilidade de cuidado não apenas ao
paciente, como também para o familiar, devido às repercussões advindas deste papel de
cuidador. De acordo com esta proposta, foram utilizados os descritores “cuidados
paliativos”, “cuidados paliativos domiciliares” e “família” nas bases de pesquisa virtual
Scielo, Bireme e Google acadêmico com objetivo de encontrar artigos científicos nacionais
publicados no período compreendido entre 2006 a 2013.
Como resultado desta pesquisa, foram encontrados 46 artigos que, em um primeiro
momento, as autoras avaliaram as palavras-chave e os resumos visando agrupar àqueles
que contemplavam a relação entre os três descritores. Destes artigos, apenas 21 e o Manual
de Cuidados Paliativos, da Academia Nacional de Cuidados Paliativos, puderam ser
considerados para o estudo.
Dentre os artigos utilizados, 11 foram elaborados por enfermeiros, 02 por
psicólogos e 02 por médicos, além desses encontrou-se 02 artigos escritos por enfermeiros
e psicólogos, 03 por enfermeiro e médico e 01 por médico e psicólogo. E em relação ao
tipo de pesquisa , evidenciou-se 08 artigos cuja a metodologia foi qualitativas, 06
quantitativas, 02 qualitativa e quantitativa e 05 revisão de literatura.
Cada artigo foi analisado minuciosamente encontrando quatro temas principais e
relevantes a serem apresentados e discutidos ao longo deste trabalho, os quais são:
Conceito dos Cuidados Paliativos; Atendimento domiciliar como possibilidade de cuidado;
Caracterização do cuidador familiar em atendimento domiciliar; e Família como unidade
de cuidado.
Resultados e Discussão
Cuidados Paliativos: Conceito
Com o envelhecimento da população, apesar do avanço e maior disponibilidade
de tecnologias, há uma maior prevalência de doenças crônicas. A partir dessa nova
realidade, os profissionais de saúde se deparam com o exercício de cuidar de pacientes fora
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de possibilidades de cura, surgindo assim a área de atuação multiprofissional de Cuidados
Paliativos (Matsumoto, 2009).
O conceito atual de Cuidados Paliativos, revisado pela OMS em 2002 (citado
por Matsumoto, 2009), é considerado uma abordagem multiprofissional a pacientes e seus
familiares que enfrentam doenças que ameaçam a continuidade da vida, por meio do
controle da dor e de outros sintomas físicos, além dos cuidados com os problemas de
ordem psicossocial e espiritual. O objetivo é a promoção da melhor qualidade de vida
possível para pacientes e familiares, sendo necessária a identificação e avaliação,
preferencialmente precoce, das necessidades para oferecer um tratamento adequado. Desta
maneira, pode-se prevenir e aliviar o sofrimento, proporcionando assim dignidade de vida
mesmo no processo de morrer.
Diante disso, dentre os artigos encontrados para a presente revisão bibliográfica,
doze trazem conceitos acerca de Cuidados Paliativos, sendo que destes, nove utilizam a
conceituação proposta pela OMS enfatizando alguns aspectos da definição. Nota-se que
uma temática em destaque em algumas definições dos artigos foi o holismo tão essencial
para um cuidado integral ao indivíduo:
Desta maneira, é de fundamental importância, tanto para o doente como para sua
família, uma atenção relacionada ao suporte emocional e social de modo que tais pessoas
enfrentem esse momento com mais tranquilidade e dignidade (...) preconiza a busca da
qualidade de vida dos familiares do paciente em processo de morrer, e o suporte para o
enfrentamento deste processo. (p.3242).
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Dos artigos selecionados, três trazem os cenários do atendimento em Cuidados
Paliativos: Melo et al. (2009) comentam a respeito da internação hospitalar, e dos
tratamentos ambulatoriais e domiciliares; Oliveira et al. (2011), Queiroz, Pontes e
Rodrigues (2013) e Pires et al. (2013) acrescentam a modalidade hospice. Melo et al.
(2009) destacam que até 2009 no Brasil havia cerca de 40 unidades de Cuidados Paliativos,
sendo a maioria de cuidados ambulatoriais e domiciliares. Os Cuidados Paliativos
Domiciliares têm se tornado uma prática cada vez mais frequente e em concordância com a
proposta de humanização, cuidado e assistência integral ao paciente fora de possibilidades
terapêuticas e seus familiares.
Assim, a família tem necessidades que podem ser diferentes das do paciente e que
devem ser consideradas. No entanto, Araújo et al. (2009) coloca que, apesar dos
cuidadores serem percebidos como benéficos ao tratamento, o foco da atenção profissional
ainda é o indivíduo doente, como se os cuidadores soubessem cuidar do paciente
“naturalmente”, sem necessitar de auxílio e apoio.
A respeito da atuação da equipe com a família, Oliveira et al. (2011), num estudo
de revisão de literatura, inclusive apontam o sentimento de insatisfação dos familiares com
a atuação da equipe no que diz respeito ao suporte emocional à família. Em pesquisa
qualitativa, Cazali et al. (2011) descrevem que por vezes a equipe pode expor os familiares
a situações conflitantes devido à falta de informações e orientações.
Ferreira, Souza e Stuchi (2008) apontam para a importância de além do paciente,
também a família ser considerada pelos profissionais de saúde como parte do cuidado,
merecendo atenção e assistência. Essa assistência pode ocorrer quando, por exemplo, a
família não tem preparo técnico ou até mesmo emocional para assumir o manejo
terapêutico do paciente, sendo essenciais orientações e esclarecimentos por parte da equipe
multiprofissional, preferencialmente de forma contínua e repetitiva facilitando a
compreensão acerca dos cuidados. É importante que a equipe proporcione espaço de
comunicação acessível e adequado com a família e paciente, para que estes se sintam
acolhidos e amparados para possíveis eventualidades. Desta maneira, a comunicação
possibilita o conhecimento da demanda para um planejamento assistencial eficaz,
tornando-se um potencial colaborador aos cuidados prestados (Araújo et al., 2009).
Conclusão
Observa-se com este estudo que, no Brasil, a atuação em Cuidados Paliativos
Domiciliares ainda é recente e consequentemente sua produção científica ainda é escassa,
mas em construção. Percebeu-se que, assim como os pacientes, a família também apresenta
demandas que precisam ser identificadas e cuidadas, uma vez que os dados encontrados na
literatura demonstram que o processo de cuidar do paciente impõe um desafio constante,
afetando a estrutura e a dinâmica familiar e a necessidade de readaptação.
Esta readaptação remete às mudanças nas rotinas e atividades diárias após
assumirem o papel de cuidador, como as limitações na vida profissional (redução da
jornada de trabalho ou seu abandono), já que os pacientes em sua maioria necessitam de
cuidados em tempo integral e permanente. Outra questão apresentada pelos cuidadores é a
falta de tempo para o autocuidado e convivência social, bem como conflitos familiares,
fadiga e percepção de saúde piorada, sensação de impotência e frustração.
Para isso é importante que a equipe multiprofissional de saúde, além de reconhecer
estas questões e demandas, possa considerar a família também como objeto de atenção e
intervenção. A família deve ser entendida como grande aliada nos cuidados ao paciente,
pois é este cuidador que contribui na continuidade de sucesso do atendimento domiciliar,
possibilitando melhor qualidade de vida ao mesmo. Por isso, cabe aos profissionais de
saúde o olhar atento e sensibilizado para as necessidades dos familiares e o
desenvolvimento de estratégias que viabilizem o contato entre equipe e família,
preconizando os pressupostos dos Cuidados Paliativos. É preciso considerar a família
como um todo e não somente o cuidador principal, permitindo que haja colaboração e
corresponsabilidade da maioria dos membros, independente de idade ou gênero,
favorecendo os cuidados do paciente e minimizando a sobrecarga do cuidador. Acredita-se