Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Banca Examinadora
À minha orientadora prof. Dra Ana Gabriela Godinho Lima, por ter sido persistente em me
acompanhar com todas as restrições que surgiram ao longo desta jornada de conhecimento.
Suas aulas durante o mestrado sempre foram esclarecedoras e motivadoras. Obrigada
pelas orientações, incentivo, amizade e grande habilidade em ensinar, que me fizeram
evoluir intelectualmente.
Aos meus pais Paulo e Claudia, por sempre me incentivarem nos estudos. Por serem um
exemplo de sabedoria, pesquisa, curiosidade e perseverança.
À Fanny Schroeder, por todo apoio, dedicação e incentivo. Obrigada pelos conselhos,
sugestões e correções de textos.
Ao prof. Dr. Mario Figueroa, que conheci durante este trabalho, mas que abriu meus olhos
para outros horizontes. Obrigada por me ceder toda sua biblioteca sobre Mies, pelos
conselhos e incentivo.
A Silvia Cristina que me apoiou e incentivou durante todo esse trabalho, e muitas vezes me
acudindo nas tarefas na FAAP.
Ao Mies van der Rohe Archives e Biblioteca do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque
(MoMA) por me acolher e ceder as imagens e livros sobre o Pavilhão de Barcelona.
A Mies van der Rohe, por me mostrar uma nova maneira de ver e compreender a arquitetura
e por ser uma fonte de inspiração para ensinar projeto.
A todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para que esta etapa fosse concluída
e aqueles que compreenderam minhas ausências.
A grandeza desta arte não pode alcançar
sua expressão materialmente, pois atua
por meios que nos afetam ainda mais
profundamente [...] apenas a sentimos
quando preso em seu encantamento.
Pense nisso como algo maravilhoso.
Peter Behrens (1908)
ABSTRACT
Several architectural and artistic movements transformed the first half of the
twentieth century. In this scenario the architect Mies van der Rohe (1886-1968)
turned out to be, through his textual and architectural discourse, a spokesman
for the “spiritual quest” in architecture.
Therefore this research aimed, at first, to outline the career of the architect.
Secondly,it sought - through the articulation of studies of textual speechs on
spirituality of Mies van der Rohe and the architectural design analysis of the
Barcelona Pavilion (1929-30), designed by the architect - to understand the
dimensions of the yearning for the expression of the spiritual dimension, and
which were the spiritual nature “decisions” that could raise the architecture to
the status of art.
Key words: Mies Van der Rohe; Barcelona Pavilion; Immaterial; Spiritual.
RESUMO
Diante disso o presente trabalho buscou, em primeiro lugar, traçar uma trajetória
profissional do arquiteto e, em segundo lugar, buscou por meio da articulação
dos estudos do discurso textual acerca da espiritualidade de Mies van der
Rohe e a análise projetual do Pavilhão de Barcelona (1929-30), projetado pelo
arquiteto, compreender as dimensões do anseio pela expressão da dimensão
espiritual , e em que constituíam as "decisões" de ordem espiritual que poderiam
elevar a arquitetura ao status da arte.
INTRODUÇÃO 17
ANEXOS 237
INTRODUÇÃO
A arte de construir é o diálogo espacial entre
o homem e meio ambiente, demonstrando como
esse se afirma no local e como o domina. Por
este motivo, a construção deixa de ser apenas um
problema técnico, de organização ou economia.
A arte de construir, na verdade, sempre será a
execução espacial das decisões espirituais. Isto
deve estar sujeito ao tempo e apenas se manifesta
ao abordar os desafios essenciais de sua época.
Esta noção da época [zeistgeist], dos desafios e
seus significados são condições necessária para
que se atinja o status da Arte. (Mies apud Mertins,
2014, p. 299. Tradução nossa.)
1
Deutscher Werkbund (FRAMPTON, 2008) era um grupo formado em 1907
por arquitetos, designers e empresários alemães, tendo entre seus principais
membros Peter Behrens, Josef Hoffman, Bruno Paul, entre outros. O ponto
alto do trabalho do Werkbund foi uma exposição de arquitetura realizada
em 1927, em Stuttgart, no Weissenhofsiedlung, sob a direção de Mies van
der Rohe.
17
propondo assim uma releitura de obras que “alcançaram ressonância
simbólica que ultrapassam o nível de meros símbolos” (CURTIS,
2008, p.13).
Assim Peter Behrens (apud QUETGLASS, 2001,
p.18, tradução nossa.) em seu texto Was ist Monumentale Knust,
escrito em 19082, também afirma que “a grandeza da arte não
pode alcançar sua expressão materialmente, pois age por meios
que nos afetam profundamente [...] apenas a sentimos quando
presos em seu encantamento”.
Nesta mesma linha, Benevolo (2011, p.12), em seu
livro sobre a história da arquitetura moderna, observa que
novas exigências materiais e espirituais começam a emergir na
virada entre os séculos XIX e XX, de forma que novas ideias e
novos instrumentos acabaram confluindo em uma nova síntese
arquitetônica profundamente diversa da antiga.
2
Ano em que Mies van der Rohe é admitido como aprendiz no escritório de
Peter Behrens (Franz Schulze, 2012)
18
Desta forma, o presente trabalho visa propor uma nova
leitura sobre o objeto arquitetônico a partir de uma abordagem de
elementos que caracterizem a dimensão imaterial da arquitetura,
como espaço, luz, reflexos, dimensões, caracterizando a questão
do “espírito” como um termo mencionado frequentemente nos
discursos dos autores estudados. Embora, a escolha do Pavilhão
Alemão de Mies van der Rohe seja o alvo preferencial desta
análise, pretendem-se expor algumas análises que contribuam
para o estudo de outras obras modernas sob essa perspectiva.
Metodologia
19
New and Revised edition, relançado em 2012; Terence Riley e
Barry Bergdoll, curadores de uma das mais completa exposição3
sobre a obra de Mies van der Rohe, com o livro Mies in Berlin
publicado 2001; e Detlef Mertins com o livro Mies, lançado em
2014, o qual possui um capítulo dedicado exclusivamente ao
pavilhão e a espiritualização da tecnologia.
3
Volume publicado para acompanhar a exposição de mesmo nome em
2001-3 no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.
20
português, espanhol e inglês.
4
Parte de sua correspondência está arquivada na Divisão de Manuscritos da
Biblioteca do Congresso em Washington D. C. A biblioteca pessoal de Mies
encontra-se arquivada na biblioteca da Universidade de Illinois em Chicago.
Outros arquivos podem ser encontrados no Centro de Arquitetura Canadense,
Instituto de Arte de Chicago, no Instituto de tecnologia da Universidade de
Illinois, Chicago Historical Society e no arquivo da Bauhaus em Berlin. (fonte:
site do MoMA).
5
Durante seu segundo mandato no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque,
Philip Johnson, organizou em 1947 a primeira exposição solo de Mies,
intitulada “A arquitetura de Mies van der Rohe”. A exposição era acompanhada
de uma monografia, oferecendo assim a primeira documentação em grande
escala da carreira de Mies van der Rohe.
Fonte: http://www.moma.org/collection/artist.php?artist_id=2927
6
Informação extraída do Livro Mies in Berlim, página 05 (RILEY; BERGDOLL,
2001, p.05)
21
Este acervo é composto por plantas e desenhos
sobre o pavilhão da Alemanha, inventário com documentações
e cartas originais referentes da construção do pavilhão, bem
como cartas e documentações de fase da reconstrução em
1986. O departamento também possui o arquivo pessoal das
fotos referentes às obras que Mies mantinha em seu escritório.
22
então, registradas no Brasil. Certos documentos desmistificaram
alguns itens sobre alto investimento na construção do Pavilhão,
bem como questões práticas do dia a dia das pessoas que
estavam gerenciando o pavilhão durante a feira entre os anos
de 1929 e 1930.
7
Esta análise procurou abranger o maior número de fontes possíveis, mas
o que não impede que algumas fontes possam tenham sido deixadas de
lado, pelo simples fato de que hoje em dia é praticamente inviável conseguir
coletar tudo o que já foi ou esta sendo publicado.
23
24
No anexo I encontra-se a tabela completa das do
levantamento bibliografico.
25
Tabela ilustrativa listando os cinco principais livros desta pesquisa. Organizado por autor e quarto
linhas de pesquisa, Trajetória, Ponto de Vista, Imaterialidade e Material Gráfico.
Fonte: a autora
26
Hilberseimer9, Peter Carter10 e o arquiteto Philip Johnson11.
9
Ludwig Hilberseimer, arquiteto alemão que trabalhou na Bauhaus e fundou, com
Mies e outros, Union of Architects “The Ring”, em 1929. A pedido de Mies, foi lecionar
em Illinois.
10
Peter Carter trabalhou com Mies por mais de 13 anos em Chicago, tornando-se
seu associado no escritório.
11
Philip Johnson foi o primeiro a escrever uma monografia sobre Mies van der Rohe
em resultado à pesquisa feita para a montagem da primeira exposição de Mies no
MoMA.
27
e, novamente, Fritz Neumeyer com “The Artless Word”.
12
The International Style é um livro escrito por Henry-Russel Hitchcock e
Philip Johnson, no qual descrevem o que supostamente seria o estilo
arquitetônico do inicio do século XX. Classificavam obras arquitetônicas de
linguagem expressiva, volumes simples e flutuantes, geometrias claras e que
aparentemente eram compartilhadas por arquitetos muito diversos como Le
Corbusier, J. J. P. Oud, Gerrit Rietveld, Mies van der Rohe, Walter Gropius,
entre outros.
28
de um único estilo, alguns avanços tecnológicos da época
eram convenientemente desconsiderados a favor de se manter
uma frente unificada, a do “Estilo Internacional”. Curtis (2008,
p.12) acrescenta que o historiador que se propõe a escrever
sobre a história da arquitetura moderna, estará descrevendo e
interpretando tradições que ainda não chegaram ao fim, pois
a história envolve uma constante reinterpretação de fatos que
devem ser continuamente reexaminados e reconsiderados. De
início nos pareceu insensato discorrer sobre um arquiteto do
porte de Mies van der Rohe, pelo fato de acharmos que este
estudo já pudesse estar esgotado. No entanto, nos baseando
nas palavras acima de Curtis, tentamos levantar dados que
pudessem servir de indicativos para uma nova visão do arquiteto
e, para nossa surpresa, foram encontradas informações que
abriram a nossa visão para um outro Mies.
29
do século XX, mas como uma presença ativa na cultura da
arquitetura moderna. Mies serviu de inspiração para renovação
moderna no pós-modernismo e, é, assim, que ele ressurge
novamente na história da arquitetura.
30
em sua arquitetura era frequentemente
considerada filosófico. A amplitude de seu
horizonte intelectual, como evidenciados a
partir de sua biblioteca, sugere um desejo
de compreensão do Cosmo como um
lugar para as pessoas e que isso deveria
nortear a ação através da composição
dos conhecimentos de filosofia, ciências
naturais, ciências sociais e artes; guiando
a arquitetura moderna, assim como havia
sido guiada em outras épocas. (MERTINS,
2014, p.7)
Mies procurava respostas além da arquitetura e muitas
vezes além da filosofia, como a leitura de críticos da tecnologia
como Lewis Mumford, biografia de Henry Ford, sobre economia
orgânica, biologia evolucionária, botânica, zoologia, astronomia,
psicologia, teologia...13
13
O livro escrito por Francesco Dal Co “Excellence: the culture od Mies as
seen his notes and books” explora a biblioteca de Mies.
31
que era científica em caráter, assim como monumentalidade
da arquitetura passada havia representado a “cosmologia” de
seu tempo. Muitas de suas obras tardias seriam igualmente
celebradas e um número notável conseguiria este status
paradigmático: mais notavelmente o Pavilhão de Barcelona
(1928-9), a casa Tugendhat (1929-1930), a casa Farnsworth
(1945-1951), 860-880 Lakeshore Drive (1945-1951), SR Crown
Hall (1950-6), Seagram Building (1954-8), e Neue National
Galery Berlim (1962-8). Cada um destes projetos ofereceu uma
nova Gestalt e novo símbolo para a história. Como uma visão
de mundo ou a imagem de mundo, cada um esclareceu com
potencial imanente uma orientação para que se pudesse ir além
do que havia sido oferecido.
32
33
DE LUDWIG MARIA MIES PARA MIES VAN DER ROHE
[...] Formar a imagem mental do passado ou
as intenções por trás de uma edificação envolve
tanto um grau de intuição, um ato de imaginação
histórica. Requer que se penetre através da criação
individual e se vá ao contexto original e ao processo
de pensamento. [...] Para obras arquitetônicas
de grande intensidade pode, até mesmo, ser
necessário trabalhar em várias escalas temporais,
algumas recentes e outras antigas, cortando
através do tempo e buscando as fontes recorrentes
de significado interno (CURTIS, 2008, p.692).
LUDWIG MARIA MIES PARA MIES VAN DER ROHE
1
Para leituras completas da biografia de Mies van der Rohe podemos citar
autores como Franz Schulze com revisão editada em 2012 e Detlef Mertins
lançado em 2014.
36
necessárias e significativas” (MIES apud BLAKE,
p.11).
Mies descreve seu pai com um artesão relutante
com o mercado, pois se recusava a acompanhar as mudanças
e valores que a época industrial impunha. Segundo Schulze
(2012), Mies se lembra de ouvir conversas acerca desta
necessidade de adaptação ao mercado industrial, entre seu pai
e Ewald, seu irmão mais velho que administrava o negócio de
entalhes em mármore junto com seu pai. Segundo Mies, Ewald
queria economizar tempo e dizia que as peças colocadas no alto
de uma fachada não precisavam de tanta dedicação, de tanto
detalhe. No entanto, o pai de Mies dizia que Ewald não era um
bom maçom ao dizer isso e, completava afirmando que não é
possível subir no florão da Catedral de Cologne para ver como
eles estão esculpidos, contudo, podiam ter certeza que estavam
perfeitos, pois haviam sido feitos para Deus. Esta constatação
de seu pai nos lembra a reconhecida frase de Mies: “Deus está
nos detalhes”.
2
Aachen significa água no Alemão antigo.
37
LUDWIG MARIA MIES PARA MIES VAN DER ROHE
3
Catedral de Aachen. Disponível em <www. Capela Palatina, em Aachen, onde Mies habitualmente assistia
aachendom.de>. Acessado em: 18 de janeiro de as missas e tentava compreender as qualidades “atemporais” da
2013. arquitetura carolíngia presente na cidade.
4
Dados retirado do site oficial da catedral: www.aachendom.de
38
Mies menciona em suas entrevistas5 sobre a
influência, não apenas da Capela, mas, também, das construções
remanescentes nas ruas estreitas de construções medievais, na
parte velha da cidade, confeccionadas principalmente em tijolos.
39
LUDWIG MARIA MIES PARA MIES VAN DER ROHE
7Artless word: Mies van der Rohe on the building art. London: MIT Press,
1991.
8
Mies van der Rohe: Critical Biography. New and Revised edition. Chicago:
The University of Chicago Press, 2012.
9
Mies. London: Phaidon Press Limited, 2014.
40
Em 1905, o escritório Albert Schneider Architect foi
transferido e, toda a equipe, inclusive Mies, foi obrigada a se
mudar para Berlim.
10
Peter Behrens (1868-1940) era arquiteto e foi um dos fundadores
da Deutscher Werkebund. Foi um dos mais influentes arquitetos alemães
daquela época.
11
Bruno Paul, escritório onde Mies trabalhava se especializando em projetos
feitos com madeira.
12
“O que você próprio já construiu? Perguntou a Sra. Riehl. ’Eu disse nada’.
Então ela disse ‘então não vai dar certo. Nós não queremos ser cobaias.
Então, eu disse que eu poderia construir uma casa, só não havia feito isso
sozinho ainda. Como seria a vida se todos insistissem que deveríamos ter
construído isso e aquilo sozinhos? Eu, então, seria um homem velho e ainda Casa Riehl
não teria nada para mostrar. Assim, ela sorriu e disse que queria que eu Fonte: Mies in Berlim (2001) p. 157
conhecesse seu marido (SCHULZE, 2012, p. 17 , tradução nossa).
41
LUDWIG MARIA MIES PARA MIES VAN DER ROHE
13
Mies em entrevista para Dirk Lohan.
14
Mies in Peter Carter, Mies van der Rohe at work. (New York: Praeger, 1974,
p. 174).
42
proporcionou que ele ampliasse seus conhecimentos e seu
círculo de contatos. No ano de 2000 foi encontrado o livro
de visitas que Riehl mantinha em sua casa durante 1909-24,
o documento estava repleto de figuras históricas de líderes
da sociedade alemã, da indústria e academia como o filólogo
Werner Jaeger, o político Hans Delbrück, o historiador Heinrich
Wölfflin, o arqueólogo Friedrich Sarre, o filósofo Eduard Spanger,
o explorador africano Leo Froenius e o psicólogo Kurt Lewin,
assim como visitantes de Chicago, entre outros.
43
LUDWIG MARIA MIES PARA MIES VAN DER ROHE
15
Zeitgeist (Zeit = Tempo e Geist = espírito) é um termo alemão cuja tradução
significa espírito da época, espírito do tempo ou sinal dos tempos. Também
significa a soma do clima intelectual e cultural do mundo, numa certa época,
ou as características genéricas de um determinado período de tempo.
44
moderna teve a oportunidade de servir tanto como o patrono e a
classe media, por meio do estabelecimento de novos valores de
importância nacional.
Podemos encontrar ressonâncias deste
posicionamento de Behrens no discurso que Mies proferiu em
1930, por ocasião de sua nomeação a diretor da Bauhaus em
sucessão a Hannes Meyer em 1930. Este ensaio intitulado “A
Nova Era” veio em resposta ao ensaio ”materialista” de Hannes
Meyer16, diretor antecessor a Mies na Bauhaus.
16
Discurso de Hannes Meyer encontra-se em anexo
45
LUDWIG MARIA MIES PARA MIES VAN DER ROHE
46
de Behrens em 1910 para montar seu próprio negócio com Adolf
Meyer, outro aprendiz de Behrens.
17
Hendrik Petrus Berlage (1856-1934), Arquiteto Holandês, que estudou
com Semper. Berlage deu importância ao uso autêntico dos materiais, o que
provavelmente atraiu Mies, principalmente o uso do tijolo. Sua influencia
mais forte foi na Holanda onde publicou vários trabalhos e conferências.
(PEVSNER, 2001, p.208)
18
É interessante lembrar que, segundo BLAZER (2001, p. 10), a arquitetura
baseada na construção não era recente, mas já haviam sido concretizadas no
início da década de 1860 por Viollet-le-duc em “Entretiens sur l’architecture”,
em que reclamava a expressão honesta e adequada dos materiais derivados
dos métodos da época. Dizendo que toda forma que não fosse determinada
pela estrutura deveria ser repudiada. Já segundo Mies, o arquiteto deveria
buscar formas que fossem derivadas da estrutura, efeitos decorrentes da
própria construção. Mies sempre realçou os volumes distinguindo claramente
os elementos estruturais, como o Pavilhão de Barcelona com suas divisórias
livres como exemplo.
47
LUDWIG MARIA MIES PARA MIES VAN DER ROHE
19
“I do not design building, I develop buildings” in Architectural Review, 144,
dez 1968, p. 451.
48
competia à arquitetura inventar formas. Tentei
entender qual seria a sua missão. Perguntei para
Peter Behrens, mas ele não soube me dar uma
resposta. Ele não se fazia esta pergunta. Os outros
disseram: “O que construímos é arquitetura”, mas
essa resposta não nos satisfazia (...), no entanto,
como sabíamos tratar-se de uma questão de
verdade, tentamos descobrir o que realmente era
verdade. Tivemos o grande prazer de encontrar a
definição da verdade oferecida por Santo Tomás
de Aquino: “Adequatio Intellectud et rei”, ou, como
um filósofo moderno o expressa em linguagem
atual: “ a verdade é relevância do fato”. Berlage
era um homem muito sério que nada aceitaria de
falso, foi ele quem disse que não se deveria edificar
nada que não fosse claramente construído. Foi
exatamente o que Berlage fez. E o fez a tal ponto
que seu famoso edifício em Amsterdam, o Beurs, é
de natureza medieval sem ser medieval. Ele usou
tijolo como as pessoas usam na idade média. A
ideia de uma construção clara surgiu-me ali, com
um dos pontos fundamentais que devemos aceitar.
Podemos falar sobre isso com facilidade, mas a
dificuldade está em fazê-lo. É muito difícil apegar-
se a essa construção fundamental, depois erguê-
la em forma de estrutura. Devo esclarecer que, na
língua inglesa, vocês chamam tudo de estrutura.
Na Europa não é assim. Chamamos uma cabana
de cabana, não de estrutura. Temos uma ideia
filosófica a respeito de estrutura. A estrutura é tudo
de cima até embaixo, até o último detalhe - com
as mesmas ideias. É a isso que damos o nome
de estrutura (Mies van der Rohe [citado por Peter
Carter em Architectural Design, março de 1961]
apud FRAMPTON, 2008, p.193).
Após 1923, Mies van der Rohe mostra em grau
variado, três influências principais segundo Frampton (2008,
p.195): a tradição de alvenaria de Berlage e a máxima de que
49
LUDWIG MARIA MIES PARA MIES VAN DER ROHE
20
Após o final da primeira guerra mundial, Mies e outros arquitetos que haviam
lutado na Guerra procuraram criar uma arquitetura mais orgânica do que a
permitida pelo canones autocráticos da tradiçãoo de Schinkel. Em 1919,
Mie começa a dirigir a seção arquitetônica do radical Novembergruppe, cujo
o nome foi extraído do mês de revolução republicana e que se dedicava a
revitalização das artes em toda a Alemanha.
50
Veludos em negro, laranja e vermelho e as sedas em ouro, prata,
negro e amarelo limão, assim como a cor verde-acido do couro
das cadeiras usadas no mobiliário da Casa Tungendhat.
51
LUDWIG MARIA MIES PARA MIES VAN DER ROHE
52
brusca de identidade, possa ter sido gerado quando Gropius
recusou a expor seu projeto da Casa Kröller-Müller em 1919,
alegando, segundo Mies, que o projeto não poderia ser exibido,
pois eles estavam à procura de algo completamente diferente e
inovador. Ao ser excluído desta exposição, Mies passa a projetar
para concursos, exibições e publicações. Isso não só deu a
oportunidade de Mies mostrar seu trabalho, como de iniciar algo
novo, visto que estas exposições solicitavam justamente algo
novo. Estas exibições viraram um laboratório de experimento Projeto Reiforced concret office Building
para a nova arquitetura. Segundo o livro Manifesto Architecture Fonte: Fonte: Mies van der Rohe Archives – MoMa
de Colomina (2014), a arquitetura moderna não deve ser definida
apenas através do uso de materiais como aço, vidro e concreto,
mas pelo seu engajamento com a mídia.
53
LUDWIG MARIA MIES PARA MIES VAN DER ROHE
23
Estes projetos foram: a casa para Walter Dexel, artista construtivista, e
Charles e Marie-Laure de Noailles, colecionadores de arte surrealista. Esta
última, a Vila Noailles, acabou sendo projetada por Robert Mallet-Stevens e
filmada por Man Ray para um manifesto para o novo modo de vida.
24
Segundo Lars Scharnholz (Mies in Berlim, 2001) a Casa Wolf é a primeira
Casa Wolf (1925-1927) casa a ser construída após as incursões da Casa de Tijolos, no entanto,
Fonte: Mies in Berlin , 2001 p. 204 se é dado pouca atenção a este projeto. Talvez, seja pelo fato de ter sido
praticamente destruída em 1927 durante a Segunda Guerra Mundial.
54
da planta livre formada através de linhas de comprimentos e
espessuras diferentes que pareciam se expandir até o infinito,
mas, ao mesmo tempo, atrair paisagens distantes para o núcleo
da casa25. Na Casa de Tijolos quando havia aberturas, estas iam
do piso ao teto e as coberturas eram lajes finas e planas. Não
havia um eixo dominante.
25
Neste sentido, as comparações com o movimento De Stijl podem existir se
analisarmos apenas as formas expressadas na planta no sentido de um padrão
rítmico das linhas de quadros como os de Van Doesburg, mas esta comparação Apartamento projetado por Mies van der Rohe
com o Neoplasticismo pode ser desfeita quando analisamos o projeto em para Deutsche Werkbund Weissenhofsiedlung
relação ao conceito de expansão, ao infinito, e a atração da natureza para Fonte: http://forschungsgruppem.wordpress.com/
dentro do projeto. Esta comparação, no entanto, pode ser realizada em relação category/architektur/
a casa Robie de Frank L. Wright.
55
LUDWIG MARIA MIES PARA MIES VAN DER ROHE
56
sobre Mies van der Rohe, não se limita apenas a sua biografia
cronológica, tampouco ao estudo da sua biblioteca ou de seus
discursos, mas também é possível compreendê-lo a partir de
algumas de suas obras como o Pavilhão de Barcelona, a Casa
Tugendhat e a Casa com Três Pátios desenvolvida em 193426.
26
Este projeto é analisado por Iñaki Ábalos em seu livro, A Boa Vida,
Mies van Der Rohe traçando um croqui da Esther
(2001, p.34.) o qual nos sugere, uma leitura imaterial da Casa com três pátio,
House, em 1927-8.
fazendo referencia a sua personalidade.
Fonte: Mertins, 2014, p. 94.
57
UMA VISÃO SOBRE A ABORDAGEM FORMAL
A forma é mesmo um objetivo?
Não é mais o resultado do processo de dar
forma?
O processo não é o essencial?
Uma pequena modificação das condições
não tem como consequência outro resultado?
Uma outra forma?
(Mies [1927] apud LEONI, 2011, p.77)
UMA VISÃO SOBRE A ABORDAGEM FORMAL
60
Incluir uma visão imaterial á uma época, termo
frequentemente associado as questões de análise da forma,
como foi o Movimento Moderno, exige certa necessidade de se
entender os significados desta palavra.
1
Guilherme Bueno é diretor Geral do Museu de arte Contemporânea,
MAC-Niterói. Sua tese de Doutorado na UFRJ é sobre o conceito de Estilo
Internacional, no processo discursivo das teorias historiográficas modernas
e seus instrumentos analíticos quando confrontados com a arquitetura do
século XX.
2
Estilo cunhado pelos americanos Henry-Russell Hitchcock e Philip Johnson,
o qual incluem o Pavilhão de Barcelona em sua classificação.
61
UMA VISÃO SOBRE A ABORDAGEM FORMAL
62
Bueno (2006, p. 88) menciona sobre a “teoria da
história sem nome”, como aquela que abre mão da estrutura
biográfica em favor de uma relação por familiaridade e confrontos
formais, e seria explorada por historiadores como Wölfflin, Riegl,
Worringer, Roger Fry e Clive Bell. Este procedimento de olhar é
base de um instrumental historiográfico, a qual legítima a hipótese
da História da Arte se transmutar para uma História da Forma, no
entanto, podemos observar no trecho abaixo que existe também
um análise formal associada as emoções estéticas.
3
BELL, Clive. L’Hypothèse Esthètique (publicado originalmente em inglês
pelo autor em seu livro Art. Londres: Chatto e Windus, 1914). Esse trecho foi
retirado da tradução francesa de extratos editada em Salvini.
63
UMA VISÃO SOBRE A ABORDAGEM FORMAL
4
Irving Sandler e Charles Harrison, ambos Americanos historiadores e críticos
de Arte. Irving Sandler nasceu em 1925 e Charles Harrison em 1942.
5
Sheldon Cheney era americano, historiador e crítico de Arte nascido em
1886.
6
O Pavilhão Alemão de Mies van der Rohe é citado neste livro.
7
SALOMON, Reinach. Apollo: An Illustrated Manual of the History of Art
Throughout the Ages (new edition; New York: Charles Scribner’s Sons;
London: William Heinemann, 1917)
64
arquitetura Neoclássica, que prevaleceu desde o
século XVI aos nossos dias, veremos, na plena
aplicação de diferentes materiais, um renascimento
ainda mais duradouro do estilo gótico (SALOMON
apud HITCHCOCK; JOHNSON, 1995, p. 33,
tradução nossa).
8
O livro, International Style, publicado incialmente em 1932, marca a
transição do domínio da Arte Moderna e de suas teorias, que antes estavam
centralizadas na Europa e agora passa para os Estados Unidos. A, inda que
as obras contidas neste livro sejam na sua maioria criações de arquitetos
europeus, é interessante observar que o centralizador das informações a
partir deste ponto seria os Estados Unidos.
65
UMA VISÃO SOBRE A ABORDAGEM FORMAL
66
textos polêmicos de linhagem construtiva. Entretanto,
a diferença entre eles é que o programa do Estilo
Internacional substitui o papel de síntese das artes pelo
objeto puramente visual e estético. Já em 1932, com
o formalismo de Hitchcock e Johnson, se rascunha
a continuidade natural do Estilo Internacional – uma
coleção de exemplares iniciados com Corbusier,
Mies, Gropius, Oud, Neutra, Mendelsohn e que em
breve acolherá Skidmore, Owings & Merril, Harrison
& Ambramoitz, o próprio Johnson, Lescaze, Wright
(de maneira extremamente conturbada), entre outros
– nos Estados Unidos, pensamento que 10 anos
depois começaria a ser revisto com ares de certeza.
O movimento de incorporação da cultura europeia
se prolonga de seus objetos na direção de suas
formas reflexivas, e a ciência europeia da história
da arte se torna também a história da história da
arte norte-americana. A partir dali o formalismo será
progressivamente a institucionalização dos EUA na
História da Arte. Essa narrativa rapidamente disputaria
espaço para se firmar como uma das histórias oficiais
da arquitetura moderna [...] (BUENO,2006, p.87).
67
UMA VISÃO SOBRE A ABORDAGEM FORMAL
68
van der Rohe, respeitando neste momento sua individualidade
perante a perspectiva do Movimento Universal tão enfatizada
em 1932 e se reposiciona dizendo que:
69
UMA VISÃO SOBRE A ABORDAGEM FORMAL
70
Assim podemos observar por meio do estudo sobre a
incorporação da História da Arte por partes dos Estados Unidos,
citado por Bueno, e as novas considerações a cerca do universo
pessoal de cada arquiteto modernista, mencionadas por Curtis,
que muito dos arquitetos modernos não rejeitavam a história,
apenas excluíam a sua reutilização superficial. O passado,
portanto era sim herdado, no entanto compreendido e decifrado
resultando em novas formas. Curtis (2008, p.12) também
acrescenta que o historiador que se propõe a escrever sobre
a História da Arquitetura Moderna, estará descrevendo e
interpretando tradições que ainda não chegaram ao fim.
Monumento Bismarck: Perspectiva interna do
Goldhagen pontua (2005, p.156, tradução nossa) que projeto de Mies para um concurso em 1910.
Fontes: Mies in Berlim (2001)
o Movimento Moderno não estava fechado em poucas regras
formais (telhados planos-pilotis-planta livre-espaços abertos),
frequentemente, citadas em livros ou referenciadas na seleção
de imagens que representam esta época e as definições que
aparentemente simples deste movimento muitas vezes não
eram tão claras assim:
71
UMA VISÃO SOBRE A ABORDAGEM FORMAL
72
(2008, p.198) menciona que alguns participantes do Grupo G
ainda defendiam os ideais funcionalistas e racionalistas, às
aspirações mais “espirituais” de homens como Walter Gropius e
Mendelsohn, para os quais as poéticas formais eram essenciais
à arquitetura. Mies van der Rohe, que na verdade tendia à
postura deste ultimo grupo, às vezes, adotava uma postura da
objetividade austera:
9
Segundo Colomina (2014, p.12), esta publicação foi escrita em
conjunto com Hans Richter. No entanto, esta publicação está assinada
apenas por Mies e, em dois momentos:, logo após o texto manifesto e ao
final da descrição do programa do edifício.
73
UMA VISÃO SOBRE A ABORDAGEM FORMAL
74
uma parede não portante.
Portanto edifícios de pele e osso.
A funcionalidade máxima na subdivisão dos
locais de trabalho decidiu a profundidade do edifício
em dezesseis metros.
O princípio construtivo mais econômico foi
particularizado em uma série de pilares duplos
separados entre si por oito metros, com um beiral
de quatro metros de ambos os lados.
A distância entre as vigas é de cinco metros.
Esse sistema de vigas sustenta a cobertura, que
na extremidade do beiral se dobra em ângulo reto,
tornando-se a pele externa do edifício e formando
a parede posterior das prateleiras inseridas nas
paredes externas para permitir a visibilidade plena
no espaço interno.
Acima das prateleiras, a uma altura de dois
metros, apoia-se uma janela em fita que vai até o teto.
Berlim, maio de 1923.
(LEONI, 2011, p.75)
75
UMA VISÃO SOBRE A ABORDAGEM FORMAL
76
Penso em pisos de borracha, portas e janelas
deslizáveis e precauções similares, mas também
na grande amplitude dos espaços na planta. O
concreto armado exige, antes de sua realização,
a mais precisa definição de todas as instalações.
O arquiteto tem que aprender tudo também com o
engenheiro naval. No edifício de tijolo, é possível,
ainda que não seja plenamente sensato, liberar
o trabalho da mão de obra responsável pelas
instalações elétricas, hidráulicas e de aquecimento
assim que a cobertura estiver terminada, e em
pouco tempo ela transformará a casa recém-
concluída em ruína.
Entretanto, um procedimento parecido é
inviável numa construção de concreto armado.
Aqui, apenas um modo disciplinado de trabalhar
pode levar em direção ao objetivo.
O modelo representado mostra a tentativa
de enfrentar o problema do concreto armado no
caso de uma habitação. A parte principal dela se
apoia em um sistema de vigas com quatro pilares.
Esse sistema construtivo é revestido por uma pele
delgada de concreto. Essa pele forma ao mesmo
tempo as paredes e a cobertura. A cobertura é
levemente inclinada a partir das paredes externas
em direção ao interior. Através da inclinação da
superfície da cobertura, drena-se a água da forma
mais simples possível. Assim, todos os trabalhos
hidráulicos e de encanamento são eliminados.
Produzi aberturas nas paredes onde elas
me eram úteis para o visual e a iluminação.
Importa-nos principalmente libertar toda a
prática do construir da especulação estética.
E fazer novamente do construir aquilo que
ele é e sempre foi. Construir.
Bárbaros enfrentaram a coisa com o mínimo
77
UMA VISÃO SOBRE A ABORDAGEM FORMAL
de audácia imaginável.
Armários que parecem modelos de
arranha-céus.
(LEONI, 2011, p.74 - grifo nosso).
No texto abaixo podemos notar certa semelhança
com as formas esteticamente emocionantes, chamada por Clive
Bell de “forma significante” e, segundo ele, esta qualidade é
comum comum à todas as obras de artes visuais.
78
ligada à própria época e fica visível apenas com os
meios do próprio tempo em tarefas vitais. Nunca
aconteceu o contrário.
Por isso, aplicar o conteúdo e as formas das
épocas passadas em nosso tempo é um esforço
sem perspectiva. Até mesmo o maior talento
fracassaria. Sempre, e de novo, aprendemos com
a experiência de ótimos arquitetos que fracassaram
quando seu trabalho não esteve a serviço da
vontade de sua época. No final, apesar do grande
talento, o trabalho se mostra um tanto amador, pois
não há significado quando o entusiasmo realiza
uma coisa errada. O que conta é o essencial.
Não se pode caminhar para a frente com o olhar
voltado para trás, nem ser portador do espírito do
próprio tempo quando se vive no passado. Nesses
casos, colocar a culpa da tragédia no tempo é uma
conclusão falsa do observador distante.
A aspiração do nosso tempo se
dirige ao secular. Os esforços dos místicos
permanecerão episódicos.
Não obstante a mais profunda transformação
de nossa concepção de vida, não construiremos
nenhuma catedral. Nem o grande gesto dos
românticos significa algo para nós, pois sentimos o
vazio da forma. Nosso tempo não possui páthos,10
não estimamos os grandes impulsos, mas a razão
e o real.
A exigência de objetividade e funcionalidade
da nossa época deve ser satisfeita. Se isso ocorrer
amplamente, os edifícios dos nossos dias poderão
exprimir a grandeza de que nosso tempo é capaz,
e somente um louco poderia sustentar que isso é
destituído de grandeza.
10
palavra grega que significa paixão, excesso, sofrimento, passagem.
79
UMA VISÃO SOBRE A ABORDAGEM FORMAL
80
arte da arquitetura. (LEONI, 2011, p.76- grifo nosso).
Mies continua a pontuar sua posição em relação à
forma e contra o “formalismo” – no sentido da forma como meio.
Dessa forma, escreve duas cartas ao diretor da revista Die Form (A
forma), mantendo sua posição a respeito desta abordagem formal.
81
UMA VISÃO SOBRE A ABORDAGEM FORMAL
82
Aqui se apoia o critério.
Não julgamos o resultado, mas o princípio do
processo de dar forma.
Aqui se mostra se a forma foi encontrada na
vida ou em si mesma.
Por isso, para mim é essencial o processo
de dar forma.
Para nós, a vida é o aspecto decisivo. Em
sua total plenitude, nas suas relações espirituais e
materiais.
Não seria talvez uma das principais
tarefas do Werkbund iluminar analisar e ordenar
a situação espiritual e material na qual estamos,
torná-la visível, e então guiá-las?
Não se deve deixar todo o resto para as
forças criativas?
(NEUMEYER.1991, p.257 – tradução e
grifo nosso)
Logo abaixo, temos o rascunho feito para texto acima, em
que certos trechos omitidos possuíam alusões à questões imaterial:
83
UMA VISÃO SOBRE A ABORDAGEM FORMAL
84
A posição de Mies, apontada ao longo dos discursos
acima, também pode ser compreendida por meio de uma
analogia à disciplina de literatura em entrevista concedidas entre
1955 e 1964:
85
UMA VISÃO SOBRE A ABORDAGEM FORMAL
86
a beleza não é determinada pelas formas constantes da mente,
mas pelo dom único do talento do artista ou do gênio.
87
UMA VISÃO SOBRE A ABORDAGEM FORMAL
11
Para mais informações sobre outras interpretações da forma,
Montaner sugere que devemos ir além dos teóricos puramente visualistas
como Konrad Fiedler, Alois Riegl e Henrich Wolfflin. Buscando, dessa forma,
dar continuidade a herança do pensamento estruturalista e pós-estruturalista
de Claude Lévi-Strauss, Roland Barthes e Michel Foucault, que estão refletidos
na crítica tipológica de Aldo Rossi e Girgio Grassi, e próxima aos mecanismos
do formalismo analitico de Rudolf Wittkower e Colin Rowe. Há também outras
interpretações que investigam conceitos comuns da psicologia, antropologia
e das religiõesreligiões, desde Carl G. Jung e Joseph Rykwert à escola de
Frankfurt com Theodor W. Adorno ou Escola Anais de Fernand Braudel a
Roger Chartier.
88
em ignorar o passado e o regionalismo a favor de uma frente
comum que favoreceria sua posição. E a melhor maneira de se
fazer isso era com a análise de formas e não de conceitos.
89
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
The building art is man’s spatial dialogue with
his environment and demonstrates how he asserts
himself therein and how he masters it.
For this reason, the building is not merely a
technical problem nor a problem of organization or
economy.
The building art is in reality always the spatial
execution of spiritual decisions. It is bound to its times
and manifests itself only in addressing vital tasks with
the means of its times.
A knowledge of the times, its tasks, and its
means is the necessary precondition of work in the
building art. (Mies apud Mertins, 2014, p. 299.)
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
92
evidente que a arquitetura moderna combina diversas correntes
e variantes que impedem descrições inflexíveis de cunho
ideológico ou estilístico (CURTIS, 2008, p.9).
93
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
94
que se encontravam e voltar a construir para a alma, pois apenas
uma revolução na esfera espiritual poderia recriar a arquitetura.
95
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
96
III, segue a tabela com complicação destes discursos.
97
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
98
foram utilizadas explicitamente como protótipos.
[...]
Uma parte da obra de Mies van der Rohe
(1886-1969), apesar de ser uma síntese de
diferentes vanguardas plásticas, também se baseia
na combinação destas duas estruturas espaciais
básicas: a horizontal do pavilhão ou sanduiche, e
a vertical do pátio ou mégaro. Desta maneira, o
pavilhão alemão de Barcelona de 1929 pode ser
entendido como um grande pátio dentro do qual
se situam dois pavilhões: um maior e outro menor.
Em uma parte deste pátio, sobre uma grande
plataforma, o muro que o delimita não é material,
mas simbólico. A síntese que Mies van de Rohe
alcançou neste jogo combinatório de pavilhões e
pátios é máxima. Esta obra da razão não funde
somente classicismo, racionalismo, neoplasticismo,
expressionismo, mas natureza, coma forma
feminina no final do percurso e com as fortes formas
fractais dos veios dos mármores dos muros, com
suas dobras e ondulações. Abstração e natureza,
tectonicidade e visualidade, a racionalidade da linha
e a sensualidade da curva, a objetividade cientifica
e a subjetividade de Nietzsche, se conciliam nesta
obra mestra. Portanto, ainda que Mies van der
Rohe utilize este jogo combinatório, a sua obra vai
além do protótipo.
[...] A grande diferença entre Le Corbusier
e Mies van der Rohe, que utilizam estruturas
espaciais semelhantes, é que primeiro buscavam
o mecanismo do protótipo que lhe permitia produzir
casas em serie (horizontais ou compactas), e Mies,
ao contrário, perseguia a perfeição platônica de
determinadas obras – como o pavilhão alemão em
Barcelona, a Neue Nationalgalerie em Berlim ou
o Seagram em Nova York – que permanecessem
como pecas individuais, magistrais e únicas
(MONTANER, 2002, p.88).
99
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
100
e, sim, na imaterialidade (interiorização e evolução espiritual de
quem fosse habitar aquela casa), resultando deste modo em
modelos arquitetônicos fisicamente diversos, pois a padronização
era baseada na esfera da ideia e não do objeto físico.
1
Bau und Wohnung foi um livro lançado junto com a Exposição do Werkbund
em Stutgart (1927).
101
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
102
living and a Strong urge toward functionality. It is
not precisely criterion, what a person feels in resect
to the masses? (Mies apud NEUMEYER, 1991, p.
263, tradução nossa)
Assim, a massa (população) não deveria ser
compreendida pelos arquitetos, como era compreendida pela
indústria de roupa que veste em alta escala sem diferenciar as
pessoas, como se estas fossem desprovidas de caráter. Segundo
Mies, os arquitetos deveriam ver nas pessoas um forte impulso
para viver a vida e este deveria ser um critério, observar o que
realmente estas pessoas precisam antes de tentar fornecer
qualquer coisa à elas. Mies questiona se a questão econômica
justificaria forçar as pessoas a consumirem algo antiquado à
nova forma de viver.
103
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
2
AMARAL, Izabel. Quase tudo que você queria saber sobre tectônica, mas
tinha vergonha de perguntar. Pós. Rev Programa Pós-Grad Arquit Urban.
FAUUSP [online]. 2009, n.26, pp. 148-167. ISSN 1518-9554. O presente
artigo corresponde a uma parte da tese de doutorado, em andamento,
intitulada Tensions tectoniques du projet d’architecture: Etudes. Izabel Amaral
é arquiteta e urbanista (UFPE, 2000), com mestrado em História e Teoria
da Arquitetura (PPGAU-UFRN, 2004), é doutoranda no programa de Ph.D.
em Aménagement da Universidade de Montreal, Canadá, bolsista da Capes
e assistente de pesquisa no Leap – Laboratoire d’étude de l’architecture
potentielle. comparatives de concours canadiens et brésiliens (1965-2005).
104
Para Amaral (2009) o termo tectônica possui
significados intrínsecos diversos e uma variedade de sentidos
associados, que durante os dois últimos séculos, levaram a
uma grande ambiguidade na aplicação do termo, que até hoje
são discutidas. De um lado, a compreensão dos sistemas de
construção na qual a lógica deste sistema é deixada aparente,
frequentemente definida com a “a arte da construção” e, por outro
lado, à arte da fabricação na qual a construção é o veículo de
sua expressão artística, promovendo a noção de “potencial de
expressão construtiva” da arquitetura, capaz de reunir aspectos
culturais e estéticos. Neste artigo sobre o estudo da palavra
tectônica, Amaral (2009) busca analisar a partir de alguns teóricos
que tentam esclarecer algo que ainda nos parece enigmático, o
momento em que a construção se eleva à posição de obra de
arte.
3
SEMPER, Gottfried (1860, 1863). Style in the technical and tectonic arts, or,
practical aesthetics. Introdução de Harry Francis Mallgrave; tradução de
Harry Francis Mallgrave e Michael Robinson. Título original: Der Stil in den
technischen und tektonischen Künsten; oder, Praktische Aesthetik: Ein
Handbuch für Techniker, Künstler und Kunstfreunde. Los Angeles: Getty
Research Institute, v. 2, 2004, 980p.
4
Estereotomia (do grego stereos, sólido, e tome, corte) é a ciência que
estuda o corte, o entalhe e a divisão dos sólidos empregados na indústria e
na construção-civil (como pedras e madeiras).
105
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
5
FRAMPTON, Kenneth. Studies in tectonic culture: The poetics of construction
in nineteenth and twentieth century architecture. John Cava (E.). Cambridge:
MIT Press, 1995, 430 p. il. As primeiras reações ao trabalho de Frampton
aparecem nos números dedicados à tectônica da revista Any Architecture,
Nova York (n. 14, 1996) e da revista suíça Faces (n. 47, 1999-2000). Para
uma visão completa da recepção do trabalho de Frampton, ver LEGAULT
(2005).
106
de tectônica mistura-se, frequentemente, com
uma reflexão sobre a própria noção de arquitetura.
Frampton situa o debate da arquitetura em torno da
dimensão da topografia e da noção de lugar, em que
inclui o papel do corpo na percepção do ambiente
e a arquitetura. Para Frampton a tectônica se
refere, não unicamente à estrutura, mas à pele da
construção (o envelope), e, assim, ao seu aspecto
representacional, demonstrando que a construção
é uma complexa montagem de elementos diversos.
Ainda para Frampton (AMARAL, 2009, p. 162):
107
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
6
Tradução da autora a partir de: GERMANN, Georg. La doctrine de la
tectonique de Bötticher, Faces, Genebra,n. 47, p. 11, 2000.
7
Nesse texto em particular, Semper propõe uma classificação geral das artes,
que ele considera “artes tectônicas”. A arquitetura sendo assim classificada
com a música e a dança, e não com as artes plásticas. Tectônica se refere,
dessa forma, a uma cosmogonia das artes a celebrarem o homem em
relação ao universo, por meio da manipulação de seus elementos, no sentido
mais geral do termo decoração. Tectônica é considerada, nesse caso, uma
“arte cósmica” de fabricação a qual permeia também todas as artes que se
expressam por meio do material, como a pintura e a escultura.
108
artes que se expressam por meio do material, como pintura e
escultura. Aqui, gostaríamos de ressaltar que Berlage, a quem
Mies faz tanta referência, estudou arquitetura com os discípulos
diretos de Semper no Instituto de Tecnologia de Zurique, durante
a década de 1870. E, por isso, podemos notar certa ressonância
destes conceitos nos discursos mais maduros de Mies.
8
ANDERSON, Stanford. Peter Behrens and the new architecture of Germany,
1900-1917. 1968. Tese (Doutorado) – Columbia University, Colúmbia,
1968, 616p. Ver também: ANDERSON, Stanford. Peter Behrens and a new
architecture for the twentieth century. Cambridge; Mass.: MIT Press, 2000,
429p.il.
9
FRAMPTON, Kenneth. Studies in tectonic culture: The poetics of construction
in nineteenth and twentieth century architecture. John Cava (E.). Cambridge:
MIT Press, 1995, 430 p. il.
109
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
10
Organizada pela professora Sonia Marques, ainda sem editora. Esse livro
é fruto do evento Grands Ateliers de l’île d’Abeau, realizado em Lyon em
2001. Temos de ressaltar, aqui, as contribuições de Réjean Legautl e Cyrille
Simonnet sobre a história do conceito de tectônica; Pierre Boudon sobre a
dimensão filosófica da tectônica e a filosofia da natureza; Chris Younès sobre
as relações entre tectônica e fenomenologia; e os textos de Jean-Pierre
Chupin e Antoine Picon, que tratam da relação entre arquitetura, virtualidade e
materialidade. In: CHUPIN, Jean-Pierre; SIMONNET, Cyrille (Orgs.). Le projet
tectonique. Introdução de Kenneth Frampton. Gollion: Infolio, 2005, 222p.
110
materiais e forças espirituais em uma unidade harmoniosa.
111
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
112
é o fato de que os materiais usados na construção são em
sua maior parte fabricados, diferente dos materiais dos estilos
arquitetônicos anteriores a era industrial como a madeira, pedra e
tijolo. As formas encontradas na natureza, segundo Read (1981,
p.118), são obstinadamente matemáticas, mas isso não quer
dizer que a forma possa ser reduzida à uma fórmula. Toda a obra
de arte deve ser recriada, mas isso também ocorre em toda obra
da natureza. A arte difere da natureza não em sua forma orgânica,
mas em suas origens humanas: no fato de que não é um Deus
ou uma máquina que faz uma obra de arte, mas um individuo
com seus instintos e suas intuições com sua sensibilidade e sua
mente, buscando incansavelmente a perfeição que não está na
mente nem natureza, mas no desconhecido.
113
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
11
Platão deu continuidade as ideias do Bom e Belo de Sócrates (480-399 a.C)
que foi o primeiro filósofo a formular uma teoria da arte e arquitetura, partindo
da ideia que a forma é inseparável da função. E assim como a virtude é a
beleza do homem, a utilidade é a beleza dos objetos. O bem é a essência e o
belo a aparência. Enquanto Sócrates estudava a beleza através do usuário,
Platão estudava através do produtor, o artista. (Hermes Renato Hildebrand
– texto de aula disponível em : http://www.hrenatoh.net/curso/textos/resumo_
estetica_plataorenascimento.pdf)
12
Para Aristóteles, a beleza estava na forma aparente, na harmonia e proporção
diante da percepção concreta, vivida e não naquilo que vinha a ser, no campo das
ideias. A beleza é uma qualidade que o sujeito percebe não o que ele imagina.
(Hermes Renato Hildebrand – texto de aula disponível em : http://www.hrenatoh.
net/curso/textos/resumo_estetica_plataorenascimento.pdf)
13
Hermes Renato Hildebrand – texto de aula disponível em : http://www.
hrenatoh.net/curso/textos/resumo_estetica_plataorenascimento.pdf)
114
unidade no todo. Convertido ao catolicismo em 386 d.C, Santo
Agostinho, passa a acrescentar a ideia de luminosidade no belo.
A ideia anterior de uno de Plotino agora fica incorporada na figura
de Deus, que criou tudo a partir do nada, assim concebe o todo
como somatório das partes. Santo Agostinho fala da harmonia
das partes. O livre-arbítrio aceita a ideia de unidade, mas uma
unidade composta e formada por formas antagônicas, inclusive
o feio. E retoma a tese de luminosidade de Plotino, trazendo
a luz como elemento central na estética. Segundo Santo
Agostinho, a Terra não pode ser vista se não for iluminada pela
luz, neste sentido, a luz é o principio de toda a percepção. Luz
como saber também já aparece no mito da caverna de Platão,
e é recuperada em Agostinho e traduzida como um bem divino,
e como representação da presença de Deus, associando-o com
o sublime.
115
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
Arranha-céus
Frühlicht, 1, n.4,1`922, págs. 122-4.
Só os arranha-céus em construção mostram
ideias construtivas audaciosas. A impressão
desses esqueletos de gelo que se destacam no céu
é perturbadora.
Com revestimento da fachada, essas
impressões desaparecem completamente.
O pensamento construtivo, com fundamento
necessário do processo de dar forma artística é
aniquilado e, frequentemente, sufocado por um
caos de formas triviais e destituídas de sentido.
No melhor dos casos, hoje emerge somente a
grandeza física, essas construções teriam que
poder ser algo mais do que as manifestações
das nossas potencialidades técnicas. Porém,
deveríamos renunciar à tentativa de resolver
essas tarefas novas com as formas tradicionais.
Deveríamos procurar lhes dar forma partindo de
sua própria essência.
O novo princípio construtivo desses
edifícios aparece claramente quando se adota
a ótica de empregar o vidro para recobrir essas
paredes não mais estruturais. O uso do vidro leva
necessariamente a novos caminhos.
No meu projeto para arranha-céu da
Friedrichstrasse de Berlim, para o qual estava
disponível na grande praça triangular, uma forma
prismática que se adaptasse a ela me parece a
melhor solução. Depois dei uma leve angulação
às superfícies frontais que se contrapõe, de modo
evitar um efeito apagado que surge com frequência
nas grandes superfícies em que o vidro é utilizado.
Minhas tentativas em uma maquete de vidro me
indicaram o caminho, e reconheci rapidamente que,
como os do vidro, não se devia atingir jogos de luz
116
e sombra, mas um rico jogo de efeitos luminosos.
Era isso que eu ansiava no outro grande projeto
publicado aqui.
Numa observação superficial, o contorno da
planta pode aparecer arbitrário, porém é o resultado
de muitas experiências efetuadas na maquete de
vidro. A iluminação interna do edifício, o efeito do
seu volume no contexto da rua e, por fim o jogo
desejável de reflexos de luz foram determinantes
para estas curvaturas.
Na maquete, os contornos das plantas,
em que as curvas foram calculadas sob luzes e
sombras, se mostraram totalmente inadaptados ao
utilização do vidro. As escadas elevadores são os
únicos pontos imóveis na planta. Todas as outras
subdivisões da planta devem ser adaptadas de
acordo com a necessidade e serão completadas
como vidro (LEONI, 2011, p.74).
117
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
118
o que diferencia o que determina: uma estátua
de Júpiter, não de Diana. Também se vê que a
matéria da estátua não pode existir sem a forma.
Uma estátua de Apolo é mármore (ou bronze,
madeira, gesso…) com forma de Apolo. O mármore
sozinho não constitui estátua alguma, e não há
figura de Apolo que não esteja posta em algum
mármore (ou madeira, gesso…). A existência da
estátua depende da matéria e da forma. Ambas,
então, constituem a estátua, são causas que
constituem a estátua, causas intrínsecas dela.
Mas temos que refinar o conceito de forma
usado nesta comparação da estátua. Como diz um
ditado latino, toda comparação é imperfeita.
A forma é mais importante do que a matéria.
A matéria tem menos importância em relação à
forma. Vale a pena observar que a língua inglesa
inverteu o sentido destas palavras por uma curiosa
mudança semântica, que revela o caráter inglês:
“this is material to the fact” significa que algo é
realmente importante; “this is only a formality”
significa que algo não tem importância.
Mas, suponhamos que a estátua em questão
fosse de ouro. Ela valeria muito dinheiro, mesmo
sendo mal esculpida. O mesmo vale para o caso em
que tivéssemos uma estátua em gesso bem esculpida
e outra em mármore esculpida com um pouco menos
de técnica: ainda assim a estátua em mármore valeria
mais em relação à estátua de gesso. Por que, se a
matéria é menos importante que a forma? Isso parece
ir contra o que acabamos de dizer.
Porque o mármore ou o ouro têm seu próprio
ser físico, antes de se tornar estátua, mas a figura,
a aparência de Apolo ou Júpiter, não. O mármore
é substância e sua figura é um acidente, e “a
substância prima sobre o acidente”.
Mas o mármore, para ser substância “mármore”
119
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
14
Pierre de Craon Lejeune. A beleza no mundo, no homem e em Deus: a
Filosofia da Arte, a sabedoria de Deus na Criação e a vida espiritual.
120
embora a arquitetura em sua forma mais simples se baseia em
considerações totalmente funcionais e, assim, pode-se elevar
por todos os graus de valor até a mais alta esfera da existência
espiritual, ao mundo da arte pura. Para Mies, tudo depende da
forma pela qual usamos um material e não material em si. Como
ele é usado depende das funções do edifício e de certos fatores
psicológicos ou espirituais, pois no fim dependemos “do espírito
da nossa época”.
121
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
122
Podemos observar a beleza elevando o coração
de Sto. Agostinho como uma passagem admirável, que tem
atravessado os séculos sem perder o seu fascínio:
15
Revista cult edição 98. A beleza está na busca. Irmã Mônica Castanheira,
16
Carlos Albuquerque. Mies van der Rohe: o solitário caçador da verdade.
http://www.arqbrasil.com.br/_arqdoc/textos/arqdoc_012.htm
123
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
17
Conceito retirado de: LEITE, Thiago Soares. Tomás de Aquino e o conceito
de Adaequatio. Dissertação de mestrado apresentada na Universidade
católica do Rio Grande do Sul. 2007.
124
sendo apenas o intelecto que é modificado.
125
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
126
relacionados um com o outro de várias maneiras e também
podem estar unificado. Espaço externo pode surgir do interno e
o interno do externo. Ambos também podem se mesclar em um
mesmo espaço.
127
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
18
Em algumas citações deste mesmo trecho em outras línguas como o
inglês, é usada a palavra espiritual no lugar da palavra Intelectual usada por
Guirao.
128
Verificamos no livro de Guirao (2005) que Mies se
preocupava e respeitava a natureza, mas não no sentido de
estabelecer semelhanças, mas no sentido estabelecer algo
que ligasse o homem a natureza. Certa vez, em uma entrevista
quando perguntaram qual era o papel da natureza em relação a
sua construção ele respondeu que “Quando se olha a natureza
através das janelas da casa Farnsworth, adquirimos um
significado mais profundo de quando se esta fora, ao ar livre.
Natureza passa a formar parte de um grande conjunto.”
129
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
130
Para Mies, na arquitetura, o espaço habitável só
adquire forma em relação com a visão do homem sobre o entorno
que o rodeia, já que em nenhum outro caso o arquiteto precisa
do contato com a realidade para desenvolver um projeto. Mies
explica com base em Romano Guardini que a verdade só pode ser
aceita quando começa a ser vivida e isso tem base na cultura. O
homem cria seu próprio mundo. Ser consciente significa pertencer
à cultura e esta pressupõe um distanciamento da realidade
imediata. Apenas a partir desta tomada de consciência se libera o
processo de aproximação criativa e formalizadora do mundo.
131
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
19
Neste sentido como visto anterior esta verdade é expressada através
da adequação entre o objeto e o intelecto.
132
O texto o qual retiramos a citação acima deixa muito
claro as ligações com Romano Guardini (1885, Verona –1968,
Munique), considerado um dos mais importantes intelectuais
católicos do início do século XX, que assumiu em 1923 a cadeira
de filosofia da religião na universidade de Berlim. Romano
Guardini traduziu em seus livros uma linguagem moderna dos
pensamentos de grandes filósofos como Sócrates, Platão, Santo
Agostinho, Nietzsche entre outros.
133
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
134
135
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
136
Trecho do Livro de Romano Guardini, Cartas de Como. 1926.
137
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
138
a pensar que, por definição, a obra de Mies negaria a questão
estética, demonstrando uma intenção do arquiteto em lidar mais
com problemas da construção do que da forma em si.
139
ANÁLISES TEXTUAIS SOBRE IMATERIALIDADE
140
entendida também como “intelectual”.
Desse modo, segundo Mies, seria através da investigação intelectual que poderíamos elevar a
arquitetura ao status de arte. Esta investigação deveria partir da filosofia, da compreensão das formas, da
estética, da beleza e, por conseguinte, do uso da clareza, harmonia, ordem e disciplina. Construindo para a
época em que se está inserido.
141
SOBRE OS PAVILHÕES
NAS FEIRAS INTERNACIONAIS
O que se oferece nas exposições é
uma viagem imaginária ao redor do mundo,
uma pretensão de apresentar à Terra de forma
classificada. Classificar o mundo significava
fragmentar a planta em compartimentos reduzidos,
facilmente tangíveis, para desta forma, melhor
detê-los. Como primeiros museus de arquitetura,
as exposições exibiam uma coleção de expressões
arquitetônicas do mundo inteiro, onde cada
pavilhão representava seu país em miniatura. [...]
cada pavilhão se transformava em um logotipo de
sua nação. (PUENTES, 2000, p. 13)
SOBRE OS PAVILHÕES NAS FEIRAS INTERNACIONAIS.
144
meio ou aos lados do corpo principal de um edifício”1, “construção
rápida e ligeira”2, além de barraca, tenda ou habitação portátil.
1
PAVILHÃO In: MICHAELIS. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa,
2012. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.
php.
2
PAVILHÃO In: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Eletrônico
Aurélio Século XXI. 2014. Disponível em: http://www.dicionariodoaurelio.com
145
SOBRE OS PAVILHÕES NAS FEIRAS INTERNACIONAIS.
3
Pavilhão in Dicionário da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico
[em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014.[consult.2014-11-0202:59:27].
Disponível na Internet: http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-
portuguesa/pavilhão
146
borboletas (em francês papillon). Robert Sullivan4, em seu
dicionário etimológico, define “Pavilion, pavillon, do latin papilione,
ablativo de Papilio, borboleta; também, uma tenda ou pavilhão.
‘Quod vela tenduntur anúncio similitudinem hujus alarum5.’ A
partir de suas asas pintadas e estendidas” (SULLIVAN, 1870,
p.158, tradução nossa).
4
Sullivan, Robert. A dictionary of derivations: or, An introduction to etymology:
on a new plan. 1870. (p. 158)
5
“O fato de que as velas são esticados para a semelhança deste de asas.”
147
SOBRE OS PAVILHÕES NAS FEIRAS INTERNACIONAIS.
148
visitante, uma pequena quantidade de fotografias e algumas
plantas arquitetônicas as quais muitas vezes não podem ser
usadas como registro real da obra original, pois grande parte
das modificações eram feitas in-loco e sem registro em projeto.
149
SOBRE OS PAVILHÕES NAS FEIRAS INTERNACIONAIS.
150
propostas das obras originais implicavam em algo passageiro,
gerando obras que eram feitas para não durar, já suas réplicas
necessitam que sejam duradouras.
151
SOBRE OS PAVILHÕES NAS FEIRAS INTERNACIONAIS.
152
É realmente um absurdo apresentar arquitetura
em salas de exposições. Arquitetura só pode ser
experimentada na realidade, o seu efeito completo só
pode se desdobrar se for construída, como deve ser
construída, e colocada no ambiente natural para qual
o edifício se destina e em que deve pertence (Mies
apud RILEY; BERGDOLL, 2001, p. 345).
153
SOBRE OS PAVILHÕES NAS FEIRAS INTERNACIONAIS.
154
Mies van der Rohe no canteiro de obra do Pavilhão Alemão em Barcelona (1928-29)
Fonte: Mies van der Rohe Archives – MoMa NYC
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
Radical rationalist that he is, his designs are
government by a passion for Beautiful architecture.
He is one off the very few modern architects who has
carried its theories beyond a barren functional formula
in to the plastically beautiful. Material and space
disposition are the ingredients with which he gets his
effect of elegant serenity. Evincing in his work a love
for beautiful materials and textures he emphasizes his
predilection.
Helen Appleton Read (1929) apud David
Spaeth: in ZUKOWSKY, 1986, P. 18.)
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
158
em 20 de dezembro de 19561: avaliar
159
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
160
ANTECEDENTES DOCUMENTAIS e BIBLIOGRAFIA CONSULTADA3:
161
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
Estudiosos da área:
- Oriol Bohigas;
- Ludwig Glaeser;
- Arthur Drexler;
- Dirk Lohan.
162
CRITÉRIOS GERAIS DO PROJETO DE RECONSTRUÇÃO
O LOCAL
163
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
4
Em 1888 Barcelona também sediou uma Exposição Internacional.
164
O desafio destes países era conseguir implantar algo
dentro de um traçado concebido 10 anos antes por Josep Puig
e que não possuía previsão para abrigar estes novos pavilhões.
165
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
166
Imagem: Pavilhão da Suécia5, arquiteto Peder Clason.
Fonte: Wikipedia e http://barcelofilia.blogspot.com.br
5
Nos últimos anos tem havido uma iniciativa da colônia sueca, residente
em Barcelona, para reconstruir a torre, como fizeram com o Pavilhão da
Alemanha de Mies van der Rohe. Para Suécia, a torre ainda contém um
elemento de adoração e discussão de design e arquitetura. Na verdade, criou
uma associação chamada Amigos da Torre Barcelona Suécia com o
Pedido oficial para participação da Alemanha na objetivo de reconstrução. Disponível em: http://barcelofilia.blogspot.com.br
Feira com um pavilhão próprio. acessado em 22/09/2012
Fonte: Mies van der Rohe Archives, MoMA. 6
ANEXO VI - Sobre a construção do pavilhão em 1929.
167
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
168
Visita da comitiva do rei da Espanha aos outros
Textos da época descrevendo a visita da comitiva do rei da Espanha. pavilhões de exposição da Alemanha
Fonte: Mies van der Rohe Archives, MoMA. Fonte: Axius Barcelona
169
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
170
171
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
8
Claridade simplicidade e honestidade eram axiomas de Mies.
172
construção deveria representar “nosso desejo absoluto da
verdade e dar voz ao espírito da nova era”.
9
Mies Van der Rohe. Diretora: Georgia van der Rohe. New York: knoll
International, 1979. 2 filmes (56 min), 16mm, color. (New York Public Library
at Performing Arts)
10
ANEXO VII - Texto Nicolas M. Rubio Tuduri.
173
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
174
Para Franz Schulze (apud DEXLER. 1986), o pavilhão
oferecia total liberdade de estrutura e espaço ao arquiteto, visto
que a função da obra era ser um espaço público, onde as pessoas
poderiam se reunir ou descasar, não necessitava de aquecimento,
pois era verão na Espanha e o sistema de água era só para o
lavatório no escritório anexo. Nenhuma das áreas cobertas era
fechada, os painéis (paredes) pareciam deslizar por debaixo
deste plano branco horizontal, criando espaços que fundiam o
interior e exterior. As paredes já não eram mais estruturais e
tinham uma função apenas de painel. Para sustentar o teto, Mies
colocou oito pilares cruciformes regularmente espaçados entre
si em contraponto com a subjetividade dos arranjos dos painéis.
175
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
176
corações. A missão foi atingida honestamente sem
nenhuma vaidade. Aqui está casa guarda uma
Alemanha serena. (TUDURI ,1929 – tradução nossa)
177
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
11
Dados extraídos do documento encontrado no Mies van der Rohe Archives –
MoMa NYC. ANEXO VII - Sobre a analise das plantas.
178
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
180
14.22 Composição das paredes e disposição das placas do piso. Plantas e elevações. Impresso (76.9 x 135.4cm)
Fonte: MoMA - Mies van der Rohe Archives)
181
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
182
nenhum obstáculo, e contemplar o espaço sem nenhuma barreira
visual, deixando fechado apenas o espaço onde se encontra a
escultura.
183
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
184
1909) de Frank Lloyd Wright: predomínio da
horizontalidade, da simetria das plataformas e dos
balanços, da relação fluida e aberta entre o interior
e o exterior e grandes janelas. A introdução do
processo de destruição da caixa fechada da casa
tradicional realizada por Wright, que sintetizava
objetivos organicistas e naturalistas com objetivo
abstratos e maquinistas, influenciou de maneira
direta o elementarismo abstrato do neoplasticismo,
principalmente em consequência da publicação da
obra de Wright em 1910-1911 em Berlim, pelo autor
Ernst Wasmuth (MONTANER, 2002, p. 72)
Neste sentido, discordamos da questão da destruição
da caixa na obra de Mies, ela está presente no movimento
Neoplasticista como mostra o trecho abaixo, mas não pode ser
vista na obra de Mies ou Wright, visto que estas não formavam
uma caixa, e por este motivo não poderiam ser destruídas:
185
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
186
ação. O impulso dinâmico gerado pelo seu trabalho
revigorou toda uma geração. Sua influência foi
fortemente sentida mesmo quando não era visível14
(MIES apud JOHNSON, 1960, p. 200-201).
Retomando o deslocamento do anexo administrativo,
fica difícil encontrar uma explicação para que tenha sido alinhado
ao muro esquerdo. Notamos nas figuras A este elemento
deslocado transmitindo movimento em planta, no entanto, na
planta de ampliação destas áreas figura B, observamos que esta
área foi alinhada ao muro e provavelmente construído dessa
forma. Mesmo que a paginação de piso, considerada a planta
definitiva, possua esta área ainda deslocada da base (imagem
p.181).
187
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
Imagem de 2013
Fonte: autora.
188
tecnologia para aquela época.
Segundo a revista il D’Aci I d’Alla (apud SPAETH,
1979, p.23) o pavilhão era descrito como um dos mais avant-
garde da exposição. Através de uma composição essencial e
uma sensível justaposição de planos. e completa dizendo que
o uso dos materiais que faziam o papel de refletores, foi usado
de forma muito inteligente, como exemplo a superfície da agua
usada como elemento arquitetônico que também tinha o papel
de refletir.
Podemos dizer que parte da originalidade do projeto
está justamente em usar os materiais de forma que estes
expressassem modernidade. Imagem de 1929 .Fonte: MoMA
Foi este aspecto que Mies observou nas obras de
Berlage quando foi a Holanda e se impressionou com a maneira
com a qual ele tratava os materiais usados em seus projetos. Ao
analisar os desenhos de Mies, nos parece que o arquiteto não
tinha duvida a respeito dos elementos que iria usar como água,
mármore e vidro.
Os vidros também causavam um grande efeito, tanto
pela translucides quanto pelos reflexos entre eles e as peças de
mármore polido, a caixilharia dos vidros em aço polido, assim
como o revestimento dos pilares e os espelhos d’água. Como
nota-se nas imagens tiradas em 2013.
imagem de 2013 (abaixo).Fonte: a autora
189
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
190
ANALISE DOS ELEMENTOS
02 tetos planos,
02 espelhos d’água,
01 tapete preto,
01 escultura.
191
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
192
Stijl, no entanto, titula a simetria de Mies como horizontal e de
Van Doesburg como isotrópica. Todavia, ambos procuram ignorar
o vetor vertical da força da gravidade, ignorando o fator peso.
Podemos verificar isso nas citações abaixo destes dois arquitetos:
193
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
194
Embasamento
195
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
Os painéis de mármore.
196
utilizado e não uma grelha comum a todos Os dois painéis de
travertino romano. Peças com 103cm (1/3 da altura) por 218cm
(dois módulos da base do piso). Estes painéis na verdade não
coincidem com a grelha do piso.
Imagem 2013
Fonte: a autora
197
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
198
área coberta do pavilhão e um painel de ônix amarelo ao centro
com as peças de mármore espelhadas formam um desenho
contínuo dos veios.
Cinco muros eram de estrutura metálica revestidos
de lâminas de mármore plana com cantoneiras (peca dobrada)
na lateral. Nota-se aqui que as extremidades dos painéis eram
confeccionadas com um bloco maciço de mármore, o que
proporcionava um detalhe primoroso, pois os veios do mármore
são contínuos e contornam a quina do painel, sugerindo que todo
ele fosse de mármore maciço. Assim com os ambiente fluem no
espaço, os veios também parecem fluir entre as faces do painel.
Cartas trocadas entre os responsáveis pelo pavilhão
e Lilly Reich16 mostram que, devido ao corte de gastos, o muro
externo de travertino foi feito de estuque pintado de verde e
amarelo, que de nada se parecia com os materiais que estavam
faltando. Talvez seja por isso que não temos registro da área
externa do pavilhão de 1929.
199
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
PAINÉIS DE VIDRO
Um painel duplo de vidro leitoso branco, guarnição de
aço inox, subdividido em duas partes cada, formam a única entrada
de luz, bem ao centro do pavilhão com iluminação zenital. Ainda,
ao analisar as plantas preliminares, notamos que o retângulo
luminoso, ao centro da planta, praticamente não foi alterado com
a evolução do projeto, propondo que possivelmente este tenha
sido um elemento importante a ser definido ao início do projeto.
200
Ao observar estas imagens nos parece que o vidro original em 1929 fosse
provavelmente ser mais escuro do que o vidro usado na rescotrucao em 1986, o que
nos faz mais sentido ser mais escuro pois assim causaria mais reflexos.
Um painel de vidro com vista ao fundo subdividido Um painel de vidro com vista para o espelho d’água
em 10 partes com módulos iguais a grelha do piso interno subdividido em oito partes com módulos de
de 109cm com vidros em tons esverdeados.(1929) 95cm com vidros em tom de bronze.(1929)
Fonte: Mies van der Rohe Archives – MoMa NYC Fonte: MoMA
201
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
PILARES
202
Imagem a esquerda de 1929 e a direita de 2013
Detalhe da versão incorreta da sessão do pilar. Fonte: MoMA e autora
Desenho feito pelo escritório de Mies em 1964.
Fonte: Drexler, 1986, p. 237.
203
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
204
COBERTURAS
205
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
ESPELHOS DÁGUA
206
O segundo espelho, confinado entre muros,
apresenta uma configuração oposta ao movimento do espelho
d’água externo. Este permanece na quietude, um vidro preto
colocado no seu fundo permite criar uma sensação de infinito ao
encontrar-se com a parede de mármore verde escuro.
207
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
A ESCULTURA
208
Escultura Morgen
de Georg Kolbe.
209
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
CORTINA VERMELHA
Uma cortina de veludo vermelha cobre o muro de
mármore verde e a parte da parede de vidro, juntamente com
o tapete preto e a cor da parede oposta em ônix amarelo
constituem uma unidade emblemática baseada em cores que
podem sugerir as cores da nação Alemã.
210
dia. Esta decisão não é nossa vontade. Por favor,
deixe esta aberta de uma forma que um metro
de espelho (painel de vidro) fique coberto. O sr.
Mies também pede que não tenha mais do que
duas grandes poltronas expostas no Pavilhão. [...]
(Fonte: Mies van der Rohe Archives, MoMA)
211
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
212
Casa Tugendhat House, Brno, Republica Tcheca (1928-1930).
Fonte: A&D Mies van der Rohe Archive – MoMa NYC
213
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
214
Modelo de casa para casal sem filhos, Deutsche
Bauausstellung, em Berlim, 1930-1931
Fonte: Mies in Berlim 2001.
Modelo de casa para casal sem filhos, Deutsche Foto aérea Pavilhão de Barcelona em 1929.
Bauausstellung, em Berlim, 1930-1931 Fonte: Mies van der Rohe Archive – MoMa NYC
Fonte: Mies van der Rohe Archive – MoMa NYC
215
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
216
manifesto for the thing will not only warm us in the
central heating. History is what is happening today.“
(Escrito pelos editores da G: An Avant-gard journal
of Art, Architecture, Design and Film, abril de 1926,
apud Beatriz Colomina, 2014, p.08)
Wham! Zoom! Zing! Rave! – and it’s not
Ready Steady Go, even thought it sometimes looks
like it. The sound effects are produced by erupting
of under-ground architetural protest magazines.
Archi-tecture, staid queen-mother of arts, is no
longer courted by plish glossies and cool scientific
jourals alone, but its having her skirts blown up and
her bodice unzipped by irregular newcomers, which
are – typically – rhetorical, with-it moralistic, mis-
spelled, improvisatory, anti-smooth, funny-format,
cliquey, art-oriented but stoned out of their minds with
Science-fiction images of an alternative architecture
that would be perfectly possible tomorrow if only the
Universe (and specially the Law of Gravity) were
differently” Zoom Wave Hits Architecture. 1964
(BANHAM apud COLOMINA, 2014, p.06).
217
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
218
o caráter de Mies por cinco obras manifestos, entre 1921 e 1923,
já citadas no capítulo um desta dissertação.
219
SOBRE O PAVILHÃO DE BARCELONA
220
uma torre ao fundo que teria sido retirada da imagem publicada no
“Internacional Style”. No caso dos homens em pé, podemos afirmar
que não foram trabalhadas, pois são imagens feitas por diferentes
fotógrafos. Em pesquisa no Axius de Barcelona, encontramos o
autor desta fotografia, Carlos Perez de Rozan. Enquanto a imagem
sem os homens foi feita por Sasha Stone, já mencionado o no
capítulo quatro desta dissertação. Outra diferença na imagem é
a sequência de vasos de flores que tinham sido colocados para
inauguração.
224
A ideia inicial deste trabalho era procurar compreender o
que Mies van der Rohe e os autores que se dedicam a estudar a obra
do arquiteto sugeriam com frases como “dar ao espírito a oportunidade
de vir à existência” ou “arquitetura é a execução espacial das decisões
do espírito.”
225
CONSIDERAÇÕES FINAIS
226
deve animar e inspirar a arquitetura e aí temos a introdução
de um fator que já não é materialista. A arquitetura deve ser
inspirada por considerações intelectuais, abstratas, espirituais
- considerações que modificam as exigências rigorosas da
utilidade. Pode-se dizer, neste sentido, que parte das qualidades
espirituais da arquitetura está em suas aproximações com as
dimensões artísticas e estéticas bem como a beleza.
227
CONSIDERAÇÕES FINAIS
228
“[...] Se o material deve prevalecer sobre o espiritual
ou o espiritual sobre o material é uma questão tão antiga
quanto a arquitetura.”
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS
REFERENCIAS
232
revelación del lugar (Colección Arquíthesis). Barcelona: Fundación
Caja de Arquitectos, 2005.
Mies van der Rohe Archive. In: MoMA - Museum of Modern Art.
Disponível em: http://arcade.nyarc.org/record=b520645~S8 Acesso
em: 03 de setembro de 2014.
Mies van der Rohe Archive. In: MoMA - Museum of Modern Art.
Departamento de Arquitetura e Design. Acesso in loco em: 19 a 21 de
233
REFERÊNCIAS
janeiro de 2014.
234
SCHULZE, Franz. Mies van der Rohe: critical biography.
Chicago/London: Chicago University Press, 1985.
235
ANEXOS
ANEXO I
CATEGORIA DATA
CARTER, Peter.Mies van der Rohe at work. London: Pall Mall Press, 1974 1974
DREXLER, Arthur. Ludwig mies van der rohe. Barcelona: Bruguera,1961. 1960
GLAESER, Ludwig. Ludwig Mies van der Rohe. Drawings in collection of the Museum of Modern 1969
Art.Nova York, 1969
238
CATEGORIA DATA
GLAESER, Ludwig. Ludwig Mies van der Rohe. Furniture and furniture drawings in collection of 1969 ANEXO I
the Museum of Modern Art.Nova York, 1969
JOHNSON, Philip Cortelyou. Mies van der Rohe. Buenos aires: Victor Leru, 1960. 1960
MERTINS, Detlef. Presence of Mies.New York: Princeton Architectural Press, 1994. 1994
NEUMEYER, Fritz.Artless word: Mies van der Rohe on the building art. London: MIT Press, 1991 1991
SPAETH, David A. Mies Van der Rohe: an annotated Bibliography and Cronology. New York: 1979
garland, 1979.
TEGETHOFF, Wolf. The villas and country houses. Nova York: The Museum of Modern Art, 1985. 1985
ZUKOWSKY, John. Mies reconsidered - his carrer, legacy and disciples.Chicago:Art Institute, 1986
1986.
LIVROS - Manifestos e Discursos
Barry Bergdoll, “The Nature of Mies’s Space,”in Terrence Riley and Barry Bergdoll, Mies in Berlin. 2001
New
York, 2001, pp.
CONRADS, 66-133,
Ulrich. esp. the
Progams andpages on the Barcelona
manifestoes Pavilion.
on 20th –century architecture. Translated by Michael 1970
Bullock. The MIT press: Cambrige, Massachusetts, 1970.
LEONI, Giovanni. Mies Van der Rohe. Traducao: Gustavo Hitzschky. 1ªed. Sao Paulo: Folha de S. 2011
Paulo, 2011.
Mies van der Rohe, ludwig: Escritos, dialogos y discursos. Colegio Oficial de Aparejadores y 1981
Arquitetos de Murcia, 1981.
PETER, John. The oral history of modern architecture.New York: Harry N. Abrams, 1994.
PUENTES, Moises. Conversas com Mies van der Rohe certezas americanas. Barcelona, Editorial
Gustavo Gili, 2006.2008
NEUMEYER, Fritz.Artless word: Mies van der Rohe on the building art. London: MIT Press, 1991 1991
239
ANEXO I
CATEGORIA DATA
Gastón Guirao, Cristina.Mies : el proyecto como revelación del lugar (Colección Arquíthesis) 2005
Barcelona: Fundación Caja de Arquitectos, 2005
GLAESER, Ludwig. Ludwig Mies van der Rohe. Mies van der Rohe: the barcelona Pavillion's, 1979
50th Anniverary. Museum of Modern Art.Nova York, 1979
PÉREZ OYARZÚN, Fernando; QUINTANILLA CHALA, José; MORI, Alejandro Aravena. Los hechos 2007
de la arquitectura. Chile: Pontificia Universidad Católica de Chile, 2007.
PUENTES, Moisés. 100 años Pabellones de exposición/ Pavilhões de exposição. Barcelona: 2000
Gustavao Gili, 2000.
SOLÀ-MORALES RUBÍO, Ignasi; CIRICI, Cristian; RAMOS, Fernando. Mies van der rohe, el 1998
pabellon de barcelona. Barcelona: G. Gili, 1993.
SOLÀ-MORALES RUBÍO, Ignasi. Diferencias. topografia de la arquitectura contemporánea. 1998
Barcelona: G. Gili 1995 185 p.
SOBRE IMATERIALIDADE
BONTA, Juan Pablo. Anatomía de la interpretación en arquitetura: Reseña semiótic de la crítica 1975
del Pabellón de Barcelona de Mies van der Rohe. Barcelona: Gustavo Gili, 1975.
DODDS, George. Building Desire on the barcelona Pavilion (periodico)
DODDS, George. Building desire: on the Barcelona Pavilion.London: Routledge, 2001. 2005
MERTINS, Detlef.Mies.London: Phaidon Press Limited, 2014. 2014
NEUMEYER, Fritz.Artless word: Mies van der Rohe on the building art. London: MIT Press, 1991 1991
QUETGLAS, Josep. El Horror cristalizado: Imágenes del Pabellón deAalemania de Mies van der 2001
Rohe. Barcelona: ACTAR, 2001.
ROVIRA, Josep M. Reflections: Mies van der Rohe Pavilion.Barcelona: Triangle Postals, 2002. 2002
LIVROS - apoio
BILL.Max.Mies van der Rohe.Buenos Aires:Ediciones Infinito,1956. 1956
BONTA, Juan Pablo. Mies van der Rohe. Barcelona: G. Gili, 1975. 1975
COHEN, Jean-Louis. Ludwig Mies van der Rohe.Basel: Birkhauser, 2007. 2007
COHEN, Jean-Louis. Mies van der Rohe. London: Spon, 1996 1966
FRAMPTON, Kenneth. . Studies in tectonic culture: the poetics of construction in nineteenth 1996
and twentieth century architecture. 2. ed. Cambridge, MA: The MIT Press, 1996.
HITCHCOCK, Henry-Russel; JOHNSON, Philip. The International Style: architecture since 1995
1922.with a new foreword by Phillip Johnson. New York: W.W. Norton & Companie, 1995.
240
CATEGORIA DATA
241
ANEXO I
CATEGORIA DATA
‘Mies van der Rohe and the platonic verities’ / article by James Marston Fitch 1961
in Columbia University. School of Architecture. Four Great Makers of Modern Architecture, 1961 /
p.154-163
‘Mies, the educator’ / Daniel Brenner 1961
in Columbia University. School of Architecture. Four Great Makers of Modern Architecture, 1961 /
p.113-117
‘Towards a unity’ (Mies van der Rohe) 1961
in Arts & Architecture, 78 April 1961 / p.10-13
Carter, Peter, "Mies van der rohe, 1920-1927," Architecturaldesign31 (March 1961), 1961
95-121.
‘The problem of Mies’ / article by Charles Jencks 1966
in Architectural Association Journal, 81 May 1966 / p.301-304
"‘The problem of Mies’ / article by Charles Jencks 1966
in Architectural Association Journal, 81 May 1966 / p.301-304"
Bassegoda Nonell, Bonaventura, "Letter to La Vanguardia.Mies van der Rohe," La Vanguardia,6 May 1966
1966, 21.
Masalles, M., "Letter to La Vanguardia:Van der Rohe," La Vanguardia,1 May 1966, 28 1966
‘Mies speaks: “I do not design buildings, I develop buildings”’ / article by Ludwig Mies van der Rohe 1968
in Architectural Review, 145 December 1968 / p.451-452
‘Truth, clarity and order…: the messages of Mies’ 1969
in Inland Architect, 13 (8) August-September 1969 / p.9-13
WHITMAN, Alden.ObituaryMies vand der Rohe Dies at 83,The New York Times. 1969 1969
"El Pabell6n de Mies van der Rohe," La Vanguardia, 17 May 1970, 25. 1970
"El Pabell6n de Mies van der Rohe," La Vanguardia,29 January 1970, 29. 1970
El pabellon de mies van derrohe. La Vanguadia, 17 may 1970, 25 1970
El pabellon de mies van derrohe. La Vanguadia, 29 jannuary 1970, 29 1970
‘The measure of Mies’ / article by John Winter 1972
in Architectural Review, 151 February 1972 / p.95-105
‘Ludwig Mies van der Rohe’ / article by Reginald Malcolmson and others 1977
(“A paradox of humility and superstar”)
in Inland Architect, 21 May 1977 / whole issue
‘The New York convention center: another episode in the crisis of modern architecture’ / article by 1977
Juan Pablo Bonta in AA Quarterly, 9 nos.3-4 1977 / p.[82]-90
‘Organic versus classic’ / article by Peter Blundell-Jones (Mies van der Rohe / Hans Scharoun) 1978
in AA Quarterly, 10 (1) 1978 / p.10-20
‘Miesian space concept in domestic architecture’ / article by Howard Dearstyne 1979
in A+U: Architecture and Urbanism (103) April 1979 / p.3-8 (text in Japanese)
‘Who and what inspired Mies van der Rohe in Germany’ / article by Sandra Honey 1979
in Architectural Design, 49 (2-3) 1979 / p.99-102
242
CATEGORIA DATA
"Se pide la reconstrucci6n del 'Pabell6n Barcelona'," La Vanguardia,27 September 1979, 15. 1979
1979 1979
‘History: Confrontation: 1933 Mies van der Rohe and the Third Reich’ / article by Elaine Hochman
in Oppositions (18) Fall 1979 / p.48-59
Bassegoda Nonell, Bonaventura, "Historia y an6cdota de una obra de Mies van der 1979
Rohe," La Vanguardia,6 October 1979, 6.
Se piede la recostrucion del pabellon Barcelona. La Vanguardia, 27 september 1979, 15 1979
‘Architecture of independent elements: Miesian design approach’ / article by Masami Takayama 1982
in A+U: Architecture and Urbanism (141) June 1982 / p.11-16 (text in Japanese+English)
Bordas, Jordi, "Barcelona volveri a tener el pabell6n mis importante de la Exposici6n de 1983
1929," La Vanguardia,11 October 1983, 17.
Cirici, Cristian, Ramos, Fernando, and Solh-Morales, Ignasi de, "Proyecto de reconstrucci6n del 1983
Pabell6n Alemin de la Exposici6n Internacional de Barcelona de
1929," Arquitecturasbis44 (July 1983), 6-17.
la recosntruccion del pabellon de Van der Rohe se iniciara em diciembre. La vanguardia. 17 1983
november 1983, 25.
Soli-Morales Rubid, Ignasi de, "Reconstrucci6n del Pabell6n Mies van der Rohe," La 1983
Vanguardia,3May 1983, 43.
‘Critical architecture: between culture and form’ / article by K Michael Hays 1984
(modern architecture with emphasis on works by Mies van der Rohe)
in Perspecta no.21 1984 / p.14-29
‘On the development of the conception of space in the works of Mies van der Rohe’ / article by Wolf 1984
Tegethoff
in Daidalos no.13 September 15, 1984 / p.114-123 (text in German+English)
Ravetllat, Pere Joan, "Primer van ser les parets," Quadernsd'arquitecturai urbanisme 163 (October, 1984
1984), 22-27.
‘Pavilion and pool at Mies van der Rohe House, Weston, Connecticut, 1982’ 1985
in GA Houses no.17 February 1985 / p.[24]-31 (text in Japanese+English)
HUXTABLE, Ada Louise.THE MAKING OF A MASTER 1985
By Ada Louise Huxtable; The New York Times ,1985
‘A posthumous Mies: two views’ / article by Martin Filler and Joseph Rykwert 1986
in Art in America, 74 April 1986 / p.152-157
‘Barcelona: reconstruction of the Barcelona Pavilion’ / article by Warren A James 1986
in Progressive Architecture, 67 August 1986 / p.61-67
‘Mies van der Rohe: a moral modernist model’ / article by Stanley Tigerman 1986
in Perspecta no.22 1986 / p.112-135
‘Reflections on onyx’ / article by Joseph Masheck (on Mies) 1986
in Art in America, 74 April 1986 / p.138-151
243
ANEXO I
CATEGORIA DATA
‘The Barcelona Pavilion: the walls came first’ / article by Pere Joan Ravetllat 1986
in Sites no.15 1986 / p.36-42
‘The politics of Mies van der Rohe’ / article by Elaine S Hochman 1986
in Sites no.15 1986 / p.44-49
‘Villa Tugendhat, Brno (1928-1930)’ / article by Jan Sapak 1986
in Domus no.678 December 1986 / p.[25]-37 (text in Italian+English)
"Barcelona reconstructs an icon of architectural modernism," ArchitecturalRecord 174 1986
(August 1986), 60-61.
ABERCROMBIE, Stanley. Barcelona rebirth; Mies van der Rohe´s epochal 1929 German pavilion is 1986
reconstructed. Interior Design, p184, 1986
Amela, Victor A., "Inaugurado en Barcelona el pabell6n alemin de Mies van der Rohe 1986
con la presencia de su hija," La Vanguardia,3 June 1986, 52
Bracelona recupera el pabellon Mies van derrohe. La Vanguardia, 3 june 1986, 1,52 1986
Cirici, Cristian, "De la d6votion i l'6motion: Reconstruction du Pavillon Allemand de L. Mies van der 1986
Rohe pour l'Exposition Internationale de Barcelona, 1929," Architecture d'aujourdhui245(June, 1986),
XV.
Dollens, Dennis L., "Less is more again," Sites 15 (1986) 1986
Filler, Martin, "Barcelona reborn: Mies van der Rohe's 1929 Pavilion, rebuilt on its original site," House 1986
&garden 158-12 (December 1986),150-155, 216-220.
GOLDBERGER, Paul.ARCHITECTURE VIEW; HIS BUILDINGS HAVE THE SIMPLICITY OF 1986
POETRY.The New York Times,1986
GOLDBERGER, Paul.ARCHITECTURE VIEW; HIS BUILDINGS HAVE THE SIMPLICITY OF 1986
POETRY.The New York Times,1986
GOLDBERGER, Paul.ARCHITECTURE: MIES SHOW AT MODERN. The New York Times, 1986. 1986
‘Mies van der Rohe: the genealogy of column and wall’ / article by Gevork Hartoonian 1989
in Journal of Architectural Education, 42 (2) Winter 1989 / p.43-50
244
CATEGORIA DATA
DEITZ, Paula.The Keeper of 3 Architectural Icons, the New York Times, 1989. 1989
‘Mies van der Rohe’s paradoxical symmetries’ / article by Robin Evans 1990
in AA Files no.19 Spring 1990 / p.56-68
‘The Barcelona Pavilion as landscape garden: modernity and the picturesque’ / article by Caroline 1990
Constant
in AA Files no.20 Autumn 1990 / p.47-54
1992 1992
‘Il padiglione di Barcellona e l’arte di dimenticare [The Barcelona Pavilion and the art of forgetting];
Architect: Ludwig Mies van der Rohe
in Casabella vol.56 no.592 July/August 1992 / p.46-51 (text in Italian)
‘The horizontal symmetry of Mies van der Rohe’ / article by Randall Ott 1993
in Dimensions, 7 Spring 1993 / p.112-131
‘Beatriz Colomina: Mies Not’ / article by Beatriz Colomina (thoughts on the author’s feelings about 1994
Mies van der Rohe)
in Columbia University. Graduate School of Architecture, Planning and Preservation. Newsline, 6 (3)
January-February 1994 / p.2
‘Mies van der Rohe: German Pavilion, International Exposition, Barcelona; and Tugendhat House, 1995
Brno, Czechoslovakia’ / article by Fritz Neumeyer
in GA: Global Architecture no.75 1995 / p.1-47 (text in Japanese+English)
Richard Padovan " eEl pabellon y el patio. Problemas culturales y espaciales de la arquitectura de De 1995
Stijl ", em Ricardo Guasch Ceballos. Espacios fluidos versus espacio sistematico, Edicions UPC,
Bracelona, 1995
MUSCHAMP, HERBERT.A Modernist Steps Out Of the Shadows 1996
.The new York Times, 1996,
RAVETLLAT, Pere Joan"Atrios y peristilos.Las casas-patio de Mies" artigo em DPA 13 Patios y Casas. 1997
DPA Documents de Projectes d’Arquitectura.Revista del Departament de Projectes Arquitectònics de
la Universitat Politècnica deCatalunya (UPC). 1997/p.22-27
Translations from drawing to building and other essays / Robin Evans 1997
London: AA Publications, 1997 (includes essay ‘ Mies van der Rohe’s paradoxical symmetries)
‘Le pavillon de Barcelone revisite: Mies van der Rohe, 1929’ 1998
in Architecture d’Aujourd’hui no.318 September 1998 / p.[68-73] (text in French, with English
summary)
Le Pavillon de Barcelone revisit6: Mies van der Rohe, 1929," Architectured'aujourdhui 1998
318 (September 1998), 68-73.
‘Abstract architecture and the desire to make something that is new’ / article by Victoria Watson (use 1999
of the grid by Mondrian in art, by L Hilbersmeimer in city planning and Mies in Farnsworth House)
in Journal of Architecture, 4 (1) Spring 1999 / p.81-87
245
ANEXO I
CATEGORIA DATA
‘Les symetries paradoxales de Mies van der Rohe’ / article by Robin Evans 1999
in Le Visiteur (4) Summer 1999 / p.48-77
Hill, Jonathan, "An Original Copy [Barcelona Pavilion]," Scroope: Cambridgearchitecture 1999
journal,11 (1999), 112-118.
‘Ludwig Mies van der Rohe’s Tugendhat House: a model home of its time?’ / article by Wolf Tegethoff 2000
in A+U: Architecture and Urbanism (3) March 2000 / p.146-159, 160-167 (text in Japanese+English)
‘2 x Mies: a pair of shows at MoMA and the Whitney reveals overlooked aspects of his legacy 2001
[exhibition review of Mies in Berlin at MoMA; and Mies in America at the Whitney]’
in Architectural Record, 189 (5) May 2001 / p.81-82
‘Alien 5044325: Mies’s first trip to America’ / article by Cammie D McAtee 2001
(the story of Mies van der Rohe’s arrival in the US in the 1930s, and the overtures he received from
Philip Johnson at MoMA and Joseph Hudnut at Harvard)
in Harvard Design Magazine (14) Summer 2001 / p.69-75
‘Hacer historia: Mies y el MoMA = Making history: Mies and the MoMA’ 2001
in AV Monografias = AV Monographs (92) November-December 2001 / p.96-115 (text in
Spanish+English)
‘Mies van der Rohe: the unabridged version [exhibition review]’ / article by Franz Schulze 2001
in Art in America, 89 (10) October 2001 / p.118-127
‘Reassessing Mies’ / article by Jayne Merkel (symposium on Mies at Pratt Institute) 2001
in Oculus, 63 (9) May-June 2001 / p.10-11
"El espacio liberado: Exponiendo un espiritu nuevo = the Space in Freedom: Exhibiting a 2001
New Spirit," AVmonograffas= AVimonographs92 (November 2001), 20-23.
Dodds, George, "Body in Pieces: Desiring the Barcelona Pavilion," Res 39 (2001), 168- 2001
191.
Hill, Jonathan, "Weather architecture," Architecturaldesign 71-3 (June 2001), 56-59. 2001
SCHMERTZ, Mildred. More & more Mies. The new criterion, New York, p.45-49, 2001 2001
‘Absolut MiesTM, Absolut modern: building good copy’ / article by Brett Steele 2002
in AA Files no.48 Winter 2002 / p.2-14
‘Mies van der Rohe today’ (considers the contemporaneity of Mies van der Rohe) 2002
in Kenchiku Bunka, 57 (658) April 2002 / p.73-84 (text in Japanese)
‘Mies van der Rohe: a drawing and a letter to a client’ / article by Victoria Watson 2002
in Journal of Architecture, 7 (4) Winter 2002 / p.355-360
‘Tugendhat Frames’ / article by Claire Zimmerman (Mies van der Rohe’s Villa Tugendhat, Brno. Czech 2002
Republic, 1930) in Arch Plus (161) June 2002 / p.22-31 (text in German)
Hill, Jonathan, "Weathering the Barcelona Pavilion," Journalof architecture7-4 (Winter, 2002
2002), 319-327.
‘Ludwig Mies van der Rohe: Barcelona Pavilion, Barcelona, Spain, 1929’ 2003
in A+U: Architecture and Urbanism (388) January 2003 / p.104-111
246
CATEGORIA DATA
‘Ludwig Mies van der Rohe: Riehl House, Potsdam, Germany, 1906-1907’ 2003
in A+U: Architecture and Urbanism (388) January 2003 / p.17-24
‘Ludwig Mies van der Rohe: Tugendhat House, Brno, Czech Republic, 1928’/ 2003
in A+U: Architecture and Urbanism (388) January 2003 /
p.112-121 (text in Japanese+English)
‘Mies van der Rohe house discovered, mystery remains’ / article by Dietrich Neumann (Villa Heusgen, 2003
Krefeld)
in Architectural Record, 191 (110 November 2003 / p.34
‘The modern eye-catcher: Mies van der Rohe and sculpture’ / article by Penelope Curtis 2003
in ARQ: Architectural Research Quarterly, 7 (3-4) 2003 /
p.361-370
ALONSO PEREIRA, J.R> Utopia y deconstruccion em la arquiteura contemporanea, olviedo, facultad 2003
de Geografia e historia, 2003
Holt-Damant, Kath. Constructs of space : German Expressionism, Mies van der Rohe and Yasujiro 2003
Ozu. In: 20th Annual Conference of the Society of Architectural Historians Australia and New Zealand,
University of Sydney, 2003.
‘The unbearable lightness of building: a cautionary tale’ / article by Derek Sayer 2004
(on the “true history” of the Barcelona Pavilion, Mies’s work in Czechoslovakia etc)
in Grey Room (16) Summer 2004 / p.6-35
BOXER, Sarah.Mies Villa, Jostled by History, Is in a Race Against Time, 2004 2004
Kellogg, C 2004, 'Quintessentially Barcelona', Interior Design, 75, 3, pp. 140-144 2004
Amaldi, Paolo, "Chairs, Postures, and Points of View: For an Exact Restitution of the Barcelona 2005
Pavilion" FutureAnterior:JournalofHistoricPreservationHistory,
TheoryandCriticism2,(Winter, 2005), 16-23.
Andrieux, J 2005, 'Introduction: A Cultural History of Modernity in Architecture', Docomomo Journal, 2005
pp. 28-33
COAD, Emma Dent. Myths of the Mies Pavilion. Docomomo Jorunal, 7th Conference Proceedings, 2005
p.104-106,2005.
Hartoonian, Gevork, "Building desire: On the Barcelona Pavilion by George Dodds," 2005
ArchitecturalTheoryReview: Journalof the DepartmentofArchitecture, the
UniversityofSydney10(2005), 109-111.
MERTINS, Detlef.Goodness Greatness: The Images of Mies Once Again.Perspecta Vol. 37, Famous 2005
(2005), pp. 112-121
247
ANEXO I
CATEGORIA DATA
‘Ludwig Mies van der Rohe: l’architettura non e un martini cocktail = Ludwig Mies van der Rohe: 2006
architecture is not a martini cocktail [interview]’ / article by
Ludwig Mies van der Rohe and Peter Carter
In Casabella, 70 ( 741) February 2006 / p.3-5 (text in Italian+English)
Penner, Barbara, "Building desire: On the Barcelona Pavilion, by George Dodds," Journalof 2006
architecture11 (April, 2006), 269-272.
Penner, Barbara, "Building desire: On the Barcelona Pavilion, by George Dodds," Journalof 2006
architecture11 (April, 2006), 269-272.
‘How Henri Lefebvre missed the modernist sensibility of Mies van der Rohe: vitalism at the 2007
intersection of a materialist conception of space and a metaphysical approach to architecture’ / article
by Victoria Watson
in The Journal of Architecture, 12 (1) February 2007 / p.99-111
BARROS, José D'Assunção. Arte Moderna e Arte Japonesa - assimilações da alteridade.Revista do 2007
CEJ, USP, 2007
PEREIRA, Ramon Alonso Pereira. El pabellón Barcelona y la nueva modernidaden la 2007
arquiteturacontemporánea. Universidad de La Coruña: Liño 13. Revista Annual de Historia del
arte.2007 p. 89-103
ARÍS, Chaler Marti. Pabelon Y patio. Elementos de la arquitectura. Derchuitectura, 2008.p. 16-27 2008
MARTINEZ, Ascensión Hernandes. La arquitetura del movimiento moderno: entre la desaparicion y la 2008
recosntruccion. Um impacto cultural de larga proyecion. Apuntes, vol. 2 numero 2, p. 156-179, 2008
MEZZADRI, Humberto. Mies at Weissenhof. Traducao Carlos Eduardo Comas. Arqtextos13, 2008, 2008
p,26-45
SAHANZ& Gevork Hartoonian. Mies The window framed. The Journal of the society ofarchitectural 2008
historians,n,, Australia, 2008. p.26-49,
AMARAL, Izabel. Quase tudo que você queria saber sobre tectônica, mas tinha vergonha de 2009
perguntar. Pós. Rev Programa Pós-Grad Arquit Urban. FAUUSP [online]. 2009, n.26, pp. 148-167.
CONLEY, C 2009, 'MORNING CLEANING: JEFF WALL AND THE LARGE GLASS', Art History, 32, 5, 2009
pp. 996-1015
Macken, M 2009, 'Solidifying the Shadow: Post Factum Documentation and the Design Process', 2009
Architectural Theory Review, 14, 3, pp. 333-343
MILLARES, Juan. La imagen imaginada Notas sobre el cortometraje El pabellón alemán,2010 2010
CURTIS, William J.R. Mies van der Rohe. Architetural Review 230, n° 1378, p.110-111, 2011 2011
MILLARES, Juan. La imagen imaginada : Notas sobre el cortometraje El pabellón alemán 2011
.Madrid: 2011
248
CATEGORIA DATA
SCHNOOR, Christoph. Colin Rowe: Space as well-composed illusion. Journal of art historiography 5, 2011
2011. p1-22
Solomon R. Guggenhein Museum. Chaos & Classicism: art in France, italy and Germany, 1918-1936, 2011
Nova York, 2011
Cramer, Ned. "World's Fairs." Architecture Oct. 1998: 43+. Academic OneFile. Web. 11 Oct. 2012. 2012
Dawson, Layla. "Mies is more." The Architectural Review Oct. 1995: 13. Academic OneFile. Web. 11 2012
Oct. 2012.
Webb, Michael. "Mies classic reborn." The Architectural Review.2012. 2012
Chapter 4: Transparent Beehive, Spiritual Beehive 2002, Beehive Metaphor: From Gaudi to Le
Corbusier pp. 92-115
Gaston, Cristina. MIES: CONCURSOS EN LA FRIEDRICHSTRASSE.Poyeti, progreso, arquitectura,
N,7"arquitectura entre concursos", Universidad de Sevilla, 2012,
OKMAN, Joan. Mies Behind the Myth.architecture 80,01-Culture. P.55-58
RULLI, Daniel F. Less is More: Ludwig Mies van derRohe, glass houses and immigration. National
Archives and Records Administration.p.92-97
249
“building” Hannes Meyer (1928) ANEXO II
Traduzido do alemão por D.Q. Stephenson Discurso de Hannes Meyer em sua
••• posse
all things in this world are a product of the formula: como Diretor da Bauhaus.
(function times economy).
•••
so none of these things are works of art:
all art is composition and hence unsuited to a particular
end.
all life is function and therefore not artistic.
the idea of the ‘composition of a dock’ is hilarious!
but how is a town plan designed? or a plan of a
dwelling? composition or function? art or life?????
building is a biological process. building is not an
aesthetic process.
in its basic design the new dwelling house becomes
not only a ‘machine for living’ [Le Corbusier], but also a biological
apparatus serving the needs of body and mind. — the new
age provides new building materials for the new way of building
houses:
[Meyer lists a number of new materials]
we organize these building materials into a constructive
whole based on economic principles. thus the individual
shape, the body of the structure, the color of the material and
the surface texture evolve by themselves and are determined
by life. (snugness and prestige are not leitmotifs for dwelling
251
ANEXO II
construction.)
(for the first, one looks to the human heart and not the
wall of a room…)
(the second comes from the manner of the host and
not his persian carpet!)
•••
architecture as an ‘embodiment of the artist’s emotions’
has no justification.
architecture as ‘continuing the building tradition’
means being carried on the tide of building history.
•••
thinking of building in functional and biological terms
as giving shape to the living process leads logically to pure
construction: these constructive forms have no native country,
they are the expression of an international trend of architectural
thought. internationality is a virtue of the period. pure construction
[96-97] is the basis and characteristic of the new world of forms.
•••
1. sex life
2. sleeping habits
3. pets
4. gardening
5. personal hygiene
6. protection against weather
7. hygiene in the home
8. car maintenance
252
9. cooking
10. heating
11. insolation
12. service
•••
253
ANEXO II
254
the new house is a social enterprise.
it gets rid of partial unemployment in the building
industry during the off-season, and it does away with the odium
attaching to unemployment relief projects. by putting housework
on a rational basis it saves the housewife from slavery in the
home, and by putting gardening on a rational basis it saves
the householder from the dabbling of the small gardener. it is
primarily a social enterprise because, like ever DIN standard,
it is the standardized industrial product of a nameless group of
inventors.
•••
moreover, as one of the final forms in which the
welfare of the nation is to be realized, the new housing estate is
a purposively organized work which engages the energies of all
and in which co-operative effort and individual effort join forces in
a common cause. this estate is modern not because of flat roofs
or a vertical and horizontal division of its façades but because of
its direct connection with
255
ANEXO III
DISCURSOS DE MIES VAN DER ROHE
EM NEUMEYER (1991)
257
ANEXO III
258
NEUMEYET, 1991, p. 262
Lecture
Given at the “Immermannbund” in Dusseldorf. Unpublished manuscript
of March 14, 1927, in the collection of Dirk Lohan, Chicago.
Even the building arts movement has its test of loyally. It is the struggle
for the flat roof. Here also one accuses the opponents of being reactionary,
the advocates of being under the influence of alien influences. This battle is
conducted with a seriousness as if it concerned the survival of the building art.
In reality it is only a battle for external elements, even though it is conducted
by bearers of resounding names. It has no significance in our struggle for the
basis of a new building art.
That struggle takes place on an altogether different plane and is only
part of the greater struggle for new forms of living, not, as the academicians
believe, the whimsy of a small clique. It is a struggle that concerns changed
living and working conditions, a new technology and new materials. A
changed world wants its own form. Not formal trends but the mastery of real
relations stands in the center of our efforts.
For us, neither the lack of spirituality on the part of the intellectuals
nor the historicizing games of a tired society are meaningful. The desire of
financial and economical leaders to simulate in their workplaces the life forms
of medieval merchant princes does not close our eyes to the fact that it is
their work in particular that has the greatest influence on the transformation
or our life. Nor are we surprised that one still decks out theaters and movie
houses with the trimmings of the period of Pompadour and that nowadays
people still prefer bad imitations of pleasure palaces for their residences.
Everywhere one notes the same striving to legitimize oneself. This behavior
is typical of the beginning phases of great social upheavals. But one should
not justify this rubbish and masquerade by claiming it serves the needs of
the masses.
The masses do not appear to us quite as characterless as the mass-
production clothiers see them. Especially the masses demonstrate clear,
259
ANEXO III
strong impulses for living, and a great urge toward functionality and an
undistorted affirmation of life. The forces residing in them will become
effective and will make themselves heard.
Because the building art is only vital when it is supported by life in
all is fullness, the leaders of the modern movement attempt to recognize
the spiritual and material forces of our period, investigate them and draw,
without prejudice, the consequences. For only where the building art leans
on the material forces of a period can it bring about the spatial execution of
its spiritual decisions. But that is its actual meaning and it has never been
otherwise.
260
He pointed to the three concurrent directions of today’s building art.
On group still believes today that it can solve the tasks of our epoch with the
means of earlier times; their motivation is the fear of the loss of an invaluable
legacy. Mies van der Rohe emphasized that no one is entitled to hold their
work in low esteem even though he may himself believe that the world they
are rooted in is sinking. There are indeed values we must to lose. Another
group stands in the middle, connected to the old, but open-minded toward
the new. But for the third group, the old order has lost all meaning and vitality;
they stand on the side of the new world an are still now engaged in a battle
for the means it takes to express it; they grope, still experimentally, for new
types of form-giving. A juxtaposition that demonstrates the excellent neutral,
supra-personal attitude of Mies van der Rohe, the second chairman of the
Deutsche Werkbund.
The speaker does not ask for an abolition of technology, but for an
expanded, more mature technology and economy, allied and serviceable to
the building art. Only that way can the needs of the masses be adequately
satisfied. This, however, requires that the total endeavor not be subject to
hackneyed solutions but remain nuanced. Without expressing any skepticism,
with joyful optimism, the speaker confessed commitment to the tasks of the
time and faith in the creative forces that will liberate us from illusions and
formulate things according to their innate qualities.
261
ANEXO III
262
The first aim should be to equip the student for practical life. It gives him
the proper knowledge and skills. The second aim addresses the development
of personality. It enables him to make the right use of this knowledge and
skill.
Thus true education is concerned not only with practical goals but also
with values. By our goals we are bound to the specific structure of our epoch.
Our values, on the other hand, are rooted in the spiritual nature of man.
Our practical aims determine the character of our civilization. Our values
determine the height of our culture.
Different as practical aims and values are, arising out of different
planes, they are nevertheless closely connected.
For to what else should our values be related if not to our aims in life?
And where should these goals get their meaning if not through values?
Both realms together are fundamental to human existence. Our aims
assure us of our material life, our values make possible our spiritual existence.
If this is true of all human activity where even the slightest question of
value is involved, then it must be more true in the field of architecture.
263
ANEXO III
264
NEUMEYER, 1991, P.317.
This is no less true of steel and concrete. We expect nothing from
materials in themselves, but only from the right use of them.
Even the new materials give us no superiority. Each material is only
worth what we make of it.
In the same way that we learn about materials, we learn about our
goals.
We want to analyze them clearly. We want to know what they contain
and what distinguishes a building for living in from other kinds of buildings.
We want to know what it can be, what it must be, and what is should
not be.
We want, therefore, to learn its essence.
We shall examine one by one every function of a building, work out its
character, and make it a basis for design.
Just as we acquainted ourselves with materials and just as we must
understand the nature of our goals, we must also learn about the spiritual
position in which we stand.
No cultural activity is possible otherwise; for also in these matters we
must know what is, because we are dependent on the spirit of our time.
Therefore we must come to understand the carrying and driving forces
of our time. We must analyze their structure from the points of view of the
material, the functional, and the spiritual.
We must clear in what respects our epoch is similar to earlier ones and
in what respects it differs.
At this point the problem of technology arises for the students.
We shall attempt to raise genuine questions—questions about the
value and purpose of technology.
We want to show that technology not only promises power and
greatness but also involves dangers; that good and evil apply to it also, and
that man must make the right decision.
Every decision leads to a specific kind of order.
265
ANEXO III
Therefore we want to illuminate the possible orders and lay bare their
principles.
Let us recognize that the mechanistic principle of order overemphasizes
the materialistic and functionalistic factors.
It fails to satisfy our feeling that means must be subsidiary to ends and
our desire for dignity and value.
The idealistic principle of order, however, with its overemphasis on the
ideal and the formal, satisfies neither our interest in truth and simplicity nor
our practical sense.
So we shall emphasize the organic principle of order that makes the
parts meaningful and measurable while determining their relationship to the
whole.
And on this we shall have to make a decision.
The long path from material through purpose to creative work has only
a single goal:
to create order out of godforsaken confusion of our time.
But we want an order that gives to each thing its proper place, and we
want to give each thing what is suitable to its nature.
We would do this so perfectly that the world of our creations will
blossom from within.
More we do not want; more we cannot do.
Nothing can unlock the aim and meaning of our work better than the
profound words of St. Augustine:
“Beauty is the radiance of Truth.”
266
267
Cartas trocadas entre Mies van der Rohe e Oriol ANEXO VI - Cartas trocadas
Bohigas para a reconstrução do pavilhão em 1957. entre Mies van der Rohe e Oriol
Bohigas para a reconstrução do
Cronologia: pavilhão em 1957.
269
ANEXO IV
270
271
ANEXO IV
272
273
ANEXO IV
274
275
ANEXO IV
276
277
ANEXO IV
278
ANEXO V
Catalogo da exposição de 50 anos do Pavilhão de
Barcelona.
279
ANEXO V
280
281
ANEXO VI
Sobre a construção do pavilhão em 1929.
283
ANEXO VI
284
ANEXO VII
Texto Nicolas M. Rubio Tuduri.
285
ANEXO VII
286
ANEXO VIII
Sobre a analise das plantas.
287
ANEXO VIII
288
289
ANEXO VIII
290
291
ANEXO VIII
292
ANEXO IX
Theo Van Doesburg: rumo a uma arquitetura
plástica.
Amorfa. Embora bem definida. Não têm molde, tais como o uso
de ornamentos.
293
ANEXO IX
294
quadrimensional).
295
ANEXO IX
296
Texto de Mies para o catalogo nao publicado para a ANEXO X
exposição de Frank llyode Wright foi publicado na revista
College Art Jouenal, 6, n.1, 1946, p. 41-42. Texto de Mies para o catalogo
de Frank Llyode Wright
O grande movimento europeu de renovação na arte
promovido por William Morris começou a perder sua força de
persuasão no início do nosso século. O excesso de refinamento
foi a marca inconfundível de seu declínio.
A tentativa de renovar a arquitetura pelo pressuposto da
forma estava condenada à falência.
A falta de convicções válidas se tornou clara, e não
se podia preencher essa falta com os máximos esforços
artísticos, porque estes permaneciam na dimensão subjetiva.
Contudo, a arquitetura é fundada no campo da objetividade,
e só encontramos as únicas soluções convincentes daquela
época onde foram aceitos os limites objetivos, que continham
a expressão subjetiva. Assim ocorre no âmbito da arquitetura
industrial. Basta lembrar as criações significativas de Peter
Behrens para a indústria elétrica. Mas em todos os outros âmbitos
do criar arquitetônico, o arquiteto corria o risco de sucumbir ao
poder ilusório do historicismo. Alguns consideravam a retomada
de formas clássicas não apenas razoável, mas até necessária
no campo da arquitetura monumental.
Certamente, nem todos os arquitetos do século 20
compartilhavam dessa opinião, em particular Van de Velde e
Berlage. Ambos permaneceram fiéis aos próprios ideais.
Definidas as convicções necessárias, a integridade
intelectual de Van de Velde e a fé quase religiosa de Berlage
não permitem a separação dos próprios ideais, bem como da
firmeza de caráter.
Por essa razão, ambos ganharam nossa admiração, nosso
297
ANEXO X
298
ANEXO XI
Sobre o mito da parede de onix.
299
ANEXO XI
300
301
ANEXO XII
15 de julho de 1929
302
da exposição aparentemente deverá ser financiada por mim, então ANEXO XII
serei forçado no futuro próximo a cortar a luz e deixar o doutor
Raemisch me processar. A conta de luz até o momento está quase Carta sobre custos
em 7.000,00 Pesetas. Deverá ser calculado com um provável gasto
mensal de mais de 7.000,00 Pesetas, caso não seja suficiente para
mim, causará uma redução nos preços. Como a exposição é esperada
para terá duração até 31 de dezembro, o senhor pode imaginar como
nosso orçamento parece. A propósito eu nunca tive conhecimento
do acordo com a Associação de Tecelões de Seda Alemães, mas
apenas soube que o Senhor Raemisch lhe limitou os fundos para
os gastos. Os termos fixados contratualmente e os compromissos
assumidos eram desconhecidos para mim.
303
ANEXO VII
08 de julho de 1929
304
jardim, mas a direção espanhola para o jardim fez isso por um ANEXO XII
bom preço.
Carta sobre custos
Devido à pressa na construção e não sendo possível a
entrega do ferro da Alemanha, só era possível a solução de
comprar uma parte do ferro em Barcelona, no mercado espanhol.
Naturalmente custou mais caro. Devido à pressão para entregar
a obra, trabalhamos hora extra, especialmente nos últimos 8
dias antes do dia 27 de maio pagando mais aos trabalhadores.
305
ANEXO VIII
Barcelona, 29/12/29
306
ANEXO XIII
Carta enviada pelos representantes da Alemanha perto do
fechamento do pavilhão.
espanhol em questão vive retornando para perguntar se não
estaríamos dispostos a concordar com o aluguel?! Ainda preciso
contar-lhe que recentemente o painel de vidro preto ao lado da
parede de iluminação foi quebrada; Gutte substituiu-a pela que
estava atrás da porta, já que não temos vidros sobressalentes.
De resto, ninguém mais caiu na água; a escultura também
já está há tempo sem iluminação. Os lírios d´água criaram
musgo e morreram. Mesmo assim, tudo em volta ainda está
em flor; o pequeno jardim lá atrás, com cosmos e mimosas, é
excepcionalmente bonito. O tempo ainda está bem quente e
ensolarado por aqui, de modo que muitas vezes comemos na
Feira, ao ar livre.
Gabriele Steeger.
307