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POEMAS
D
O QUE É O PROJETO TRILHAS
esde 1995, a NATURA desenvolve o Programa Crer para Ver, que tem o objetivo de contribuir
para a melhoria da qualidade da educação pública do Brasil. No contexto desse programa,
o Instituto Natura desenvolveu, em parceria com a Comunidade Educativa CEDAC, Organização
da Sociedade Civil de Interesse Público, o projeto TRILHAS, que visa orientar e instrumentalizar os
professores e diretores de escolas para o trabalho com os alunos de 6 anos, com foco no desenvolvimento
de competências e habilidades de leitura e escrita.
Este material contribui para ampliar o universo cultural de alunos e professores, por meio do acesso à
leitura de obras da literatura infantil. A escolha da leitura como principal tema do projeto justifica-se
por ser uma estratégia mundialmente reconhecida como determinante para a aprendizagem e melhoria
do desempenho escolar ao longo de toda a vida do estudante.
Esperamos que você possa utilizá-lo da melhor forma para que a melhoria da educação pública seja
concretizada em nosso país.
Por que ler poemas?
Brincar com palavras, sons e sentidos
Ver: s poemas convidam o leitor a jogar com os sons e sentidos das palavras. Para as crianças, assim
Caderno de
estudos como para muitas pessoas, a poesia é rima, é algo bonito, é como uma brincadeira. Poema é a poesia em
palavras e costuma ser identificado por sua forma gráfica com versos e estrofes. Porém, um de seus aspectos
mais importantes é a sua capacidade de chamar atenção sobre si mesmo, ou seja, sobre a sua linguagem.
A repetição é um recurso linguístico que caracteriza esse tipo de texto. É comum encontrar a repetição de um
mesmo som por meio de aliterações e rimas – “O barbeiro comprou um babeiro para a baba de seu filho: Baba
agora, bebê babão, de babeiro, babar é bom.” (O barbeiro e o babeiro, Sérgio Caparelli). Recursos sonoros
também são frequentes nos textos poéticos. Um deles é a onomatopeia, ou seja, a transcrição de um som tal
como costuma ser emitido: “Blim, blim, blão, dedilha o violão. Blão, blão, blim, Serafim, Serafim.” (Serafim
seresteiro, Sérgio Caparelli). Também há a presença de figuras de linguagem, como comparações e/ou metáfo-
ras – “Leão! Leão! Leão! Rugindo como um trovão”. (O Leão, Vinicius de Moraes).
A liberdade para jogar com as palavras é outra característica dos textos poéticos. Além de colocar a linguagem
em cena, uma das qualidades de um poema é justamente a sugestão, ou seja, a propriedade de dialogar com
impressões, emoções e pensamentos do leitor a partir das imagens que surgem em sua mente. Esses estímulos
podem ser visuais, sonoros, táteis ou articulados em torno de pensamentos e emoções. Mas são sempre o
ponto de partida para a abertura da percepção e de nossa capacidade de nos surpreender com um poema e de
admirá-lo. A poesia está quase sempre nos pequenos detalhes do mundo objetivo que nos colocam em contato
com o nosso universo subjetivo.
É possível imaginar situações de trabalho em sala que ampliem o repertório das crianças e, ao mesmo tempo,
garantam que elas, enquanto apreciam os versos, aprendam sobre a língua.
O poema requer a voz e não só a leitura silenciosa. Requer também a atenção de quem escuta. Por isso é
conveniente que as crianças possam participar de situações de recitação e leitura. A estrutura composicional
dos poemas, em especial os que possuem rimas, convida à recitação. A semelhança sonora entre as pala-
vras, a organização dos versos em estrofes e o ritmo resultante dessa interação são especialmente sentidos e
apreciados quando pronunciamos um poema em voz alta. A musicalidade, seja ela fluente e cadenciada, seja
truncada em tropeços intencionais, é uma forma peculiar de dar sentido ao que se lê e ao que se ouve.
É preciso não perder de vista a capacidade de sugerir e provocar admiração, que é própria da poesia, evitando
ceder lugar para a técnica desprovida de sentido. Mais vale uma recitação polifônica, na qual várias vozes
dão o tom em busca de um sentido pleno, do que uma recitação uníssona, na qual predomina uma só tona-
lidade, que reduz a significação em um único ressoar. A poesia deve ecoar.
Sobre os livros
s dois livros indicados para este Caderno são considerados clássicos da poesia escrita para crianças,
obras de poetas brasileiros que viveram em tempos diferentes – Vinicius de Moraes (1913-1980) e Sérgio
Caparelli (poeta contemporâneo) –, cuja produção poética dialoga principalmente em seu aspecto lúdico.
A arca de Noé
Vinicius de Moraes
Ilustrações de Laurabeatriz
São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1991.
A primeira edição de A arca de Noé foi publicada em 1970 e muito bem recebida pela crítica. A permanência des-
ses poemas no imaginário das crianças é prova de que se trata de um clássico. Como o título sugere, a maioria
dos poemas que compõem essa obra tem como tema os animais. São 32 poemas ao todo, sendo 23 dedicados
aos bichos. Os demais versam sobre desde aspectos religiosos a objetos caseiros e elementos da natureza. Nos
poemas sobre os animais, encontramos formatos diversos para os textos: há aqueles nos quais o próprio ani-
mal se apresenta (A pulga e O porquinho), outros em que um suposto narrador conta em versos as peripécias
ou características do bichinho (O pato, O peru, O gato), e também os que aparecem em forma de conversa (O
pinguim e O elefantinho). Em todos eles, o humor se apresenta no modo irreverente como os animais desfilam
em cada poema. Outro aspecto dessa obra é a musicalidade dos textos. Não só porque boa parte dos poemas
virou música na parceria do autor com o compositor Toquinho – basta ouvir os CDs Arca de Noé I e Arca de
Noé II –, mas também pelos recursos linguísticos utilizados. As ilustrações em preto e branco de Laurabea-
triz apresentam um estilo leve, que opta pelo tracejado e pelo pontilhado em alguns casos. Os desenhos ocupam
um pequeno espaço nas páginas e primam pela delicadeza. Folheando o livro de perto é que o leitor pode
apreciar as imagens e associá-las aos textos.
Dos 25 poemas que compõem Boi da cara preta nenhum recebe o título que dá nome ao livro. No entanto,
o universo das cantigas de ninar, trovinhas, parlendas e trava-línguas permeia toda a obra. Com doçura, os
poemas embalam as crianças na candura própria das cantigas: “Dorme, dorme, meu menino, / o sono é um
macaquinho. / Ele cata grãos de areia / pra jogar nos teus olhinhos.”(Macaquinho sem-vergonha). E com humor
convidam a brincadeiras divertidas: “Vaca amarela / fez xixi na gamela, / cabrito mexeu, mexeu, / quem rir primeiro
/ bebeu o xixi dela.” (Vaca amarela).
A grande presença de estrofes em forma de quadrinhas reforça o caráter popular dos poemas. Essa forma de
organizar o texto – grupos de 4 versos com rimas principalmente no segundo e no último – é própria dos re-
pentes que fazem parte da tradição oral de nossa cultura e convida à memorização e à recitação: “A mulher
barbada / tem barba de chocolate / e um cachorro bobo/ de bigode e cavanhaque”.
O tema mais recorrente são os animais: pato, tatu, barata, jacaré, tigre, grilo, lagartixa, sapo e tantos outros.
Em diálogos inusitados: “Não sou sapo, sou sabiá, / cê sabia ou não sabiá?” (Os sapos inventores) –,
comportando-se como gente – “Uma vaca entrou num bar / e pediu um guaraná.” (Guaraná com canudinho)
– ou metendo-se em aventuras –, “O tatu cava um buraco, /perde o fôlego, geme, sua, / quando quer voltar
atrás,/ leva um susto, está na lua” – os bichos trazem movimento e encantamento aos poemas.
As ilustrações de Caulos, emolduradas em tons ocre, cinza, branco e preto, preservam o humor e a delicade-
za, ressaltando detalhes e convidando a um olhar atento. Pode-se perceber isso logo na primeira ilustração,
para o poema O que Marina quer de aniversário. Observe-se que a menina segura nas mãos um suposto
buquê composto com os três raios que estão faltando no sol que desponta na janela. Reconhecido como
uma grande obra pela crítica literária – Prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte (1983), Certificado
de Livro Altamente Recomendável pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (1983) e selecionado
para participar da Feira de Frankfurt (1994) –, Boi da cara preta enriquece o universo literário das crianças
por resgatar com graça e delicadeza o melhor da tradição oral e por apresentar com inteligência e lingua-
gem apurada aspectos da contemporaneidade que instigam o pequeno leitor.
Apesar do predomínio das semelhanças entre as duas obras, podemos destacar uma diferença importante. Os
dois poetas exploram de modo diferente a musicalidade dos versos. Enquanto em Boi da cara preta predominam
os ritmos populares, presentes, por exemplo, na organização das estrofes em quadrinhas e nas melodias que
embalam, como nas cantigas de ninar, em A arca de Noé, a variedade de ritmos é maior.
É possível verificar isso na diversidade da organização dos versos e estrofes em A arca de Noé. Nesse livro,
encontramos textos mais longos, com refrões que se repetem várias vezes, como é o caso do poema O leão.
Quando musicados, esses poemas ultrapassam os gêneros musicais mais tradicionais na música popular brasi-
leira, como o forró e o samba, por exemplo, e são cantados em blues (O leão) e valsa (A porta). A apreciação dos
CDs A arca de Noé I e A arca de Noé II, que trazem os poemas do livro musicados, também permite observar
essa variedade de ritmos e gêneros musicais.
As atividades desenvolvidas aqui são referência para a exploração de livros com poemas. O livro A arca de Noé
serviu de referência para a elaboração das propostas apresentadas a seguir. Contudo, você pode experimentar
o mesmo tipo de atividade com outros poemas. Este caderno é um convite para que você coloque em jogo seus
conhecimentos, ampliando-os com as sugestões apresentadas. É por essa razão que já indicamos neste texto
outro livro e sugerimos mais obras no Caderno de Indicações Literárias. Bom trabalho!
Lembrete
Sabemos que, quando gostam de um poema, as crianças pedem para que seja recitado diversas vezes.
Por isso, não hesite em ler e recitar várias vezes o mesmo poema junto com elas. A formação de
futuros leitores se dará no equilíbrio de experiências em que eles possam ler e recitar poemas por
puro prazer – desfrutando de literatura de qualidade – com outros momentos em que possam aprofundar
conhecimentos sobre o texto. Portanto, o desafio está em não transformar a leitura de poemas numa
atividade mecânica. Assim, procure garantir a leitura por prazer, de maneira independente das ativida-
des com foco no texto. Este Caderno de orientações apresenta um roteiro de trabalho que não deve ser
escolarizado, mas, ao contrário, servir de instrumento para que as crianças façam uma viagem pelo mundo
da literatura e do conhecimento.
Sumário
Atividade 1
Mostrar o sumário e explicar que ali está escrito o título de todos os poemas do livro A arca de Noé e
procurar na frente das crianças em qual página está o primeiro poema que será lido. Você pode dizer: “Nesta
página do livro há um sumário. Alguém sabe o que é um sumário? Nele tem uma lista com os títulos dos poemas
do livro e o número da página em que se encontram. Vou ler para vocês o poema que se chama O Pato. Vamos
ver em qual página está?”
O que as crianças
podem pensar,
dizer e fazer.
Ler o poema com ritmo e entonação.
Apreciar a leitura
de um poema e
diferenciá-la da
leitura de histórias. Fazer perguntas sobre a sua leitura: “O que vocês acharam da leitura desse poema? O modo que eu li é
igual ou diferente do modo que leio histórias? O que é diferente?”
Comparar os textos
Ler mais um poema do livro, mostrando visualmente a forma gráfica (verso e estrofe) e acompanhando
dos poemas o texto com o dedo enquanto lê.
encontrando
semelhanças na
forma gráfica.
Fazer perguntas que ajudem as crianças a buscar semelhanças na forma gráfica (verso e estrofe) dos
dois textos: “O que vocês observaram de semelhante na forma como estão escritos esses dois poemas que
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1
2
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li para vocês? Vocês repararam que há várias linhas que são agrupadas? Por que será que os poemas são escritos
assim?” Deixar que as crianças comentem livremente e circular pelo grupo o livro para que observem de perto
como são escritos os versos. Se tiver outros livros de poemas na sala, você pode deixar que as crianças manuseiem
observando a forma do texto.
Compartilhar com as crianças que durante alguns dias elas vão ouvir outros poemas deste livro e realizar
diferentes atividades, e que, no final, realizarão um recital de poemas.
Ao conversar sobre a maneira como os poemas são lidos, possibilita-se que as crianças identifiquem dife-
renças entre a leitura de diversos textos.
Ao propor que observem a forma gráfica do poema, possibilita-se que ampliem seu conhecimento sobre a
estrutura do texto para além de seu conteúdo.
Atividade 2
Roteiro de trabalho
Preparação
Para esta atividade é importante que as crianças já conheçam o poema que será trabalhado. Preparar um
cartaz com o poema escrito em letra de imprensa maiúscula, respeitando sua forma gráfica.
O que as crianças
podem pensar, Orientações para o professor
dizer e fazer.
Iniciar a atividade apresentando o cartaz com o poema A foca e propor que as crianças retomem de
Recitar partes
do poema memória os versos. Você pode dizer: “Hoje vamos conversar sobre o poema A foca e recitá-lo para lembrar.
de memória.
Faremos assim, eu leio os dois primeiros versos e vocês dizem os dois versos seguintes”.
Propor uma nova leitura do poema, dessa vez circulando as palavras que rimam: “Agora que já
conhecemos muito bem esse poema, vamos encontrar as palavras que rimam. Eu vou ler cada estrofe e
circular as palavras que rimam. Prestem bastante atenção, pois, ao final, vamos descobrir por que essas
palavras rimam”.
Ler a primeira estrofe e circular as palavras FELIZ e NARIZ. Dizer que estas duas palavras rimam. Ler
Observar partes
semelhantes as palavras, marcar os finais iguais (IZ) e perguntar o que elas têm de parecido.
na grafia
das palavras.
Ajudar as crianças a estabelecer relações entre a grafia e o som das palavras: “Então vocês perceberam
Identificar no texto
do poema palavras que nessas duas palavras há partes iguais! Vou ler essas partes. Quando lemos, elas também são parecidas?
que rimam.
Então é por isso que estas palavras rimam. Vamos identificar outras palavras que rimam?”
Seguir desse modo até que todas as palavras do poema que rimam tenham sido identificadas
pelas crianças.
Propor uma brincadeira com as rimas desse poema. Você diz: “Lá vai a barquinha carregada de...” (fala
Dizer palavras
que rimam a partir uma das palavras identificadas no poema), e as crianças devem completar com palavras que rimem. Podem
de uma
palavra dada.
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ser as palavras do poema ou outras que conheçam (Beatriz/ giz/ atriz/ raiz; formiga/ espiga/ amiga). Você
pode dizer: “Vamos fazer uma brincadeira com as rimas? Eu digo: Lá vai uma barquinha carregada de
dentes e vocês têm de falar outra palavra que rime com esta, como, por exemplo, dormentes, ardentes,
sorridentes etc.”
Combinar as regras da brincadeira com as crianças: cada uma terá a sua vez de falar; no começo podem
ser palavras repetidas, mas depois (para criar mais desafios) não poderão repetir as palavras já ditas por outros
colegas; lembrar que precisam prestar atenção ao som para achar uma palavra que rima.
Possíveis adaptações
Caso o desafio proposto nessa atividade se mostre muito difícil para algumas crianças, no momento da
brincadeira da barquinha, você pode listar, juntamente com elas, algumas rimas para as palavras do poema
antes de iniciar a brincadeira.
Se o desafio proposto nessa atividade parecer muito fácil para algumas crianças, você pode propor na
brincadeira da barquinha outras palavras que não aparecem no poema para que elas criem novas rimas.
Ao estimulá-las a participar de desafios de formar duplas de palavras rimadas, favorece-se que joguem com
a linguagem (atividade metalinguística).
Atividade 3
Roteiro de trabalho
Preparação
Produzir cartões com palavras (escritas em letras de imprensa maiúsculas) retiradas dos poemas mais
conhecidos das crianças no livro A arca de Noé. Cuidar para selecionar palavras que sejam fáceis de rimar e
que estejam no repertório de poemas que vem sendo trabalhado.
O que as crianças
podem pensar,
Orientações para o professor
dizer e fazer.
Apresentar as cartelas às crianças contando que farão uma brincadeira com as palavras que estão nelas.
Criar rimas
a partir de Você pode dizer: “Nós já sabemos o que são rimas e já conhecemos muitas palavras que rimam nos diversos
uma palavra.
poemas que lemos. Hoje vamos fazer uma brincadeira com elas. Para isso, eu escrevi, nestas cartelas, algumas
palavras que estão nos poemas que conhecemos. Vamos ler todas elas?” Ler todas as cartelas em voz alta,
tomando cuidado para não silabar enquanto lê.
Contar às crianças que vai começar com a brincadeira. Mostrar uma cartela, ler a palavra e pedir que as crianças digam
outra que rime com aquela. Nesse momento, você pode organizar a turma de forma que cada criança fale
uma palavra.
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Barriga
Seguir com essa orientação uma ou duas vezes e propor um desafio maior. Mostrar duas cartelas (ora com pala-
Identificar palavras
que rimam vras que rimam, ora com palavras que não rimam), ler as palavras e pedir que as crianças digam se rimam e por quê.
e justificar.
Aumentar o desafio, quando achar que é possível, dizendo que você não vai mais ler as palavras, vai apenas
Ler a palavra
e criar mostrar a cartela e as crianças deverão ler a palavra e dizer outra que rime com aquela: “Vou mostrar uma
uma rima.
palavra escrita; eu não falo nada, e vocês devem falar outra palavra que rime”.
Propor, depois que as crianças leiam a palavra na cartela, que escrevam outra que rime com aquela.
Ler a palavra
e escrever outra Para isso, é preciso organizá-las em duplas. Mostrar uma cartela, pedir que elas leiam em silêncio a
que rime com
aquela que palavra e, juntamente com suas duplas de trabalho, busquem uma palavra que rime com aquela e
foi lida.
escrevam no papel.
Possíveis adaptações
Caso o desafio proposto pareça muito difícil para algumas crianças, você pode realizar essa proposta sem
pedir que elas escrevam palavras que rimem, mas apenas digam.
Se o desafio proposto se mostrar muito fácil para algumas crianças, você pode propor que, em pequenos grupos,
escrevam uma lista de palavras que rimam, e não apenas uma. Depois troque as listas entre os grupos para
que eles possam verificar se aquelas palavras realmente rimam.
Ao propor que as crianças leiam as palavras nas cartelas para depois criar uma rima, possibilita-se que
elas façam uso dos conhecimentos gráficos e sonoros e possam compreender as relações entre oralidade
e escrita.
Ao propor que as crianças escrevam rimas a partir da palavra lida na cartela, favorece-se que ponham em
prática conhecimentos gráficos e sonoros enquanto refletem sobre como se escreve.
Atividade 4
Roteiro de trabalho
Preparação
Treinar a leitura do poema A Porta. Identificar as repetições e rimas presentes na segunda estrofe. Garantir
que as crianças tenham escutado o poema e brincado bastante com as rimas antes de propor essa atividade.
Escrever a segunda estrofe do poema na lousa (ou em um cartaz grande) em letra de imprensa maiúscu-
la e ler em voz alta acompanhando com o dedo.
Propor que as crianças identifiquem as rimas dessa estrofe. “Vou ler esta estrofe e vocês devem observar
que palavras rimam. Nesses dois versos EU ABRO DEVAGARINHO / PRA PASSAR O MENININHO, quais
são as palavras que rimam? E nos dois versos seguintes? ”
Chamar a atenção para as repetições presentes nessa estrofe. Você pode dizer: “Vocês repararam que
nesta estrofe do poema os versos começam sempre do mesmo jeito? Ou começa com EU ABRO... ou então
com: PRA PASSAR... Vamos observar aqui na escrita da lousa onde estão essas repetições?”
Retomar com as crianças a estrutura dessa estrofe do poema. Você pode dizer: “Vamos retomar o que
descobrimos dessa estrofe do poema. Seus versos começam sempre iguais e as palavras rimam”.
O que as crianças
podem pensar,
dizer e fazer.
Propor que as crianças inventem novos versos para o poema: “Vamos criar novos versos para este poema?
Criar um novo verso
dentro da estrutura De que outras formas a porta pode se abrir?”
do poema.
Escrever na lousa ou em um papel grande, em forma de lista, as sugestões das crianças. Caso ache necessá-
rio você poderá dar alguns exemplos: “eu abro muito rápido, eu abro com gentileza, eu abro fazendo barulho, etc.”
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EU ABRO DEVAGARINHO
PRA PASSAR O MENININHO
EU ABRO BEM COM CUIDADO
PRA PASSAR O NAMORADO.
Iniciar a criação dos novos versos. “Agora que temos muitas outras formas que a porta pode se abrir, vamos
inventar os novos versos. Lembrem-se que as palavras devem rimar. Por exemplo: Eu abro a porta com gentileza.
Pra passar a princesa”.
Escrever na lousa (ou num cartaz) os novos versos que forem sendo criados.
Possíveis adaptações
Caso o desafio proposto nessa atividade se mostre muito difícil para algumas crianças, você pode, em vez de
propor que criem novos versos, brincar com os versos já existentes. Pode perguntar quem mais poderia passar
pela porta quando ela abre bem devagarinho, e quando ela abre de supetão.
Se o desafio proposto nessa atividade parecer muito fácil para algumas crianças, você pode propor que elas
criem os novos versos em duplas, para depois socializar com a turma. Para isso, entregue folha e lápis para
cada dupla escrever seus novos versos.
Ao propor que as crianças criem duplas de rimas para compor os novos versos, favorece-se que coloquem
atenção sobre a sonoridade das palavras e utilizem seus conhecimentos para criar novas rimas.
Atividade 5
Roteiro de trabalho
Preparação
Treinar a leitura do poema O leão para ler com entonação e ritmo. Separar um papel grande para elaborar
uma lista de palavras bonitas do poema.
Propor que as crianças digam outras palavras que achem bonitas para ampliar a lista.
Combinar que, sempre que encontrarem palavras que achem bonitas em outros poemas, elas vão colocar
nessa lista que ficará na parede da sala.
Possíveis adaptações
Caso o desafio proposto nessa atividade se mostre muito difícil para algumas crianças, você pode eleger
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uma ou duas palavras que considere bonitas para exemplificar antes de propor que elas escolham as delas.
Nesse momento, é importante que você justifique suas escolhas.
Se o desafio proposto nessa atividade parecer muito fácil para algumas crianças, você pode propor que elas
escrevam, ao final da proposta, uma lista de palavras que achem bonitas.
Ao propor que as crianças ditem uma lista de palavras que acham bonitas, possibilita-se que ampliem o
vocabulário de palavras que consideram bonitas.
Atividade 6
Roteiro de trabalho
Preparação
Garantir que as crianças saibam de memória o poema que será ditado, para que não precisem consultar o
livro durante a atividade.
Contar às crianças que a proposta é que, divididas em pequenos grupos, cada um escolha um poema para
ditar. Você pode dizer: “Agora que já listaram todos os poemas que sabem de cor, vou dividir vocês em grupos,
mas cada grupo fará uma atividade diferente. Alguns terão jogos para brincar e um único grupo sentará comi-
go para escrever um poema do livro A arca de Noé”.
Explicar, já no pequeno grupo, que, primeiro, as crianças vão escolher o poema que vão ditar. Lembrar que
todos do grupo devem saber o poema escolhido de memória. Uma dica é pedir que recitem o poema para
verificar se realmente sabem o texto de memória.
O que as crianças
podem pensar,
dizer e fazer. Iniciar a proposta de escrita do poema lembrando às crianças os cuidados que precisam tomar ao
Adequar o ritmo do
ditado ao da escrita ditar para que você possa escrever: “Vamos começar a escrever o poema escolhido. Vou escrever tudo o
do professor.
que vocês me ditarem, mas tentem falar devagar e um de cada vez, para que eu possa escrever tudo que
vocês me disserem”.
Propor questões que ajudem as crianças a observar a unidade gráfica do poema (linha do verso, tre-
Observar a disposição
gráfica do texto cho da estrofe). Por exemplo, se a criança ditar duas linhas de uma vez, você pode perguntar: “Olha só, até
(linhas, verso
e estrofe).
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aqui eu escrevi uma parte do que você me falou. Onde eu escrevo a outra parte, junto com essa ou em outra li-
nha?” Ou ainda: “Tudo isso que vocês me ditaram agora é uma estrofe inteira. Continuo escrevendo ao lado desta
linha ou em outra?”
Reler a parte do poema que já foi escrita para que as crianças o recuperem, se localizem e continuem ditando a
partir do ponto que pararam.
Reler o poema, após ter sido escrito por inteiro, para que as crianças decidam se falta algo: “Vou reler
Verificar se há
modificações para o que me ditaram para que vocês possam verificar se é necessário mudar algo, para que fique igual ao poema
fazer no texto.
que conhecemos”.
Possíveis adaptações
Caso o desafio proposto nessa atividade se mostre muito difícil para algumas crianças, você pode compartilhar
suas decisões de quebra de linha, de estrofe e de verso. Por exemplo, assim que elas ditarem uma parte, diga
que aquele pedaço é uma estrofe do poema e que nela há três linhas e que por esse motivo você vai escrever
um verso em cada linha e separar as estrofes.
Se o desafio proposto parecer muito fácil para algumas crianças, você pode propor que elas se revezem no
papel de quem vai escrever. Assim, além de ditar o poema, elas terão também o desafio de escrevê-lo.
Ao participar de uma escrita coletiva na qual elas ditam e acompanham o que o professor escreve, as crianças podem
aprender alguns comportamentos de escritor e atentar para as características gráficas do poema.
Ao reler para as crianças aquilo que foi ditado, solicitando que pensem sobre a necessidade de mudar algo
no texto, contribui-se para que elas se apropriem da linguagem escrita nos textos.
Atividade 7
Roteiro de trabalho
Preparação
Garantir que cada criança já tenha escolhido o poema que vai recitar e que o saiba de memória. Para esse
dia prepare uma folha com os poemas escolhidos pelas crianças escritos em letras de imprensa maiúsculas.
Organizar os grupos. Para isso, retome com elas os poemas que escolheram e organize as crianças de forma
que estejam no mesmo grupo que aquelas que escolheram o mesmo poema. É importante que cada grupo
tenha 4 ou 5 crianças. Caso necessário, organize mais de um grupo para o mesmo poema.
Contar às crianças, já no pequeno grupo, que elas vão treinar a recitação do poema para a apresentação.
Entregar a folha com o poema escrito para cada criança do grupo e contar que naquela folha está escrito o
poema que elas escolheram. Ler o poema em voz alta e pedir que acompanhem a leitura.
Explicar que elas vão, no dia do recital, declamar o poema em diferentes vozes, cada criança dizendo uma
ou mais estrofes.
Combinar qual passagem cada criança vai recitar e, na frente de cada uma delas, marcar essa parte no papel
em que está escrito o poema. Explicar que você fará isso para que elas possam acompanhar a recitação do
colega e saber quando será a sua vez de recitar.
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Conversar com as crianças sobre qual seria a melhor maneira de recitar um poema. Nesse momento, você
pode retomar a conversa que tiveram na primeira atividade sobre a importância de ler um poema com ritmo
e entonação.
O que as crianças
podem pensar,
dizer e fazer.
Realizar a primeira recitação com diferentes vozes e explicar ao grupo que elas devem ficar atentas enquanto
Recitar sua parte do
poema considerando cada uma delas recita a sua parte, para que possam saber quando é a sua hora de recitar. Nesse primeiro ensaio,
a ordem sequencial
do texto. ajude as crianças informando o momento de cada uma recitar.
Propor às crianças do grupo, após o primeiro ensaio, que conversem sobre como melhorar a recitação,
Identificar o que
pode ser melhorado considerando entonação, ritmo, expressão, altura da voz, clareza na fala etc.
na recitação.
Possíveis adaptações
Caso o desafio proposto nessa atividade se mostre muito difícil para algumas crianças, você pode se colocar
como um integrante do grupo, recitando uma parte do poema. Dessa forma, as crianças terão uma parte menor
para decorar e recitar.
Se o desafio proposto nessa atividade parecer muito fácil para algumas crianças, você pode propor que elas
formem duplas e não grupos para recitar o poema.
Ao propor que as crianças conversem sobre o seu desempenho, possibilita-se que aprimorem alguns proce-
dimentos de recitação de poema, como ritmo e entonação de voz.
Atividade 8
Conversar sobre a importância das crianças ficarem em silêncio e atentas à recitação dos colegas.
O que as crianças
podem pensar,
dizer e fazer.
Organizar a ordem da apresentação dos grupos e chamar a atenção para a organização das crianças que
Pensar sobre a
posição que devem estão recitando e como devem colocar a voz, para que todos possam ouvir: “Como vocês devem ficar, enquanto
ficar durante a
recitação e como se apresentam, para que todos possam vê-los? E para que todos escutem como vocês devem declamar o poema?”
colocar a voz.
Conversar com as crianças sobre como foi a apresentação dos grupos em relação à maneira que eles
Pensar sobre
como melhorar recitaram considerando o público: “Todos conseguiram ouvir a recitação dos grupos? O que podemos
a recitação
considerando os melhorar na maneira de recitar os poemas?”
desafios de se
apresentar
em público.
Propor que as crianças falem sobre como foi o desafio de se apresentar em público. Você pode dizer:
“Como vocês se sentiram ao se apresentar? O que foi mais difícil?”
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Combinar que elas ensaiarão até que estejam seguras para convidar seus pais ou outras crianças para o recital.
Possíveis adaptações
Caso o desafio proposto nessa atividade se mostre muito difícil para algumas crianças, você pode propor,
antes do ensaio final, um ensaio no qual um grupo apresenta para apenas outro grupo, sem que todos da
sala assistam.
Se o desafio proposto nessa atividade parecer muito fácil para algumas crianças, você pode propor um ensaio
final com a presença de outros adultos da escola.
Ao propor que as crianças conversem sobre seu desempenho, possibilita-se que aprimorem alguns proce-
dimentos de recitação de poema, como ritmo e entonação da voz, desenvolvam atenção sobre a linguagem e
pensem sobre a sua própria ação.
Ao pedir que as crianças recitem respeitando o seu momento de falar e o momento do outro, possibilita-se que
atuem de maneira colaborativa, identificando sua contribuição para o trabalho conjunto.
TRILHAS
Iniciativa:
Instituto Natura
Realização:
Programa Crer para Ver, Instituto Natura
Desenvolvimento:
Comunidade Educativa Cedac
Ficha Técnica
Programa Crer para Ver, Instituto Natura Equipe da Gerência de Educação e Sociedade, Instituto Natura:
Coordenação: Maria Lucia Guardia, Lilia Asuca Sumiya, Maria Eugênia Franco,
Maria Lucia Guardia Fabiana Shiroma, Eliane Santos, Isabel Ferreira, Luara Maranhão,
Marcio Picolo
Comunidade Educativa Cedac
Coordenação: Edição de texto:
Beatriz Cardoso e Tereza Perez Marco Antonio Araujo
ISBN 978-85-7783-075-6
“ESTE CADERNO TEM OS DIREITOS RESERVADOS E NÃO PODE SER COPIADO OU REPRODUZIDO, PARCIAL OU
TOTALMENTE, SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA E EXPRESSA DO PROGRAMA CRER PARA VER, DO INSTITUTO NATURA,
COMUNIDADE EDUCATIVA CEDAC .”
CADERNO DE ORIENTAÇÕES
POEMAS
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O QUE É O PROJETO TRILHAS
esde 1995, a NATURA desenvolve o Programa Crer para Ver, que tem o objetivo de contribuir
para a melhoria da qualidade da educação pública do Brasil. No contexto desse programa,
o Instituto Natura desenvolveu, em parceria com a Comunidade Educativa CEDAC, Organização
da Sociedade Civil de Interesse Público, o projeto TRILHAS, que visa orientar e instrumentalizar os
professores e diretores de escolas para o trabalho com os alunos de 6 anos, com foco no desenvolvimento
de competências e habilidades de leitura e escrita.
Este material contribui para ampliar o universo cultural de alunos e professores, por meio do acesso à
leitura de obras da literatura infantil. A escolha da leitura como principal tema do projeto justifica-se
por ser uma estratégia mundialmente reconhecida como determinante para a aprendizagem e melhoria
do desempenho escolar ao longo de toda a vida do estudante.
Esperamos que você possa utilizá-lo da melhor forma para que a melhoria da educação pública seja
concretizada em nosso país.