Você está na página 1de 15
ase ASOMBRA EA Luz no tempo e no espaco, portanto to pleno e to hamogéneo que a liberdade do Sujeito ndo tem mais lugar. As forgas de contestagao assemelham-se sempre aquelas que combatem a dominacéo, como a industrializagao socialista quis ser uma versao aperfeigoada da industrializago capitalista, mais racionalizada ainda que ela. Igualmente as culturas alternativas, ‘como os regimes neocomunitétios, exercem um controle cultural mais, forte que as industrias culturais da sociedade liberal: a propaganda infui mais na construgao das necessidades que a publicidade. It de todos os modelos de perfeicéo que é preciso desconfiar. Capitulo V © QUE E A DEMOCRACIA? A tepresentagao da democracia invertou-se apos 0 século XVI meitamente a tinhamos definido pela soberanta popular e pela dé de um Antigo Regime baseado na hereditariedade, no direito divino ¢ nos privilégios. Ela se confundiu entéo com a idéia de nagéo, em particular hos Estados Unidos e na Franga. Mas o temor de uma ditadura e revolucionétia, a exemplo do Terrot na Franga, e sobretudo a pre néncia orescente dos problemas econdmicos sobre as questdes politicas substituitam no século XIX a idéia de soberania popular pela de um a0 servigo dos interesses da classe mais numerosa, e a idéia de pela de povo, antes que esse, por sua vez, se transforme em classe operdria. Mais genericamente, a democracia torna-se representativa Benjamim Constant a Norberto Bobbio, seus principais pensadores Este equilibrio entre o universal e o particular, a razéo € 0 >] rompeu-se, por sua vez, e nossa imagem da democracia revela-se defensiva. Falamos dos direitos do homem, da defesa das minorias, limites a serem tragados ao poder do Estado e ao dos centros de p ccondmico Asin, 8 GEROSGES, Iainene SARS ase 0..9UE tA DEMOCRACIAT ‘Sociedade, aproximou-se progressivamente da idéia de Sujelto, du qua! fla tende a tomar-se a expressao politica. Isso explica pordue minha anélise do Sujeito na sociedade modema termina com uma teflexdo sobre a democracia. Da soberania popular aos direitos do homem ‘Aqueles que um dia se consideraram cidadaos, que descobriram que o'poder era uma criagao humana e que sua forma podia ser tansformad” por uma / cessaram de acreditar ‘sem’ Teservas, na stadigoesounomdireitorivine. A soberania do povo e os direitos do. yhomem "pareceram ser, heete momento fundador, as duas faces da democracia{® homem afirma sua liberdade colocando-se como cidadio, = é a criagéo Ga Repiblies) tanto nos Estados Unidos como na Franca, que daa garantia Tis sdlida aos direitos individuais. (RIsbotiaaleemoeracle prema historia da separagao ae desses dois principios, da soberania ‘popular e dos direitos ‘A idela de soberania popular tendeu & deformar-se numa idéia de um poder popular que faz pouco caso da legalidade e se enche de aspiragSes revolucionarias, enquanto a defesa dos direitos do homem muitas vezes reduziu-se a defesa da propriedade. Hoje, 0 poder do Estado “popular” conquistou um tal poder, destruiu tantas vezes os movimentos ‘ao mesmo tompo que a5 publicas, que se tormou completame! cias “populares” contra @ democraca “burguesa", 0 a bordado “Teal” jbontfa a liberdade “formal Nos pensamos, pols, que = democracis 50 © forte quando ela subnets 0 poder politico ao respeito de direitos cada vez mais amplamente definidos, primeiramente civicos, mas também sociais, e até culturais. eH erates do Homentenconta tants fora ¢ e o objetivo : 50 conta um poder "Rovo e delxa cada vez Passando assim da idéia unificadora de soberania popu para & defesa dos direitos, em primeiro lugar do direito dos governados escolhe- rem seus govenantes, a democracia resolve combater em duas frentes e néo mais em apenas uma. Ela deve combater 0 poder absoluto, 0 do despotismo militar assim como o do partido totalitério, mas deve também ‘estabelecer limites a um individualismo extremo que poderia dissociar completamente a sociedade civil da sociedade politica e deixar esta entregue a atividades facilmente corruptoras ou ao poder usurpador das administragbes e empresas. NASCIMENTO DO SuseiTO 48 Bem poucos ainda ousariam defender a concepgao popular da democracia, que com tanta frequéncia serviu de cobertura ‘penetre na vida social, isto é, no dominio dos valores Sean wae e mesmo no da expenéncia mais subjetiva, a do gosto e do juigamento NASCIMENTO DO SUsEITO 388 BBOMCON dificuldade é imensa e é grande 0 risco de recait na imagem autoritaria de um racionalismo que destrdi ou despreza tudo 0 que lhe parece irracional, desde o sentimento amoroso a religido, do imaginario tradigéo. E esta dificuldade qu@{Gig@mlHabenmastentou superar. le descarta duas solugSes extremas: reduzir o ator humano ao ‘Pensamento cientifico € técnico, @ razdo instrumental, e, no sentido “invers0, apelar para os particularismos do individuo ou da comunidade ‘Gonitta aS exigéncias do tacionalismo, Fic etitiea, segundo Adomo Torkhe‘n-e1, a dominagao do pensamento que ele chama estratégico, mas ele tem um hortor absoluto pelo apelo a forcas populares ~ vTs'scli~ nue ‘Tevoll 0 azismo para a Alemanha. Ele acredita na|pOseibiliGiadeldeltaZeD apatecer 0 universal na comunicagao entre as experiéncias particulares “niutridas pela particularidade de um mundo vivido (Lebenswelt), de ume Sigaltures Nao nos devemos contentar com os compromissos oferecidos pela politica liberal, nem mesmo com uma tolerancia que justapde os particu larismos em vez de integra-los (Devemios aceitar que nao ha democtacia ‘sem cidadania, e nao ha cidadania sem acordo, no apenas sobre procedimentos ¢ instituigSes, mas também sobre contetidos. ‘Como ligar, porém, o universal ¢ o particular? (Pela eomiuiniGagaoyet ae Fee Caren rene ara ate Pera a cracia que 0 contfonto dos interossos lovando a compromissos © a (Gerantias jutidieas. Como pode se realizar, porem, essa passagem da vivencia 20 (penseinentole) GOlpartieulanadluniversalgycomo podemos dover a ancenie Cones Co GS CD universal da razdo ao particularismo da f, da tradigao e da cor ‘Habermas da ao problema da democracia moderna uma amplitude muito maior do que Ie atibul em geal a cinta police eae aaa SI io vo fone csoctrtato medoma pels seonecto crescente, diz Habermas seguindo a Piaget, @HHS\S/SbjeuwoyosOulanenD BAGSAVGI 40 perdeu ela todo principio central de unidade e nao apela ‘para uma teoria da comunicagao qud@ejalUiiiel teOHial da intereomipreensae @iporlissolalSoeialidade? Habermas lembra constantemente quesmAGl existe democracia sem escuta e reconhecimento do outro, sem busca lo que tem um vi ta uma pielerenciayA celiberacao democratica, em um Parlamento, diante de um 28.8 0 OVE EA DEMOCRACIA? tribunal ou na midia \eiramente que se reconhega uma certa GeNaaA arcs ic ee a SSS Te a eT se a ‘evoluntariamente alomdas frontewas dasociedade, Tss0 Teva ciretamente rafirmagio classica — que Habermas tomaemParsens ¢ este de Durkheim ~ segundo a qual os julgamentos morais ¢ sociais s80 meios de manuten- @ de reprodugao dos valores culturais, das normas sociais ¢ dos er cata’ 5 fo Caso dos julgamientos eststicos, Coma rnlcagéo val mals longe que no dos juizos morais, j4 que ela se refere a uma condigéo humana ou a procedimentos do espirito que tém uma natureza quase universal, ou que pelo menos se aplicam em um conjunto mais vasto que uma sociedade, e que chamamos as vezes de civilizacéo. Habermas reine assim 0s numerosos tedricos para os quais (iilajSOGIe> tem exigéncias tanto de integragdo social e de mar valores culturais quanto de produgao; em termos mais concietos, onde Mas se esta concepgao tem bastante forga diante da coneepya0 instrumental extrema que reduz a vida social agdo técnica, a0 choque dos interesses e aos compromissos que se estabelecem entre eles, ela esta exposta as criticas tantas vezes apresentadas neste livio, em particular contta a idéia da correspondéncia entre as instituig6es que fazem respeitar 08 valores e as normas ¢ os individuos socializados pela familia, pela escola ou por outros agentes de socializacao. Na realidade(@istaimal distancia ‘constante entre o sistema e os atores, porque o sistema tem também como ‘meta o seu proprio poder, € 0s. “seja ela de que lipo for. Isso impede que se acelte a imagem Ga soofedade para a qual apela Habermas, que é a sociedade de um soviet} cconsiante do particular para 0 universal. no qual a vida publica desempe- nha um papel de uma Bildung que eleva os individuos acima de si Tmesmosed ests {ihadem, qe Teduz 2 comunfedyao a escuta atenta co mou eMeliberacdo preocupada antes de tudo com o bem comum, é preciso opor o que se interpée entre as consciéncias, 0 fluxo das informa- Ggées, das linguas e das representagdes controlado pelos poderes do mesmo modo que os fluxos de dinheito e de decisao. _O que Habermas lembra com razdo ¢ que 0 conflito social nunca € lum contronto compieto, um jogo sem tesuilady coin a islayao do Porque nfo hé conflite soci! ‘sem teferencla cultural ComuM aos dois adversdrios, sem historicidade pattilhada, O debate democratico, pois, combina sempre t1és dimensdes' ‘© consenso, que @ a Telerencia as onentagoes cuiturais comuns, v Cuuiitiv, NASCIMENTO DO SuseITO as? figdo, uma historia cujo procedimento hemenéutico descobre 1 presenga e cria uma disténcia insuperdvel com outras tradig6es. ‘Ao ponto de nds mesmos experimentarmos a maior dificuldade em reunir, hoje, as artes da representagdo que triunfaram com a modemidade classica ¢ as artes contemporaneas que tendem a ser linguagem ou lirismo, mas sem referéncia a um objeto para representa. que toma formas a @steliea, parecem-me que sO pode ser vencida se concedermos um valor universal, como um dos fundamentos da modemidade, a afirmagao livre do Sujeito. Habermas no deveria se opor a isso porque, se ele critica a idéia de Sujeito em nome da intersubjetividade, 6 conferindo @ idéia de vavia dado 1 i avia egel €, antes dele quanto ele de um apelo ‘a um tal principio, temo que ele néo facilidade substitui-lo pelas idéias cldssicas de ae e ae Teintroduzidas sob 0 nome de (GRGRGOWAVISON(LABEREWER). Iss0 tira da vida social seu carater dramatico mas dinamico. Nos nos aproximamos 0 maximo do universal, e assim da_modemidade, reivindicando a_nés _ Mesmos como Sujeitos, transformando nossa individualidade, imposta por "0850 ser , em produugao do nosso Eu, em subjetivagdo Festa ‘Brodugao de si so se opera na e pela luta contra 03 aparelhos, sobretudo contra os sistemas de dominago cultural, em particular contra o Estado quando este domina tanto a cultura, como a vida politica e econdmica i fato de no se constituir a néo somo sujeito reforga ainda esta idéia central: 6 0 sujoito, ndo 6.0 intersut: a produgéo de si, néo 6 a comunicago, que ‘0 fundamento da cidadania e dio um contetido positive a democracia, ‘Um exemplo recente ilustra esta idéia. Parecia existir na Franga um debate tradicional sobre a definigao da nacionalidade entre os defensores do direito do sangue, téo predominante na Alemanha, e os defensores do direito do solo, mas facilmente admitido pelos paises de imigrago, Pois bem, a comissao de reforma do Cédigo da Nacionalidade, reunida pelo governo em 1987, afastou-se rapidamente desta posigo cléssica e, para gurpresa geral. chegou a um consenso exulicito sobre a oronoaicho de que 388 0 OVE fA DEMOGRACIAT anacionalidade devia ser o resultado de uma escolha pelo recém-chegado, que essa escolha devia ser facilitada o quanto possivel, e que a Franga devia conduzir uma politica de integragdo e nao de rejeigéo ou de ‘marginalizago dos imigrantes. Esta concluséo tinha um alcance geral: contra todas as definigdes, seja das maiorias, soja das minorias através de ‘uma natureza social, uma heranga cultural modelando os individuos, ela ampliou 0 que se chamou de@eiinigeelirancesalea(acionalidade - a vontade de viver juntos - sem afirmar que para ser frances era preciso deixar de ter outras ligagdes. Contra todas as formas de determinagao automatica da nacionalidade ~ pelo lugar de origem ou pelo nascimento -, foi declarado que o status nacional devia resultar o mais possivel de uma escolha. Bu teria desejado que tivéssemos ido ainda mais longe e perguntassemos a todos, fosse qual fosse a situagéo nacional de seus pais ou avs, {que fzessem explctamente tal esotha Somento este apelo 8 aos quais eles procuram dar (Socials Opostas) Em lugar de se entregar a um racionalismo generalizado, tentativa para retornar ao reino da razdo objetiva e estender o espirito das luzes, @)pRSGisO WOltanSe Bate) ‘como um debate sobre 0. ~ aposta ~ entre os atores: sociais opostos e complementares. Este apelo ao Sujeito, no entanto, ndo pode ser uma nova verso do apelo 4 razdo ou a modemidade prdpria a filosofia do Iuminismo. Para esta, tratava-se de se desprender do particular a fim de onientar-Se para © universal. Eu, a0 contrério, (@@HS| que )Ojapelo}a)Sijeitoy significa) mesmo tempo e de maneira indissociavel, 0 engajamento em um conflito (Social © uma orientagao cultural Nao se pode Construir una soctedace’ ‘sobre a fazao € menos ainda sobre o Sujeito. Esta ultima ilusio seria mals perigosa ainda que a precedente que levou as catastrofes provocadas pelos regimes comunistas @Japeld ao Sujeitolnad 6 Ui pHneIpio(que POSEa) ‘em desprender o universal e partir do particular, tornamos a cair nas ilusdes racionalistas; se, ao contrario, vemos interlocutores encerradas em dentidades e culturas inteiramente diferentes, somente 0 amor ou 0 édio NASCIMENTO D0 SuJEITO a8 podem se estabelecer entre eles. Num caso, 0 conflito desaparece; no ‘outro, ele se toma total e insuperdvel. De fato, @/@omiuniGagad 6 0 face a) face dos locutores e ao mesmo tempo a transmiss4o de mensagens de um para o outto;,ela € Nuxo de informacées, mas também sinal do trabalho io que cada um realiza de seu lado e que procura reconhect: JO que a idéia de comunicagao traz € sobretudo negativo: aqui a eee nao é@ mais apoiada pela histéria, pela natureza ou_pela ‘vontacie civina; ela 6 interagdo, troca, em uma palavra, agéo 1ss0 leva ao era visivel na sociedade industrial. Semel devemos elminar mais os confitos do que a falar do trabalho; devemos, ao contrar:o, tragé-los aparecer plenamente porque a comunicagéo 6 0 Ccontrério da informagao e mais ainda da expresso de si. Se expressa0 ‘tiunfa sozinha, ela se fecha na consciéncia ¢ na afitmacao de si, levando os do culturalismo ou do diferencialismo absoluto: Se a 6damesma nainieza que o do daheito, Se reece oe gs de mode 8 SE proesatvan bes 8 capes Co prema os fas eee (Gociedade de consume O debate democratico existe se as demandas ‘socials comandam a vida politica mas s4o por sua vez comandadas por orientagdes culturais, das quais elas constituem as expressoes sociais, opostas e complementares. Um conflito social central, mas numa conjun- tura cultural comum aos adversérios, tal é a condigéo fundamental da democracia. A liberdade de escolha dos governantes, sempre indispen- savel, nao basta para constituir a democracia Habermas pensa com razo que a democracia néo pode ser reduzida {0 compromisso, que nio existe cidadania sem consenso, mas ele procua mat Tarela cific, pore © macomo fala de contadigtes ene clases, de las mortals entre forcas produtivas e relagdes sociais de producac 5 a0 contrario, errr rye rr lentro _ grandes desafios da modernidade. jisso quer dizer que nenhum ator social 'se pode identificar completamente com a modernidade, nem os aparelhos que dirigem as indstrias culturais, nem a subjetividade dos individuos © dos grupos que defendem uma tradicéo ou uma comunidade, ao mesmo tempo que afirmam os direitos do sujeito. Eu suspeito que Habermas 29. 0.0NE fA DEMocRACIA? sacrifices a dimensao conflitual \cia dos atores frente ogica « dos sistemas, é com esperanga fyos}epurculerdsde de seu imundo,vivido pudeeee ser inoorpertda 20 seu I9uEto nao tem sentido concreto a ‘nao Ser em uma perspectiva liberal, que nao 6 a de Habermas, de que 0 mercado respeita o maximo de diversidade e de complexidade (lange me ), debate nao desembocam sobre a integragao das Bs e@ }, eles 6 podem pér as claras o insuperdvel conflito entre ‘poder dos aparelhos e a liberdade do sujeito pessoal A cane on as duas perspectivas provém sobretudo do fato de sem contetdo, i a -dedefesa, ie nia de vont de He 2 2- idade ou perd me es saan oroveactel noes oaTtanoee, ‘Ora, hoje € exatamente esta dissociagdo entre o mundo vivido e as ‘organizagdes que ¢ denunciada pelo pensamento critico e que provoca 0 mascimento desses novos movimentos sociais que néo conseguem orga- nizar-se, precisamente por se colocarem mais fora da sociedade do que contra o poder, ¢ que estéo mais préximos da contracultura que de uma cao reivindicativa. d\Woltaf atts, a8 Sonos da racionalidade objetiva, Je ndo conceber o mundo vivido como o da organizagéo social ¢ cultural, Ser citace yeaa een oT Seer ‘E necessario acrescentar que este debate nao ‘Somente tedrico, mas que ele opée a dificil busca de novos movimentos de contestagao ao ressurgimento do liberalismo racionalista. Ainda aqui, a vertente filoséfica do pensamento social voltou-se para a busca do Um NASCIMENTO DO SUJEITO ay perdido, enquanto que o pensamento sécio-historico é mais sensivel as formas cada vez mais extremas de ruptura da ordem do mundo. Para muitos a democracia é definida pela participagéo; para mim, ela 6 definida pela liberdade, pela criatividade dos individuos © dos grupos, da mesma forma que ao nivel das relagdes interpessoais, 0 amor é ioe ObNGe 8 emets opsro UnlVereasm 8 o partculaismo, nao mats do que.a razdo ea religido, ou a tecnica e a comunidade, Aemnsetaeil la A democaneoa ‘aparece frequentemente como contraditei Sigs ects poh ee evenisaa ala Bary A democratizagao Esta reflextio nos fez passar de uma anélise das instituigdes democré- qiGas 4 andlise da agao democratizante. A primeira parte da importancia fundamental dao eleicbes livres, mas ea se prolonga po: iS sobre a cidadanta ea particp oe sobre a idéia de Tempo que combatem os interesses + ahi rate cacEy! Biveuato. A Tistoria Mostrou Multo bem que Os Yegimes democraticos se formaram realmente Ié onde a secularizagao ¢ a racionalizagdo triun- faram, mesmo que no prinefpio tenha sido uma monarquia absoluta 0 agente principal da modemizagao. Esse tipo de andlise nao pode de forma alguma ser desca:tado({i imipossivel fazer vinigar um Yeginie|GeiMiOGrstied GHAOTSMATG|UMYSBp 2 unidade de uma religido de Estado, a de um poder absoluto ou a de uma cultura definida por sua oposicéo a outras qa sociedade que se define acima de tudo por sua identidade, e mais aind ‘Por sua ser tica; Por do uma logica que 5 bene o sta, © qual reduz entao a sociedad: Esta andlise, contudo, pode levar a confusbes to graves que ela deve ser examinada de maneira critica. N4o se pode aceitar sem resisténcia 49.2 OOUE EA DEMOCRACIA? que ados a regimes autori- Watiogy = verdade quo nao somente existe uma correlagao evidente entre OFegime democrético e a modernizaco econdmica, como também, como jf vimos, que os elementos constitutivas da democracia -@ISSRSSaHE privada, segmentada em tiibos © em etnias e dominadas por conquistadores. Podemos adiantar também uma outra hipétese, a saber(@jaait a nos afastamos do desenvolvimento endégeno, mais nas sociedades civis fracas dirigidas por um despotismo esclarecido ou Tes. Isto relntioduz a iddia de Tevalugho, que este livro claramente descartou por muitas vezes. ‘Nao podemos nés assinalar as forgas sociais ou mesmo culturais que ‘se opdem ao Estado autoritario ou ps-revoluciondrio? Diante dos regimes autoritarios modernizadores, do tipo alemAo ou japonés, depois turco, mexicano ou brasileiro, no foi a mobilizagao social de orientagao quase ‘sempre revolucionaria, que contribuiu para o desenvolvimento da socie- dade civil, como vimos na Alemanha pés-bismarkiana, ou no Japao, antes do triunfo dos nacionalismos extremos, no momento da grande expansao_ imperialista, ou ainda na Coréia do Sul durante os tiltimos decénios7¢ esta orlentagao revolucionaria ‘ou antiimperialista que 20 de Cardenas? Hoje, porém, é preciso ir mais longe, pois o século XX viu constitul- Tem-se regimes cada vez mais totalitarios, do comunismo spvidtico ou maoista d revolucao islamica, que{fi@)iiiieio se apolaram numa revolugab Socal, transformando-a rapidamento em um poder totalitri repressor. (ao € necessario dizer que somente as forgas culturais, mais mobilizado- tas ainda que as forgas sociais ou institucionais, s4o capazes de resistir a 89s regimes ¢ constituem o fundamento de uma democracia possivel? Os cet pcos OS ssuucanies o ee sca NASCIMENTO DO SUSEITO aa Sao fracas as chances da democracia em umn regime toalitrio onde gal contstnerb fo tclscon A quod dos woglnes toils 6 putad que ao ar aoe Teva a vitoria quase que passiva de uma democracia reduzida a uma livre escolha politica, cujo caréter superficial é rapidamente revelado pela fragilidade da participacao politica 2 mesmo dos partidos politicos, (@Gni0)Mimi0s ia|Uniao|Sovietica aposy> idbirota dolputseh dolverao@eN1901) As forcas de libertacdo cultural, pporém, mesmo sendo frageis, em conjunto Godehilinidioan eal eoHgiGseS io nos paises mais ; afastados de um modelo SSeS ee desenvolvidos € um protesto moral e cultural que melhor resiste & influéncia da sociedade de consumo que absorveu a maior parte dos movimentos sociais da época anterior. Contra as induistrias culturais que ae a infornagao, € em nome do consumidor e néo mais do produtor, isto é, da cultura e da personalidade e nao mais da economia, ‘que se ‘movimentos sociais sobre cuja agao se funda a democracia. Nesses palses também, as demandas se formam com dificuldade, porque a sociedade de consumo exerce, sem violéncia, uma influéncia que néo Cael gape oe oneness, ag a debe: eficécie. Este paralelismo nao ¢ artificial; ele sempre se impés. Qauimeema: maneira que os movimentos as politicas antiimperialis- tas se ‘em parte, 0 que conferiu a0 m m™mosleninismo, vemos hoje em dia a critica cultural da sociedade de ‘Consumo encontrar a critica moral e politica da sociedade totalitdria, pois as duas formas de protesto apelam para a liberdade pessoal e para 0 Tespeito de uma identidade coletiva que se estence a toda a humanidade. ‘Néo voltemos @s facilidades de um liberalismo que se acomoda téo facilmente a miséria e & dependéncia de uma grande parte da humanidade que se afunda em uma sociedade de “consumo” onde o Sujeito humano $Be lil Contra os toteitanismos, mas tambem permanecendo afastado ears sociedade reduzida_a samen mercado, @@upreGisg eino) day Mercadoris. No Leste europeu sd se confia hoje em dia no mercado. 1550 se justifica, porque a volta A economia de mercado & indispensavel para eliminar a nomenklature. Contudo, @ passado ndo basta para construir um futuro e a fase de confianga a economia de mercado e na ajuda externa néo duraria muito, © ass OOUE EA DEMOERACIAT movimentos de protesto que se formam j4 podem evoluir em um sentido pperigoso, populista ou nacionalista, favordveis a novas solugdes autorita- nas. B urgente, pois, que so reflita a respeito da possivel formagao de ‘novos movimentos sociais que transformam a resisténcia ao totalitarismo Sein instituledes demoordticas: De mesma manetra, nos paises da America Tatina ou da Africa, que Voltam a liberdade politica, ndo ¢ apenas por uma abertura da economia no mercado mundial que serdo garantidas as lberdades, porque essa abertura pode aumentar ainda as desigualdades , portanto, apelar para solugées autoritarias: @ que 0 apelo a Iiberdade, associado a movimento de defesa comunitaria, seja mobilizado ara impeatr oiuno de uma democraca constr qu rpousa sobre @ ‘Assim, as eno da democratizacao nao se reduzem aos princi- ‘pios de funcionamento da democracia (AiRm@eetnizagae naOimiais Se Ted ‘4 modemidade em ato. Mas as lutas pela democratizagao se perverteriam desde que nao tivessem mais como objetivo @ autonomia da sociedade TGivil © de seus atores socials. Da mesma forma que as modemizagoes autoulatias desiizarain para a catdstrofe, desde que elas néo so mais consideradas meios transitérios para construir uma sociedade civil e um crescimento. "auto-sustentado” iS simultaneamente contra as miragens de um libera tals ao contro que & perieia, © contra o petigo mortal de um poder Tevolucionério ou nacionalista que coloca seus interesses no lugar dos 7 O espago piiblico ‘Nao existe socledade politicamente transparente onde a vontade de independéncia e de libertagao das exigéncias intemas se transforma inteiramente em instituigdes representativas. Entre essas instituigdes e esses movimentos de libertago politica manifesta-se sempre uma forte tensdo. As primeiras tendem a tornar-se oligarquicas, as segundas podem tomar-se_autoritrias ou populistas. Da\(@iBesssidaee sun /Ssteni NASCIMENTO DO SUsEITO 268 (0 papel dos joralistas e dos intelectuais numa democracta nao é opor laioritade popUlaraolpoder|do|Estado) o qual é nos regimes nao-demo- ‘claticos, mas combmnar o desianchar do desenvolvimento endégeno, em particular os conflitos sociais provocados pela utilizago socig] da racio- nalizagao, com a mobilizagio das forgas de libertagdo. @oiniiiai TSSMRCSISTAMBSHRAGAONNAGTEMAGPruitas forgas politicas e grande rnlimero de intelectuais fracassaram nessa tarefa, (ig @iSOeialcemoora =no sentido contemporéneo da palavra - @@BisileOm0 ‘Permitiram que esta combinagao existisse e criasse os espagas politicos: ‘mais democraticos, sto &, n&o somente aqueles onde as liberdades Tudo 0 mérlto de lutar com todas as suas (orcas @EAeeST SEE que se opde ao mesmo tempo & ert OG Re ‘20 nacionallsmo terceto: Sesto sécullo, Os tevolucionarios © os Met Hatton om vitendla © eerfore quando {slam doasos humanstas: entrotants ‘so eles os mais ‘Seu papel ¢ tanto maior & medida que os problemas da democracia s6 podem ser apresentados a nivel mundial, porque as relagdes interna- cionais pesam cada vez mais diretamente no funcionamento dos regimes politicos nacionais. ((68)BA0)|i168 jpodleitios jvanglotiar/aolbOmanciOonia Ce I também para o interior das fronteiras de cada pais onde, com muita freqiiéncia, a elite "esclarecida” se gaba de seu liberalismo, exercendo entretanto uma dominagdo ou gerindo mecanismos de exclusao que criam uma vasta zona onde a democracia néo penetra. B inadmissivel encerrar-se orgulh nte no mundo das lberdades sem se perguntar se essas servidoes, moa vin cs case supers dima iF tambem muito pertgoso ‘Chamar de democratica a invasao dos espagos de liberdade pelas massas populares logo transformadas em tropas de assalto disciplinadas e cuja Intervengio acabam por levar ao poder ditadores ainda menos liberais que as antigas oligarquias. & impossivel escolher entre a defesa das institui- 388 0.99 fA DEMOCRACIAT ‘ges democrétticas e a reivindicagao popular de participagdo: nao hé outra solugao senao combin4-las @Alemioeratizaead ialeubjetiv politica. (Da mesma forma que 0 ieee iene tea erdade coletiva, assim a democracia ¢ a0 mesmo tempo tana nialidade modema e defesa da liberdade pessoal e coletiva. Xo seculo ;passado descobriu-se que ela devia possuir um contetido ao mesmo tempo juridico e econémioo; hoje sabemos que ela deve possuir um contetido ‘cultural ¢ a0 mesmo tempo politico. Por muito tempo, a democracia apareceu como uma férmula politica que permitia @ burguesia desprender-se das \cias do Estado; a3 Thassas Populares, desconfiadas a seu Tespelto, e Iideres revolucionérios ou populistas a diminuigéo das injustigas sociais, Hoje, ao contrario, a direita e a esquerda nao democraticas desmoronam @ a democracia substitu a revolugéo como 0 mais mobilizador dos S@bjetivos, Assim se opera a reaproximacao das institulgoes democraticas edo movimento de democratizacéo, Nao chegou ainda 0 momento de explicar os memoraveis aconteci- mentos de 1989, os mais entusiasmantes que jé vivemos desde a metade do ano de 1786, de superar a oposi¢do entre a\concepedo negativa e @ Social, das institulgdes democréticas e da vontade de democratizagio, © dessa forma voltar a dar @ idéia de democracia um lugar central na reflexdo politica? Esse objetivo pode parecer banal, mas que néo é; porque, além de um unanimismo democrético, descobre-se rapidaments a (tgelde resisténcia de um liberalismo que reduz a democracia a um simples ‘mercado politica 6, ao mesmo tempo, de movimentos de Nbertaglo mats ‘Nao cedamos mais a tentagao, nascida no século XVIII, de identificar 0 homem e o cidadéo, esperanga grandiosa que provocou as maiores ccatéstrofes, pois levou a destruico de todas as barteiras que podiam limitar um poder absolut. (@i@lemetracijeiniveaide eonflindirolhomem (@ 0 cidadao, deve ao contrario reconhecer explicitamente, como a Decla- ‘Tago dos Direitos do Homem e do Cidado, que a soberania popular deve ‘espeitar os direitos naturais e até mesmo se basear neles As iedace “ais democtation € tamiben aquela que extabelece Os Hinifes mais estritos influéncia dos poderes politicos sobre a sociedade ¢ os individuosf significa que a sociedade mais modema é aquela que reconhece o mais NASCIMENTO DO SUSELTO v.07, _explicitamente possivel os direitos iguais da racionalizacéo e da subjet!_ vagio, e a necessidade de combiné-las. A democracia ndo 6 0 triunfo do Um ou a transformagao do povo em ee das instituigdes > sgolamento do um sistema potico que esaia ene a responsi com seus interesses prépros, suas lita intestinas e sua retérica To. preseao do Estado sobre a Sociedade € necessariaments Grande, to ‘urgente S49 os problemas da modemizagao e da concoréncia econémica miltar. (A tarefa prioritéria, portanto, éo fortalecimento do Sa do Principe ou a do mercado; a douosat aeae e eae de ordem resista 0 espfrito de lberdade, de independéncia e de lfesponsabilidade, 0 que confere um papel importante ao qile @ememina> mos, inadequadamente, a eae atenlla es oe ‘ns responseblidades com. respeto a s1 mesmos, Nout eetn acho ds ‘Bubjetivarso coe individuos, 2 democracia nao tem findamento solido. , O-espictto de Uberdade supée também que a lei onds ele ests inecrito inheiro, 0 clien- implica, como 0 dizem com justiga os defensores do espirito “republicano” na Franga ~ muito esquecidos, em contrapartida, da_dimenséo representativa_da Geioctacie ~ que 0 poder central faga aplicar a lel em vez de submetet-se (@Uintuenctawosamteressestoeals. No momento em que a lei e os eleitcs Gesaparecem diate dos conffontos com as gangues e apolicia, ou quando aqueles que opdem entre si grupos étnicos que disputam o controle de ‘um territério, no é mais possivel falar de democracia, mesmo se as eleigdes sejam livres ¢ os partidos se altemem no poder. @\@Gaiae! (Gemocraca, portant, som at oe pe om ae ‘mente a naturéza da ete drigente, ameacam mais do que 1 La (@etmocraeian A iterate pessoct nao se tedus ao-deber pared Cue pode encobnit o poder dos grupos econémicos dirigentes; também néo chegada ao poder de defensores do povo que podem formar uma nova elite dirigente, escapando a todo controle popular real. No ha democracia ane OL OME EN DEMOERACIAT a ei ein aca tcirncnnin tmnt: Tenunclar a separar a democracia formal da democracia teal, com a condigao, claro, de nao confundir esta com as ditaduras que se autopro- clamaram democracias populares. A personalidade democritica ‘Theodor Adomo, de formagao marxista, para compreender o nazismo elaborou @ nogdo de personalidade autoritéria, em parte sob a influéncia Sanford € de outros pesquisadores americanos cuja orientagéo a IFO regime nazista, que em geral 81a explicado por uma conjuntura historica ou mesmo pela personalidade ‘to dicey, depandi, segundo ele, no eu funcionamento ¢ sobretudo na fundamentos da democracia além de um tipo de desenvolvimento, @ etgana, que expla samen presage da Ybtcade ‘Campo police que convem buscar a razio do aparecimento e da sobrevivéncia dos regimes democraticos. (§@G)lia)Gemoctacia|solidalss) oe a0 Estado como frente ordem estabelecida, no existe ume: de iberdade pessoal que por sua vez se apoia na defesa de uma CUtural, Porcue 0 Marvidue separdce Ue tka tratiedo Maca Mais gpm consumer de bene matansesidlios, neape do ret: porque a democracta {01 40 areas ‘associada a uma {6 mss que trazia consigo, simultaneamente, as exigéncias da consciéncia e 0 apoio de um poder espiritual capaz de resistir ao poder temporal. Bi as forgas de controle social so Ses ao eet Go inte de empreendimento { jp Personalicade democratica € sociedade aberta se ‘com ‘As vezes, elas se desenvolvem conjuntamente; ¢ entéo que ia se toma mais forte AS apeiielial ss) desenvolve\eiijunib ‘permanece fechada e submissa a um poder absoluto ou a NASOIMENTO 00, suserro 269. fortes mecanismos de reprodugao da ordem estabelecida, o espitit. Serceiniom ese pele stances stceetwsvsmn-ae relvintl cance ‘Ao contrario, ‘OTe Sat UNTER aeTTGD (ig,gue_wirm do exterior ou-do interior, mas_onde uma autoride ou 6 largamente aceita, as instituigdes democr acas nao sao vivificadas pela personalidade democratica e a sociedaci Esta complementaridade da sociedade aberia e da personalidade democritica nada mais é que (@ialioValfonmalleal/associaGSGNeHtT> ‘Tacionalizagao e subjetivagdo na definigéo da modemidade. Nao ¢ a modernidade que produz a democracias ‘combinar a racionalizagao e a subjetivagao que define a \de. E por isso que ‘tanto o espirito de liberdade como a busca da eficdcia se encontram na orgem da modemidade. Mas de onde vem? (OESPIREOHSTACIOSLZAGAONAD dissemos mais de uma vez SHUN jpuigemimnevativa; 2 docomposicao dos sistemas de reprodugéo e de a ae pees orcene te ‘condigdes S40 diretamento ‘complementares one ¢ forte onde a ‘ordem politica e social ¢ fraca invadida em cima pela moral, embaixo pela gn Mdeiz ntelramente oposts aduela que prevaleceu durante muito tempo e que identificou a democracia com a participagao, com a instalagéo do povo no poder e com 0 reinado da matoria, ‘Nos reconhecemos a importéncia de todos esses componentes, mas ‘softemos por demais regimes autoritérios © totalitérios que apelavam & ‘alticipagao ¢ ao povo para néo sabermos hoje que a democracia repousa ‘sobre a limitago do poder central, como ensina o pensamento liberal. 1 Tore qe © preciso abanconar os debates entre pensamento Neral e pensamento de esquerda, porque ig) aenoGreeial Sea as idéias que um e outro defenderam, sem um 6 “uma sociedade aberta e sem uma consciéncia de cidadania, sia eas ‘Opostas na primeira abordagem, combinam-se, porém, desde que se coloque no centro da andlise a idéia de Sujeito @ a luta deste contra os aparelhos de dominagéo @j@ieimiooraeialinao) = Sonientslunilcon|untolue! 470 9..0UE EA DEMOERACLAT. rls id imo, tabalho «fn ontabata pernanetie para subordinar a organizacdo social a valores, sendo que nem um nem Conclusées IMAGENS DA SOCIEDADE A\ socioiogia constituu-se, no como estudo da vida socal, detinigdo or demais geral, mas definindo o bem pela utilidade social das condutas ‘observadas. Para esta sociologia cldssica o bem nio é a conformidade com @ ordem do mundo ou com as leis divinas nem a oriagdo de uma ordem. que contém as paixdes e a violéncia, mas a contribuigéo de um ator - ou. melhor, de um érgéo - para o funcionamento do corpo social. A vida de uma sociedade repousa sobre a interiorizagdo das normas, sobre a correspondéncia entre as instituigdes que elaboram e fazem respeitar as ormas e aquelas que se encarregam de socializar os membros da coletividade, em particular os recém-chegados, criangas ou imigrantes. 0 Individuo ¢, portanto, definido por seu status, a0 qual correspondem. papéis que s4o expectativas de comportamento da parte de outrem. O ‘Homo sociologicus nao é levado pelo interesse, mas por expectativas: 0 ppai 6 aquele que se comporta como 0 filho prevé ¢ espera; 0 operdtio ou © médico sdo aqueles que desempenham seus papéis segundo modelos inscrites na lei, no contrato coletivo e sobretudo na situagéo dos costumes e das idéias. A fraternidade de que fala a Revolugao Francesa sonha com. ‘uma sociedade onde cada um se colocaria ao servigo da grande familia. Esse funcionalismo supde que a sociedade esteja organizada, néo mais em tomo de tradigdes e de privilégios que, por definigdo, so particula~ ristas, mas em tomno da razo cujo universalismo garante que todos os membros da sociedade podem ser socializados. A escola concebida por este pensamento social procurou despojer @ crianga da sua heranga particular para colocé-la em relagéo com a razéo, seja pela cultura

Você também pode gostar