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Projecto de Ordenamento e Valorização das Bacias Hidrográficas de Picos e Engenhos 1

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1. Contexto

A comunicação é o instrumento inevitável da participação, pois é pela comunicação que


os beneficiários dos projectos de desenvolvimento se podem tornar actores dos
projectos concebidos para eles próprios, na medida em que esta permite: i) mobilizar as
populações para as acções de desenvolvimento, ii) mudar práticas e comportamentos,
iii) reforçar a formação, educação e competências de forma a melhorar a qualidade e
impacto das acções de desenvolvimento local.

Assim, faz-se mister nesta senda, concretizar espaços participativos que atendam a
necessidade de chamar a atenção dos beneficiários sobre as responsabilidades que sobre
eles impendem, de forma a evitar práticas inadequadas que pôem em causa a obtenção
de rendimentos e o reembolso de crédito, contribuindo assim, para a instalação de uma
cultura de responsabilização no seio dos beneficiários, quanto ao reconhecimento das
suas atribuições e pápeis, por um lado, e as do projecto por outro.

É escorada neste enquadramento, que, foram realizados encontros de informação e


sensibilização dos beneficiários de crédito do projecto, sobre a metodologia de
intervenção da linha do crédito do projecto e seus desideratos.

2. Introdução

No âmbito da estratégia de comunicação gizada para a implementação dos objectivos do


projecto, realizou-se no dia 20 de Agosto do corrente ano, na delegação MAA Santa
Cruz, um encontro de informação/sensibilização, recolha e troca de informações sobre o
crédito. Participaram no encontro 13 beneficiários de crédito das zonas de Matinho, Chã
da Silva, Rocha Lama, Achada Fátima e Ponta Achada. Os interlocutores foram o
responsável do crédito Engº. Manuel Frederico, a responsável da extensão rural, Dr.ª
Nilda Semedo e a Animadora Adelaide da Veiga.

3. Objectivos

3.1 Objectivo geral

O encontro, visou promover a consciencialização dos beneficiários de crédito sobre as


responsabilidades que terão, face a exploração, tendo em vista o reembolso de crédito.

3.2 Objectivos específicos

De forma minuciosa, o mencionado encontro pretendeu aportar os seguintes objectivos:

• Divulgar informações sobre os projectos aprovados e as formas de execução


desses projectos;
• Aumentar os conhecimentos dos beneficiários sobre as condições de acesso ao
micro-crédito e modalidades de reembolso;
• Sensibilizar os beneficiários para a necessidade de adopção de comportamentos,
atitudes e práticas adequadas para a exploração das unidades de produção, e para
a melhoria do sistema de acompanhamento de crédito;

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4. Metodologia

A exposição das questões foram feitas através de projecção de diapositivos em power


point, assegurando a visualização dos conteúdos pelos participantes, seguida de
explicações e orientações sobre os mesmos, e bem assim pausas para a retro-
alimentação, clarificação de conceitos e ideias, e participação dos presentes.

5. Conteúdos tratados

O encontro iniciou-se com agradecimentos e saudações de boas vindas aos


participantes, seguida da apresentação dos objectivos do encontro pela responsável da
extensão rural. Logo a seguir, o responsável de crédito, apresentou as informações
relativas aos objectivos de crédito, tipos de crédito, período de carência, procedimentos
para a elaboração de projectos e pedido de financiamento, apresentação dos Projectos de
crédito de cada um dos beneficiários de crédito presentes, montante financiado e
remanescente por desembolsar, orientações para a execução dos projectos de crédito,
necessidade e vantagens do seguimento e procedimentos para assegurar o seguimento
dos micro-projectos.

Em relação ao assunto, apresentação dos Projectos de crédito, montante financiado e


remanescente por desembolsar, analisou-se a situação de cada um dos beneficiários
presentes, tendo-se levantado informações, nos termos em que se apresenta a seguir:

Cesário Varela Soares, tem um crédito no valor de 320.290 contos para construção de
estábulo e aquisição de uma vaca. Já desembolsou 318.000 contos e tem um
remanescente de 2.290 por desembolsar. A vaca está gestante, pelo que, ainda não está
em condições de iniciar o reembolso.

Gualdino Vieira Tavares, tem um crédito no valor 563.071 contos para construção de
estábulo e aquisição de duas vacas. Já desembolsou 560.250 contos, pelo que tem um
saldo de 2.821 por desembolsar. Das duas vacas recebidas por ele, uma encontrava-se
com problema nutricional e parasitário, apresentando, portanto, baixo porte corporal,
sendo que, até este momento não obteve recuperação do animal, que, pese embora tenha
reproduzido um bezerro, não produziu leite. O outro animal que aparentemente
apresentava boas condições, chegando até a reproduzir um bezerro veio a morrer. As
razões da morte, não se sabe, pois segundo ele, chamou a assistência veterinária do
projecto, que não pôde comparecer, de modo que, teve que enterrar o animal sem a
realização da autópsia. Ainda não iniciou o reembolso, pois não está em condições de o
fazer.

Victorina Gonçalves Garcia, tem um crédito no valor de 318.315 contos, para


aquisição de cinco cabras. Já desembolsou 261.500 contos, restando 56.815 contos para
serem desembolsados. Das cinco cabras recebidas a crédito duas já morreram e as outras
três não conseguiram cobrir e assim não produziram ainda. É de mencionar, que a
beneficiária não tinha curral adequado para alojar os animais, pelo que, os animais
estavam praticamente ao ar livre num curral precariamente construído. È um caso a
analisar pelo projecto, para atribuição de responsabilidades e solução eficaz do
problema, pois a mesma, não conseguiu obter nenhuma produção que lhe permita
iniciar o reembolso.

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José António Garcia Cardoso, tem um crédito no valor de 795.237. contos, para
aquisição de duas vacas e um touro. Já desembolsou 656.000.contos, e tem um
remanescente de 139.237 contos por desembolsar. Este beneficiário, não teve
problemas de saúde com os animais adquiridos, tendo alcançado óptima produção,
admitindo, deste modo, estar em condições de iniciar o reembolso. O investimento e
cuidados dedicados à alimentação dos seus animais, contribuiu certamente para o
alcance da rentabilidade dos seus animais. Pretende continuar a investir, desta feita, na
ampliação e remodelação do seu estábulo, que, não se encontra equipado com
comedouro e bebedouro, proporcionando, deste modo, melhores instalações aos seus
animais. Segundo ele, não tem contrato assinado com a Caixa Económica de Cabo
Verde.

Paulo Lopes Garcia, tem um crédito no valor de 1.465.932, para construção de


estábulo e aquisição de animal de raça melhorada. Já desembolsou 1.095.237 e restam-
lhe 370.695 por desembolsar. Das cabras adquiridas por ele, uma já morreu e as outras
não conseguiram produzir, pelo que, não tem condições de iniciar o reembolso.

Arlindo Gomes Tavares, tem um crédito no valor de 563.071 contos para aquisição de
duas vacas de raça melhorada. Desse valor, já desembolsou 445.260 contos, restando-
lhe um saldo de 117.811 por desembolsar, do qual não pretende auferir. Garantiu-
nos que já está em condições de reembolsar o crédito.

Vicente Alves de Pina, tem um crédito no valor de 320.290 para aquisição de uma
vaca. Desse montante, já desembolsou 223.550 e restam-lhe um saldo de 96.740 por
sacar. Também nos afiançou, estar em condições de iniciar o reembolso, mas alertou-
nos que ainda não tinha contrato assinado com a caixa económica.

Mariano Alves de Pina, tem um crédito no valor de 563.071 para aquisição de duas
vacas, já desembolsou 445.250 e sobejam-lhe 117.821 do qual não pretende fazer uso.
Igualmente, admitiu-nos estar em condições de reembolsar o crédito, e apresenta o
problema de que não tem contrato assinado com a caixa económica.

Gregório Borges Mendes, tem um crédito no valor de 320.290 contos para aquisição
de uma vaca e já desembolsou a totalidade desse montante. No entanto, só agora a vaca
conseguiu cobrir, estando portanto gestante.

António Monteiro Lopes, tem um crédito no valor de 320.290 contos para aquisição
de uma vaca. Já desembolsou 273.550 contos e tem um saldo de 46.740 contos por
desembolsar. A vaca dele, também está gestante neste momento.

Em relação ao tema “orientações para a execução dos projectos de crédito, necessidade


e vantagens do seguimento e procedimentos para assegurar o seguimento dos micro-
projectos” foi discutida com os beneficiários os cuidados que devem ter com a
alimentação, produção de pasto, maneio e tratamento em caso de doença para
rentabilizar a produção dos animais e evitar prejuízos na exploração destes.

Seguidamente, foi abordada com eles as razões porque devem colaborar no


levantamento de dados que permitem assegurar o seguimento. Por fim, foi-lhes

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apresentada e explicada a ficha de recolha de dados, e como devem proceder para


preencher a referida ficha.
Na base de uma escolha aleatória de beneficiário, foi utilizado os dados deste, para
preencher uma ficha de seguimento, levando apenas 15 minutos para o efeito.

6.Conclusões

⇒ A maior parte dos beneficiários presentes no encontro, não acompanhavam a sua


situação financeira junto a caixa económica, pelo que, não tinham conhecimento do
montante contratado, do desembolsado e do remanescente por desembolsar;

⇒ A maioria não sabia o valor do montante destinado à compra de ração, e desse


montante qual o valor usado e o restante por usar;

⇒ Três beneficiários afirmaram não terem assinado contrato com a caixa económica;

⇒ Mutuários com saldo na conta, não tencionam utilizá-lo.

7. Recomendações

⇒ Realização de encontros pela caixa económica com os beneficiários de crédito para


clarificação das questões apresentadas pelos mutuários no decorrer do encontro;

⇒ Analisar a modalidade de actualização dos planos de amortização das dívidas dos


mutuários que expressaram a vontade de não utilizar a totalidade do montante
contratado.

Elaborado pela Responsável da Extensão Rural

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Nilda Celeste Barbosa Semedo

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