Você está na página 1de 107

Encanador

Este material não tem a pretensão de esgotar


conhecimentos sobre o assunto, mas tem, sim, a
intenção de servir como um ponto de partida
para abrir novos horizontes àqueles a quem a
vida tem insistentemente negado melhores
oportunidades.

Numa linguagem acessível e com metodologia


adequada a jovens e adultos, o material tem por
objetivo proporcionar aos alunos condições de
melhoria de inserção ou reinserção no mercado
de trabalho, oferecendo-lhes meios de geração
de renda e de sustento seu e de sua família e, num
espectro mais amplo, uma pequena contribuição
na busca da redução das desigualdades sociais.

Autoria (resp. pela compilação):


Prof. José Marcelino

Coordenação Técnica:
Profª Clara Maria de Souza Magalhães

Centro Paula Souza

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 1


Sumário
1. A Importância da água no mundo ......................................................................8

1.1 Distribuição da água no mundo .......................................................................8

1.2 Captação e Tratamento da Água ...................................................................10

1.3 O processo de tratamento da água ...............................................................10

1.3.1 Coagulação .............................................................................................11

1.3.2 Decantação .............................................................................................11

1.3.3 Filtração ..................................................................................................11

1.3.4 Desinfecção ............................................................................................11

2. Instalações Prediais de Água Fria ....................................................................12

2.1 Hidrômetro .....................................................................................................12

2.2 Ramal predial.................................................................................................13

2.3 Ramal predial de distribuição .........................................................................13

2.4 Barriletes........................................................................................................13

2.5 Colunas de distribuição..................................................................................13

2.6 Ramais...........................................................................................................13

2.7 Sub-ramais ....................................................................................................13

2.8 Dispositivos de controle .................................................................................13

2.9 Dispositivos ou peças de utilização ...............................................................13

2.10 Dispositivos de controle ...............................................................................13

3. Alimentação da rede predial de distribuição.....................................................14

3.1 Sistema de distribuição direta ........................................................................14

3.2 Sistema de distribuição indireta sem bombeamento (por gravidade) ............14

3.3 Sistema de distribuição indireta (com bombeamento) ...................................14

3.4 Sistema de distribuição misto ........................................................................14

4. Reservatórios (Caixas d’água) .........................................................................14


Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 2
4.1 Detalhes de funcionamento de uma caixa de água .......................................15

4.2 Instalações dos reservatórios ........................................................................15

4.3 Tubo extravasor (Ladrão) ..............................................................................15

4.4 Tubo de limpeza e lavagem ...........................................................................15

4.5 Coluna de ventilação .....................................................................................16

4.6 Dimensionamento dos reservatórios .............................................................16

4.7 Esquema básico de Instalação Predial de Água Fria ....................................17

5. Materiais e Componentes para a Instalação de Água Fria...............................18

5.1 Tipos de Registros .........................................................................................18

5.2 Tubos e Conexões .........................................................................................18

5.2.1 Tubos de PVC .........................................................................................18

5.2.2 Tubos Metálicos ......................................................................................19

5.3 Características dos Tubos e Conexões de PVC ............................................19

5.3.1 Linha Soldável (cor marrom) ...................................................................19

5.3.2 Linha Roscável (cor branca) ...................................................................19

5.3.3 Conexões Azuis e com Buchas de Latão ................................................19

5.3.4 Recomendações gerais sobre as linhas: soldável e roscável .................20

5.4 Tubulações enterradas ..................................................................................20

5.5 Tubulações percorrendo grandes distâncias .................................................20

5.6 Liras (junta de expansão) ..............................................................................20

5.7 Transposição de elementos da obra (portas e janelas) .................................20

5.8 Execução de juntas e soldas em tubos de PVC ............................................20

5.9 Execução de uma junta roscável: ..................................................................22

5.10 Força, Pressão e Perda de Carga ...............................................................23

5.10.1 Força .....................................................................................................23

5.10.2 Pressão .................................................................................................23

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 3


5.10.3 Pressão Hidráulica ................................................................................24

5.10.4 Tipos de Pressão ..................................................................................26

5.10.5 Perda de Carga .....................................................................................27

5.11 Velocidade Máxima da Água .......................................................................27

5.12 Golpe de Aríete ............................................................................................28

5.13 Dimensionamento Básico ............................................................................28

5.14 Ábaco...........................................................................................................29

5.15 Régua ..........................................................................................................29

5.16 Pontos de utilização de água (Alturas e distâncias) ....................................30

5.17 Simbologia ...................................................................................................31

5.17 Modelo de Instalação Banheiro ...................................................................32

5.18 Modelo de Instalação de Lavatório ..............................................................33

5.19 Modelo de Instalaçao de Chuveiro ..............................................................34

5.20 Modelo de Instalação de Caixa de Descarga ..............................................35

5.21 Modelo de Instalação de Bidê ......................................................................36

5.22 Modelo de Instalação de Pia de Cozinha.....................................................37

5.23 Modelo de Instalação de Tanque de Lavar Roupas ....................................38

5.24 Modelo de Instalação de Pia de Cozinha com Caixa Sifonada....................39

6. Instalação Predial de Água Quente ..................................................................40

6.1 Componentes do Sistema de Água Quente ...................................................40

6.1.1 Tubulação de água quente ......................................................................40

6.1.2 Aquecedores ...........................................................................................40

7. Instalação Domiciliar de Esgoto .......................................................................42

7.1 Conceitos .......................................................................................................42

7.1.1 Materiais de Maior Utilização e seus Tipos de Junta ..............................42

7.1.2 Principais Acessórios ..............................................................................48

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 4


7.2 Fossas Sépticas ............................................................................................50

7.2.1 Fossas sépticas pré-moldados ................................................................51

7.2.2 Fossas Sépticas feitas no local ...............................................................51

7.3 Ligação da rede de esgoto à fossa ................................................................53

7.4 Distribuição dos efluentes no solo .................................................................54

7.4.1 Valas de infiltração ..................................................................................54

7.4.2 Sumidouros .............................................................................................54

8. Sistema Predial de Águas Pluviais e Drenagens .............................................57

8.1 O Ciclo da Água .............................................................................................57

8.1 Evaporação....................................................................................................58

8.2 Chuva ou Precipitação ...................................................................................58

8.3 Reinício do Ciclo ............................................................................................58

8.4 Água Subterrânea ..........................................................................................59

8.5 Águas Pluviais ...............................................................................................59

8.6 Telhado ..........................................................................................................59

8.6.1 Partes (ou elementos de um telhado) .....................................................60

9. Componentes do Sistema de Coleta de Águas Pluviais ..................................63

9.1 Calhas de beiral .............................................................................................63

9.2 Condutor vertical ............................................................................................63

9.3 Caixa de areia ................................................................................................63

9.4 Tubos para drenagem:...................................................................................64

9.6 Caixa de passagem: ......................................................................................64

9.6 Válvula de retenção: ......................................................................................64

10. Drenagem ......................................................................................................64

10.1 Aplicações da drenagem .............................................................................65

10.1.1 Construção Civil: ...................................................................................65

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 5


10.1.2 Gramados e campos esportivos ............................................................66

10.1.3 Agricultura .............................................................................................66

10.1.4 Outras aplicações..................................................................................66

11. Fenômenos que ocorrem em tubos verticais de águas pluviais ....................67

11.1 Dimensionamento do Sistema de Águas Pluviais ........................................67

11.2 Norma Técnica de Projeto ...........................................................................68

11.3 Dimensionamento das Calhas de Telhado ..................................................68

11.4 Cálculo da vazão de contribuição do telhado ..............................................69

11.5 Cálculo do número de condutores ...............................................................70

11.6 Dimensionamento de Calhas de Piso ..........................................................71

12. Instalações Elétricas......................................................................................76

12.1 Introdução ....................................................................................................76

12.2 Valores de Tensão .......................................................................................76

12.3 Tipo de Fornecimento de Energia Elétrica ...................................................76

12.3.1 Monofásico ............................................................................................76

12.3.2 Bifásico..................................................................................................77

12.3.3 Trifásico .................................................................................................77

12.4 Padrão de Entrada .......................................................................................78

12.5 Componentes típicos de entrada de energia ...............................................79

12.6 Esquema de aterramento ............................................................................80

12.6.1 Esquema TN-C......................................................................................80

12.6.2 Esquema TN-C-S ..................................................................................81

12.6.3 Esquema TT ..........................................................................................82

12.6.4 Tensão, corrente elétrica e resistência ..................................................82

12.6.5 Potência Elétrica ...................................................................................83

12.6.6 Previsão de Carga.................................................................................85

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 6


12.7 Dimensionamento dos condutores ..............................................................99

12.7.1 Características e condições de temperatura dos condutores ..............100

12.7.2 Condutores de neutro e de proteção ...................................................104

12.7.3 Coloração dos condutores ..................................................................105

12.7.4 Dimensionamento dos eletrodutos ......................................................105

13. Referências Bibliográficas ...........................................................................106

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 7


1. A Importância da água no mundo

1.1 Distribuição da água no mundo

Assim se distribui a água no mundo:


97% de água salgada (mares e oceanos)
3% de água doce, sendo que apenas 0,01% disponível para consumo e o restante
da água doce forma galerias em montanhas.

Fig. 1 - Distribuição das águas no planeta – www.wikipedia.org

A água é um recurso natural indispensável para a sobrevivência de todas as


espécies que habitam a Terra. No organismo humano a água atua, entre outras
funções, como veículo para a troca de substâncias e para a manutenção da
temperatura, representando cerca de 70% de sua massa corporal. Ela obedece a
um ciclo e sempre retorna ao consumo, sem, contudo, ter seu volume aumentado.
Dessa forma, com o previsto aumento da população, haverá cada vez menor
quantidade de água disponível por pessoa.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 8


Fig. 2 - O ciclo da água - Fonte: Ministério do Meio Ambiente

Sabemos também que as Bacias Hidrográficas estão distribuídas de modo


disforme em relação a aglomerações urbanas. Um exemplo disso é o Estado do
Amazonas.

“O Amazonas é o estado menos habitado do Brasil, no entanto possui a


maior Bacia Hidrográfica do Planeta, enquanto em outros lugares existe uma
população muito grande e pouca quantidade de água.”

Neste século estima-se que novos conflitos poderão ser causados pela
disputa da posse da água.

Em nossas cidades, a água é armazenada em reservatórios (represas, lagos


etc. e, depois de tratamento, volta a tornar-se apropriada para o consumo. Porém,
conforme o tipo de poluição decorrente dos despejos industriais, torna-se inviável o
tratamento de purificação, necessitando recorrer a outros meios para conseguir água
potável (poços artesianos, coletas de rios e represas distantes), ou seja, sistemas
que encarecem o custo do abastecimento.

Para garantir o abastecimento, é necessário o uso racional da água.

Aos poucos, as empresas têm pensado em equipamentos que economizem


água. Um exemplo disso são as “torneiras com temporizador ou sensor
eletrônico, bacias com caixas acopladas que consomem apenas 6 (seis) litros
por descarga e sistemas industriais e domésticos que reciclam a água para
reuso.”

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 9


1.2 Captação e tratamento da água

As águas armazenadas em lagos e represas passam por uma série de etapas


de tratamento com o objetivo de purificá-las para consumo.

Existem também outras formas de captação de águas como, por exemplo,


poços artesianos e fontes. Essas águas subterrâneas, normalmente por não
estarem poluídas em seu estado natural, dispensam maiores tratamentos.

As águas retiradas da superfície são tratadas nas ETA´s (Estações de


Tratamento de Águas).

Fig. 3 - Captação e Tratamento das águas – Fonte: Ministério do Meio Ambiente

1.3 O processo de tratamento da água

O processo de tratamento da água se faz em quatro etapas:

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 10


1.3.1 Coagulação

A água é colocada em um tanque e a ela é adicionado um produto químico chamado


sulfato de alumínio que tem a função de aglutinar as impurezas em forma de flocos.

1.3.2 Decantação

Os flocos, nessa fase, depositam- se no fundo do tanque deixando a água mais clara.

1.3.3 Filtração

A água passa por um filtro que retém os flocos que não decantaram, bem como as
bactérias e demais impurezas.

1.3.4 Desinfecção

Nessa fase é feita a adição do cloro que elimina as bactérias que ainda restaram. E
ainda são adicionados sal de flúor para prevenir a cárie infantil e a cal hidratada para
corrigir a acidez da água.

Após a 04 (quatro) fases, a água tratada é bombeada por meio de uma tubulação
denominada Adutora de Água Tratada e é conduzida a um grande reservatório que
abastecerá uma determinada região da cidade.

A partir do reservatório haverá uma tubulação denominada Rede de Distribuição,


que passará por todas as ruas da cidade e abastecerá todos as casas e os edifícios.

Fig. 4 – Etapas de tratamento da água - Fonte: Ministério do Meio Ambiente

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 11


2. Instalações Prediais de Água Fria

As instalações prediais de água fria devem seguir a NBR 5626.

Uma instalação predial de água fria é o conjunto de tubulações,


equipamentos, reservatórios e dispositivos existentes a partir do ramal predial,
destinado ao abastecimento dos pontos de utilização de água do prédio ou casa,
em quantidades suficientes para a manutenção da qualidade da água fornecida
pelo sistema de abastecimento.

Fig. 5– Instalação Predial de Água Fria

Compõem esse conjunto os seguintes equipamentos:

2.1 Hidrômetro

Aparelho medidor da quantidade de água utilizada pelo consumidor.

Fig. 6 - Hidrômetro

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 12


2.2 Ramal predial

Tubulação compreendida entre a rede pública de abastecimento de água e a


extremidade do alimentador predial de distribuição. O ponto onde termina o ramal
predial deve ser definido pela concessionária.

2.3 Ramal predial de distribuição

Conjunto de tubulações constituído de barriletes, colunas de distribuição,


ramais e sub-ramais, ou de alguns destes elementos, destinados a levar água aos
pontos de utilização.

2.4 Barriletes

Conjunto de tubulações alimentadas diretamente pelo reservatório superior


(caixa d´água) e que alimentará as colunas de distribuição.

2.5 Colunas de distribuição

Conjunto de tubulações verticais alimentadas pelo barriletes que distribuirão


a água até os ramais e sub-ramais.

2.6 Ramais

Ramificação das colunas de distribuição que alimentará os sub-ramais.

2.7 Sub-ramais

Ramificação dos ramais que alimentarão os pontos de utilização sub-ramais.

2.8 Dispositivos de controle

Componentes como registros e válvulas que controlam a vazão e ou a


passagem de água. São instalados nas colunas de distribuição, ramais e sub-ramais.

2.9 Dispositivos ou peças de utilização

São os registros e torneiras de banheiros, cozinhas, áreas de serviço e outros


ambientes semelhantes, que nos permitem utilizar a água. São conectados aos sub-
ramais.

2.10 Dispositivos de controle

Componentes como registros e válvulas que controlam a vazão e / ou a


passagem da água. São instalados nas colunas de distribuição, ramais e sub-ramais.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 13


3. Alimentação da rede predial de distribuição

3.1 Sistema de distribuição direta

A distribuição é feita diretamente da rede pública (sem reservatório). É um


sistema de baixo custo, porém, se houver interrupção no fornecimento de água no
sistema público, a edificação ficará sem água.

3.2 Sistema de distribuição indireta sem bombeamento (por gravidade)

É o reservatório superior que faz a alimentação dos diversos pontos por


gravidade, ele deve, portanto, estar sempre a uma altura superior a qualquer ponto
de consumo.

3.3 Sistema de distribuição indireta (com bombeamento)

A alimentação da rede de distribuição de água é feita a partir do reservatório


superior, o qual é alimentado por bombeamento da água que fica armazenada num
reservatório inferior. Chamamos Estação Elevatória ao conjunto composto por 02
(duas) bombas, sendo uma reserva. Esse sistema, normalmente, é utilizado quando
a pressão da rede pública não é suficiente para alimentar diretamente o reservatório
superior – como, por exemplo, no caso de edificações com mais de três pavimentos
(acima de 9 m de altura).

3.4 Sistema de distribuição misto

A alimentação da rede de distribuição é feita com uma parte dos pontos de


água alimentados diretamente pela rede pública e outra, através de reservatório (em
alguns lugares este sistema não é permitido).

4. Reservatórios (Caixas d’água)

Fig. 7 - Caixa d'água - Fonte: http://www.blucher.com.br/

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 14


4.1 Detalhes de funcionamento de uma caixa de água

Os reservatórios individuais (caixas d’água) podem ser inferiores (geralmente


enterrados) ou superiores (instalados sobre lajes ou forros). Atualmente no mercado
existem de diversos tipos, formatos e capacidades.

Devem possuir tampas para evitar entrada de sujeira, insetos, animais, ter
paredes lisas e sem cantos vivos para facilitar a limpeza e impedir a formação de
limo e algas.

Quanto ao material de que são feitos podem ser de fibrocimento, fibra de vidro,
polietileno, inox etc. ou então construídas em concreto ou chapas metálicas.

Nos últimos anos as caixas de fibra de vidro e polietileno vêm ganhando


preferência devido à facilidade de limpeza e baixo peso. As caixas de fibrocimento
possuem maior peso e acumulam sujeira com maior facilidade por ser um material
poroso e sua comercialização está proibida, em razão de ser um material
cancerígeno.

4.2 Instalações dos reservatórios

As caixas d´água em geral devem ser assentadas sobre superfície plana ou


sobre vigas paralelas e bem niveladas (no caso de caixas de fibrocimento).

As furações devem ser feitas com cuidado para não danificar a caixa. O furo
de saída de água não deve ser feito no fundo da caixa, isto evita que a sujeira
depositada no fundo entre no barrilete.

Em todos os tipos de caixas, a tampa deve ser presa a fim de evitar o seu
possível deslocamento. Devem também ser instaladas em local de fácil acesso para
manutenção e limpeza.

4.3 Tubo extravasor (Ladrão)

É a tubulação que delimita o limite máximo de água na caixa. No caso de


problemas em que a torneira boia não funcione, a água excedente sairá pelo tubo
extravasor, evitando que a caixa transborde. Deve ser posicionado de modo que, no
caso de excesso de água, o transbordamento do reservatório seja imediatamente
percebido.

O extravasor não poderá despejar água em galeria de águas pluviais, esgoto,


e, sim, livremente no terreno ou na sarjeta. É obrigatório que o extravasor seja dotado
de válvula de retenção para impedir a circulação de água de fora para dentro do
reservatório.

4.4 Tubo de limpeza e lavagem

É a tubulação destinada a captar as águas provenientes da lavagem do


reservatório, evitando que sejam lançadas no barrilete.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 15


4.5 Coluna de ventilação

Caso não haja ventilação da rede predial de distribuição, podem ocorrer duas
situações:

a) A primeira seria a possibilidade de contaminação da instalação devido ao


fenômeno chamado retrossifonagem (pressões negativas na rede, que
causam a entrada de germes por aspiração por meio do sub-ramal do vaso
sanitário, bidê ou banheira).

b) A outra é que, nas tubulações, sempre ocorrem bolhas de ar, que


normalmente acompanham o fluxo de água, causando a diminuição das
vazões das tubulações. Se existir o tubo ventilador, essas bolhas serão
expulsas, melhorando o desempenho final das peças de utilização. Também,
em caso de esvaziamento da rede por falta de água, pode ocorrer o acúmulo
de ar e, quando ela volta a encher e o ar fica preso dificultando a passagem
da água.

A ventilação deverá:

 Ser ligada à coluna após o registro de passagem existente;


 Ter sua extremidade superior livre, acima do nível máximo da água do
reservatório;
 Ter diâmetro igual ou superior ao da coluna;
 Ser protegida contra entrada de insetos e sujeiras. Normalmente sua
extremidade fica posicionada dentro do reservatório, entre o nível máximo
da água e a tampa.

4.6 Dimensionamento dos reservatórios

Conforme a NBR 5626, calculamos os reservatórios para suprir a necessidade


de consumo de água para 2 (dois) dias, levando em consideração a probabilidade
de falta de água por eventuais interrupções do abastecimento da rede pública.

No caso de se optar por adotar dois reservatórios (um superior e outro inferior)
podemos dividir sua capacidade da seguinte forma:

 Reservatório inferior: 3/5 (60%) do total de água.


 Reservatório superior: 1/5 (40%) do total de água.

No caso de edifícios, deve-se aumentar cerca de 15 a 20% desse total para


reserva de incêndio. A quantidade exata a ser destinada para reserva de incêndio
deve ser especificada no projeto de proteção e combate a incêndios, conforme
Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros.

Devemos verificar a finalidade da edificação para, então, podermos definir o


consumo per capita.

Alguns exemplos:

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 16


Tipo de edificação Consumo médio (litros/dia)
Residências 150 por pessoa
Apartamentos 200 por pessoa
Edifícios públicos ou comerciais 50 por pessoa
Cinemas e teatros, templos. 02 por lugar
Mercados 05 por m2 de área
Restaurantes e similares 25 por refeição
Ambulatórios 25 por pessoa
Escolas (externatos), creches 50 por pessoa

No caso de residências e apartamentos, para calcularmos o número de


pessoas consideramos a seguinte situação:

 2 (duas) pessoas para cada dormitório social;


 1 (uma) para cada dormitório de serviço.

Edifícios com reserva de incêndio = consumo + 1 dia + % de reserva

4.7 Esquema básico de Instalação Predial de Água Fria

Fig. 8 - Esquema básico de Instalação Predial de Água Fria -

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 17


5. Materiais e Componentes para a Instalação de Água Fria

5.1 Tipos de Registros

 Registro de gaveta – utilizado em barrilete e colunas de água, para


fechamento de passagem de água.

 Registro de pressão – utilizado em chuveiros, misturadores, bidê e demais


aparelhos de uso constante e diário.

 Registro de esfera – possui fechamento instantâneo por meio de alavanca.

5.2 Tubos e Conexões

Para instalação de água fria, podemos utilizar tubos de PVC rígido ou tubos
metálicos: tubos de aço-carbono galvanizado (zincado por imersão a quente), tubos
de cobre ou tubos de ferro fundido galvanizado. Os tubos de chumbo não devem
ser utilizados nas instalações prediais de água fria.

Em catálogos técnicos de tubos e conexões, é comum a utilização das siglas


DN, DI e DE

 DN (diâmetro nominal) – é apenas um diâmetro de referência dos tubos e


conexões. Não representa o diâmetro exato da peça.
 DI (diâmetro interno) – representa o diâmetro interno dos tubos e conexões.

 DE (diâmetro externo) – representa o diâmetro externo exato da peça.

5.2.1 Tubos de PVC

Apresentam as seguintes vantagens e desvantagens quando


comparado com os tubos metálicos:

Vantagens:

 Material leve e de fácil manuseio;


 Perda de carga menor devido à superfície interna ser lisa;
 Resistência à corrosão;
 Baixa transmissão de ruídos ao longo dos tubos;
 Durabilidade ilimitada;
 Baixo custo.

Desvantagens:

 Baixa resistência ao calor;


 Degradação por exposição prolongada aos raios ultravioletas;
 Produção de fumaça e gases tóxicos quando em combustão;
 Somente pode ser utilizado após 12 horas da execução da junta soldável.
Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 18
5.2.2 Tubos Metálicos

Apresentam as seguintes vantagens e desvantagens se comparados com os


tubos de plásticos. São utilizados para tubulação de sistemas de combate a incêndio.

Vantagens:

 Maior resistência mecânica;


 Menor deformação;
 Não entram em combustão nas temperaturas usuais de incêndio nas
edificações;
 Maior resistência às pressões.

Desvantagens:

 Suscetível à corrosão;
 Maior dificuldade nas montagens dos tubos e conexões, exigindo
ferramentas e mão de obra apropriadas;
 Possibilidade de alteração das características físico-químicas da água
através da corrosão e de outros resíduos;
 Transmissão de ruídos ao longo dos tubos;
 Maior perda de pressão devido à maior rugosidade das paredes dos tubos.

5.3 Características dos Tubos e Conexões de PVC

Entre os tipos de tubos de PVC temos dois tipos:

5.3.1 Linha Soldável (cor marrom)

São de fácil instalação já que dispensam equipamentos ou ferramentas mais


sofisticadas e isso se traduz numa maior economia de mão-de-obra e do preço do
metro instalado. São produzidos na cor marrom, com exceção das conexões com
buchas de latão que são produzidas na cor Azul.

5.3.2 Linha Roscável (cor branca)

São fabricados na cor branca e com rosca nas duas extremidades dos tubos.
Possuem as paredes com espessura maior que os tubos da linha soldável por isso
oferece maior resistência contra choque e impacto, além de facilitar a desmontagem
e remanejamento nos casos de instalações provisórias.

5.3.3 Conexões Azuis e com Buchas de Latão

Possuem uma bolsa contendo uma bucha de latão com rosca interna e as
demais bolsas soldáveis ou roscadas conforme o tipo de tubulação.

São utilizadas para acoplamentos de tubulações de PVC com peças metálicas


(registros, torneiras, válvulas, engates etc.) as quais estão sujeitas a esforço externo
(choques, batidas, golpes etc.).

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 19


5.3.4 Recomendações gerais sobre as linhas: soldável e roscável

Água fria: os tubos soldáveis e roscáveis são feitos para suportar temperaturas de
até 20° C (temperatura ambiente). Deve-se proteger a tubulação do sol direto e de
locais quentes e evitar sua proximidade com tubulações de água quente.

Congelamento: em lugares frios, deve-se evitar que a tubulação fique exposta ao


congelamento, pois, ao congelar-se, a água aumenta seu volume e rompe a
tubulação.

5.4 Tubulações enterradas

Tubulações enterradas devem ser assentadas em terreno resistente, livre de


detritos e materiais pontiagudos. Em valas, a regularização pode ser feita com areia
em camadas de 10 a 15 cm até atingir a altura superior do tubo. Acima da parte
superior do tubo também deve ser colocada uma camada de areia, para, só então,
completar-se o restante com terra.

5.5 Tubulações percorrendo grandes distâncias

Quando um material se aquece há a dilatação e aumento de tamanho e


quando se resfria há a retração e diminuição de tamanho. Sendo assim, toda vez
que formos instalar uma tubulação de grande comprimento, é necessário deixarmos
uma certa folga, a fim de evitar que a retração cause o rompimento, ou então
executar o que chamamos de Lira.

5.6 Liras (junta de expansão)

As “Liras” são desvios na tubulação feitos com as curvas a 90° e funcionam


como “molas” para garantir a boa expansão e contração das tubulações. Existem 2
(dois) modelos bastante usuais: o modelo “U” e o modelo “S”.

As liras deverão ser instaladas sempre em plano horizontal para se evitar a


formação dos sifões. É também indicado utilizar curvas ao invés de joelhos, a fim de
evitar a perda de carga do fluxo de água.

5.7 Transposição de elementos da obra (portas e janelas)

Em algumas situações o traçado da tubulação precisará desviar de portas e


janelas. Esses desvios não poderão ter formato de sifão, pois este formato causa a
incidência de ar na tubulação prejudicando o desempenho da instalação em caso de
falta de abastecimento de água.

5.8 Execução de juntas e soldas em tubos de PVC

Execução de uma junta soldável:

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 20


Fig. 9 – Conexões soldáveis – Fonte: www.tigre.com.br

O adesivo para o tubo de PVC rígido é basicamente um solvente com pequena


porcentagem de resina de PVC. Quando aplicado nas superfícies a serem soldadas,
inicia-se um processo de dissolução das primeiras camadas.

Quando procedemos ao encaixe, as duas superfícies se comprimem,


ocorrendo uma fusão entre elas, efetuando-se assim a soldagem. O solvente
evapora, estabelecendo-se, então, uma massa comum na região da solda.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 21


Sequência de montagem:

1. Verificar se os tubos e bolsas dos tubos e conexões estão limpas;


2. Com uma lixa, tirar o brilho das superfícies a serem soldadas;
3. Limpar a superfície lixada com Solução Limpadora, removendo resíduos e
gordura das mãos.
4. Aplicar o adesivo uniformemente nas superfícies a serem soldadas, retirando
o excesso;
5. Encaixar as extremidades de modo que fiquem bem justas e retirar o excesso
de adesivo.
6. Aguardar no mínimo 12 horas para, então, permitir a entrada de água na
tubulação.

*Toda vez que se cortar um tubo, deve-se executar o corte no esquadro e


fazer a retirada das rebarbas.

5.9 Execução de uma junta roscável:

Fig. 10 – Tubo e conexões roscáveis – Fonte: www.tigre.com.br

Sequência de montagem:

1. Colocar o tubo na morsa não exagerando no aperto para evitar a ovalização,


pois isto resulta em rosca imperfeita;
2. Cortar o tubo no esquadro para evitar que a rosca se desenvolva torta e
remover as rebarbas.
3. Para abertura da rosca, utilizar tarraxa;
4. Verificar se o cossinete está bem limpo. Colocar a tarraxa no tubo pelo lado
do guia, fazendo uma ligeira pressão com uma das mãos e, com a outra, girar
Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 22
a ferramenta no sentido horário dos ponteiros do relógio. Iniciar o corte dando
meia volta para a frente e retornando ¼ de volta, até que a ponta do tubo fique
rente ao cossinete;
5. A vedação da rosca deverá ser feita com fita veda-rosca, aplicada sobre os
filetes em favor da rosca (sentido horário), de tal modo que cada volta
trespasse a outra ½ cm, num total de 3 a 4 voltas.

Fig. 11 - Cossinete e Porta-cossinete – Fonte: www.casadomatrizeiro.com.br

Fig. 12 – Fita Veda-rosca – Fonte: www.tigre.com.br

5.10 Força, Pressão e Perda de Carga

5.10.1 Força

Costuma-se confundir peso e pressão, embora sejam coisas diferentes.


Quando precisamos levantar um peso ou empurrar algo, estamos realizando um
esforço ao qual chamamos de Força.

Esta força poderá ser maior ou menor, dependendo do tamanho do esforço


que tenhamos que fazer como, por exemplo, para empurrar um carro ou uma
motocicleta. Dessa forma, entendemos que as forças, dependendo de cada caso,
variam de intensidade, isto é, podem ser pequenas ou grandes.

À unidade de medida de uma força, denominamos quilograma-força ou kgf.

5.10.2 Pressão

O efeito que uma força produz depende sempre da superfície de contato sobre
a qual ela é aplicada. A este efeito denominamos Pressão.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 23


O tubo de PVC rígido é basicamente um solvente com pequena porcentagem
de resina de PVC.

O adesivo para o tubo de PVC rígido é basicamente um solvente com


pequena porcentagem de resina de PVC.

5.10.3 Pressão Hidráulica

A água contida em um tubo contém peso que, por sua vez, exerce uma
determinada pressão na parede do tubo.

Observando os tubos 1 e 2, nos perguntamos:

- Em qual dos dois tubos é exercida maior pressão sobre o fundo dos mesmos?

1 2

Certamente diríamos que no tubo 1 a água exerce maior pressão sobre o


fundo. Porém, se interligarmos os 02 (dois) tubos, veremos que os níveis
permanecem iguais. Isto significa que, se as pressões dos tubos fossem diferentes,
a água contida no tubo 1 empurraria a do tubo 2 para fora.

1 2

Sendo assim, concluímos que as pressões são iguais. A isso chamamos de


“Princípios do Vasos Comunicantes.”

Se adicionarmos água em qualquer um dos tubos, o nível da água irá igualar-


se.

A pressão que a água exerce sobre uma superfície qualquer (no nosso caso,
o fundo e as paredes dos tubos) só depende da altura do nível da água até essa
superfície. É o mesmo que dizer: a pressão não depende do volume de água contido
no tubo, mas, sim, da altura. Quanto maior a altura, maior a pressão.

Exemplo:

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 24


Se tivermos um edifício de 05 pavimentos, com abastecimento a partir do
reservatório superior, as instalações do 1° pavimento terão maior pressão que as do
5° pavimento.

Muitas pessoas acreditam que, aumentando o diâmetro do tubo, estarão


aumentando a pressão, quando na verdade estão aumentando a vazão.

As forças são expressas em kgf, e as pressões, por serem exercidas sobre


determinada área, em kgf/cm2. Outras formas de expressar as medidas de pressão
são m.c.a. (metros de coluna d´água) e o Pa (Pascal).

1 kgf/cm2 = 10 m.c.a. = 98.100 Pa (100 kPa)

Para medirmos a pressão em uma torneira é só substituí-la por um aparelho


chamado manômetro.

Exemplo: Se o manômetro indicar 1 kgf/cm2, isto vai significar que sua altura
é (1 kgf/cm2 x 10), ou seja, 10 m de altura de coluna d´água = 10 m de desnível.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 25


5.10.4 Tipos de Pressão

Pressão estática – quando a água está parada no tubo. A NBR 5626 de Instalações
de Prediais de Água Fria diz:

“Em uma instalação predial de água fria, em qualquer ponto, a pressão


estática não deve ultrapassar 40 m.c.a.”. Ou seja, a diferença máxima entre o nível
do reservatório e o ponto mais baixo da tubulação não pode ser maior do que 40 m.

Porém, grande parte dos edifícios possui altura maior que 40 m; nestes casos,
então, são utilizadas válvulas redutoras de pressão, que podem ser instaladas no
meio do edifício ou no subsolo.

Fig. 13 – Estações redutoras e Válvulas redutoras de pressão – Fonte: www.tigre.com.br

Independentemente do tipo de tubo: ferro, PVC, cobre etc., a pressão estática


máxima deve ser de 40 m.c.a.

Pressão estática – quando a água está em movimento. Depende muito do


traçado da tubulação e dos diâmetros dos tubos. Seu valor é a pressão estática
menos a perda de carga localizada e distribuída.

A NBR 5626 diz: “...Em qualquer lugar da casa, a pressão não deve ser inferior
a 10 kPa (1 m.c.a.), com exceção do ponto de caixa de descarga onde a pressão
pode ser menor do que este valor, até um mínimo de 5kPa (0,5 m.c.a.), e do ponto
da válvula de descarga para a bacia sanitária onde a pressão não deve ser inferior
a 15 kPa (1,5 m.c.a.).

Pressão de serviço – é a pressão máxima a que podemos submeter um tubo,


conexão, registro etc., quando em uso normal. A NBR 5626 diz: “...o fechamento
de qualquer peça de utilização não pode provocar sobrepressão em qualquer
ponto da instalação que seja maior que 20 m.c.a. acima da pressão estática
nesse ponto.”

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 26


Sendo assim, a pressão não pode ser superada em 60 m.c.a. (40 m.c.a. de
pressão estática + 20 m.c.a. de pressão de serviço).

5.10.5 Perda de Carga

Quando a água escoa por um tubo, ela entra em atrito com a superfície do
tubo, criando choque entre as partículas. Quanto mais rugosa for a superfície do
tubo, maior será o atrito e, consequentemente, maior será a perda de pressão,
denominada “Perda de Carga”.

Fig. 14 – Tubos liso e rugoso – Fonte: www.tigre.com.br

Perda de Carga Localizada - é perda de carga causada toda vez que a tubulação
muda de direção (joelhos, tês, registro etc.)

Fig. 15 – Turbulência – Fonte: www.tigre.com.br

Deve-se evitar, ao máximo, o número de conexões e mudanças de direção na


tubulação.

Perda de Carga Distribuída - é aquela que ocorre ao longo da tubulação, pelo atrito
da água com as paredes do tubo. Quanto maior o comprimento do tubo, maior será
a perda de carga. Quanto menor o diâmetro do tubo, maior também será a perda de
carga.

5.11 Velocidade Máxima da Água

A velocidade máxima, em qualquer ponto da tubulação, não deve atingir


valores maiores que 3 m/s.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 27


5.12 Golpe de Aríete

O golpe de aríete ocorre nas instalações hidráulicas quando a água, ao descer


com velocidade elevada pela tubulação, é bruscamente interrompida, ficando os
equipamentos da instalação sujeitos a golpes de grande intensidade dada a
elevação de pressão. Quando a água é fechada bruscamente, causa impacto nas
paredes dos tubos podendo, até mesmo, danificá-los.

5.13 Dimensionamento Básico

É utilizado para edificações de pequeno porte. As quantidades de água


(vazão) de que cada peça de utilização (torneiras, chuveiros, válvulas) necessita
para um perfeito funcionamento estão relacionadas com um número chamado de
peso das peças de utilização.

Esses pesos, por sua vez, têm relação direta com os diâmetros mínimos
necessários ao funcionamento das peças e são estabelecidos empiricamente.

Portanto, para que possamos determinar os diâmetros dos barriletes, colunas,


ramais e sub-ramais, utilizamos os seguintes dados:

Vazão de Peso
Pontos de utilização projeto relativo
litros/segundo
Bacia sanitária com caixa acoplada 0,15 0,3
Bacia com válvula de descarga 1,70 32
Banheira (misturador de água fria) 0,30 1,0
Bebedouro 0,10 0,1
Bidê (misturador de água fria) 0,10 0,1
Chuveiro ou ducha (misturador de água fria) 0,20 0,4
Chuveiro elétrico (registro de pressão) 0,10 0,1
Lavadora de louças (registro de pressão) 0,30 0,1
Lavatório (torneira ou misturador de água fria) 0,15 0,3
Mictório cerâmico (com sifão integrado e 0,50 2,8
válvula de descarga para mictório)
Mictório cerâmico sem sifão integrado 0,50 2,8
Pia (torneira ou misturador de água fria) 0,25 0,7
Pia (torneira elétrica) 0,10 0,1
Tanque 0,25 0,7
Torneira de jardim ou lavagem geral 0,20 0,4

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 28


5.14 Ábaco

Fig. 16 – Ábaco - Fonte própria

5.15 Régua

Fig. 17 - Régua para vazão (Normograma) – Fonte: www.blucher.com.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 29


5.16 Pontos de utilização de água (Alturas e distâncias)

Fig. 18 - Alturas e distâncias para instalação dos pontos de água

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 30


5.17 Simbologia

Fig. 19 – Tabela de Símbolos usados na Hidráulica – Fonte:

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 31


5.17 Modelo de Instalação Banheiro

Fig. 20 – Desenho Isométrico de um banheiro com caixa de descarga


Fonte: Apostila de Desenho Técnico (*)

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 32


5.18 Modelo de Instalação de Lavatório

Fig. 21 – Ligação de Lavatório – Fonte: www.tigre.com.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 33


5.19 Modelo de Instalaçao de Chuveiro

Fig. 22 – Ligação de Chuveiro – Fonte: www.tigre.com.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 34


5.20 Modelo de Instalação de Caixa de Descarga

Fig. 23 – Ligação de Caixa de Descarga – Fonte: www.tigre.com.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 35


5.21 Modelo de Instalação de Bidê

Fig. 24 – Ligação de Bidê – Fonte: www.tigre.com.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 36


5.22 Modelo de Instalação de Pia de Cozinha

Fig. 25 – Ligação de Pia de Cozinha – Fonte: www.tigre.com.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 37


5.23 Modelo de Instalação de Tanque de Lavar Roupas

Fig. 26 – Ligação de Tanque de Lavar Roupas – Fonte: www.tigre.com.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 38


5.24 Modelo de Instalação de Pia de Cozinha com Caixa Sifonada

Fig. 27 – Ligação de Pia de Cozinha Caixa Sifonada – Fonte: www.tigre.com.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 39


6. Instalação Predial de Água Quente

O sistema predial de água quente é formado pelos seguintes componentes:

1. Tubulação de água fria para alimentação do sistema de água quente;


2. Aquecedores, que podem ser de passagem ou de acumulação;
3. Dispositivos de segurança;
4. Tubulação de distribuição de água quente;
5. Dispositivo de utilização (chuveiros, duchas, torneiras).

6.1 Componentes do Sistema de Água Quente

6.1.1 Tubulação de água quente

Segundo as recomendações da norma NBR 7198 – Projeto e Execução de


Instalações de Água Quente, a tubulação de água fria que alimenta misturadores
não pode estar conectada a barriletes, colunas de distribuição e ramais que
alimentam válvula de descarga e nem pode ser abastecida diretamente pela rede
pública. A tubulação de água fria que alimenta as instalações com aquecedores de
acumulação deve ser feita com material especifico, resistente à temperatura máxima
admissível da água quente que é de 70° C conforme a NBR 7198. Sendo assim,
não é possível utilizar tubos de PVC das linhas soldável e roscável; apenas tubos de
Cobre, tubos de CPVC (Cloreto de Polivinila Clorado), PPR (Polipropileno
Copolímero Random Tipo 3), PEX (Tubos Multicamadas Flexíveis).

6.1.2 Aquecedores

Ao escolher o aquecedor que será utilizado no sistema de aquecimento de


água, verificar se as características do equipamento, suas especificações, condições
de operação, garantias do fabricante em relação ao controle efetivo da temperatura
de aquecimento, estão de acordo com os requisitos da NBR 7198.

Os aquecedores devem ser instalados em locais que não apresentem risco


de provocar danos físicos iminentes.

Devem ser instalados em locais plenamente ventilados. Os principais tipos de


aquecedores são:

6.1.2.1 Aquecedor instantâneo ou de passagem elétrico:

Modelo que utiliza uma resistência elétrica, dentro de um pequeno


reservatório de água e que passa todo seu calor para a água, aquecendo-a
instantaneamente.

Exemplos: chuveiros, torneiras elétricas, aquecedores sob pia e lavatórios etc.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 40


Fig. 28 – Chuveiro, torneira e aquecedor de pia – Fonte: www.lorenzetti.com.br

6.1.2.2 Aquecedor instantâneo ou de passagem a gás

A água fria entra no aquecedor, percorre uma tubulação interna chamada de


serpentina, a qual recebe o calor direto da chama do queimador a gás, aquecendo
instantaneamente a água.

Os aquecedores de passagem a gás necessitam, para seu perfeito


funcionamento, de pressão dinâmica de 5 m.c.a.

Não confundir pressão dinâmica com estática. A pressão estática é o desnível


entre o ponto de utilização e a caixa e não leva em conta as perdas de carga no
traçado hidráulico, portanto, deve-se evitar instalar o aquecedor em locais onde o
traçado horizontal é longo ou com excesso de conexões hidráulicas.

Em apartamentos de cobertura ou próximos a barriletes intermediários, nunca


instale o aparelho caso a pressão do local não atenda às especificações mínimas
para seu funcionamento adequado. Nesse caso, recomenda-se o uso de aquecedor
por acumulação ou deve-se pressurizar a alimentação de água fria do aquecedor de
acumulação.

Em residências térreas ou sobrados, o funcionamento adequado do aparelho


depende do uso de um pressurizador hidropneumático ou com “pulmão”.

Só se pode instalar aquecedores a gás em ambientes com ventilação


permanente e com chaminé de exaustão. Não instale o aquecedor dentro de
banheiros.

As chaminés devem ser feitas de material incombustível (chapa de alumínio,


aço inoxidável, aço galvanizado ou material aprovados pela ABNT, COMGÁS ou
Institutos de pesquisas credenciados).

6.1.2.3 Aquecedor de acumulação (boiler) a gás

A água fria entra no reservatório, ficando ali armazenada por determinado


tempo, para ser aquecida pelo calor da chama do queimador a gás.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 41


A alimentação dos aquecedores deve ser feita pelo reservatório superior de
água fria, bombas pressurizadoras com pulmão ou por dispositivo pneumático,
nunca diretamente pela rede pública, pois em caso de interrupção no fornecimento
da água, pode gerar um vazamento de gás de proporções incalculáveis. A tubulação
de alimentação de água fria deve ser preferencialmente de cobre ou outro material
resistente à temperatura máxima admissível da água quente. Não se devem utilizar
tubulações de PVC.

Quando instalado em ambientes fechados (área de serviço ou similares), o


ambiente deve possuir volume mínimo de 8 m3 para aquecedores até 175 litros e 12
m3 para aquecedores de até 200 litros a 250 litros. A área de ventilação permanente
deve ser composta de:

Ventilação superior: a uma altura mínima de 1,50 m em relação ao piso


acabado e área mínima de 600 cm2.

Ventilação inferior: a uma altura máxima de 0,80 m em relação ao piso


acabado e área mínima de 200 cm2.

6.1.2.4 Instalação a gás

1) Antes de executar a rede de gás, sempre consultar a concessionaria


fornecedora;
2) A distância mínima entre o aquecedor e os botijões não deve ser inferior a
1,50 m com parede divisória e 3,00 m sem parede divisória.

6.1.2.5 Aquecedor de acumulação elétrico

A água fria armazenada no tanque (reservatório) é aquecida através do calor


gerado pela resistência elétrica existente no interior do aquecedor.

As características de instalação são semelhantes às dos aquecedores de


acumulação a gás, porém podem ser instalados no sótão, próximo do reservatório
de água fria e, por não utilizarem gás, não necessitam de venezianas para ventilação
permanente.

7. Instalação Domiciliar de Esgoto

7.1 Conceitos

7.1.1 Materiais de Maior Utilização e seus Tipos de Junta

Os materiais comumente utilizados nas Instalações Prediais de Esgoto são:


Cloreto de Polivinila (PVC) e Manilhas Cerâmicas (de Grês). Como boa parte das
instalações são incumbência do proprietário, é de responsabilidade dele tal
Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 42
construção e a escolha do material a ser utilizado. Sabe-se, porém, que a opção pelo
PVC é quase que integral. Apenas as instalações mais antigas é que ainda possuem
seu sistema através de manilhas cerâmicas. Já a instalação entre a caixa de
inspeção externa e a rede pública coletora (coletor predial de esgoto) é
responsabilidade do SAMAE (Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto), que
adota o mesmo PVC utilizado nas “redes coletoras de esgoto”. A seguir, ampliaremos
as informações para os materiais de uso frequente.

7.1.1.1 PVC Linha Esgoto Primário

São fabricados em PVC rígido, pelos mesmos processos de fabricação das


tubulações usadas no abastecimento de água, seguem Norma Técnica específica e
são fornecidos na cor branca, com diâmetros DN 50, DN 75 e DN 100, tendo como
principais características: durabilidade, resistência química, grande amplitude de
utilização, baixa rugosidade, imunidade à corrosão, facilidade de instalação,
estanqueidade das juntas e custos menores de material e instalações. Essa linha
utiliza uma junta chamada de “dupla atuação”, pois pode funcionar como junta
soldável a frio, utilizando-se adesivo, ou como junta elástica, optando-se pelo anel
de borracha. Observa-se, porém, que nunca se devem utilizar os dois sistemas na
execução de uma mesma junta.

7.1.1.2 Instalação Predial de Esgoto

Também chamado de “rede coletora interna”, é o conjunto de canalizações,


equipamentos e dispositivos instalados pelo proprietário do imóvel, que se estende
até à caixa de inspeção externa, situada no passeio público.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 43


Fig. 29 – Instalação típica de um ramal predial de esgoto residencial

Fonte: site.sabesp.com.br/uploads/file/asabesp.../manual_empreendedor.pdf

7.1.1.3 PVC Linha Esgoto Sanitário

Utilizado para ligar a caixa de inspeção à rede coletora de esgoto, é feito do


mesmo material usado para a implantação destas redes e que será mais bem
explicado à frente. Aqui, pode-se acrescentar que é empregado no diâmetro DN 100,
na cor ocre e tem as mesmas características de composição do material e dos tubos
de PVC utilizados no abastecimento de água, e que se utiliza de junta elástica tanto
para união entre tubos como para sua conexão à rede coletora de esgotos.

7.1.1.4 Caixa de Gordura

Caixa instalada no terreno do imóvel que retém as gorduras contidas nas


águas servidas evitando o encaminhamento de grandes quantidades ao sistema
público de esgotamento sanitário, a exemplo dos restaurantes, hotéis, cozinhas
residenciais e industriais.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 44


Fig. 30 – Caixa de Gordura Especial - Fonte:
site.sabesp.com.br/uploads/file/asabesp.../manual_empreendedor.pdf

7.1.1.5 Caixa de Retenção de Sólidos

Caixa instalada no terreno de imóvel com atividades hospitalares,


laboratoriais, industriais de pequeno porte, postos de gasolina, açougues etc., que
objetiva reter os sólidos das águas servidas, evitando o encaminhamento de grandes
quantidades de matérias graxas ao sistema de esgotamento sanitário.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 45


7.1.1.6 Caixa de Inspeção Interna

Caixa de inspeção cuja instalação é opcional, instalada pelo proprietário do


imóvel na parte interna do terreno, sendo recomendada para a finalidade de
desobstrução do subcoletor.

Fig. 31 – Caixa de Inspeção – Fonte SABESP


site.sabesp.com.br/uploads/file/asabesp.../manual_empreendedor.pdf

7.1.1.7 Subcoletor

É a canalização compreendida entre a caixa de gordura, a caixa de inspeção


interna (opcional) e a caixa de inspeção externa.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 46


Fig. 32 – Sistema coletor – Fonte: www3.caesb.df.gov.br

7.1.1.8 Caixa de Inspeção Externa

Caixa situada na calçada da via pública, em frente ao imóvel, que tem por
finalidade a inspeção e a desobstrução das canalizações de esgoto. É operada pela
empresa de saneamento local.

Fig. 33 – Sistema coletor interno – Fonte: www3.caesb.df.gov.br

7.1.1.9 Coletor Predial de Esgoto

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 47


É a canalização compreendida entre a caixa de inspeção externa, situada no
passeio público e a rede coletora pública de esgotamento sanitário.

Fig. 34 – Sistema coletor público – Fonte: www3.caesb.df.gov.br

7.1.1.10 Ligação Predial de Esgoto

É o ponto de conexão do coletor predial do imóvel à rede coletora pública de


esgotamento sanitário.

Fig. 35 – Ligação Predial de Esgoto – Fonte: www3.caesb.df.gov.br

7.1.2 Principais Acessórios

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 48


Neste subitem, serão mostrados os principais acessórios que são usualmente
empregados nas Instalações Prediais de Esgoto.

Fig.27 - Caixa de Gordura – Fonte: www.tigre.com.br

FIg. 36 - Caixa de Inspeção – Fonte: www.tigre.com.br

Fig. 37 – Caixas sifonadas – Fonte: www.tigre.com.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 49


Fig. 38 – Ralos – Fonte: www.tigre.com.br

7.2 Fossas Sépticas

As fossas sépticas são unidades de tratamento primário de esgoto doméstico


nas quais são feitas a separação e a transformação da matéria sólida contida no
esgoto.

As fossas sépticas, uma benfeitoria complementar e necessária às moradias,


são fundamentais no combate a doenças, verminoses e endemias (como a cólera),
pois evitam o lançamento dos dejetos humanos diretamente em rios, lagos,
nascentes ou mesmo na superfície do solo. O seu uso é essencial para a melhoria
das condições de higiene das populações rurais.

Esse tipo de fossa nada mais é que um tanque enterrado, que recebe os
esgotos (dejetos e águas servidas), retém a parte sólida e inicia o processo.

Fig. 39 – Fossa Séptica – Fonte: www3.caesb.df.gov.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 50


As fossas sépticas não devem ficar muito perto das moradias (para evitar mau
cheiro) nem muito longe (para evitar tubulações muito longas). A distância
recomendada é de 4 metros.

Elas devem ser construídas do lado do banheiro, para evitar curvas nas
canalizações. Também devem ficar num nível mais baixo do terreno e longe de
poços ou de qualquer outra fonte de captação de água (a, no mínimo, 30 metros de
distância) para evitar contaminações no caso de um eventual vazamento.

O tamanho da fossa séptica depende do número de pessoas da moradia. Ela


é dimensionada em função de um consumo médio de 200 litros de água por pessoa,
por dia. Porém sua capacidade nunca deve ser inferior a 1000 litros.

As fossas sépticas podem ser de dois tipos:

 Pré-moldadas
 Feitas no local

7.2.1 Fossas sépticas pré-moldados

De formato cilíndrico, são facilmente encontradas no mercado. A menor fossa


pré-moldada tem capacidade de 1000 litros, medindo 1,1 x 1,1 metros (altura x
diâmetro).

Para volumes maiores é recomendável que a altura seja maior que o dobro
do diâmetro. Para uma montagem perfeita, é preciso observar as orientações dos
fabricantes.

7.2.2 Fossas Sépticas feitas no local

A fossa séptica feita no local tem formato retangular ou circular. Para funcionar
bem, ela deve ter as seguintes dimensões:

FOSSAS SÉPTICAS RETANGULARES OU CIRCULARES Sumidouro


Dimensão Interna (metro)
Nº de Retangulares Circulares Capacidade Altura Diâ-
Pessoas metro
Comprimento Largura Altura Diâmetro Altura Litros
até 7 2,00 0,90 1,50 1,35 1,50 2160 3,00 2,00
até 10 2,30 0,90 1,50 1,45 1,50 2480 3,00 2,00
até 14 2,50 0,90 1,50 1,52 1,50 2700 3,00 2,00
até 21 2,70 1,20 1,50 1,62 1,90 3890 3,00 2,00
até 24 3,20 1,20 1,50 1,70 2,00 4600 3,00 2,00

A execução desse tipo de fossa séptica começa pela escavação do buraco


onde a fossa vai ficar enterrada no terreno.

O fundo do buraco deve ser compactado, nivelado e coberto com uma camada
de 5 cm de concreto magro, (1 saco de cimento, 8 latas de areia, 11 latas de brita e
2 latas de água, a lata de medida é a de 18 litros). Sobre o concreto magro é feito

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 51


uma laje de concreto armado de 6 cm de espessura (1 saco de cimento, 4 latas de
areia, 6 latas de brita e 1,5 It de água), malha de ferro 4.2 a cada 20 cm.

As paredes são feitas com tijolo maciço, ou cerâmico, ou com bloco e


concreto. Durante a execução da alvenaria, já devem ser colocados os tubos de
entrada e saída da fossa - tubos de 100 mm com ranhuras para encaixe das placas
de separação das câmaras, no caso de fossa retangular.

As paredes internas da fossa devem ser revestidas com argamassa à base de


cimento (1 saco de cimento, 5 latas de areia e 2 latas de cal).

Na fossa séptica circular, que apresenta maior estabilidade, utilizam-se


retentores de escuma na entrada e na saída, Tês de PVC de 90 graus com diâmetro
de 100 mm.

Na fossa séptica retangular, a separação das câmaras (chicanas) e a tampa


da fossa são feitas com placas pré-moldados de concreto. Para a separação das
câmaras são necessárias cinco placas: duas de entrada e três de saída. Essas
placas têm quatro centímetros de espessura e a armadura em forma de tela.

Fig 40 – Ligação da Fossa ao Esgoto – Fonte: www3.caesb.df.gov.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 52


A tampa a subdividida em placas, para facilitar a sua execução e até a sua
remoção. As placas possuem 5 cm de espessura e sua armação também é feita em
forma de tela. D

Fig. 41 – Tampas – Fonte www3.caesb.df.gov.br:

7.3 Ligação da rede de esgoto à fossa

A rede de esgoto da moradia deve passar inicialmente por um caixa de


inspeção, que serve para fazer a manutenção do sistema, facilitando o
desentupimento. Essa caixa deve ter 60cm x 60 cm e profundidade de 50 cm,
construída a cerca de 2 metros de distância da casa. Caixa construída em alvenaria,
ou pré-moldada, com tampa de concreto.

Fig. 42 – Mostra a rede de esgotos de uma moradia – Fonte: www3.caesb.df.gov.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 53


7.4 Distribuição dos efluentes no solo

Há duas maneiras de distribuir os efluentes no solo:


 Valas de Infiltração
 Sumidouros

A utilização de um ou outro vai depender do tipo de solo e dos recursos


disponíveis para a sua execução. Somente um profissional habilitado ou a própria
concessionária deve definir qual a melhor opção.

7.4.1 Valas de infiltração

São recomendadas para locais onde o lençol freático é próximo à superfície.

Esse sistema consiste na escavação de uma ou mais valas, nas quais são
colocados tubos de dreno com brita, ou bambu preparado para trabalhar como dreno.
Retira-se o seu miolo o que permitirá escoar, ao longo do seu comprimento, para
dentro do solo, os efluentes provenientes da fossa séptica.

O comprimento total das valas depende do tipo de solo e quantidade de


efluentes a serem tratados. Em terrenos arenosos 8m de valas por pessoa.
Entretanto, para um bom funcionamento do sistema, cada linha de tubos não deve
ter mais de 30m de comprimento. Portanto, dependendo do número de pessoas e
do tipo de terreno, pode ser necessária mais de uma linha de tubos / valas.

Fig. 43 – Distribuição das Valas de Infiltração – Fonte: www3.caesb.df.gov.br

7.4.2 Sumidouros

O sumidouro é um poço sem laje de fundo que permite a penetração do


efluente da fossa séptica no solo. O diâmetro e a profundidade dos efluentes da fossa
séptica no solo dependem da quantidade desses efluentes e do tipo de solo, mas
não devem ter menos de 1 m de diâmetro nem mais 3m de profundidade, para
simplificar a construção.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 54


Os sumidouros podem ser construídos de tijolo maciço ou blocos de concreto
ou ainda com anéis pré-moldados de concreto. A construção de um sumidouro
começa pela escavação de buraco, a cerca de 3 m da fossa séptica e um nível um
pouco mais baixo, para facilitar o escoamento dos efluentes por gravidade. A
profundidade do buraco deve ser de 70 cm maior que a altura final do sumidouro.
Isso permite a colocação de uma camada de pedra no fundo do sumidouro, para
infiltração mais rápida no solo e de uma camada de terra de 20cm sobre a tampa do
sumidouro. Os tijolos ou blocos só devem ser assentados com argamassa de
cimento e areia nas juntas horizontais. As juntas verticais devem ter espaçamentos
(no caso de tijolo maciço) e não devem receber argamassa de assentamento, para
facilitar o escoamento dos efluentes. Se as paredes forem de anéis pré-moldados,
eles devem ser apenas colocados uns sobre os outros, sem nenhum rejuntamento,
para permitir o escoamento dos efluentes. A laje ou tampa do sumidouro pode ser
feita com uma ou mais placas pré-moldadas de concreto, ou executada no próprio
local, tendo-se o cuidado de armá-la em forma de tela.

Fig. 44 –Sumidouro – Fonte: www3.caesb.df.gov.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 55


Fig. 45 –Esgoto Sanitário – Planta Baixa – Fonte: www.tigre.com.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 56


8. Sistema Predial de Águas Pluviais e Drenagens

Fig. 46 – Sistema predial de águas pluviais e drenagem – Fonte: www.tigre.com.br

O sistema predial de águas pluviais e drenagem é o conjunto de calhas,


condutores, grelhas, caixas de areia e de passagem e demais dispositivos que são
responsáveis por captar águas da chuva e de lavagem de piso e conduzir a um
destino adequado. Este sistema é fundamental para evitar alagamentos, diminui a
erosão do solo e protege as edificações de umidades excessivas.

Para melhor compreensão deste assunto, vamos tratar sobre alguns


conceitos básicos como o ciclo da água na natureza, o que são águas subterrâneas
e águas pluviais, partes de um telhado, drenagem, além de conhecer os
componentes deste sistema.

8.1 O Ciclo da Água

A água está constantemente se movimentando pelo planeta, seja em forma


de chuva, gelo ou vapor. A essa movimentação damos o nome de “Ciclo da Água”

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 57


ou “Ciclo Hidrológico”. Esse ciclo é fundamental para que a vida continue existindo
na Terra.

As forças da natureza são responsáveis pelo ciclo da água. A chuva é,


basicamente, o resultado da água que se evapora dos lagos, rios e oceanos,
formando as nuvens. Quando as nuvens estão carregadas, despejam a água sobre
a terra. Ela penetra no solo e vai alimentar as nascentes dos rios e os reservatórios
subterrâneos. Quando ela cai nos oceanos, mistura-se com as águas salgadas e
volta a evapora, chover e cair na terra.

Veja na ilustração a seguir o caminho da água e as etapas do ciclo hidrológico.

Fig. 47 – O Ciclo da Água – Fonte: www.tigre.com.br

8.1 Evaporação

A água dos rios, lagos e oceanos e geleiras evapora (1) com a energia solar
e forma as nuvens. A água retida nas plantas e no próprio s0lo também evapora e
ajuda na formação das nuvens através da transpiração (2).

8.2 Chuva ou Precipitação

Quando há uma grande concentração de gotas, as nuvens ficam pesadas e é


formada a chuva (3). O vento (4) movem estas nuvens, fazendo com que as chuvas
sejam distribuídas por toda a extensão terrestre. Parte desta água que cai sobre a
terra se infiltra no solo, formando grandes depósitos de água no subsolo, o que
chamamos de lençol freático (5).

8.3 Reinício do Ciclo

Após cair sobre a terra, a água novamente se evapora para a atmosfera,


continuando seu ciclo.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 58


8.4 Água Subterrânea

Água subterrânea, também chamada de “Lençol Freático”, é a água que se


encontra embaixo da terra. As águas que caem sobre o solo, como as das chuvas,
vão sendo absorvidas e filtradas pela areia e pelas rochas, que funcionam como
peneiras. Lentamente as águas vão descendo e se acumulando, formando
reservatórios naturais, como se fossem lagos dentro da Terra. As águas
subterrâneas são encontradas em diversas profundidades e são retiradas através de
poços.

A água subterrânea é usada pelo homem há mais de 10.000 anos.


Normalmente essa água é limpa e boa para consumo humano (para beber, tomar
banho) e para irrigar as plantações.

8.5 Águas Pluviais

A palavra “pluvial” vem do latim “pluvium”, que significa chuva. Portanto,


águas pluviais são águas da chuva.

Essas águas, que escoam sobre a superfície do solo, terraços, telhados etc.,
precisam ser captadas e conduzidas de forma controlada por sistemas de captação
e drenagem pluvial, para evitar a erosão do solo e proteger as edificações da
umidade, garantido o conforto das pessoas. Por isso são tão importantes os
sistemas de Captação de Águas e Drenagem.

Eles também podem servir para coleta e armazenamento da água da chuva


para ser mais tarde reaproveitada para lavagem de piso, carros, irrigação de jardins,
ou, ainda, dentro de casa, na descarga dos vasos sanitários. Existem sistemas de
captação de águas pluviais nas ruas das cidades (sarjetas, bueiros, tubos de redes
públicas de coleta e até canalização de córregos urbanos) e também dentro dos
terrenos das casas e edifícios (calhas, condutores, caixas, tubos coletores).

Passamos agora a alguns conceitos básicos muito importantes para a escolha


e o dimensionamento dos componentes do sistema de drenagem pluvial.

8.6 Telhado

O telhado é a parte de uma construção que a protege da ação do tempo, como


as chuvas, ventos, neves, calor e frio.

Fig. 48 –Água das Chuvas – Fonte: www.tigre.com.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 59


Os telhados são formados por “águas”, que são as áreas planas que
conduzem as águas da chuva para uma mesma direção.

Fig. 49 –Telhado de uma água – Fonte: www.tigre.com.br

Os telhados podem ter uma, duas ou mais “águas”. Isso vai depender do formato
que o telhado for projetado.

Fig. 50 –Telhado de duas águas – Fonte: www.tigre.com.br

8.6.1 Partes (ou elementos de um telhado)

8.6.1.1 Platibanda

É uma pequena murada utilizada para esconder o telhado das construções.

Fig. 51 – Platibanda – Fonte: www.tigre.com.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 60


8.6.1.2 Beiral

Beiral é a beirada do telhado, ou o prolongamento do telhado além das


paredes.

Fig. 52 –Beiral – Fonte: www.tigre.com.br

8.6.1.3 Testeira

Os telhados com beiral podem ser com ou sem testeira. A testeira é uma peça
de madeira colocada abaixo do telhado, usada para esconder os caibros, permitindo
um melhor acabamento. Esta testeira pode servir para o apoio e fixação dos
suportes da calha.

Fig. 53 –Testeira – Fonte: www.tigre.com.br

8.6.1.4 Rincão ou água furtada

É o canal entre duas águas de telhado por onde correm as águas das chuvas.

Fig. 54 – Rincão – Fonte: www.tigre.com.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 61


8.6.1.5 Cumeeira

É parte mais alta do telhado, onde as águas do telhado se encontram. Ali


existe uma grande viga de madeira chamada de “terça”, que serve de sustentação
para os caibros do telhado.

Fig. 55 –Cumeeira – Fonte: www.tigre.com.br

8.6.1.6 Mansarda

É um sótão com janelas que saem sobre as águas do telhado.

Fig. 56 –Mansarda – Fonte: www.tigre.com.br

8.6.1.7 Tesoura

É uma armação de madeira triangular, usada para sustentar o telhado.

Fig. 57 –Tesoura – Fonte: www.tigre.com.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 62


Para construir essa tesoura, são necessários terças, caibros e ripas.

 Terça: viga de madeira que sustenta os caibros do telhado.


 Caibro: espécie de viga de madeira que sustenta as ripas do telhado.
 Ripas: travessas de madeira onde são colocadas as telhas.

9. Componentes do Sistema de Coleta de Águas Pluviais

Como já vimos, o sistema predial de águas pluviais e drenagem é o conjunto


de calhas, condutores, grelhas, caixas de areia e de passagem e demais dispositivos
que são responsáveis por captar águas da chuva e de lavagem de piso e conduzir a
um destino adequado.

Fig. 58 –Imóvel com telhado de várias águas– Fonte: www.tigre.com.br

9.1 Calhas de beiral

Tubulação em formato de meia lua, instalada nos beirais dos telhados, com a
finalidade de coletar a água da chuva proveniente dos telhados, encaminhando-a a
um condutor vertical.

9.2 Condutor vertical

Tubo de tecido que conduz a água do bocal da calha até o piso, ou até a
tubulação subterrânea que coleta as águas da chuva.

9.3 Caixa de areia

É uma caixa enterrada no solo, utilizada para recolher detritos contidos nas
tubulações de águas pluviais, além de permitir a inspeção do sistema. Esses detritos
ficam depositados no fundo da caixa, o que permite sua retirada periodicamente.
Essa caixa pode possuir uma gelha para também coletar água do piso.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 63


9.4 Tubos para drenagem:

Tubo perfurado e enterrado que capta a umidade excessiva do solo,


conduzindo a um destino final.

9.6 Caixa de passagem:

Caixa normalmente enterrada que server para interligar as tubulações


subterrâneas do sistema de águas pluviais, permitindo inspeção do sistema.

9.6 Válvula de retenção:

Conexão que impede o retorno das águas pluviais em situações como:


inundação, enchentes, refluxo de marés, entupimentos, vazões elevadas em período
de chuva.

10. Drenagem
Quando a água, geralmente proveniente da chuva, preenche toda a
porosidade de um solo por encontrar dificuldade de escoar naturalmente, acontecem
vários inconvenientes como:

 Prejuízo na estabilidade das construções;


 Formação de um ambiente muito úmido no interior das construções;
 Alagamento no solo, que pode causar transtornos para passagem de
veículos e pessoas;
 Grandes trechos alagados, prejudicando lavouras ou campos esportivos.

A finalidade da drenagem subterrânea é permitir o escoamento do excesso de


água do solo, através de um sistema de tubulações perfuradas, colocadas a uma
certa profundidade.

Essa água subterrânea vai-se acumulando em grande quantidade no solo


(solo saturado). A essa área do solo chamamos de lençol freático.

Fig. 59 – Lençol freático – Fonte: www.tigre.com.br

Como a drenagem reduz a umidade do solo, ela acaba rebaixando a altura do


lençol freático através da retirada e afastamento do excesso de água subterrânea.
Isto oferece maior segurança para as construções pois, entre outros motivos, evita
que o solo “afunde” com o seu peso em função da grande quantidade acumulada no
solo.
Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 64
Fig. 60 – Lençol freático após drenagem – Fonte: www.tigre.com.br

10.1 Aplicações da drenagem

10.1.1 Construção Civil:

A drenagem é muito utilizada em muros de arrimos para protege-los contra


rachaduras e tombamentos que poderiam acontecer com o excesso de pressão no
solo em função de água filtrada.

Além disso, gera economia pois com um sistema de drenagem bem


executado, pode-se dimensionar muros de arrimo mais estreitos e leves.

Fig. 61 – Muro de arrimo – Fonte: www.tigre.com.br

Outra aplicação é no rebaixamento do lençol freático do solo das construções,


para protegê-las do excesso de umidades e de possíveis afundamento do solo pelo
peso da construção.

Fig. 62 – Rebaixamento do Lençol Freático – Fonte: www.tigre.com.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 65


10.1.2 Gramados e campos esportivos

Neste caso a drenagem é importante para se evitar empoçamento e manter


saudáveis os gramados.

10.1.3 Agricultura

O uso de sistemas de drenagem em áreas plantadas evita a perda de


plantações pelo excesso de umidade, aumenta a produtividade, e ainda facilita o
trânsito na superfície do solo. Da mesma forma, em regiões mais secas, a drenagem
evita a salinização (grande acúmulo de sais minerais) dos solos que serão irrigados.

Fig. 64 – Drenagem na agricultura – Fonte; www.tigre.com.br

10.1.4 Outras aplicações

Em aeroportos, em rodovias, ferrovias, em muros de contenção, túneis, cortes


e aterros, para distribuir os efluentes de fossas sépticas nos sistemas de trincheiras
filtrantes ou irrigação subsuperficial, e em áreas públicas e urbanas para a coleta e
condução de águas em drenos subterrâneos.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 66


11. Fenômenos que ocorrem em tubos verticais de águas pluviais
A experiência mostra que nos tubos com maior altura, destinados a conduzir
águas pluviais, podem ocorrer fenômenos como pressões negativas em seu interior,
ou seja, vácuo. Esse fenômeno é nocivo para as instalações pois causa rompimento
na tubulação. Pode ocorrer nas seguintes situações:

a) Quando os tubos de quedas pluviais são mal dimensionados, com diâmetro


menor do que o necessário, isso pode provocar, nos casos de chuvas mais
fortes, o acúmulo excessivo de água no interior das calhas. Por esse motivo,
a entrada do tubo (parte do bocal) permanece afogada, ou seja, não passa ar
juntamente com a água para dentro do tubo. Nesses casos ocorre a pressão
negativa. Quanto maior for a altura do prédio, maior ela será.

Fig. 65 – Sistemas de Escoamente – Fonte: www.tigre.com.br

b) Quando existe acúmulo de folhas ou outros materiais na entrada do bocal,


que também o afogam e impedem que o ar passe pela tubulação juntamente
com a água.

Como é praticamente impossível prever situações acidentais, para se evitar


maiores danos às tubulações, é recomendado que se utilizem tubulações especiais,
capazes de suportar condições de vácuo, sem sofre qualquer dano. Principalmente
em prédios com mais de três pavimentos.

11.1 Dimensionamento do Sistema de Águas Pluviais

Conhecendo a importância do sistema de águas pluviais e drenagem, de nada


vai adiantar usar os melhores produtos se não for feito o correto dimensionamento
do sistema. No caso do sistema de águas pluviais, esse dimensionamento correto
evitará transbordamentos das calhas e condutores a fim de evitar alagamentos,
umidades e transtornos para os usuários.

Veremos as etapas necessárias para se realizar o dimensionamento de


calhas e condutores verticais e de grelhas e calhas e condutores verticais e de
grelhas e calhas de piso.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 67


11.2 Norma Técnica de Projeto

A norma que fixa as exigências pelas quais devem ser


projetadas e executadas as instalações prediais de águas
pluviais, atendendo às condições técnicas mínimas de higiene,
segurança, durabilidade, economia e conforto dos usuários é a
NBR 10844 – Instalações Prediais de Águas Pluviais.

Estudaremos algumas recomendações importantes que esta norma traz:

a) Não se admite a ligação das águas pluviais nas redes de esgoto;


b) Os tubos de PVC a serem adotados nos sistemas prediais devem ser
da linha de esgoto Série Reforçada, de acordo com a norma NBR 5688
– Sistema Prediais de Água Fluvial, Esgoto Sanitário e Ventilação –
Requisitos para Tubos e Conexões, pois têm maior resistência às
subpressões que podem ocorrer nestas instalações;
c) A ligação entre condutores verticais e horizontais deve ser feita com
curva de raio longo, com caixa de inspeção ou caixa de areia, estando
o condutor horizontal ou enterrado;
d) O diâmetro mínimo (comercial) dos condutores verticais é de DN75.
e) A inclinação das calhas de platibanda e beiral deve ser uniformem com
valor mínimo de 0,5%, ou seja, em cada 1 metro de tubo na horizontal,
teremos 5mm de desnível vertical.

11.3 Dimensionamento das Calhas de Telhado

Para um desempenho perfeito, é fundamental que as calhas em uso nas


casas que possuem telhados com beiral sejam instaladas com a declividade
adequada, com o número correto de condutores e com o correto espaçamento entre
eles.

Alguns dados normalmente utilizados para o dimensionamento do sistema de


coleta de chuvas de telhados e coberturas são a capacidade de vazão das calhas e
bocais:

Vazão de 418 ml/min.,


quando instalado com
0,5% de declividade, ou
seja, 5 mm de inclinação
por metro.

Fig. 66 – Calha – Fonte: www.tigre.com.br

Nos cálculos de dimensionamento de sistema de coletas de águas pluviais,


primeiramente é preciso calcular a vazão máxima de contribuição do telhado, que
vai depender do regime de chuvas da região onde está a construção.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 68


Segundo a norma NBR 10844, as calhas devem ter capacidade para escoar
a água da chuva com intensidade correspondente a 5 anos de período de retorno
(chuva que tem probabilidade de ocorrer 1 vez a cada 5 anos) sobre a área de
contribuição de um plano de telhado.

Vamos ver agora como calcular, de forma prática, a vazão de contribuição do


telhado e do número de condutores.

11.4 Cálculo da vazão de contribuição do telhado

Para calcular a vazão de contribuição do telhado utiliza-se a seguinte fórmula:

𝐐 = 𝑰 𝒙 𝑨𝒄

Sendo:
Q = vazão do escoamento
I = intensidade de chuva na região para o período de retorno de 5 anos
Ac = área de contribuição.

Para facilitar os cálculos segue abaixo a tabela 01, que apresenta a área máxima de
contribuição de telhado que os condutores circulares e retangulares atendem
conforme as localidades do país (já considerando as chuvas com períodos de retorno
de 5 anos)

Tabela 01 – Tabela de escoamento

At – Área de telhado At – Área de telhado


Localidades que um bocal retangular que um bocal circular
pode escoar (m2) pode escoar (m2)
Aracaju - SE 137,7 175,8
Belém – PA 107,01 136,61
Belo Horizonte - MG 74,01 94,49
Cuiabá - MT 88,42 112,89
Curitiba - PR 82,35 105,14
Florianópolis - SC 140,0 178,74
Fortaleza - CE 107,69 137,49
Goiânia - GO 94,38 120,50
João Pessoa - PB 120,0 153,20
Maceió - AL 137,7 175,80
Manaus - AM 93,33 119,16
Natal – RN 140,0 178,74
Porto Alegre - RS 115,07 146,91
Porto Velho - RO 100,60 128,43
Rio Branco - AC 120,86 154,3
Rio de Janeiro - RJ 96,55 123,27
Salvador - BA 137,7 178,8
São Luiz - MA 133,3 170,22
São Paulo - SP 97,67 124,70
Teresina - PI 70,0 89,37
Vitória - ES 107,69 137,49

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 69


Área de contribuição é a área da construção que recebe água da chuva e de
lavagem de piso, podendo ser telhados, terraços, paredes expostas ao tempo etc.

Para telhados, essa área é calculada da seguinte forma:

𝐡
𝐀𝐜 = (𝐚 + ) 𝐱 𝐛
𝟐

Sendo:
Ac = área de contribuição
a = largura da água (plano do telhado (m2))
h = altura do telhado (m)
b = comprimento de telhado (m)

Veja a ilustração abaixo:

Fig. 67 – Telhados com declividade diferente – Fonte: www.tigre.com.br

11.5 Cálculo do número de condutores

Passo 1: Veja na tabela a localidade em que você mora e qual condutor você deseja.
Assim, você obtém a área máxima de telhado (At) em m2 que um condutor consegue
atender.

Passo 2: Calcule a área de contribuição de cada plano do seu telhado utilizando a


fórmula de acordo com a localidade em que você mora e qual condutor você deseja.
Assim, você obtém a área máxima de telhado (At) em m2 que um condutor consegue
atender:

𝐡
𝐀𝐜 = (𝐚 + ) 𝐱 𝐛
𝟐

Sendo:
Ac = área de contribuição
a = largura da água (plano do telhado (m2))
h = altura do telhado (m)
b = comprimento de telhado (m)

Passo 3: Calcule a quantidade de condutores (Nc) que deverão ser utilizados para
cada plano de telhado através da fórmula:

𝐍𝐜 = 𝑨𝒄/𝑨𝒕

Sendo:
Nc = número de condutores
Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 70
Ac = área de contribuição (m2)
At = área do telhado (m2)

Passo 4: Calcule a distância entre os condutores (d) (para 2 ou mais condutores)


através da fórmula:

𝐝 = 𝒃/(𝑵𝒄 − 𝟏)

Sendo:
d = distância entre os condutores (m)
b = comprimento de telhado (m)
Nc = número de condutores At = área do telhado (m2)

11.6 Dimensionamento de Calhas de Piso

Passo 1: Calcule a vazão total da área a ser drenada.

Primeiramente precisamos identificar a intensidade pluviométrica (quantidade


de chuva da região, calculada em milímetros por hora). Para isto, basta selecionar
na tabela 02 o local em que será executado o projeto e o período da chuva conforme
orientações da Tabela 02 (Índice de Chuvas no Brasil):

 Período de retorno T = 1 ano, utilizado em áreas pavimentadas onde o


empoçamentos possam ser tolerados;
 Período de retorno T = 5 anos, utilizado para terraço;
 Período de retorno T = 25 anos, para coberturas e áreas onde os
empoçamentos não podem ocorrer.

Tabela 02 – Índice de Chuvas no Brasil (NBR 10844 – norma da ABNT)

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 71


Os valores entre parênteses indicam os períodos de retorno a que se referem
as intensidades pluviométricas, em vez de 5 ou 25 anos, em virtude de os períodos
de observação dos postos não terem sido suficientes. Para locais não mencionados,
devem-se utilizar os dados da cidade mais próxima, que tenha condições
meteorológicas semelhantes.

Esse valor será utilizado agora para o cálculo da vazão total da área a ser
drenada, e assim saberemos quantos litros de água de chuva deverão ser escoados
pelas calhas.

Esse cálculo é feito através da seguinte equação (1):

𝐇𝐱𝐒
𝐕=
𝟑𝟔𝟎𝟎

Sendo:
V = vazão total (litros/segundo)
H = índice pluviométrico (mm/hora) da tabela 02
S = área da superfície a ser drenada (m2)
A área é calculada da seguinte forma:

Á𝐫𝐞𝐚 = 𝐁 𝐱 𝐋

Passo 2: Calcule o número de saídas das calhas para os tubos de drenagem.

Esse passo deve ser iniciado pela seleção do diâmetro e declividade do tubo
de drenagem que será utilizado no projeto. Observe que a declividade é dada em
porcentagem. Por exemplo, o que significa a declividade de 1 %?

Veja a ilustração:

Fig. 68 – Declividade para tubos de drenagem – Fonte: www.tigre.com.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 72


Ou seja, a cada a 1 metro de comprimento na horizontal, o tubo terá 1 cm de
desnível em relação ao solo.

Em seguida deve ser consultada a tabela 03 para determinar a vazão do tubo


de drenagem selecionado (Vtubo).

Tabela 03 – Vazão dos Tubos de Drenagem para diferentes declividades

Essas informações serão utilizadas na equação 2 para determinar o número


de tubos de saídas:

𝐕
𝐍 =
𝐕𝐭𝐮𝐛𝐨

Sendo:
N = número de tubos de saídas
V = vazão total (litros/segundo) da equação 1
Vtubo = vazão de cada tubo de drenagem (litros/segundo) da tabela 03

Passo 3: Verifique a capacidade de vazão da calha.

Essa etapa é a escolha do tipo de calha a ser utilizado, cuja capacidade de


escoar a água coletada dependerá da declividade e do comprimento dos trechos.

A capacidade de vazão deve ser calculada pelo trecho de calha, entre 2


saídas, através da equação 3:

𝐕
𝐕𝐭𝐫𝐞𝐜𝐡𝐨 =
𝐍

Sendo:
Vtrecho = vazão em cada trecho de calha, compreendido entre 2
saídas para tubos de drenagem (litros/segundo)
V = vazão total (litros/segundos) da equação 1
N = número de tubos de saídas

Agora localizamos a vazão calculada “Vtrecho” nas tabelas 04 e 05 (conforme


declividade escolhida). Dessa forma saberemos qual tipo de calha terá a capacidade
ideal para escoamento da área desejada.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 73


Tabela 04 – Vazão das calhas x declividade

Tabela 05 – Vazão das calhas com declividade zero* x comprimento

Nesse momento é importante conferir na tabela 06 se o tipo de calha escolhido


tem conexões adequadas para a saída com o diâmetro de tubo de drenagem
escolhido no passo 2 e confirmar quais conexões deverão ser utilizadas em cada
ponto de saída ao longo da calha (bocais, saídas laterais, cabeceiras etc.).

Tabela 06 – Conexão para ligação de calhas aos tubos de drenagem

Passo 4: Verifique a capacidade de vazão das grelhas.

O dimensionamento do sistema de drenagem de piso se encerra com a


seleção das grelhas e verificação da sua capacidade de vazão em relação à
necessidade do local. Para isso deverá ser utilizada a tabela 07, onde constam os
tipos de grelhas para cada largura de calha, sua capacidade de carga e de vazão.

Primeiramente devemos determinar o número de grelhas necessárias para


cobrir cada trecho de calhas através da equação 4:

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 74


𝐋𝐭𝐫𝐞𝐜𝐡𝐨
𝐍𝐠 =
𝟎, 𝟓𝟎

Onde: Ng = número de Grelhas por trecho

Ltrecho = comprimento do trecho em metros (as calhas já são


fornecidas no comprimento padrão de 0,5 m)

Obs.: para transformar “cm” para metros, basta dividir o valor por 100

Agora devemos escolher o modelo de grelha através da tabela 07, em função


da capacidade de carga que a grelha deverá suportar, e de sua largura (conforme
largura da calha definida no passo 3).

Tabela 07: Capacidade de Carga de Trabalho e Vazão das Grelhas

𝐕𝐓𝐠 = 𝐕𝐠𝐫𝐞𝐥𝐡𝐚 𝐱 𝐍𝐠

Onde: VTg = Capacidade de Vazão das Grelhas do trecho (L/s)

Vgrelha = Vazão de cada Grelha (em L/s)

Ng = número de Grelhas por trecho (equação 4)

Sendo o valor “VTg” maior que “Vtrecho”, conclui-se que a gralha é compatível
com a vazão de escoamento necessário.

Caso o valor “VTg” seja menor que “Vtrecho”, devemos repetir o passo 4
escolhendo outra grelha, com maior capacidade de vazão.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 75


12. Instalações Elétricas

12.1 Introdução

Os tipos de fornecimento de energia elétrica, seus limites e os valores de


tensão podem ser diferentes, conforme as várias regiões. Essas informações podem
ser obtidas com a distribuidora de energia de sua cidade.

Os exemplos aqui citados são meramente ilustrativos e não devem ser


utilizados como referência.

“Consulte sempre a distribuidora de energia local antes de começar o projeto


de sua instalação.”

12.2 Valores de Tensão

Os valores de tensão dependem do tipo de ligação feita pela distribuidora de


energia no transformador de distribuição secundária de média para baixa tensão.
Estas são as possíveis ligações e suas respectivas tensões:

Ligação em Triângulo: - tensão entre fase e neutro de 110 V~ e entre fase e fase
220 V~.

Ligação em Estrela: - tensão entre fase e neutro de 127 V~ e entre fase e fase 220
V~.

12.3 Tipo de Fornecimento de Energia Elétrica

12.3.1 Monofásico

Feito com dois fios: um fase e um neutro, com tensão de 110 V~, 127 V~ ou
220 V~.

Fig. 69 – Fornecimento monofásico – Fonte: www.schneider-electric.com.br

Normalmente é utilizado nos casos em que a potência ativa total da instalação


é inferior a 12 KW.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 76


12.3.2 Bifásico

Feito com três fios: duas fases e um neutro, com tensão de 110 V~ ou 127 V~
entre fase e neutro e de 220 V~ entre fase e fase.

Normalmente é utilizado nos casos em que a potência ativa total da instalação


é maior que 12 KW e menor que 25 KW. É o mais utilizado em instalações
residenciais.

Fig. 70 – Fornecimento bifásico – Fonte: www.schneider-electric.com.br

12.3.3 Trifásico

Feito com quatro fios: três fases e um neutro, com tensão de 110 V~ ou 127
V~ entre fase e neutro e de 220 V~ entre fase e fase.

Normalmente, é utilizado nos casos em que a potência ativa total da instalação


é maior que 25 KW e inferior que 75 KW, ou quando houver motores trifásicos ligados
instalação.

Fig. 71 – Fornecimento trifásico – Fonte: www.schneider-electric.com.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 77


12.4 Padrão de Entrada

Uma vez determinado o tipo de fornecimento, podemos determinar também o


padrão de entrada, que vem a ser o poste com isolador, a roldana, a bengala, a caixa
de medição e a haste de terra, que devem ser instalados de acordo com as
especificações técnicas da distribuidora de energia para o tipo de fornecimento.

Com o padrão de entrada pronto e definido de acordo com as normas


técnicas, é dever da distribuidora de energia, fazer uma inspeção. Se a instalação
estiver correta, a distribuidora de energia instala e liga o medidor e o ramal de
serviço.

Fig. 72 – Instalação de Entrada – Fonte: www.schneider-electric.com.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 78


Fig. 73 – Medidor de consumo de energia – Fonte: www.schneider-electric.com.br

“As normas técnicas de instalação do padrão de entrada, assim como


outras informações desse tipo, devem ser obtidas na agência local da
distribuidora de energia.”

Com o padrão de entrada feito e o medidor e ramal de serviço ligados, a


energia elétrica fornecida pela distribuidora de energia estará disponível e poderá
ser utilizada.

12.5 Componentes típicos de entrada de energia

Fig. 74 – Componentes de uma instalação elétrica – Fonte: www.schneider-electric.com.br

“Por meio do circuito de distribuição, a energia é levada do medidor (ponto de


energia) até o quadro de distribuição, mais conhecido como quadro de luz.”
Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 79
12.6 Esquema de aterramento

Conforme a norma ABNT NBR 5410, existem três tipos de esquema de


aterramento: TN, TT e IT.

O esquema TN considera três variantes, de acordo com a disposição do


condutor neutro e do condutor de proteção, TN-S, TN-C-S e TN-C.

Sua classificação é feita da seguinte maneira:

A primeira letra indica a situação da alimentação em relação à terra:

T = um ponto diretamente aterrado;

I = todos os pontos de fase e neutro são isolados em relação à terra ou um


dos pontos é isolado através de uma carga;

A segunda letra indica a situação das massas da instalação elétrica em relação à


terra:

T = massas diretamente aterradas, independentemente do aterramento da


alimentação;

N = massas ligadas no ponto de alimentação aterrado (normalmente o ponto


neutro).

Outras letras (eventuais) indicam a disposição do condutor neutro e do condutor de


proteção:

S = funções de neutro e de proteção asseguradas por condutores distintos;

C = funções de neutro e de proteção combinada em um único condutor


(condutor PEN).

Os esquemas mais utilizados em instalações residenciais são: TN-C, TN-C-S e TT,


apresentados a seguir:

Legenda:

N – Condutor de Neutro
F – Condutor de Fase
R – Condutor de Retorno
PE – Condutor de proteção elétrica (terra)
PEN – Condutor de neutro aterrado

12.6.1 Esquema TN-C

No esquema do tipo TN, um ponto de alimentação é diretamente aterrado e


as massas da instalação são ligadas a esse ponto por meio de condutores de
proteção. No esquema TN-C, as funções de neutro e de proteção são combinadas
no mesmo condutor (PEN). Esse tipo de esquema também é utilizado no
aterramento da rede pública.
Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 80
Fig. 75 – Planta de Instalação elétrica – Fonte: www.schneider-electric.com.br

Atenção: de acordo com o item 5.1.2.2.4.2 da norma ABNT NBR5410, no esquema


TN-C não podem ser utilizados dispositivos DR para seccionamento automático,
para melhor proteção contra choques elétricos.

12.6.2 Esquema TN-C-S

No esquema do tipo TN-C-S, as funções de neutro e de proteção também são


combinadas em um condutor (PEN), porém este se divide em um condutor de neutro
e outro de proteção (PE/terra) nos circuitos onde são ligadas as massas.

Este esquema é o mais recomendado para instalações residenciais.

Fig. 76 – Esquema recomendado para Instalações residenciais – Fonte: www.schneider-electric.com.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 81


12.6.3 Esquema TT

O esquema do tipo TT possui um ponto da alimentação diretamente aterrado,


e as massas da instalação são ligadas a eletrodos de aterramento eletricamente
distintos do eletrodo de aterramento de alimentação.

O esquema TT pode ser utilizado quando a residência for distante do quadro


de distribuição, pois assim se gasta menos com fios e cabos.

Fig. 76 – Esquema TT recomendado para Instalações residenciais – Fonte: www.schneider-electric.com.br

Atenção: de acordo com o item 5.1.2.2.4.3 da norma ABNT NBR5410, no


esquema TT devem ser utilizados dispositivos DR no seccionamento automático,
para melhor proteção contra choques elétricos.

12.6.4 Tensão, corrente elétrica e resistência

Considere o pequeno circuito elétrico abaixo:

Fig. 77 – Circuito Elétrico – Fonte: www.schneider-electric.com.br

Esse circuito pode representar, de maneira simplificada, a instalação elétrica


de uma residência. O circuito está ligado a uma rede em 110 V~, e uma lâmpada
(R) é utilizada como carga.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 82


No circuito a rede fornece a força necessária para que os elétrons contidos na
lâmpada e nos fios se movimentam de forma ordenada dos elétrons.

A esse movimento ordenado dos elétrons damos o nome de corrente elétrica


(I).

A força que a impulsiona é chamada de tensão (U).

A lâmpada possui uma resistência (R) ligada ao movimento dos elétrons.


Quando a corrente (I) passa pela lâmpada (R), temos a tensão (U) como resultado
do produto delas:

U é medido em volts (V~).

U=RxI I é medido em amperes (A).

R é medido em ohms (Ω).

12.6.5 Potência Elétrica

Para compreendermos melhor a definição de potência elétrica, vamos adotar


como exemplo a lâmpada. Ao ligarmos uma lâmpada à rede elétrica, ela se acende,
transformando a corrente que passa pelo seu filamento em luz e em calor. Como a
resistência (R) da lâmpada é consistente, a intensidade do seu brilho e do seu calor
aumenta ou diminui conforme aumentamos ou diminuímos a corrente (I) ou a tensão
(U).

U=RxI

Se R = 5 Ω e U = 110 V~

U 110
I= I= = 22A
R 5Ω

Se R = 5 Ω e U = 220 V~

U 220
I= I= = 44A
R 5Ω

Portanto, se a tensão sobre a lâmpada aumenta, a corrente aumenta


proporcionalmente. A intensidade de luz e de calor é resultado da transformação da
potência elétrica em potência luminosa e em potência térmica. A potência elétrica
(P) é diretamente proporcional à tensão (U) e à corrente (I).

P=UxI

Como a tensão na lâmpada do exemplo pode ser escrita como U = R x I, a


potência absorvida por ela também pode ser escrita da seguinte maneira:

P=RxIxI P = R x I2

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 83


Por ser um produto de tensão e da corrente, sua unidade de medida é o volt-
ampère (VA). A essa potência dá-se o nome de potência aparente. Ela é composta
de duas parcelas:

12.6.5.1 Potência Ativa

É a parcela da potência aparente efetivamente transformada em potência


mecânica, potência térmica e potência luminosa e cuja unidade de medida é o watt
(W).

Fig. 78 – Potência aparente que se transforma em mecânica, térmica ou luminosa


Fonte: www.schneider-electric.com.br

12.6.5.2 Potência Reativa

É a parcela da potência aparente transformada em campo magnético,


necessário ao acionamento de dispositivos como motores, transformadores e
reatores e cuja unidade de medida é o volt-ampère (VAR).

Fig. 79 – Potência aparente que se transforma em campo magnético


Fonte: www.schneider-electric.com.br

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 84


Nos projetos de instalações elétricas residenciais, os cálculos efetuados são
baseados na potência aparente e na potência ativa. Portanto é importante conhecer
a relação entre elas para se entender o que é fator de potência.

Como vimos anteriormente, a potência ativa representa a parcela da potência


aparente que é transformada em potência mecânica, térmica e luminosa. A essa
parcela dá-se o nome de fator de potência.

Potência Aparente = Potência Ativa + Potência Reativa

Potência Ativa = Fator de Potência x Potência Aparente

(mecânica/luminosa/térmica)

Em projetos de instalações residenciais, aplicam-se os seguintes valores de


fator de potência para saber quando a potência aparente foi transformada em
potência ativa.

Quadro 1: Fator de Potência

1,00 – para iluminação incandescente

0,95 – para o circuito de distribuição

0,80 – para pontos de tomadas e circuitos independentes

Exemplo 1:

- Potência aparente de pontos de tomada e circuitos independentes = 8000 VA

- Fator de potência utilizado = 0,80

- Potência ativa de pontos de tomada e circuitos independentes = 8000 x 0,80 = 6400 W

Exemplo 2:

- Potência ativa do circuito de distribuição = 9000 W

- Fator de potência utilizado = 0,95

- Potência aparente do circuito de distribuição = 9000 x 0,95 = 10000 VA

12.6.6 Previsão de Carga

Para determinar a potência total prevista para a instalação elétrica, é preciso


realizar a previsão de cargas. E isso se faz com o levantamento das potências
(cargas) de iluminação e de tomadas a serem instaladas.

Para exemplificar o cálculo de uma instalação elétrica, utilizaremos a


Residência-modelo a seguir:

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 85


Fig. 80 - Residência-modelo – Fonte: www.schneider-electric.com.br

Veja a seguir as recomendações da norma brasileira que devem ser


consideradas para esta instalação.

Recomendações da norma ABNT NBR 5410 para levantamento da carga de


iluminação

12.6.6.1 Condições para se estabelecer a quantidade de pontos de luz:

(quantidade mínima)

a) Prever pelo menos um ponto de luz no teto, comandado por um interruptor de


parede;
b) Nas áreas externas, a determinação da quantidade de pontos de luz fica a critério
do instalador;
c) Arandelas no banheiro devem estar distantes, no mínimo, 60 cm do limite do box
ou da banheira, para evitar o risco de acidentes com choques elétricos.

Fig. 81 – Distância para instalação de arandela em banheiro com banheira


Fonte: www.schneider-electric.com.br
Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 86
A carga de iluminação é feita em função da área do cômodo da residência. Em área
igual ou inferior a 6 m2, atribuir no mínimo 100 VA

Em área superior a 6 m2, atribuir no mínimo 100 VA nos primeiros 6 m 2, acrescidos


de 60 VA para cada aumento de 4 m2 inteiros.

Vamos, por exemplo, calcular a potência mínima de iluminação da sala de nossa


Residência-modelo.

Área da sala: 4 m x 4 m = 16 m2

Seguindo os critérios anteriores, a área pode ser dividida e a potência de iluminação


atribuída da seguinte maneira:
Total
Área da sala (m2) 6 4 4 2 16
Potência atribuída (VA) 100 60 60 0 220
Atenção:

A norma ABNT NBR 5410 não estabelece critérios de iluminação de áreas


externas em residências, ficando a decisão por conta do projetista.

A Tabela a seguir apresenta a recomendação da norma ABNT NBR 5410 para


o levantamento da carga de pontos de tomada e circuito independente. São
condições para se estabelecer a quantidade mínima de pontos de tomada:

Tabela 1
Área Quantidade Potencia
Local Observações
(m2) mínima mínima (VA)
A uma distância de no mínimo
Banheiros
60 cm da banheira ou do box.
(local com
Qualquer 1 junto ao lavatório 600 Se houver mais de uma tomada,
banheira e/ou
a potência mínima será de 600
chuveiro)
VA por tomada
Copa,
cozinha, copa-
600 VA por ponto de Acima de cada bancada deve
cozinha, área 1 para cada 3,50 m,
tomada, até 3 pontos, haver no mínimo dois pontos de
de serviço, Qualquer ou fração de
e 100 VA por ponto tomada de corrente, no mesmo
lavanderia e perímetro
adicional ponto ou em pontos distintos
locais
similares
Admite-se que o ponto de
tomada não seja instalado na
própria varanda, mas próximo
Varanda Qualquer 1 100
ao seu acesso, quando, por
causa da construção ela não
comportar ponto de tomada
No caso de salas de estar, é
1 para cada 5,00 m, possível que um ponto de
ou fração de tomada seja usado para a
Salas e perímetro, alimentação de mais de um
Qualquer 100
dormitórios espaçadas tão equipamento. Por isso, é
uniformemente recomendável equipa-las com a
quanto possível quantidade de tomadas
necessárias

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 87


(cont.)

Área Quantidade Potencia


Local Observações
(m2) mínima mínima (VA)
1 ponto de tomada
para cada 5,00 m,
ou fração de Quando a área do cômodo ou
perímetro, se a área da dependência só for igual ou
da dependência for inferior a 2,25 m2, admite-se que
Demais
Qualquer superior a 6,00 m2, 100 esse ponto seja posicionado
dependências
devendo esses externamente ao cômodo ou a
pontos ser dependência, no máximo a 80
espaçados tão cm da porta de acesso
uniformemente
quando possível

12.6.6.2 Condições para a quantidade de circuitos independentes

- A quantidade de circuitos independentes é estabelecida de acordo com o número


de aparelhos com corrente nominal superior a 10 A.

- Os circuitos independentes são destinados à ligação de equipamentos fixos, como


chuveiro, torneira elétrica e secadora de roupas.

Fig. 82 – Equipamentos fixos que demandam circuitos independentes


Fonte: www.schneider-electric.com.br

A potência nominal do equipamento a ser instalado deve ser atribuída ao


circuito.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 88


Tabela 2 – Potências mais comuns

Aparelhos Potências nominais


típicas (de entrada)
Aquecedor de água central (boiler) 50 a 100 litros 1.000 W
150 a 200 litros 1.250 W
250 litros 1.500 W
300 a 350 litros 2.000 W
400 litros 2.500 W
Aquecedor de água de passagem 4.000 a 8.000 W
Aquecedor de ambiente (portátil) 500 a 1.500 W
Aspirador de pó (tipo residencial) 500 a 1.000 W
Barbeador 8 a 12 W
Batedeira 500 a 1.500 W
Cafeteira 1.000 W
Caixa registradora 100 W
Centrifuga 150 a 300 W
Churrasqueira 3.000 W
Chuveiro 2.500 a 7.500 W
Condicionador de ar central 8.000 W
Condicionador de ar central tipo janela 7.100 BTU/h 900 W
8.500 BTU/h 1.300 W
10.000 BTU/h 1.400 W
10.000 BTU/h 1.600 W
12.000 BTU/h 1.900 W
14.000 BTU/h 1.300 W
18.000 BTU/h 2.600 W
21.000 BTU/h 2.800 W
30.000 BTU/h 3.600 W
Congelador (freezer) residencial 300 a 500 VA
Copiadora tipo xerox 1.500 a 6.500 VA
Cortador de grama 800 a 1.500 W
Distribuidor de ar (fan coil) 250 W
Ebulidor 2.000 W
Esterilizador 200 W
Exaustor de ar para cozinha (tipo residencial) 300 a 500 W
Ferro de passar roupa 800 a 1.650 W
Fogão (tipo residencial), por boca 2.500 W
Forno (tipo residencial) 4.500 W
Forno de micro-ondas (tipo residencial) 1.200 VA
Geladeira (tipo residencial) 150 a 500 VA
Grelha 1.200 W
Lavadora de pratos (tipo residencial) 1.200 a 2.800 VA
Lavadora de roupas (tipo residencial) 770 VA
Liquidificador 270 W
Máquina de costura (doméstica) 60 a 150 W
Microcomputador 200 a 300 VA
Projetor de slides 250 W
Retroprojetor 1.200 W
Secador de cabelo (doméstica) 500 a 1.200 W
Secadora de roupas (tipo residencial) 2.500 a 6.000 W
Televisor 75 a 300 W
Torneira (tipo residencial) 2.800 a 4.500 W
Torradeira (tipo residencial) 500 a 1.200 W
Triturador de lixo (de pia) 300 W
Ventilador (circulador de ar) portátil 60 a 100 W
Ventilador (circulador de ar) de pé 300 W

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 89


Observação: As potências listadas nesta tabela podem ser diferentes das potências nominais dos
aparelhos a serem realmente utilizados. Verifique sempre os valores informados pelo fabricante.

12.6.6.3 Levantamento da potência total da residência-modelo

Considerando as recomendações anteriores, montamos a seguinte tabela de


potências:

Tabela 3A – Cálculo de áreas e perímetros da residência

Dependências Dimensões
Área (m2) Perímetro (m)
Sala 4,00 x 4,00 = 16,00 4,00 + 4,00 + 4,00 + 4,00 = 16,00
Dormitório 1 4,00 x 4,00 = 16,00 4,00 + 4,00 + 4,00 + 4,00 = 16,00
Dormitório 2 4,00 x 4,00 = 16,00 4,00 + 4,00 + 4,00 + 4,00 = 16,00
Cozinha 4,00 x 4,08 = 16,32 4,00 + 4,08 + 4,00 + 4,08 = 16,16
Copa 4,00 x 4,08 = 16,32 4,00 + 4,08 + 4,00 + 4,08 = 16,16
Área de serviço 4,00 x 2,00 = 8,00 4,00 + 2,00 + 4,00 + 2,00 = 12,00
Banheiro 2,00 x 2,65 = 5,30 2,00 + 2,65 + 2,00 + 2,65 = 9,30
Corredor 1,20 x 2,00 = 2,40 1,20 + 2,00 + 1,20 + 2,00 = 6,40

Tabela 3B – Previsão de cargas

Potência de Pontos de tomada Circuitos Independentes


Dependências iluminação
(VA) Potência Potência
Qtde Discriminação
(VA) (W)
Sala 220 4 400
Dormitório 1 220 4 400
Dormitório 2 220 4 400
Cozinha 160 4 1.900 Torneira 3.500
Copa 160 4 1.900
Área de serviço 100 4 1.900
Banheiro 100 1 600 Chuveiro 4.400
Corredor 100 3 300
Total 900 5.500 7.900

Potência aparente total (VA) 900 + 5.500 = 6.400


Potência aparente total (W) 3.500 + 4.400 = 6.400

No caso de alguns aparelhos, como chuveiros e torneira elétrica, a potência


ativa já é fornecida pelo fabricante (sempre em watts). Quando a potência ativa já é
fornecida, podemos utilizá-la diretamente no cálculo da potência total.

A partir da tabela 3A calculam-se as dimensões de cada dependência e da


tabela 3B faz-se o levantamento da potência total envolvida (ou carga instalada) no
projeto. A partir da potência total pode-se determinar qual o tipo de fornecimento a
ser utilizado.

Primeiro passo: calcule a potência ativa de iluminação e dos pontos de tomada a


partir da potência aparente, utilizado o fator de potência.

Potência dos pontos de tomada = 5.500 VA


Fator de potência utilizado = 0,8
Potência ativa = 5.500 VA x 0,8 = 4.400 W
Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 90
Potência de iluminação = 900 VA
Fator de potência utilizado = 1,00
Potência ativa = 900 VA x 1,00 = 900W

Segundo passo: calcule a potência ativa total.

Potência de iluminação 900 W


+
Potência ativa dos pontos de tomada 4.400 W
+
Potência ativa dos circuitos independentes 7.900 W
=
Potência ativa total 13.200 W

Observação: Para o exemplo da residência-modelo, o tipo de fornecimento adotado


será bifásico, com tensão entre fase e neutro de 127 V~ e entre fase e fase de 220
V~ (ligação estrela). Porém é importante lembrar que em um projeto real deve-se
consultar os padrões utilizados pela fornecedora da energia local.

12.6.6.4 Divisão do circuito da instalação

A instalação elétrica de uma residência deve ser dividida em circuitos


terminais. Isso facilita a manutenção e reduz a interferência entre pontos de luz e
tomada de diferentes áreas. Conforme as recomendações da norma ABNT NBR
5410, a previsão dos circuitos terminais deve ser feita da seguinte maneira:

 Os circuitos de iluminação devem ser separados dos circuitos de pontos


de tomada e dos circuitos independentes (4.2.5.5);

 Todos os pontos de tomada de cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas


de serviço, lavanderias e locais semelhantes devem ser atendidos por
circuitos exclusivos (9.5.3.2);

 Todo ponto de utilização previsto para alimentar equipamento com


corrente nominal superior a 10 A, de modo exclusivo ou ocasional, deve
constituir um circuito independente.

Além desses critérios, o projetista precisa considerar também as dificuldades


referentes à execução da instalação.

12.6.6.5 Tensão dos circuitos da residência-modelo

Como o tipo de fornecimento utilizado nesse exemplo é bifásico, ou seja,


existem duas fases e um neutro alimentando o quadro de distribuição, a tensão entre
os circuitos foi distribuída da seguinte forma:

 Os circuitos de iluminação e de pontos de tomada serão ligados na menor


tensão (127 Va), entre fase e neutro.

 Os circuitos independentes serão ligados na maior tensão (220 Va), entre


fase e fase. Assim a corrente que passará por eles será menor.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 91


 Quando o circuito de distribuição for bifásico ou trifásico, deve-se
considerar sempre a maior tensão (fase-fase).

No exemplo, a tensão é de 220 Va.

Atenção: os circuitos 127 V~ não devem ser ligados em uma única fase, mas
distribuídos entre eles da forma mais balanceada possível.

12.6.6.6 Cálculo da corrente

Agora vamos calcular as correntes Ic (corrente calculada) e Ib (corrente de


projeto) do circuito de distribuição e dos circuitos terminais para que, mais adiante,
possamos dimensionar as seções (bitolas) dos fios ou dos cabos.

Por que calcular Ic e Ib?

Quando vários fios são agrupados em um mesmo eletroduto, eles se aquecem


e o risco de um curto-circuito ou princípio de incêndio aumenta. Para que isso não
ocorra, é necessário utilizar fios ou cabos de maior seção (bitola) a fim de diminuir
os efeitos desse aquecimento. Então a corrente Ic é corrigida pelo fator de
agrupamento (f), resultando em uma corrente maior Ib, que é utilizada para
determinar a seção (bitola) dos condutores.

Potência aparente do circuito


Ic =
Tensão terminal

Ic
Ib =
Fator de agrupamento

12.6.6.7 Cálculo da corrente do circuito de distribuição

Fig. 83 - Cálculo da corrente do circuito de distribuição – Fonte: www.schneider-electric.com.br

A seção bitola dos condutores do circuito de distribuição será calculada mais adiante,
junto com os circuitos terminais.
Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 92
Primeiro passo: some os valores de potência ativas de iluminação e dos pontos de
tomada. O resultado é a potência instalada.

900 W + 4.400 W = 5.300 W

Segundo passo: some os valores de potência ativas de iluminação e dos pontos de


tomada. O resultado é a potência instalada.

Tabela 4 – Fator de demanda para iluminação e pontos de tomada

Potência instalada (W) Fator de demanda


0 a 1.000 0,86
1.001 a 2.000 0,75
2.001 a 3.000 0,66
3.001 a 4.000 0,59
4.001 a 5.000 0,52
5.001 a 6.000 0,45
6.001 a 7.000 0,40
5.001 a 8.000 0,35
8.001 a 9.000 0,31
9.001 a 10.000 0,27
Acima de 10.000 0,24

Como os 5.300 W de potência instalada estão na faixa entre 5.001 e 6.000 W,


o fator de demanda a ser utilizado é o 0,45.

5.300 x 0,45 = 2.400 W

(Demanda máxima dos circuitos de iluminação e pontos de tomada)

Terceiro passo: em seguida, some as potências instaladas dos circuitos


independentes – no nosso exemplo, são os circuitos para o chuveiro e torneira
elétrica - e multiplique o resultado pelo fator de demanda correspondente.

O fator de demanda dos circuitos independentes é obtido em função do


número de circuitos previsto no projeto.

Tabela 5 – Fator de demanda para circuitos independentes

N° de Fator de N° de Fator de
circuitos demanda circuitos demanda
01 1,00 14 0,45
02 1,00 15 0,44
03 0,84 16 0,43
04 0,76 17 0,40
05 0,70 18 0,41
06 0,65 19 0,40
07 0,60 20 0,40
08 0,57 21 0,39
09 0,54 22 0,39
10 0,52 23 0,39
11 0,49 24 0,38
12 0,48 25 0,38
13 0,46

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 93


Circuitos independentes = 2

(Chuveiro e torneira elétrica)


Fator de demanda = 1,00
Potência total instalada = 4.400 W + 3.500 W = 7.900 W

(Demanda máxima dos circuitos independentes)

Quarto passo: some os valores demandas máximas de iluminação, pontos de


tomada e circuitos independentes.

– no nosso exemplo, são os circuitos para o chuveiro e torneira elétrica - e


multiplique o resultado pelo fator de demanda correspondente.

2.400W + 7.900 W = 10.300 W

Quinto passo: esse valor (10.300 W) corresponde à potência ativa instalada no


circuito de distribuição. Para encontrar a corrente é preciso transformá-la em
potência aparente (VA). Então, dívida os 10.300 W pelo fator de potência de 0,95.

Potência ativa
PAPARENTE =
Fator de potência

10.300 W
PAPARENTE = = 𝟏𝟎. 𝟖𝟒𝟑 𝐕𝐀
0,95

Sexto passo: obtida a potência aparente do circuito de distribuição, calcule sua


corrente Ic. Para calcular a corrente Ic do circuito de distribuição, utilize sempre a
maior tensão que ele fornece. Neste caso, como o circuito é composto de duas fases
e um neutro, utilize a tensão entre fase e fase (220 V~).

P
Ic =
U

10.843 VA
Ic =
220 V~

Ic = 49,3A

A seção (bitola) dos condutores do circuito de distribuição será calculada mais


adiante, junto com os circuitos terminais.

12.6.6.8 Cálculo da corrente dos circuitos terminais

Obedecendo aos critérios estabelecidos pela norma ABNT NBR 5410 na


residência-modelo, o projeto deve possuir, no mínimo, 4 circuitos terminais:

 1 para iluminação;
 1 para os pontos de tomada;

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 94


 2 para os circuitos independentes (chuveiro e torneira elétrica)

Circuito de iluminação: optou-se por dividir as cargas de iluminação em dois


circuitos mesmo sendo pequena a potência de cada um, pois, em caso de defeito ou
manutenção, não é necessário desligar toda a iluminação.

Circuito de pontos de tomada: optou-se por dividir as cargas dos pontos de tomada
em três circuitos, para não misturar no mesmo circuito os pontos de tomada da
cozinha, da área de serviço, do corredor e do banheiro com pontos de tomada da
sala e do dormitório, conforme a recomendação 9.5.3.2 da norma ABNT NBR 5410.

12.6.6.9 Cálculo da corrente do circuito de distribuição

Primeiro passo: monte a tabela de divisão do circuito.

Tabela 6 – Divisão dos circuitos

Circuito Tensão Locais


N° Tipo
1 Iluminação social 127 V~ Sala, dormitório, corredor e banheiro
2 Iluminação serviço 127 V~ Cozinha e área de serviço
3 Pontos de tomada 127 V~ Cozinha
4 Pontos de tomada 127 V~ Área de serviço, corredor e banheiro
5 Pontos de tomada 127 V~ Sala e dormitório
6 Circuitos 220 V~ Torneira elétrica
independentes
7 Circuitos 220 V~ Chuveiro
independentes
Distribuição 220 V~ Circuito entre o quadro de distribuição e o
quadro do medidor

Os circuitos foram divididos dessa maneira seguindo os critérios já citados


anteriormente. No caso de um projeto real, pode-se optar por uma quantidade menor
de circuitos conforme a necessidade.

Atenção: Os valores de tensão utilizados podem ser diferentes conforme a região e


seu sistema de distribuição. Neste exemplo, foi utilizado sistema bifásico em estrela
com tensão entre fase e neutro de 127 V~ e fase e fase de 220 V~.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 95


Segundo passo: calcule a potência total de cada circuito com os valores calculados
na tabela 3B.

Potência Corrente Ic
Tensão calculada
Circuito N° Tensão V~ Locais Qtde x
Total (VA) V~ P
Pot. (VA) Ic =
U

Sala 1x220
1. Iluminação Dormitório 1x220
127 640 127 5A
Social Corredor 1x100
Banheiro 1x100

2. Iluminação Cozinha 1x160


127 260 127 2A
Serviço Área de serviço 1x100

3. Pontos de 3x600
127 Cozinha 1900 127 15 A
tomadas 1x100
3x600
Área de serviço
4. Pontos de 1x100
127 Corredor 2800 127 22 A
tomadas 3x100
Banheiro
1x600
5.Pontos de Sala 4x100 6 A
127 800 127
tomadas Dormitório 4x100

6.Circuitos 220 Torneira elétrica 1x3.500 3500 220 16 A


independentes
7.Circuitos 220 Chuveiro 1x4.400 4400 220 20 A
independentes
Circuito entre o
Circuito de quadro de 10843
220 50 A
distribuição distribuição e o (calculado)
quadro medidor

Atenção: As potências aparentes do chuveiro e da torneira elétrica podem ser


consideras iguais às suas respectivas potências ativas. Como as lâmpadas
incandescentes, elas possuem apenas carga resistiva e, portanto, o fator de
potência utilizado é igual a 1,00.

Com as correntes calculadas (Ic) de todos os circuitos, devemos encontrar os


fatores de agrupamento de cada um deles. O fator de agrupamento de um circuito
é encontrado em função do mesmo eletroduto. Vamos encontrar, por exemplo, o
fator de agrupamento do circuito 1 (circuito de iluminação da sala, dormitório,
corredor e banheiro):

Exemplo de instalação do eletroduto:

Figura A

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 96


Fig. 84 – Instalação de Eletroduto – Fonte: www.schneider-electric.com.br

Também podemos utilizar o diagrama de passagem dos fios/cabos do projeto para


determinar a quantidade de circuitos agrupados.

Figura B

Fig. 85 - Diagrama de passagem dos fios/cabos – Fonte: www.schneider-electric.com.br

O trecho com maior quantidade de circuitos agrupados por onde passa o


circuito 1 é o trecho EC (eletroduto que passa pelo teto antes da sala e do dormitório
– figura A). São quatro circuitos agrupados no total. Quanto aos demais circuitos,
os eletrodutos com o maior número de circuitos agrupados estão no diagrama (figura
B).

A tabela 8 mostra como ficaram agrupados todos os circuitos.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 97


Tabela 8 – Agrupamento dos circuitos

Maior n° de circuitos
Circuitos agrupados no mesmo
eletroduto
1 4
2 4
3 3
4 4
5 4
6 3
7 3
Distribuição 1

A tabela 9 contém os fatores de agrupamento em função do número de


circuitos agrupados.

Tabela 9 – Fatores de agrupamento dos circuitos

Fator de
N° de circuitos
agrupamento
agrupados
(f)
1 1,00
2 0,80
3 0,70
4 0,65
5 0,60
6 0,56
7 0,55

No circuito 1, o maior número de circuitos agrupados é quatro. Portanto o


fator de agrupamento a ser utilizado é 0,65. Divida a corrente (Ic) do circuito 1,
calculada anteriormente (veja tabela 7) pelo fator de agrupamento (f) encontrado
para determinar o valor da corrente de projeto (Ib).

Ic
Ib =
f

5A
Ib =
0,65

Ib = 8 A

Repita o mesmo processo nos demais circuitos a fim de encontrar suas


respectivas correntes corrigidas:

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 98


Corrente Maior n° de Corrente
Fator de
Circuito calculada circuitos de projeto
agrupamento (f)
Ic (A) agrupados Ib (A)
1 5 4 0,65 8
2 2 4 0,65 3
3 15 3 0,70 21
4 22 4 0,65 34
5 6 4 0,65 9
6 16 3 0,70 23
7 20 3 0,70 29
Distribuição 50 1 1,00 50

Atenção: conhecendo as correntes de projeto (Ib) de todos os circuitos terminais e


de distribuição, pode-se determinar o dimensionamento adequado dos fios e dos
cabos para cada um deles.

12.7 Dimensionamento dos condutores

Para encontrar a bitola correta do fio ou cabo a ser utilizado em cada circuito,
utilizaremos a tabela 11 (baseada na tabela tipos de linhas elétricas da norma ABNT
NBR 5410), onde encontraremos o método de referência das principais formas de
se instalar fios ou cabos em uma residência.

Em nosso exemplo do circuito 1, supondo que o teto seja de laje e que os


eletrodutos serão embutidos nela, podemos utilizar “condutores isolados ou cabos
unipolares em eletroduto de seção circular embutido na alvenaria”. É o segundo
esquema da tabela. Seu método de referência é B1. Se em vez de laje, fosse em
forro de madeira ou gesso, utilizaríamos o quarto esquema, e o método de referência
mudaria.

Tabela 11 – Tipos de linhas elétricas

Método de Esquema Descrição


referência ilustrativo
B1 Condutores isolados ou cabos
unipolares em eletroduto
aparente de seção não-circular
sobre paredes.
B1 Condutores isolados ou cabos
unipolares em eletroduto
aparente de seção circular
embutido em alvenaria.
BI ou B2* Condutores isolados ou cabos
unipolares em eletroduto
aparente de seção circular sobre
parede ou espaçado desta
menos de 0,3 vez o diâmetro do
eletroduto.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 99


D Cabo multipolar em eletroduto
(de seção circular ou não) ou
caneleta não-ventilada
enterrado(a).
Cabo unipolares em eletroduto
(de seção não-circular ou não)
ou em caneleta não-ventilada
enterrado(a).
Cabo unipolares ou cabo
multipolar diretamente
enterrado(s) com proteção
mecânica adicional.

*Se a altura(h) do espaço for entre 1,5 e 20 vezes maior que o


diâmetro (D) do(s) eletroduto(s) que passa(m) por ele, o método
adotado deve ser B2. Se a altura (h) for maior que 20 vezes, o método
adotado deve ser o B1.

Após determinar o método de referência, escolhe-se a bitola do cabo ou do


fio que será utilizado na instalação a partir da tabela 12. A quantidade de condutores
carregados no circuito (fases e neutro) também influencia a escolha.

No exemplo do circuito 1, há dois condutores carregados (uma fase e um


neutro). Conforme a tabela 10, sua corrente corrigida Ib é 8 A, e o método de
referência que devemos utilizar é B1. Portanto, de acordo com a tabela 12, a seguir,
a seção (bitola) mínima do condutor deve ser 0,5 mm 2.

Tabela 12 – Capacidades de condução de corrente, em ampères, em relação ao


método de referência B1. B2 e D.

12.7.1 Características e condições de temperatura dos condutores

Condutores: cobre
Isolação: PVC
Temperatura no condutor: 70°C
Temperaturas de referência do ambiente: 30°C (ar), 20°C (solo)

Métodos de referência Indicados na tabela 11


Seções BI B2 D
nominais Número de condutores carregados
(mm2) 2 3 3 3 2 3
Capacidade de condução de corrente (A)
0,5 9 8 9 8 12 10
0,75 11 10 11 10 15 12
1 14 12 13 12 18 15
1,5 17,5 15,5 16,5 15 22 18
2,5 24 21 23 20 29 24
4 32 28 30 27 38 31
6 41 36 38 34 47 39
10 57 50 52 46 63 52
16 76 68 69 62 81 67
25 101 89 90 80 104 86
35 125 110 111 99 125 103
Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 100
50 151 134 133 118 148 122
70 192 171 168 149 183 151
95 232 207 201 179 216 179
120 269 239 232 206 246 203
150 309 275 265 236 278 230
185 353 314 300 268 312 258
240 415 370 351 313 361 297
300 477 426 401 358 408 336
400 571 510 477 425 478 394
500 656 587 545 486 540 445
630 758 678 626 559 614 506
800 881 788 723 645 700 577
1000 1.012 906 827 738 792 652

Atenção: as tabelas 11 e 12 são versões resumidas da norma ABNT NBR 5410.


Nelas foram apresentados apenas os casos mais utilizados em instalações
residenciais. Consulte a norma quando houver uma situação que não se enquadre
nas listas aqui apresentadas.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 101


Aplicando-se o mesmo princípio em todos os circuitos da Residência-modelo,
temos a seguinte tabela:

Tabela 13 – Seção dos condutores do circuito

Método n° de Corrente Seção


Forma de
Circuito de condutores corrigida nominal
instalação
referência carregados IB (A) (mm2)
1 Fios isolados em
eletrodutos de
seção circular B1 2 8 0,5
embutido em
alvenaria
2 Fios isolados em
eletrodutos de
seção circular B1 2 3 0,5
embutido em
alvenaria
3 Fios isolados em
eletrodutos de
seção circular B1 2 21 2,5
embutido em
alvenaria
4 Fios isolados em
eletrodutos de
seção circular B1 2 34 6,0
embutido em
alvenaria
5 Fios isolados em
eletrodutos de
seção circular B1 2 9 0,5
embutido em
alvenaria
6 Fios isolados em
eletrodutos de
seção circular B1 2 23 2,5
embutido em
alvenaria
7 Fios isolados em
eletrodutos de
seção circular B1 2 29 4,0
embutido em
alvenaria
Distribuição Cabos unipolares
em eletroduto D 3 50 10,0
enterrado

Porém, a norma ABNT NBR 5410 determina seções mínimas para os


condutores de acordo com a sua utilização, que devem prevalecer sobre o calculado
na tabela 13.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 102


Tabela 14 – Seções mínimas dos condutores segundo sua utilização

Tipo de circuito Seção nominal (mm2)


Iluminação 1,5
Alimentação (pontos de tomada,
2,5
circuitos independentes e distribuição)

Então a seção mínima de todos os circuitos será:

Tabela 15 – Seções mínimas dos condutores da Residência-modelo

Circuito Tipo Seção mínima


(mm2)
1 Iluminação 1,5
2 Iluminação 1,5
3 Alimentação 2,5
4 Alimentação 6,0
5 Alimentação 2,5
6 Alimentação 2,5
7 Alimentação 4,0
Distribuição Alimentação 10,0

Nos casos em que o quadro de distribuição, ou do medidor, fica distante da


casa, deve-se levar em conta o comprimento máximo do condutor em função da
queda de tensão (Veja tabela 16).

Tabela 16 – Comprimento máximo dos circuitos

ABNT NBR 6148


Capacidade Comprimento máximo do circuito em função da queda
Seção de de tensão (m)
nominal condução Eletroduto não-metálico Eletroduto metálico
(mm2) de corrente
127 V~ 220 V~ 127 V~ 220 V~
(A)
1,5 15,5 8m 14m 7m 12m
2,5 21 10m 17m 9m 15m
4 28 12m 20m 10m 17m
6 36 13m 23m 12m 21m
10 50 32m 56m 29m 50m
16 68 37m 64m 33m 57m
25 89 47m 81m 38m 66m
35 111 47m 81m 41m 71m
50 134 50m 86m 44m 76m
70 171 54m 94m 46m 80m
95 207 57m 99m 49m 85m
120 239 59m 102m 51m 88m
150 275 60m 103m 50m 86m
185 314 60m 104m 51m 88m
240 369 60m 104m 47m 82m
300 420 58m 100m 45m 78m

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 103


Observação: os comprimentos máximos indicados foram calculados
considerando-se circuitos trifásicos com carga concentrada na extremidade, corrente
igual à capacidade de condução respectiva com fator de potência 0,8 e quedas de
tensão máximas de 2% nas seções de 1,5 a 6 mm 2, inclusive, e de 4% nas demais
seções (pior situação possível).

De acordo com a tabela 16, o comprimento máximo de um condutor de 10


mm2 é de 56 m. Portanto se o quadro do medidor estiver a 60 m do quadro de
distribuição, como na Residência-modelo, haverá uma queda de tensão significativa
na entrada do quadro de distribuição. A solução nesse caso é utilizar um condutor
de seção maior, que na mesma situação possa conduzir sem queda de tensão. Pela
tabela, esse condutor deve ter 16 mm2 ou mais.

A seguir, vemos os limites de temperatura do tipo mais comum de condutor


utilizado. Caso seu projeto não se enquadre nesses limites, consulte a norma ABNT
NBR 5410.

Tabela 17 – Limites de temperatura do condutor mais comum

Temperatura
Temperatura Temperatura
Tipo de limite de
máxima de serviço limite de curto-
isolação sobrecarga
contínuo °C circuito °C
°C
PVC com seção
70’ 100 160
até 300 mm2

12.7.2 Condutores de neutro e de proteção

Normalmente, em uma instalação todos os condutores de um mesmo circuito têm a


mesma seção (bitola), porém, a norma ABNT NBR 5410 permite a utilização de
condutores de neutro e de proteção com seção menor que a obtida no
dimensionamento nas seguintes situações:

Condutor de neutro: em circuitos trifásicos em que a seção obtida no


dimensionamento seja igual ou maior que 35 mm 2, a seção do condutor de neutro
poderá ser como na tabela 18:

Tabela 18 – Seções mínimas do condutor de neutro (N)

Seção dos condutores Seção do neutro


(mm2) (mm2)
35 25
50 25
70 35
95 5

Condutor de proteção: em circuitos em que a seção obtida seja igual ou superior a


25 mm2, a seção do condutor de proteção pode ser como indicada na tabela 19.

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 104


Tabela 19: Seções mínimas do condutor de proteção

Seção dos condutores Seção do condutor de


(mm2) proteção (mm2)
25 16
35 16
50 25
70 35
95 50

12.7.3 Coloração dos condutores

De acordo com a norma ABNT NBR 5410, os condutores deverão ter as


colorações abaixo:

 Condutor de proteção (PE ou terra): verde ou verde-amarelo.


 Condutor neutro: azul
 Condutor fase: qualquer cor, exceto as utilizadas no condutor de proteção e
ou condutor de neutro, ou seja, menos verde, verde-amarelo ou azul.
 Condutor de retorno (utilizado em circuitos de iluminação): utilizar
preferencialmente a cor preta.

12.7.4 Dimensionamento dos eletrodutos

Com as seções dos fios e dos cabos de todos os circuitos já dimensionadas,


o próximo passo é o dimensionamento dos condutores. O tamanho nominal é o
diâmetro externo do eletroduto expresso em mm, padronizado por norma. Esse
diâmetro deve permitir a passagem fácil dos condutores. Por isso recomenda-se
que os condutores não ocupem mais que 40% da área útil dos eletrodutos. Proceda
da seguinte maneira em cada trecho da instalação:

Conte o número de condutores que passarão pelo trecho;

Dimensione o eletroduto a partir do condutor com a maior seção (bitola) que


passa pelo trecho.

Fig. 86 – Eletroduto – Fonte: www.schneider-electric.com.br

Tendo em vista essas considerações, a tabela a seguir fornece diretamente o


tamanho do eletroduto.

Tabela 20: Definição do diâmetro do eletroduto

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 105


Seção Número de condutores dentro do eletroduto
nominal 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(mm2)
1,5 16 16 16 16 16 16 20 20 20
2,5 16 16 16 20 20 20 20 25 25
4 16 16 20 20 20 25 25 25 25
6 16 20 20 25 25 25 25 32 32
10 20 20 25 25 32 32 32 40 40
16 20 25 25 32 32 40 40 40 40
25 25 32 32 40 50 50 50 50 50
35 25 32 40 40 50 50 50 50 60
50 32 40 40 50 50 60 60 60 75
70 40 40 50 60 60 60 75 75 75
95 40 50 60 60 75 75 75 85 85
120 50 50 60 75 75 75 85 85
150 50 60 75 75 75 85 85
185 50 75 75 85 85
240 60 75 85

No projeto da residência-modelo, o circuito de distribuição possui três cabos de 10


mm2 de seção (fase1, fase2 e neutro). Portanto, segundo a tabela 20, o tamanho
nominal do eletroduto será de 20 mm

Fig. 87 – Circuito de Distribuição – Fonte: www.schneider-electric.com.br

13. Referências Bibliográficas

- Manual Técnico TIGRE

- Manual e catálogo do Eletricista – Schneider-Electric

- Apostila de Instalações Hidráulicas Prediais – Prof. Luciano R. Matias

- Apostila de Desenho Técnico – Prof. Carlos Augusto de Paiva Sampaio

http://site.sabesp.com.br/uploads/file/Folhetos/2014/manual_instalacao_hidraulica.p
df

http://www3.caesb.df.gov.br/_conteudo/FolhetosManuais/Instala%C3%A7%C3%A3
oFossaS%C3%A9pticaSumidouro.pdf

Curso de Instalador Hidráulico e Elétrico Residencial 106

Você também pode gostar