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CERCEAMENTO DE DEFESA PELO INDEFERIMENTO DE PROVAS

A produção de provas visa à formação do convencimento do juiz, a quem cabe


determinar, de ofício ou a requerimento da parte, a produção das que são necessárias à
instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias (art.
370 do Código de Processo Civil).

Não é por outra razão que o art. 355, inciso I, do mesmo diploma processual, prescreve
que o juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença, quando a questão de
mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato, for dispensável dilação
probatória.

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO


DE COBRANÇA. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC/73.
INEXISTÊNCIA. AGRAVO NÃO PROVIDO. INVERSÃO DO ÔNUS
DA PROVA. MATÉRIA DE PROVA. REEXAME. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA 7/STJ. VIOLAÇÃO AO ART. 398 DO CPC. JUNTADA DE
DOCUMENTO APÓS A CONTESTAÇÃO. OBSERVADO O
CONTRADITÓRIO. POSSIBILIDADE. JURISPRUDÊNCIA.
JULGAMENTO ANTECIPADO. CERCEAMENTO DE DEFESA.
INEXISTÊNCIA. 1. Não se constata violação ao art. 535 do CPC/73
quando a col. Corte de origem dirime, fundamentadamente, todas as
questões suscitadas. Havendo manifestação expressa acerca dos temas
necessários à integral solução da lide, ainda que em sentido contrário
à pretensão da parte, fica afastada qualquer omissão, contradição ou
obscuridade no julgado. 2. Nos termos da jurisprudência do col. STJ,
a inversão do ônus da prova, prevista no art. 6º, VIII, do Código de
Defesa do Consumidor, fica a critério do juiz, conforme apreciação
dos aspectos de verossimilhança das alegações do consumidor ou de
sua hipossuficiência. 3. Na hipótese em exame, a eg. Corte de origem
entendeu não ser o caso de inversão do ônus probatório, porquanto,
após sopesar o acervo fático-probatório reunido nos autos, concluiu
pela ausência de verossimilhança das alegações, consubstanciada no
fato de que todos os elementos de prova adequados ao correto
julgamento da lide já estariam presentes no processo. Desse modo, o
reexame de tais elementos, formadores da convicção do d. Juízo da
causa, não é possível na via estreita do recurso especial, por exigir a
análise do conjunto fático-probatório dos autos. Incidência da Súmula
7/STJ. 4. A jurisprudência do STJ é no sentido de que a nulidade por
inobservância do art. 398 do CPC/73 deve ser proclamada nos casos
em que os documentos juntados pela parte adversa tenham sido
relevantes e não submetidos ao contraditório, de modo a causar-lhe
prejuízo, situação que não ocorreu na espécie. Precedentes. 5. O
Superior Tribunal de Justiça entende que não configura cerceamento
de defesa o julgamento antecipado da lide quando o Tribunal de
origem entender substancialmente instruído o feito, declarando a
prescindibilidade de produção de prova pericial, por se tratar de
matéria eminentemente de direito ou de fato já provado
documentalmente, como na hipótese dos autos. 6. Agravo interno a
que se nega provimento. (STJ, 4ª Turma, AgInt no AREsp
1.096.542/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, julgado em 12/09/2017,
DJe 02/10/2017 - grifei)

ADMINISTRATIVO. CONTRATOS BANCÁRIOS. SFH. MÚTUO


HABITACIONAL. REVISIONAL. APLICABILIDADE DO CDC.
INDEFERIMENTO DE PROVA PERICIAL. CAPITALIZAÇÃO
MENSAL DE JUROS. SAC. VENDA CASADA DE SEGURO. NÃO
CONFIGURADA.  1. Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor às
instituições financeiras (Súmula 297 do STJ) e às pessoas jurídicas
que se enquadram no conceito de consumidor descrito no art. 2º da
Lei n.º 8.078/90, - que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final. 2. É entendimento deste Tribunal que o julgamento
antecipado da lide não configura cerceamento de defesa, eis que
desnecessária a realização de prova documental e/ou pericial quando
os documentos anexados aos autos são suficientes para o deslinde da
questão, como no caso dos autos. 3. O sistema SAC de amortização
não contém capitalização de juros (anatocismo). 4. O saldo devedor
de mútuo habitacional firmado na órbita do Sistema Financeiro da
Habitação - SFH deve seguir o critério de reajuste contratualmente
fixado, não havendo falar na extensão da aplicabilidade da cláusula
do plano de equivalência salarial - PES, adequada unicamente para a
atualização monetária dos encargos mensais, quando para tanto
prevista na avença, na linha dos precedentes do egrégio STJ. 5. A
orientação do Superior Tribunal de Justiça, firmada no âmbito da 2ª
Seção daquele Sodalício em sede de recurso repetitivo (REsp
969129/MG), aponta no sentido da proibição de "venda casada"
do seguro habitacional, vedada pelo art. 39, inciso I, do Código de
Defesa do Consumidor. No caso dos autos, no entanto, não restou
configurada a venda casada, tendo em conta as disposições
contratuais a respeito. (TRF4, 3ª Turma, AC 5002348-
14.2016.4.04.7204, Relatora VÂNIA HACK DE ALMEIDA, juntado
aos autos em 25/10/2017 - grifei)

Partilho do entendimento de que os documentos acostados aos autos são suficientes


para a solução da lide, o que resulta na dispensa da produção de prova testemunhal para
a exame da matéria ora discutida. 

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