Você está na página 1de 3

Lévi-Strauss

Entre as múltiplas abordagens que o campo das ciências sociais conheceu no século
XX, essa ocupa uma posição particular: nem releitura ousada de um sistema explicativo já
reconhecido, nem teoria regional de uma classe de fenômenos circunscritos, a antropologia
estrutural é primeiramente um método de conhecimento original, forjado no tratamento de
problemas particulares a uma disciplina, mas cujo objeto é em princípio tão vasto e a
fecundidade tão notável que ele rapidamente exerceu uma influência muito além do campo de
pesquisa que o viu nascer.
Obra científica considerável de Lévi-Strauss não deve fazer esquecer a importância de
sua reflexão moral: denunciando sem trégua o empobrecimento conjunto da diversidade das
culturas e das espécies naturais, ele sempre viu na antropologia um instrumento crítico dos
preconceitos, sobretudo raciais, enquanto um meio de aplicar um humanismo “generalizado”,
ou seja, não mais, como no Renascimento, limitado apenas às sociedades ocidentais, mas que
considere a experiência e os saberes do conjunto das sociedades humanas passadas e
presentes.
Sistema Prisional Panóptico
Dentre os dispositivos de vigilância do início do século, podemos destacar o
Panóptico, de Jeremy Bentham, um mecanismo arquitetural, utilizado para o domínio da
distribuição de corpos em diversificadas superfícies (prisões, manicômios, escolas, fábricas).
Não havia nenhum ponto de sombra por conseguinte, tudo o que o indivíduo fazia
estava exposto ao olhar de um vigilante que observava através de persianas, de postigos
semi-cerrados de modo a poder ver tudo sem que ninguém ao contrário pudesse vê-lo.
Um indivíduo qualquer, quase tomado ao acaso, pode fazer funcionar a máquina: na
falta do direito, sua família, os que o cercam, seus amigos, suas visitas, até seus criados (...)
Quanto mais numerosos esses observadores anônimos e passageiros, tanto mais aumentam
para o prisioneiro o risco de ser surpreso e a consciência inquieta de ser observado.
A punição aparente, fictícia, produziria um bem para todos - a ordem, a disciplina -
enquanto não produzia nenhum mal, exatamente porque o "mal" produzido teria sido forjado.
Entretanto, como a onipresença não pode ser um atributo humano, resta forjá-la,
simulá-la, quer por rondas aleatórias, quer pela arquitetura do lugar, que permite a cada um
dentro das celas ser facilmente visto, ao mesmo tempo, em que dificilmente vê quem o vê.
E isto de várias, maneiras: porque pode reduzir o número dos que o exercem, ao
mesmo tempo que multiplica o número daqueles sobre os quais é exercido (...) Sua força é
nunca intervir, é se exercer espontaneamente e sem ruído (...) Vigiar todas as dependências
onde se quer manter o domínio e o controle.
Nele vêm-se reunir a cerimónia do poder e a forma da experiência, a demonstração da
força e o estabelecimento da verdade (...) A superposição das relações de poder e das de saber
assume no exame todo o seu brilho visível.

Becker
Seus trabalhos são notadamente significantes, pois escolheu grupos sociais singelos
que viviam em sua cidade natal e estudou seus comportamentos, suas regras próprias e qual
sua relação com o outro, aquele que não faz parte do grupo seleto, porém é numero no maior
de todos os agrupamentos: a sociedade.
Os grupos formados volitivamente pelas aptidões próprias possuem suas
características peculiares, pode-se então assim entender que cultura própria e a determinação
que parte do cerne da estrutura do grupo, são definidas por regras informais e seguidas
fielmente por aqueles que perfazem as fileiras do agrupamento – “…alguns desviantes
(homossexuais e viciados em drogas dão bons exemplos) desenvolvem ideologias completas
para explicar por que estão certos e os que desaprovam e punem estão errados” – (BECKER,
2008, p.
Essa concepção também traz a liberdade de escolher um grupo e estudá-lo sem se
preocupar com definições clínicas ou se o grupo visa estabilidade da sociedade, ou não,
porem, simplesmente, estuda os comportamentos dos indivíduos desviantes perante as regras
criadas.
22 do Decreto 3179/99)é crime válido em todo território nacional, para um povoado
distante de pescadores somente será considerado crime o ato que moralmente atinja o grupo,
como, por exemplo, não dividir os espólios da pesca em uma demanda de pesca conjunta.
Se a interação entre os sujeitos define a ação social e todo o fato social, se a pulsão
humana age de forma a denegrir os sentidos mais sofisticados do próprio ser em prol de sua
satisfação, então os estudos da sociologia do desvio e do crime crivam a assertividade dos
estudos de Becker: o comportamento dos indivíduos só é compreensível a partir das
interpretações que cada um faz dos mecanismos de interação social em que se encontra
envolvido, a partir dos laços que o prendem a um agrupamento social.
Dizer que uma minoria é um grupo desviante e que se moldou durante anos como tal é
aceitar a relação de poder que um grupo tem em relação a outro, e entender qual a relação do
grupo estabelecido para com o Estado é essencial para que se possa compreender as formas de
controle e domínio, e mais relevante ainda, as maneiras que são realizadas e quais os
instrumentos são utilizados para se obter esse controle e esse domínio.

Você também pode gostar