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Organização e comentários
Brian Kolodiejchuk
Tradução
Maria José Figueiredo
3* edição
petra
Título original: Mother Theresa: Come Be My Light
Imagens de capa: Sal Dimarco Jr. - Getty Images/ Eric Vandeville - Getty Images/
iStock_photographer/ iStock_Richard Goerg
Cl48v
3. ed.
Calcutá, Teresa de
Venha, seja minha lu z : os escritos privados da Santa de Calcutá / Teresa de
Calcutá ; organização Brian Kolodiejchuk; tradução Maria José Figueiredo. - 3. ed. - Rio
de Janeiro : Petra, 2016.
16-34344. CD D : 248.4
CD U : 248.14
P etra E ditora
Rua Nova Jerusalém, 345 - Bonsucesso - 21042-235
Rio de Janeiro - RJ - Brasil
Te!.: (21) 3882-8200 - Fax: (21) 3882-8212/8313
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Se eu alguma vez vier a ser santa, serei certamente uma santa da
"escuridão". Estarei continuamente ausente do Céu — para acender
a luz daqueles que se encontram na escuridão na terra.
S a nt a T e r e s a de C al cu t á
Para aqueles, especialmente os mais pobres dos pobres,
que se encontram em alguma forma de escuridão;
que possam encontrar consolo e encorajamento
na experiência e na fé de Madre Teresa.
Sumário
<Prefácio 11
In tro d u ç ã o 13
C a p ítu lo 1
“Segure a máo Dele e caminhe sozinha com Ele” 25
C a p ítu lo 2
Uma coisa muito bonita para Jesus 41
C a p ítu lo 3
“Venha, seja M inha luz” 53
C a p ítu lo 4
“Para levar alegria ao Coração sofrido de Jesus” 67
C a p ítu lo 5
“Não demore mais. Não me detenha” 93
C a p ítu lo 6
Rumo aos “buracos escuros” 115
C a p ítu lo 7
“A noite escura do nascimento da congregação” 133
C a p ítu lo 8
A sede de Jesus Crucificado 159
C apítu lo 9 187
“Meu Deus, quão dolorosa é esta dor desconhecida”
C apítu lo 10 215
“Cheguei a amar a escuridão”
C apítu lo 11 241
“À disposição Dele”
C apítu lo 12 273
“Deus usa o que é nada para mostrar a Sua grandeza”
C apítu lo 13 305
Irradiar Cristo
Conclusão 337
^ Ip ê n d ic e ^ í As Regras 343
.A gradecim en to s 367
J fo ta s 373
'Prefácio
H á décadas, Madre Teresa e sua obra têm despertado grande interesse pú
blico. Tendo em vista toda a atenção que a religiosa despertou em vida e,
em particular, na hora de sua morte aos 87 anos, uma questão se coloca:
qual era a origem da força que atraía tanta gente para ela? Madre Teresa
teria certamente preferido passar despercebida. Considerando-se apenas
“um lápis nas mãos de Deus”,* estava convencida de que Ele usava o seu
“nada” para mostrar Sua grandeza. Nunca se considerou a autora das coi
sas que realizava e sempre tentou desviar a atenção que recebia para Deus
e para “a obra Dele” junto aos mais pobres dos pobres. Mas não estava
nos planos da Providência que ela permanecesse desconhecida. Pessoas de
todos os credos e de condições diversas reconheceram o amor altruísta e
a compaixão que a Madre tinha pelos pobres; admiraram sua simplicida-
* “Muito frequentemente me sinto como um pequeno lápis nas mãos de Deus. Ele escre
ve, Ele pensa, Ele faz os movimentos. Eu só tenho que ser o lápis." (Discurso de Madre
Teresa - Roma, 7 de março de 1979)
12 Venha, seja M i n h a luz
P e. B r i a n K o l o d i e j c h u k , M C
Postulador da causa de canonização da
Bem-aventurada Teresa de Calcutá
Diretor do Mother Teresa Center
Introdução
“Se eu alguma vez vier a ser santa, serei certamente uma santa da ‘escu
ridão’. Estarei continuamente ausente do Céu — para acender a luz da
queles que se encontram na escuridão na terra.”1Lidas como uma espécie
de “declaração de missão”, essas palavras de Madre Teresa são uma chave
para a compreensão da sua vida espiritual e, na verdade, de toda a sua
vida. “Venha, seja M inha luz”, tinha-lhe pedido Jesus, e a Madre esfor
çou-se para ser essa luz do amor de Deus na vida dos que se encontravam
na escuridão. Para ela, porém, o preço paradoxal e totalmente inesperado
de sua missão foi o fato de que ela própria viveria numa “terrível escuri
dão”. Com o escreveu a um dos seus diretores espirituais:
Seu legado
Os documentos
O Padre [Van Exem] também tem muitas cartas que eu escrevi para
ele sobre a obra — quando eu ainda era uma freira de Loreto. Agora
que o plano que Jesus nos confiou está nas Constituições — essas
cartas não são necessárias. Peço que as devolva, por favor — porque
eram a exata expressão da minha alma naquele momento. Gostaria
de queimar todos os papéis que revelem qualquer coisa sobre mim.
— Peço-lhe, por favor, Excelência, suplico-lhe que me conceda este
desejo — quero que o segredo que Deus me confiou continue sendo
só nosso — o mundo não o conhece e eu quero que fique assim. —
■Santa Teresa de Ca lc ut á 17
Fui esta manhã, mas o senhor não estava. Tenho um grande pedido
a fazer ao senhor. — Nunca lhe pedi nada pessoalmente. — Fiquei
sabendo, através do Monsenhor E. Barber, que o Cardeal Spellman
deseja escrever sobre mim e sobre a obra. O Bispo Morrow irá lhe pe
dir todos os documentos. — Ao senhor e ao Pe. Van Exem confiei os
meus pensamentos mais profundos — o meu amor a Jesus — e o Seu
terno amor por mim — por fevor, não lhe dê nada de 1946. Quero
que a obra continue a ser inteiramente Dele. Quando o começo se
tornar conhecido, as pessoas passarão a pensar mais em mim — e
menos em Jesus. Por favor, por amor a Nossa Senhora, não conte
nem dê coisa alguma. Sei que eles querem ajudar financeira[mente] a
Congregação — não quero dinheiro — minha confiança em Deus é
cega — sei que Ele nunca me abandonará. Nesses poucos anos, pas
saram pelas minhas mãos lakhs** de rúpias — não sei como foi que
aqui chegaram. Sou perfeitamente feliz e grata a Deus por aquilo que
Ele dá — prefiro ser e permanecer pobre com Jesus e os Seus pobres.
— Prefiro pedir esmola e lutar com pouco. — Ele que escreva sobre
“a obra” e a nossa pobre gente sofredora. — Que me ajude a pagar
os estudos das nossas crianças pobres e dar às mais inteligentes uma
oportunidade na vida.
O Rev. Pe. Martindale S.J. também quer escrever e mandou um
recado pelo Capitão Cheshire — eu recusei. — Sou apenas um ins
trumento Dele — por que se interessam tanto por mim — quando a
obra é toda Dele. Nada reclamo como meu. Me foi dado. [_]5
Três anos mais tarde, teve uma nova oportunidade para solicitar
que os documentos fossem destruídos. A fim de obter a aprovação pon
tifícia para as Missionárias da Caridade, o arcebispo de Calcutá precisou
apresentar um pedido formal ao papa, descrevendo a história e a obra da
congregação que tinha sob seu cuidado. Esse novo escrutínio preocupou
Madre Teresa.
Excelência,
Agora que está examinando o arquivo da nossa Congregação
— peço que destrua quaisquer cartas que eu tenha escrito a Vos
sa Excelência — que não sejam relacionadas à Congregação. — “O
Chamado” foi um delicado presente de Deus para mim — indigna
— não sei por que Ele me escolheu — acho que tenha sido como as
pessoas que nós apanhamos na rua — porque são as que ninguém
quer. Desde o primeiro [dia] até hoje — esta minha nova vocação foi
um prolongado “Sim” a Deus — sem me preocupar com o preço a
pagar. — Minha convicção de que “a obra é Dele” — é mais do que a
realidade. — Nunca duvidei. Só me magoa que as pessoas me tratem
como fundadora, porque sei com certeza que Ele me pediu — “Fará
isto por Mim?” Tudo foi Dele — eu apenas tive de me render ao Seu
plano — à Sua vontade. — Hoje, a obra Dele cresceu porque é Ele, e
não eu, que a faz através de mim.
Estou de tal maneira convencida disto — que alegremente daria a
minha vida para prová-lo.6
-Santa Teresa de C a lc ut á 19
Excelência,
Devolvo os documentos que me enviou antes de partir para Hong
Kong, pelos quais agradeço.
Com referência ao caderno de Madre Teresa, acrescento o seguin
te: foi a própria Madre que o escreveu. Parece ser um diário, mas não
é. Foi certamente escrito, em parte, algum tempo depois dos aconte
cimentos. Tinha a Madre algumas anotações? Eu não sei. É possível
que sim, já que incluiu muitas datas. Em alguns lugares, eu mesmo
acrescentei o mês e o ano. No começo da Congregação, depois de res
ponder às cartas que recebia, a madre costumava entregá-las a mim,
para que eu as guardasse.
Algum tempo depois — talvez tenha sido em Creek Lane — ela
quis queimar todas as cartas que tinha me enviado. Naquela altura,
eu tinha em meu poder dois baús de cartas dela, um baú de cartas
de benfeitores e mais um baú com outras correspondências. Recusei-
-me a autorizar a destruição das cartas e disse-lhe que deveria pedi-la
ao arcebispo Périer, que era o superior geral das MCs [Missionárias
da Caridade]. A Madre recorreu ao arcebispo Périer, que lhe disse:
“Madre, escreva a história da Congregação, e o pe. Van Exem lhe dará
todas as cartas.” A Madre começou a escrever este livro, com dados
que vão desde 21 de dezembro de 1948 até 11 de julho de 1949. À
noite, estava tão cansada, que não conseguia continuar a escrever a
história por muito tempo.
20 l enha , seja M i n h a luz
a sua obra, o amor que sentia pelos pobres e pelos que sofrem, a
sua atenção às Irmãs; mas a escuridão espiritual permaneceu o seu
segredo. Madre Teresa mostrava-se muito alegre na vida diária,
incansável no seu trabalho. A agonia interior não diminuiria suas
atividades. Com sua inspiradora liderança dirigia as Irmãs, abria
novos centros, tornou-se famosa; mas, por dentro, estava em um
total vazio. Estas páginas revelam o poder em que assentava a sua
missão. Seria importante para as Irmãs, e para muitas outras pessoas,
saber que a obra de Madre Teresa tinha as suas raízes no mistério da
missão de Jesus, na união com Aquele que, morrendo na Cruz, Se
sentiu abandonado pelo Pai.
Será que a Madre, agora que já não se encontra entre nós, ainda teria ob-
jeções a que essas cartas tivessem sido preservadas pelo Cardeal Picachy
e fossem, agora, após a morte dos dois, tomadas públicas? É inques
tionável que, agora, ela já tenha entendido que pertence à Igreja. Faz
parte da Tradição que os carismas místicos que Deus concede aos Seus
íntimos não se destinam prioritariamente aos próprios, mas ao bem de
toda a Igreja. Muitas pessoas que passam por provações semelhantes
poderão ganhar coragem e esperança ao lerem essas cartas. É provável
que haja mais pessoas nesse estado do que nós imaginamos — embora
com graus variados de intensidade.
sua direção espiritual. Era a maneira que Madre Teresa tinha de lhes in
dicar que o assunto era confidencial; para ela era o mesmo que “questão
de consciência”.
Além das cartas, são igualmente citados aqui trechos de outros escri
tos de Madre Teresa, entre os quais o diário que escreveu no início da obra
que realizou nas favelas, as instruções às Irmãs e discursos públicos. Foram
ainda usadas outras fontes: trechos de cartas escritas durante o período em
que procurava discernir se o “chamado dentro do chamado” era de origem
divina, principalmente das canas escritas ao arcebispo Périer, ao pe. Van
Exem e às superioras; testemunhos reunidos durante o processo de cano
nização de Madre Teresa, na maioria provenientes dos diretores espirituais
ainda vivos e de membros das Missionárias da Caridade; e testemunhos
sobre ela retirados de publicações.
Organização
“Segure a mão
Ííele, e caminhe
sozinha com He”
M issionária
“Segure a mão Dele, e caminhe sozinha com Ele. Siga em frente por
que, se olhar para trás, irá voltar.”1 Estas palavras de despedida de sua
mãe ficaram gravadas no coração da jovem Gonxha Agnes Bojaxhiu, fu
tura Madre Teresa, quando, aos 18 anos, deixava sua casa em Escópia
para dar início à sua vida como missionária. Em 26 de setembro de
1928, partia para a Irlanda, para entrar no Instituto da Bem-aventu
rada Virgem Maria (as Irmãs de Loreto), uma congregação não clau
surada de religiosas, dedicada, essencialmente, à educação. Tinha se
candidatado às missões em Bengala, aventura que exigia uma grande
fé e um a grande coragem, porque tanto ela como a família sabiam
perfeitam ente que, “naquele tempo, quando partiam em missão, os
missionários nunca mais regressavam”.2
26 Venha, seja M i n h a luz
A jovem Gonxha levou seis anos para se decidir por sua vocação.
Havia sido educada no seio de uma família que alimentava a piedade e a
devoção e em uma fervorosa comunidade paroquial que também contri
buiu para a sua educação religiosa. Foi nesse ambiente que, como revela
ria mais tarde, Madre Teresa primeiro se sentiu chamada a consagrar sua
vida a Deus:
Naquele tempo, tinha apenas 12 anos. Foi então que percebi, pela
primeira vez, que tinha vocação para os pobres, em 1922. Queria ser
missionária, queria sair e dar a vida de Cristo às pessoas que viviam nos
países com missões. No início, entre os 12 e os 18 anos, não queria ser
freira. Éramos uma família muito feliz. Mas, aos 18 anos, decidi deixar
a minha casa e me tomar freira, e desde então, ao longo desses quarenta
anos, nunca duvidei por um segundo de que havia feito a coisa certa;
era a vontade de Deus. A escolha foi Dele.3
* Aqui, por sérvio, Gonxha referia-se a servo-croara, a língua que era usada na sua escola.
•Santa Teresa de C a lc u tá 27
jA d e u s
Corajosamente de pé no convés
Alegre, de semblante pacificado,
A feliz pequenina de Cristo
Sua nova noiva prometida.*
* O poema foi escrito em scrvtxroata, uma língua na qual Gonxha tinha se tomado proficiente,
como cidadã iugoslava. Em cada estrofe, na língua original, a primeira linha rima com a ter
ceira e a segunda com a quarta. A língua era tão rica que os editores da revista adicionaram
uma nota de rodapé para explicar uma das palavras usadas por ela, pois não pensavam que um
leitor comum a entenderia. Poema traduzido para o inglês por Tom Butler e para o português
do Brasil por Vania Vieira.
•Sa n ta Te r es a d e C a l c u t á 29
Nossas irmãs indianas nos esperavam lá, e foi com elas que, com
indescritível felicidade, pisamos pela primeira vez no solo de Bengala.
Na capela do convento, começamos agradecendo ao nosso que
rido Salvador a enorme graça de nos ter conduzido sãs e salvas ao
objetivo pelo qual tínhamos ansiado. Aqui ficaremos uma semana
e em seguida partiremos para Darjeeling, onde ficaremos durante o
noviciado.
Rezem muito por nós para que sejamos missionárias boas e
corajosas.7
Se você soubesse como sou feliz, como pequena esposa de Jesus. Não
poderia invejar ninguém, nem mesmo aqueles que estão desfrutando
de uma felicidade que ao mundo parece perfeita, porque estou des
frutando da minha completa felicidade, mesmo quando sofro qual
quer coisa por meu amado Esposo.8
Após a profissão dos votos, a Irmã Teresa foi enviada para a com u
nidade de Loreto de Calcutá e nomeada professora da St. Marys Benga
li Medium School, uma escola para meninas. A jovem freira lançou-se,
* Subsequentemente, ela renovou seus votos todos os anos por trés anos e, então, uma vez a
cada trés anos, antes da profissão dos votos perpétuos.
■Santa Te resa d e C a lc u tá 31
Muitas coisas
“porJesus e pelas almas”
* Pc. Franjo Jambrekovic, S.J., (1890-1969), jesuíta croata, pároco da Paróquia do Sagrado
Coração de Jesus na Escópia, de 1925 a 1930.
“ A terciania é um período de imensa preparação para a profissão dos votos perpétuos. No
caso de Madre Teresa, isso aconteceu no convento de Loreto, em Darjeeling.
•Santa Te resa de C a lc ut á 33
* Ela náo queria lhe dizer que parasse de fazer suas orações formais e apenas trabalhasse. Mais
tarde, explicaria às Irmãs: “Trabalho náo é oração, oração náo é trabalho, mas devemos rezar
o trabalho por Ele, com Ele e para Ele.”
** Cidade na vizinhança da Escópia para onde a paróquia peregrinava ao Santuário de Nossa
Senhora das M ontanhas Negras.
34 l e n h a , seja M i n h a luz
Esta carta ao confessor da Escópia marca a primeira vez que, na sua cor
respondência, a Irmã Teresa refere-se à “escuridão”. É difícil perceber exa
tamente o que queria dizer para ela a “escuridão” nesse momento, mas,
no futuro, o termo viria a significar um profundo sofrimento interior, a
feita de consolo sensível, a aridez espiritual, uma aparente ausência de
Deus na sua vida, tudo isso combinado com uma dolorosa ânsia por Ele.
A breve descrição nos permite compreender com clareza que
a irmã raramente desfrutava da luz e do consolo da presença sensível
de Deus, mas se esforçava a viver na fé, submetendo-se, com am or e
confiança, à vontade de Deus. Tinha progredido de tal maneira nesse
amor que era capaz de se elevar acima do medo do sofrim ento:13 “Ago
ra abraço o sofrimento mesmo antes de ele chegar, e assim Jesus e eu
vivemos no amor.”14
A escuridão interior não é uma novidade na mística católica. Na
verdade, tem sido, ao longo da história da Igreja, um fenômeno comum
a numerosos santos, que experimentaram o que São João da Cruz,* cha
mava de “noite escura”. O mestre espiritual habilmente aplicava essa ter
minologia para designar as dolorosas purificações a que a pessoa é sujeita
antes de atingir a união com Deus e que passam por duas fases: a “noite
dos sentidos” e a “noite do espírito”. Na primeira noite, a pessoa liberta-
-se dos apegos que a prendem ãs satisfações sensoriais, sendo atraída para
* Espanhol fundador, juntamente com Santa Teresa de Ávila, das Carmelitas Descalças; mís
tico, poeta, Doutor da Igreja. (1542-1591)
•Santa Teresa de Ca lcutá 35
* Com hum or e depredando a si mesma. Madre Teresa observou que seu orgulho Interferia na
sua total entrega a Jesus, ironicamente referindo-se ao seu “reverendo'' ou exaltado ego.
38 Xc n h a . seja M i n h a luz
última gota.” Não sei se, naquele momento, eu pensava como penso
hoje, mas agora, sim, quero e com alegria, sem uma lágrima sequer.
[...] As coisas não são muito fáceis quando a pessoa precisa estar
de pé da manhã à noite. Mas ainda assim, é tudo por Jesus; assim
tudo é belo, embora seja difícil.
Estou com muito sono esta noite, por isso perdoe-me por escrever
desta maneira — mas, se não acabar esta noite, amanhã será tarde
demais. Envie por favor, os meus mais cordiais votos ao pe. Vizjak —
mandei hoje uns livros para ele.
Reze sempre muito por mim
Fielmente em Jesus,
Irmã M. Teresa, IBV M 16
Uma vez que ansiava por uma completa união com Cristo, que
sofreu na Cruz, Madre Teresa — Sua pequena noiva — não podia deixar
de se unir a Ele no Seu sofrimento. Se não podia tirar-Lhe a dor, pelo
menos ela estaria ali, na Cruz, por assim dizer, com Ele. Tendo optado
por compartilhar o destino do seu Bem-amado, recebia de bom grado as
cruzes que acompanhavam a sua entrega permanente.
A luta diária para superar seus próprios defeitos fazia igualmente
pane da cruz de Madre Teresa. Ela confidenciou ao antigo confessor a
luta para subjugar o orgulho; no entanto, embora não tivesse consciência
disso, a verdade é que já tinha saído vitoriosa de muitas batalhas. Embora
lamentasse ver em si ua mesma Gonxha orgulhosa”, os outros ficavam
impressionados com a sua humildade. A Irmã Gabriela, uma amiga de
infância, que era nessa época sua companheira em Loreto, escrevera ao
pe. Jambrekovic no mesmo dia:
Acho que Jesus ama muito a Irmã Teresa. Vivemos na mesma casa
e eu percebo que todos os dias ela procura agradar a Jesus em tudo.
Tem muito o que fazer, mas não se poupa. É muito humilde. Cus
tou-lhe muito chegar a isso, mas tenho a impressão de que Deus a
escolheu para grandes coisas. É certo que suas ações são inteiramente
simples, mas ela as faz com uma perfeição tal, que é exatamente o que
Jesus nos pede.17
•Santa Teresa cie Ca lc u tá 39
Este termo, derivado da palavra apóstolo (aquele que é mandado cm missão), refere-se ao
trabalho de levar pessoas a Cristo c à Sua obra de salvação. A palavra “apostolado" também se
refere à obra específica feita por membros de uma congregação religiosa, como estabelecido
por seu fundador ou sua fundadora.
** Uma freira de Loreto com votos perpétuos não era chamada pelos bengalis de "Ma", mas
de “M other”, em inglês. Portanto, foi o amor da Irmã Teresa pelas pessoas que fez com que
ela, merccidamente, ganhasse o título de “Ma”, uma expressão que denotava a intimidade c a
afeição que tinham em relação a ela.
40 l e n ha , seja M i n h a luz
Madre Teresa de “beber o cálice até a última gota”, decidida como estava
a dizer sim a Deus, em todas as circunstâncias.
Esse voto privado foi um dos maiores segredos de Madre Teresa.
Ninguém teve conhecimento dele, à exceção do seu confessor, a quem so
licitou orientação e autorização nesse assunto. Bastante familiarizado com
a profundidade da vida espiritual da Madre, ele concluiu que sua ousada
solicitação de se comprometer dessa maneira não se baseava em um mero
capricho, nem visava um ideal perigoso ou impossível. Ao contrário, ti
nha sido estruturada em sua notável fidelidade a compromissos e em um
hábito já bem firmado de sempre procurar fazer o que mais agradava a
Deus. O fato de seu confessor ter lhe dado permissão para assumir tal
compromisso confirma a confiança que tinha na maturidade humana e
espiritual de Madre Teresa.
Quando, 17 anos mais tarde, ela finalmente se referiu a esse voto,
Madre Teresa revelou o que ele significava: “Isto é o que esconde tudo em
mim.”4 Realmente, o voto escondia a profundidade do seu amor a Deus,
que era a motivação de todos os seus atos, em especial da incondicional
submissão à Sua vontade. Como explicaria mais tarde, seu encontro com
a imensidão do amor de Deus demandava sua resposta:
forçasse por viver com perfeição o exigente voto de obediência, isso não
era suficiente para satisfazer o desejo ardente de provar seu amor. Queria
dar ainda mais! Por isso, comprometeu-se, por meio de um voto, a “dar
a Deus qualquer coisa que Ele possa pedir — ‘Não Lhe recusar coisa al
guma’”10 — escolhendo ser considerada responsável “sob pena de pecado
m ortal”.11
Teresa de Calcutá sabia bem que a conseqüência do pecado mortal
era a morte da vida de Deus na alma e, em última análise, na ausência de
arrependimento, a perda de Sua amizade por toda a eternidade. A ideia
de uma separação Dele, ainda que momentânea, por causa de uma única
ofensa, era insuportável. Recusar o que fosse Àquele que amava era para ela
equivalente à dor da condenação eterna. Portanto, decidiu considerar mes
mo a menor falta voluntária, a menor recusa a submeter-se à Sua vontade,
como a maior das ofensas. “Peça a Jesus que não me permita Lhe recusar
coisa alguma, por menor que seja”, escreveria mais tarde ao seu diretor
espiritual. “Preferiria morrer.”12 Cada passo em sua vida seria uma nova
oportunidade para dar testemunho da sua fidelidade a essa promessa.
Com esse voto, Madre Teresa visava a uma perfeita submissão in
terior àquilo que mais agradava a Deus, até nos menores detalhes. Dessa
forma, o voto demandava o compromisso de discernir, cuidadosamente,
as mais leves manifestações da vontade de Deus nas pessoas, nos eventos e
nas coisas. Essa atenção habitual e amorosa em relação ao momento pre
sente exigia o silêncio interior e o recolhimento. “No silêncio do coração,
Deus fala”, dizia a Madre Teresa com frequência, com uma convicção que
vinha de sua constante sintonia com a voz Dele.
Madre Teresa não temia assumir um compromisso tão sério, embora isso
implicasse em renunciar à sua própria vontade a cada momento. Sabia
que Deus a amava, e confiava que Sua vontade com relação a ela seria
sempre uma expressão desse amor infalível, por muito difícil, ou mesmo
impossível que pudesse ser, às vezes, entender os Seus desígnios. Conse
quentemente, mesmo quando parecia que o desafio ia além das suas capa-
46 X'enha, seja JSIinha luz
Para o bom Deus nada é pequeno porque Ele é táo grande e nós tão
pequenos — é por isso que Ele se abaixa e se dá o trabalho de fazer
essas pequenas coisas para nós — para nos dar a chance de provar
nosso amor por Ele. Por que Ele as faz, elas são muito grandes. Ele
não pode fazer nada pequeno; elas são infinitas. Sim, minhas queridas
filhas, sejam fiéis nas pequenas práticas de amor, de pequenos sacrifí
cios — da pequena mortificação interior — de pequenas fidelidades
à Regra, que construirão em vocês a vida de santidade — as tornarão
semelhantes a Cristo.19
Nunca contei a Vossa Excelência o motivo pelo qual quero agir ime
diatamente. Em 1942 — queria dar a Jesus algo sem reservas — Com
a permissão do meu confessor, fiz um voto a Deus — comprometen
do-me sob pena de pecado mortal — de dar a Deus qualquer coisa
que Ele possa pedir — “Não Lhe recusar coisa alguma”. Ao longo
desses 17 anos, tenho tentado [ser fiel a esse voto], e é por essa razão
que quero agir imediatamente. — Compete a Vossa Excelência impe
dir-me — e quando Vossa Excelência diz “Não”, tenho certeza de que
o meu voto se cumpre — porque não recuso a Deus minha submis
são — Neste ponto, nunca houve dúvida em minha alma — porque
sempre as apresentei a Vossa Excelência e ao Pe. C. Van Exem e, cada
vez, o seu “Sim” ou “Não” me satisfizeram como a vontade de Deus.21
48 \ cn h a , s( ja M i n h a htz
das suas pupilas enriquece esse relato com alguns detalhes: “Durante a
Segunda Guerra Mundial, não havia professoras para as turmas 4 a 10.
A Madre ficou com todas as turmas e nos mantinha ocupadas, para que
pudéssemos esquecer e superar o medo que tínhamos.”
Essas dificuldades foram ainda acrescidas pela fome de Bengala
(1942-1943), que ceifou a vida de pelo menos dois milhões de pessoas.
Quando as irmãs e as alunas começaram a ser afetadas pela escassez de ali
mentos, Madre Teresa, que tinha prometido nada recusar a Deus, confiou
que, por Sua vez, Deus nada lhe recusaria. Uma das antigas estudantes
recorda que “um dia, acabou a comida. Às 8h da manhã, a Madre [Teresa]
nos disse: ‘Vou sair, meninas, fiquem na capela e rezem.’ Às 4h da tarde,
a dispensa estava cheia de todo o gênero de legumes. Nós nem acreditá
vamos no que estivamos vendo.”
Em 1944, a Madre Teresa foi nomeada diretora da St. Marys,
bem como superiora de fato das Filhas de Santa Ana (a congregação
bengali afiliada a Loreto). Recebeu de bom grado as novas tarefas como
vindas das mãos de Deus. Embora fosse eficiente e precisa no cumpri
mento das suas responsabilidades, não era mais rigorosa com as outras
do que consigo mesma. O seu exemplo inspirava aqueles que a rodea
vam. Uma das Irmãs observava: “É uma criatura completamente altruís
ta. É extraordinária no seu sacrifício. É capaz de fazer qualquer coisa por
amor a Deus, de suportar qualquer humilhação ou sofrimento.”25
Na sua prontidão para atender a qualquer manifestação da vontade
de Deus com um ansioso “Sim”, Madre Teresa algumas vezes se aventurava
em situações muito perigosas. Em agosto de 1946, explodiu em Calcutá o
conflito hindu-muçulmano, desencadeando uma violência em massa. O
“Dia da Grande Matança”, como veio a ser conhecido, deixou cinco mil
pessoas mortas nas ruas, e, pelo menos, cinqüenta mil feridas. Todas as
atividades da cidade, incluindo a provisão de alimentos, foram suspensas.
Compelida pelas necessidades de suas alunas, a Madre Teresa decidiu deixar
a segurança dos muros do convento para ir à procura de comida.
nhas posições sobre seu próprio sangue seco. Tínhamos ficado atrás
dos nossos seguros muros. Sabíamos que tinha havido distúrbios.
Algumas pessoas tinham saltado o muro para dentro d o convento,
primeiro um hindu, depois um muçulmano... Nós os recebemos e
os ajudamos a fugir em segurança. Só quando eu saí nas ruas é que
vi a morte que os perseguia. Um caminhão cheio de soldados me
parou e me disseram que eu não devia estar na rua. “Ninguém devia
sair”, disseram eles. Eu lhes disse que precisara sair, correr esse risco,
porque tinha trezentas estudantes que não tinham nada para comer.
Os soldados tinham arroz, me levaram no caminhão para a escola e
descarregaram os sacos de arroz.26
Não eram as superioras de Madre Teresa que exigiam que ela cor
resse risco de morte, nem esperavam que ela o fizesse. Nem a responsa
bilidade que tinha pelas jovens que estavam ao seu encargo a obrigava a
enfrentar os perigos das ruas.daquela cidade banhada em sangue. Foi ela
quem decidiu ir. Deve ter percebido, nas profundezas do seu coração, o
chamado Daquele a quem tinha prometido dar tudo o que Ele lhe pedis
se. E ela não recusaria! Confiara-se à Sua intervenção providencial e sua
confiança foi recompensada. Devem ter existido muitos momentos em
que sua fidelidade a esse voto privado foi desafiada, mas Madre Teresa
emergia de cada novo “Sim” mais intimamente unida ao Senhor a quem
estava disposta a entregar “até a própria vida”.
“Venha, seja
Minha luz ”
O “c h a m a d o d e n t r o
DO CHAMADO”
Vai recusar?
C r i s t o a M adr e T eresa
O dia da inspiração
muito feliz, e ir para as ruas servir aos mais pobres dos pobres. Foi
naquele trem, eu ouvi o chamado para abandonar tudo e segui-Lo
dentro das favelas — para servi-Lo nos mais pobres dos pobres. (...)
Eu sabia que era a Sua vontade e que tinha que segui-Lo. Não havia
dúvida que a obra seria Dele.1
Madre Teresa considerava esse dia, mais tarde celebrado como “Dia
da Inspiração”, como sendo o verdadeiro começo das Missionárias da Cari
dade. No registro de entrada onde se anotam os dados pessoais das mulheres
que se unem à Congregação,* ela anotaria abaixo do seu próprio nome: “En
trada na Congregação — 10 de setembro de 1946.” Como diria, bem mais
tarde, às suas Irmãs:
Foi nesse dia de 1946, no trem para Darjeeling, que Deus me fez o
“chamado dentro do chamado” para saciar a sede de Jesus servindo-O
nos mais pobres dos pobres.3
“Tenho sede”
Até o final de sua vida, Madre Teresa insistiu que a razão mais im portante
da existência da congregação que ela fundara era saciar a sede de Jesus. No
primeiro esboço das Regras (escrito vários meses após a sua experiência
no trem), que permanece essencialmente o mesmo até hoje, ela expressou
o objetivo da nova congregação: “A Finalidade Geral das Missionárias da
Caridade é saciar a sede de Jesus Cristo na Cruz de Amor e Almas.”
* Quando uma nova Irmá entra para a Congregação, suas informações pessoais são registradas
no “registro de entrada”. Uma importante informação é a data na qual a Irmã entra para as
Missionárias da Caridade.
•Santa Teresa <le C alc uta 55
Havia por trás dessa explicação muito mais do que ela jamais reve
lara. Mas, através de suas palavras e de seu exemplo, seus seguidores com
preenderiam o sentido da graça que a Madre tinha recebido naquele dia.
Madre Teresa sabia que só estando unida a Maria, que fora a pri
meira a ouvir o grito de sede de Jesus, poderia realizar sua missão. Por
isso, exortava os seus seguidores:
Jesus quer que eu lhes diga novamente [...] quão grande é o amor
que Ele tem por cada um de vocês — além de tudo o que vocês
possam imaginar. [...] Ele não só os ama, mais ainda — Ele anseia
por vocês. Sente saudades quando vocês não vão para perto Dele. Ele
tem sede de vocês. Ele os ama sempre, mesmo quando vocês não se
sentem merecedores. [...]
Para mim é tão claro — tudo nas MC existe apenas para saciar
Jesus. As Suas palavras, na parede de cada capela das MC,* não são
apenas do passado, mas estão vivas aqui e agora, dirigidas a vocês.
Acreditam nisso? [...] Por que Jesus diz: “Tenho sede”? O que sig
nifica isso? Algo tão difícil de explicar com palavras — [...] “Te
nho sede” é algo muito mais profundo do que Jesus dizendo apenas
“Amo vocês”. Até que vocês saibam, bem lá no fundo, que Jesus tem
sede de vocês — não podem começar a saber quem Ele quer ser para
vocês. Ou quem Ele quer que vocês sejam para Ele.8
* Na parede de todas as capelas das Missionárias da Caridade, as palavras de Jesus “I thirst” sáo
colocadas ao lado do crucifixo como uma lembrança do objetivo da espiritualidade e missão
da Instituição.
•Santa Teresa de C a lc u tá 57
jfl “Voz"
O primeiro passo
* As paJavras de Jesus, mensagens interiores ouvidas por Madre Teresa, estáo cm itálico.
•Sa n t a Teresa de ( a le n ta 59
A renúncia que ele lhe pedira era uma forma bastante drástica de
pôr à prova o caráter genuíno do chamado, mas nada menos do que isso
o asseguraria da sua origem divina. Por isso, em obediência ao seu dire
tor espiritual, Madre Teresa permaneceu silenciosa, em oraçáo, sem saber
qual seria o resultado.
Em janeiro de 1947, o pe. Van Exem já não tinha dúvidas de que a
inspiração de Madre Teresa vinha de Deus, e de que chegara a hora de ela
seguir em direção da concretização do chamado. Deu, portanto, permissão
para ela escrever ao arcebispo. Numa carta simples e direta, ela com uni
cou ao arcebispo Périer aquilo que estava convencida de que Deus estava
pedindo a ela.
Excelência,
Desde set. passado, estranhos pensamentos e desejos têm preen
chido o meu coração. Eles se tornaram mais fortes e mais claros du
rante os 8 dias de retiro que fiz em Darjeeling. Ao chegar aqui, contei
tudo ao pe. Van Exem — mostrei a ele as poucas anotações que tinha
escrito durante o retiro. — Ele me disse que achava que se tratava
de uma inspiração de Deus — mas que rezasse e permanecesse em
silêncio em relação a isso. Continuei lhe contando tudo o que se pas
sava em minha alma — em pensamentos e desejos. — Então ontem
ele escreveu o seguinte: “Não posso impedi-la de falar ou de escrever
a Sua Excelência. Escreverá a Sua Excelência como uma filha a seu
pai, com perfeita confiança e sinceridade, sem nenhum medo nem
•Santa Teresa de C alc utá 61
* Santa Francisca Xavier Cabrini (1850-1917), italiana e fundadora das Irmãs Missionárias
do Sagrado Coração de Jesus, uma ordem que trabalhava com imigrantes italianos nos Esta
dos Unidos. Fundou hospitais, orfanatos, creches e escolas. Em 1946, foi a primeira cidadã
americana a ser canonizada.
62 Venha, seja M i n h a luz
“O chamado”
Ser indiana — viver com eles — como eles — a fim de chegar ao
coração das pessoas. A ordem começaria fora de Calcutá — Cossipo-
re — num lugar aberto e solitário ou em Sealdah de S. João, onde as
Irmãs pudessem ter uma vida verdadeiramente contemplativa duran
te o noviciado — onde completariam um ano inteiro de verdadeira
vida interior — e outro ano em ação. As Irmãs devem abraçar uma
pobreza perfeita — a pobreza da Cruz — nada senão Deus. — Para
que as riquezas não entrem no seu coração, elas não terão nada do
exterior — mas se manterão com o trabalho das próprias mãos —
pobreza franciscana* — trabalho beneditino.**
Na Ordem, jovens de todas as nacionalidades devem ser admitidas
— mas devem passar a ter mentalidade indiana — se vestir com roupas
simples. Um hábito comprido, branco, de mangas compridas, um sári
* Sáo Francisco de Assis (1181 ou 1182-1226), italiano, fundador dos Franciscanos, era co
nhecido por sua prática de pobreza radical.
“ Sáo Bento de Núrcia (c. 480-543), italiano, fundador do monasticismo ocidental, tinha
como lema “Ora et Labora” (Reze e Trabalhe).
64 Xcnha. s( j a M in ha luz
“O trabalho”
Vai recusar?
No momento em que escrevia essa carta, Madre Teresa já era uma pessoa
de considerável santidade. Ainda que ela fosse táo sacrificada e corajo
sa, táo generosa e compassiva com os pobres, por su^ própria iniciativa,
nunca teria considerado abandonar Loreto para fundar uma nova comu
nidade religiosa. Mas a inspiração a compelia de tal maneira que, para
conseguir deixar de prestar atenção à “Voz”, teria que pagar um preço
exorbitante: ser infiel ao seu mais profundo amor.
Inicialmente, viu-se intimidada por essas experiências extraordiná
rias; pensamentos perturbadores surgiram no seu coração. Questionando
sua própria capacidade para corresponder às exigências desse novo cha
mado, expôs, com total honestidade, seu medo, sua confusão, sua relu
tância em abraçar as dificuldades e em sofrer as zombarias dos outros que
certamente se seguiriam. Nem todos na Igreja ou na cidade aprovariam o
fato de uma freira europeia viver fora dos muros de um convento, em um
desejo de se identificar com os pobres em sua cultura e condições locais.
Ela se afligia também com a perspectiva de abandonar Loreto, apesar de
ter se oferecido para ser “uma verdadeira vítima” do Seu am or onde ela
estava. Em tudo isso, mostrava-se tão normal, tão real, e até cética em
relação à sua habilidade para executar táo importante missão.
Contudo, Madre Teresa, apaixonadamente enamorada de Jesus,
não podia ignorar Sua “Voz”, que continuava a insistir: "Vai recusar?”Esta.
penetrante pergunta teve um efeito particularmente impulsionador no
seu coração, porque ecoava o voto secreto que tinha feito quatro anos an
tes. O apelo de Jesus, como nenhum outro, teve o poder de agitar o mais
profundo do seu ser. Deus estava conferindo honras à magnanimidade de
sua alma — e esse chamado evocou, simultaneamente, alegria porque es
tava sendo levada a sério, e dor porque se sentia desafiada aparentemente
além da sua capacidade.
Após a luta inicial, Madre Teresa permaneceu resoluta em sua con
vicção de que Deus a chamava para essa nova vida. Quando, em janeiro,
escreveu ao arcebispo Périer, tinha a certeza do que pretendia fazer. Ela
estava pronta para “arder por completo por Ele e pelas almas”, entregando
todo o seu ser em resposta ao chamado de Deus.
CAPITULO 4
jí transferência parajflsansol
Convento de Loreto
Asansol, 25/01/1947
Excelência,
O Pe. Van Exem me informou que o senhor tinha escrito — mas
até o momento nào chegou nenhuma carta. — Acho que os correios
funcionam muito mal nesta localidade. De qualquer forma, agradeço
ao senhor por tudo o que disse a ele.
A respeito da “obra”, tenho rezado muito para ver e compreender
quanto de mim há nela, quanto de sentimentalismo há nela. Aqui
em Asansol tenho mais tempo para passar com Nosso Senhor e tenho
rezado com frequência, com muita frequência, para ver — a fim de
nem enganar nem ser enganada — e mesmo assim a “obra” continua
a ser táo clara quanto antes: o anseio de dar tudo a Nosso Senhor e
de fazer com que muitas almas façam o mesmo, continua o mesmo.
Estou convencida de que, se a obra começar — haverá muitas
humilhações, muita solidão e muitos sofrimentos para mim. — Tal
como estou, sou muito feliz e aqui especialmente — mas Nosso
Senhor não para de chamar. — Tentei deter esses pensamentos —
mas sem qualquer resultado. Não vejo em que o ego pode se benefi
ciar com isto — sei que todo mundo vai falar contra — Não, Vossa
Excelência, perdoe-me dizer — na obra haverá total entrega de tudo
o que tenho e de tudo o que sou — não restará absolutamente nada.
— Agora, sou Dele, somente Dele — dei-Lhe tudo — há algum
tempo que não procuro o meu ego. — Sei que o senhor ama a verda
de — e esta é a verdade. Se eu dissesse o contrário, estaria mentindo.
Deus fez tudo. Ele simplesmente tomou tudo. — Agora, sou Dele. O
senhor sabe, foi informado de tudo. — Portanto, se o senhor disser
abandone todos os pensamentos, tentarei obedecer. — Nós* fizemos
ambos a nossa parte — o assunto está agora nas suas mãos.
Quanto ao sentimentalismo — o senhor não pode negar que
Nosso Senhor fez maravilhas pelo senhor nestes 25 anos. — Então o
que Ele pede é táo natural como é sobrenatural. — Depende do se
nhor dizer sim ou não. Deixo tudo em suas mãos. — O que o senhor
desejar, seja o que for, isso farei com a maior alegria.
A transferência para Asansol não tem absolutamente nada a ver
com o assunto — e, ainda mais, vejo-a como mais uma prova de que
Ele quer esta obra.
Desde os 5 anos e meio — quando O recebi pela primeira vez [na
Sagrada Comunhão] — que o amor pelas almas tem estado dentro
de mim. — Foi crescendo com os anos — até eu vir para a índia —
com a esperança de salvar muitas almas. Durante esses 18 anos, tentei
corresponder aos Seus desejos — tenho ardido com anseio de amá-Lo
como Ele nunca foi amado antes. — Tenho rezado. Em St. Mary’s,
Ele certamente me usou — foi obra Dele. Cometi muitos erros —
mas esses foram obra minha. — Amava St. Mary’s apenas por essa
única razão — o contínuo toque de Jesus nas almas. Trabalhava com
Ele nelas. Mas, quando a M. [Madre Provincial] me disse que eu de
veria vir para cá — eu fiquei muito feliz em meu coração — porque
podia dar algo que eu amava a Jesus, e é isto que me fez continuar
sorrindo durante aqueles dias e mesmo agora. Aceitei a transferência
como enviada por Deus — para me tornar mais forte, para me pre
parar de corpo e alma para a Sua vinda. Aqui, não tenho nada em
que pensar — exceto em como viver para os outros. O trabalho que
tenho que fazer é exatamente o que me ensinará esta lição. E então,
estes pensamentos — a voz em meu coração só começaram em set.
passado — no dia em que cessaram as dificuldades contra a fé. — Se
eu tivesse ficado em St. Mary’s teria feito a mesma coisa — escrito ao
senhor — assim que o Padre tivesse me dado a autorização. — Am
bos tentamos tudo antes disto chegar ao conhecimento do senhor.
Escrevo-lhe — com simplicidade — e sem qualquer preocupação
— entrego-me completamente nas suas mãos quanto a este assunto.
Reze por mim — porque sou realmente indigna de tudo quanto
Ele está fazendo por mim e em mim. Pedi ao Padre que lhe contasse
todos os meus muitos grandes pecados — para que o senhor peça a
Nosso Senhor — se esta obra for para ser feita — que lhe dê uma
pessoa mais digna.
Por favor desculpe por este papel — mas não tenho outro tipo. —
Estou treinando um pouco a pobreza franciscana. É encantador ser po
bre e livre de tantas coisas.
Reze por mim.
Sua devota filha em Jesus Cristo,
Maria TeresaA
72 Xcnha, seja M in h a luz
Calcutá, 19/02/1947
Convento de Loreto
Asansol
Excelência,
Muito obrigada pela sua carta. Não me surpreende que o senhor
não atue — e que responda, a seu tempo. — Um dia ela [a autori
zação] seguramente chegará e então o senhor será, tenho certeza, o
primeiro a dar ao jovem instituto todo o auxílio que precisará.
O senhor diz na sua carta que vai submeter o caso às autoridades
em Roma — onde a questão será cuidadosamente examinada — eu
ficaria agradecida se falasse sobre isso com o nosso Santo Padre. Ele
compreenderá. Vai depender do senhor, Vossa Excelência, contar
tudo ao Santo pe. Diga-lhe que o Instituto será especialmente para
a unidade e a felicidade da vida familiar — a vida que é tão impor
tante para ele. Fale para ele dos inúmeros lares destruídos, aqui na
índia, em Calcutá, em toda a parte. — É para tornar felizes esses lares
infelizes — para levar Jesus nesses lares escuros que Nosso Senhor
74 l e n h a , seja M in h a luz
Convento de Loreto
Asansol, 30/0311947
Excelência,
Esta carta leva-lhe os melhores votos de uma Páscoa muito feliz.
Também agradeço sua última carta que recebi há algum tempo. Es
pero sinceramente que não se canse de mim e das minhas muitas e
longas cartas, mas como o senhor é a pessoa de quem tantas coisas
dependem, tenho que lhe contar tudo em detalhes. Gostaria de poder
dizer-lhe tudo pessoalmente, mas isso não parece ser possível.
O senhor era para ter partido no dia 26, mas parece que tudo se
alterou. Eu acho que Deus o impediu de partir para poder dar solu-
\ cnha. seja M in h a luz
* Madre Teresa está se referindo aos distúrbios e insurgéncias civis que estavam acontecendo
no período imediatamente anterior à independência da índia, cm 15 de agosto de 1947.
** Escola localizada em Cossipore, área none de Calcutá, fundada pela Swami D. Animananda
Rewachand (1868-1945). Tinha sido desocupada no início de 1946.
■Santa Teresa de Ca lc utá 81
* A questão apontada pelo arcebispo é se um grupo de mulheres leigas poderia realizar o ob
jetivo de Madre Teresa, sem a necessidade de tomarem para si os compromissos dos religiosos
residentes na comunidade.
•Santa Teresa de C alc utá 83
centenas de perguntas que podem ser feitas, e que devem ser examina
das de forma séria e satisfatória. Durante a minha ausência, trabalhe no
seu plano sob a orientação do Espírito Santo. O ideal náo é dar uma
longa descrição do que a senhora acha que será capaz de fazer. O que
queremos saber é, em poucas palavras, o objetivo, os meios, as regras.
a forma de recrutamento, as possibilidades de sucesso. Não me refiro
à glória, nem às humilhações, às dificuldades etc., mas se começarmos
qualquer coisa, essa coisa deve ser capaz de atingir o objetivo para o
qual foi estabelecida — é isso que eu chamo de sucesso. Se a senhora
estiver pronta quando eu regressar de Roma em setembro será ótimo;
não pense que se trata de um período muito longo. Assuntos tão essen
ciais exigem meditação prolongada, muita oração, reflexão e consultas.
Enquanto isso, verei na Europa como tal congregação funcionaria e
qual tem sido a experiência de outras dentro dessa mesma linha, se
seria melhor ter uma associação de leigas a ter uma congregação reli
giosa etc. Deus a abençoe. Em união de S. C. [Sagrada Comunhão]
e orações.
Devotamente em Xt.,
t E Périer, 5 / 13
Meu Deus, dá-me a Tua luz e o Teu amor, para que eu seja capaz de
escrever estas coisas para Tua honra e glória. Náo permitas que a mi
nha ignorância me impeça de fazer a Tua vontade na perfeição. Supre
o que falta em mim.N
Convento de Loreto
Darjeeling, Festa de Corpus Christi*, 1947
Excelência,
Na sua última carta, o senhor escreveu: “Durante a minha ausên
cia, trabalhe no seu plano, sob a orientação do Espírito Santo.”
Durante a Novena do Espírito Santo, escrevi umas poucas regras,
que poderão ser úteis. — Hoje, depois de muita oração, tentarei com
a ajuda Dele responder às suas perguntas:
* Festa litúrgica que celebra a presença real e substancial de Cristo na Eucaristia. É realizada na
quinta-feira após o Domingo da Santíssima Trindade, que, por sua vez, acontece no dom ingo
seguinte ao de Pcntccostcs.
86 i t / iha, seja M i n h a lu z
2. “ P o r q u a is m e io s d e s e ja r e a l iz á - l o ?”
Indo para o meio das pessoas — cuidando dos doentes em seus
lares — ajudando os moribundos a fazer as pazes com Deus, tendo
pequenas escolas gratuitas nas favelas para as criancinhas — visitando
os pobres nos hospitais — e ajudando os mendigos das ruas a viver vi
das dignas. — Numa palavra, agir a caridade de Cristo entre os mais
pobres — fazendo assim com que eles O conheçam e O queiram
nas suas vidas infelizes. — Se o número de Irmãs permitir, teremos
também uma casa para os aleijados, os cegos, os marginalizados da
sociedade humana. As Irmãs percorrerão as aldeias, e lá farão o mes
mo trabalho. — A fim de serem livres para fazer mais, as Irmãs não
ficarão permanentemente em um local — mas estarão sempre pron
tas a fazer o trabalho que está faltando na Igreja na índia.
3. “C o m o f o r m a r ia as suas d is c íp u l a s ?”
Dando-lhes um conhecimento completo da vida espiritual — de
maneira que, na rua ou nos buracos dos pobres, ou em casa no con
vento, elas vivam uma vida de íntima união com Deus. — O interior
deve tornar-se a força principal do exterior. — Para chegarem a isto
as Irmãs terão o primeiro ano de vida religiosa — de total contem
plação — e perfeita solidão — que será renovado a cada seis anos,
depois de terem feito os votos. Também deverão receber, em sua vida
espiritual, toda a ajuda possível dos santos sacerdotes — de modo
que a perfeição religiosa se torne simples e fácil — como era a vida
de Maria em Nazaré. Porque, se não estiverem enamoradas de Deus
— não serão capazes de viver essa vida de permanente imolação pelas
almas. Cada uma deve compreender que se quiser ser Missionária da
Caridade — deve estar enamorada do Crucificado e ser Vítima Sua
pelas almas dos pobres.
•Santa T er es a d e C a lc u tá 87
4 . “ Q u e t i p o d e p e s s o a s r e c r u t a r ia para esta o b r a ?”
Jovens dos 16 anos em diante. — Fortes de corpo e mente, com
muito bom senso. Nenhuma qualificação especial — mas devem
ser capazes de aprender perfeitamente a língua do país. Generosas e
amorosas para com os pobres. Devem ser capazes de fazer qualquer
tipo de trabalho por mais repugnante que seja à natureza humana.
Devem ser alegres e bem-dispostas — Jovens de qualquer naciona
lidade — mas para qualquer nação para onde entrarem a língua e os
costumes desse povo devem ser os seus. Por exemplo, se uma Tâmil
ingressar — deverá trabalhar com os Tâmeis — se for uma chinesa
com os chineses etc. Se jovens com qualificações superiores desejam
ingressar — poderão fazê-lo, mas isto não as fará de forma alguma
diferentes. Terão que ser mais uma entre as Irmãs. Se ricas — que
venham elas, mas não seu dinheiro. Eu preciso de missionárias —
almas não são compradas — Durante os anos de contemplação e
solidão devem estar dispostas a fazer penitência e a rezar muito, ao
mesmo tempo que fazem aquele trabalho manual — que elevará
naturalmente suas mentes para Deus.
7 . “N á o s e r i a m ais p r á t i c o o p t a r p o r u m a e s p é c i e d e
ASSOCIAÇÃO OU IRMANDADE?”
Para a vida que terão que levar, seculares náo serão capazes de fàzê-lo.
Para um trabalho de contínuo esquecimento pessoal e imolaçáo pelos
outros, são necessárias almas interiores — ardendo de amor a Deus e às
almas. Almas puras que vejam e procurem a Deus nos pobres. — Almas
livres — que sejam capazes de sacrificar tudo apenas por uma coisa,
levar uma alma a Deus. — O trabalho vai precisar de muita oração, pro
funda e fervorosa oração e de muita penitência — as pessoas de uma as
sociação não seriam capazes de levar nada disso à obra, e o trabalho náo
cumpriria o seu objetivo — “levar almas a Deus, e Deus às Almas”.
9 . “C o m o a s Irm á s iria m se s u s t e n t a r ? ” ( m in h a p e r g u n t a )
Deverão ser capazes de obter da horta a maior parte do seu
alimento — venderão uma parte disso para poderem comprar as
outras coisas. Quanto às roupas — farão brinquedos e quadros
e outros trabalhos de artesanato — que serão vendidos — e com
esse dinheiro comprarão o que for mais necessário. Vamos preci
sar de muito pouco — uma vez que pretendemos, com a graça de
Deus, manter uma pobreza absoluta nos mínimos detalhes, como
não termos imóveis próprios. Nunca precisaremos de muito dinhei
ro. — As Irmãs também farão todos os trabalhos domésticos — en
tão não precisarão de criadas — e quanto ao resto — ou melhor,
quanto a tudo — confio Nele! Ele estará conosco — e quando Ele
lá estiver, não precisaremos de nada.
90 Venha, seja M in h a luz
Uma coisa lhe peço, Excelência, que nos dê toda a ajuda espiritual
que precisarmos. — Se temos Nosso Senhor no meio de nós — com
a Missa diária e a Sagrada Comunhão, nada temo pelas Irmãs nem
por mim. — Ele olhará por nós. Mas sem Ele eu não posso viver —
torno-me impotente.
Já lhe contei tudo.
Reze por mim.
Madre Teresa enviou esta longa carta, juntamente com o primeiro con
junto de Regras escritas uns dias antes," ao pe. Van Exem, para revisão
e aprovação. Ele estudou cuidadosamente as notas e ficou à espera de se
encontrar com ela em Calcutá, quando Madre Teresa fizesse a viagem de
regresso de Darjeeling para Asansol. Ao final de uma longa discussão,
em 14 de junho, o padre deu-lhe uma resposta totalmente inesperada:
ordenou-lhe que “esquecesse isso [todo o empreendimento] por toda a
eternidade”, se nem ele nem o arcebispo voltassem a tocar o assunto. Para
enfatizar a seriedade de seu pedido, ele o fez por escrito. Mais tarde, nesse
mesmo dia, em carta ao arcebispo Périer, relatària a estratégia que tinha
adotado:
* Ela fez um rascunho das Regras durante a novena que precedia Pentecostes. Em 1947, o
domingo de Pentecostes foi em 25 de maio. Consequentemente, a novena foi de 15 a 24 de
maio. Ver Apêndice A.
S a n ta Teresa d< C a lc u tá 91
Essa não era a resposta que Madre Teresa antecipava. Tinha ansiado
por seguir e “levar alegria ao Coração sofrido de Jesus”, esperando, ansio
samente, pelo “Sim” do arcebispo. Agora, se confrontava com mais uma
severa prova e vinda de ninguém menos do que seu diretor espiritual, em
quem tanto confiava. Contudo, fiel ao seu compromisso de não recusar
coisa alguma ao Senhor, optou por obedecer.
CAPÍTULO 5
A n s i a n d o p o r le var
a lu z d e C r i s t o
{{egresso a Calcutá
As pessoas pensam que você foi mandada para cá para ensinar, e você
o faz bem, se dedicando a essa tarefa com todo o seu coração, mas náo
foi esse o objetivo do Meu Coraçáo — Eu a trouxe aqui para estar sob
o cuidado imediato do seu diretor espiritual que a formará nos cami
nhos do Meu amor, preparando-a, assim, para fazer a Minha vonta-
•Santa Teresa de Calcutei 95
Permanente, profunda e
violenta união com Jwsso Senhor
Antes do regresso do arcebispo, o pe. Van Exem sentiu-se, uma vez mais,
“impelido a alterar sua decisão”7 e autorizou Madre Teresa “a deter-se em
todos os pensamentos inspirados por Nosso Senhor, mas sem pensar em
vozes nem em fenômenos sobrenaturais”.8 Esperava que, com essa auto
rização, a “Voz” regressasse e, de fato, temia que o caso se tornasse “mais
espetacular”.9 Ao explicar ao arcebispo a razão dessa preocupação, deu
um precioso testemunho sobre a vida interior da Madre Teresa:
é
* No contexto da vida espiritual, o êxtase um fenômeno místico, no qual a mente fica fixa
da em Deus ou em outra figura religiosa e a atividade normal dos sentidos é interrompida;
intensa alegria e visões podem acompanhar a experiência. O êxtase é característico do estágio
“unitivo" da vida espiritual, no qual a pessoa alcança a união com Deus, diferentemente dos
estágios “purificativo" e “iluminativo" que o precedem.
96 í ( tilia, seja Minha luz
que tal coisa tenha acontecido. Durante esses meses, M adre Teresa teve
um intenso grau de união com Nosso Senhor, incluindo visões imagi
nativas que são tão arrebatadoras que — segundo Santa Teresa de Ávila
— “produzem quase sempre o êxtase”.11 Anos mais tarde. Madre Teresa
recordaria esse período extraordinário: “Antes de se iniciar o trabalho
[1946-1947], havia tanta união — amor — fé — confiança — oração
— sacrifício.”12 E em outra ocasião, lembrando-se das graças recebidas,
expressou sua nostalgia em relação àquela intimidade: “Ali [em Asansol]
foi como se Nosso Senhor se entregasse a mim — por completo. A doçura
e o consolo e a união daqueles seis meses passaram depressa demais.”13
O pe. Van Exem continuava impressionado com o fervor sempre
crescente de Madre Teresa e com o seu desejo de uma união mais íntima
com Deus. Tao apaixonado era seu amor, que andava sempre à procura
de maneiras de expressá-lo. Foi, novamente, ao arcebispo Périer que o
diretor espiritual revelou os anseios secretos da religiosa:
Ela me fez diversos pedidos, um para fazer mais penitência, coisa que
deseja ardentemente, outro para se comprometer por um voto a me
obedecer14 e outro para rezar à noite. Ela escreveu: “A atração pelo
Santíssimo Sacramento era por vezes tão intensa. Ansiava pela Sagra
da Com. [Comunhão]. Noite após noite, o sono desaparecia — e só
para passar aquelas horas ansiando pela chegada Dele. Isto começou
em Asansol em fev. — e, agora, todas as noites, durante uma ou duas
horas, reparei que de 11 a 1, o mesmo anseio interrompe o sono.”15
St. Marys
Convento de Loreto, Entally
1 de outubro de 47
Excelência,
Muito obrigada pelos votos e as orações no dia da minha festa — é
maravilhoso como Santa Teresinha responde às orações. Eu tinha pe
dido a ela que me concedesse apenas umas poucas linhas do senhor
no 50° aniversário da entrada dela no Céu — e aconteceu mesmo.
Eu sei que o senhor não se esqueceu da causa e espero que esse
“curto prazo” passe depressa — e rezo para que as coisas se decidam
de tal maneira — que Ele tenha todas as alegrias, toda a glória. Não
pense em mim — porque sou muito pecadora e totalmente indigna
do Seu amor — mas pense apenas Nele e no amor que receberia das
Irmãs e das almas sob os cuidados delas. — Eu disse ao Pe. Van Exem
que lhe contasse tudo e, como não escondo nada dele, ele poderá
contar tudo para o senhor.
Desde 13 de janeiro de 47, tenho rezado muito pelo senhor, para
que estes mesmos desejos que Deus me confiou, a mim, a menos dig
na das filhas Dele, entrem no seu coração com a mesma força.
Não acho que seja possível vê-lo, porque o senhor deve estar sim
plesmente cheio de trabalho — mas assim que lhe parecer apropria
do, ficaria agradecida se pudesse conversar com o senhor.
* Refere-se à festa de Santa Teresinha, também conhecida como Santa Teresa do M enino Jesus
e da Sagrada Face, e, ainda. Santa Teresa de Lisieux.
98 Xcnha, seja M i n h a luz
19/10/47
Padre,
Como começaremos a trabalhar amanhã eu lhe dou minha res
posta à sua carta — Se lhe parecer conveniente, pode enviar esta
■Santa T( ri xa de Ca lc ul a 99
M. Teresa 19
* Madre Teresa mudou sua opinião sobre destruir as cartas, uma vez que a Congregação fosse
estabelecida; antes, pensava que as canas náo teriam mais utilidade.
** O Pe. Joseph Creusen, S.J. (1880-1960), foi Professor na Universidade Gregoriana, em
Roma. Madre Teresa tinha perguntado se ele tinha visto a Regra e, em caso positivo, qual
tinha sido a opinião dele. De acordo com o arcebispo, isso náo dizia respeito a ela.
•Sanla ■Teresa de C a lc u tá 101
No exame que fiz das vozes, nada encontrei nelas que perturbasse a mi
nha fé. Estou convencido de que provêm de Deus. Não existe absoluta
mente nenhum elemento nelas que possa fazer-me duvidar disso.21
O ardente desejo que Madre Teresa tinha de saciar a sede de Jesus a impe
lia a continuar pressionando. Receava que esse lento procedimento fosse
um sinal de indiferença à dor de Jesus e um obstáculo à salvação das
almas. Ignorando que aquela insistência estava gerando alguma tensão
entre o arcebispo e o padre, continuou a suplicar ao arcebispo para agir
mais rapidamente.
•Santa Teresa de Calc utú 103
Convento de Loreto
Entally, 24/10/1947
Excelência,
Na última carta que me enviou por ocasião da minha festa, o se
nhor escreveu: “Ainda vai demorar um pouco antes de poder concluir
todo este assunto.” Imploro-lhe, Excelência, em Nome de Jesus e pelo
amor de Jesus, que me deixe ir. Não demore mais. Não me detenha.
Quero começar esta vida na Véspera de Natal. Temos muito pouco
tempo, de agora até lá, para fazer os preparativos restantes. Por favor,
deixe-me ir.
O senhor ainda tem medo. Se a obra for toda humana, morrerá
comigo;25 mas, se for toda Dele, viverá durante séculos. Enquanto
isso, almas estão sendo perdidas. Deixe-me ir com a sua bênção —
com a bênção da obediência com que desejo começar todas as coisas.
Não tema por mim. Pouco importa o que me aconteça.
Excelência, tudo que pedirmos ao Pai em nome de Jesus é conce
dido.26 Foi em nome de Jesus, o mesmo Nome, que eu lhe pedi —
Por favor, deixe-me ir.
Reze por mim.
Sua devotafilha em J. C ,
Maria Teresa27
Uns dias mais tarde, em carta ao pe. Van Exem, Madre Teresa
repetia algumas das mensagens recebidas da “Voz” — mensagens que
transmitira anteriormente ao arcebispo Périer e, também, sublinhava os
motivos de sua saída de Loreto. Seu desejo de corresponder ao chamado
misturava-se com os seus sentimentos de inadequação, mas estava dispos
ta a aventurar-se, corajosamente, no mundo da “pobreza absoluta”:
O senhor sabe que não quero deixar Loreto, eu não tenho razão pes
soal qualquer, absolutamente nenhuma — mas o chamado, a vida e
a obra que Deus quer que eu faça é tão diferente da vida e da obra de
Loreto, que não estaria cumprindo a Sua vontade se aqui ficasse.
Ele fez o chamado a uma criancinha — que é incapaz de realizá-lc
104 l e n h a , seja M i n h a luz
— que já está unida a Ele por tantos laços de amor, por tanta fraqueza
de sua parte e, no entanto, Ele coloca esses grandes desejos no coração
desta criancinha que quase se perde neles. Sempre fui muito feliz onde
estou. Vim para a índia só com a esperança de salvar muitas almas e
de conquistar a palma do Martírio; o trabalho que tenho feito durante
todos estes anos tem ajudado muito para realizar este desejo. E agora,
no ano passado, Ele veio com outro chamado dentro do chamado. Se
tornou tão forte, tão luminoso, a cada Missa e Sagrada Comunhão.
Com frequência fico admirada com os caminhos Dele. [...]
O mundo é rico demais para os pobres. — Precisamos ser muito,
muito pobres em todos os sentidos da palavra para conquistarmos
para Cristo o coração dos pobres. — Os pobres são amargurados e
sofrem porque não têm a felicidade que a pobreza deveria trazer se
suportada por Cristo. [...]
A Pobreza absoluta que Nosso Senhor quer tanto estaria fora das
regras aqui [em Loreto] — o serviço contínuo e o misturar-se com os
mais pobres dos pobres também estaria contra.
Sua Excelência tem medo por mim — que essa vida seja impos
sível para mim e para as minhas. Santa Clara não teve que enfrentar
tanto por querer entregar-se, e às suas filhas, completamente a Deus
em absoluta Pobreza?28
Convento de Loreto
Calcutá, 7/11/1947
Excelência,
Como a mulher no Evangelho,30 aqui venho novamente lhe im
plorar que me deixe ir. Perdoe-me por cansá-lo com tantas cartas,
perdoe esta sua filha — que anseia com muitos desejos tudo aban
donar por Deus, entregar-se em Pobreza absoluta a Cristo e aos Seus
•Santa Tcrrsa d( C a lr u ta 105
pobres sofredores.
Excelência, o senhor está aqui no lugar do Santo Padre. Conhece os
desejos do Papa; sabe o quanto este trabalho estaria de acordo com o
coração dele. Mais ainda, o senhor está no lugar de Nosso Senhor. Lem
bre-se do Seu amor pelos pobres sofredores. — Por favor, Excelência,
deixe-me ir logo. Nada me acontecerá, apenas aquilo que Ele preparou
na Sua grande misericórdia. — A minha fraqueza e os meus pecados,
a minha incapacidade, a minha carência de tantas coisas devem causar-
-lhe tanto medo como causam a mim — mas eu estou muito segura
de Deus. — Confio no Seu amor. — Espero muitas coisas, ou melhor,
espero tudo Dele. — Isto é o que me fez ousar chegar até aqui. Nele e
com Ele posso fazer tudo quanto Ele quer que eu faça.31
O Rev. Pe. Van Exem diz-me que a vida que escolhi é difícil. É
Nosso Senhor que quer essa pobreza — por causa das muitas riquezas
pelas quais Ele foi privado de tanto amor. Quanto menos tivermos de
nosso, mais teremos para dar — porque o amor fundado no sacrifício
certamente aumenta. Ele quer “freiras pobres cobertas com a pobreza
da Cruz”. Ali na Cruz Ele nada tinha de Seu. É exatamente isso que
queremos fazer — amar a Deus por Ele Mesmo e aos pobres por Ele,
Nele, com Ele.
Excelência, por favor, confie todo o assunto ao Imaculado Cora
ção de Maria. — Ela está fazendo maravilhas em outras terras. — Ela
fará isso pela arquidiocese do senhor. — Ela tomará especial cuidado
das Missionárias da Caridade de Vossa Excelência, pois, ao servir aos
pobres, o nosso objetivo é levá-los a Jesus através de Maria, utilizando
o Terço em família como arma principal. Que desejos ela expressou
em Fátima* sobre a conversão dos pecadores. Queremos fazer o papel
de Nossa Senhora nas favelas. — Deixe-me ir, em nome dela e para
glória dela. Com ela como nossa Mãe, e para maior glória dela, Nosso
Senhor não permitirá que esta obra de amor e sacrifício seja um fra
casso — do ponto de vista Dele.
Eu sou tremendamente indigna de todas as muitas graças que Ele
tem me dado durante todos estes anos, sem qualquer mérito meu,
* Em Fátima, a Bem-aventurada Virgem Maria apareceu para três crianças durante um pe-
-ríodo de seis meses, que se iniciou em maio de 1917. Suas mensagens foram conversão,
penitência c devoção ao seu Imaculado Coração.
106 Venha, seja M i n h a luz
mas, por favor, me diga, o Bom Deus dá esses desejos sem querer que
se tornem realidade? Já se passou mais de um ano desde que eles vie
ram; e foram aumentando a cada Santa Missa e Sagrada Comunhão.
Eu anseio, eu desejo levar a Ele muitas, muitas almas — fazer com
que cada alma ame o Bom Deus com um amor ardente — levar o
Seu amor a cada rua e a cada favela, a cada lar e a cada coração. — O
senhor dirá que posso fazer isso como freira de Loreto, mas eu não
posso viver a vida que Ele quer que eu viva, não posso levá-Lo às
favelas, onde Ele quer estar.
Uma vez mais, eu lhe imploro, Excelência, por favor, deixe-me dar
início à vida para a qual Nosso Senhor está me chamando. — Deixe
que eu me ofereça para a obra que Ele escolheu para mim.
Excelência, gostaria de pedir-lhe que reze muito por mim, para
que a minha indignidade não seja um obstáculo à obra Dele — aos
desejos Dele.
Implorando a sua bênção,
Caro Padre,
Setembro de 1946
Durante o ano tive frequentemente aquele anseio de ser toda
para Jesus e de fazer com que outras almas — especialmente indianas
venham e O amem fervorosamente, mas como pensei que isso era
um dos meus desejos coloquei-o de lado várias vezes. Estaria fora
de questão identificar-me tanto com as jovens indianas. Depois de
ler sobre a vida de Santa Cabrini — a ideia continuava a me ocorrer
— por que não posso fazer por Ele na índia o que ela fez por Ele na
América — por que ela foi capaz de se identificar de tal maneira com
os americanos que se tornou um deles? Ela não esperou que as almas
chegassem a ela, foi à procura delas com suas zelosas trabalhadoras.
— Por que não posso fazer o mesmo por Ele aqui? Como poderia?
Tenho sido muito feliz como Freira de Loreto. — Abandonar aquilo
que amo e expor-me a novos esforços e a sofrimentos que serão
grandes, ser motivo de chacota para tantos — especialmente reli
giosos, abraçar e escolher deliberadamente as coisas penosas da vida
indiana — [abraçar e escolher] a solidão e a infâmia — a incerteza
— e tudo porque Jesus o quer — porque algo me chama a abando
nar tudo e a reunir as poucas pessoas — para viver a Sua vida — para
fazer a obra Dele na índia. Em todas as minhas orações e Sagradas
Comunhões Ele me pergunta continuamente: "Vai recusar? Quando
se tratou da sua alma, Eu não pensei em M im, mas Me entreguei
livremente por você na Cruz e agora o que você vai fazer? Vai
recusar? Quero Freiras indianas vítimas do Meu amor, que sejam
M aria e M arta, que estejam tão unidas a M im que irradiem
* 3 dc dezembro.
108 Venha, seja M i n h a luz
1947
“Minha pequenina — venha — venha — Me leve aos buracos onde
vivem os pobres. — Venha, seja Minha luz. — Eu não posso ir sozinho
— eles não Me conhecem — por isso não Me querem. Você venha —
venha, vá no meio deles. Me leve com você para junto deles. — Como
anseio por entrar nos buracos onde eles vivem — seus lares escuros e tris
tes. Venha, seja a vítima deles. — Na sua imolaçáo — no seu amor por
M im — eles irão Me ver, irão Me conhecer, irão Me querer. Ofereça mais
sacrifícios — sorria com mais ternura, reze com mais fervor e todas as
dificuldades desaparecerão.
110 Xciiha, seja iSlinha luz
“Tem medo. Como o seu medo me magoa. — Não tenha medo. Sou
Eu quem está lhe pedindo que faça isto por Mim. Não tenha medo. —
Mesmo que o mundo inteiro esteja contra você, ria de você, que as suas
companheiras e as suas Superioras a menosprezem, não tenha medo —
sou Eu em você, com você, por você.
“Vai sofrer— sofrer muito — mas lembre-se de que Eu estou com você.
— Mesmo que todo o mundo a rejeite — lembre-se de que você é Minha
— ede que Eu sou somente seu. Não tenhas medo. Sou Eu. — Apenas obe
deça — obedeça alegremente e prontamente e sem perguntas — somente
obedeça. Eu nunca a deixarei — se obedecer. ”
1) Vi uma grande multidão — todo tipo de pessoas — muito
pobres e também havia crianças ali. Todos eles tinham suas mãos
erguidas para mim — em pé no meio deles. Eles clamavam: “Venha,
venha, salve-nos — leve-nos a Jesus.”
2) Novamente aquela grande multidão — podia ver grande triste
za e sofrimento nos seus rostos — eu estava ajoelhada junto de Nossa
Senhora, que estava voltada para eles. — Eu não via o rosto dela, mas
a ouvi dizer: “Cuide deles — são meus — traga-os a Jesus. — Leve
Jesus a eles — Não tenha medo. Ensine-os a rezar o Terço — o Terço
em família — e tudo ficará bem. — Não tenha medo — Jesus e eu
estaremos com você e com as suas crianças.”
3) A mesma grande multidão — estavam cobertos pela escuridão.
Mas eu podia vê-los. Nosso Senhor na Cruz. Nossa Senhora a uma
pequena distância da Cruz — e eu própria, como uma criança peque
na diante dela. A sua mão esquerda pousada no meu ombro esquerdo
— e a sua mão direita segurando meu braço direito. Estávamos am
bas voltadas para a Cruz. Nosso Senhor disse — “Eu lhe pedi. Eles lhe
pediram e ela, a Minha Mãe, lhe pediu. Vai recusarfazer isto por M im
— tomar conta deles, trazê-los para Mim?”
Eu respondi — Tu sabes, Jesus, que estou pronta para ir assim que
me disserem.
Desde [este momento] — nunca mais ouvi nada nem vi nada,
mas sei que tudo o que escrevi — é verdade. — Como lhe disse, não
é nisto que me baseio — mas sei que é verdade. Se não falasse disto
— se tentasse matar estes desejos no meu coração — seria culpada
diante de Nosso Senhor. — Por que foi que tudo isto chegou a mim
-Sa n t a T er es a d e C a l c u t á 1 11
— a mais indigna das Suas criaturas — não sei — e tentei tantas vezes
convencer Nosso Senhor a procurar outra alma, uma mais generosa
— uma mais forte, mas Ele parece gostar da minha confusão, da
minha fraqueza. — Estes desejos de saciar o anseio de Nosso Senhor
pelas almas dos pobres — por vítimas puras do Seu amor — con
tinuam crescendo a cada Missa e Sagrada Com. [Comunhão]. Todas
as minhas orações, em uma palavra, todo o meu dia — estão cheios
deste desejo. Por favor, não demore mais. Peça a Nossa Senhora que
nos dê esta Graça no dia 8, na festa dela.*
Se houver mais alguma coisa que eu lhe tenha dito, mas de que
não me lembro neste momento, por favor, conte a Sua Excelência isso
também. — Eu lhe disse que apenas desejava obedecer e fazer a Santa
Vontade de Deus. — Agora não tenho medo, entrego-me completa
mente em Suas Mãos. — Ele pode dispor de mim como Ele desejar.
Por favor, fale a Sua Excelência sobre as duas jovens iugoslavas em
Roma. Depois, há seis jovens bengalis — a jovem belga no Sul — e
também aquela que o senhor conhece na Bélgica. — As vocações
virão. Não tenho medo quanto a isso — embora todos achem que
sou muito otimista, mas sei quanto amor e generosidade há nos cora
ções bengalis, se lhes derem os meios para chegarem ao mais alto. A
negação de si própria e a abnegação serão os meios para o nosso fim.
— Haverá desilusões — mas o bom Deus apenas quer o nosso Amor
e a nossa confiança Nele.
Por favor, reze por mim durante a sua Santa Missa.
Sua sinceramente em N. S. [Nosso Senhor],
M. Teresa33
./Is visões
“Poclo avançar”
Convento de Loreto
Entally, 10/01/1948
* Mediante um indulto de secularização, um(a) religioso(a) recebe dispensa de seus votos re
ligiosos, tornando-se, consequentemente, uma pessoa leiga. Por um indulto de exclaustraçáo,
■Santa Teresa de Calcutá 117
o(a) religioso(a), formalmcntc, continua sendo membro de sua instituição religiosa, ligado(a)
a ela por votos religiosos, mas vive fora da instituição propriamente dita. Desta forma, muitos
direitos c deveres cessam.
118 Venha, seja M i n h a luz
Tal como Madre Teresa tinha previsto,2 daí em diante, o arcebispo Périer
tornou-se o seu mais tenaz defensor e o seu principal guia. Naquele mo
mento, sua tarefa era ajudá-la a avançar no processo de ser dispensada das
obrigações como freira de Loreto.
Uma questáo importante era se Madre Teresa continuaria — ou
náo — a ser membro da ordem de Loreto, uma vez que começasse a viver
fora do convento. Na carta que escreveu à Madre Gertrude, Madre Teresa
revelou sua intenção de solicitar a anulação dos votos (ou secularização).
Ao mesmo tempo, embora estivesse convencida de que seria necessária
uma completa separação de Loreto, estava determinada a permanecer
consagrada a Jesus como religiosa, como acentuara anteriormente:
Madre Teresa pediu ao arcebispo que lhe garantisse que ela conti
nuaria totalmente ligada a Cristo:
Também quero ter a certeza de que, logo que os meus votos como
freira de Loreto sejam anulados, o senhor permitirá que eu me com
prometa por votos que me mantenham sendo Dele a partir daquele
mesmo instante. Náo desejo que passe nem um minuto sem que todo
o meu ser Lhe pertença.4
Devo acrescentar ainda que, durante todo este período, fui exami
nando a Irmã, e ouvindo as informações do diretor espiritual e de ou
tros. Estou ciente de que Madre Teresa nem sempre foi bem compre
endida e de que, na opinião de alguns, não é altamente considerada,
talvez nem sequer favoravelmente, devido, sobretudo, à sua educação
anterior, diferente em muitas formas da ministrada em outros países
120 l e n h a , seja M i n h a luz
Convento de Loreto
Entally, 28/01/48
Excelência,
Vinha querendo escrever-lhe já há algum tempo, mas não conse
guia arranjar tempo. Continuo ansiando por cumprir a minha pala
vra a Deus. E quero que ela se faça realidade rapidamente. Até agora,
a demora foi necessária, mas agora que o senhor viu que o Bom Deus
quer a obra, que as almas estão esperando as Missionárias da Carida
de, por que me fazer esperar tanto tempo? As minhas superioras já
sabem tudo que precisavam saber. A reunião com a Madre Provin
cial correu muito bem. Ela não me repreendeu nem tentou me fazer
mudar de opinião, foi extremamente amável e gentil — e o resto o
pe. Van Exem deve ter lhe contado. — Há mais de três semanas que
escrevi à Madre Geral.* Quanto tempo devo esperar? Eu não poderia
* Como Madre Teresa era da Iugoslivia, o inglês náo era sua primeira língua; portanto, suas
superioras náo lhe davam a tarefa de dar aulas em inglês.
■Santa Teresa de Calcutá 121
* Na verdade, haviam se passado menos de três semanas, porque sua cana à madre G enrude
tinha sido escrita em 10 de janeiro e essa cana, ao arcebispo, em 28 de Janeiro.
** Nenhum a dessas moças entrou para a Congregação, mas isso demonstra a confiança de
Madre Teresa de que haveria muitas vocações.
122 l en h a , seja M i n h a lu z
Casa do arcebispo
32, Park Street
Calcutá, 29 de janeiro de 1948.
Devotamente em Xt„
f E Périer, SJ"
Apenas três dias após Madre Teresa escrever para o arcebispo, ele re
cebeu a resposta de Dublin. O que pareceu a ela um longo período
foi, levando-se em conta as circunstâncias, surpreendentem ente rápido.
Madre Gertrude tinha tomado a decisão no dia seguinte ao recebimen
to do pedido:
25 de janeiro de 1948
Com esta aprovação, uma porta a mais se abria para Madre Teresa. O
passo final que tinha que dar antes de poder sair às ruas de Calcutá era soli
citar autorização à Santa Sé. Madre Teresa explicou os seus planos em uma
carta cerimoniosa, dirigida à Sagrada Congregação para os Religiosos.
Convento de Loreto
Entally, Calcutá 15
índia
0710211948
A Sua Eminência
O Cardeal Prefeito da S. C. [Sagrada Congregação] para os Religiosos
Roma
Eminência,
Com a autorização e o consentimento da Reverendíssima Madre
M. Gertrude, Superiora Geral do Instituto da Bem-aventurada Vir
gem Maria (em Rathfarnham, Irlanda), eu peço, humildemente, li
cença para dirigir esta petição a V. E. [Vossa Eminência], a saber, para
obter o Indulto de secularização, desta forma liberando-me dos votos
que me ligam ao referido Instituto.
Desde setembro de 1946 que Deus Onipotente me chama para
dedicar-me, inteiramente, a uma pobreza completa, seguindo o exem
plo do grande Santo de Assis, e ao total serviço dos Pobres das favelas
e dos becos da cidade e de outros locais, para cuidar dos doentes e dos
moribundos, para tirar as criancinhas de rua do pecado e do mal, a aju
dar os mendigos e os famintos. Para poder fazer esse tipo de trabalho,
é necessário uma vida de oração e de sacrifício: para abordar os mais
pobres entre os pobres devemos nos tornar como eles; para atrair os
pobres a Cristo, é essencial uma pobreza completa.
Expus estes meus desejos e muitos outros ao meu diretor espiri
tual. Ele me obrigou a esperar muito tempo: rezou e pediu orações
para descobrir se era esta a vontade de Deus. Após vários rfleses, per
suadido de que eu não agia por motivos humanos, mas pelo desejo
de corresponder a uma vocação genuína, autorizou-me a expor tudo a
Sua Excelência, o arcebispo de Calcutá. Após um ano inteiro, Sua Ex
celência me deu licença para escrever à nossa Reverendíssima Madre
126 Venha, seja M i n h a luz
Em breve fará quase dois meses que escrevi para Roma e ainda, como
sabe, nenhuma resposta chegou. — Não pretendo de maneira algu
ma antecipar a Sua vontade nem a Sua obra, só reze para que a minha
indignidade e os meus pecados não sejam a causa do atraso Dele.
Na sua última carta, o senhor escreveu que ficaria desapontado se as
coisas andassem depressa; é possível que Nosso Senhor esteja fazendo
128 l e n h a , seja M i n h a luz
isto para lhe agradar. — Mas se o senhor apenas soubesse quão difícil é
para mim esperar e continuar como se nada estivesse acontecendo, pe
diria a Nosso Senhor que viesse depressa e me levasse — para as favelas
e para os Seus pobres.r
Convento de Loreto
Entally, 13/05/1948
Excelência,
Não lhe parece que já é hora de fazermos um apelo mais fervoroso
a Roma? Já se passaram quase quatro meses desde que o senhor en
viou a minha carta. — Por que não respondem? Não lhe parece que
é falta de zelo de nossa parte pela obra Dele se eu só ficar esperando?
É verdade que eu não desejo antecipar Sua Santa Vontade um minu
to que seja, mas, por favor, Excelência, não me deixe esperar só por
acharmos que já fizemos o suficiente. Escrevi-lhe tantas cartas antes
de o senhor me dar o seu consentimento, possivelmente é necessário
fazer o mesmo com Roma. Eles não conhecem a índia. Eles não sa
bem o quanto Calcutá necessita das Missionárias da Caridade. Por fa
vor, Excelência, escreva de novo, e se for preciso, deixe que chegue ao
Santo Padre. Ele compreenderá claramente, porque isto é exatamente
o que ele quer. Por favor, Excelência, vamos fazer um apelo mais forte
a Roma, porque eu devo ir — e ir depressa. Por que tanta reflexão
sobre mim que sou tão pequena, tão pecadora, tão fraca? Por favor,
não demoremos mais — deixe-me ir. Almas estão sendo perdidas nas
favelas e nas ruas, o Sagrado Coração de Jesus está sofrendo mais e
mais — e aqui estou eu esperando — por apenas um único “Sim” que
tenho certeza de que o Santo Padre daria, se soubesse disso.
Por favor, escreva por correio aéreo — para que a resposta possa
chegar durante este mês de Maria,* a quem as Missionárias da Cari
dade irão pertencer — de corpo e alma.
Perdoe-me, não sei o que mais devo dizer, mas por favor, deixe-me
■Santa Teresa de Calcutá 129
começar logo. Utilize todos os meios que o bom Deus lhe concedeu,
e apele a Roma com um zelo maior — ou diga-me o que devo fazer.
Estou pronta para fazê-lo, mas para esperar — náo me diga. Sou
capaz de suportar isto com a Sua ajuda e graça, mas é muito, muito
difícil, quando a mente e o coração de alguém são cativados por dese
jos tão fortes, continuar vivendo como se tudo continuasse o mesmo.
Deixe-me ir, Excelência, por favor.
Tenha a bondade de rezar pelo meu irmão, que está gravemente
doente.— [...]
Por favor, reze por mim.
* Em homenagem a esse importante dia, Madre Teresa escolheu essa data como o dia da pro
fissão final do primeiro grupo das Missionárias da Caridade, bem como para um bom número
de grupos subsequentes.
•Santa Teresa de Calcutá 131
Convento de Loreto
Entally, 15/08/1948
Excelência
Em primeiro lugar quero agradecer tudo o que o senhor tem feito
por mim — para me ajudar a seguir este novo chamado. Fui a causa
de muito trabalho extra e de muita preocupação — e espero realmen
te que o bom Deus o recompense à maneira Dele.
Parto na terça-feira à noite no correio de Punjab.* — Está tudo
muito obscuro — cheio de lágrimas — mas vou de minha livre e
espontânea vontade com a bênção da obediência. — Por favor, reze
por mim para que eu tenha a coragem de completar o meu sacrifício
como Ele me deu a inspiração e a graça para começar. [...]
Por favor, reze — eu tenho muito pouca coragem — mas confio
Nele cegamente, apesar de todos os sentimentos.
O PLANO DE N o s s o SENHOR
ESTÁ SENDO CUMPRIDO
“Custoa-me muitíssimo ”
Só Deus conhecia o elevado preço do sacrifício de Madre Teresa no m o
mento em que saía com passos firmes pelo portão do seu bem-amado
Loreto. O seu destino era o Hospital da Sagrada Família das Irmãs da
Missão Médica de Patna, onde deveria aprender as noções básicas de en
fermagem de que precisaria para servir aos pobres. Embora estivesse de
terminada a seguir o seu novo chamado, nem por isso deixava de achar
que era “m uito mais duro deixar Loreto do que foi deixar a minha famí
lia”.1Após chegar a Patna, Madre Teresa escreveu ao arcebispo Périer:
134 l e n h a , seja M i n h a luz
Ó Jesus, único amor do meu coração, desejo sofrer o que sofro e tudo
o que Tu quiseres que eu sofra, por Teu puro amor, não pelos méritos
que eu possa adquirir, nem pelas recompensas que Tu me prometeste,
mas apenas para Te agradar, para Te louvar, para Te dar graças, tanto
na dor quanto na alegria.**
* Esta oraçáo, ditada por Jesus à Irmã Benigna Consolata Ferrero (1883-1916) da Ordem
da Visitação, foi copiada por Madre Teresa na primeira página de seu C aderno Médico, em
Patna, datado de 1948. Nele, além de termos médicos e doenças e seus devidos tratamentos,
ela escreveu receitas de vários biscoitos e nomes c endereços de benfeitores em geral.
** O lema de Santo Inácio de Loyola.
•Sa u t a 'Teresa de C a lc ut á 135
nosco para lhe ajudar com nossas orações. E se pudermos fazer mais
alguma coisa pela senhora, por favor, nunca hesite em pedir. — Sei
que Deus a chama para este trabalho, por isso não precisa ter medo
do futuro; e é, verdadeiramente, com um sentimento de alegria e
confiança, que a vejo partir para realizar a obra de Cristo entre os
pobres e os abandonados.4
quando li a sua carta, chorei o dia todo e vejo que é a vontade de Deus.
Rezo todos os dias por você e as minhas orações nunca lhe faltarão.
Se quer saber, todas as Irmãs falaram bem de você; nem uma só
falou mal de você. Todas estão pensando em você. Ele, o glorioso,
quer mostrar a Sua vontade em você — Quão abençoada você é, que
Deus a escolheu para fazer esse grande sacrifício, porque Dele sempre
recebeu coragem, é por isso que Deus a entregou para esse caminho
difícil; Ele sabe que será capaz de carregar a Cruz Dele — [... ]
Espero que não mude de nome —
Muito carinho e saudações e saiba que nunca a esquecerei.
Abadia de Loreto,
Rathfamham, 29 de outubro de 1948
Caríssima M. M. Teresa,
Lamento muitíssimo que a minha primeira carta para a senhora
vai lhe trazer um desapontamento, mas estou certa de que a aceitará
como Vontade de Deus.
Deve ter se esquecido de que as nossas Constituições proíbem a
alienação de propriedade e que, consequentemente, não era da al
çada da Madre Dorothy lhe conceder tal autorização, como a que a
senhora pediu em sua última carta. Portanto, ela teria que enviar o
caso ao Conselho-Geral.
As minhas Conselheiras e eu lhe desejamos todas as bênçãos e
todo o sucesso nesse novo trabalho para a salvação das almas, para
o qual está, neste momento, preparando-se, em Patna. Contudo,
gostaríamos que compreendesse que Loreto não está relacionada à
nova Ordem que tem a esperança de fundar, nem é responsável por
ela. Admitir outra Ordem religiosa a viver em uma casa ou nos ter
renos de qualquer um dos nossos Conventos estaria em oposição
aos costumes e ao espírito do nosso Instituto. Tengra não pode ser
dada à senhora. Rezaremos intensamente para que logo encontre
acomodações adequadas.
Eu fui uma das conselheiras da Rev. M adre Gertrude, e fiquei
com a impressão de que a senhora pretendia viver como nativa en
tre os mais pobres dos pobres de Calcutá, e que, pelo seu exemplo
lá, esperava atrair outras pessoas a se unirem à senhora.
Espero que continue bem, pois a vida em Patna deve ser uma
grande mudança para a senhora. Lembro-me de tê-la visto na Aba
dia, antes de a senhora partir para a índia. Esteve aqui durante algu
mas semanas, e penso que não falava inglês.
Com amor e os melhores desejos de felicidades,
8 da manhã. Sai de S. José. (...) Passei por Sta. Teresa (...) peguei
Verônica’ comigo e partimos.
Começamos em Taltala e fomos a todas as famílias católicas. — As
pessoas ficaram satisfeitas — mas tinha crianças e crianças por todo o
lado — e que sujeira e miséria — que pobreza e sofrimento. — Falei
muito, muito pouco, apenas lavei algumas feridas, fiz uns curativos,
dei medicamentos a alguns. — O velhinho deitado na rua — que
ninguém queria — completamente sozinho, doente e moribundo. —
Dei-lhe amebicida e água e o velhinho ficou tão estranhamente grato.
(...) Depois fomos para o Bazar de Taltala e havia uma mulher muito
pobre morrendo eu penso que de fome mais do que de tuberculose.
Que pobreza. Que sofrimento tão real. Dei-lhe algo que a ajudará a
dormir — mas a mulher está ansiando para que cuidem dela. Eu me
pergunto quanto mais tempo resistirá — naquele momento apenas
estava com 35 graus e meio [de temperatura). Pediu algumas vezes
pela Confissão e a Sagrada Comunhão. — Eu senti ali minha própria
pobreza também — pois não tinha nada para dar àquela pobre mu
lher — fiz tudo o que podia mas se tivesse podido lhe dar um copo de
leite quente ou qualquer coisa assim, seu corpo frio teria recuperado
um pouco de vida. — Devo tentar estar em algum lugar perto das
pessoas onde eu poderia conseguir as coisas com facilidade.14
Cada dia passado nas favelas trazia novos desafios. Além da po
breza, das dificuldades e da insegurança. Madre Teresa tinha que se con
frontar com as críticas que havia antecipado. Nem todos compreendiam
seus esforços, nem os benefícios do trabalho por ela desenvolvido entre os
pobres. Nada disso a alarmava. A sua confiante resposta — precursora de
respostas futuras — é uma prova da sua determinação:
Acredito que alguns estão dizendo para que serve trabalhar entre os
mais inferiores dos inferiores — quando os grandes, os cultos e os ri
cos estão prontos para vir [então] é melhor dar todas as energias para
eles. Sim, deixe que todos eles o façam. — O Reino deve ser pregado
* Verônica Gomes, membro da Irmandade em Santa Teresa, trabalhava naquela paróquia; era
a ''guia” de Madre Teresa nas áreas pobres da cidade.
■Santa Teresa d< Calcula 143
Hoje aprendi uma boa lição — a pobreza dos pobres deve ser fre
quentemente tão dura para eles. Quando andava por ali à procura
de uma casa — caminhei e caminhei até doerem minhas pernas e
meus braços — pensei como devem também doer o corpo e a alma
deles procurando casa — comida — ajuda. — Então a tentação tor-
nou-se mais forte — os palacetes de Loreto vieram impetuosamente
à minha mente — todas as coisas belas e os confortos — as pessoas
com as quais elas se misturam — numa palavra tudo — “Basta
dizer uma palavra e tudo aquilo será seu novamente” — ficou di
zendo o tentador. De [minha] livre escolha Meu Deus e por amor
a Ti — desejo permanecer e fazer o que for a Tua Santa Vontade a
meu respeito. — Não deixei que caísse uma só lágrima. — Mesmo
144 V e n ha , seja M i n h a luz
que sofra mais do que agora sofro — ainda quero fazer a Tua Santa
Vontade. — Esta é a noite escura do nascimento da Congregação
— Meu Deus, dá-me coragem agora — neste momento — para
perseverar seguindo o Teu chamado.
Tal como Madre Teresa tinha previsto, essa nova vida estava tra
zendo “em sua maior parte, só sofrimentos”.18 Mas ela aceitava que tinha
que ser assim porque essa era a “noite escura do nascimento da Congrega
ção”. “A pobreza dos pobres” estava se tornando a sua própria pobreza. Ao
mesmo tempo, Deus supria a coragem de perseverar, pela qual a Madre
tinha rezado.
Após dois longos meses de procura, Deus respondeu ao seu pedido
de uma nova casa. Os Irmãos Gomes, dois dos quais viviam em Bangla
desh, puseram à disposição dela o terceiro andar da casa que tinham na
Creek Lane n° 14, que se tornaria “a primeira casa das Missionárias da
Caridade”,19 para onde Madre Teresa se mudou no final de fevereiro. Mas
as provações persistiam:
Sua oração foi logo atendida. Algumas das alunas que tivera na
St. Mary’s interessaram-se pela sua nova missão. Madre Teresa já tinha
provocado um impacto sobre elas como professora e, agora, no exemplo
que dava com essa nova vida de serviço segundo o Evangelho aos mais
necessitados, elas viram um ideal pelo qual valia a pena deixar tudo. Em
19 de março de 1949, Shubashini Das, a futura Irmã Agnes, veio unir-se
a ela.24 Ao longo dos meses seguintes, foram chegando mais candidatas.
Em junho de 1950, a comunidade contava com doze Irmãs.
Em junho de 1949, Madre Teresa confidenciava ao arcebispo Périer:
O notável trabalho realizado náo o fora sem custos para Madre Teresa e
para as jovens que a acompanhavam. O trabalho nas favelas era exigen
te. Tinham que caminhar longas distâncias, sua alimentação era pobre
e, às vezes, tinham que mendigá-la. Ao mesmo tempo, muitas das jo
vens tinham que continuar seus estudos. “Temos que pagar o preço pelas
almas”,33 repetia a fundadora às jovens Irmãs.
Na sua Explicação das Constituições Originais, escreveu o se
guinte:
Jesus disse: “Em verdade vos digo, se o grão de trigo não cair
na terra e não morrer, permanece sozinho. Mas se morrer dará
m uito fruto.”34 A missionária deve morrer diariamente, se quiser
levar almas a Deus. Deve estar disposta a pagar o preço que Ele pa
gou pelas almas, andar pelo caminho que ele andou em busca de
almas.35
150 \ c n h a , seja M i n h a luz
Por mais estranho que pareça, a verdade é que Madre Teresa re
ceava que os muitos e variados sofrimentos que experimentava não cor
respondessem, ainda, à “promessa” que tinha recebido no momento da
inspiração — de que sofreria muito. O arcebispo Périer voltava a dar-lhe
sábios conselhos:
todos. Madre Teresa procurou uma casa onde elas fossem recebidas
com amor e tratadas com dignidade, pelo menos nos últim os m om en
tos de suas vidas. A câmara de Calcutá providenciou um dos abrigos
para peregrinos do Templo de Kali, a que M adre cham ou N irm al
Hriday, que, em bengali, significa “coração puro”, em hom enagem
ao Coração Imaculado de Maria.* Era para lá que ela e as Irmãs leva
vam os m oribundos que encontravam nas ruas, proporcionando-lhes
alojamento, cuidados médicos básicos e, sobretudo, um terno amor.
Dois meses após sua inauguração, em 22 de agosto de 1952,
festa do Imaculado Coração de Maria, o arcebispo Périer foi visitá-
-la. Habitualmente reservado nas suas apreciações, expressou a alta
consideração que tinha pelo serviço dedicado que ali se prestava:
* Em agradecimento a Nossa Senhora, Madre Teresa queria que todas as suas Casas tivessem
nomes que homenageassem o Imaculado Coração de Maria.
•Sfl/i/rt Teresa de C a lc u ta 155
“O segundo eu”
cio. Mas, se amarmos até doer, Deus nos dará a Sua paz e a Sua alegria.
[...] Em si mesmo, o sofrimento nada é; mas o sofrimento partilhado
com a Paixão de Cristo é um dom maravilhoso.”
Estou muito feliz porque está disposta a unir-se aos membros so
fredores das Missionárias da Caridade. — Você entende o que eu
quero dizer? — Você e outros que se unirão irão partilhar em todas
as nossas orações, nos nossos trabalhos e em tudo o que fizermos
pelas almas — e vocês farão o mesmo para nós, com as suas orações
e os seus sofrimentos. Veja bem, o objetivo da nossa Congregação é
saciar a sede de Jesus na Cruz por amor das almas, trabalhando para
a salvação e a santificação dos pobres das favelas. — Quem melhor
do que você e os outros que sofrem como você para fazer isto? O seu
sofrimento e as suas orações serão o cálice em que nós, os membros
ativos, derramaremos o amor das almas que reunimos. Consequente
mente, são tão importantes e necessários para o cumprimento desse
objetivo. — Para saciar Sua Sede, precisamos de um cálice — e você
e os outros — homens, mulheres, crianças, idosos e jovens, pobres e
ricos — serão todos bem-vindos para formar o cálice. Na realidade,
podem fazer muito mais de seu leito de dores do que eu, correndo
com os meus pés, mas vocês e eu — juntos — podemos fazer tudo
Naquele que nos fortalece.'’6
[...] Mas devemos ter uma coisa em comum, o espírito da nossa
Congregação — o total abandono a Deus, a confiança amorosa e a
alegria perfeita. — Através disso serão conhecidos como Missionários
da Caridade.
Toda e qualquer pessoa que deseje ser Missionária da Caridade
— portadora do amor de Deus — é bem-vinda, mas eu quero, cm
especial, os paralíticos, os aleijados e os doentes incuráveis porque sei
que eles trarão muitas almas aos pés de Jesus. De nosso lado, cada
•Santo T( r< so dc Calcula 157
18/03/53
Excelência,
[...] Por favor, reze especialmente por mim para que eu não estra
gue a obra Dele e para que Nosso Senhor Se mostre — pois há dentro
de mim uma escuridão tão terrível, como se tudo estivesse morto.
Tem sido assim mais ou menos desde o momento em que dei início
à “obra”. Peça a Nosso Senhor que me dê coragem.
Por favor, dê-nos a Sua bênção,
Deus a conduz, cara Madre; a senhora não está tão às escuras quanto
pensa. O caminho a seguir poderá não ser sempre imediatamente
claro. Reze por luz; não decida com demasiada rapidez, escute o que
os outros têm a dizer, leve em consideração suas razões. Sempre en
contrará alguma coisa que a ajude. A senhora tem fatos externos sufi
cientes para ver que Deus abençoa o seu trabalho. Portanto, Ele está
satisfeito. Guiada pela fé, pela oração e pela razão, com a intenção
correta, a senhora tem o suficiente. Os sentimentos não são necessá
rios e frequentemente podem ser enganadores.2
Hoje, a nossa pequena Irmã Maria Goretti partiu para junto de Nos
so Senhor. A maior alegria da vida dela foi ter sido Missionária da
Caridade,* e tão verdadeiramente o foi — que muitas vezes quando a
via ou falava com ela, eu me sentia feliz por ter sacrificado Loreto —
para ter me tornado Mãe de uma filha assim. Agora está com Jesus —
a primeira MC a entrar no céu. [...] Agora com a Irmã no céu vamos
conseguir muitas vocações.8
* Madre Teresa quis atender ao pedido dessa aspirante de fazer sua profissão religiosa antes de
morrer, o que não foi possível porque ela ainda não era noviça. No entanto, Madre Teresa a
considerava como uma Missionária da Caridade, mesmo não sendo esse o caso.
•Santa Tvrosa de Calcutá 163
ciência de que era a “obra de Deus”; de que ela era apenas um instrumen
to para “levar as Almas a Deus — e Deus às Almas”.9 Para tal missão, ora
ção e sacrifício eram essenciais: unidos ao sofrimento redentor de Jesus, a
oração e o sacrifício fermentavam o trabalho pelos pobres. Essa visão de
fé a guiou no estabelecimento dos seus “colaboradores doentes e sofredo
res”, como explicava ao arcebispo Périer:
Não sei se disse ao senhor que dei início a uma relação espiritual com
os doentes. Cada Irmã tem um segundo eu — para rezar e sofrer por
ela — e as Irmãs compartilharão as suas boas obras e as suas orações
com ela. — Espiritualmente, são filhos da Congregação — assim,
tenho alguns na Inglaterra, em Bruxelas, na Antuérpia, na Suíça,
em Calcutá, que entraram para a Congregação, homens, mulheres,
crianças. — Eles gostariam de ter umas pequenas orações para reza
rem em união conosco. A senhorita de Decker e Nicholas Gomes
são o meu segundo eu. Atualmente, são 18 na lista. Por favor, daria a
sua bênção a este trabalho? — São as orações e os sofrimentos deles
que estão abençoando o nosso apostolado. Os faz tão felizes ter al
guém por quem sofrer — serem Missionários da Caridade — embora
sejam cegos, coxos, TB [tuberculosos], aleijados, cancerosos. Com
frequência, quando percebo que o trabalho está muito difícil, ofereço
o sofrimento destes meus filhos e descubro que a ajuda chega logo.
— Acho que muitos dos nossos doentes e sofredores se santificariam
muito mais depressa se sofressem para saciar a sede de Jesus. Quando
o senhor vier, explicarei melhor.
[...] Estou há 23 anos na vida religiosa — por favor, agradeça a
Deus por tudo o que Ele fez por mim.10
No dia 21 de dez. fará cinco anos que começou o trabalho nas fave
las e quero agradecer a Vossa Excelência todo o seu interesse pessoal
164 t e n h a , seja M i n h a luz
17/10/1954
continue sorrindo. — Você sabe que Ele a ama com um Amor terno
e infinito. [...]
Reze por mim — tenho muito que fazer.
o q u e q u is e r e m . — S e ja c o m o um c o rd e irin h o — so rrin d o a to d o
m u n d o . N ão se p re o c u p e , q u e e u v o u p e d ir o d in h e ir o e v o u v ê -la
lo g o q u e a I r m ã m e d ê n o tíc ia s m a is c o n c r e ta s .
“Q u e e le s e rg a m os o lh o s e v e ja m s ó J e s u s .” * P r o m e ti a N ossa
S e n h o ra 2 5 .0 0 0 M e m o r a r e s 17 p e l a s u a c u r a e d e v e m o s c u m p r i - l o a o
lo n g o d e s te s 9 d ia s . P o r fa v o r, a g ra d e ç a à M . R o s e p o r s u a g e n tile z a
voces — sã o to d a s D e le .
A m e a Je su s e m a n te n h a um c o r a ç ã o s o r r i d e n t e p a r a E le . — T o
d o s esses p e n s a m e n to s p e rtu rb a d o re s v ê m d o d e m ô n io — ig n o r e - o s .
D e u s a a b e n ç o e , m i n h a filh a .
Madre™
Excelência,
Agradeço muito a Vossa Excelência por vir — sempre sinto o far
do um pouco mais leve depois de o senhor ter vindo. — Não sei, mas
há uma solidão tão profunda no meu coração que não posso expressá-
-la. — Há meses que não consigo falar com o pe. Van Exem e cada
vez é mais e mais difícil falar. Durante quanto tempo permanecerá
Nosso Senhor longe?
Por favor, reze por mim.
c a d a u m a d e n ó s a p re s e n ta o a m o r d e v o cês d ia n te d o tr o n o d e D e u s
e de q u e lá , t o d o s o s d ia s o s o f e r e c e m o s , o u m e lh o r , o f e r e c e m o -n o s ,
u n s a o s o u tro s , a C ris to p e la s a lm a s . N ó s , M is s io n á r io s d a C a r id a d e ,
b a lh a rm o s . — C o m p le ta m o s u n s n o s o u tro s o que f a l t a a C r i s t o . 22
n a s fa v e la s . — A v id a d e s a c r if íc io d e v o c ê s é o c á lic e , o u m e lh o r , o s
n o s s o s v o to s sã o o c á lic e e o s o f r im e n to d e v o c ê s e o n o s s o tr a b a lh o
sã o o v in h o — a h ó s tia im a c u la d a . F ic a m o s ju n to s s e g u ra n d o o m e s
m o c á lic e c a s s im , c o m o s A n jo s e m a d o ra ç ã o , s a c ia m o s a S u a S e d e
a r d e n te d e a lm a s .
Terminamos hoje o nosso sexto dia.* Quanto mais rezo, mais claro se
toma o desejo de Cristo por uma “semelhança íntima com Ele” — e
isto fazer através de mais amor materno, afeto e apego a cada uma das
Irmãs — e da doçura e amabilidade mesmo no tom de voz com todos
— em especial quando faço alguma observação ou quando tenho que
recusar os pobres.
Neste ano tenho sido, com frequência, impaciente e algumas ve
zes até mesmo ríspida nas minhas observações — e notei a cada vez
que fazia menos bem às Irmãs — consigo sempre mais delas quando
sou amável. — Há uma coisa que me preocupa — quando às vezes
confrontada com alguma dificuldade a respeito de algumas Irmãs —
tive que falar com o Pe. Van Exem ou com o Pe. Cordeiro. Até que
ponto isto é contra a caridade? Posso guardar silêncio? Se falei com
o Pe. Van Exem é porque ele está no lugar do senhor — e com o pe.
Cordeiro, porque ele ajuda com a instrução e porque os conselhos
dele sempre foram muito sábios — e eu tenho uma grande necessi
dade de aprender. Sempre que fiz isso com qualquer um dos dois, fui
me confessar. — O que devo fazer? Para mim isto é falta de caridade,
mas eu preciso encontrar a resposta para as dificuldades que por ve
zes surgem devido aos diferentes temperamentos das Irmãs etc. No
entanto, Excelência, como temos que agradecer a Deus pelas nossas
boas Irmãs — apesar de todos os seus defeitos são muito fervorosas e
generosas. — Deus deve estar muito satisfeito com a grande quanti
dade de sacrifícios que estas jovens Irmãs fazem todos os dias. Deus
as conserve assim.
[...] Antes eu costumava obter tanta ajuda e consolo na direção
espiritual — desde que começou o trabalho — nada. — Eu mesma
não tenho nada a dizer — pelo que parece. Gostaria muitíssimo de
ter — pelo menos uma vez — uma conversa séria — mas a ideia de
ter que contar tudo o que está relacionado ao Chamado me impede
— e por isso não falo com ninguém. — Por favor, perdoe-me por
escrever tudo isto — o senhor tem tanto o que fazer. —
Por favor, reze por mim, para que eu O responda generosa
mente. [...]25
15/12/1955
Excelência,
Em 1956 vai fazer dez anos que Jesus falou da “obra”. Pode
mos fazer do próximo ano um “Ano Eucarístico” para a nossa Con
gregação? Tentaremos espalhar pelas favelas o amor e a verdadeira
devoção ao Santíssimo Sacramento em ação de graças pela nossa
Congregação.
Foi muito bonito o dia 12. — Obrigada por ter vindo — 130
pequeninhos — as palavras de Nosso Senhor estão realmente sendo
cumpridas — “os cegos — os aleijados — os doentes — os pobres
— Eu os quero”.26 Tivemos 12 de Shishu Bhavan.* —
Incluo o relatório do trabalho das Irmãs em 1956. Escrevi tudo
o que elas fazem — para dar ao senhor ter uma melhor apreciação
do trabalho.
Deus tem sido muito maravilhoso usando os pobres instrumentos
para a obra Dele. Posso dizer com todo o meu coração — que nada,
absolutamente nada reivindico como meu em tudo isto, apenas digo
que as Irmãs e eu permitimos que Deus nos usasse por completo. —
Ficaria muito feliz se o senhor escrevesse uma carta a todas as
Irmãs. Iria ajudá-las muito. Temos mais direito que qualquer outra
Congregação ao amor e aos cuidados do senhor, porque nós somos
suas mesmo. É por causa do senhor que nós existimos.
d ep en d em d e n ó s . Q u e ir a d a r- m e ta m b é m p e rm issã o — p a ra d a r as
to d a s as m in h a s fa lta s .
Excelência,
Quero dizer-lhe uma coisa — mas não sei como expressá-la. An
seio — com uma ânsia dolorosa, ser inteiramente para Deus — ser
santa de tal maneira que Jesus possa viver plenamente a Sua vida
em mim. Quanto mais O quero — menos sou querida. — Quero
amá-Lo como Ele nunca foi amado — porém, existe esta separa
ção — este vazio terrível, este sentimento de ausência de Deus.
— Há mais de quatro anos que não encontro auxílio na direção
do Rev. Pe. C. Van Exem. Mas lhe obedeço cegamente. Fui com
frequência ao confessionário na esperança de conseguir falar, mas
nada sai. — No ano passado, falei ao Padre sobre isso — e ele me
disse que isso deveria ser apresentado ao senhor. — Não estou me
queixando — apenas quero percorrer todo o caminho com Cristo.
Não lhe escrevo como a Sua Excelência — mas ao pai de minha
alma — pois para o senhor, e do senhor, nunca escondi coisa al
guma. Diga-me o que deve fazer a sua filha — quero obedecer a
qualquer preço — e se me disser que continue assim até ao fim da
vida estou pronta a obedecer com alegria.[...]
Por favor, Excelência, reze por mim — para que eu possa me
aproximar muito de Deus.
Sua devotafilha em J. G,
M. Teresa, M O 18
174 Vímha. s( ja M i n h a luz
Não há, no que me revela, nada que não seja conhecido na vida
mística. É uma graça que Deus lhe concede, o anseio de ser intei
ramente Dele sem compensação no eu ou nas criaturas, de viver
por Ele e Nele, mas esse anseio que vem de Deus nunca poderá ser
satisfeito neste mundo, pela simples razão de que Ele é infinito e
nós somos finitos.29
Por favor, reze por mim, para que seja do agrado de Deus dissipar esta
escuridão de minha alma nem que seja durante alguns dias. Porque,
às vezes, a agonia da desolação é tão grande e, ao mesmo tempo o
anseio pelo Ausente é tão profundo, que a única oração que ainda
consigo dizer é — “Sagrado Coração de Jesus, eu confio em Ti — vou
saciar a Tua sede de almas”.32
■Sonia Teresa de Calcutá 175
M. Teresa37
* Santa Bernadette Soubirous (1844-1879), para quem Nossa Senhora apareceu em 1858,
cm Lourdes, na França.
** Santo Inácio de Loyola (1491-1556), fundador da Companhia de Jesus.
178 X( n h a , s( ja M i n h a luz
m a s u m a p r o fu n d a g ra tid ã o . [ ...]
H á ta n ta c o n tra d iç ã o d e n tro da m in h a a lm a . — U m a n s e io tã o
z io — a id e ia d o C éu n a d a s ig n ific a p a ra m im e — c o n tu d o — e s te
a n s e io to r tu r a n te p o r D e u s . — R e z e p o r m im , p o r fav o r, p a ra q u e e u
c o n tin u e s o r r i n d o - L h e a p e s a r d e tu d o . P o is s o u a p e n a s D e le — e n tã o
E le te m t o d o s o s d i r e i t o s s o b r e m i m . S o u p e r f e i t a m e n t e f e liz p o r n ã o
M adre Teresa refere-se a uma prática tradicional da vida religiosa, na qual uma Irmá
falava de suas faltas e renovava as permissões gerais através de seu(sua) superior(a), uma
vez por mês.
•Santo Teresa de ( a l c u t á 181
Reze por mim, reze para que eu tenha a coragem de continuar sor
rindo para Jesus — compreendo um pouco as torturas do inferno
— sem Deus. Não tenho palavras para expressar o que quero dizer
e, contudo, na última Primeira Sexta-Feira’ — consciente e volunta
riamente, ofereci-me ao Sagrado Coração — para passar até mesmo
a eternidade neste sofrimento terrível, se isso Lhe desse agora um
pouco mais de satisfação — ou o amor de uma única alma. Quero
falar — mas não sai nada — não tenho palavras para expressar as
profundezas da escuridão. Apesar de tudo isso — sou a Sua peque
nina — e O amo, — não por aquilo que Ele dá — mas por aquilo
que tira. [...]48
Recebi uma longa carta da minha velha Mãe. Tiveram finalmente no
tícias minhas — e só agora é que ela foi informada das Missionárias
da Caridade. Em 1948, tinha ouvido dizer que eu saíra de Loreto —
e a seguir mais nada — então pensou que eu tinha morrido.
Por favor, reze por mim.52
Quando fui à sua capela agradecer a Jesus — recebi uma graça tre
menda. Conto-lhe na próxima quinta-feira. Por favor, agradeça a
Jesus pelo que Ele deu.55
Excelência,
Sabendo que está cheio de trabalho, não tenho escrito. — [...]
No outro dia enviei os Sagrados Relatórios’ ao Rev. Mons. Barber
e não pude deixar de me ajoelhar e dar graças a Deus por tudo. Há
dez anos o “chamado” não era mais do que um anseio — e hoje é
uma realidade viva. A Congregação vive com a vida Dele — trabalha
com o Seu poder. — Amo a Congregação com todas as forças da
minha alma — mas é a convicção de que é inteiramente Dele que
me confirma, em espírito e sentimentos, que eu sou o Seu pequeno
instrumento — o Seu pequeno nada. É Ele quem age, não eu.*
* Os Sagrados Relatórios eram as estatísticas das atividades religiosas submetidas a cada ano,
por párocos ou religiosos (as) superiores, ao bispo ou ao vigário geral.
-Santa Teresa de Calcuta 185
A s c o n d iç õ e s e m q u e v iv e m a s f a m ília s d o s le p ro s o s s á o te rr ív e is .
— G o s ta ria de lh e s d a r c a s a s m e lh o r e s — d e e le v á -lo s e a p r o x im á -
am ados de D e u s e d e lh e s d a r ra z õ e s p e la s q u a is v iv a m . [ ...] Q u e r o
c o n s t r u i r l e n t a m e n t e u m a p e q u e n a c i d a d e p a r a e le s o n d e p o s s a m v i
v e r u m a v id a n o r m a l. [ ...]
S e N o s s a S e n h o r a r e a l m e n t e q u i s e r is s o — E la p r o v e r á . — G o s ta
r ia d e c h a m á - l a “ S h a n t i N a g a r ” ( C i d a d e d a P a z ). T u d o is to se V o ssa
E x c e lê n c ia a p ro v a r.
S e im a g in a s s e o q u e se p a ssa d e n tr o d o m e u c o ra ç ã o . — À s vezes a
d o r é tã o g r a n d e q u e e u t e n h o a s e n s a ç ã o d e q u e a s c o is a s v ã o d e s m o r o
R e z e p o r m im , p o r fav o r.
Sua em Jesus,
M. Teresa, M C 8
O sorriso que encobria “uma multidão de dores” não era uma másca
ra hipócrita. Madre Teresa tentava ocultar as suas dores — mesmo de Deus
— para evitar que os outros, em especial os pobres, sofressem por causa de
las. Ao prometer mais “algumas orações e sorrisos”59 para uma de suas ami
gas, aludia a um sacrifício extremamente custoso e doloroso: rezar quando a
oração lhe custava tanto e sorrir quando seu sofrimento era agonizante.
Enquanto sua provação interior continuava, suas Irmãs lhe davam
novas forças: “As novas Irmãs estão desabrochando em santidade. — To
das elas são uma grande alegria para mim. — Só de olhar para elas, sou
capaz de fazer o dobro do trabalho”,60 escrevia a uma amiga.
15/08/1957
Caro Padre,
Quero expressar-lhe a minha gratidão — não por aquilo que me
deu mas pela maneira como foi dado. [...]
188 Vr n/in. s( j a Al in h a hi z
P e rd o e -m e p o r p e rg u n ta r — N osso S e n h o r n ão q u e r q u e o sen h o r
fa le à m i n h a a lm a ? O s e u e n c o r a ja m e n to n a s c o n fis s õ e s fo i u m a a ju d a
— m a s e s to u a b s o lu ta m e n te d is p o s ta a re n u n c ia r m e s m o a is s o —
p e la s a lm a s .
m a is , f ic a r e i m u i t o f e liz e m m a n tê - lo p a ra o re s to d a m in h a v id a .
R e ze p o r m im .
Sua em Jesus,
M. Teresa, MO
* Madre Teresa náo incluiu o Arcebispo Périer porque ele era o bispo e seu superior religioso.
** Essas cartas náo foram preservadas.
•Santa Tcrcaa de Calcutá 189
que o amor podia fazer alguém sofrer tanto. — Aquele era o sofri
mento da perda — este é o do anseio — de uma dor humana mas
causada pelo divino. Reze por mim — mais agora do que nunca.3
Madre Teresa estava ciente de que era o amor que lhe tornava o so
frimento tão agudo. A ausência do seu Amado tinha se transformado em
um anseio torturante por Ele. Estava dilacerada entre o sentimento de ter
perdido a Deus e um insaciável desejo de alcançá-Lo. Era um verdadeiro
martírio de desejo.
Embora perplexa, não se sentia desorientada por essa escuridão
interior. Ao contrário, transformava-a em uma bênção, oferecendo essa
dor pelos pobres a quem servia.
confidenciava ao pe. Picachy: “Li uma coisa muito bonita dita pelo
ir. Bento SJ — ‘Chegará um tempo em que Deus encherá aquilo que
esvaziou’”.5 O estado da alma do irmão Bento no período final de sua
vida — um estado de total desolação e desesperança — descrito em sua
biografia, deve ter parecido a Madre Teresa muito semelhante ao seu.
'As Irmás nesse período de formação eram conhecidas como tercianas. As tcrcianas às quais
Madre Teresa se refere são as dez primeiras Irmãs do primeiro grupo. Esse retiro aconteceu
pouco antes de seus votos perpétuos.
■Santa Teresa d e C a l c u tá 191
Meu coração está tão vazio. — Tenho medo de que o retiro seja um
prolongado sofrimento — mas é melhor não pensarmos nisso. —
Quero fazer um retiro fervoroso. [...]’
Rcfcrc-sc à Semana Santa, não ao retiro. Madre Teresa escreveu essa cana no sábado, 21 de
março de 1959, um dia antes do Domingo de Ramos c do início da Semana Santa.
* Vide Apêndice B — notas de retiro de Madre Teresa. Suas respostas aparecem em itálico.
192 Xcnlia. seja Mi n h a luz
Por favor, padre, reze muito por mim, para que eu não estrague a
obra Dele.
Reze por mim para que eu me esqueça completamente de mim
nesse abandono absoluto à Santa Vontade de Deus. — Utilizo o pro
pósito do retiro como oração. — Não sei quão mais profunda será
esta provação — quanta dor e sofrimento me trará. — Isto já não me
preocupa mais. Deixo isto para Ele, como deixo todo o resto. Quero
me tornar uma santa segundo o Coração de Jesus — manso e humil
de. E tudo o que realmente importa para mim neste momento.
A I. M . [Irmã Maria] Agnes está indo muito bem — todas elas
receberam de bom grado a nomeação.* Graças a Deus. Ela é uma
criança santa. Deus fará coisas grandes por meio dela.
As Irmãs fizeram um retiro realmente fervoroso — e agora os fru
tos estão aparecendo. — Uma das virtudes que está se destacando
muito — desde o retiro — é a humildade. Obrigada, padre, por tudo
o que fez. — A única maneira que tenho de lhe mostrar a minha
gratidão é oferecendo tudo em mim pelas suas intenções. A escuridão
— a solidão e a dor — a perda e o vazio — da fé — do amor — da
confiança — são tudo o que tenho e os ofereço com toda a simplici
dade a Deus pelas suas intenções como prova de gratidão.
Reze por mim — para que eu não “recuse a Deus” — para aceitar
tudo e qualquer coisa em absoluto abandono à Santa Vontade de
Deus — agora — e para toda a vida.
Por favor, destrua qualquer carta ou qualquer coisa que escrevi. —
Deus quer que eu lhe abra o meu coração — eu não recusei. Não estou
tentando descobrir o motivo — só lhe peço que destrua tudo.
Não se incomode em escrever — 15
Matéria de confissão.
Na escuridão...
Senhor, meu Deus, quem sou eu para que Tu me abandones? Sou
a criança do Teu amor — e que agora se tornou a mais odiada — aque
la que jogaste fora como indesejada — como não amada. Eu chamo,
agarro-me, quero — e não há Ninguém que responda — Ninguém a
Quem possa agarrar-me — não, Ninguém. — Sozinha. A escuridão
é tão escura — e eu estou sozinha. — Indesejada, abandonada. —
A solidão do coração que quer amor é insuportável. — Onde está
a minha fé? — mesmo lá no fundo, bem lá dentro, não há nada a
não ser vazio e escuridão. — Meu Deus — que dolorosa é esta dor
desconhecida. Dói sem cessar. — Não tenho fé. — Não me atrevo a
proferir as palavras e os pensamentos que povoam o meu coração —
e me fazem sofrer uma agonia inexpressável. Tantas perguntas sem
resposta vivem dentro de mim — temo trazê-las à luz — por causa
da blasfêmia. — Se houver Deus, por favor perdoa-me. — Confian
ça em que tudo acabará no Céu com Jesus. — Quando tento elevar
o pensamento para o Céu — há um vazio tão acusador que esses
mesmos pensamentos regressam como punhais afiados e ferem a mi
nha própria alma. — Amor — a palavra — nada traz. — Dizem-me
que Deus me am a — e — contudo — a realidade da escuridão e da
196 \ cnha, seja M in ha luz
frieza e do vazio é tão grande que nada toca a minha alma. Antes de
se iniciar a obra — havia tanta união — amor — fé — confiança
— oração — sacrifício. — Terei cometido um erro ao submeter-me
cegamente ao chamado do Sagrado Coração? O trabalho não é uma
dúvida — porque estou convencida de que é Dele e não meu. —
Não sinto — nem sequer um único simples pensamento ou tentação
entra no meu coração para me apropriar coisa alguma do trabalho.
O tempo todo sorrindo — as Irmãs e as pessoas fazem tais comen
tários. — Acham que a minha fé, confiança e amor enchem o meu
próprio ser e que a intimidade com Deus e a união à Sua vontade
devem estar absorvendo o meu coração. — Se eles soubessem — e
como a minha alegria é a capa com a qual cubro o vazio e a miséria.
Apesar de tudo — esta escuridão e este vazio não são tão dolo
rosos como a ânsia por Deus. — Temo que a contradição irá me
desequilibrar. — O que estás Tu fazendo meu Deus a alguém tão
pequeno? Quando me pediste para imprimir a Tua Paixão no meu
coração — é esta a resposta?
Se isto Te traz glória, se Tu obténs uma gota de alegria com isto —
se as almas são levadas a Ti — se o meu sofrimento saciar a Tua Sede
— aqui estou Senhor, com alegria aceito tudo até ao final da vida — e
sorrirei à Tua Face Oculta — sempre.18
Deus a abençoe.
Madre21
198 Ve nh a, seja M i n h a luz
fior quê?
Por mais resignada que estivesse com essa provação interior, Madre Teresa
não conseguia deixar de pedir ao pe. Picachy:
Diga-me, Padre, por que há tanta dor e escuridão na minha alma? Al
gumas vezes me pego dizendo “Não aguento mais” e, com o mesmo
alento, digo “Desculpa, faz comigo o que quiseres”."
01/09/1959
Excelência,
A última vez que falei com Vossa Excelência — compreendi —
que o senhor acha que tenho agido por conta própria — mas posso
lhe dizer — com sinceridade — que a minha consciência não me
acusa — pois sei com segurança que desde 17 de ago. de 48 tento
obedecer, não apenas obedecer ordinariamente, — mas com minha
■Santa 'Teresa de Calcutá 199
“jVfzo Te importes
com os meus sentimentos”
Além da luta constante por permanecer fiel ao seu voto, Madre Teresa
sentia-se atormentada pela sua incapacidade de se exprimir, mesmo àque
les em quem mais confiava. Essa circunstância fazia aumentar o seu sen
timento de alienação, que aceitava como parte do sofrimento que Deus
queria para ela. Em setembro de 1959, escrevia ao pe. Picachy:
* Como sua padroeira, Santa Teresa de Lisicux, durante sua provação de fé nos últimos 18 anos
de sua vida, Madre Teresa remia que seus pensamentos fossem blasfêmias. Santa Teresa raramen
te fiilou sobre sua provação de fé, exceto com sua irmã, Pauline (Madre Agnes de Jesus), porque
receava que suas palavras pudessem ser motivo de escândalo ou tentação para outros.
204 l e n h a , seja M i n h a luz
Posso pedir-lhe que faça apenas uma coisa por mim? — Por favor,
coloque por escrito todas as coisas que me diz — para que eu possa
relê-las. — Escreva como eu escrevi — a Jesus — e também não
precisa assinar. Acho que me ajudará — mas se acha que Ele não vai
gostar — não o faça. Eu sei que reza por mim.36
Sou grata ao senhor por toda a amabilidade e ajuda que nos dá, às mi
nhas Irmãs e a mim. A minha oração, ainda que miseravelmente seca
e gelada, frequentemente é oferecida pelo senhor c pelo seu trabalho
pelas almas. O conflito na minha alma está aumentando — que dor
inexpressável. — Reze por mim —
Sua em Jesus,
M. Teresa MO°
208 Venha, seja M i n h a lu z
Antes de partir para sua nova missão, o pe. Picachy adoeceu, razão pela
qual a data da partida foi adiada. Isso proporcionou a M adre Teresa uma
oportunidade para voltar a escrever:
A festa de Sáo Lourenço, diácono de Roma no século III, mártir, nome do Pe. Picachy,
celebrada em 10 de agosto.
■Santa Teresa de Calcutá 209
Lamento ter que dizer — “Obrigada, mas não poderei ir.” Não sou
de ir a encontros e a convenções. Falar em público e eu, não combi
nam — Minha amiga, a senhorita Eileen Egan, fará o que for preciso
muito melhor — em meu lugar.43
* Eileen Egan (1911-2001) conheceu Madre Teresa durante uma missão dos Trabalhos Ca
tólicos de Ajuda em Calcutá, em 1955. Ela viajou várias vezes com Madre Teresa por mais de
30 anos c sc tornou colaboradora de Madre Teresa na América, em 1971. É a autora do livro
Such a Vision o f the Street: Mother Teresa, the Spirit and the Work.
210 Ven ha, seja M i n h a luz
Conto as horas que faltam para ver os seus rostos sorridentes. — Foi
uma longa viagem e muito útil, mas estou muito feliz por poder re
gressar à minha vida simples de Missionária da Caridade.53
Acho que as vozes delas foram ouvidas em toda a Cal. [Calcutá]. Gra
ças a Deus aqui tudo está bem. [...]
Espero que esteja mesmo melhor do seu resfriado — e que esteja
se cuidando. As observações das Irmãs foram muitas — “bonita, mais
jovem etc. etc. — mas sobretudo a sua querida Madre”. Você pode
imaginar as coisas que me fizeram? — Não pude deixar de sentir a
plenitude do amor delas. — Eu lhes disse que em todo [o] grande
mundo — embora tão belo e grandioso — não há lugar algum que
se compare com 54A.**[...]
Vou pedir-lhe um grande sacrifício — No livro que está escre
vendo — por favor, omita tudo que se refere a mim pessoalmente.
— Pode contar tudo sobre as Irmãs e sobre o trabalho. — Mas que
ro que me deixe a mim e a minha família fora. Comece a partir de
1948 — será uma bela história do terno amor de Deus pelos Seus
filhos. — Eileen, eu sei que isso vai estragar o livro. — Mas prefiro
isso a ter uma só alma que fite os seus olhos mais em mim do que na
maravilhosa obra de Deus. [...] Se você é o meu Segundo Eu, deve
sentir pela obra de Deus o mesmo que eu sinto — amor e respeito
profundo — algo muito sagrado.
Será algo por Sua Excelência — algo m uito grande.
Os melhores desejos e orações para todos os de sua casa e para
Howard. (É assim que se soletra o nome dele ?)
Deus a ama.
M. Teresa, M C 5
Muito obrigada pela sua carta do dia 12. Estou feliz em estar de volta.
Que experiência. — Graças a Deus que terminou — e que cada
momento tenha sido apenas para Ele. [...]
Lamento de ter me desencontrado do senhor. — Tive que ir visi
tar as Irmãs das outras Casas — e a semana em Delhi, Jhansi e Ranchi
tirou mais de mim do que os 33 dias fora. — Em Ranchi peguei um
forte resfriado — mas como se aproxima a festa de Natal das crian
ças — tenho que andar sempre de um lado para o outro. E já pode
imaginar o resto.
Tenho estado muitas vezes à beira de “recusar”. Se o senhor sou
besse como é difícil. — Quero escrever mas não tenho nada a dizer.
— Reze por mim.
Feliz Natal e Ano Novo.56
“Cheguei a
amar a escuridão ”
Teresa e o seu trabalho. Pouco tempo depois, Madre Teresa pedia-lhe ajuda
para responder às cartas que os leitores da revista lhe haviam escrito. Alguns
anos mais tarde, os contatos pessoais entre os dois assumiram um novo
rumo. O pe. Neuner, que era professor de teologia em Pune, na índia, ia
ocasionalmente a Calcutá dar aulas no seminário Morning Star e dirigir
retiros. Em abril de 1961, foi convidado para pregar um retiro às Missio
nárias da Caridade de Calcutá. Madre Teresa participou desse retiro c falou
pessoalmente com o sacerdote. O pe. Neuner recorda o encontro:
Eu era muito feliz em Loreto, padre. — Acho que era a freira mais
feliz. — Então veio o chamado. — Nosso Senhor pedia diretamente
— a voz era clara e cheia de convicção. — Incessantemente me pe-*
* Em sua correspondência anterior. Madre Teresa claramente afirma que tinha feito o seu voto
privado em 1942. Consequentemente, sua afirmação aqui — há mais ou menos 17 anos é
um número aproximado.
218 \ c n h a , seja M i n h a la z
* O pc. Ncuncr comenta que parece que ela primeiro escreveu “loving” — no contexto, tradu
zido como “que ama” c, depois, corrigiu para “living" — no contexto, “que vive”.
** Refere-se às instruções que geralmente dava às Irmãs, diariamente.
•Santa Teresa de ( a l c u t a 219
— Mas com todo o meu coração aceitei tudo nesse momento. — Eu fiz
apenas uma oração — que me desse a graça de dar santas à Igreja.
As minhas Irmãs, pe., são o presente de Deus para mim, são sa
gradas para mim — cada uma delas. É por isso que as amo — mais
do que amo a mim mesma. — Elas são uma parte muito grande da
minha vida.
O meu coração e a minha alma e o meu corpo pertencem só a
Deus — que Ele jogou fora como indesejada a criança do Seu Amor.
— E sobre isto, pe., fiz este propósito neste retiro — Estar à Sua
disposição.
Que Ele faça comigo o que quiser, como Ele quiser, por quanto
tempo quiser. Se a minha escuridão é luz para alguma alma — mes
mo se não for nada para ninguém — sou perfeitamente feliz — em
ser a flor do campo de Deus.2
A resposta que dei à confissão contida nestas páginas foi simples: não
havia qualquer indicação de falta grave da parte dela que pudesse ex
plicar a aridez espiritual. Tratava-se simplesmente da noite escura, um
estado conhecido por todos os mestres da vida espiritual — embora
eu nunca tivesse visto nenhuma tão profunda nem tão prolongada
como a dela. É um estado contra o qual não há remédio humano
e que só se consegue suportar com a garantia da presença oculta de
Deus e da união com Jesus que, na Sua Paixão, teve que suportar o
fardo e a escuridão do mundo pecador pela nossa salvação. O sinal
seguro da presença oculta de Deus nessa escuridão é a sede de Deus,
o anseio dc um raio que seja da Sua luz. Uma pessoa não pode ansiar
por Deus a não ser que Deus esteja presente em seu coração. De ma
neira que a única reação possível a essa provação é o abandono total
a Deus e a aceitação da escuridão em união com Jesus.3
Caro Padre,
Não sei exprimir em palavras — a gratidão que sinto pela sua
amabilidade comigo. — Pela primeira vez ao longo desses 11 anos
— cheguei a amar a escuridão. — Pois agora acredito que é parte,
uma parte muito, muito pequena da escuridão e da dor de Jesus neste
mundo. O senhor ensinou-me a aceitá-la [como] um “lado espiritual
da ‘sua o bra”, como escreveu. — Hoje senti realmente uma profunda
alegria — que Jesus já não pode passar pela agonia — mas que quer
passar por ela em mim. — Abandono-me a Ele mais do que nunca.
— Sim — mais do que nunca estarei à Sua disposição. —
Suas instruções e meditações também foram de uma grande força
para mim. — Pois embora as minhas instruções às Irmãs não sejam
tão belas e completas como as suas — são o mesmo alimento — um
alimento de amor e confiança — um alimento de amor pessoal a
222 \ cnlia, seja M i n h a luz
Cristo. — Agora sinto que é Ele e náo eu quem ajuda estas Irmãs._
Sim, elas são o meu tesouro — a minha força e o presente que Deus
me deu. — São Dele.
Uma vez mais, obrigada pela sua prontidão em ajudar. — Eu não
acredito, pe., nesse contínuo remexer na vida espiritual de alguém
— com visitas e conversas freqüentes. A ajuda que me deu — vai me
conduzir por muito tempo. — Nossa vida espiritual deve permanecer
simples — para podermos compreender a mente dos nossos pobres.
Deve ter sido muito difícil para o senhor colocar-se no nosso nível
— e fazer as coisas tão belas e fáceis para que nós as possamos com
preender — Deus lhe pague.
Caro Rev. Pe. Neuner — náo sei quais são as normas relativas às
suas despesas — mas, por favor, aceite isto para a viagem de trem.
As minhas Irmãs e eu agradecemos todo o bem que nos fez.
Reze por mim.
Sua em Jesus,
M. Teresa, MC
Havia quase vinte anos que Madre Teresa vivia fielmente o voto
privado que fizera de não recusar a Deus coisa alguma, aspirando estar
completamente à disposição de Deus. Tinha perfeita consciência das im
plicações do seu “caloroso ‘sim’ a Deus”: além de confirmar o compromis
so que assumira com Ele, exprimia também sua decisão de responder, de
forma ainda mais generosa e com todo o seu coração, à vontade Dele em
todos os detalhes da sua vida.
“Um grande ‘Sorriso’ para todos” não queria dizer que aprovas
se tudo. Embora fosse calorosa e amorosa, era, às vezes, firme e exigen
te, com as irmãs e os amigos. Não queria que as energias e os esforços
deles fossem “desperdiçados” em coisas inferiores ao próprio Deus. Ele
era tudo para ela: Seu amor, Seus interesses, Seus planos, Sua vontade
eram de suprema importância para ela, e Madre Teresa desejava que
fosse igual para todos aqueles a quem amava.
Parte da redenção
Com o auxílio do pe. Neuner, Madre Teresa tinha chegado a um ponto
em que era capaz de se alegrar com os seus sofrimentos e de repetir as
palavras de São Paulo: “Alegro-me nos sofrimentos suportados por vossa
causa e completo na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo
pelo Seu Corpo, que é a Igreja.”11 Uma expressão clara da nova compreen-
-sáo que tinha de sua provação oculta — como parte da missão redentora
de Jesus e parte da sua missão pelos pobres — aparece nos conselhos que
dava às Irmãs na carta geral que escreveu em julho de 1961:
seria a obra de Jesus Cristo, nem parte da redenção. — Jesus quis nos
ajudar compartilhando a nossa vida, a nossa solidão, a nossa agonia
e a nossa morte. Tudo isso tomou sobre Si mesmo, e o carregou na
noite mais escura. Só sendo “um” conosco é que Ele nos redimiu. Nós
podemos fazer a mesma coisa. Toda a desolação das pessoas pobres,
não apenas sua pobreza material, mas também sua destituição espi
ritual, precisa ser redimida e nós devemos ter a nossa parte nisso. —
Rezem assim quando o acharem difícil — “Desejo viver neste mundo
que está tão longe de Deus, que se afastou tanto da luz de Jesus, para
ajudá-los — para tomar sobre mim um tanto do sofrimento deles.”
— Sim, minhas queridas filhas — compartilhemos os sofrimentos —
dos nossos pobres — pois só se formos “um” com eles — poderemos
redimi-los, isto é, levarmos Deus à vida deles e levá-los a Deus.12
Quanto a mim — graças a Deus que nos foi dito que seguíssemos a
Cristo. — Como não tenho que ir à frente Dele, mesmo na escuridão
o caminho é seguro.
Quando certos dias são acima da média — apenas fico como uma
criança muito pequena e espero pacientemente que a tempestade
acalme. [...] Reze por mim.13
Uma vez vi uma Irmã sair para o nosso apostolado com o rosto mui
to triste, então, chamei-a ao meu quarto e perguntei-lhe: “O que disse
Jesus, que carregássemos a cruz na frente Dele ou que O seguíssemos?”14
Com um grande sorriso, ela olhou para mim e respondeu: “Que O
seguíssemos.” Então eu perguntei: “Por que tenta ir à frente Dele?” E
ela saiu do meu quarto sorrindo. Tinha compreendido o que signifi-
224 Xa i l ia, s c j a i Slinlia l uz
Sua em Jesus,
M. Teresa1
* Esse propósito, feito no referido retiro, foi o mesmo que ela havia feito no retiro do ano
anterior.
Sa nta Tores a do Calcutá 225
proveito dos livros espirituais, ela pôde tirar proveito das obras de São
João da Cruz. E um fato significativo e o que chamava a atenção de
Madre Teresa não era a extraordinária descrição da purificação interior
durante a “noite escura”, mas tudo o que o místico espanhol escrevera
sobre Deus. Embora conhecesse bem o pensamento do santo carme
lita, não rotulava o seu próprio sofrimento de “noite escura”. Tinha a
intuição, e agora a confirmação do diretor espiritual, de que, embora
os sofrimentos fossem semelhantes, o propósito era diferente.9 Os seus
amigos não sabiam a que ela estava se referindo quando aludia à mu
dança dentro dela: “Agora na verdade nem parece tão difícil.”
Havia quase vinte anos que Madre Teresa vivia fielmente o voto
privado que fizera de náo recusar a Deus coisa alguma, aspirando estar
completamente à disposição de Deus. Tinha perfeita consciência das im
plicações do seu “caloroso ‘sim’ a Deus”: além de confirmar o compromis
so que assumira com Ele, exprimia também sua decisão de responder, de
forma ainda mais generosa e com todo o seu coração, à vontade Dele em
todos os detalhes da sua vida.
“Um grande ‘Sorriso’ para todos” não queria dizer que aprovas
se tudo. Embora fosse calorosa e amorosa, era, às vezes, firme e exigen
te, com as irmãs e os amigos. Não queria que as energias e os esforços
deles fossem “desperdiçados” em coisas inferiores ao próprio Deus. Ele
era tudo para ela: Seu amor, Seus interesses, Seus planos, Sua vontade
eram de suprema importância para ela, e Madre Teresa desejava que
fosse igual para todos aqueles a quem amava.
Parto da redenção
Com o auxílio do pe. Neuner, Madre Teresa tinha chegado a um ponto
em que era capaz de se alegrar com os seus sofrimentos e de repetir as
palavras de São Paulo: “Alegro-me nos sofrimentos suportados por vossa
causa e completo na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo
pelo Seu Corpo, que é a Igreja.”11 Uma expressão clara da nova compreen-
-são que tinha de sua provação oculta — como parte da missão redentora
de Jesus e parte da sua missão pelos pobres — aparece nos conselhos que
dava às Irmãs na carta geral que escreveu em julho de 1961:
s e ria a o b r a d e J e s u s C r is t o , n e m p a rte d a re d e n ç ã o . — Je su s q u is n o s
a ju d a r c o m p a r tilh a n d o a n o s s a v id a , a n o s s a s o lid ã o , a n o s s a a g o n ia
n o ite m a is e s c u r a . S ó s e n d o “ u m ” c o n o s c o é q u e E le n o s r e d im iu . N ó s
podem os fa z e r a m e s m a c o is a . T o d a a d e s o la ç ã o d a s p e sso a s p o b re s ,
r i t u a l , p r e c is a s e r r e d i m i d a e n ó s d e v e m o s te r a n o s s a p a r te n is s o . —
R ezem a s s im q u a n d o o a c h a re m d ifíc il — “ D e s e jo v iv e r n e s te m u n d o
q u e e s tá tã o lo n g e d e D e u s , q u e se a fa s to u ta n to d a lu z d e J e s u s , p a ra
a ju d á -lo s — p a ra to m a r s o b re m im um ta n to d o s o f r i m e n t o d e le s .”
d os n o sso s p o b res — p o is s ó se f o rm o s “u m ” c o m e le s — p o d e re m o s
r e d i m i - l o s , i s t o é , l e v a r m o s D e u s à v i d a d e l e s e l e v á - l o s a D e u s . 12
Quanto a mim — graças a Deus que nos foi dito que seguíssemos a
Cristo. — Como não tenho que ir à frente Dele, mesmo na escuridão
o caminho é seguro.
Quando certos dias são acima da média — apenas fico como uma
criança muito pequena e espero pacientemente que a tempestade
acalme. [...] Reze por mim.13
Uma vez vi uma Irmã sair para o nosso apostolado com o rosto mui
to triste, então, chamei-a ao meu quarto e perguntei-lhe: “O que disse
Jesus, que carregássemos a cruz na frente Dele ou que O seguíssemos?”14
Com um grande sorriso, ela olhou para mim e respondeu: “Que O
seguíssemos.” Então eu perguntei: “Por que tenta ir à frente Dele?” E
ela saiu do meu quarto sorrindo. Tinha compreendido o que signifi-
228 Ve n ha , seja M i n h a lu z
A sua carta foi uma resposta a um desejo por mim expresso — “quem
me dera que o Padre escrevesse porque eu não tenho tempo” — o que
foi um pequeno brinde da Sua consideração. [...]
O Internúncio* e o nosso Arcebispo querem que eu vá ao en
contro de Superiores. Realmente é um ato de obediência cega para
mim, é um grande sacrifício. [...] Seria maravilhoso se pudesse ver
o senhor.
Quanto a mim, Padre — nada tenho a dizer — porque a escuri
dão é tão escura, a dor é tão dolorosa. As vezes, o aperto da dor é tão
grande — que eu posso ouvir a minha própria voz clamando — Meu
Deus, ajuda-me. Quando ajudo as minhas Irmãs a se aproximarem
muito de Jesus — quando as ensino a amarem-No com um amor
profundo — dedicado — pessoal — anseio por ser capaz de fazer o
mesmo. — Vejo as Irmãs bem diante dos meus próprios olhos aman
do a Deus — se aproximando tanto Dele — se tornando diaria
mente tão parecidas com Ele — e eu, pe. — estou “sozinha” — vazia
— excluída — simplesmente indesejada. E, contudo, com toda a
sinceridade do meu coração — sou feliz por vê-Lo amado — por ver
que as Irmãs vão se parecendo com Ele. Sou feliz por amá-Lo através
delas. — O Rev. Pe. Van Exem esteve aqui por oito dias pregando o
retiro às Superioras — e não me saiu uma palavra. — Magoou-me —
porque nunca ocultei nada dele. — Mas neste momento não tenho
mesmo nada a dizer. — No entanto, é tão doloroso estar sozinha por
Deus. Fielmente cumpri o propósito que fiz no retiro. — Quanto
* Representante diplomático do Papa, nomeado por ele para representá-lo perante a governo
do país para o qual é designado.
•Santa Teresa cie Calcutá 229
maior for a dor e quanto mais escura for a escuridão mais doce será
o meu sorriso para Deus — Reze por mim para que eu possa amar
a Jesus.
Por favor, peça aos seus teólogos* que rezem pelas suas Missioná
rias da Caridade. As Irmãs ficaram muito contentes ao receberem a
sua carta.16
Aqui, “teólogos” rcferc-sc aos seminaristas que estudavam teologia como preparação para a
ordenação.
Um amigo de Eileen Egan.
230 Vi tiha, h<ja M i n h a luz
meiro a fazê-lo — e espero que seja o último. Para as Irmãs e para mim
é apenas um título para os documentos oficiais, mas para nós não faz
diferença alguma. — Eu quero ser para elas o que Maria foi para Jesus
— a mãe delas. —
Estou ansiosa pela minha visita a Mumbai. Os encontros têm um
terrível efeito sobre mim. — Para mim são um verdadeiro sacrifício e
um ato de obediência cega. — Gostaria muito de ir a Poona pedir a
esses quatrocentos teólogos que rezem por mim e pelas nossas Irmãs,
mas sua proposta de que eu fale diante deles me deixa gelada. — O
senhor escreve pedindo que náo diga NÃO antes de considerar o as
sunto. A minha consideração — é perguntar a Sua Excelência o que
deseja que eu faça — Se ele disser que Sim — farei o que o senhor
quer que eu faça — irei e falarei e lhes direi sobre a obra linda que
Deus fez.
Não, Padre, não estou sozinha. — Tenho a escuridão Dele —
tenho a dor Dele — tenho este anseio terrível por Deus — de amar
e não ser amada. Sei que tenho Jesus — nesta união inquebrantável
— porque a minha mente está fixada Nele e apenas Nele, por minha
vontade.
No caso de não ir a Poona — por favor, não se incomode de ir a
Mumbai, a viagem náo vale a pena — se vier e eu não tiver nada a
dizer. — Agora Ele também me tirou isso. E assim, eu Lhe dou um
grande sorriso em troca. Graças a Deus que Ele continua Se inclinan
do para tirar de mim. —
Mando-lhe um C. P. [cartão postal] se Sua Excelência disser
que sim.
Reze por mim.
Sua em Jesus,
M. Teresa, MO°
“dor Dele”. Com base na pura fé, sabia que se encontrava em um estado
de “união inquebrantável” com Ele, porque percebia que tinha os pen
samentos “fixados Nele c apenas Nele”. Estava firmemente unida a Jesus
por sua vontade, embora os sentimentos lhe dissessem o contrário. A dor
que nunca a abandonava lembrava-lhe constantemente que Jesus estava
ali, embora a única coisa que ela sentia dessa “união inquebrantável” fosse
a Sua agonia, a Sua Cruz.
Seguindo o propósito que fizera, aceitava com um grande sorriso a
sua incapacidade de falar sobre sua escuridão, grata por ser considerada dig
na da atenção de Deus, mesmo que isso apenas significasse ser privada de
algo precioso; nesse caso, o apoio dos diretores espirituais era um pequeno
presente que ela ainda podia Lhe dar.
Essa oração, uma das favoritas de Madre Teresa, foi forjada nas
profundezas de sua escuridão. Era fruto da sua experiência vivida, era um
ato de vontade que se opunha aos seus sentimentos. Mais tarde, seria
transformada num a exortação frequentemente repetida: “Toma tudo
aquilo que Ele der e dá tudo aquilo que Ele tirar com um grande sor
riso.”22 Essa oração resume a sua maneira de viver através da escuridão.
232 X on ha . seja M i n h a luz
Sua em Jesus,
M. Teresa, M O G
Estou certa de que ficará muito feliz por saber que o Governo da ín
dia me deu e, através de mim, à Congregação o título “Padma Shri”,*
pelo trabalho que estamos fazendo. Acredito que isto é muito bom
para a Igreja — enquanto que para mim, pessoalmente, nada signi
fica. Eu quero apenas ser uma verdadeira Missionária da Caridade,
como foi Nossa Senhora.27
[A sua união com Jesus] dava-lhe uma liberdade que a tornava in
dependente de elogios e censuras. Quando começaram a chover so
bre ela grandes honras, provenientes de todo o mundo, nada disso a
afetou minimamente. Madre Teresa tinha abandonado tudo a Deus,
todo o seu ser. Era essa a íntima fonte de vida de sua espiritualidade,
que senti que devia ser preservada para as suas Irmãs.28
A M adre aceitou esse reconhecimento, como aceitaria os futuros,
* O “Padma Shri” é um prêmio conferido a cidadãos indianos pela distinção de seus serviços
em vários campos de atividades. Madre Teresa está, na realidade, referindo-se ao anúncio da
premiação que, posteriormente, recebeu no dia 28 de abril de 1962, em Nova Delhi.
236 \'c n ha , seja M i n h a lu z
* Referência a Casa-Mác das MC, que tem como endereço: 54A Lower Circular Road, Cal
cutá.
■Santa -Teresa dr Calcula 237
1-9. Teria gostado que a escuridão — o espinho da sua vida — lhe fosse
retirada, mas, tal como São Paulo, compreendia que a aceitando, ela po
dia confiar na garantia do Senhor: “Basta-te a Minha graça.”31
No momento em que teve a impressão de que chegara ao limite
das suas forças, formulou aquilo a que se poderia chamar de sua decla
ração de missão: “Se eu alguma vez vier a ser santa, serei certamenteuma
santa da escuridão’. Estarei continuamente ausente do Céu — para acen
der a luz daqueles que se encontram na escuridão na terra”. Em vez de
ansiar pelas alegrias do paraíso, via no céu uma nova oportunidade para
amar, para chegar a cada “buraco escuro” e acender nele a luz do amor de
Deus. O seu zelo não tinha diminuído. Fortalecida na fornalha do sofri
mento, estava disposta a prosseguir a sua missão até ao final dos tempos.
Os Amados de Cristo
Eileen pediu-me que escrevesse — pois todos votaram para receber
algumas linhas minhas para o encontro de março. Deve ter havido al
guma coisa errada nessa votação. — Não tem importância, me agrada
voltar a aproximar-me de vocês e penso que ainda posso ver aquele
ardente desejo de santidade que vi em seus rostos quando estive com
vocês.* Deus o mantenha ardendo. Rezamos diariamente para “que eles
ergam o rosto e apenas vejam Jesus”, mas quantas vezes olhamos para
dentro e vemos apenas Jesus cm nós? O vemos usando nossos olhos,
238 X cilha, seja M i n h a luz
nossa mente e nosso coração, como Dele mesmo? Estamos tão entre
gues a Ele — que percebemos os Seus olhos olhando através dos nos
sos, a Sua língua falando, Suas mãos trabalhando, os Seus pés andando,
o Seu Coração amando? Realmente vemos apenas Jesus em nós?
Vocês devem estar no mundo mas, não ser do mundo.33 A luz que
dão deve ser tão pura, o amor com que amam deve ser tão ardente
— a fé com que creem deve ser tão convincente — que ao vê-los, eles
realmente vejam apenas Jesus. O apostolado de vocês é belíssimo —
dar Jesus. Mas só podem dá-Lo — somente se tiverem se rendido por
completo a Ele. — Com frequência, com muita frequência, rezo por
vocês — para que sejam o fruto do amor de Cristo no mundo — para
que cresçam em santidade — para que em vocês a alegria de Cristo se
realize. Na nossa Congregação dizemos muitas vezes a Nossa Senhora
— que Ela é a Causa da nossa Alegria — porque nos deu Jesus. —
Tomara que nos tornemos a causa da alegria dela — porque damos
Jesus aos outros.
Mantenham-se perto de Jesus com um rosto sorridente.34
* Madre Teresa se referia à reuniáo com seus colaboradores que aconteceu após sua estada em
Las Vegas.
S o n ia Teresa de Calcuta 239
S a n ta M is s a — to d a s a s c o is a s s a n ta s d a v id a e s p ir itu a l — d a v id a d e
C ris to e m m im — s ã o t o d a s t ã o v a z ia s — tã o fria s — tã o in d e s e ja d a s .
A s itu a ç ã o fís ic a d o s m e u s p o b r e s a b a n d o n a d o s n a r u a , d a q u e le s q u e
n in g u é m q u e r, q u e n in g u é m am a, que n in g u é m re iv in d ic a — é o
v e rd a d e iro q u a d ro d a m in h a v id a e s p ir itu a l, d o m e u a m o r a Je su s e,
— M a is a in d a , q u e ro q u e s e ja a s s im e n q u a n t o E le o q u is e r . —
T a lv e z e m ju n h o v á a M u m b a i. S e N ir m a la a in d a q u is e r v e r-m e
— e s ta re i b e m d is p o s ta e m ir a P o o n a o u q u e e la v e n h a a o C o n v e n to
em M u m b a i. — A s s im ta m b é m lh e d a r ia o p o r tu n id a d e d e v e r o tr a
b a lh o . R e z e p o r m im — p a ra q u e e u p o ssa c o m a m a b il id a d e e a le g ria
p a ssar fa z e n d o o b e m . 36
Sua em Jesus,
M. Teresa, M O 1
* Santa Margaret Mary (1647-1690) foi uma religiosa da Ordem da Visitação, cm Paray-le-
Monial (França). Foi uma apóstola de devoção do Sagrado Coração de Jesus.
240 Xcnha, seja M i n h a luz
Jesus foi enviado pelo Pai aos pobres40 e para ser capaz de compreen
der os pobres, Jesus teve que conhecer e experimentar essa pobreza
no Seu próprio Corpo e na Sua Alma. Também nós devemos expe
rimentar a pobreza se quisermos ser verdadeiras portadoras do amor
de Deus. Para sermos capazes de proclamar a Boa-nova aos pobres
devemos saber o que é a pobreza.41
Sem a escuridão interior em que vivia, sem ter conhecido tal an
seio de amor, bem como a dor de não ser amada e sem essa radical iden
tificação com os pobres, Madre Teresa não teria conquistado a confiança
e os corações deles conforme o fez.
O sofrimento de Madre Teresa era no nível mais profundo possí
vel: o de sua relação com Deus. E, no seu zelo pela salvação dos outros,
estava totalmente disposta a abraçar por completo esse sofrimento, para
que os pobres que amava experimentassem toda a medida do amor de
Deus. Consequentemente, a escuridão veio a ser a sua maior bênção: o
seu “mais profundo segredo” era, na realidade, o seu maior dom.
CAPITULO 1 1
j y i disposição í)ele”
S er esse “a l g u é m ”
c o ra ç ã o , o que E le q u is e r , c o m o E le q u is e r e e n q u a n to E le q u is e r.
C o n tu d o , p a d re — e s ta s o lid ã o é d u r a . A ú n ic a c o is a q u e p e r m a n e c e
é a p r o f u n d a e fo rte c o n v ic ç ã o d e q u e a o b r a é D e le . — C o m to d a s
A s c o is a s d e B a s a n ti d e v e m se r m u ito d o lo r o s a s p a ra o s e n h o r — e
re z o m u ita s v e ze s p a ra q u e tu d o a c a b e d e p re ssa .
G o s ta ria d e lh e e s c re v e r m a is — m as há ta n to a fazer — ta n ta s
p ró p rio e u .1
Reze por mim, por favor. Quem me dera poder dizer — mas também
isso é vazio — e parece que não tenho nada para dizer ao senhor. —
Pergunto-me o que tira Ele de tudo isto — quando nada há em mim.
Tive que ir a Manila receber o prêmio “Magsaysay”. Foi um gran
de sacrifício. Por que Ele me dá tudo isto mas não dá a Si próprio? Eu
quero Ele, não os Seus presentes nem as Suas criaturas. —
Não devo escrever assim — porque priva a Deus da alegria de ser
livre para fazer o que quiser comigo. — Não estou apenas disposta,
mas também feliz em estar à Sua disposição. Deixe que Ele tire tudo,
até a Si Próprio — se isso Lhe agrada mais. — Em troca, peço-Lhe
que faça santas as minhas Irmãs.
Reze por mim.6
“u m g r a n d e ‘S o r r i s o ’ p a r a t o d o s ” . A s s i m , p e r m a n e c i a , a l e g r e m e n t e , à S u a
d is p o s iç ã o , m e s m o e s ta n d o a p a r e n te m e n te p r iv a d a d e D eu s.
Excelência,
Os meus pensamentos, orações e sacrifícios estiveram o tempo
todo com o senhor no dia 9. Gostaria muito de ter estado lá — mas
o Senhor tem os Seus próprios planos. Obrigada pela foto — [...]
Com frequência pergunto-me o que realmente Deus obtém de
mim neste estado — sem fé, sem amor — nem sequer em senti
mentos. No outro dia nem imagina como me senti mal. — Houve
um momento quando quase me recusei a aceitar. — Peguei delibe-
radamente no Terço e — muito devagar — sem sequer meditar nem
pensar — rezei-o lenta e calmamente. O momento passou — mas a
escuridão é tão escura, e a dor tão dolorosa. — Mas aceito tudo o que
Ele dá e dou tudo o que Ele tira. As pessoas dizem que são atraídas
para mais perto de Deus — vendo a minha forte fé. — Não é isto
enganar as pessoas? Cada vez que quero dizer a verdade — “que não
tenho fé” — as palavras simplesmente não me vêm — a minha boca
permanece fechada. — Porém continuo ainda sorrindo para Deus e
para todos.
Agora que o senhor é Bispo — tenho que me manter afastada —
porque o senhor tem muitos outros trabalhos mais importantes que
fazer. — Agradeço-lhe, querido Padre — toda a ajuda que me deu
durante todos esses anos, e reze por mim — mesmo que eu tenha que
me manter afastada.7
O Senhor está jogando o Seu próprio jogo — eu Lhe dou o que Ele
tira. Ele não parece querer que eu tenha a consolação humana que de
rivaria de conversar com o senhor. — E eu sou feliz com o que mais
Lhe agradar. Aceito tudo o que Ele dá.
Nada tenho a dizer — nem tenho capacidade nem os conheci
mentos necessários para falar a futuros sacerdotes. As minhas Irmãs
são [como] eu — por isso não preciso procurar por palavras difíceis.
— Eu simplesmente abro o meu coração — e Ele fala.
Se quiser, pode perguntar ao Arcebispo D’Souza* o que ele pensa.
Se ele me disser para fazê-lo — eu não tenho nada a dizer — o farei.8
Foi uma grande amabilidade de sua parte ter escrito e lembrar-se de re
zar por mim. Pensei que agora que é Bispo com uma grande diocese
— se esqueceria. — Graças a Deus que não se esqueceu e que reza
por mim.
25 de março.
Agradeço-lhe ter possibilitado a minha ida a Poona para ver o seu
grande trabalho — e por ser tão paciente comigo.
Deus esteja com o senhor — 13
Os Irmãos Missionários da Caridade, o primeiro ramo masculino
da Família das Missionárias da Caridade, começaram em 25 de março de
1963, Solenidade da Anunciação do Senhor. Madre Teresa tinha inves
tido todo o seu coração nessa fundação e foi com alegria que informou
o Bispo Picachy dessa expansão do seu serviço aos pobres. Como asso
ciara suas lutas interiores ao rápido crescimento e ao sucesso das Irmãs,
também se perguntava agora que “preço” teria de pagar pelos Irmãos. E
mostrava-se disposta a dar ainda mais.
Ficará muito satisfeito por saber que no dia 25 de março — para Nossa
Senhora — será feita a primeira oferta dos Irmãos Missionários da Ca
ridade. Por isso reze, por favor, para que tudo seja apenas por Jesus.
Pergunto-me o que Jesus vai me tirar por eles, uma vez que já me
tirou tudo pelas Irmãs. Estou disposta a aceitar tudo o que Ele me der
e dar tudo o que Ele tirar com um grande sorriso.14
* Do hino Stabat Mater, na reaiidade dirigido à Bem-aventurada Virgem Maria. Aqui, parece
que Madre Teresa está dirigindo-se a Jesus.
•Santa Teresa de Calcutá 249
to d a s a s in s t r u ç õ e s — às vezes são 3, 4 ou 5 in s tr u ç õ e s p o r d ia . —
A s Irm ã s fic a r a m e n c a n ta d a s c o m a s in s tr u ç õ e s q u e lh e s d e i s o b r e a
v o to d e c a s tid a d e fo sse — o v o to m a is a m á v e l e m a is n a tu r a l p a ra
s o rriso p a ra to d o s . —
R e ze p o r m im — e p e ç a a o s te ó lo g o s q u e re z e m p o r m i m . 18
A caminho de casa*
811164
Excelência,
Não posso agradecer o suficiente, ao senhor e aos seus, por toda a
amabilidade, e por todo o afeto que o senhor e eles demonstraram às
nossas jovens Irmãs. — Espero que elas sejam uma causa de verdadei
ra alegria para o senhor — e que levem muitas almas a Jesus. — As
nossas Irmãs são jovens — cuide delas, porque são Dele. Conduza-as
ao fervor e à santidade — e quanto mais santas elas se tornarem mais
capazes serão de irradiar o amor de Deus entre os Seus Pobres. Estou
muito agradecida a Deus — por ter me dado a oportunidade de tra
balhar com o senhor na sua jovem diocese.
Deve ter rezado muito fervorosamente por mim — porque faz
mais ou menos um mês que há no meu coração uma união muito
profunda com a Vontade de Deus. Aceito não com os meus senti-
O desejo que Madre Teresa tinha de semear amor era especialmente posto
à prova em momentos de hostilidade. Quando os sofrimentos dos po
bres aumentavam, aumentava igualmente a compaixão dela. Quando, em
1964, explodiram os confrontos em Calcutá que deixaram uma centena
de mortos e quatrocentos feridos, tudo o que ela podia ver era o terrível
efeito do pecado:
Reze pela nossa gente — a índia está passando por momentos muito
difíceis. — Precisamos de muitas orações e sacrifícios de vocês em
outros países. [...]
S a n ta Teresa de Calcutá 253
Vocês estão aí para as suas Irmãs — as irmãs não estão aí para vo
cês. Devem estar prontas para qualquer sacrifício — para serem
devoradas, por assim dizer, pelas suas Irmãs. E possível que sintam,
às vezes, uma grande solidão — mas esse é um dos sacrifícios que
podem fazer pelas suas Irmãs. Acontece com frequência que aqueles
que passam o tempo dando luz aos outros permanecem, eles pró
prios, na escuridão.30
D eu s a d e s p o ja v a de to d o s os a p o io s , n a tu ra is e s o b re n a tu ra is : o is o la
m e n to em q u e se e n c o n tra v a e ra de ta l m o d o a b s o lu to , q u e e la s ó c o n
s e g u ia c o m p a r á - l o co m o in fe rn o . A p ó s m a is d e 15 anos de e s c u r id ã o ,
a p re s e n to u a o p e . N e u n c r a s e g u in te d e s c r iç ã o d o s e u e s ta d o :
Quanto a mim — o que vou dizer-lhe? Nada tenho — uma vez que
não tenho a Ele — a Quem o meu coração e a minha alma anseiam
por possuir. O isolamento é tão grande. — Nem por dentro nem por
fora — não encontro ninguém a quem recorrer. — Ele tirou não so
mente as ajudas espirituais, mas até mesmo as humanas. — Não pos
so falar com ninguém e mesmo que o faça — nada entra na minha
alma. — Ansiava por conversar com o senhor em Mumbai — mas
nem sequer tentei tornar isso possível. — Se há inferno — Este deve
ser um. Que terrível é estar sem Deus — nem oração — nem fé —
nem amor. — A única coisa que ainda permanece — é a convicção de
que a obra é Dele — de que as Irmãs e os Irmãos são Dele. — E eu
me agarro a isto como a pessoa que nada tem se agarra à palha — an
tes de afundar. — E contudo, pe. — apesar de tudo isto — quero ser-
-Lhe fiel — quero esgotar-me por Ele, quero amá-Lo não por aquilo
que Ele dá mas por aquilo que tira — quero estar à Sua disposição.
— Não Lhe peço que mude a Sua atitude para comigo ou os planos
para mim. — Peço-Lhe apenas que me use — para ensinar e ajudar as
minhas Irmãs e os meus Irmãos e os nossos Pobres a amá-Lo, já que
eu não posso amá-Lo. — Como as Irmãs e os Irmãos amam a Deus
lindamente! — Como tentam ser capazes de corresponder a tudo
aquilo que Ele lhes dá através de mim. —33
ração, aos pobres, a Madre oferecia a Deus a sua agonia secreta, para
que outros pudessem aproximar-se mais Dele. Nas interpretações dos
sentimentos de Jesus que apresentava às irmãs, ela refletia igualmente
as profundezas de sua aceitação da Cruz de Jesus:
Obrigada pela sua amável carta. — Deus tem o Seu próprio jeito em
todas as coisas. — Lentamente vou aprendendo a aceitar tudo exata
mente como Ele o dá. Sua ausência de Goa foi justamente um desses
atos — mas estou feliz que Ele fez assim — ainda tenho muitas,
muitas coisas para aprender. —
Tivemos um dia lindo em 2 de maio. Foi o nosso dia de ação de
graças por todas as graças que a nossa pequena Congregação tem re
cebido — em especial o Decreto de Louvor. — E agora somos uma
Congregação Pontifícia. — Veja o que Nosso Senhor faz. — Ele se
derrama a Si próprio sobre a pequena Congregação — mas tira cada
gota de consolação de minha alma. — Fico feliz que seja assim —
porque eu apenas quero que Jesus seja na Congregação mais e mais
e que eu seja menos e menos.
258 X ( nha , seja M i n h a luz
cia à sua dor: “Estou tentando ser muito corajosa e alegre — apesar de
tudo o que há dentro de mim. Reze por mim muito e com frequência.”48
Madre Teresa referia-se à coragem das Irmãs de sua nova congregação cm Cocorotc, Venezuela.
** Madre Teresa frequentemente referia-se a si própria na terceira pessoa, náo apenas em cartas
para as Irmãs ou em instruções, mas, também, quando escrevia para outros.
260 Xenha , seja M i n h a luz
Como andasse cada vez mais atarefada, o desejo que Madre Teresa tinha
de se encontrar com os seus diretores espirituais ficava muitas vezes sem
se realizar. “Desejaria poder vê-lo, nem que fosse umas horas — mas o
Senhor tem os Seus próprios planos e eu devo aceitar a Sua vontade —
como o senhor disse. Reze muito por mim.”60 Como se tornara habitual,
quando se encontrava com o arcebispo Knox, o Bispo Picachy ou o pe.
Ncuner, ficava sem palavras.
262 l e n h a , seja M i n h a luz
LDM
Trem para Mumbai, 24/7/67
Caro Padre,
Foi muito amável de sua parte ter vindo aqui e ter me dado tanto
do seu tempo — pois o senhor tem muito mais almas mais dignas
dos seus cuidados e do seu amor do que a minha, que é tão pequena
e tão vazia e tão fraca.
Perdoe-me ter pedido que viesse e depois não ter lhe dito nada.
— Isso mostra como minha alma está terrivelmente vazia — mas
não tenho medo. — Ele fez maravilhas por mim — Santo é o Seu
nome.61 — Reze por mim para que nesta escuridão eu não acenda a
minha própria luz — nem preencha este vazio com o meu próprio
ego. — Quero com toda a minha vontade apenas Jesus. —
Padre, queria dizer-lhe — como a minha alma anseia por Deus
— e apenas por Ele, como é doloroso estar sem Ele — como os meus
pensamentos são apenas sobre as Irmãs e os Pobres. — Serão distra
ções [ou] serão estes pensamentos a causa da minha oração? — Eles
são minha oração — eles são minha própria vida. — Amo-os como
amo a Jesus — e agora, como não amo a Jesus — também não amo a
eles. Sei que isto são apenas sentimentos — porque a minha vontade
está firmemente unida a Jesus e por isso às Irmãs e aos Pobres.
Na sua instrução falou do “Pai”. — Eu poderia ter ficado ali senta
da durante muito, muito tempo, só [ouvindo]. — Embora seja muito
pouco o que fica registrado dentro de mim — ainda assim, mesmo que
fosse só aquela vez. —
Estou muito feliz de que as Irmãs estejam em Poona — porque
terão muito apoio espiritual e também, toda vez que eu for lá talvez
tenha oportunidade de vê-lo. — “Motivação egoísta”. O trabalho em
Poona é bonito — e eu penso que é um grande bem — tanto para os
ricos como para os pobres.
Ficaria agradecida se me indicasse alguns livros bons. — Quando
olho para a nossa biblioteca — tenho dificuldade em escolher o livro
que preciso.
Padre, pode me explicar — quando tiver tempo — como crescer
na “profunda união pessoal do coração humano com o coração de
•Santa Teresa de Calcula 263
Não. Não houve dúvidas. Foi só por um momento que Ele sentiu
incerteza. Isso foi como ser humano. Era natural. No momento em
que você aceita, no momento em que se abandona, isso é a convic-
çáo. Mas pode significar a morte para você, náo é? A convicção surge
no momento em que a pessoa se abandona. Então não há dúvida. No
momento em que Jesus disse: “Pai, estou àTua disposição, seja feita a
Tua vontade”, Ele tinha aceitado. Essa foi a Sua agonia. Ele sentia to
das as coisas que o senhor e eu sentiríamos como seres humanos. Foi
por isso que Ele foi como nós em todas as coisas, exceto no pecado.
[Quando a incerteza se mantém] esse é o momento de se ajoelhar,
não é? [...] Nessa oração, Deus não pode nos enganar, porque essa
oração vem de dentro de nós. E o momento em que O queremos mais.
Quando temos Deus dentro de nós, é para sempre. Não há dúvidas.
Podemos ter outras dúvidas, náo é? Mas essa dúvida em particular
nunca mais existirá. Não, nunca tive dúvida. [...] Mas estou conven
cida de que é Ele e não eu. De que é a obra Dele, e não a minha obra.
Eu apenas estou à Sua disposição. Sem Ele nada posso fazer. Mas nem
sequer Deus pode fazer coisa alguma por alguém que já está repleto.
Temos que estar completamente vazios para deixá-Lo entrar para fa
zer o que Ele quiser. Essa é a parte mais bela de Deus, não é? Sendo
todo-poderoso, mas náo Se impondo a ninguém.66
gem, que lhe recordava o seu chamado e dar cópias dela mesma aos seus
seguidores, como incentivo para prosseguirem.
E costumava encorajar as Irmãs com palavras como as seguintes:
Seja esse alguém. [...] seja esse alguém que saciará a Sede. Em vez
de dizer “Tenho sede” diga “seja esse alguém" [...] faça tudo o que
você acreditar que Deus está lhe pedindo para fazer para você ser esse
alguém que O sacie.
Uma vez que todas as fundações eram para Madre Teresa um novo
10 de setembro, a pergunta "Fará isto por Mim?" continuava ressoan
do em seu coração. Como podia ela recusar? A lembrança das palavras
de Jesus dava-lhe forças para superar-se a si mesma, e para O consolar,
esforçando-se por acender o fogo do amor de Deus no coração de cada
pessoa, apesar da terrível escuridão que tinha dentro de si. Ansiava pelo
regresso de Jesus e queria que Ele a encontrasse sendo “esse alguém”, que
O reconfortava nos Seus irmãos e nas Suas irmãs mais pobres, já que era
na vida deles que ela via a Sua Paixão ser revivida, como explicava à sua
amiga Eileen:
Obrigada por sua carta de 25/8 que chegou — A sua carta é tão boni
ta. — Sim, bastaria que voltássemos ao espírito de Cristo — bastaria
que vivêssemos a vida eucarística, bastaria que percebêssemos o que
•Santa Teresa de Calc ula 267
[O] sobrinho de vocês tal como tantos outros nestes tempos duros e
tristes de luta pela fé — está passando por sua purificação — se ele
apoiar-se no Cristo vivo — na Eucaristia. Sairá da escuridão em que
se encontra radiante com uma nova luz — Cristo. [...]
Agora devem rezar muito — porque a nossa pequena Congrega
ção continua crescendo — e nós mais e mais devemos ser Sua Luz
— Seu caminho — Sua vida — Seu Amor nas favelas.69
É tão estranho o senhor não escrever pelo Natal — bem como não
responder às cartas. — Talvez náo estivesse em Jamshedpur quando
as minhas cartas chegaram. [...] Espero mesmo que venha a Calcutá
e então poderei ter uma boa conversa. Tenho um anseio tão pro
fundo por Deus e pela morte. [...] Reze por mim para que eu use a
alegria do Senhor como minha força. — 71
Como não havia mais nada para compartilhar sobre seu estado in
terior, Madre Teresa podia prosseguir sem o apoio dos diretores espirituais.
Durante esse período, a correspondência com o pe. Neuner foi praticamen
te suspensa. Quando lhe escrevia, a Madre dava-lhe notícias da congrega
ção, mas raramente havia uma linha sobre si mesma. O próprio pe. Neuner
percebeu o que se passava, como recordou posteriormente:
U m in s t r u m e n t o n a s Su as m ãos
de 1975, quando atravessava lima rua em Roma, ele viu Madre Teresa em
um ponto de ônibus, em companhia de outra Irmã. “O meu primeiro
impulso foi de ir até ela, mas depois eu disse a mim mesmo: ‘Deixe a
mulher em paz. Todo mundo está sempre olhando para ela.’ Por isso,
segui em frente, com o coraçáo batendo com toda a força. Mas de
repente pensei: ‘Ela é uma santa e eu sou um pecador. Deixe o pecador ir
ao encontro da santa e pedir-lhe que reze por ele’.” Por isso, voltou para
trás. Após um rápido cumprimento, Madre Teresa pediu-lhe — como
era de seu costume — que fosse dar uma conferência sobre oração às suas
noviças dentro de dois dias. Depois da conferência no convento situado
nos subúrbios de Roma, o pe. van der Peet aceitou o convite que Madre
Teresa lhe fez para pregar um retiro à comunidade em novembro.
Sua em Jesus,
M. Teresa, M O
•Santa T< r( sa <l< Calcutá 275
As impressões com que o pe. van der Peet ficou desse e de subse
quentes encontros com Madre Teresa não deixam qualquer dúvida quan
to à santidade e à união com Deus que dela irradiava.
Sua em Jesus,
M. Teresa, M O
[As cartas da Madre] refletem muitas coisas belas, mas ela também
mencionava esse vazio, essa escuridão. Não era em todas as cartas,
mas era definitivamente um tema que ocorria.6
* Essa “caixa dc papelão” era a caixa onde ela guardava seus prêmios, graus honorários e outras
honrarias. Os prêmios serviram o propósito de proclamar a presença dos pobres e ela estava
convencida de que eles pertenciam aos pobres.
278 Xcnlui, seja M i n h a luz
estou sendo usada — apenas — para e por eles, para que proclamem
a existência dos pobres — e a preocupação das pessoas pelos pobres,
de maneira que tudo aceito com um sorriso em nome deles. —
Parto para Roma no dia 3 e terei oportunidade de fazer o meu re
tiro com as Nov. [Noviças] — e tenho profissão no dia 14. — Regres
so a N. Y. [Nova York] no dia 17 para poder participar no tríduo* de
preparação para a Festa do Sagrado Coração, quando esperamos dar
início a um novo ramo “As Irmãs da Palavra”.** Reze muito por isto.
Seria ótimo se o senhor pudesse conseguir estar presente. [...] Estou
ansiosa para regressar à índia — mas sei que é aqui que Ele quer que
eu esteja agora — e por isso aceito com um grande sorriso.
Queria escrever uma carta verdadeiramente espiritual — mas mais
do que isto não me vem. —
Rezo pelo senhor para que deixe Jesus usá-lo sem o consultar. Faça
o mesmo por mim —
Sua em Jesus,
M. Teresa, M C
Sua em Jesus,
M. Teresa, M C '
Sua em Jesus,
M. Teresa, M C 4
282 Xcnha, s (ja M i n h a luz
A impressão que eu tinha era a de que estava lidando com uma mu
lher que, de alguma forma, via Deus e sentia Deus no sofrimento dos
pobres, uma mulher que tinha uma fé imensa na luz e na escuridão.
Madre Teresa via o sofrimento de Cristo, mas não é que fosse levada
ao êxtase ou coisa assim — isso não fazia parte da sua vida, embora,
provavelmente, algumas pessoas se sentissem tentadas a pensar assim.
[...] Eu real mente acredito que a razão pela qual Madre Teresa teve que
passar por tanta escuridão na sua vida foi porque isso lhe proporciona
ria uma maior identificação com os pobres.17
L.D.M.
A caminho da Índia, 26/11/76
Caro Padre Michael,
O senhor já deve ter recebido a nota que lhe enviei e o livro.
— Desde então tive que vir a Roma tratar de um assunto urgente. [...]
O senhor pergunta por que Jesus queria que se encontrasse co
migo naquele dia em Roma. — Nós já recebemos muito pelo fato
de termos aceitado aquele encontro — sem termos sido consultados
nem preparados. Não sei como Ele faz com o senhor — mas comigo
Ele sempre faz assim — simplesmente para eu perceber Sua terna
preocupação comigo e com meu nada — Sua grandeza e o meu vazio
284 Ve n h a , se ja M i n h a lu z
— Seu infinito amor e meu amor de criança. Não permita que sua
infidelidade [aos exercícios espirituais e aos deveres religiosos de cada
dia] e hesitação, como o senhor diz, o preocupem — mas, aceite tudo
o que Ele dá, e dê tudo o que Ele tira com um grande sorriso. Porque
isso é a santidade — fazer a vontade Dele com um grande sorriso.
Estou muito feliz que o senhor visitou as Irmãs de Union Ave* —
eu sinto que Jesus vai usá-las para maior glória de Seu Pai. — Ainda
bem que a cruz nos leva ao Calvário e não a uma sala de estar. — A
Cruz — o Calvário foi muito real durante algum tempo. Já não me
dói a dor, mas a dor que a pessoa inflige a si mesma. Compreendo
melhor o que Jesus disse a Santa Margarida Maria sobre a dor que
sentia por causa daqueles que Lhe pertenciam — (...)
Os dias nos EUA, em especial na Filadélfia,*’ foram tão cheios
de sacrifícios. Vivi realmente “A Missa” — tudo aquilo foi um ato
de obediência cega. — Começo a compreender as Estações da Cruz
com um significado mais profundo. A polícia, as multidões, tudo pa
recia como se o Calvário [estivesse] sendo hoje encenado novamente.
— Jesus deu-me uma graça muito grande — aceitar tudo com um
grande sorriso.
Há uns dias atrás, um jovem sacerdote falou de como as MC são
um testemunho da existência de Deus — e se Ele não existisse, o nos
so trabalho não teria qualquer sentido, e como as MC tornaram a sua
fé [dele] viva e fecunda. Da próxima vez que escrever, envie-me, por
favor, a oração a Jesus e a música porque não as temos na Casa-Máe
— Começo a aprender mais e mais porque Jesus quer que apren
damos com Ele a ser mansos e humildes de coração. Porque sem a
mansidão nunca seremos capazes de aceitar os outros nem de amar os
outros como Ele nos ama. — Então, antes de aprendermos a humil
dade, sem a qual não podemos amar a Deus — temos que aprender a
amar-nos uns aos outros. — Precisamos da mansidão e da humildade
para poder comer o Pão da vida. — Precisamos da mansidão c da hu-
1070 Union Avenue, Bronx — endereço das Irmãs Contemplativas Missionárias da Cari
dade em Nova York.
*' Madre Teresa esteve presente no XLV Congresso Eucarístico, na Filadélfia, cm 6 de agosto
de 1976.
•Santa Teresa de Calcula 285
Sua em Jesus,
M. Teresa, M O 9
Madre Teresa não faz referência à sua escuridão nesta carta, mas
os frutos da referida experiência eram evidentes. “A mansidão e a hu
mildade do Coração de Jesus”,20 que ela tentava imitar há vários anos,
podiam ser testemunhadas através da sua forma de vida. O terno amor e
a preocupação de Deus por ela, que a comoviam como da primeira vez,
tinham suavizado sua vontade de ferro, sem diminuir sua determinação,
mas enriquecendo-a de ternura. A Madre era como uma criança em seu
amor e em sua vida. Uns anos antes, tinha escrito a Malcolm Muggeridge,
encorajando-o no combate espiritual que ele travava:
Acho que agora o compreendo melhor — Receio não ter podido res
ponder ao seu profundo sofrimento — [...] não sei por quê, mas para
mim você é como Nicodemos21 e tenho a certeza de que a resposta é
a mesma — “Se não vos tornardes como crianças”.22 Estou certa de
que compreenderá bem tudo — se vier a “tornar-se” uma criancinha
nas mãos de Deus.
O seu anseio por Deus é tão profundo, e — contudo — Ele se
mantém longe de você. — Ele deve estar Se forçando a isso — por
que o ama tanto — a ponto de entregar Jesus à morte por você e por
286 Vculia, seja M i n h a luz
tes a participarem nesse esforço: “Sei que você náo pode mais viajar, mas
náo desista onde quer que esteja — e recorra à caneta sempre que tiver
oportunidade. — Devemos encher o mundo com o amor e a compaixão
de Jesus e de superar todo o ódio e a escuridão.”30
Sua em Jesus,
M. Teresa, MC*
290 \ c n h a , seja M i n h a luz
Ohrigada pelo seu amor compreensivo. — Acho que foi a sua vinda
que trouxe este presente. Obrigada por ter explicado na vida — a
pobreza de Jesus — o mistério do amor de Deus. Sim, quero ser po
bre como Jesus — que sendo rico se tornou pobre por amor a nós.37
Obrigada por ter explicado de maneira táo simples — Não sou eu
que vivo mas Cristo que vive em mim.38
Obrigada por rezar por mim — eu preciso rezar — eu quero rezar
— eu tento rezar. O amor de Deus pela Congregação tem sido tão
maravilhoso. — Este ano fizemos mais 11 fundações. — Que grande
é a humildade Dele, que permite ser usado desta maneira. Tantos
tabernáculo novos — tantas horas diárias de Adoração.39
* Madre Teresa refere-se ao pequenino passarinho que está aos pés de Maria, na base da ima
gem de Nossa Senhora de Fátima.
** Como as Irmãs, em 1975, a Casa para os Moribundos (Kalighat), em 1977, e o primeiro
grupo de Irmãs, em 1978, celebraram seus jubileus de prata, Madre Teresa decidiu dar a Jesus
um jubileu de prata também, abrindo 25 novas instituições, cm 1978.
•Santa Teresa de Calcutá 293
Deus o abençoe,
M. Teresa, MG'**
MC — um presente de Deus.
Que feliz que o senhor deve se sentir por ter este dom maravilhoso
de dar Jesus às almas através dos seus retiros. E como os seus Sup.
[Superiores] têm sido bons, dando-lhe autorização para fazer isso.
Jesus lhe têm um amor especial — porque o senhor é tão com
pletamente Dele, que vive — não o senhor — mas é Jesus que vive
no senhor e, através do senhor Ele prova o amor Dele pelo mundo.
Quanto a mim — o silêncio e o vazio são tão grandes que eu olho e
não vejo, escuto e não ouço. — A língua se move mas não fala. —
Indefesa mas ousada — Quero que reze por mim — para que eu
Lhe dê toda a liberdade — e mesmo que Ele decida me cortar em
pedaços, que cada um desses pedaços, por muito pequeno que seja,
seja só Dele. —
Na C. M. [Casa-Máe] temos mais de trezentas noviças tão belas,
tão cheias de alegria. — Faz bem simplesmente olhar para elas e apre
ciar o presente de Deus, o amor delas. — Sei que o senhor reza por
mim — peça a Nossa Senhora que cuide de mim como [cuidou] de
Jesus.
Deus o abençoe,
M. Teresa, M O 6
A Madre sempre nos disse: “Deus ama aquele que dá com alegria.47
•Santa Teresa de Calcutá 295
Mas o que nos diz Deus? Ele nos diz: “Ainda que a mãe se esque
cesse do menino que amamenta, Eu nunca te esqueceria. Eis que
Eu te gravei nas palmas das Minhas mãos.” Nós somos gravados
na palma da Sua mão; essa criança por nascer foi gravada na mão
de Deus desde a concepção e é chamada por Deus a amar e a ser
amada, não apenas agora nesta vida, mas para sempre. Deus não é
capaz de nos esquecer.59
Sua em Jesus,
M. Teresa, MO*
* Reza a tradição que Verônica enxugou a face de Jesus com o seu véu quando Ele estava a
caminho do Calvário.
** Simáo dc Cirenc ajudou a Jesus carregando a Sua cruz a caminho do Calvário (cf. Lucas
23,26).
302 \ c n h a , seja M i n h a luz
Nesse sofrimento, seu próprio e dos seus pobres. Madre Teresa re
conhecia Cristo revivendo, mais uma vez, a Sua Paixão, agora nesse disfar
ce angustiante. No começo do trabalho entre os mais pobres dos pobres,
encorajara o pequeno grupo de suas seguidoras a “encontrarem Jesus nos
buracos sem luz das favelas, nas mais deploráveis misérias dos pobres”.66
Agora, vinha encontrá-Lo também na solidão dos mais abastados.
Com uma fé que penetrava a escuridão da dor, Madre Teresa era capaz de
ir além das aparências e de perceber o rosto de Deus. Essa contemplação
da Paixão de Jesus, revivida nos pobres e no seu próprio coração, a con
duzira, mais profrindamente, a uma compreensão e a uma experiência de
Sua sede. Em dezembro de 1980, escreveu ao Pe. Neuner:
Fico realmente muito feliz por saber que o senhor está perto de
mim na sua oração. Eu acho que é essa a força de que preciso
constantemente. — Durante este ano tive muitas oportunidades
de saciar a Sede de Jesus por amor — por almas. Foi um ano cheio
da Paixão de Cristo. — Não sei qual Sede é maior, a Dele ou a
minha por Ele.67
O u então:
Esta carta lhes leva o amor, a bênção e a oração da Madre para cada
uma de vocês, para que possam crescer cada vez mais na semelhança
com Cristo através da mansidão e da humildade, a fim de que as
Irmãs na comunidade e os pobres a quem servem sintam a Sua pre
sença e o Seu amor em vocês e através de vocês, e aprendam de vocês
como amar Jesus, uns nos outros.70
* Madre Teresa fazia referência aos inúmeros pedidos por sua presença em uma grande varie
dade de eventos.
c a p ít u l o 13 I
Irradiar Cristo
Tu és Deus.
Tu és Deus de Deus.
Tu és Gerado, não criado.
Tu és Um em substância com o Pai.
Tu és o Filho do Deus Vivo.
Tu és a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.
Tu és Um com o Pai.
Tu estás no Pai desde o princípio:
Todas as coisas foram feitas por Ti e pelo Pai.
Tu és o Filho Bem-Amado
■Santa Tore na de Calcutá 307
Tu nasccste cm Belém.
Tu foste embrulhado em faixas por Maria
e colocado na manjedoura cheia de palha.
Tu foste aquecido pela respiração do burro
(que transportara Tua Mãe Contigo no ventre).
Tu és o Filho de José,
o Carpinteiro, como era conhecido pelas pessoas de Nazaré.
Tu és um homem comum, sem grandes conhecimentos,
segundo o juízo dos sábios de Israel.
Para mim
Jesus é o meu Deus.
Jesus é o meu Esposo.
Jesus é a minha Vida.
Jesus é o meu único Amor.
Jesus é o meu Todo em Tudo.
Jesus é o meu Tudo.
Jesus, eu o amo com todo o meu coração, com todo o meu ser.
Dei-Lhe tudo, até os meus pecados,
e Ele me desposou em ternura e amor.
Agora e por toda a minha vida
sou a esposa do meu Esposo Crucificado.
Amém.2
Nos últimos anos da sua vida, Madre Teresa dedicou grande parte do
seu tempo e de suas energias ao crescimento e desenvolvimento dos
ramos masculinos de sua família religiosa. O ramo dos Missionários
da Caridade Contemplativos, constituído por sacerdotes e Irmãos, foi
fundado em 19 de março de 1979, festa de São José. Um movimento
internacional destinado a promover a santidade dos sacerdotes — e de
signado por Movimento Corpus Christi — foi oficialmente reconheci
do pela Sagrada Congregação para o Clero, em 26 de junho de 1981,
festa do Sagrado Coração de Jesus; e os Pe.s Missionários da Caridade
tiveram início em 13 de outubro de 1984, em Nova York.
Em 1983, nas vésperas do quinto capítulo geral, Madre Teresa
voltou a expressar seu desejo de ser liberada das responsabilidades de
superiora geral e seu anseio por ser “apenas uma simples Irmã na co
m unidade”, pensamentos que compartilhou com o cardeal Picachy:
encontrar alguém que seja mais nada do que eu. (Não acho que tal
pessoa exista.) Eu ficarei feliz, muito feliz de ser liberada — e de ser
apenas uma simples Irmã na Com. [comunidade] — depois de quase
35 anos. — Anseio por isso. — Farei sempre o que a Igreja — através
do Santo Pe. e do senhor — quiserem que eu faça, mas anseio por ser
toda só para Jesus — através de Maria, uma simples M C .'
Mas não eram esses os planos que Deus tinha para ela. A Madre
foi reeleita superiora geral, uma decisão que aceitou como vinda das mãos
de Deus. Tal como fazia anteriormente, não se cansava de pedir orações
para a sua família religiosa: “Por favor, reze por nós em especial durante
a Santa Missa — para que não estraguemos a obra de Deus — que con
tinue a ser Dele.”s
Foi nessa época que Madre Teresa decidiu revelar as suas lutas in
teriores a outro sacerdote, o padre jesuíta Albert Huart,* da Província de
Calcutá. Recorda esse sacerdote:
pobres.” Mais tarde, nesse mesmo dia, durante a Hora Santa, um dos
membros de sua Família religiosa me entregou uma nota escrita por
Madre Teresa. Eu li suas palavras e então olhei para onde estava senta
da na Capela. A Madre me devolveu o olhar e em seguida ajoelhou-se
e voltou-se para o Santíssimo Sacramento, exposto no Sacrário. Aquele
gesto confirmou suas palavras: “Caro Pe., reze por mim. Onde está
Jesus?” Ao longo dos anos de minha amizade com Madre Teresa, ela
fez referências freqüentes à secura espiritual que acompanhava seu tra
balho como Missionária da Caridade.8
Sei que continua rezando por mim, pois só isso me permite continuar.
O trabalho para a “AIDS” continua crescendo e a dar frutos. Nin
guém morreu sem Jesus. Há tanto sofrimento entre os nossos pobres
em todo o mundo. — Estamos atualmente em 77 países com mais de
350 casas. Já pensou — pobres entrando no Céu por todos os lados
— [...] em Nova York — já são mais de 50 os que tiveram uma boa
morte — [...]
A princípio, S. Pedro não teria me deixado entrar no Céu, porque
no céu não havia favelas. — Mas agora o céu está cheio de gente das
314 Xc nha , seja M i n h a lu z
favelas. Jesus deve estar muito feliz por ter estes milhares chegando
até Ele, com amor de Calcutá —
Sei que vai gostar desta história do evangelho em toda sua realidade.
Por favor, reze por mim para que eu seja toda só para Jesus através
de Maria."
Minhas filhas, vocês não sabem a terrível dor que há no meu coração
por não poder responder por completo à terrível sede que Jesus me
pediu que saciasse através da Congregação, através de cada uma de vocês.
Se eu estou me sentindo assim, pergunto-me como o Coração de
Jesus deve sentir. Não é neste momento novamente, como Ele fez em
10 de set., não está Ele olhando para cada uma de nós? “A escolhi e a
chamei para ser uma Missionária da Caridade para saciar a minha do
lorosa sede, e onde está você?” Jesus disse a um sacerdote em Roma:
“Diga à Madre Teresa: ‘Tenho sede.’” Minhas filhas, ouçam o seu
próprio nome. Ele o está dizendo a vocês.12
A “Voz” que ela ouvira pela primeira vez na viagem de trem para
Darjeeling estivera em silêncio durante muito tempo. Ela ansiara por vol
tar a ouvi-la — e, agora, embora essa “Voz” amada não tivesse se dirigido
a ela diretamente, a Sua mensagem era clara: Ele continuava sedento e à
procura de alguém que O consolasse. E a Madre continuava ardendo por
“ser esse alguém”.
316 Vet ih a. seja Mi n h a luz
No final de 1989, teve início uma nova fase na vida de Madre Teresa.
Devido ao agravamento dos problemas cardíacos, ela esteve, várias vezes,
às portas da morte. Em dezembro de 1989, depois de receber um marca-
passo permanente, a Madre escrevia ao Irmáo Roger deTaizé: “Uma coisa
muito boa foi fruto da minha doença — o mundo todo rezou ao mesmo
Deus para minha melhora.”13 Era importante para Madre Teresa que as
pessoas fossem atraídas para Deus e, se a sua doença ajudasse a fazer com
que isso acontecesse, ela ficava agradecida. Logo que recuperou um pouco
as forças, estava novamente em pé, espalhando o amor de Deus, de todas
as maneiras possíveis.
Na década de 1990, com o colapso do sistema comunista na Euro
pa Oriental, recomeçaram as sua viagens, apesar do problema de coração
e contrariando os conselhos dos médicos. Ansiosa como estava por levar
a luz do amor de Deus aos países da Europa Central e da Europa O rien
tal, que tinham sofrido restrições à liberdade religiosa, abriu fundações
na maioria dos países da antiga União Soviética, incluindo várias na
Rússia, naTchecoslováquia, na Hungria, e, finalmente, na Albânia. “As
pessoas têm tanta fome de Deus”, repetia, depois de testem unhar o pro
fundo desejo por Deus, reprimido durante muitos anos nesses países.
Depois de ter visitado a Albânia, escreveria às Irmãs: “Tenho o senti
mento de que Jesus e Maria me querem aqui nesta época de abertura de
igrejas no país da Albânia onde o amor de Deus tem sido tão rejeitado
por muitos anos e onde as pessoas estão espiritualmente famintas.”14
LDM
Junho de 1990
Deus os abençoe,
M. Teresa, M O 9
* Forque, em inglês, a frase seguinte tem cinco palavras: You did it to me.
■S'anta Teresa de Calcutá 319
Madre Teresa foi intrépida missionária durante toda sua vida. Tinha ou
vido a Voz de Deus, que a chamava a servir aos pobres. Tinha-se tornado,
por sua vez, uma voz que pedia em nome dos pobres. Armada com a fé,
náo tinha medo de enfrentar e desafiar os dirigentes mundiais para de
fender os interesses dos membros mais vulneráveis da sociedade humana.
Uma carta aberta que escreveu aos chefes de estado dos Estados Unidos
e do Iraque, na esperança de que a guerra, então iminente, pudesse ser
evitada, é um exemplo eloqüente de sua coragem e de sua determinação:
2 dejaneiro de 1991
por favor, à vontade de Deus. Deus nos criou para sermos amados
pelo Seu amor e não para sermos destruídos pelo nosso ódio.
A curto prazo, poderá haver vencedores e vencidos nesta guerra que
todos tememos, mas ela nunca poderá justificar — e nunca justificará
— o sofrimento, a dor e a perda de vidas que as suas armas provocarão.
Dirijo-me aos dois em nome de Deus, do Deus que todos ama
mos e partilhamos, para implorar pelos inocentes, os nossos pobres
do mundo e aqueles que se tornarão pobres por causa da guerra. São
eles os que mais sofrerão porque não têm possibilidade de fugir. De
joelhos suplico por eles. Eles vão sofrer e, quando isso acontecer, sere
mos nós os culpados por não termos feito tudo o que estava ao nosso
alcance para protegê-los e amá-los. Suplico por aqueles que ficarão
órfãos, viúvos ou sozinhos, por lhes terem matado os pais, os mari
dos, os irmãos e os filhos. Imploro, por favor, que os salvem. Suplico
por aqueles que ficarão incapacitados e desfigurados. Eles são filhos
de Deus. Suplico por aqueles que ficarão sem casa, sem alimentos
e sem amor. Por favor, pensem neles como se fossem seus filhos. Fi
nalmente, suplico por aqueles a quem será tirada a coisa mais pre
ciosa que Deus pode dar, a vida. Imploro que salvem os nossos
Irmãos e as nossas Irmãs, seus e nossos, porque eles nos foram dados
por Deus para amar e proteger. Não nos é permitido destruir aquilo
que Deus nos deu. Por favor, por favor, permitam que a mente e a
vontade dos senhores sejam a mente e a vontade de Deus. Os se
nhores têm o poder de trazer a guerra ao mundo, ou de construir a
paz. POR FAVOR, ESCOLHAM O CAM INHO DA PAZ.
Eu, as minhas Irmãs e os nossos pobres estamos rezando muitíssimo
pelos senhores. O mundo inteiro está rezando para que abram os seus co
rações em amor a Deus. Poderão ganhar a guerra, mas qual será o preço
em termos de pessoas que são destruídas, incapacitadas, perdidas.
Apelo aos dois — ao amor de vocês, seu amor por Deus e por seu
próximo. Em nome de Deus e em nome daqueles que os senhores vão
empobrecer, não destruam a vida e a paz. Deixem triunfar o amor e a
paz e que os seus nomes sejam recordados pelo bem que fizeram, pela
alegria que espalharam e pelo amor que compartilharam.
Por favor, rezem por mim e pelas minhas Irmãs, que tentamos
amar e servir aos pobres porque eles pertencem a Deus e são amados
■Sanla T i r c s a r/r C al c u la 321
s e n h o re s . R e z a m o s p a ra q u e a m e m e s u s te n te m a q u ilo q u e D e u s tã o
a m o r o s a m e n te c o n fio u a o s se u s c u id a d o s .
Q u e D e u s o s a b e n ç o e , a g o ra e se m p re .
Deus os abençoe,
M. Teresa, MCA
Madre Teresa não pregava apenas por palavras. Pregava, mais ain
da, através de seus atos. Sempre que havia algum desastre ou ocorria uma
tragédia, lá estava ela com as Irmãs. Não julgava nem criticava; amava e
ajudava, de forma simples, mas eficaz. Em junho de 1991, escrevia à sua
família religiosa, de Bagdá — onde tinha aberto uma casa para crianças
deficientes e dado início a uma clínica móvel:
Bagdá 2316191
Deus os abençoe.
Madre22
Depois de ter lido a carta do Santo Padre sobre “Tenho sede”, fiquei
muitíssimo impressionada — não consigo nem expressar para vocês
o que senti. Sua carta fez com que eu me desse conta, mais do que
nunca, de como nossa vocação c bonita. Como é grande o amor de
•Santa Teresa de Ca lru ta 323
Deus por nós, ao ter escolhido a nossa Congregação para saciar essa
sede de Jesus por amor, por almas — nos dando o nosso lugar espe
cial que ocupamos na Igreja. Ao mesmo tempo, estamos relembran
do o mundo da sede Dele, algo que estava sendo esquecido. Escrevi
ao Santo Pe. para lhe agradecer. A carta do Santo Pe. é um sinal
para toda a nossa Congregação — para aprofundarmos mais naquilo
que é esta grande sede de Jesus por cada um. E também é um sinal
para a Madre, chegou o momento de falar abertamente do presente
que Deus deu em 10 de set. — de explicar o melhor que eu puder o que
significa para mim a sede de Jesus.23
L. D. M.
Vietnã, 29/03/1994
Deus os abençoe.
Madre27
Muitos anos antes, Madre Teresa tinha pedido ao Pe. Neuner que
a ajudasse a crescer em uma “profunda união pessoal do coração humano
com o coração de Cristo”.28 Ela fora atraída para o Sagrado Coração de
Jesus e tinha experienciado Sua sede. Com seu amor, seu serviço, e, em
especial, sua escuridão, saciava o Coração sedento de Cristo. Consumia,
agora, as últimas gotas de sua energia para inculcar o mesmo anseio nos
membros de sua família religiosa.
Insistia para que as Irmãs permanecessem “muito perto de Nossa
Senhora”, afirmando, frequentemente, que “foi da sua súplica [da Bem-
-Aventurada Mãe de Deus] que a Congregação nasceu e por sua contínua
intercessão que cresceu”.29 Durante muitos anos, Madre Teresa deixou as
Irmãs perguntando a si próprias sobre a origem dessa declaração. Somen
te depois da sua morte passariam a ter conhecimento das três visões que
Madre Teresa teve, nas quais Nossa Senhora lhe suplicava que respondes
se ao chamado de Jesus e ao chamado dos pobres.
O Pc. Van Excm ajudara generosamente Madre Teresa c as Mis
sionárias da Caridade desde o início, e continuou sendo um fiel diretor e
um apoio seguro até o fim. Na última carta que escreve a Madre Teresa,
que se encontrava no hospital em estado crítico, o sacerdote recorda-lhe
o papel essencial que Nossa Senhora desempenhara na última parte da
viagem dela:
326 \ c n h a , seja Mi n h a luz
Cara Madre,
Amanhã de manhã rezarei a Santa Missa
1. para que a senhora não tenha que ser operada
2. para que possa estar na China em 7 de outubro de 93
3. para que o Senhor me leve e não a senhora, se for essa a Sua
Vontade. A Vontade Dele e não a minha.
Estou com a senhora e com as Irmãs, com todas elas.
Há um Calvário para cada Cristão. Para a senhora, o caminho
para o Calvário é comprido, mas Maria veio ao seu encontro na estra
da. A senhora não subiu a colina, isso fica para mais tarde.
Eu adoro ao Santíssimo Sacramento, que estou certo de que tem
no seu quarto.
Reze por mim e por todos os meus companheiros, em especial
pelos companheiros de Jesus com quem estou.
d o passava po r p r o v a ç õ e s e s p e c ia is , o u c o is a s a s s im , n o s e n s in a v a :
“ S a b e m , e is to é a o p o r tu n id a d e d e u m a m o r m a io r .”
L e m b ro -m e d e q u e , c e rta v ez e m q u e a M a d r e v e io a B a to n R ouge,
eu o b se rv a v a c a d a p a sso da M a d re . D e p o is d e te rm o s a lm o ç a d o , a
M a d re a ju d o u -n o s a la v a r a lo u ç a e fo i a p r im e ir a a pegar o pano
c a u s a d a M a d r e e a q u i e s ta v a e la , f a z e n d o o s m a is h u m ild e s tra b a
lh o s , c o m o q u a lq u e r Irm ã .
Fazer “algo realmente belo para Deus” não era apenas um lema
atrativo; era como ela tentava, desde há muitos anos, demonstrar o seu
amor por Jesus, fazendo tudo da forma mais bela que podia para Ele.
Considerava a possibilidade de abraçar o mistério da cruz em sua vida
como uma oportunidade de fazer algo realmente belo para Deus e de le
var o Seu amor aos que viviam na escuridão. Ela passava esse ensinamento
a uma das suas colaboradoras:
■Santa Teresa de Calcula 329
Assim, apenas dois anos antes de sua morte, Madre Teresa aceitava
prontamente a sugestão de oferecer a Deus aquela inseparável “companhei
ra de viagem”. Desde o início da década de 1960 que o fazia como pane do
seu chamado a identificar-se com Jesus e com os mais pobres dos pobres.
Agora, ratificava uma vez mais esse oferecimento. De acordo com as evidên
cias existentes, permaneceu naquele estado de fé “escura” e total abandono
até sua morte, oferecendo até o fim esse presente oculto e maravilhoso.
330 X’c n l n j. seja M i n h a luz
queroJesus”
Nesse ano [1996], que sofrimento ela passou! Nunca vi, em toda a
minha vida, sofrimentos físicos como aqueles que a Madre suportou.
Não conseguia falar, não conseguia se mexer porque tinha o respira-
dor e o tubo bronquial presos com fita. Ela fez um sinal para pedir
uma caneta, mas não conseguiu escrever corretamente o meu nome.
Por dois ou três dias o tentou. Por fim, certo dia de manhã, a Madre
escreveu: “Eu quero Jesus.” Pedimos ao Pe. Gary que viesse aquela
manhã, bem cedo, às 5h da manhã. Depois da Missa, ele conseguiu lhe
dar uma gota do Precioso Sangue. A Madre começou a melhorar. E
isso foi uma pista. [...] Todos, crentes e não crentes, perceberam que
as forças dela vinham de Jesus e de que apenas com Ele, em amor e
união, ela era capaz de passar por aquela dor e agonia terríveis.36
Era isto que ela própria era há várias décadas — uma verdadeira
Missionária da Caridade, uma vítima pelos outros. E através de todos os
sofrimentos que isso implicava, vivia com uma alegria profunda, originada
na resposta de todo coração que dera ao chamado de Jesus. Embora os
últimos dias de sua vida continuassem a ser marcados pela dor, física e
•Santa Teresa de C alc uta 335
“Madre, você foi uma fonte de luz neste mundo de escuridão”, procla
mava um dos inúmeros cartazes que os cidadãos de Calcutá ergueram no
funeral de Madre Teresa. O tema deste livro foi o segredo da abundante
luz e amor que Madre Teresa irradiava.
Tal segredo está baseado na profundidade e na intimidade de sua
relação com Deus. Tratava-se de uma mulher “apaixonada por Deus” e,
mais ainda, de uma mulher que sabia que “Deus estava apaixonado por
ela”. Tendo tido a experiência do amor de Deus por ela, desejava, ardente-
mente, amá-lo em resposta — como Ele nunca tinha sido amado antes.
No início do seu “chamado dentro do chamado”, Madre Teresa
fora inundada de luz. A Voz que tinha ouvido proferia ternas palavras de
amor, inundando-lhe a alma de consolação, e, quanto mais ela se sentia
338 \ c n h a . s( ja M i n h a luz
atraída por Ele, mais ansiava por Ele. A luz de Sua presença foi rapida
mente velada pela escuridão de Sua aparente ausência. Táo intensa quan
to a consolação tinha sido, foi a desolação que se seguiu.
Madre Teresa foi chamada a compartilhar de forma específica o
mistério da Cruz, a tornar-se uma com Cristo na Sua Paixão e uma com
os pobres a quem servia. Através dessa união, foi conduzida a uma pro
funda compreensão da “dolorosa sede” no Coração de Jesus pelos mais
pobres dos pobres.
A escuridão que experienciou e descreveu em suas cartas — através
das quais brilha a força e a beleza de sua alma — foi um torm ento terrível
e constante, praticamente sem paralelo na vida dos santos; apenas a expe
riência pela qual passou São Paulo da Cruz* é comparável com a dela, em
termos de longevidade.
Através dessa provação, Madre Teresa permaneceu firme e fiel ao
chamado que tinha recebido, ocupando-se, ininterrupta e alegremente,
na missão que lhe fora confiada. Erguendo-se acima da dor de “não se
sentir amada nem desejada” por Jesus, fez tudo o que estava ao seu alcan
ce para demonstrar o amor que tinha por Ele, o bem-amado de sua alma,
e para Lhe dar alegria através de tudo o que fazia. Procurou-O em cada
pessoa com quem se encontrava, em especial nos mais pobres dos pobres,
segurando-se, fortemente, nas palavras de Cristo: “Tudo o que fizestes a
um destes Meus Irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes.”
Sua dolorosa escuridão misteriosamente a uniu a seu Esposo C ru
cificado, de uma forma tão íntima, que Ele se tornou o único “objeto de
seus pensamentos e afetos, o tema de suas conversas, o objetivo de suas
ações e o modelo de sua vida”. Seu total abandono à vontade de Deus e
sua determinação de nada Lhe recusar permitiram-Lhe manifestar, atra
vés dela, Seu amor por cada pessoa que ela encontrava. Em meio a sua
escuridão pessoal, era a luz e o amor do próprio Jesus o que dela irradiava
e era isso que tinha um enorme impacto sobre os outros.
Tendo abraçado sua escuridão interior, M adre Teresa se tornou
“uma santa da escuridão”. O chamado que Jesus lhe dirigira — “Venha
— leve-Me aos buracos onde vivem os pobres. Venha, seja Minha luz" —
impeliu-a a entregar-se “sem qualquer reserva, a Deus, nos pobres das fa
velas e das ruas”.2 Ignorando o seu próprio sofrimento, aproximava-se dos
outros, cujo sofrimento lhe parecia ser maior do que o dela, levando a luz
do amor de Deus aos indefesos e aos desesperados, aos mais pobres dos
pobres. Embora tivesse levado Jesus a muitos “buracos escuros”, restavam
ainda muitos; e, mesmo quando suas forças físicas começaram a falhar,
seu espírito continuava decidido. Ela continuava seguindo.
Madre Teresa era capaz de erguer aqueles que tinham caído, encorajar os
desfalecidos, reacender a esperança no coração dos desalentados.
Ela parecia deleitar-se em você. Não era uma coisa de caridade, que
se torna um fardo, que destrói a dignidade dos pobres, mas algo
que ela se deleitava em fazer. [...] Você tinha a sensação de que
ela considerava um privilégio fazer isso. Ela nos confortava quando
estávamos tristes. Ela nos animava quando duvidávamos de que pu
déssemos fazer algo.
A vida de Madre Teresa nos mostra que a santidade pode ser alcan
çada por meios simples. Começando por amar os que não são amados, os
que não são queridos, os solitários que se encontram mais perto de nós,
em nossa própria casa, nas nossas comunidades e nos nossos bairros, po
demos seguir o seu exemplo de amar até doer, fazendo sempre um pouco
mais do que aquilo que nos sentimos dispostos a fazer.
Jls regras
1. A Finalidade
A Finalidade Geral das Missionárias da Caridade é saciar a sede
de Jesus Cristo na Cruz por amor e por almas, [através] de uma pobreza
absoluta, de uma castidade angelical, de uma obediência alegre.
A Finalidade Particular é levar Cristo às casas e às ruas das favelas,
[entre] os doentes, os moribundos, os mendigos e as criancinhas da rua.
Os doentes serão tratados, na medida do possível, em seus pobres lares.
As criancinhas terão escolas nas favelas. Os mendigos serão procurados e
visitados nos buracos onde eles vivem, fora da cidade ou nas ruas.
2. Para poderem fazer tudo isto — as Irmãs deverão primeiramen
te aprender a viver uma verdadeira vida interior de íntima união com
Deus — e de procurá-Lo e vê-Lo em tudo o que fizerem pelos pobres.
3. Não haverá quaisquer diferenciações entre as Irmãs — todas
elas deverão aprender — a trabalhar no campo, a cozinhar, a cuidar dos
doentes e também um pouco de ensino — e de estar sempre dispostas a
fazer qualquer desses trabalhos, se a obediência assim exigir.
344 Vcnha . s e j a iSlinha luz
O hábito
,/Is aspirantes
5. Jovens católicas a partir dos 16 anos, cheias de am or e de zelo.
Mulheres capazes de amar de tal maneira a Deus e aos pobres que se es
queçam por completo de si mesmas. Que possuam uma vontade forte,
que sejam capazes de viver sem nada, a fim de viverem apenas para Deus.
Devem ser almas de oração e penitência e cheias da simplicidade do Cris
to Menino.
6. Precisam ser saudáveis de corpo e de mente, a fim de serem capa
zes de suportar as dificuldades de uma contínua abnegação pelas almas.
7. Se houver jovens ricas e com formação superior que desejem
entrar para a congregação — poderão ser aceitas, mas nem a riqueza nem
a formação farão diferença alguma — elas serão iguais às outras Irmãs.
8. As almas que desejem consagrar a sua vida como vítimas — mas
que por falta de saúde não possam unir-se às forças de combate — tam
bém serão aceitas, pois devido aos seus permanentes sofrimentos o traba
lho das Irmãs dará fruto.
9. Serão aceitas jovens de qualquer nacionalidade — apenas de
vem aprender corretamente a língua do país para onde forem trabalhar.
10. Antes de entrarem, as aspirantes devem passar três meses no
campo de missão com as Irmãs, para que ambos os lados possam fazer a
sua opção.
11. Devem ser bem avaliadas por um sacerdote que conheça o
espírito das Missionárias da Caridade.
Os votos
22. A Superiora, com outra Irmá, irá às vezes pedir comida, roupa e
medicamentos para os pobres. Nada disso deve ser utilizado pelas Irmãs.
23. Para sua própria manutenção, as Irmãs trabalharão no campo,
farão diferentes coisas que possam vender, sendo o dinheiro utilizado para
prover alimentos e roupa para as Irmãs. — De nada mais precisamos.
24. As coisas que facilitem que o mundo penetre não deverão ser
aceitas por ninguém — nem sequer pelas Superioras. Devemos ser livres
de tudo. As coisas que forem mais necessárias serão cuidadosa e amavel
mente providenciadas pela Superiora.
23. Se alguma Irmá adoecer, deve ser dado tudo quanto o médico
considerar necessário. — Ela deve ser instalada num quarto onde tenha
facilidade em ouvir a Santa Missa e em receber diariamente a Sagrada
Comunhão, se assim desejar.
26. As Irmãs não terão empregadas. — Elas deverão fazer todos os
trabalhos domésticos. — E se o número o permitir — tanto os hábitos
como os alimentos devem ser fruto das suas mãos.
27. Castidade Angelical— Por meio deste voto, a Irmã comprome-
te-se a permanecer virgem e a abster-se de qualquer ato que se oponha
à castidade.
28. A pureza angelical deve ser o objetivo de todas as Irmãs que, a
fim de a preservarem, deverão ter um amor pessoal ao Puríssimo Coração
de Maria, e manter o coração livre de qualquer afeto, por m enor que seja.
Porque um coração puro não terá dificuldade em ver a Deus nos seus
pobres e em esquecer-se de si mesma.
29. Quaisquer dificuldades ou tentações que resultem dos perma
nentes contatos com os pobres deverão ser reveladas ao confessor com
sinceridade e simplicidade.
30. Obediência Alegre— Por meio deste voto a Irmã compromete-
se a obedecer à Superiora como tal constituída — em todas as coisas que
digam respeito à sua vida como Missionária da Caridade.
31. As Irmãs obedecerão alegremente, prontamente, cegamente e
com simplicidade. Devem lembrar que não é a ela que obedecem, mas a
Ele, Jesus Cristo, por quem obedecerão em tudo.
32. A obediência perfeita — poderosa guardiã da paz, leva alegria
aos corações e une a alma intimamente a Deus — à Sua Vontade Santa.
•Santa Teresa rie Calcutá 347
<Penitência e abnegação
38. Dado que cada Irmã deverá ser uma vítima de Cristo e fazer
a Sua obra, compreenderá o que Deus e o Instituto esperam dela. Não
meias medidas. — Devemos dar a Deus tudo ou nada e manter esse aban
dono total — custe o que custar.
Na prática das penitências corporais, as Irmãs serão exclusivamen
te guiadas pela opinião do confessor. Para as penitências públicas será
necessária a autorização da Superiora.
348 l e n h a , seja M i n h a luz
J l escola
Os moribundos
leve a fazerem as pazes com Ele. — Devem rezar junto aos moribundos e
garantir que o sacerdote seja chamado a tempo. — Se a pessoa não tiver
ninguém — as irmãs prepararão o corpo para o enterro. — Deverão pe
dir dinheiro aos vizinhos pobres para mandar celebrar Missa na manhã
seguinte, à qual a família e os vizinhos devem ir com as irmãs.
Os mendigos
Amém.
Apêndice <Ê
Notas do retiro de Madre Teresa,
29 de março — 12 de abril de 1959
Primeiro dia*
Sob a direção de Jesus Cristo, Nosso Senhor Ressuscitado
Segundo dia
Sob o patrocínio do meu Anjo da Guarda.
Exam e:
1. Percebo que o pecado é uma possibilidade para mim e que devo
estar perm anentem ente em guarda? Sim.
2. Quais são as ocasiões perigosas de pecado mortal a que estou
exposta? Os olhos.
3. Devo perceber quais são os hábitos e as inclinações que, se não
examinar, me levarão a cometer pecados graves. Tenho inclinação para ser
rude e de reação rápida. Inclinada a olhar. Medo de enganar e ser enganada.
Tento superar os pecados veniais semideliberados? Sim.
4. As m inhas regras foram-me dadas por Deus para me resguardar
de todos os perigos. Sou habitualmente negligente em alguma delas? Não,
mas algumas vezes caí. Q ue soluções devo empregar para melhorar as coi
sas? Guardar os olhos — doçura.'
L e i t u r a s : Livros dos Salmos, Capítulo 11.
I m i t a ç ã o d e C r i s t o : Livro 1, Capítulos 21 e 25; Livro 3, Ca
pítulo 52.
R e f l e x ã o p a r a o d i a : — O Q U E FIZ por Cristo? A m ei-0 cega
mente, totalmente, somente.
— O Q U E ESTOU FAZENDO por Cristo? Utilizo todas as mi
nhas forças — apesar dos meus sentimentos — para fazê-lo amado pessoal
mente pelas Irmãs e pelas outras pessoas.
— O Q U E DEVO FAZER por Cristo? Dar-Lhe toda a liberdade
comigo e em m i m ''
'Terceiro dia
Sob o patrocínio de Sta. Maria Madalena
* Embora tivesse a impressão de que não tinha fé, era a fé que a levava a considerar o sofrimen
to interior como um “meio de purificação” e a render-se a ele. Mas M adre Teresa não negava
que isso lhe exigia uma grande luta.
** No contexto dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, Madre Teresa refere-se à
prática de manter um diário onde se assinalam os êxitos e os firacassos no combate a determinado
defeito que a pessoa decidiu ultrapassar ou a uma virtude em que optou por crescer.
*** O sacrifício que fez pelas Irmãs continua a dar frutos para todos os que tem o privilégio
de se beneficiar dele.
■Santa T tn a a (It Calc uta 355
Qiiarto dia
Sob o patrocínio de Sto. Inácio
Embora pudesse declarar com sinceridade que “O meu coração é todo c apenas Dele —
tenho a mente e vontade fixadas Nele — em cada momento” c, embora cumprisse rigo
rosamente os momentos prescritos e as manifestações externas de reverencia, ainda assim,
a avaliar pelos seus próprios sentimentos, Madre Teresa tinha uma fraca opinião das suas
práticas devocionais.
** É possível detectar a solidão e a nostalgia pela Sua presença sentida nas entrelinhas dessa
afirmação, pois Aquele que “conhecia tudo em detalhes" parece ter desaparecido.
***Até a relação que mantinha com Maria foi afetada pela escuridão. Apesar disso, o terço era
nessa altura — c foi até ao final da vida — uma de suas devoções preferidas.
358 Ve nha , seja M i n h a luz
O Pe. Joseph Rickaby escreve. “ Como sofre a obra de Deus nas minhas
mãos? Trata-se da pergunta das perguntas a colocar durante um Retiro. No
meu Retiro, quero chegar aos fatos, pensar retamente, descobrir agora a ver
dade que se erguerá diante de mim no momento da morte, compreender com
a maior precisão possível em que posição me encontro diante do meu Deus,
dissecar as minhas relações com o meu Criador.”
Oitavo dia*
jVono dia
* Esta declaração evoca dolorosamente a memória das intensas consolações e o efeito que elas
tiveram nos sentimentos de caridade de Madre Teresa pelos outros.
** Este comentário foi escrito no alto da nona página. O retiro teve início em 29 de março de
1959, com o ponto de meditação para o dia seguinte. O primeiro dia do retiro foi o dia 30 de
março. O nono dia foi, portanto, o dia 7 de abril de 1959. Em 1942, a Páscoa foi no dia 5
de abril; assim sendo, Madre Teresa fez o voto privado a que se refere na terça-feira de Páscoa,
7 de abril de 1942. Foi por esta altura que a seção bengali da escola de St. Mary foi evacuada
para Morapai devido à guerra; desconhece-se a data precisa (ver Madre M. Colmcille, I. B.
V. M., First the Blade, Calcutá, Firma K. L. Mukhopadhyay, 1968). Embora tenham sido
o contexto, e talvez mesmo a ocasião para fazer o voto, essas circunstâncias dramáticas não
foram, de maneira nenhuma, a causa de Madre Teresa ter se comprometido de forma tão
radical, como se verifica pelo papel crucial que o voto desempenhou ao longo da sua vida.
•Santa Teresa de Calc utá 361
(Décimo dia
* A regra exigia que as irmãs nunca saíssem do convento senão acompanhadas por outra
irmã. Madre Teresa era capaz de colocar a caridade acima da letra da regra. Para além da sua
enorme preocupação e consideração para com as Irmãs, o trabalho que realizava e o zelo com
que a ele se entregava eram impressionantes. As outras irmãs pouco mais tinham do que vinte
anos e ela aproximava-se dos cinqüenta — mas mesmo assim não conseguiam acompanhá-la.
** Ao longo de toda a sua vida, Madre Teresa escreveu milhares de canas. O “grande esforço”
que empenhava nessa atividade era outra conseqüência do voto privado que fizera e uma
expressão do seu amor.
362 \ 'c n h a , s ( j a M i n h a lu z
Penitência interior
— Estou interiormente resignada às provações que Deus me en
via? Como presentes. **
— Tento esconder os pequenos sofrimentos da minha vida diária?
S im .'"
— Aceito a Desolação como aceito a Consolação? Aceito a aridez
na Oração como uma graça de Deus? Estando sempre na escuridão — não
tenho oportunidade de escolha.
— Aceito os defeitos dos outros? Sim.
Por favor, Pe., não deixe que eu lhe engane — a tortura que tenho
dentro de mim é grande. — Graças a Deus.
L e i t u r a s : Imitações de Cristo, Livro 2 , Capítulos 1 1 e 12 . Evange
lho de S. João: Capítulos 14 e 17.
R e f l e x ã o p a r a o d i a : “Pai, se quiseres afasta de Mim este cálice;
não se faça, contudo, a Minha vontade, mas a Tua” [Lucas 22:42].
* Em 1947. quando solicitava ao Arcebispo Périer que a autorizasse a dar início à sua nova
vida. Madre Teresa tinha escrito: “Pode ser que o senhor pense que eu apenas estou vendo a
alegria de abandonar tudo, c de alegrar o Coração de Jesus. Sim, eu olho principalmente isso,
mas também vejo o sofrimento que o cumprimento destes dois objetivos trará. Sou sensível
por natureza, gosto de coisas bonitas e agradáveis, de conforto e de tudo o que o conforto
pode dar — de ser amada e de amar. — Sei que a vida de uma Missionária da Caridade —
será sem nada disso. A pobreza completa, a vida indiana, a vida dos mais pobres implicarão
um duro trabalho para o meu enorme amor próprio. Mesmo assim. Excelência, anseio, de
coração verdadeiro c sincero por começar a viver esse tipo de vida — para levar alegria ao
Coração sofrido de Jesus. Me deixe ir, Excelência — confiemos cegamente Nele. — Ele fará
com que a nossa fé Nele não seja em vão." Esta previsão tornara-se realidade, c a resposta que
Madre Teresa dava nesse décimo dia de retiro confirmava a consciência que tinha do fato.
** Aceitar o sofrimento como um dom era a atitude da própria Madre Teresa, e a atitude que
ela encorajava os outros a terem. O que não significava que não se esforçasse por suprimir
o sofrimento. Na realidade, Madre Teresa passou a maior parte da sua vida tentando aliviá-
lo. Mas o primeiro passo é aceitar o sofrimento. Em suma, “aceitar, oferecer e (dependendo
das circunstâncias) agir” é uma expressão concisa da reação de Madre Teresa quando se
confrontava com o sofrimento.
A formação religiosa que havia tido encorajava a sofrer em silêncio em união com
Jesus Crucificado; a pessoa não devia chamar a atenção para as dores por que passava; pelo
contrário, devia ocultá-las. Madre Teresa lutava pela perfeição nessa prática. O sorriso era um
dos dispositivos mais eficazes a que recorria para ocultar o sofrimento.
'Simla -Teresa de Calcutá 363
* Regra 88: "Que amem táo profundamente a humildade, que aceitem as humilhações pron
tam ente e com alegria. Devem, portanto, receber as correções e admoestaçóes com espírito de
fé, sem desculpas nem queixas.”
** Esta atitude era fruto da humildade da Madre, a quem agradava assemelhar-se a Jesus na
humilhação de Sua Paixão e na Sua benevolência para com o ofensor.
362 Ve nha , seja ISIinha luz
Penitência interior
— Estou interiormente resignada às provações que Deus me en
via? Como presentes. **
— Tento esconder os pequenos sofrimentos da minha vida diária?
Sim. ***
— Aceito a Desolação como aceito a Consolação? Aceito a aridez
na Oração como uma graça de Deus? Estando sempre na escuridão — não
tenho oportunidade de escolha.
— Aceito os defeitos dos outros? Sim.
Por favor, Pe., não deixe que eu lhe engane — a tortura que tenho
dentro de mim égrande. — Graças a Deus.
L e i t u r a s : Imitações de Cristo, Livro 2 , Capítulos 11 e 12. Evange
lho de S. João: Capítulos 14 e 17.
R e f l e x ã o p a r a o d i a : “Pai, se quiseres afasta de Mim este cálice;
não se faça, contudo, a Minha vontade, mas a Tua” [Lucas 22:42].
* Em 1947, quando solicitava ao Arcebispo Périer que a autorizasse a dar início à sua nova
vida. Madre Teresa tinha escrito: “Pode ser que o senhor pense que eu apenas estou vendo a
alegria de abandonar tudo, e de alegrar o Coração de Jesus. Sim, eu olho principalmente isso,
mas também vejo o sofrimento que o cumprimento destes dois objetivos trará. Sou sensível
por natureza, gosto de coisas bonitas e agradáveis, de conforto e de tudo o que o conforto
pode dar — de ser amada e de amar. — Sei que a vida de uma Missionária da Caridade —
será sem nada disso. A pobreza completa, a vida indiana, a vida dos mais pobres implicarão
um duro trabalho para o meu enorme amor próprio. Mesmo assim. Excelência, anseio, de
coração verdadeiro c sincero por começar a viver esse tipo de vida — para levar alegria ao
Coração sofrido de Jesus. Me deixe ir. Excelência — confiemos cegamente Nele. — Ele fará
com que a nossa fé Nele não seja em vão.” Esta previsão tornara-se realidade, e a resposta que
Madre Teresa dava nesse décimo dia de retiro confirmava a consciência que tinha do fato.
**Aceitar o sofrimento como um dom era a atitude da própria Madre Teresa, e a atitude que
ela encorajava os outros a terem. O que não significava que não se esforçasse por suprimir
o sofrimento. Na realidade, Madre Teresa passou a maior pane da sua vida tentando aliviá-
lo. Mas o primeiro passo é aceitar o sofrimento. Em suma, “aceitar, oferecer e (dependendo
das circunstâncias) agir" é uma expressão concisa da reação de Madre Teresa quando se
confrontava com o sofrimento.
"** A formação religiosa que havia tido encorajava a sofrer em silêncio em união com
Jesus Crucificado; a pessoa não devia chamar a atenção para as dores por que passava; pelo
contrário, devia ocultá-las. Madre Teresa lutava pela perfeição nessa prática. O sorriso era um
dos dispositivos mais eficazes a que recorria para ocultar o sofrimento.
•Santa Teresa de C a lc ut á 363
* Regra 88: “Q ue amem táo profundamente a humildade, que aceitem as humilhações pron
tamente e com alegria. Devem, portanto, receber as correções e admoestações com espírito de
fé, sem desculpas nem queixas."
** Esta atitude era fruto da humildade da Madre, a quem agradava assemelhar-se a Jesus na
humilhação de Sua Paixão e na Sua benevolência para com o ofensor.
364 Ven ha , seja M i n h a luz
* Referencia a um hino chamado “Impropérios” (baseado em Miqueias 6), que é cantado du
rante a Adoração da Cruz, na liturgia de Sexta-Feira Santa: Meu Povo, que te fiz Eu? Em que
te contristei? Responde-me. Libertei-te da terra do Egito e tu preparaste uma cruz para o teu
Salvador. Meu Povo, que te fiz Eu? Em que te contristei? Responde-me. — Deus Santo! Deus
Fone! Deus Imortal, tende piedade de nós! — Guiei-te durante quarenta anos pelo deserto,
alimentei-te com o maná, levei-te para a terra prometida; e tu preparaste uma cruz para o teu
Salvador. — Deus Santo! Deus Forte! Deus Imortal, tende piedade de nós! — Que mais podia
Eu fazer por ti? Plantei-te como vinha formosa c escolhida e tu foste para Mim uma fonte de
amargura; quiseste matar-me a sede com vinagre e com uma lança atravessaste o lado do teu
Salvador. — Deus Santo! Deus Forte! Deus Imortal, tende piedade de nós!
** O fruto desse retiro foi uma maior determinação de se tornar santa e um maior abandono
à vontade de Deus, embora a escuridão e a solidão só aumentassem.
R e fl ex õ e s :
“Rainha do Céu, alegrai-vos, aleluia
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso puríssimo seio, aleluia
Ressuscitou como disse, aleluia
Rogai a Deus por nós, aleluia. "*
In trodu ção
1. D e M a d re M . T e re sa , M C , p a ra o Pe. J o s e p h N e u n e r, S J, 6 d e m a rç o d e 1 9 6 2 .
2. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e. J o s e p h N e u n e r, S J, s e m d a ta , m u ito p ro v a v e lm e n te
1 9 7 1 , p. 18.
4. D e M a d r e T e r e s a p a r a o a r c e b is p o P é rie r, 8 d e f e v e re ir o d e 1 9 3 6 .
3. D e M a d r e T e r e s a p a r a o a r c e b is p o P é rie r, 3 0 d e m a r ç o d e 1 9 5 7 .
6. D e M a d r e T e r e s a p a r a o a r c e b is p o P é rie r, 1 8 d e d e z e m b r o d e 1 9 6 0 .
7. D o P e . C . V a n E x e m , S J , p a r a o a r c e b i s p o H . D ’S o u z a , 1 2 d e m a r ç o d e 1 9 9 3 .
C apítulo 1
“S e g u r e a m ã o Dele, e c a m i n h e s o z i n h a c o m t i e ”
1. I n s tr u ç õ e s d e M a d re T e re sa às Irm ã s , 2 4 d e m a io d e 1 9 8 4 .
2. I n s tru ç õ e s d e M a d re T e re sa às Irm ã s, 1 9 9 2 .
4. D e M a d re T ere sa p a ra o Pe. N e u n e r, 2 4 d e ju lh o d e 1 9 6 7 .
5. D e M a d r e T e r e s a p a r a o a r c e b is p o P é r ie r , 2 5 d e j a n e i r o d e 19 4 7 .
d c E s c ó p ia ), 2 5 d e m a rç o d e 1 9 2 9 , p . 3 -4
ta s n a I u g o s lá v ia ) , 6 d e ja n e ir o d e 1 9 2 9 , p . 5 8
8. D a Irm á T e re sa p a ra A n k a C a v c ic , 1 9 3 1 .
9. D a I r m ã T e r e s a p a r a o B la g o v ije s t , n o v e m b r o d e 1 9 3 2 . C f . M a t e u s 2 8 : 1 9 .
10. C f M a te u s 1 6 :2 4 .
11. C f L u c a s 2 :5 1 e M a te u s 2 7 : 3 3 .
T e re sa c o s tu m a v a a s s in a r n a lín g u a e m q u e e s ta v a e s c r e v e n d o . P a r a e v ita r c o n
fu sõ e s, a p a re c e s e m p r e o o rig in a l “T e re sa ” .
[ p a r a i n g l ê s ] I r m á M . T i m o t h e a D o y l e , O P , R o c k f o r d , 111., T a n B o o k s, 1 9 8 9 ,
pp. 4 6 3 -6 4 : “N a m e sm a p ro p o rç ã o e m q u e a u m e n ta a c a rid a d e , d im in u i o
m e d o d o s o frim e n to e a u m e n ta o m e d o d o p e c a d o , se m e n fra q u e c im e n to d a
c o n fia n ç a .”
14. D a I r m ã T e re s a p a ra o P e . F r a n jo J a m b r e k o v ic , S J , 8 d e f e v e re ir o d e 1 9 3 7 .
15. C f M a te u s 2 0 :2 2 ; 2 6 :3 9 ; e 4 2 .
16. D e M a d re T e re sa p a ra o P e. J a m b r e k o v ic , 2 5 d e n o v e m b r o d e 1 9 3 7 .
17. D a I rm á G a b r ie la p a ra o P e. J a m b r e k o v ic , 2 5 d e n o v e m b r o d e 1 9 3 7 .
18. I rm á F ra n c is M ic h a e l L y n e , IB V M
m e n te B o o k s, 1 9 9 6 , p . 12.
21. I b id .
C a p ítu lo 2
U n i a c o is a m u i t o b o n i t a p a r a J e s u s
1. D e M a d r e T e r e s a p a r a o a r c e b is p o P é r ie r , 1 d e s e t e m b r o d e 1959. Em o u tra s
d u a s r e f e r ê n c ia s q u e fà z a o v o to , a M a d r e T e re s a e m p r e g a a e x p r e s s ã o c o r r e n t e
“s o b p e n a d e p e c a d o m o r t a l ” .
2. D e M a d re T ere sa p a ra o Pe. N e u n c r, 12 d e m a io d e 1 9 6 2 .
3. D e M a d r e T e re sa p a ra o P e. P ic a c h y , 4 d e a b ril d e 1 9 6 0 .
4. N o ta s d e R e tir o d a M a d re T e re sa , m a rç o - a b r il d e 1 9 5 9 , p . 2 6 9 .
p o r M a d r e T e r e s a , s e m d a t a , p . 2 8 . A M a d r e T e r e s a e s t á a q u i a c i t a r P. J o h a n n s ,
S J , T h e L i t t l e W a y , L i g h t o f t h e E a s t S e r i e s , n . ° 1 5 , C a l c u t á , F. G . G o m e s a t t h e
B e n g a l L ith o P re ss, p p . 9 0 , 9 1 ,9 2 .
6. A l f r e d O ’R a h i l l y , F a th e r W i l l i a m D o yle, SJ, A S p i r i t u a l S tu d y , L o n d r e s , N o v a
■Santa Teresa de C alc utá 375
Y o rk , T o r o n t o , L o n g m a n s , G r e e n a n d C o ., 1 9 2 5 , p . 2 8 8 . E s te v o to é i g u a lm e n te
r e f e r i d o n a o b r a M e r r y in G o d ( F a t h e r W i llia m D o y le , S J ), L o n d r e s , N o v a Y o rk ,
T o r o n t o , L o n g m a n s , G r e e n a n d C o ., 1 9 3 9 , p . 1 3 7 , o b r a q u e M a d r e T e re s a le u .
7. C i r c u l a r d a C o m u n i d a d e d e C o m o , t r a d u z i d a [ p a r a in g lê s ] p o r M . S . P i n e , S ister
B e n ig n a C o n s o la ta Ferrero, C h i c a g o , J o h n P D a l e i d e n C o m p a n y , 1 9 2 1 , p p . 4 1 , 1 2 8 .
8. P a p a P i o X I , V e h e tn e n te r e x u lta m o s h o d ie , B u l a d e C a n o n i z a ç ã o d e S a n t a T e r e s a
i n g l ê s ] R e v . T h o m a s N . T a y l o r , P. J . K e n n e d y e S o n s , N o v a Y o r k , 1 9 2 7 , p . 2 7 9 .
9. I n s tr u ç õ e s d e M a d r e T e re s a à s Irm ã s , 19 d e ja n e ir o d e 1 9 8 3 .
10. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e . N e u n e r, 1 2 d e m a io d e 1 9 6 2 .
11. Ib id . U m pecado m o r ta l é “u m a i n f r a ç ã o g r a v e à le i d e D e u s . D e s v i a o h o
m em d e D e u s , q u e é o s e u ú lti m o f im , a s u a b e m - a v e n tu r a n ç a , p r e f e r in d o u m
bem in f e r io r ” ( C a te c is m o d a Ig re ja C a tó lic a , 1 8 5 5 ; d a q u i e m d ia n te , a b re v ia d o
p a r a C I C ) . S e o p e c a d o m o r ta l “n ã o f o r r e s g a ta d o p e lo a r r e p e n d im e n to e p e lo
p e r d ã o d e D e u s , o r ig in a r á a e x c lu s ã o d o R e in o d e C r is t o e a m o r te e te r n a n o
i n f e r n o ” ( C I C , 1 8 6 1 ) . P a r a h a v e r p e c a d o m o r t a l , é p r e c is o q u e s e ja m v e rif ic a d a s
a s s e g u in te s c o n d iç õ e s : m a té r ia g ra v e , p le n a c o n s c iê n c ia e p r o p ó s ito d e lib e r a d o
(C IC , 1 8 5 8 -5 9 ).
12. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e. P ic a c h y , 4 d e a b ril d e 1 9 6 0 .
E le m e n t B o o k s, 1 9 9 6 , p . 11.
14. F a l a n d o p o r e x p e r i ê n c i a , n a s i n s t r u ç õ e s q u e d a v a à s i r m ã s , i n s i s t i a e m q u e “p a r a
u m a p e s s o a q u e e s tá a p a ix o n a d a , a s u b m is s ã o é m a is d o q u e u m d e v er, é u m a
b e m - a v e n t u r a n ç a ” . N a r e a lid a d e , e s ta v a p a r a f r a s e a n d o u m p e n s a m e n t o — que,
com o p a ssa r d o te m p o , se to rn a ra se u — r e t i r a d o d e L o u i s C o l l i n s , C . S S . R .:
“ P a r a u m a p e s s o a q u e e s tá a p a ix o n a d a , a r e n d iç ã o é m a is d o q u e u m d e v e r, é m a is
d o q u e u m a n e c e s s i d a d e ; t e m u m g o s t o d e b e m - a v e n t u r a n ç a ” ( T h e P ra ctice o f th e
R u le , C o r k , I r e l a n d , T h e M e r c i e r P re s s L i m i t e d , 1 9 6 4 , p . 1 1 ).
16. C f. 2 C o n n tio s 9: 7 .
18. S a n t a T e r e s a d o M e n i n o J e s u s e d a S a n t a F a c e , H is tó r ia d e u m a a lm a . M a n u s c r i
to s a u to b io g r á fic o s , t r a d , p o r t u g u e s a N i c o l e D e v y e J o r g e V a z , o c d , P a ç o d ’A r c o s ,
E d iç õ e s C a r m e lo , 2 0 0 0 , p . 2 5 2 .
19. D e M a d r e T e r e s a p a r a a s I rm ã s M C , P r im e ir a S e x ta -F e ira , n o v e m b r o d e 1 9 6 0 .
376 \ c n h a , s e ja M i n h a l u z
20. I n s tr u ç õ e s d e M a d r e T e re sa às Irm ã s , 3 0 d e o u tu b r o d e 1 9 8 1 .
21. D e M a d r e T e r e s a p a r a o a r c e b is p o P c r ie r , 1 d e s e t e m b r o d c 1 9 5 9 .
22. C f . K a to lic k e M i s i j e , f e v e r e i r o d e 1 9 4 2 .
23. D e c la ra ç ã o d a I rm ã L e titia , D S A .
24. D o P e . A n te G a b r ic , S J , c ita d o e m J u r a j G u s ic , S J , M a jk e O d b a c e n ih , Z a g r e b ,
C r o á c ia , p u b lic a ç ã o p a rtic u la r, 1 9 7 6 , p . 5 4 .
25. I r m ã F r a n c e s c a , I B V M , c i t a d a e m N a v i n C h a w l a , M o t h e r T eresa , R o c k p o r t , E l e
m e n t B o o k s, 1 9 9 6 , p. 14.
a n d th e W o rk, N o v a Y o rk , I m a g e D o u b le d a y , 1 9 8 5 , p . 2 4 .
C a p ítu lo 3
“Venha, s e ja M i n h a l u z ”
2. D e M a d re T e re sa p a ra a s I rm ã s M is s io n á r ia s d a C a r id a d e , 2 4 d e a b r il d e 1 9 9 6 .
3. D e M a d re T ere sa p a ra o s C o la b o ra d o re s , N a ta l d e 1 9 9 6 .
4. J o ã o 1 9 :2 8 .
5. E x p lic a ç ã o d a s C o n s t itu iç õ e s O r ig in a is . D e s d e o p r in c í p io q u e a M a d r e T e r e s a e
a s irm ã s r e la c io n a v a m a p ro fis s ã o d o s se u s v o to s c o m s a c ia r a s e d e d e J e s u s ; p o r
e x e m p lo , d e s e n h a m u m a c ru z c o m a s p a la v ra s “ T e n h o s e d e ” n a p a r te s u p e r i o r
d a fo lh a d e p a p e l o n d e e s c re v e m o s v o to s q u e p r o fe s s a m n a c e r im ô n ia .
6. C f. J o ã o 1 9 :2 5 -2 7 .
7. E x p lic a ç ã o d a s C o n s t itu iç õ e s O r ig in a is .
1993.
9. C o n s titu iç õ e s d a s M is s io n á r ia s d a C a r id a d e , 5 .
10. C f L u ca s 1 0 :3 3 -3 5 .
11. M a te u s 2 5 :4 0 .
12. D e M a d r e T e re s a p a r a o a r c e b is p o P é rie r, F e s ta d e C o r p u s C h r i s t i , 5 d e j u n h o
de 1947.
13. A s lo c u ç õ e s ( o u p a la v ra s s o b r e n a tu r a is ) s ã o “ m a n if e s ta ç õ e s d o p e n s a m e n to d e
D eu s” q u e p o d em c h e g a r a o s h o m e n s a tra v é s d e p a la v r a s , q u e r o u v id a s e x te r
n a m e n te (ca so e m q u e se c h a m a m lo c u ç õ e s e x te rn a s o u a u ric u la re s ), q u e r n a
S a n ta Teresa de C alc ula 377
im a g in a ç ã o (c a so e m q u e se d e s ig n a m p o r lo c u ç õ e s im a g in a tiv a s in te r io r e s ) , o u
d e f o r m a im e d ia ta , s e m p a la v r a s (c a s o e m q u e s ã o c h a m a d a s lo c u ç õ e s in te le c tu a is
i n t e r i o r e s ) . C f . R e g i n a l d G a r r i g o u - L a g r a n g e , O P , T h e T h ree A g e s o f th e S p i r i t u a l
L ife : P r e lu d e o f E t e r n a l L i f e , v o l . 2 , S t . L o u i s , M O , B . H e r d e r B o o k s , C o . , 1 9 4 8 ;
R o c k f o r d , I I I ., T a n B o o k s , 1 9 8 9 , p p . 5 8 9 - 9 0 ; b e m c o m o A u g u s tin P o u la in , S J,
D o u b tfu l, t r a d , [in g le s a ] L . L . Y o rk e S m i t h , 1 9 1 0 ; r e e d ., N o v a Y o rk , A lb a H o u s e ,
1 9 9 8 , p p . 1 - 1 8 . M a d r e T e r e s a r e c e b e u lo c u ç õ e s im a g in a tiv a s in te r io r e s .
14. D e M a d r e T e r e s a p a r a o K a t o l i c k e M is ije , f e v e r e i r o d e 1 9 3 5 , p . 2 5 .
15. D e M a d r e T e r e s a p a r a o K a t o l ic k e M i s i j e , o u t u b r o d e 1 9 3 7 .
16. D e M a d r e T e r e s a p a r a o a r c e b is p o P é rie r, 1 3 d e ja n e ir o d e 1 9 4 7 .
1 9 4 8 . T r a ta - s e d a r e a ç ã o c lá s s ic a d e u m c a tó lic o à s m a n if e s ta ç õ e s e x tr a o r d in á r ia s
d a p r e s e n ç a d iv in a . É o p in iã o u n â n im e d o s m e s tr e s d e e s p ir itu a lid a d e q u e , p a ra
p ô r à p r o v a ta is c o m u n ic a ç õ e s , o p r im e ir o p a s s o c o n s is te e m a fa s ta r-s e d e la s , e m
r e c u s a r - s e a d e ix a r - s e o b c e c a r p o r e la s . S e f o r e m g e n u í n a s , c o n t i n u a r ã o p e la s u a
p r ó p r ia fo rç a . S e n ã o f o re m , a c a b a r ã o p o r se d e sv a n e c e r.
18. C f. L u c a s 1 0 :3 8 -4 2 .
19. C f. M a te u s 2 7 :3 5 .
20. C f . F ilip e n s e s 2 :8 .
21. C f. L u c a s 2 3 :3 4 - 4 3 .
22. D e M a d r e T e r e s a p a r a o a r c e b is p o P é rie r, 1 3 d e ja n e ir o d e 1 9 4 7 .
C apítulo 4
ii(P a r a l e v a r a l e g r i a a o C o r a ç ã o s o f r id o d e J e s u s ”
1. D a M a d r e M . G e r t r u d e p a r a o a r c e b is p o P é rie r, 2 5 d e ja n e ir o d e 1 9 4 8 .
2. D o a rc e b is p o P é rie r p a ra a M a d re G e r tr u d e , 1 3 d e ja n e ir o d e 1 9 4 8 .
3. Ibid.
4. D e M a d r e T e r e s a p a r a o a r c e b is p o P é rie r, 2 5 d e ja n e ir o d e 1 9 4 7 .
5. D o a r c e b is p o P é r ie r p a r a a M a d r e T e r e s a , 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 4 7 .
6. C f. 1 C o r ín tio s 9 :2 2 .
7. D e M a d r e T e r e s a p a r a o a r c e b i s p o P é r ie r , e m d a t a a n t e r i o r a 7 d e m a r ç o d e 1 9 4 7 .
8. D o P e . J o s e p h C r e u s e n , S J , p a r a o a r c e b is p o P é r ie r , 2 8 d e ju n h o d e 1 9 4 7 .
9. D o a r c e b is p o P é r ie r p a ra a M a d r e T e re s a , 7 d e m a rç o d e 1 9 4 7 .
10. C f. M a te u s 1 0 :4 2 .
378 Xcnlia, scja iSlinha luz
se p ro c e d a a o C u id a d o d a s C ria n ç a s I n d ig e n te s d o M u n d o ) , d o P a p a P io X II,
p r o m u lg a d a a 6 d e ja n e ir o d e 1 9 4 6 .
12. D e M a d r e T e r e s a p a r a o a r c e b is p o P é r ie r , 3 0 d e m a r ç o d e 1 9 4 7 .
s u b lin h a d o s c o n s ta n te s n e s ta c a r ta sã o d e M a d re T e re sa .
14. I b id .
13. D o P e . V a n E x e m p a r a o a r c e b is p o d e P é rie r, 1 4 d e j u n h o d e 1 9 4 7 .
16. I b id .
17. D e M a d r e T e r e s a p a r a o a r c e b is p o P é rie r, n a F e s ta d o C o r p u s C h r i s t i , 3 d e j u
nh o de 1947.
18. D o P e . V a n E x e m p a r a o a r c e b is p o d e P é rie r, 1 4 d e j u n h o d e 1 9 4 7 .
C a p ítu lo 5
“jV óo d e m o r e m a is . J f ã o m e d e t e n h a ”
1. D a M a d r e G e r t r u d e p a r a o a r c e b is p o P é r ie r , 2 5 d e j a n e i r o d e 1 9 4 8 .
2. D o P e . V a n E x e m p a r a o a r c e b is p o P é r ie r , 8 d e a g o s t o d e 1 9 4 7 .
3. Ib id . ( O P e . V a n E x e m e s tá c i t a n d o p a la v r a s d a M a d r e T e r e s a , e m c a r t a d e s t a a o
a rc e b is p o .)
4. I b id .
5. I b id .
6. Ib id
7. D o P e . V a n E x e m p a r a o a r c e b is p o P é rie r, 2 6 d e o u t u b r o d e 1 9 4 7 .
8. D o P e . V a n E x e m p a r a o a r c e b is p o P é rie r, 8 d e a g o s t o d e 1 9 4 7 .
9. I b id .
10. I b id .
G o sp el — o n P ra y e r, S á o F r a n c i s c o , I g n a t i u s P r e s s , 1 9 8 9 , p . 2 6 5 .
12. D e M a d re T ere sa p a ra N o s s o S e n h o r, se m d a ta .
S ã o J o ã o d a C r u z : “ O s e f e ito s q u e e s ta s v is õ e s ( im a g in a t iv a s ) p r o d u z e m n a a l m a
s á o a p a z , a ilu m in a ç ã o , u m a a le g r ia s e m e l h a n te à d a g ló r ia , d o ç u r a , p u r e z a ,
a m o r , h u m il d a d e , e a in c lin a ç ã o o u e le v a ç ã o d a m e n te p a r a D e u s .” A lg u n s d e s -
•Santa T e r e sa d e C a l c u t á 379
se s fa v o re s e s p e c ia is e ra m e v id e n te s n a a lm a d e M a d r e T e re s a , o q u e c o n s titu í a
m a is u m in c e n tiv o p a ra o P e. V a n E x e m e s ta r c o n v e n c id o d e q u e o c h a m a d o e ra
a u t ê n t i c o . C f . A u g u s t i n P o l a i n , R e v e la tio n s a n d V isio n s, N o v a Y o r k , A l b a H o u s e ,
1998, p. 16.
14. C o m o in d ic a a c a r ta d a ta d a d e 8 d e a g o s to d e 1 9 4 7 ao Pe. V an E x em , a m o
tiv a ç ã o d e M a d r e T e r e s a a o p e d ir a u to r iz a ç ã o a o c o n fe s s o r p a ra fa z e r e s te v o to
r a d i c a v a c m u m a l o c u ç ã o q u e t i n h a r e c e b i d o n o r e g r e s s o a C a l c u t á : " T r o u x e -lh e
c o m p le to . — D e i x a r e i v o c ê c o n h e c e r a M i n h a v o n ta d e a tr a v é s d ele. ”
15. D o P e . V a n E x e m p a r a o a r c e b is p o P é r ie r , 8 d e a g o s to d e 1 9 4 7 .
16. D o A rc e b is p o P é r ie r p a ra a M a d r e T e re sa , 2 4 d e o u tu b r o d e 1 9 4 7 .
17. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 1 d e o u t u b r o d e 1 9 4 7 .
19. D e M a d re T ere sa p a ra o P e. V an E x e m , 1 9 d e o u tu b r o d e 1 9 4 7 .
20. Ib id .
21. D o P e . V a n E x e m p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 8 d e a g o s to d e 1 9 4 7 .
22. D o P e . V a n E x e m p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 2 0 d e o u t u b r o d e 1 9 4 7 .
23. D o P e . V a n E x e m p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 2 6 d e o u tu b r o d e 1 9 4 7 .
24. D o A r c e b is p o P é r ie r p a ra o P e . V a n E x e m , 2 8 d e o u tu b r o d e 1 9 4 7 .
25. C f . A to s 5 :3 8 - 3 9 .
26. C f. Jo ã o 1 4 :1 3 .
27. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 2 4 d e o u t u b r o d e 1 9 4 7 .
29. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 7 d e n o v e m b r o d e 1 9 4 7 .
30. C f . L u c a s 1 8 :2 - 8 .
31. C f . F ilip e n s e s 4 :1 3 .
32. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 7 d e n o v e m b r o d e 1 9 4 7 .
33. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 3 d e d e z e m b r o d e 1 9 4 7 .
34. D o P e . C r e u s e n p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 2 8 d e j u n h o d e 1 9 4 7 .
35. D o P e . J e r o m e S a n d e r s , S J , p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 8 d e d e z e m b r o d e 1 9 4 7 .
36. D o P e . C r e u s e n p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 2 8 d e ju n h o d e 1 9 4 7 .
37. D o A rc e b is p o P é r ie r p a r a a M a d r e G e r tr u d e , 1 3 d e ja n e ir o d e 1 9 4 8 .
380 X'cnha, seja M i n h a luz
C apitulo 6
{(l im o a o s “b u r a c o s e s c u r o s "
1. D e M a d re T ere sa p a ra a M a d re G e r tr u d e , 10 d e ja n e ir o d e 1948.
2. “ T e n h o a c e r te z a d e q u e u m d ia e la [a a u to r i z a ç ã o ] c h e g a r á , e e n t ã o o s e n h o r
se rá c o m c e r te z a o p r im e ir o a d a r a o jo v e m i n s t i t u t o t o d o o a u x ílio d e q u e e le
p r e c is a r.” D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, m u i t o p ro v a v e lm e n te e m
d a ta a n te r io r a 7 d e m a rç o d e 1 9 4 7 .
3. D e M a d re T eresa p a ra o Pe. V an E x em , 19 d e o u tu b r o d e 1 9 4 7 .
4. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 2 8 d e ja n e ir o d e 1 9 4 8 .
3. I b id .
6. D o A rc e b is p o P é rie r p a ra o P e . V a n E x e m , 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 4 8 .
7. I b id .
8. D o A rc e b is p o P é rie r p a ra a M a d r e G e r tr u d e , 1 3 d e ja n e ir o d e 1 9 4 8 .
9. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é rie r, 2 8 d e j a n e i r o d e 1 9 4 8 .
10. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 1 3 d e ja n e ir o d e 1 9 4 7 .
11. D o A rc e b is p o P é r ie r p a ra a M a d r e T e re s a , 2 9 d e ja n e ir o d e 1 9 4 8 .
12. Ib id .
13. D e M a d r e G e r t r u d e p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 2 5 d e j a n e ir o d e 1 9 4 8 .
g io s o s , 7 d e f e v e re ir o d e 1 9 4 8 .
R e lig io s o s , 2 0 d e f e v e re ir o d e 1 9 4 8 , t r a d u ç ã o [ p a r a in g lê s ] d o o r i g i n a l f ra n c ê s .
17. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 1 4 d e a b r il d e 1 9 4 8 .
18. D e M a d r e T e re s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 1 3 d e m a io d e 1 9 4 8 .
19. D o A rc e b is p o P é rie r p a ra a M a d r e T e re s a , 1 8 d e m a io d e 1 9 4 8 .
20. I b id .
21. D o A rc e b is p o P é rie r p a ra a R e v e r e n d a M a d r e M . C o l u m b a , I B V M , d a ta d a d e
7 d e a g o s to d e 1 9 4 8 .
22. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 3 0 d e m a r ç o d e 1 9 4 7 .
23. V er a C a n a D e M a d re T e re sa p a ra o C a rd e a l P re fe ito d a S a g ra d a C o n g r e g a ç ã o
p a r a o s R e lig io s o s , 7 d e f e v e re ir o d e 1 9 4 8 .
24. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 1 5 d e a g o s to d e 1 9 4 8 .
25. T e s te m u n h o d e N a v in C h a w la .
•Santa Te resa de Ca lc u la 381
C apítulo 7
y i n oite escu ra d o n a sc im e n to d a c o n g r e g a ç ã o "
1. E ile e n E g a n , Such a V is io n o f t h e S tr e e t , N o v a Y o r k , I m a g e D o u b l e d a y , 1 9 8 3 ,
p. 32.
2. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 2 4 d e a g o s to d e 1 9 4 8 .
3. Ib id .
4. D e M a d re M . E m m a n u e l, IB V M p a ra M a d re T e re sa , 15 d e a g o s to d e 1 9 4 8 .
5. D e M a d re M . Jo se p h , IB V M p a ra M a d re T e re sa , 15 d e a g o s to d e 1 9 4 8 .
e r a a 3 d e o u t u b r o , p e lo q u e é p o s s ív e l q u e M a d r e G a b r ie lle se te n h a e n g a n a d o
a o d a ta r a c a rta .
7. D e M a d r e T e re sa p a ra o P e. V a n E x e m , 1 7 d e s e te m b ro d e 1 9 4 8 .
8. Ib id .
9. Ib id .
1948.
11. C f. L u c a s 2 :7 .
12. D a M a d r e T e re s a p a ra a M a d r e P a u lin e , 9 d e n o v e m b ro d e 1 9 4 8 .
14. R e g is tr o d o s P r im e ir o s D ia s , e s c rito e n tr e 2 1 e 2 3 d e d e z e m b ro d e 1 9 4 8 .
15. C f. L u c a s 4 :4 3 .
A rc e b is p o P é rie r q u e m lh e o r d e n o u q u e p r o c e d e s s e a e s te r e g is tro d o s e v e n to s ,
q u e f o i e s c r i t o e n t r e o N a t a l d e 1 9 4 8 e 11 d e j u n h o d e 1 9 4 9 .
17. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 1 0 d e f e v e re ir o d e 1 9 4 9 .
18. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 1 3 d e j a n e ir o d e 1 9 4 7 .
19. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 2 1 d e f e v e re ir o d e 1 9 4 9 .
20. D iá r io , 2 8 d e f e v e re ir o d e 1 9 4 9 .
21. D iá r io , 1 6 d e f e v e re ir o d e 1 9 4 9 .
22. C f. J o ã o 2 :3 .
23. D iá r io , 2 d e f e v e re ir o d e 1 9 4 9 .
24. D iá rio , 1 9 d e m a rç o d e 1 9 4 9 .
25. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 2 9 d e j u n h o d e 1 9 4 9 .
382 V e n h a , se ja iSIinlia lu z
26. D o A rc e b is p o P é r ie r p a r a o C a r d e a l P r e fe ito d a S a g r a d a C o n g r e g a ç ã o p a ra o s
R e lig io s o s , R o m a , 4 d e a g o s to d e 1 9 4 9 , tr a d u z id a d o f ra n c ê s [ p a r a in g lê s ],
27. D e M a d re T e re sa p a ra o P a p a P io X II, 1 d e m a rç o d e 1 9 5 0 .
28. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 2 3 d e j u lh o d e 1 9 5 0 .
29. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 2 1 d e j u n h o d e 1 9 5 0 .
31. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 2 3 d e s e te m b r o d e 1 9 5 0 .
32. Ibid.
33. T e s te m u n h o d a Irm ã M . D o ro th y , M C
34. J o ã o 1 2 :2 4 -2 5 .
36. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 2 0 d e ja n e ir o d e 1 9 5 1 .
37. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 2 0 d e m a r ç o d e 1 9 5 1 .
38. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 2 6 d e o u t u b r o d e 1 9 5 0 .
39. D e M a d re T e re sa p a ra o Pe. J a m b re k o v ic , 2 5 d e n o v e m b ro d e 1 9 3 7 .
a u to r d e O Segredo de Maria, q u e “c o n s i s t e e m a p e s s o a s e a b a n d o n a r a M a r i a , e
a J e s u s p o r m e io D e la , c o m a titu d e d e u m e sc ra v o , e e m s e g u id a re a liz a r to d a s as
41. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 1 5 d e a b r il d e 1 9 5 1 .
43. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 3 0 d e j u l h o d e 1 9 5 1 .
44. D o A rc e b is p o P é r ie r p a ra a M a d r e T e re s a , 3 1 d e j u lh o d e 1 9 5 1 .
45- As Filhas de Santa Ana eram o ramo religioso filiado a Loreto que Madre Teresa
tivera ao seu cuidado quando estava em St. Marys Entally.
46. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 3 0 d e j u l h o d e 1 9 5 1 .
47. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 11 d e a g o s to d e 1 9 5 1 .
48. D a M a d r e F r a n c is X a v ie r S t a p le to n , I B V M p a ra M a d re T e re sa , 9 d e a g o s to d e
1951.
49. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 8 d e f e v e re ir o d e 1 9 5 2 .
50. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 4 d e a b r il d e 1 9 5 2 .
51. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 6 d e j u l h o d e 1 9 5 2 .
52. D o A rc e b is p o P é r ie r p a r a a M a d r e T e re s a , 1 d e o u t u b r o d e 1 9 5 2 .
53. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é rie r, 6 d e o u t u b r o d e 1 9 5 2 .
S a n t a ‘Teresa de C a lc u tá 383
54. D is c u r s o p r o f e r i d o p e la M a d r e M . T e r e s a , M C , e m R o m a , n o S ín o d o d o s B is
p o s q u e a c o n te c e u e m o u tu b r o d e 1 9 8 0 .
55. M a d r e T e r e s a fo i b u s c a r o c o n c e i t o d e “s e g u n d o e u ” a A lp h o n s u s R o d r ig u e z :
“ E s te [ a m a r o a m ig o c o m o a si p r ó p r io ] f a z -m e o lh a r p a ra o m e u a m ig o c o m o
1882, p. 155.
56. C f . F ilip e n s e s 4 :1 3 .
58. D e M a d re T e re s a p a ra J a c q u e lin e d e D e c k e r, 15 d e m a rç o d e 1 9 5 3 .
59. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 1 5 d e j u lh o d e 1 9 5 8 .
C a p ítu lo 8
f<fl s e d e d e J e s u s C ru c ific a d o
1. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é rie r, 1 8 d e m a r ç o d e 1 9 5 3 .
2. D o A rc e b is p o P é rie r p a ra a M a d re T e re sa , 2 0 d e m a rç o d e 1 9 5 3 .
3. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é rie r, 1 d e a b r il d e 1 9 5 3 .
4. D o A rc e b is p o P é rie r p a ra a M a d re T e re sa , 1 2 d e a b ril d e 1 9 5 3 .
5. D o A rc e b is p o P é rie r p a ra a M a d re T e re sa , 2 2 d e d e z e m b ro d e 1 9 5 4 .
6. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 1 7 d e a b r il d e 1 9 5 3 .
7. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é r ie r , 6 d e a g o s to d e 1 9 5 3 .
8. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 8 d e s e te m b r o d e 1 9 5 3 .
9. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é rie r, F e s ta d e C o r p u s C h r is t i, 5 d e ju n h o
de 1947.
10. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 2 3 d e o u t u b r o d e 1 9 5 3 .
11. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é r ie r , 1 9 d e d e z e m b r o d e 1 9 5 3 .
12. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 2 6 d e f e v e re ir o d e 1 9 5 4 .
13. D e M a d re T e re sa p a ra J a c q u e lin e d e D e c k e r, 2 5 d e m a rç o d e 1 9 5 4 .
14. C f. J o ã o 1 0 :3 8 .
15. C f. M a te u s 3 :1 -3 .
16. D e M a d re T e re sa p a ra Ja c q u e lin e d e D e c k e r, 1 7 d e o u tu b r o d e 1 9 5 4 .
V irg e m M a ria , d e q u e n u n c a se o u v iu d iz e r q u e a lg u m d a q u e le s q u e te m re
c o r r id o à V o s s a p r o te ç ã o , im p l o r a d o a V o ssa a s s is tê n c ia o u r e c la m a d o o V o sso
384 \ c n h a . seja M i n h a luz
s o c o rr o fo sse p o r V ó s d e s a m p a r a d o . A n im a d o e u , p o is , c o m ig u a l c o n f ia n ç a ,
a V ó s, V ir g e m e n tr e to d a s s in g u la r , c o m o a M ã e r e c o r r o , d e V ó s m e v a lh o e,
g e m e n d o s o b o p e s o d o s m e u s p e c a d o s , m e p r o s tr o a V o sso s p é s. N ã o d e s p re z e is
a s m in h a s s ú p lic a s , ó M ã e d o F ilh o d e D e u s E n c a r n a d o , m a s d ig n a i- V o s d e as
p a la v ra d a o r a ç ã o e m la tim , “ M e m o r a r e ” .
19. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é rie r, 2 1 d e ja n e i r o d e 1 9 5 5 .
20. D o A rc e b is p o P é r ie r p a r a a M a d r e T e re s a , 2 3 d e ja n e ir o d e 1 9 5 5 .
21. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é rie r, 3 1 d e ja n e i r o d e 1 9 5 5 .
22. C f . C o l o s s e n s e s 1 :2 4 .
1955.
26. C f . L u c a s 1 4 :1 2 - 1 4 .
27. D e M a d re T e re sa p a ra o A rc e b is p o P é r ie r , 1 5 d e d e z e m b r o d e 1 9 5 5 .
28. D e M a d re T ere sa p a ra o A rc e b is p o P é r ie r , 8 d e f e v e r e ir o d e 1 9 5 6 .
30. Ibid.
31. Ibid.
32. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 2 7 d e m a r ç o d e 1 9 5 6 .
33. D e M a d re T e re sa p a ra o P e. P ic a c h y , 4 d e a b ril d e 1 9 6 0 .
35. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 1 0 d e a b r il d e 1 9 5 6 .
36. Ibid
37. D e M a d re T ere sa p a ra J a c q u e lin e d e D e c k e r, 18 d e ju lh o d e 1 9 5 6 .
38. D o A rc e b is p o P é r ie r p a r a a M a d r e T e re s a , 2 9 d e j u lh o d e 1 9 5 6 .
39. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 2 5 d e s e t e m b r o d e 1 9 5 6 .
40. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é rie r, 2 1 d e j u n h o d e 1 9 5 0 .
41. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 1 7 d e n o v e m b r o d e 1 9 5 6 .
42. D e M a d r e T e re sa p a ra o P c. P ic a c h y , 2 6 d e ja n e ir o d e 1 9 5 7 .
43. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 2 8 d e f e v e re ir o d e 1 9 5 7 .
44. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 3 0 d e m a r ç o d e 1 9 4 7 .
45. Q u e M a d r e T e r e s a e r a s e n s ív e l a p e q u e n a s e x p re s s õ e s d e a t e n ç ã o p o r p a r t e d o s
o u tr o s to r n a - s e n o tó r io p e la m a n e ir a c o m o r e a g iu a o f a to d e o A r c e b i s p o P é r ie r
■Santa Teresa de Calcula 385
n ã o tê -l a f e li c it a d o n o d ia d o s e u s a n to : “ S e n ti a f a lta d e u m a c a r ta s u a n o d ia
d o m e u s a n t o . E m 2 0 a n o s , fo i a p r i m e i r a v e z q u e is s o a c o n t e c e u .” ( D e M a d r e
T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 4 d e o u t u b r o d e 1 9 5 6 .)
46. C f . M a te u s 1 1 :2 9 .
47. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é rie r, 8 d e a b r il d e 1 9 5 7 .
48. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é rie r, 1 2 d e s e t e m b r o d e 1 9 5 7 .
49. D e M a d r e T e re sa p a ra a M a d re G e r tr u d e , 10 d e ja n e ir o d e 1 9 4 8 .
50. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é rie r, 3 0 d e m a r ç o d e 1 9 4 7 .
51. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é rie r, F e s ta d e C o r p u s C h r i s t i , 5 d e j u n h o
de 1947.
52. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é rie r, 1 2 d e s e t e m b r o d e 1 9 5 7 .
54. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é rie r, 2 9 d e j a n e ir o d e 1 9 5 8 .
55. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e. P ic a c h y , 2 5 d e a b ril d e 1 9 5 8 .
56. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e . P ic a c h y , 2 8 d e ju n h o d e 1 9 5 8 .
57. Ibid.
58. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é rie r, 1 5 d e j u l h o d e 1 9 5 8 .
59. D e M a d r e T e re s a p a ra E ile e n E g a n , 15 d e m a io d e 1 9 5 8 .
60. D e M a d r e T e re s a p a ra E ile e n E g a n , 2 0 d e ju lh o d e 1 9 5 8 .
61. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é rie r, 7 d e n o v e m b r o d e 1 9 5 8 .
62. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é rie r, 1 6 d e n o v e m b r o d e 1 9 5 8 .
C a p ítu lo 9
“M e u f)e u s , q u ã o d o lo r o s a é e sta d o r d e s c o n h e c id a ”
1. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e. P ic a c h y , 15 d e a g o s to d e 1 9 5 7 .
2. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e. P ic a c h y , 2 2 d e n o v e m b ro d e 1 9 5 7 .
3. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e. P ic a c h y , 6 d e n o v e m b ro d e 1 9 5 8 .
4. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e . P ic a c h y , 2 3 d e n o v e m b ro d e 1 9 5 8 .
5. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e . P ic a c h y , 2 d e d e z e m b ro d e 1 9 5 8 . A M a d r e T e re sa
7. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e . P ic a c h y , 2 4 d e ja n e ir o d e 1 9 5 9 .
8. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e. P ic a c h y , 7 d e m a rç o d e 1 9 5 9 .
9. Ibid
386 V en ha, seja ÍSlinha luz
10. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 2 1 d e m a r ç o d e 1 9 5 9 .
11. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é rie r, 5 d e a b r il d e 1 9 5 9 .
12. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 1 2 d e a b r il d e 1 9 5 9 .
13. A c e ita ç ã o d a n o m e a ç ã o , a n e x a d a à C a r ta D e M a d r e T e re s a p a ra o A r c e b is p o
P é rie r, 1 5 d e a b r il d e 1 9 5 9 .
14. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 2 8 d e m a i o d e 1 9 5 9 .
15. D e M a d r e T e re sa p a ra o P e. P ic a c h y , 2 6 d e a b ril d e 1 9 5 9 .
16. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e. P ic a c h y , 3 d e ju lh o d e 1 9 5 9 .
17. A p e n a s n o s c h e g a r a m tr ê s c a r ta s e s c r ita s p o r M a d r e T e r e s a a o P e . P ic a c h y q u e se
r e fe re m a u m a d e s c r iç ã o e s c r ita d o s e u e s ta d o in te r io r : a c a r ta d e 6 d e n o v e m b r o
d e 1 9 5 8 , e m q u e s e re f e r e à s “tr ê s c a r ta s ” ; a c a n a d e 3 d e s e t e m b r o de1959, à
q u a l ju n ta a c a r ta d ir ig id a a Je su s; e e s ta c a n a d e 3 d e j u lh o d e 1 9 5 9 . E m u ito
p o u c o p r o v á v e l q u e o “p a p e l ” s e m d a t a q u e e n v i o u c o m a c a rta d e 3 d e ju lh o ,
e q u e c o m e ç a c o m a s p a la v r a s “ N a e s c u r id ã o ” , s e ja u m a d a s tr ê s c a r ta s m e n c i o
n a d a s n a c a n a d e 3 d e ju l h o . S e ja c o m o f o r, e s te “p a p e l ” f o i n i t i d a m e n t e e s c r i t o
d u r a n te e s te p e r ío d o .
18. D e M a d re T ere sa p a ra o S e n h o r, s e m d a ta .
20. E s ta p e r g u n ta é ta lv e z u m a r e f e r ê n c ia à s p a la v r a s d e J e s u s c o n tid a s n a s c a r ta s d e
minha pequena Esposa — a Esposa deJesus Cruáficado — terá que suportar estes
tormentos no seu coração.” O u t a l v e z f o s s e m p a l a v r a s d e J e s u s q u e a M a d r e t i v e s s e
e s c r ito e m a n o t a ç õ e s s u a s , m a s n ã o tiv e s s e i n c l u í d o e m n e n h u m a c a n a .
22. D e M a d r e T e re sa p a ra o P e. P ic a c h y , 2 d e a g o s to d e 1 9 5 9 .
23. D e M a d r e T e re sa p a ra o P e. P ic a c h y , 2 5 d e a g o s to d e 1 9 5 9 .
24. D e M a d r e T e re s a p a r a o A rc e b is p o P é rie r, 1 d e s e te m b r o d e 1 9 5 9 .
de 1959.
26. Ibid
27. Ibid
28. V er A p ê n d ic e B .
29. D e M a d r e T e re sa p a ra o P e. P ic a c h y , 6 d e s e te m b r o d e 1 9 5 9 .
30. C f . L u c a s 1 :2 8 - 5 7 .
31. C f M a te u s 1 :2 0 - 2 3 .
32. C f . L u c a s 2 :1 9 ; 5 1 .
S a n ta Teresa de Ca le utá 387
33. D e M a d re T e re sa p a ra as Irm ã s M C , 2 0 d e s e te m b ro d e 1 9 5 9 .
34. C f . L u c a s 2 :5 1 .
35. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e. P ic a c h y , 2 7 d e o u tu b r o d e 1 9 5 9 .
36. Ib id .
37. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e . P ic a c h y , 2 1 d e n o v e m b ro d e 1 9 5 9 .
38. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e. P ic a c h y , 1 3 d e d e z e m b ro d e 1 9 5 9 .
39. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e. P ic a c h y , 2 6 d e d e z e m b ro d e 1 9 5 9 .
40. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e. P ic a c h y , 4 d e a b ril d e 1 9 6 0 .
41. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e. P ic a c h y , 7 d e a g o s to d e 1 9 6 0 .
S J , M o t h e r Teresa o f C a lc u tta : A B io g ra p h y , S ã o F r a n c i s c o , C a m b r i d g e , H a g e r s
t o w n , N o v a Y o rk , F ila d é lf ia , L o n d r e s , C i d a d e d o M é x ic o , S ã o P a u lo , S i n g a p u r a ,
S y d n e y , H a r p e r e R o w , P u b lis h e rs , 1 9 8 5 , p . 1 7 9 .
43. D e M a d re T e re s a p a ra M o n s e n h o r M c C a rth y , 2 9 d e ju lh o d e 1 9 6 0 .
44. D e M a d r e T e re s a p a r a u m a a m ig a , 1 0 d e a g o s to d e 1 9 6 0 .
45. D e M a d r e T e re s a p a ra E ile e n E g a n , 9 d e a g o s to d e 1 9 6 0 .
46. D e M a d re T e re sa p a ra o P e. P ic a c h y , 2 0 d e o u tu b r o d e 1 9 6 0 .
S ã o P a u lo d a C r u z , o f u n d a d o r d a O rd e m P a s s io n is ta , a fir m a o P e . R e g in a ld
G a r r i g o u - L a g r a n g e , O P : “A l e i t u r a d a s o b r a s d e S ã o J o ã o d a C r u z l e v o u - m e a
c o n s i d e r a r q u e a n o i t e d o e s p í r i t o é e s s e n c i a l m e n t e u m a p u r if ic a ç ã o p a s s iv a d e
n a tu r e z a p e s s o a l, q u e p r e p a r a a a lm a p a ra a u n iã o p e rf e ita c o m D e u s , a c h a m a d a
u n i ã o tr a n s f o r m a d o r a . E s ta p u r if ic a ç ã o , q u e n o s e u a s p e c to p a s s iv o é u m e s ta
p a r a a fa s ta r o s d e fe ito s d a s a lm a s m u it o a v a n ç a d a s , a q u e m o a u to r se re fe re e m
A N o ite E scura ( L iv ro I I , c a p . 1 0 ). [ . . . ] A v id a d e a lg u n s d o s g r a n d e s s e rv o s d e
D e u s e s p e c ia l m e n t e d e d ic a d o s à r e p a r a ç ã o , à im o la ç ã o p e la s a lv a ç ã o d a s a lm a s
o u a o a p o s to la d o p o r v ia d o s o f r i m e n t o in te r io r, fa z e m - n o s p e n s a r, c o n tu d o ,
d e tr a n s f o r m a ç ã o . N e s s e s c a s o s , a p r o v a ç ã o d e ix a d e se r p r in c ip a lm e n te p u r i-
o s se rv o s d e D e u s s ã o e s p e c ia l m e n t e te n ta d o s , s e ja p o r q u e p r e c is a m de um a
p u r if ic a ç ã o m a is p r o f u n d a , s e ja p o r q u e , s e g u in d o o e x e m p lo d e N o s s o S e n h o r ,
té m d e e m p r e g a r o s m e io s q u e E le e m p r e g o u e m p ro l d e u m a g ra n d e cau sa
o u t r a s a lm a s ." A p r o lo n g a d a d u r a ç ã o d a p r o v a ç ã o é u m d o s m a is n o tá v e is tr a ç o s
388 \ r n h a . se ja M i n h a lu z
c o m u n s e n tr e a n o ite d e S ã o P a u lo d a C r u z e a d a M a d r e T e re sa . V er R e g in a ld
v o l. 2 , t r a d , [ p a r a in g lê s ] Irm ã M . T im o th e a D o y l e , O P , R o c k f o r d , 111., T a n
B o o k s, 1 9 8 9 , p p . 5 0 2 -3 , 5 0 4 .
48. D e M a d re T e re sa p a ra o Pe. P ic a c h y , 2 0 d e o u tu b r o d e 1 9 6 0 .
49. D e M a d re T e re sa p a ra K ay B ra c k a n , 1 0 d e a g o s to d e 1 9 6 0 .
50. D e M a d r e T e re s a p a r a E ile e n E g a n , 2 d e o u tu b r o d e 1 9 6 0 .
51. D e M a d r e T e re s a p a ra E ile e n E g a n , 2 4 d e ju lh o d e 1 9 6 0 .
52. M a d re T e re sa , C o m u n ic a ç ã o à X III C o n v e n ç ã o N a c io n a l, C o n s e lh o N a c io n a l
d e M u lh e re s C a tó lic a s , L as V eg as, 1 9 6 0 .
53. D e M a d r e T e r e s a p a r a A n n B la ik ie , 2 9 d e n o v e m b r o d e 1 9 6 0 .
54. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b i s p o P é r ie r , 1 8 d e d e z e m b r o d e 1 9 6 0 .
55. D e M a d r e T e re s a p a ra E ile e n E g a n , 1 9 6 0 .
56. D e M a d re T e re sa p a ra o Pe. P ic a c h y , 2 0 d e d e z e m b ro d e 1 9 6 0 .
57. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e . P ic a c h y , s e m d a ta .
58. D e M a d r e T e re sa p a ra o P e. P ic a c h y , 2 3 d e ja n e ir o d e 1 9 6 1 .
C a p ítu lo 10
“C h e g u e i a a m a r a e s c u r id ã o ”
d u r a n te o r e tiro d e a b ril d e 1 9 6 1 .
3. T e s te m u n h o d o Pe. N e u n e r.
4. D e M a d r e T e r e s a p a r a o P e . N e u n e r , m u i t o p r o v a v e lm e n te 11 d e a b r il d e 1 9 6 1 .
5. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A rc e b i s p o P é r ie r , 2 5 d e j a n e i r o d e 1 9 4 7 .
(2 0 0 1 ), p p . 4 8 4 -5 .
7. D e M a d re T ere sa p a ra o Pe. N e u n e r, d a ta d a d e 1 9 6 1 .
8. D e M a d r e T e re sa p a ra o s C o la b o r a d o r e s , 2 2 d e a b ril d e 1 9 6 1 .
9. “ Q u a n d o a n o ite d o e s p ír ito é c s s c n c ia lm e n te p u r if ic a d o r a , s o b a in f lu ê n c ia d a
g ra ç a , q u e se e x e rc e p r in c ip a lm e n te p e lo d o m d a c o m p r e e n s ã o , a s v ir tu d e s te o ló
g ic a s e a h u m il d a d e s ã o p u r if ic a d a s d e to d o o la s tr o h u m a n o . [ . . . ] A s s im p u r i f i
c a d a , a a lm a p o d e p a s s a r p a ra a lé m d a s f ó r m u la s d o s m is té r io s e e n t r a r “ n a s p r o
f u n d e z a s d e D e u s " , c o m o d iz S ã o P a u lo (cf. 1 C o r í n t i o s 2 , 1 0 ). E n t ã o , a p e s a r d e
to d a s a s te n ta ç õ e s c o n tr a a fé e a e s p e r a n ç a , a a lm a a c r e d it a f ir m e m e n te , p o r u m
•Santa Teresa dc Calcuta 389
a c to d i r e c to c d a f o r m a m a i s p u r a e s u b l i m e , q u e u l t r a p a s s a a t e n t a ç ã o ; e a c r e d i t a
p e lo m o ti v o m a is p u r o q u e se p o d e a tin g ir s o b r c n a tu r a lm e n tc : a a u to rid a d e d e
D e u s q u e r e v e la . E t a m b é m e s p e r a , p e la s i m p l e s r a z ã o d e q u e E le é s e m p r e b o m ,
a M is e r ic ó r d ia in f in ita . E a m a - O n a m a is c o m p l e t a a r id e z , p o r q u e E le é in f in i-
r a m e n te m e lh o r e m Si m e s m o d o q u e to d o s o s d o n s q u e p u d e sse n o s c o n ce d er.
( . . . ] Q u a n d o e s s a p r o v a ç ã o é e s s e n c i a l m e n t e r e p a r a d o r a , q u a n d o te m c o m o fim
p r in c ip a l fa z e r c o m q u e a a lm a já p u r if ic a d a tr a b a lh e p e la s a lv a ç ã o d o p r ó x im o ,
tr o c a rá te r, q u e re c o rd a c o m m a is p r e c is ã o o s s o f rim e n to s ín tim o s d e Je su s e d c
M a r i a , q u e n ã o p r e c is a m d e se r p u r if ic a d o s .” R e g in a ld G a r r ig o u -L a g ra n g e , O P ,
lh e T im e A ges o f In te r io r L ife , v o l. 2 , t r a d , [ p a r a in g lê s ] I r m ã M . T i m o t h e a
D o y l e , O P , R o c k f o r d , 111., T a n B o o k s , 1 9 8 9 , p p . 3 0 8 - 9 . T u d o l e v a a c r e r q u e
e ra e s ta a s itu a ç ã o d e M a d r e T e re s a , q u e , c o m a a ju d a d o P e. N e u n e r, c o m e ç o u
a c o m p r e e n d e r q u e a p r o v a ç ã o p o r q u e p a ssa v a e ra n a r e a lid a d e u m a o p o r tu n i
d a d e p a r a s e e x e r c e r m a i s i n t e n s a m e n t e n a c a r i d a d e , t e n d o p o r is s o c o m e ç a d o
a a m a r a e s c u rid ã o .
10. D e M a d re T e re sa p a ra o Pe. P ic a c h y , ju n h o d e 1 9 6 1 .
11. C o lo s s e n s e s 1 :2 4 .
12. D e M a d r e T e r e s a p a r a a s I rm ã s M C , P r im e ir a S e x ta -F e ira d e ju lh o d e 1 9 6 1 .
13. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e . P ic a c h y , 1 d e s e te m b ro d e 1 9 6 1 .
14. C f . M a te u s 1 6 :2 4 .
15. I n s tr u ç õ e s d a M a d r e T e re s a às I rm ã s M C , 1 7 d e m a io d e 1 9 8 1 .
17. D e M a d r e T e r e s a p a r a E ile e n E g a n , 2 7 d e fe v e re ir o d e 1 9 6 1 .
19. “ M a s , c o m o te s te m u n h a r á o s e u A m o r , já q u e o A m o r se p r o v a c o m a s o b ra s ?
P o i s b e m , a c r i a n c i n h a la n ç a r á flo r e s , p e r f u m a r á c o m o s se u s aro m a s o tr o n o
B e m - A m a d o ! A s s im se c o n s u m ir á a m in h a v id a . N ã o te n h o o u tr o m e io d e T e
p r o v a r o m e u a m o r , s e n ã o o d e la n ç a r flo re s , is to é , n ã o d e ix a r e s c a p a r n e n h u m
m a is p e q u e n a s c o is a s c f a z ê -la s p o r a m o r . Q u e r o s o f r e r p o r a m o r c g o z a r p o r
a m o r . A s s im la n ç a r e i flo re s d ia n te d o te u tr o n o . N ã o e n c o n tr a r e i n e n h u m a
sem a d e s fo lh a r p a r a T i . E d e p o i s , a o l a n ç a r a s m i n h a s f lo r e s , c a n t a r e i [ . . . ] ,
m e s m o q u a n d o tiv e r d c c o lh e r as m in h a s flo re s n o m e io d e e s p in h o s ; e o m e u
c a n ta r se rá ta n to m a is m e lo d io s o q u a n to m a io r e s e m a is a g u d o s fo re m os
e s p i n h o s [ ê n f a s e m i n h a ] . ” S a n ta T e r e s a d o M e n i n o J e s u s e d a S a n t a F a c e , H is -
390 Ve n ha , seja M i n h a luz
t ó r i a d e u m a a l m a . M a n u s c r i t o s a u to b io g r á fic o s , t r a d , p o r t u g u e s a N i c o l e D c v y
e J o r g e V a z , o c d , P a ç o d ’A r c o s , E d i ç õ e s C a r m e l o , 2 0 0 0 , p . 2 5 2 .
23. In s tr u ç õ e s d a M a d r e T e re sa à s Irm ã s M C , 13 d e m a io d e 1 9 8 2 .
f a z ia u m g r a n d e e s fo r ç o p o r a p r o v e ita r o te m p o o m e lh o r p o s s ív e l, e s c r e v e n d o
g r a n d e p a r t e d a s s u a s c a r ta s e n q u a n t o v ia ja v a .
26. D e M a d r e T e r e s a p a r a o P e . N e u n e r , 1 7 d e f e v e re ir o d e 1 9 6 2 .
27. D a M a d r e T e r e s a p a r a E ile e n E g a n , 2 1 d e fe v e re ir o d e 1 9 6 2 .
28. D e c la ra ç ã o d o P e. N e u n e r.
29. C f . L u c a s 1 :3 9 .
30. D e M a d re T ere sa p a ra o P e. N e u n e r, 6 d e m a rç o d e 1 9 6 2 .
31. C f . 2 C o r ín ti o s 1 2 :9 .
32. D a M a d re T e re sa p a ra E ile e n E g a n , 2 0 d e m a rç o d e 1 9 6 2 .
33. C f . J o ã o 1 5 :1 9 .
34. D e M a d r e T e re s a p a r a E ile e n E g a n , 2 0 d e m a r ç o d e 1 9 6 2 .
P re ss B o o k G u ild P re ss, 1 9 6 5 .
36. C f . A to s 1 0 :3 8 .
37. D e M a d re T e re sa p a ra o P e. N e u n e r, 1 2 d e m a io d e 1 9 6 2 .
s to n , S ã o F ra n c is c o , L o n d r e s , H a r p e r e R o w , 1 9 7 1 , p p . 7 3 - 7 4 .
40. C f. L u ca s 4 :1 8 .
41. M a d r e T e re s a , C a r id a d e : A a lm a d a m is s ã o , 2 3 d e j a n e ir o d e 1 9 9 1 .
C a p ítu lo 11
“</t d is p o s iç ã o t)e le "
1. D e M a d r e T e re sa p a ra o P e. P ic a c h y , 18 d e m a io d e 1 9 6 2 .
2. D e M a d r e T e re sa p a ra o P e. P ic a c h y , 2 7 d e ju n h o d e 1 9 6 2 .
3. Q uando o P e. P ic a c h y fo i c o n s a g r a d o b is p o , M a d re T e re sa p a s s o u a tr a tá - lo
S an ta Teresa de Calcutá 391
p o r V o s s a E x c e lê n c ia , m a s n á o d e ix o u d e lh e p e d ir : “ P o r fa v o r, n ã o m e t r a t e
p o r ‘R e v e r e n d a , p o r q u e e u c o n t i n u o a c o n s i d e r á - l o o m e u d i r e t o r e s p i r i t u a l . ”
( D e M a d r e T e r e s a p a r a o B is p o P ic a c h y , 2 0 d e a g o s to d e 1 9 6 3 .)
4. D e M a d r e T e re sa p a ra o P e. P ic a c h y , 2 0 d e ju lh o d e 1 9 6 2 .
5. D e M a d r e T e re s a p a r a E ile e n E g a n , 2 9 d e a g o s to d e 1 9 6 2 .
6. D e M a d re T ere sa p a ra o Pe. N e u n e r, 10 d e s e te m b ro d e 1 9 6 2 .
7. D e M a d r e T e re sa p a ra o B isp o P ic a c h y , 21 d e s e te m b ro d e 1 9 6 2 .
8. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e. N e u n e r, 15 d e ja n e ir o d e 1 9 6 3 .
9. D e M a d r e T e r e s a p a r a o B is p o P ic a c h y , 3 d e fe v e re iro d e 1 9 6 3 .
10. D e M a d r e T e r e s a p a r a o B is p o P ic a c h y , 1 3 d e fe v e re iro d e 1 9 6 3 .
11. C f. M a te u s 3 :1 -6 .
12. C f. J o ã o 3 :2 9 .
13. D e M a d r e T e re s a p a r a o P e . N e u n e r , 2 5 d e fe v e re iro d e 1 9 6 3 .
14. D e M a d r e T e re s a p a ra o B isp o P ic a c h y , 2 3 d e m a rç o d e 1 9 6 3 .
15. D e M a d r e T e r e s a p a r a o B is p o P ic a c h y , s e m d a ta ; e s ta c a r ta v a i d ir ig id a a o B is p o
P ic a c h y , p o r ta n t o te m d e te r s id o e s c rita d e p o is d e 9 d e s e te m b ro d e 1 9 6 2 , q u e
fo i o d ia e m q u e o P e . P ic a c h y fo i c o n s a g r a d o b is p o . N o a rq u iv o q u e c o n té m
a s c a r ta s d a M a d r e T e r e s a p a ra P ic a c h y , fo i a rq u iv a d a a s e g u ir a c a r ta d e 2 3 d e
m a rç o d e 1 9 6 3 .
17. D e M a d r e T e re s a p a ra o B is p o P ic a c h y , 7 d e a b ril d e 1 9 6 3 .
18. D e M a d r e T e r e s a p a r a o P e . N e u n e r , 11 d e a b r i l d e 1 9 6 3 .
19. D e M a d r e T e re s a p a ra E ile e n E g a n , 1 d e s e te m b ro d e 1 9 6 3 .
20. D e M a d re T e re sa p a ra o Pe. N e u n e r, 3 d e s e te m b ro d e 1 9 6 3 .
21. C f. M a te u s 2 6 , 4 7 .
22. D e M a d r e T e re s a p a ra o B is p o P ic a c h y , 8 d e ja n e ir o d e 1 9 6 4 .
23. D a M a d r e T e re s a p a ra E ile e n E g a n , 8 d e ja n e ir o d e 1 9 6 4 .
24. Ibid.
25. D e M a d r e T e re s a p a ra E ile e n E g a n , 2 4 d e ja n e ir o d e 1 9 6 4 .
26. D e M a d r e T e re s a p a ra o B isp o P ic a c h y , 2 0 d e m a rç o d e 1 9 6 4 .
28. D e M a d re T e re sa p a ra o P e. N e u n e r, 1 7 d c m a io d e 1 9 6 4 .
29. D e M a d r e T e r e s a p a r a E ile e n E g a n , 4 d e o u tu b r o d e 1 9 6 4 . C f . M a rc o s 1 2 :3 0 .
30. D e M a d re T e re sa p a ra as S u p e rio ra s M C , 17 d e n o v e m b ro d e 1 9 6 4 .
32. D e M a d re T e re sa p a ra o B isp o P ic a c h y , 2 9 d c d e z e m b ro d e 1 9 6 4 .
392 Ve nh a, seja M i n h a lu z
33. D e M a d re T e re sa p a ra o Pe. N e u n e r, a n te s d e 8 d e ja n e ir o d e 1 9 6 5 .
34. C f . 2 C o r ín ti o s 5 :2 1 ; 1 P e d r o 2 :2 4 .
35. C f. M a te u s 2 6 :3 6 - 4 5 .
36. C f M a te u s 2 7 :4 6 .
37. C f M a te u s 3 :1 7 .
38. C f M a te u s 1 7 :5 .
d a d o r - s a lv a d o r q u e , e m n o ite s d e te m p e s ta d e , se d e b a te h e r o ic a m e n te p a r a s a l
v a r d a m o r te o s q u e e s tã o p r e s te s a a f u n d a r . O s n a d a d o r e s - s a lv a d o r e s d a v id a
e s p iritu a l — c o m o S ã o P a u lo d a C r u z — n ã o lu ta m a p en a s d u ra n te h o ras o u
e te r n a ; e e s ta s a lm a s tê m , d e c e r ta m a n e ir a , d e r e s is tir à s te n ta ç õ e s d a s a lm a s q u e
p r o c u r a m s a lv a r, a f im d e p o d e r e m a c o r r e r e f i c a z m e n t e e m s u a a j u d a . ” R e g i n a l d
I r m ã M . T i m o t h e a D o y l e , O P , R o c k f o r d , 111., T a n B o o k s , 1 9 8 9 , p . 5 0 9 .
41. D e M a d r e T e r e s a p a r a o A r c e b is p o P é rie r, 3 d e d e z e m b r o d e 1 9 4 7 .
43. J o ã o 3 :3 0 .
44. D e M a d re T ere sa p a ra o P e. N e u n e r, 15 d e m a io d e 1 9 6 5 .
46. Ibid,
47. D e M a d re T ere sa p a ra o A rc e b isp o K n o x , 1 d e ju lh o d e 1 9 6 5 .
48. D e M a d r e T e r e s a p a r a o B is p o P ic a c h y , 11 d e j u l h o d e 1 9 6 5 .
1 9 6 5 o u 1 9 6 6 ).
53. D e M a d re T ere sa p a ra o P e. N e u n e r, 3 0 d e m a rç o d e 1 9 6 6 .
54. “ [ Q J u a n to m a is a s a lm a s p r o g r id e m n a v id a e s p ir itu a l, m a is o s s e u s s o f r i m e n t o s
in te r io re s se a s s e m e lh a m a o s d e J e s u s e M a ria . A o p in iã o c o m u m é a d e q u e os
s e rv o s d e D e u s s ã o e s p e c ia lm e n te te n ta d o s , s e ja p o r q u e tê m n e c e s s id a d e d e u m a
p u r i f i c a ç ã o m a is p r o f u n d a , s e ja p o r q u e , s e g u i n d o o e x e m p l o d e N o s s o S e n h o r ,
t ê m d e t r a b a l h a r p o r v ia d o s m e s m o s m e io s a q u e E le r e c o r r e u e m p r o l d e u m a
g r a n d e c a u s a e s p iritu a l, c o m o a f u n d a ç ã o d e u m a o r d e m r e lig io s a o u a s a lv a ç ã o
■Santa 'Teresa de Ca lc ut á 393
d e m u ita s o u tr a s a lm a s . O s f a to s d e m o n s tr a m c la r a m e n te q u e S á o J o ã o d a C r u z
c S a n ta T e re sa e x p e r im e n ta r a m e s ta r e a lid a d e d e f o r m a q u a s e c o n tín u a .” R e g i
i n g l ê s ] I r m ã M . T i m o t h e a D o y l e , O P , R o c k f o r d , 111., T a n B o o k s , 1 9 8 9 , p . 5 0 4 .
55. D e M a d re T e re sa p a ra o A rc e b is p o K n o x , 9 d e m a io d e 1 9 6 6 .
57. D e M a d re T e re sa p a ra o B isp o P ic a c h y , 2 d e s e te m b ro d e 1 9 6 6 .
58. D e M a d re T e re sa p a ra o B isp o P ic a c h y , 8 d e o u tu b r o d e 1 9 6 6 .
60. D e M a d r e T e r e s a p a r a o B is p o P ic a c h y , 4 d e f e v e re ir o d e 1 9 6 7 .
61. L u c a s 1 :4 9 .
62. D e M a d re T ere sa p a ra o P e. N e u n e r, 2 4 d e ju lh o d e 1 9 6 7 .
63. D e M a d re T e re s a p a ra o P e. N e u n e r, 2 4 d e ju lh o d e 1 9 6 7 .
64. Ibid.
65. D e M a d r e T e re s a p a r a o a u to r, in D e s m o n d D o ig , Mother Teresa: Her People and
Her Work, N o v a Y o rk , H a r p e r e R o w , 1 9 7 6 , p p . 2 3 - 2 4 .
66. Ibid.
67. I n s tr u ç õ e s d a M a d r e T e r e s a à s I r m ã s M C , 2 4 d e f e v e re ir o d e 1 9 8 9 .
2 d e s e te m b ro d e 1 9 6 7 .
70. D e M a d re T e re sa p a ra o P e. N e u n e r, 2 8 d e ja n e ir o d e 1 9 6 8 .
71. D e M a d r e T e re sa p a ra o B is p o P ic a c h y , 8 d e ja n e ir o d e 1 9 6 9 . C f. N e e m ia s 8 , 10 .
72. C f . J o ã o 1 4 :6 .
73. C f. J o ã o 8 :1 2 .
74. C f . H e b r e u s 1 3 :8 .
75. D e M a d r e T e re s a p a r a P a tty e W a r r e n K u m p , 2 2 d e a g o s to d e 1 9 6 9 .
76. C f. M a te u s 2 5 :4 0 .
77. C f. N e e m ia s 8 :1 0 .
78. C f . J o ã o 1 4 :6 .
79. C f. J o ã o 8 :1 2 ; 9 :5 .
80. C f . J o ã o 1 4 :6 ; 1 1 :2 5 .
81. C f. 1 J o ã o 4 :8 :1 6 .
82. D e M a d r c T e re sa p a ra E ile e n E g a n , 1 3 d e o u tu b r o d e 1 9 6 9 .
84. T e s te m u n h o d o P e. N e u n e r.
394 l e n h a , seja M i n h a luz
85. D e M a d r e T e re s a p a ra o a rc e b is p o P ic a c h y , 2 1 d e d e z e m b r o d e 1 9 6 9 .
C a p ítu lo 12
" D eu s u sa o q u e e n a d a p a r a m o s tr a r a S u a g r a n d e z a ”
1. D e M a d r e T e re sa p a ra o P e. M ic h a e l v a n d e r P e e r, S . C . J ., 1 6 d e n o v e m b r o d e
1975.
2. D e M a d r e T e re s a p a r a o P e . M ic h a e l v a n d e r P e e t, 6 d e m a r ç o d e 1 9 7 6 .
3 d e s e te m b ro d e 1 9 5 9 .
4. D e M a d r e T e re s a p a r a o P e. P ic a c h y , 2 1 d e n o v e m b r o d e 1 9 5 9 .
5. D e M a d r e T e r e s a p a r a o B is p o R a n s c h , 2 5 d e f e v e re ir o d e 1 9 7 6 .
6. M a r g a r e t P le v a k , “ C h a n c e e n c o u n t e r le d to 2 2 - y e a r f r i e n d s h ip ; L o c a l p r ie s t
in R o m e w o rk in g o n M o th e r T e re sa s s a in th o o d c a u s e ” , M ilw a u k e e C a th o lic
H e r a ld , 1 3 3 , n . ° 8 (2 1 d e f e v e r e ir o d e 2 0 0 2 ) , p . 9 .
7. D e M a d r e T e r e s a p a r a o P e . M ic h a e l v a n d e r P e e t, 2 9 d e m a io d e 1 9 7 6 .
d e a b ril d e 1 9 6 1 .
9. D e M a d re T eresa p a ra u m sa c e rd o te , 13 d e d e z e m b ro d e 1 9 7 6 . C f. J o á o 6 :3 5 ,
4 8 ; M a te u s 2 5 :3 5 .
10. I n s tr u ç õ e s d a M a d r e à s I rm ã s M C , 1 7 d e m a io d e 1 9 7 8 . C f . M a te u s 1 2 :3 4 .
11. D e M a d r e T e r e s a p a r a o P e . M ic h a e l v a n d e r P e e t, 1 9 d e j u n h o d e 1 9 7 6 . C a r t a
e s c r i t a “a c a m i n h o d e N o v a Y o r k ” , i s t o é , n o a v i ã o .
12. C f . J o á o 1 :1 4 .
13. C f . L u c a s 1: 3 4 - 4 1.
14. D e M a d r e T e re s a p a r a o P e . D o n K rib s , 7 d e f e v e re ir o d e 1 9 7 4 .
15. D e M a d r e T e re sa p a ra o C a r d e a l P ic a c h y , 2 7 d e ju n h o d e 1 9 7 6 .
18. C f. M a te u s 2 6 :2 6 - 2 8 ; L u ca s 2 2 :1 9 - 2 0 .
19. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e . M ic h a e l v a n d e r P e e t, 2 6 d e n o v e m b r o d e 1 9 7 6 .
20. N o ta s d e R e tir o d a M a d r e T e re sa , m a rç o - a b r il d e 1 9 5 9 , p p . 3 5 4 - 5 5 .
21. C f . J o á o 3 :1 s s.
22. C f . M a te u s 1 8 :3 .
24. D is c u rs o d a M a d r e T e re sa , C a m b r id g e , 1 0 d e ju n h o d e 1 9 7 7 .
•Santa Teresa d e C a lc u tá 395
25. D e M a d re T e re sa p a ra a I rm ã M a ria d a T r in d a d e , O P , s e m d a ta .
s e rm o s D e le ” ( d a M a d r e T e re sa p a ra a I rm ã M . J o h n F r a n c is , S . S . N . D ., 3 d e
a g o s to d e 1 9 7 6 ) . M u it o p r o v a v e lm e n te , te r á lid o e s ta id e ia e m P a u l d e Ja e g h e r,
S J , T h e V i r t u e o f L o v e , N o v a Y o r k , P. J . K e n n e d y e S o n s , 1 9 5 5 , p . 1 2 3 : “ O s n o s s o s
d o s a o n o s s o Je s u s c ru c if ic a d o . M a s o s o f r im e n to ta m b é m é o b e ijo d e J e s u s c r u
c ific a d o à n o s s a a lm a . A s a lm a s c o m u n s n a d a m a is c o s tu m a m v e r n o s o f r im e n to
d o q u e u m c a s tig o d e D e u s , u m a p ro v a d a S u a in ju s tiç a o u d o S e u d e s a g r a d o . A
a lm a g e n e r o s a , p e lo c o n tr á r io , e n c o n tr a n o s o f r im e n to u m a p r o v a d o a m o r d e
D e u s p o r e la , n ã o v e n d o a c r u z d e s p id a , m a s v e n d o J e s u s c ru c if ic a d o n e la , J e s u s
q u e a a b ra ç a c o m a m o r e q u e d e la e s p e ra , e m tr o c a , u m a s s e n tim e n to g e n e r o s o e
a m o r o s o . [ . . . ] A m im , a ú n ic a c o is a q u e m e fa z s o f re r é a C r u z d e Je s u s . O s b e ijo s
d e Je s u s à m in h a a lm a — p o r m u it o e s tr a n h o q u e is to p o s s a p a re c e r — sáo os
n u m e r o s o s s o f r i m e n t o s m in ú s c u lo s d a m in h a v id a d iá r ia .”
27. D e M a d r e T e re s a p a ra E ile e n E g a n , 1 4 d e d e z e m b ro d e 1 9 7 6 .
28. D e M a d r e T e re s a p a ra u m a I r m ã M C , 8 d e a b ril d e 1 9 7 7 .
30. D e M a d r e T e re s a p a r a u m a a m ig a , 2 9 d e m a rç o d e 1 9 7 7 .
31. D e M a d r e T e r e s a p a r a o P e . M ic h a e l v a n d e r P e e t, 2 0 d e j u n h o d e 1 9 7 7 .
32. C f. M a te u s 2 5 :3 5 -4 0 .
33. C f. J o ã o 1 5 :1 3 .
34. D e M a d r e T e r e s a p a r a o P e . M ic h a e l v a n d e r P e e t, 1 7 d e fe v e re ir o d e 1 9 7 8 .
35. C o n s titu iç õ e s d a s M C , 2 9 .
37. C f . 2 C o r ín ti o s 8 :9 .
38. C f. G á la ta s 2 :2 0 .
39. D e M a d r e T e r e s a p a r a o P e . N e u n e r , 2 3 d e j u n h o d e 1 9 7 8 ; c f. G á l a ta s 2 :2 0 .
40. G á la ta s 2 :2 0 .
41. M a d r e T e re s a , A C a r id a d e : A lm a d a M is s ã o , 2 3 d e ja n e ir o d e 1 9 9 1 .
42. D e M a d r e T e re s a p a ra E ile e n E g a n , 1 d e ju lh o d e 1 9 7 8 .
43. D is c u rs o d e M a d r e T e re sa n o R e g in a M u n d i I n s titu te , R o m a , 2 0 d e d e z e m b ro d e
1979.
44. D e M a d re T e re sa p a ra o C a rd e a l P ic a c h y , 3 0 d e n o v e m b ro d e 1 9 7 8 .
45. D e M a d r e T e r e s a p a r a o P e . M ic h a e l v a n d e r P e e t, 3 0 d e a b ril d e 1 9 7 9 .
46. D e M a d r e T e r e s a p a r a o P c . M ic h a e l v a n d e r P e e t, 2 2 d e s e t e m b r o d e 1 9 7 9 .
396 Vc n h a , seja A l in h a luz
47. C f . 2 C o r ín ti o s 9 :7 .
48. C f . 2 C o r ín ti o s 8 :9 .
49. C f H e b re u s 4 :1 5 .
50. C f J o ã o 1 2 :2 4 .
51. M a te u s 2 6 :4 0 .
52. D e M a d r e T e re s a p a ra o P e. S e b a s tia n , M C , 1 2 d e o u tu b r o d e 1 9 7 9 .
53. C f L u c a s 2 2 :4 4 .
54. I n s tr u ç õ e s d a M a d r e à s I r m ã s M C , 1 5 d e f e v e re ir o d e 1 9 8 3 .
55. M a te u s 2 5 :4 0 .
56. C f Isa ía s 4 9 :1 5 - 1 6 .
57. D is c u r s o d e a c e ita ç ã o d o P r ê m io N o b e l, p r o f e r id o p o r M a d r e T e re s a e m O s lo ,
n a N o r u e g a , 11 d e d e z e m b r o d e 1 9 7 9 .
58. D e M a d re T ere sa p a ra u m m é d ic o , 12 d e o u tu b r o d e 1 9 8 8 .
59. D is c u rs o d a M a d re T e re sa n o C a fé d a m a n h ã N a c io n a l d e O ra ç ã o , q u e te v e
lu g a r e m W a s h in g t o n , D . C , e m 3 d e fe v e re ir o d e 1 9 9 4 .
61. Ibid.
62. In s tru ç õ e s d a M a d re T ere sa às Irm ã s M C , 1 7 d e o u tu b r o d e 1 9 7 7 .
63. D e M a d r e T e re s a p a r a o P e . M ic h a e l v a n d e r P e e t, 1 8 d e o u t u b r o d e 1 9 8 0 .
P ic a c h y , 3 d e s e te m b r o d e 1 9 5 9 .
68. Ibid.
69. C a r ta d a M a d re T ere sa às Irm ã s M C , 15 d e m a rç o d e 1 9 8 0 .
1981.
72. D e M a d r e T e re sa p a ra o C a r d e a l P ic a c h y , 2 8 d e s e te m b r o d e 1 9 8 1 .
I n u n d a a m in h a a lm a c o m o T e u E s p ír ito e a T u a V id a . P e n e tra e p o s s u i to d o o
m e u se r d e f o rm a tã o c o m p le ta , q u e a m in h a v id a p o s s a n ã o s e r m a is d o q u e u m a
r a d iâ n c ia d a T u a . B r ilh a a tra v é s d e m im e e s tá d e ta l m a n e ir a e m m im , q u e to d a s
a s a lm a s c o m quem e u m e re la c io n a r p o s s a m s e n tir a T u a p re s e n ç a n a m in h a
•Santa •Teresa do C a lc ul a 397
a lm a . Q u e , q u a n d o o lh a re m p a ra m im , já n ã o m e v e ja m a m im , m a s a p e n a s a
a s e r u m a lu z p a r a o s o u t r o s . A lu z , ó J e s u s , v ir á t o d a e la d e T i , n ã o s e n d o a b s o l u
- m c a s s im lo u v a r- T c d a m a n e ir a q u e m a is T e a g ra d a , b r ilh a n d o p a r a q u a n to s m e
r o d e ia m . Q u e e u T e p r e g u e s e m p re g a r, n ã o c o m p a la v ra s , m a s a tra v é s d o e x e m
p l o , p e la f o r ç a c o m u n i c a t i v a , p e la i n f l u ê n c i a c o m p a s s i v a d a q u i l o q u e fiz e r , p e la
e v id e n te p le n itu d e d o a m o r p o r T i q u e se a lb e rg a n o m e u c o ra ç ã o . A m é m ” .
C a p ítu lo 13
I r r a d ia r C risto
1. D e M a d r e T e re s a p a ra as I rm ã s M C , 1 9 d e a g o s to d e 1 9 8 2 .
2. M e d ita ç ã o d e M a d re T e re sa n o h o s p ita l d e R o m a , 1 9 8 3 .
3. M a d r e T e r e s a le v a n ta v a - s e to d o s o s d ia s à s 4 h 4 0 d a m a n h ã e , a p ó s a s o r a ç õ e s
a s s is tia à S a n ta M is s a . A s e g u ir p a r a o c a fé d a m a n h ã , a M a d r e T e re sa e as irm ã s
davam i n í c i o a o a p o s t o l a d o n a s f a v e la s , v is i t a n d o f a m í lia s o u p r e s t a n d o s e r v i ç o
n a s C a s a s d e M o r ib u n d o s o u d e C r ia n ç a s , o u e m v á rio s d is p e n s á rio s . ( N o s ú l
tim o s a n o s d a s u a v id a , a M a d r e T e re sa já n ã o c o n s e g u ia ir c o m re g u la r id a d e às
fa v e la s n e m à s c a sa s d o s p o b r e s , d e v id o à s s u a s m u it a s v ia g e n s , à s n e c e s s id a d e s
d a s ir m ã s e d a a d m in is tr a ç ã o d a c o n g re g a ç ã o a q u e tin h a d e a te n d e r, e à s in ú
m e r a s v is i ta s q u e r e c e b ia .) À s 1 2 h 3 0 , fa z ia u m a o r a ç ã o c o m u n i t á r i a , s e g u id a d o
a lm o ç o , d e m e ia h o r a d e r e p o u s o e d e m e ia h o r a d e le itu r a e s p ir itu a l. D e p o is ,
e la e a s ir m ã s r e g r e s s a v a m a o tr a b a lh o c o m o s p o b r e s . À s 1 8 h , fa z ia m u m a h o r a
d e a d o r a ç ã o d ia n te d o S a n tís s im o S a c r a m e n t o ( d e s d e 1 9 7 3 ) , a q u e se s e g u ia a
o r a ç ã o d a ta r d e c o m a litu rg ia d a s h o r a s , e o ja n ta r . D e p o is d a re fe iç ã o d a n o ite e
d e m e ia h o r a d e re c re io , o d ia d a s ir m ã s te rm in a v a à s 21 h c o m a o r a ç ã o d a n o ite .
E r a f r e q ü e n t e M a d r e T e r e s a fic a r a in d a b a s ta n t e te m p o a c o r d a d a , a r e s p o n d e r à s
c a r ta s q u e lh e e n v ia v a m .
4. D e M a d r e T e re s a p a ra o C a r d e a l P ic a c h y , 1 6 d e s e te m b r o d e 1 9 8 3 .
5. D e M a d r e T e r e s a p a r a o C a r d e a l P ic a c h y , 1 7 d e f e v e re ir o d e 1 9 8 6 .
6. T e s te m u n h o d o Pe. A lb e rt H u a r t, S J, C a lc u tá , ín d ia .
8. T e s te m u n h o d o B isp o C u r lin .
398 Ve n h a , seja M i n h a luz
9. D e M a d r e T e r e s a p a r a o P e . v a n d e r P e e t, 7 d e ja n e ir o d e 1 9 8 3 .
10. E x c e r to s d a s d e c la ra ç õ e s d o P a p a J o ã o P a u lo II q u a n d o d a s u a v is ita a N ir m a l
11. D e M a d r e T e r e s a p a r a o P e . v a n d e r P e e t, 1 d e ja n e ir o d e 1 9 8 8 .
12. D e M a d re T e re sa p a ra as Irm ã s M C , 10 d e o u tu b r o d e 1 9 8 8 .
14. D e M a d r e T e re s a p a ra a s I rm ã s M C , 2 3 d e a b ril d e 1 9 9 1 .
15. C f. L u c a s 1 :3 9 -5 6 .
16. C f. M a te u s 6 :8 .
17. C f. M a te u s 2 5 :4 0 .
18. C f . R o m a n o s 8 :3 5 - 3 9 .
b o ra d o re s M C , ju n h o d e 1 9 9 0 .
20. C a n a G e ra l d e M a d re T e re sa p a ra as Irm ã s M C , 3 1 d e ja n e ir o d e 1 9 8 0 .
21. C a r ta A b e r ta a o s P r e s id e n te s G e o r g e B u s h e S a d d a m H u s s e in , 2 d e ja n e ir o d e
1991.
23. D e M a d r e T e re s a p a ra a s I rm ã s , I rm ã o s e S a c e rd o te s M C , 2 5 d e m a r ç o d e 1 9 9 3 .
P ic a c h y , 3 d e s e te m b ro d e 1 9 5 9 .
25. D e M a d re T e re sa p a ra o Pe. N e u n e r, ja n e ir o d e 1 9 6 5 .
26. C f. J o ã o 1 9 :2 5 -2 6 .
27. D e M a d r e T e re s a p a r a a I r m ã M . F re d e ric k , M C , e a s I rm ã s M C , 2 9 d e m a r ç o d e
1994.
28. D e M a d re T ere sa p a ra o P e. N e u n e r, 2 4 d e ju lh o d e 1 9 6 7 .
31. D e M a d r e T e r e s a p a r a o P e . v a n d e r P e e t, 2 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 3 .
32. D a M a d r e T e r e s a p a r a u m a a m ig a , 2 5 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 4 .
34. T e s te m u n h o d o P c. G a ry , M C
35. T e s te m u n h o d o P e. S e b a s tia n , M C
36. T e s te m u n h o d a Irm ã G e r tr u d e .
40. T e s te m u n h o d o P e. G ary .
S a n t a 'Teresa de Calc utá 399
C o n c lu s ã o
1. M a lc o lm M u g g e r i d g e , S o m e th in g B e a u tifu lf o r G od, N o v a Y o rk , E v a n s to n , S á o
F r a n c is c o , L o n d r e s , H a r p e r e R o w , 1 9 7 1 , p . 1 4 6 .
2. D a M a d r e T e re s a p a ra a M a d re G e r tr u d e , 1 0 d e ja n e ir o d e 1 9 4 8 .
3. D e M a d re T eresa p a ra o Pe. N e u n e r, 6 d e m a rç o d e 1 9 6 2 .
5. D is c u rs o d e M a d re T ere sa e m R o m a , 31 d e o u tu b ro d e 1 9 8 2 .
6. D is c u rs o d e M a d r e T e re s a n o C o r p u s C h r is ti C o lle g e , e m M e lb o u rn e , 8 de
o u tu b r o d e 1 9 9 1 .
D ire ç ã o g e ra l
Antônio Araújo
Daniele Cajueiro
E d ito r re sp o n sá v e l
Hugo Langone
P ro d u ç ã o e d ito ria l
Adriana Torres
Daniel Borges do Nascimento
R e v is ã o
Jaciara Lima
D ia g r a m a ç ã o e P r o je to g rá fic o
Gabriella Rezende
C apa
Maquinaria Studio
E s te liv ro fo i im p r e s s o e m 2 0 1 6 , p a r a a P e tra .