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HAOL, Núm.

10 (Primavera, 2006), 37-46 ISSN 1696-2060

EXPRESSÕES CULTURAIS E SOCIEDADE: O CASO DO


BRASIL NOS ANOS 1980

Jadir Peçanha Rostoldo


Universidade do Banco Corporativo do Brasil, Brazil. E-mail: jadirostoldo@yahoo.com.br
Recibido: 6 Enero 2006 / Revisado: 15 Febrero 2006 / Aceptado: 28 Febrero 2006 / Publicación Online: 15 Junio 2006

Resumo: Este artigo objetiva apresentar 1. REPRESSÃO E CULTURA: DOS ANOS


algumas expressões culturais do Brasil na 1970 AOS 1980
década de 1980 e como elas são importantes
para se entender e conhecer a sociedade daquele O movimento cultural brasileiro na década de
período. Apresenta o cinema como uma 1970 e na primeira metade dos anos 1980,
expressão cultural importante na transformação conviveu com um sistema político ditatorial
do social, pois apesar de ter sido abalado por instalado no país em 1964 pelos militares. Essa
incertezas, pressões políticas e econômicas, convivência, conturbada e reveladora, passou a
manteve sua tradição na abordagem das grandes influenciar, a partir de então, as atitudes
questões nacionais. Por meio de vários culturais no Brasil. Tendo como fonte, artigos
exemplos, sustenta que a música foi um veículo escritos naqueles anos por personagens que até
para que a sociedade pensasse a situação hoje se mantêm ativos na vida cultural
política, econômica e social do Brasil, brasileira, esperamos revelar o cotidiano da
exprimindo, principalmente, os sentimentos e época, como base fundamental para se entender
valores da classe média e dos jovens. Sem a a década dos 1980.
pretensão de encerrar a discussão sobre o
assunto, conclui que os temas e representações A partir dos trabalhos de Gaspari, Hollanda y
culturais são fundamentais para se entender a Ventura (2000) podemos visualizar a transição
problemática de um país em qualquer período, dos anos 1970 para os anos 1980, no que se
pois eles expressam e dão publicidade a todos os refere a cultura, a partir de quatro períodos
processos e ações no interior da sociedade. distintos: primeiro, os Impasses da Criação
Palabras-chave: Brasil, expressões culturais, (1971-1973); segundo, Começar de Novo (1974-
sociedade. 1979); terceiro, Correção de Rumos (1980-
______________________ 1983); e, quarto, Perdas e Ganhos (1985-1986).
Os textos de cada autor representam suas visões

O
s aspectos culturais de uma sociedade e vivências do momento, sendo externadas por
são tão importantes quanto qualquer variáveis distintas, Hollanda acompanhou as
outro para se conhecê-la. produções alternativas que estavam à margem
do circuito comercial e, por isso, não eram
As expressões culturais nascem a partir da alcançadas de imediato pela censura, Ventura se
reação das pessoas aos fatos, eventos e deteve na reportagem cultural e
acontecimentos que as cercam, tornando-se comportamental, identificando fenômenos
assim formas de elas demonstrarem seus clássicos da cultura brasileira, como o conceito
sentimentos, vontades, contradições e de “vazio cultural”, e Gaspari atuou no
esperanças. jornalismo político, analisando a ditadura e a
transição democrática. Apesar dos focos
Neste artigo, vamos apresentar algumas distintos, todos buscaram saídas para os
expressões da cultura do Brasil na década de impasses políticos do período, mantendo-se
1980 e como elas são importantes para se firmes no registro dos focos de crítica e
entender e conhecer a sociedade daquele resistência ao regime, mesmo com a censura.
período.

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Em Impasses da criação, 1971-1973, os artigos (auto-repressão) pode fazer com que não se
de Ventura descrevem uma cultura brasileira em tenha nada a censurar. Para que a censura?
crise, sem perspectivas futuras. O momento era
de uma profunda contradição, pois a economia Em Começar de Novo, 1974-1979, Ventura
estava em alta e a cultura em baixa, vivia-se retratou a onipotência da cultura até o ano de
uma recessão criadora. Segundo o autor, o que 1964, quando acreditava que tinha condições de
motivou e condicionou esse processo, que ele interferir em todos os destinos do país, se
chamou de “vazio cultural”, foi: sentindo fundamental para o destino da nação.
Onipotência que deu lugar, no pós 1964 a um
a) O movimento de 19641, onde os artistas período de lutas e esperanças, que pouco a
passaram, de repente, a não pouco foram se esgotando. À medida que o
conhecer/reconhecer seu objeto de trabalho: regime militar prosseguia, a arte ia perdendo a
a realidade nacional e o povo. Onde o ilusão, a inocência e a vontade. Somente entre
populismo, o paternalismo e a demagogia, 1973-1974, a arte voltou a dialogar, discutir e
se mostraram ineficazes tanto para a ação pensar, na busca por uma sociedade alternativa
política quanto para a expressão artística, e o que surgia pelo desencanto com os esquemas
regime militar, o poder forte, passou a ser ideológicos rígidos. A cultura começava a
identificado como inimigo dos centros de enxergar uma luz no fim do túnel e acreditar que
criação intelectual. a liberdade poderia estar na ordem do dia
novamente.
b) O Ato Institucional n. º 52, que foi mais
devastador do que o movimento de 1964, Correção de Rumos, 1980-1983, traz artigos
pois na revolução a cultura teve dificuldades onde Hollanda, apesar de reconhecer a
e restrições, mas não foi sufocada. Já o AI 5 “vitalidade do silêncio”, da década de 1970,
transformou radicalmente a cultura, agindo onde mesmo sob a censura, a cultura brasileira
em duas frentes: a prevenção, com a expressou o país e suas contradições, sustenta
censura prévia, e a punição, com as que a produção cultural precisava redefinir seu
cassações, expulsões, prisão etc. espaço e seu papel na sociedade. Na década de
1970 todos se vincularam a crítica social mais
c) O êxodo de cientistas e intelectuais para o ligada ao cotidiano e ao individualismo, o que
exterior. surgia de novo era a poesia popular para ser lida
e ouvida, produzida em grupo, pelas
d) Muitos dos representantes da criação comunidades, associações de bairro,
nacional não aceitavam, ou não queriam organizações etc. Para a autora alguma coisa
aceitar, a transformação da cultura em um surgiu a partir do início de 1980, a chamada
bem de massa, se prendendo ao tradicional, “virada do verão 80”. A novidade literária do
ou seja, aquilo que era proibido, e não período, foram às chamadas “memórias de
produziram. Não perceberam a transição que exílio/poesia na prisão”, um gênero, uma nova
passava a cultura. Apesar dos problemas da forma de retratar os anos de chumbo (O que é
cultura de massas, industrializadas, era isso companheiro?, Dossiê Herzog, etc). Os
possível reagir, o que não estava leitores, ou parte deles, buscavam se reconhecer
acontecendo. nessas produções, pois vivenciaram essas
experiências no silêncio e necessitavam de uma
Sendo assim, o vazio cultural diagnosticado por aproximação, como forma de satisfazer o que a
Ventura, não foi produzido apenas pela censura, autora chama do seu “eu encoberto”.
mas em grande parte pelo conformismo dos Identificam-se com uma memória que também é
artistas e intelectuais, que apesar de incitados a sua; sabem o que já sabiam; vivenciam aquilo
reagir não o fizeram, vivendo um período de que não se permitia vivenciar. Hollanda expõe
incerteza ideológica. em seus artigos o retorno ao cenário cultural das
experimentações, da busca pelo novo, do
Outro grande problema do período foi a questionamento aos padrões. Identifica os sinais
autocensura, a acomodação, o medo do regime. de recuperação das artes no Brasil, de seu
Como a censura não tinha critérios, não se sabia retorno a liberdade de expressão e exposição.
o que poderia ser feito ou produzido, a
generalização ganhou terreno, assim como as Apesar dessa nova postura das artes, a autora
dúvidas. Não se realizaram muitas coisas por critica a literatura sobre nossa história política
incerteza, dúvidas.A presença da autocensura do início dos anos 1980 (especificamente os

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relatos, ou inventários, dos que retornaram ao lucros. A produção cultural ganhou


país ou sofreram com a ditadura, ou características que a distinguiram da produção
participaram da luta armada), por ser de décadas anteriores: ausência da preocupação
despovoada de uma avaliação crítica sobre o político-ideológica, descrédito das propostas
movimento das esquerdas e a participação dos revolucionárias, relação com os grandes
atores sociais. O questionamento da autora esta esquemas de produção, utilização de novas
na falta de um balanço crítico das intervenções linguagens, dos meios eletrônicos e inovações
políticas do período, que foi substituído pelo tecnológicas. O mercado cultural, englobados aí
relato das experiências vividas. editoras, jornais, cinema, teatro, música etc.,
modificou-se sensivelmente sem assumir uma
No último período, identificado como Perdas e tendência ou estilo único, adotando um caráter
Ganhos, 1985-1986, Ventura sustenta, a partir múltiplo e singular, impondo outra fisionomia à
de seus artigos, que o ano de 1985 foi um cultura brasileira.
“divisor de águas”, onde a democracia realmente
passou a interferir no espaço cultural. O Nesse contexto, Paiva (1987) demonstra que os
consenso construído pelo meio cultural desde agentes da produção cultural, jornalistas,
1964, para combater a ditadura, começava a se pesquisadores, artistas e intelectuais passaram a
desfazer, era o início de novos tempos na cultura transitar por uma rede de comunicação vasta e
brasileira. O consenso dava lugar ao dissenso, ao pluralizada e a oferta de livros, discos, filmes,
desacordo, a diferença, ou seja, a democracia. A vídeos e textos se alterou, entrando em sintonia
produção cultural gerava novas possibilidades. com a diversificação de canais de informação,
A materialização dessas possibilidades e que que proliferaram por todo o território nacional.
vamos abordar nos próximos tópicos. Para o autor, não existiu, na década de 1980,
uma ideologia hegemônica, como a produção
2. CULTURA: DA MARGINALIDADE AO populista dos anos 1960 e a proposta alternativa
PAPEL PRINCIPAL dos anos 1970, tendo em vista que as estratégias
de poder não se centralizaram em um setor
Analisando as mudanças na relação entre cultura específico, mas se desenvolveram no espaço
e sociedade a partir da década de 1980, social das diversas instituições, como asilos,
Featherstone (1995) concorda que surgiram hospitais, escolas, famílias e justiça.
discussões teóricas, naqueles anos, sugerindo
que a participação da cultura na construção da Paiva (1987) também afirma que ocorreram
sociedade deveria ser revista. Ao invés de uma mudanças no contexto institucional da cultura a
visão geral, ela deveria ser entendida em suas partir da Nova República (1985), com a criação
especificidades e influências na estrutura social. do Ministério da Cultura (MinC) e a
Para o autor, até meados da década de 1970, o promulgação da Lei Sarney3. A criação do MinC
interesse social pela cultura e pelas artes era, na trouxe para a cultura o conceito de bem rentável
maioria das vezes, considerado excêntrico, e a necessidade de o Estado implantar políticas
marginal. Somente no final da década de 1970, culturais. Dessa forma, órgãos como
com publicações abertas às discussões sobre o Instituto Nacional do Cinema, a Embrafilme, a
teoria da cultura, seus estudiosos se viram Funarte e a Fundação Pró-Memória acentuaram
obrigados a aumentar o campo de atuação. a difusão da cultura como bem cultural e como
Sendo assim, aspectos da política, geografia, mercadoria.
história, arquitetura, filosofia e economia, entre
outros, passaram a ser obrigatórios. A cultura Fica claro, na análise de Paiva (1987), que, para
saiu do campo do excêntrico e marginal para se se entender as transformações pelas quais a
firmar como um elemento importante de sociedade brasileira passou nos anos oitenta, é
reconhecimento das sociedades. fundamental um exame da relação entre o social,
o cultural, o político e o econômico, pois,
Segundo Paiva (1987), a sociedade brasileira segundo afirma Brum (1999: 258), “A realidade
dos oitenta viveu um momento de acúmulo de é sempre um todo completo, cujos ingredientes
informações, do advento da cultura de massas e estão profundamente imbricados entre si”.
da produção exacerbada de signos. As
manifestações espontâneas, artesanais e Featherstone (1995) concorda que os
autônomas se deslocaram do contexto cotidiano, profissionais da arte, a partir da década de 1960,
popular e passaram a fazer parte das relações de passaram a ter mais respeitabilidade e segurança
mercado, tornando-se fonte de obtenção de em suas atividades. O artista deixou de ser

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marginalizado e se aproximou da classe média. 3. CINEMA E MÚSICA: A VOZ DA


A arte se profissionalizou e se democratizou, SOCIEDADE
provocando uma interdependência entre artistas,
políticos, trabalhadores de diversas áreas, O cinema também é uma expressão cultural
intelectuais e o público, firmando-se como uma importante para se analisar a década de 1980.
variável essencial e importante para o Segundo Ramos (1987), apesar de ter sido
entendimento de uma sociedade. abalado por incertezas, como as pressões
políticas pelo fim da ditadura, o afrouxamento
De acordo com Barbosa (1991), a arte se da censura e a crise econômica, que provocou a
confunde com o ser humano, pois desde os diminuição de público e das salas de exibição, a
primórdios os homens deixam suas impressões produção cinematográfica brasileira manteve
em expressões nas figuras e escritos. Sendo suas tradições na abordagem de grandes
assim, a sociedade não pode ser entendida sem o questões nacionais e em sua forte carga de
conhecimento de sua arte, de sua cultura. Para o erotismo. Os filmes eróticos ocuparam vasta
autor: fatia do mercado, apoiados em produções
baratas e no afrouxamento da censura. No
“Arte não é apenas básico, mas fundamental na entanto, os filmes que abordavam questões
educação de um país que se desenvolve. Arte políticas, lutas, greves dos trabalhadores, luta
não é enfeite. Arte é cognição, é profissão, é armada, tortura, repressão, manifestações pelas
uma forma diferente da palavra para interpretar eleições diretas para presidente e a transição
o mundo, a realidade, o imaginário, e é política foram os que tiveram uma significativa
conteúdo. Como conteúdo, arte representa o produção e inter-relação com a sociedade. A
melhor trabalho do ser humano” (Barbosa, 1991: década de 1980 foi “[...] o momento de maior
19). liberdade para a circulação de idéias políticas no
cinema [brasileiro]” (Ramos, 1987: 445). Para o
Como resposta aos anos de ditadura, que autor, o período foi de repensar as relações com
reprimiram a expressão individual mediante uma o Estado, identificar possibilidades de atuação
severa censura, nos anos oitenta as artes diante dos altos custos e do mercado reduzido,
passaram a identificar a criatividade com a além de uma estratégia de atuação diante da
autoliberação, uma reação à situação social e efervescência do videocassete. Sendo assim, as
política do Brasil. Segundo Barbosa (1991), turbulências econômicas conviveram com a
ocorreu uma politização dos arte-educadores vitalidade e maturidade dos cineastas que,
com a criação das associações estaduais e da formados nas décadas de 1960 e 1970,
federação nacional. sustentaram as bases da cinematografia
brasileira, tornando-a conhecida no exterior e
As diretrizes traçadas para o ensino da arte competitiva no mercado interno.
passaram a ser questionadas pela atuação ativa e
consciente dessas organizações e seus membros, Bilharinho (1997: 9) acredita que “O cinema,
que buscavam melhores condições para o ensino particularmente, subordina-se e condiciona-se à
das artes no Brasil. “Apesar de ser um produto existência de recursos [...]”, tanto na esfera da
da fantasia e imaginação, a arte não está produção quanto na do consumo. Nesse sentido,
separada da economia, política e dos padrões a produção cinematográfica brasileira, na década
sociais que operam na sociedade” (Barbosa, de 1980, não superou quantitativamente a da
1991: 19). década de 1970. Excluído o filme pornô, não
produziu mais do que realizou na metade da
Featherstone (1995), Paiva (1987) e Barbosa década anterior. No entanto, analisando a
(1991) concordam em um ponto que nos parece filmografia nacional, o autor defende que foram
essencial, a cultura está presente em todos os realizados naquela década cerca de 40% dos
movimentos da sociedade de forma ativa, melhores filmes brasileiros, apesar de todas as
participando de sua construção. dificuldades, incompreensões, distorções,
oposições e crises. O cinema brasileiro não
Esse processo se confirma na década de 1980, parou de produzir e se consolidou nos anos
pois a sociedade mudou e a cultura foi uma das 1980. Bilharinho (1997) relaciona alguns filmes
formas de expressão dessa mudança, interagindo que, em seu entendimento, foram produções
com a política, a economia e os aspectos sociais. importantes do período: A idade da Terra
(1980); Bonitinha, mas Ordinária (1980); Pixote,
a Lei do Mais Fraco (1980); Gaijin, Caminhos

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da Liberdade (1980); Eu Te Amo (1980); Pra Para Paiva (1987), essas rádios representaram,
Frente Brasil (1981); Eles Não Usam Black-Tie por seu caráter de inovação, intervenção e
(1981); Amor Estranho Amor (1982); Paraíba, criatividade, uma singularidade do período,
Mulher Macho (1982); Inocência (1982); diretamente ligadas à comunicação e à esfera
Memórias do Cárcere (1983); Eu Sei Que Vou política. Representaram a luta contra o controle
Te Amar (1984); O Beijo da Mulher Aranha que era exercido sobre os meios de comunicação
(1984); A Hora da Estrela (1985); Com Licença, e de radiodifusão por parte do Estado,
Eu Vou à Luta (1985); O Homem da Capa Preta objetivando garantir um espaço para a
(1985); Ópera do Malandro (1985); A Marvada comunidade, buscando quebrar o controle das
Carne (1985); Brás Cubas (1985); Besame informações, divulgar notícias que não eram
Mucho (1986); e Festa (1987). publicadas pelas emissoras autorizadas,
dinamizar novas linguagens e veicular signos
O cinema sofreu diretamente os efeitos dos distintos daqueles produzidos pelos canais de
problemas políticos e econômicos da década de massa. Incorporavam o verdadeiro exercício do
oitenta: censura, crise financeira, luta pela direito democrático a informação do universo da
democracia, recessão, inflação e dívida externa, comunicação como coisa pública.
porém, continuou exercendo sua função social
de discutir as questões nacionais. Interagiu com A música foi um dos principais elementos de
a população e se tornou um veículo de expressão expressão cultural da década de 1980,
de suas lutas e aspirações, foi mais um elemento constituindo-se em um instrumento de
importante na construção da sociedade contestação, reivindicação e inconformismo da
brasileira. sociedade. Essa expressão cultural fez com que
a população pensasse na situação política e
A sociedade buscou maneiras de reagir e se social do País, não apenas em sua relações
libertar do controle do Estado. Nesse sentido, pessoais. Movida pelo rock, gênero musical que
surgiram, naqueles anos, alguns modos de mais se identifica com os anos 1980, a indústria
produção cultural que buscavam o acesso mais fonográfica se transformou e passou a investir
democrático à cultura. Um bom exemplo foram nesse novo ritmo que, com recursos
as rádios livres ou rádios piratas, que o grupo tecnológicos e guitarras elétricas, exprimiu os
Rotações Por Minuto (RPM) retratou na música sentimentos e valores da classe média e dos
Rádio Pirata: jovens, principalmente. A partir de então, o rock
nacional se consolidou e conquistou uma grande
“Abordar navios mercantes parcela do mercado musical brasileiro, sempre
Invadir, pilhar o que é nosso interagindo com a sociedade.
Pirataria nas ondas do rádio
Havia alguma coisa errada com o rei Os anos 1980 marcaram a participação da
juventude nos destinos do País. A repressão dos
Preparar a nossa invasão anos anteriores, a falta de acesso a informações,
E fazer justiça com as próprias mãos a censura a livros, discos e filmes não
Dinamitar um paiol de bobagens enterraram uma geração, mas, pelo contrário,
E navegar o mar de tranqüilidade criaram um momento de mudança, de desafio,
de contestação. A música foi uma das formas de
Toquem o meu coração, façam a revolução expressão desses sentimentos. Para Alexandre
Que está no ar, nas ondas do rádio (2002: 6) “[...] fica claro que a chamada geração
No submundo repousa o repúdio 80 marcou um momento histórico da música
E deve despertar brasileira, o evento mais feliz de nossa indústria
cultural desde sempre”.
Disputar em cada freqüência
Um espaço nosso nessa decadência A música Inútil, do Ultraje a Rigor4, demostrava
Canções da guerra quem sabe, canções do mar a frustração e a decepção da sociedade brasileira
com o momento que o País vivia. Segundo
Toquem o meu coração, façam a revolução Alexandre (2002), ela foi tocada em todos os
Que está nas ondas do rádio grandes comícios das “Diretas Já”5, tornando-se,
No ‘underground’ repousa o repúdio ao mesmo tempo, a esperança de mudança e a
E deve despertar” (apud Paiva, 1987: 126). frustração pela derrota da emenda Dante de
Oliveira6. Inútil mostrava que a situação não era
apenas resultado das ações (ou falta delas) dos

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políticos, mas também do povo, da sociedade Se alguém quiser se rebelar


que, reprimida por muitos anos, retornava à cena
política, Oposição reprimida, radicais calados
Toda a angustia do povo é silenciada
“A gente não sabemos escolher presidente Tudo pra manter a boa imagem do Estado!
A gente não sabemos tomar conta da gente
A gente não sabemos nem escovar os dentes Sou uma minoria mas pelo menos falo o que
Tem gringo pensando que nós é indigente quero apesar da repressão

Inútil Armas polidas, os canos se esquentam


A gente somos inútil Esperando a sua função
Exército brabo e o governo lamenta
A gente faz carro e não sabe guiar Que o povo aprendeu a dizer não
A gente faz trilho e não tem trem para botar
A gente faz filho e não consegue criar Até quando o Brasil vai poder suportar?
A gente pede grana e não consegue pagar Código penal não deixa o povo rebelar
Autarquia baseados em armas não dá
A gente faz música e não consegue gravar E tudo isso é para a sua segurança
A gente escreve livro e não consegue publicar
A gente escreve peça e não consegue encenar Para a sua segurança”.
A gente joga bola e não consegue ganhar”.
O Plebe Rude (1986) conseguiu, em sua música,
Outro rock brasileiro que retratou bem os anos
Até Quando Esperar, expressar a falta de
80, lembra o autor, foi a música Proteção
escolhas da sociedade e a falta de liberdade, que
(1984), do Plebe Rude7, que questionava a ação
se sustentava pela desigualdade e presença de
da polícia e do Exército que, ao invés de
privilégios. A esperança de uma sociedade mais
protegerem a sociedade, passaram a ser temidos
justa era depositada na “ajuda de Deus” e não na
por ela, invertendo seu papel em prol das
igualdade de oportunidades:
imposições do Governo. Mais uma vez a música
refletiu o contexto da sociedade brasileira, suas
inquietações e busca pelas mudanças, “Não é nossa culpa nascemos já com uma
bênção,
“Será verdade, será que não mas isso não é desculpa pela má distribuição.
Nada do que posso falar Com tanta riqueza por aí onde é que está cadê
E tudo isso pra sua proteção sua fração, [...]
Nada do que posso falar até quando esperar.
A PM na rua, a guarda nacional
Nosso medo suas armas, a coisa não tá mal [...] até quando esperar, a plebe ajoelhar
A instituição esta aí para a nossa proteção esperando ajuda de Deus,

Pra a sua proteção Posso vigiar teu carro, te pedir trocados,


engraxar seus sapatos, [...]
Tanques lá fora, exército de plantão Sei, não é nossa culpa nascemos já com uma
Apontados aqui pro interior bênção,
E tudo isso para sua proteção mas isso não é desculpa pela má distribuição”.
Pro governo poder se impor
A descentralização da política e do poder foi
A PM na rua, nosso medo de viver uma temática reconhecida nas produções
Um consolo é que eles vão me proteger musicais do período. Em Selvagem (1986),
A única pergunta é: me proteger do quê? executada por Herbert Vianna, João Barone e Bi
Ribeiro, do Paralamas do Sucesso, todos os
Sou uma minoria mas pelo menos falo o que grupos urbanos, as minorias, inclusive,
quero apesar da repressão apresentam “suas armas”:

Tropas de choque, PMs armados “A polícia apresenta suas armas: escudos


Mantêm o povo no seu lugar transparentes, cassetetes, capacetes reluzentes e
Mas logo é preso, ideologias marcadas a determinação de manter tudo em seu lugar.

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O governo apresenta suas armas: discurso Agora assiste a tudo em cima do muro [...]”
reticente, novidade inconsistente e a liberdade (Cazuza, 1988).
cai por terra aos pés de um filme de Godard.
O Capital Inicial9 (1986) teve sua música
A cidade apresenta suas armas: meninos nos
Veraneio Vascaína censurada por expressar uma
sinais, mendigos pelos cantos, e o espanto está
direta crítica à ação da polícia, dos militares e
nos olhos de quem vê o grande monstro a se
dos órgãos de repressão, que atuavam protegidos
criar.
pela legislação vigente:
Os negros apresentam suas armas: as mãos
“Cuidado, pessoal, lá vem vindo a veraneio
calejadas, as marcas nas costas e a esperteza que
Toda pintada de preto, branco, cinza e vermelho
só tem que tá cansado de apanhar” (Furtado,
Com números do lado, e dentro dois ou três
1997: 138).
tarados
Assassinos armados e uniformizados
O Barão Vermelho8 lançou, em 1983, uma
Veraneio Vascaína vem dobrando a esquina
música que representaria toda a esperança do
País pelo fim da ditadura, a busca e a reação da
Se eles vêm com fogo em cima é melhor sair da
sociedade aos desmandos do Governo
frente
autoritário. Pro dia nascer feliz, trouxe à tona o
tanto faz, ninguém se importa se você é inocente
inconformismo da população que viria a se
Com uma arma na mão eu boto fogo no país
consolidar na campanha das “Diretas Já”:
E não vai ter problema, eu sei, estou do lado da
lei”.
“Estamos, meu bem, por um triz
Pro dia nascer feliz
O Titãs10 lançou, em 1986, Cabeça Dinossauro,
Pro dia nascer feliz
um disco que se tornou referência para a década,
O mundo acordar
pois as músicas abordaram vários problemas do
E a gente dormir
País e da sociedade brasileira. Em Porrada,
Polícia e Estado Violência, eles expressaram
Pro dia nascer feliz
uma crítica à situação sociopolítica,
Essa é a via que eu quis
caracterizada por desigualdades sociais,
privilégios, falta de oportunidades, repressão,
Nadando contra a corrente
censura, imposição do poder e luta pela
Só pra exercitar
liberdade:
Todo o músculo que sente
Me dê de presente o teu bis
“Porrada
Pro dia nascer feliz”.
Nota dez para as meninas da torcida adversária
O autoritarismo e a repressão também
Parabéns aos acadêmicos da associação
receberam críticas emblemáticas em Ideologia,
Saudações para os formandos da cadeira de
de Cazuza (1988), que demonstra a insatisfação
direito
com a situação vigente:
A todas as senhoras muita consideração
“Meu partido
Porrada Nos caras que não fazem nada.
É um coração partido
E as ilusões estão todas perdidas
Medalhinhas para o presidente
Os meus sonhos foram todos vendidos
Condecorações aos veteranos
Tão barato que eu nem acredito
Bonificações para os bancários
Eu nem acredito
Congratulações para os banqueiros
Que aquele garoto que ia mudar o mundo
Freqüenta agora as festas do “Grand Monde”
Porrada Nos caras que não fazem nada.
Meus heróis morreram de overdose
Polícia
Meus inimigos estão no poder
Ideologia
Dizem que ela existe para ajudar
Eu quero uma pra viver
Dizem que ela existe para proteger
[...]
Eu sei que ela pode te parar
Pois aquele garoto que ia mudar o mundo
Eu sei que ela pode te prender

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Polícia para quem precisa Dívidas


Polícia para quem precisa de polícia.
Meu salário
Dizem pra você obedecer Desvalorizou
Dizem pra você responder Dívidas, juros, dividendos
Dizem pra você cooperar Credores, credores, credores
Dizem pra você respeitar Agora é assim
Senhores, senhores, senhores
Estado Violência Tenham pena de mim

Estado violência Muito já gastei


Estado hipocrisia Vivi como rei
A lei que não é minha Diversões, luxo, divertimento
A lei que eu não queria Credores, credores, credores
Agora é assim
Homem em silêncio Senhores, senhores, senhores
Homem na prisão Fiquem longe de mim.
Homem no escuro
Futuro da nação Tô Cansado

Estado Violência Tô cansado de me dar mal


Deixem-me querer Tô cansado de ser igual
Estado Violência Tô cansado de moralismo
Deixem-me pensar Tô cansado de bacanal
Estado Violência Tô cansado
Deixem-me sentir Tô cansado
Estado Violência
Deixem-me em paz”. Tô cansado de trabalhar
Tô cansado de me ferrar
Em AA UU, Dívidas e Tô Cansado, fica Tô cansado de me cansar
evidente a falta de liberdade de expressão, a Tô cansado de descansar”
crise econômica e a angústia da sociedade por
um situação que perdura por longos anos: A busca da sociedade pelos valores
democráticos, igualdade e liberdade também foi
“AA UU retratada em Comida (1987), música em que os
Titãs fazem uma crítica ao modelo vigente de
AA UU AA UU organização da sociedade brasileira, além de
AA UU AA UU novas reivindicações políticas, abordando temas
Estou ficando louco de tanto pensar sociais, culturais e econômicos:
Estou ficando rouco de tanto gritar
“a gente não quer só comida, a gente quer
AA UU AA UU comida, diversão e arte.
AA UU AA UU [...] a gente quer comer e quer fazer amor.
Eu como, eu durmo, eu durmo, eu como [...] a gente não quer só dinheiro, a gente quer
Eu como, eu durmo, eu durmo, eu como dinheiro e felicidade.
Está na hora de acordar [...] a gente quer prazer para aliviar a dor.
Está na hora de deitar [...] a gente quer saída para qualquer parte
Está na hora de almoçar (Furtado, 1997)”.
Está na hora de jantar
Segundo Paiva (1987), a música, principalmente
AA UU AA UU através do rock, foi um espaço democrático,
AA UU AA UU contestador e questionador que envolveu
Estou ficando cego de tanto enxergar diversas questões nacionais, como pode ser
Estou ficando surdo de tanto escutar percebido na música Geração Coca-Cola, do
grupo Legião Urbana11:

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Jadir Peçanha Rostoldo Expressões Culturais e Sociedade

“Quando nascemos fomos programados ‘Sempre em frente,


A receber o que vocês nos empurraram não temos tempo a perder’.
Com os enlatados dos EUA, de 9 as 6
Desde pequenos nós comemos lixo Não tenho medo do escuro, mas deixe as
Comercial e industrial luzes acesas agora.
Mas agora chegou a nossa vez O que foi escondido é o que se escondeu
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês E o que foi prometido,
ninguém prometeu,
Somos os filhos da revolução Nem foi tempo perdido;
Somos burgueses sem religião Somos tão jovens”.
Nós somos o futuro da nação
Geração coca-cola O rock dos anos 80 representou a insatisfação da
Depois de vinte anos na escola sociedade com a situação do País, a ditadura e a
Não é difícil aprender impossibilidade de acesso aos meios de
Todas as manhãs do seu fogo sujo comunicação que, naquele período, eram
Não é assim que tem que ser? dominados, segundo Juça (2001), pela Música
Vamos fazer nosso dever de casa Popular Brasileira (MPB) clássica12 e pela
E aí então, vocês vão ver Jovem Guarda13. Os grupos que surgiram14
Suas crianças derrubando reis” romperam com as exigências formais de um País
(apud Paiva, 1987: 136). sob domínio autoritário e passaram a questionar,
ampliando seu espaço de ação que, ao invés de
O Legiao Urbana (1986, 1987), em duas de suas se restringir apenas ao Sudeste, incorporou
músicas, Que país é esse? e Tempo Perdido, movimentos de diversas outras partes do Brasil.
retrata pontos distintos da sociedade brasileira Com o seu grande alcance junto a todas as
nos anos 1980. Na primeira, faz uma crítica à camadas da sociedade e sua capacidade de
falta de ética e moral tanto dos bandidos quanto despertar as mesmas emoções e sentimentos em
dos políticos e evidencia nossa dependência indivíduos de diversas localidades, a música é
externa; na segunda, expressa a esperança de uma forma de politizar a sociedade. Ela se
uma sociedade que, apesar dos problemas, vai consolidou como um elemento de construção da
“Sempre em frente”, em busca de um país mais sociedade brasileira, confirmando a idéia de
justo, Juça (2001: 135) de que “A arte é o maior
instrumento de inovação e interação entre todas
“Que país é esse? as contradições. É também uma das principais
alavancas do desenvolvimento social”.
Nas favelas, no senado
sujeira pra todo lado CONCLUSÃO
ninguém respeita a constituição
mas todos acreditam no futuro da nação Os temas e representações culturais são
elementos importantes para se entender a
que país é esse problemática política e social de qualquer
período da história de um país. Expressam e dão
terceiro mundo se for publicidade a todos os processos e ações no
piada no exterior interior da sociedade. Analisando o cenário
mas o Brasil vai ficar rico cultural brasileiro da década de 1980, Furtado
vamos faturar um milhão (1997) argumenta que ele passou de uma postura
quando vendermos todas as almas rural, interiorana e primitiva, para uma
dos nossos índios no leilão. tendência urbana, em que a urbanização, a
industrialização e a globalização passaram a
Tempo Perdido dominar o cenário social. Com isso, o estilo de
vida e os conceitos políticos e institucionais se
Todos os dias quando acordo, alteram, demonstrando a relação direta entre
Não tenho mais o tempo que passou cultura e sociedade.
Mas tenho muito tempo:
Temos todo o tempo do mundo. Em relação ao aspecto econômico, não podemos
negar sua interdependência com a cultura, pois,
Todos os dias antes de dormir, paralelo ao capital econômico, está o capital
Lembro e esqueço como foi o dia: cultural de uma sociedade. No entanto, a

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Expressões Culturais e Sociedade Jadir Peçanha Rostoldo

produção cultural não está subordinada à - Id. (1987), Que país é esse 1978/1987. [S.I.],
economia; é autônoma em suas práticas EMI. 1 disco sonoro.
específicas por meio de uma dinâmica interna, - Paiva, Cláudio C. de. A. (1987), Trama
processos e princípios próprios, atuando em cultural dos anos 80. Brasília, Universidade
parceria e não subordinada às práticas Federal de Brasília, Dissertação (Mestrado em
econômicas. O capital cultural tem sua própria Comunicação), Departamento de Comunicação.
estrutura de valor, independente do capital - Plebe Rude (1986), O concreto já rachou.
econômico. A cultura possui uma lógica própria, [S.I.], EMI. 1 disco sonoro.
pela qual os bens culturais não podem, - Ramos, José M. O. (1987), “O cinema
simplesmente, ser trocados por dinheiro, pois o brasileiro contemporâneo (1970-1987)”, en
seu valor social não está vinculado diretamente Ramos, Fernão (ed.), História do cinema
ao seu valor econômico, mas à influência que brasileiro. São Paulo, Art, 399-454.
demarca e impõe à sociedade. - Titãs (1986), Cabeça dinossauro. [S.I.], WEA.
1 disco sonoro.
A cultura é um instrumento para o
desenvolvimento de qualquer país, pois as NOTAS
sociedades não são apenas números, como
1
apresentam a maioria das análises econômicas, Movimento militar que instituiu o regime ditatorial
mas também os sentimentos, as reações e a no Brasil a partir de 31.03.1964. Esse regime
liberdade de ação das pessoas. perdurou até 1985 com a eleição de um Presidente da
República civil.
2
Ato instituído pelo regime militar, em 13.12.1968,
REFERÊNCIAS para regular as atividades da sociedade.
3
Lei de incentivos fiscais a cultura.
- Alexandre, Ricardo (2002), Dias de luta. São 4
Formado por Roger Rocha Moreira, Edgard
Paulo, DBA Artes Gráficas. Scandurra, Maurício Rodrigues e Leôspa.
5
- Barão Vermelho (1983), Barão vermelho 2. Movimento pelas eleições diretas para presidente da
[S.I.], Som Livre. 1 disco sonoro. República nos primeiros anos da década de 1980.
6
- Barbosa, Ana M. T. (1991), A imagem no Que instituía eleições diretas no Brasil e foi
ensino da arte: anos oitenta e novos tempos. São rejeitada pelo Congresso Nacional em 25 de abril de
Paulo, Fundação IOCHPE. 1984.
7
Formado por Philippe Seabra, André Mueller, Gutje
- Bilharinho, Guido (1997), Cem anos de cinema
e Jander Bilaphra.
brasileiro. Uberaba/Brasil, Instituto Triangulino 8
Grupo, nesse período, formado por Guto Goffi,
de Cultura. Maurício Barros, Roberto Frejat, Dé e Cazuza.
- Brim, Argemiro J. (1999), O desenvolvimento 9
Formado por Fê e Flávio Lemos, Loro Jones e
econômico brasileiro. Ijuí, UNIJUÍ. Dinho Ouro Preto.
10
- Capital Inicial (1986), Capital inicial. [S.I.], Conjunto formado por Nando Reis, Arnaldo
Polygram. 1 disco sonoro. Antunes, Marcelo Fromer e Toni Belotto.
11
- Cazuza (1988), O tempo não pára. Rio de Formado por Dado Villa-Lobos, Renato Russo e
Janeiro, Polygram. 1 CD gravado ao vivo. Marcelo Bonfá.
12
- Featherstone, Mike (1995), Cultura de Maria Bethânia, Gal Costa, Chico Buarque, Milton
Nascimento, Caetano Veloso, João Bosco, Elis
consumo e pós-modernismo. São Paulo, Studio
Regina, Ivan Lins e Gonzaguinha.
Nobel. 13
Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Vanderléia.
- Furtado, João P. (1997), “A música popular 14
Lobão, Blitz, Legião Urbana, Paralamas do
brasileira dos anos 60 aos 90: apontamentos para Sucesso, Titãs, Kid Abelha, Lulu Santos, Barão
o estudo das relações entre linguagem e práticas Vermelho, Cazuza, Camisa de Vênus, Celso Blues
sociais”. Revista de Pós-Graduação em Boys, Capital Inicial, Plebe Rude, entre outros.
História, 5, 123-143.
- Gaspari, Elio; Hollanda, Heloisa y Ventura,
Zuenir (2000), Cultura em trânsito: da
repressão à abertura. Rio de Janeiro,
Aeroplano.
- Juça, Maria (2001), “Música: cidade partida”,
en Almeida, Candido J. M. de et al. (eds.),
Cultura brasileira ao vivo. Rio de Janeiro,
Imago, 133-147.
- Legião Urbana (1986), Dois. [S.I.], EMI. 1
disco sonoro.

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