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saúde mental

Com
Sem saída
O suicídio cresce no mundo todo,
principalmente entre jovens. Mas, apesar
de ser um fenômeno complexo, que
envolve fatores sociais, psicológicos e
genéticos, é possível preveni-lo de um
modo simples e eficaz; duas iniciativas
já estão em andamento em SP

Luciana Christante

A
primeira causa de morte por brasileiro José Manoel Bertolote, que es- criação de um serviço de prevenção de
atos de violência no mundo não tava presente ao evento e, ao contrário suicídios, que uma pesquisa anterior coor-
são os acidentes de trânsito, os do premiê belga, não tinha razão para se denada por ele comprovou ser altamente
homicídios nem os conflitos armados, espantar. Havia sido ele, na época funcio- eficaz em várias cidades do mundo, entre
mas o suicídio. Esse dado desconcertan- nário do Departamento de Saúde Mental da elas Campinas (SP).
te foi revelado em outubro de 2002, em OMS, um dos principais responsáveis pela Hoje Bertolote é a pessoa certa no local
Bruxelas, numa reunião da Organização primeira compilação dos dados mundiais certo, por assim dizer. No ano passado
Mundial de Saúde (OMS) para divulgar sobre suicídio, que chamaram a atenção houve uma “miniepidemia” de suicídios
as conclusões do Relatório Mundial sobre da entidade para um dos mais complexos em Botucatu. Entre 2000 e 2008, a média
Violência e Saúde. Ao lê-las (aparentemente problemas de saúde pública da atualidade. anual de mortes por lesão autoinfligida
pela primeira vez) para os convidados da Após quase duas décadas na OMS, Ber- na cidade havia sido sete. Em 2009 foram

David Yu / Shutterstock
cerimônia, o então primeiro-ministro da tolote deixou a Suíça há dois anos e se registrados 21 casos. Até agora ninguém
Bélgica, Guy Verhofstadt, não conteve o instalou em Botucatu, no interior de São consegue explicar o aumento tão abrupto,
susto e, quebrando o protocolo, indagou Paulo, onde é professor da Faculdade de mas o fato é que no mundo todo, até mesmo
incrédulo: “É isso mesmo?”. Medicina da Unesp. Também assessora em países em que as taxas de suicídio são
A cena está na memória do psiquiatra a Secretaria de Saúde do município na tradicionalmente baixas – como o Brasil –,

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vem crescendo o número de pessoas que Mapa-múndi agressividade e adversidades da vida e


precisam de ajuda para não sucumbir. do suicídio você tem um suicida em potencial”.
As mortes por suicídio aumentaram Lituânia e Rússia são os países O comportamento impulsivo e agressivo
60% nos últimos 45 anos, segundo a OMS. com as mais altas taxas de é ainda mais importante para explicar o
Quase um milhão de pessoas se mata mortalidade por suicídio: suicídio entre jovens, bem como em pes-
todos os anos – em um universo até 20 cerca de 40 óbitos por 100 mil soas que o fazem com métodos violentos,
vezes superior de tentativas. Na maioria habitantes por ano. Em boa como queda livre ou arma de fogo, explica
dos países desenvolvidos, a violência au- parte da Ásia, os números são o psiquiatra Gustavo Turecki, da Univer-
toinfligida é a primeira causa de morte muito altos. No Brasil, a taxa sidade McGill em Montreal (Canadá), um
não natural. No Brasil, ela ocupa a terceira de mortalidade por suicídio é dos maiores especialistas em genética do
posição – aqui as taxas de mortalidade considerada baixa, de 4,6 por suicídio. “Os altos índices observados na
por acidentes de trânsito e homicídios 100 mil habitantes em 2006. Ásia também estão claramente associados
> 13 por 100 mil
estão entre as maiores do mundo. Ainda assim, o suicídio mata a maior prevalência de impulsividade/
Outra mudança que vem sendo obser- quase duas vezes mais que agressividade nesse povo”, acrescenta ele.
6,5 - 13 por 100 mil
vada é a faixa etária de quem comete a tuberculose e quase tanto Nascido na Argentina, criado no Bra-
suicídio. Historicamente mais comum quanto o câncer de colo de sil e formado médico pela antiga Esco-
< 6,5 por 100 mil
entre os idosos, o ato vem crescendo entre útero e a infecção por HIV/Aids. la Paulista de Medicina (atual Unifesp),
pessoas de 15 a 44 anos. Um estudo de (Fontes: OMS e Turecki está radicado no Canadá há 16
sem informação
Bertolote e colaboradores, publicado em Ministério da Saúde) anos, onde coordena o Centro de Estudos
2005 na Revista Brasileira de Psiquiatria, de Suicídio da McGill, criado por ele em
confirma essa tendência no Brasil. E traz 2003. “O suicídio é um problema bem
um dado surpreendente: um aumento de grande aqui. Quebec (província francófona
dez vezes na mortalidade por suicídio cuja capital é Montreal) tem as mais altas
em jovens de 15 a 24 anos entre 1980 e sociologia moderna, defendeu no livro de uma grande perda, fracasso ou trai- mo as pressões da vida contemporânea estivesse associada ao comportamento taxas do país”, diz. Em junho de 2009,
2000. Considerando apenas os homens O suicídio, de 1897, que o ato é resulta- ção. Segundo ele, o fato de mulheres se tendem a aumentar as taxas de suicídio. suicida. Mas viu-se que em muitas famí- o pesquisador foi convidado (junto com
da mesma faixa etária, esse índice au- do de uma sociedade que perdeu seus matarem menos provavelmente se deve a “Hoje tudo é mais imediato”, diz Blanca. lias com casos de depressão ao longo de Bertolote) a apresentar suas pesquisas
mentou 20 vezes. valores tradicionais, seus objetivos, sua aspectos culturais que fazem com que elas “É preciso definir rapidamente a vida várias gerações há raríssimos ou nenhum em conferência da Fundação Nobel, na
Em qualquer idade, o suicídio é muito identidade. O filósofo alemão Karl Marx tenham mais facilidade para expressar e profissional e ser bem-sucedido. O ime- registro de alguém que tenha se matado. capital sueca, evento que aponta os as-
mais frequente no sexo masculino. Além também se dedicou ao tema, descrevendo dividir suas angústias. “O homem tende diatismo aumenta a frustração. Por outro Hoje se sabe que apenas 15% dos depri- suntos mais cotados para o prêmio Nobel
de tentarem menos, as mulheres geral- três casos de pessoas que sacrificaram a manifestar sua frustração se afogando lado, a família está mais pulverizada e os midos tentam se suicidar. de Medicina nos próximos anos.
mente usam métodos menos violentos e, a própria vida, segundo ele, vítimas da na bebida”, afirma. relacionamentos amorosos duram menos. A chave para o mistério está no que os “Não há genes que fazem as pessoas se
portanto, menos letais, explica o psiquia- opressão e da luta de classes. De acordo Uma das formas de entender o que pas- Tudo isso abala a estabilidade emocional.” especialistas chamam de binômio im- suicidarem”, esclarece Turecki. “O que
tra. Uma exceção ocorre na zona rural da com Bertolote, todas essas teorias apre- sava na cabeça de um suicida é por meio Se as pressões psicológicas que ala- pulsividade/agressividade, um traço de existe é uma carga genética que aumen-
China, onde o autoenvenenamento por sentam alguma razão. de autópsia psicológica. Depois de alguns vancam as estatísticas de suicídio não personalidade que também tem forte ca- ta ou diminui certos comportamentos de
agrotóxicos é a primeira causa de morte O suicídio é visto atualmente como um meses da morte, pesquisadores entrevis- chegam a ser novidade, ficam por conta ráter hereditário, mas cuja carga genética risco associados ao suicídio.” O binômio
não natural entre mulheres de 15 a 35 transtorno psicossocial de causas múlti- tam pessoas da família, amigos e colegas da genética as evidências mais recentes é independente daquela associada à de- impulsividade/agressividade é um dos
anos. “O acesso ao método faz muita dife- plas, em que fatores biológicos, psíquicos, de trabalho. No Brasil, o único trabalho e intrigantes que ajudam a entender por pressão. Como resume Bertolote, “junte na mais estudados até agora. Apesar disso,
rença”, explica Bertolote. “Nesses lugares, sociais e culturais interagem de forma deste tipo foi feito pela psicóloga Blanca que apenas alguns tentam se matar, quan- mesma pessoa depressão, impulsividade/ nenhum cientista encontrou genes res-
é muito comum guardar os pesticidas na complexa, aproximando ou afastando Guevara Werlang, da PUC do Rio Gran- do as adversidades da vida atingem um ponsáveis pelo fenômeno – um sinal de
cozinha da casa.” as pessoas do abismo psíquico. A doença de do Sul, durante seu doutorado orien- número bem maior de pessoas. É ela que que ele é bem mais complexo. As pes-
mental não tratada está presente na maio- tado por Botega e defendido em 2001 na explica também por que os casos de suicí- quisas têm avançado pelos caminhos da
Doença psicossocial ria dos casos, principalmente na forma Unicamp. “O comportamento suicida é a dio são mais comuns em certas famílias. epigenética, ou seja, pela compreensão
Mas o que leva alguém a tirar a própria de depressão e de transtorno bipolar. O manifestação de uma dor psicológica in- das interações entre DNA e fatores am-
vida? Até o século 16 o suicídio era uma abuso de drogas, principalmente do ál- suportável”, define. Mas em sua avaliação Genética da impulsividade As pesquisas têm bientais que incidem sobre o organismo
questão religiosa ou filosófica, condenado cool, é um ingrediente bastante comum. ela descobriu que há fatores que podem As primeiras pesquisas sobre a genética avançado pelos caminhos durante a infância, alterando a expressão
ou glorificado dependendo de circuns- “Essas pessoas estão tão deprimidas proteger contra a tentação de abreviar do suicídio surgiram em meados do sé- da epigenética, ou seja, de alguns genes por toda a vida.
pela compreensão das
tâncias e conveniências. Quem primeiro que perdem a capacidade de se enxergar a vida, como os vínculos afetivos bem culo 20 e se baseavam principalmente no Turecki descobriu, por exemplo, que
interações entre DNA e
afirmou que a tentativa de se matar era no futuro”, descreve o psiquiatra Neury cultivados, o bom relacionamento com a rastreamento de casos em famílias e na pelo menos 30% dos suicidas foi vítima
fatores ambientais que
produto de doença mental foi o psiquiatra Botega, da Faculdade de Ciências Médicas família, ter filhos, ter uma crença espiri- comparação entre irmãos gêmeos e ado- incidem sobre o organismo de abuso físico ou sexual ou de algum ti-
francês Jean-Étienne Dominique Esquirol, da Unicamp. Sua experiência no atendi- tual, uma condição financeira estável e tivos. Como a depressão também tem um durante a infância, alterando po de negligência por parte da família. O
em meados do século 19. mento a sobreviventes de tentativas mostra realização profissional, por mais simples forte componente hereditário, prevalecia a expressão de alguns dado vem de um banco com cerca de 300
Anos depois, o também francês Émile que a maioria não queria de fato morrer. que seja a ocupação. a suspeita de que a mesma carga genética genes por toda a vida cérebros que ele mantém em laboratório.
Durkheim, considerado um dos pais da Geralmente é um ato de desespero depois Não é difícil entender, portanto, co- que predispunha ao humor deprimido Mais da metade é de suicidas e o restante,

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Escalada 8
de pessoas que tiveram morte natural e Evolução da taxa de mortalidade
7,4
súbita e são usadas como controle. Cada específica (número de óbitos para cada 7
indivíduo teve sua história resgatada por 100 mil habitantes) por suicídio no
6,7 6,5
meio de entrevistas com parentes e ami- Brasil de 1980 a 2006, segundo dados 6
gos, e amostras do tecido cerebral estão do Sistema de Informações sobre 5,1
permitindo análises reveladoras. Mortalidade do Ministério da Saúde. 5
A descoberta mais importante até agora Enquanto na população feminina os 4,7 4,2
4,6 4,6
indica que o sofrimento infantil altera o números permaneceram estáveis, 4
funcionamento de certos genes de modo entre os homens registrou-se aumento 4
3,1 3,4
a exacerbar a reação da pessoa ao estres- de 60% nos últimos 26 anos 3
se, algo diretamente ligado ao comporta- 3
Shutterstock

2
mento impulsivo e agressivo. Homens 2
Em artigo publicado em março de 2009 1,7 1,8 1,9
1,6 1,6
na revista Nature Neuroscience, o grupo Mulheres 1
do pesquisador demonstrou que o abu-
so sexual e físico nos primeiros anos de Total 0
vida aumenta a quantidade de um tipo
Comunidades indígenas são as mais afetadas de receptor no cérebro de suicidas que se 1980 1985 1990 1995 2000 2006

Um relatório das Nações Unidas sobre a situação dos povos indígenas no mun- localiza numa importante via neuroendó-
do, divulgado em janeiro passado, aponta os índios Kaiowá, do Mato Grosso crina do organismo. A principal função
do Sul, como o grupo étnico que nos últimos anos registrou o maior número dessa via é regular a resposta (compor- terem tentado se matar, seguida de telefo- mataram. Estávamos despreparados para nha e, em vários casos, um exemplar do
de mortes por violência autoinfligida. Coletados pelo Ministério da Saúde de tamental e fisiológica) ao estresse. Com nemas a intervalos de algumas semanas essa situação”, compara. livro era encontrado ao lado do corpo.
2000 a 2005, os dados mostram que a taxa de mortalidade por suicídio nesta mais receptores, a resposta é amplificada. durante um ano e meio. Eliminar o suicídio dos veículos de co-
população foi 19 vezes maior que a média nacional. O estudo causou impacto na comunida- Participaram 1.867 pacientes. Ao final Efeito Werther municação tampouco é uma solução ade-
A mesma tendência é observada em grupos aborígines de diversas partes de científica por ser o primeiro a mostrar do período de intervenção, a mortalidade Segundo Bertolote, a miniepidemia de sui- quada, acredita Botega. “Alguns manuais
do mundo. No Canadá, o suicídio entre o povo Inuit (também conhecido como esse mecanismo epigenético em huma- por novas tentativas de suicídio naqueles cídios em Botucatu pode ter sido agravada de redação recomendam simplesmente
esquimós) é 11 vezes maior que a média daquele país. “O rompimento das tra- nos. “Por ser um fenômeno multifatorial e que foram acompanhados foi dez vezes pela má conduta da imprensa, pela forma não noticiar, mas isso acaba reforçando
dições, a perda da identidade cultural, o isolamento social, o alcoolismo, tudo complexo, que pode ser ‘desmontado’ em menor que no grupo-controle. “Um resul- como os jornais locais noticiaram algumas o tabu em torno do assunto, coloca-se o
isso contribui”, afirma o psiquiatra Neury Botega, da Unicamp. vários fatores, o suicídio acaba refinando tado excelente”, segundo o psiquiatra da das mortes. “Andaram publicando alguns problema debaixo do tapete. E as pessoas
O suicídio entre os Kaiowá se relaciona diretamente com os embates com fa- os estudos genéticos”, comenta Bertolote. Unicamp. “O que se percebe é que essas casos na primeira página, com detalhada pensam que suicídio não é um problema”,
zendeiros nos últimos 20 anos, cujo resultado tem sido o avanço das fronteiras pessoas precisam muito desabafar e con- descrição do método. É a receita.” adverte o psiquiatra.
agropecuárias. “Esses problemas são mais pronunciados em áreas urbanas, Prevenir é possível versar com alguém sem serem julgadas, o Essa espécie de contágio é bem conhe- Para ajudar a imprensa a lidar com o
onde os indígenas estão separados de sua comunidade e cultura e nunca são Se de um lado neurocientistas e geneticis- que geralmente é difícil dentro da família.” cida desde a publicação, em 1774, do livro tema de forma mais equilibrada, focada
completamente absorvidos como membros iguais da sociedade dominante”, tas procuram entender a complexa teia de Após a participação no Supre-Miss, Sofrimentos do jovem Werther, de Goethe, na prevenção, a Associação Brasileira de
detalha o documento da ONU. fatores que dão origem ao ato suicida, de Campinas implementou um programa de em que o autor alemão descreveu minu- Psiquiatria publicou em outubro de 2009
O vínculo com a terra também é fundamental para entender o que se passa outro, médicos e epidemiologistas unem prevenção de suicídio baseado na interven- ciosamente o suicídio do protagonista. um manual dirigido a veículos de comu-
com as comunidades inuit do Canadá, originalmente nômades. “Em disputas esforços para por em prática programas ção breve. E a coleta de dados continua. Nos anos seguintes, diversas pessoas se nicação, disponível no site da entidade
com os Estados Unidos pelas regiões árticas, o governo canadense forçou os de prevenção. Algo que já se comprovou “O objetivo agora é analisar os custos (da mataram de forma semelhante na Alema- (www.abpbrasil.org.br).
Inuit a se fixarem na terra. Foi uma mudança radical no modo de vida deles”, simples, barato e eficaz. intervenção) para convencer os gestores Botega aproveita para destacar outros
comenta o psiquiatra Gustavo Turecki, da Universidade de Montreal. Como con- Em 2002, a OMS deu início ao primei- de saúde de que vale a pena investir em dois equívocos em relação ao tema. O
sequência, alcoolismo e depressão tornaram-se comuns nesse povo. ro estudo multicêntrico do gênero, sob o prevenção, que é mais barato que pagar primeiro é a noção difundida de que
Assim como a taxa de suicídio dos Inuit é a maior do Canadá, a dos índios comando de Bertolote. Nove cidades de as internações hospitalares, quase sem- as pessoas se matam mais no inverno,
Kaiowá e de outras etnias do Centro-Oeste faz com que essa região tenha o diferentes países participaram, entre elas pre necessárias a quem acabou de tentar quando na verdade, em todo o mundo,
segundo maior índice de morte autoinfligida (5,8 óbitos por 100 mil habitantes) Campinas, onde o trabalho foi coordenado o suicídio”, explica Botega. A miniepidemia de suicídios os suicídios são mais frequentes na pri-
do Brasil, atrás da Região Sul (7,8 por 100 mil). por Botega. Um dos principais objetivos Esse mesmo modelo de prevenção será em Botucatu pode ter sido mavera e no verão. O segundo se refere
Com escassa presença indígena no Rio Grande do Sul, é uma incógnita por do projeto, conhecido como Supre-Miss implementado em Botucatu até o fim deste agravada pela forma como aos sinais e avisos que uma pessoa dá
os jornais locais noticiaram
que esse Estado ostenta os maiores índices de suicídio do país. Especialistas (Estudo de Intervenção sobre o Compor- ano, segundo Márcio Pinheiro Machado, antes de se matar e que em geral a famí-
algumas mortes. “Andaram
cogitam a imigração europeia, principalmente alemã, com seus exigentes pa- tamento Suicida em Múltiplos Locais, na coordenador de Saúde Mental do Núcleo lia desconsidera.
publicando alguns casos
drões de conduta social, como um dos possíveis fatores. Mas é uma vaga hipó- sigla em inglês), foi avaliar a eficácia da de Vigilância Epidemiológica do municí- na primeira página, com “Existe aquela ideia de que ‘cão que
tese, segundo a psicóloga Blanca Guevara Werlang, da PUC-RS. “Essa questão chamada intervenção breve na redução de pio. “Em 2009 fizemos um grande esforço detalhada descrição do ladra não morde’ ou de que a pessoa está
nunca foi devidamente investigada.” novas tentativas de suicídio. A estratégia para lidar com a epidemia de gripe H1N1 método. É a receita”, diz querendo apenas chamar atenção”, afir-
consiste numa sessão de aconselhamento e, como resultado, não tivemos nenhuma José Manoel Bertolote ma. “É preciso levá-la a sério”, frisa. E
a pessoas que chegaram ao hospital após morte. Em compensação, 21 pessoas se estender-lhe a mão. Antes que seja tarde.

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