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Nota de aula 07A

Propriedades térmicas (IBach pg.83)

Espalhamento inelástico: Nêutrons

A energia cinética é a soma das energias cinéticas individuais cada uma da forma
1 𝑑𝑢𝑠 2
𝐸𝑐𝑖𝑛 = 𝑀 ( )
2 𝑑𝑡
A força entre os átomos 𝑠 e 𝑠 + 1 é
𝐹 = −𝐷(𝑢𝑠+1 − 𝑢𝑠 ) → Energia potencial 𝑈 = − ∫ 𝐹𝑑𝑥 1
→ 𝑈 = 𝐷(𝑢𝑠+1 − 𝑢𝑠 )2
2
A energia total é
1 𝑑𝑢𝑠 2 1
𝐸 = 𝑀∑( ) + 𝐷 ∑(𝑢𝑠 − 𝑢𝑠+1 )2
2 𝑑𝑡 2
𝑠 𝑠
Sendo 𝑢𝑠 = 𝑢0 𝑒 𝑖𝑠𝑞𝑎−𝑖𝜔𝑡 , temos
𝑑𝑢𝑠 𝑖𝑠𝑞𝑎−𝑖𝜔𝑡
𝑑𝑢𝑠 2
= 𝜔𝑢0 𝑒 →( ) = 𝜔2 𝑢0 2 𝑒 2𝑖𝑠𝑞𝑎−2𝑖𝜔𝑡
𝑑𝑡 𝑑𝑡
O valor médio é
𝑑𝑢𝑠 2 1
〈( ) 〉 = 𝜔2 𝑢0 2 〈𝑒 2𝑖𝑠𝑞𝑎−2𝑖𝜔𝑡 〉 = 𝜔2 𝑢0 2
𝑑𝑡 2
Assim, o valor médio da energia cinética é:
1
〈𝐸𝑐𝑖𝑛 〉 = 𝑀𝜔2 𝑢0 2 (1)
4
Energia potencial é dada por:
1
𝑈 = 𝐷 (𝑢𝑠 − 𝑢𝑠+1 )2
2
Usando 𝑢𝑠 = 𝑢0 𝑒 𝑖𝑠𝑞𝑎−𝑖𝜔𝑡 , temos,
𝑢𝑠+1 = 𝑢0 𝑒 𝑖(𝑠+1)𝑞𝑎−𝑖𝜔𝑡 = 𝑢0 𝑒 𝑖𝑠𝑞𝑎−𝑖𝜔𝑡 𝑒 𝑖𝑞𝑎
𝑢𝑠 − 𝑢𝑠+1 = 𝑢0 (𝑒 𝑖𝑠𝑞𝑎−𝑖𝜔𝑡 − 𝑒 𝑖𝑠𝑞𝑎−𝑖𝜔𝑡 𝑒 𝑖𝑞𝑎 )
(𝑢𝑠 − 𝑢𝑠+1 )2 = 𝑢0 2 (𝑒 2𝑖𝑠𝑞𝑎−2𝑖𝜔𝑡 − 2𝑒 𝑖𝑠𝑞𝑎−𝑖𝜔𝑡 𝑒 𝑖𝑠𝑞𝑎−𝑖𝜔𝑡 𝑒 𝑖𝑞𝑎 + 𝑒 2𝑖𝑠𝑞𝑎−2𝑖𝜔𝑡 𝑒 2𝑖𝑞𝑎 )
(𝑢𝑠 − 𝑢𝑠+1 )2 = 𝑢0 2 (𝑒 2𝑖𝑠𝑞𝑎−2𝑖𝜔𝑡 − 2𝑒 2𝑖𝑠𝑞𝑎−2𝑖𝜔𝑡 𝑒 𝑖𝑞𝑎 + 𝑒 2𝑖𝑠𝑞𝑎−2𝑖𝜔𝑡 𝑒 2𝑖𝑞𝑎 )
𝑜 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑒 〈𝑒 2𝑖𝑠𝑞𝑎−2𝑖𝜔𝑡 〉 = 1⁄2 𝑒 〈𝑒 2𝑖𝑞𝑎 〉 = 1
1 1 1
(𝑢𝑠 − 𝑢𝑠+1 )2 = 𝑢0 2 ( − 2 × × 𝑒 𝑖𝑞𝑎 + × 1) = 𝑢0 2 (1 − 𝑒 𝑖𝑞𝑎 )
2 2 2
(𝑢𝑠 − 𝑢𝑠+1 )2 = 𝑢0 2 (1 − cos(𝑞𝑎))
Assim o valor médio da energia potencial será:
1
〈𝑈〉 = 𝐷𝑢0 2 (1 − cos(𝑞𝑎))
2
A relação de dispersão é dada por
𝐷 1
𝜔2 = 2 (1 − cos(𝑞𝑎)) → 𝜔2 𝑀 = 𝐷 (1 − cos(𝑞𝑎))
𝑀 2
1
〈𝑈〉 = 𝑀𝜔2 𝑢0 2 (2)
4
O valor médio da energia total 〈𝐸〉 = 〈𝑈〉 + 〈𝐸𝑐𝑖𝑛 〉 da equação (1) e (2) é
1
⟨𝐸⟩ = 〈𝐸𝑐𝑖𝑛 〉 + 〈𝑈〉 = 𝑀𝜔2 𝑢0 2 (3)
2
𝜔(𝑞⃗) ‘e determinada experimentalmente por espalhamento inelásticos de nêutrons com a emissão ou absorção
de um fônon.

O espalhamento é dado por


𝑞⃗ + 𝐺⃗ = 𝑞⃗′ ± 𝑄
⃗⃗ ⃗⃗ + 𝐺⃗ = 𝑘
ou 𝑘 ⃗⃗ ′ ± 𝐾
⃗⃗
onde 𝑄⃗⃗ é o vetor de onda criado (+) ou absorvido (-) no processo de espalhamento e 𝐺⃗ é o vetor da rede
reciproca. 𝑄⃗⃗ na primeira zona de Brillouin.
Dado a energia cinética do nêutron incidente
2
𝑝2 (ℏ𝑘 ⃗⃗ )
𝐸𝑐𝑖𝑛,𝑛,𝑖 = = ,
2𝑀𝑛 2𝑀𝑛
sendo 𝑘⃗⃗ é o vetor de onda do nêutron incidente. A magnitude deste vetor de onda 𝑘 ⃗⃗ é expressa pelo número
de onda ou número de onda angular e a direção e sentido deste vetor equivalem aos da propagação da onda.
Dado o vetor de onda espalhado 𝑘 ⃗⃗ ′, a energia cinética do nêutron espalhado é
2
(ℏ𝑘⃗⃗ ′)
𝐸𝑐𝑖𝑛,𝑛, 𝑓 = .
2𝑀𝑛
Por conservação de energia
2 2
(ℏ𝑘 ⃗⃗ ) (ℏ𝑘⃗⃗ ′)
= ± ℏ𝜔 (4),
2𝑀𝑛 2𝑀𝑛
onde ℏ𝜔 é a energia do fônon criado (+) ou absorvido (-) no processo.

1.8

1.6

1.4
+ modo óptico
1.2 + modo acústico

1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

0.0
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5

Figura 1 Curva experimental de dispersão em um cristal de KBr a 90K para ondas transversais e
longitudinais se propagando na direção [111]. Medido com nêutrons.

Figura 2 Curva
experimental de
dispersão em um
cristal de sódio a
90K para ondas se
propagando nas
direções [001], [110]
e [111]. Medido com
nêutrons.
2.2
2.0
1.8
1.6
1.4

1.2
1.0
0.8
0.6
0.4
0.2
0.0
-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6
q
Sabe-se que as equações 3rN do movimento de um sólido periódico podem ser largamente
desacopladas por meio da onda plana e a pressuposto de forças harmônicas. Chegando a um sistema de
equações que, para um determinado vetor de onda 𝑞, acopla as amplitudes de onda dos átomos dentro de uma
célula unitária. Assim, pode-se demonstrar matematicamente que a aproximação harmônica as equações de
movimento, mesmo para um sólido não periódico, podem ser completamente desacopladas por meio de uma
transformação de coordenadas lineares às chamadas coordenadas normais. Obtemos assim um total de 3rN
formas independentes de movimento do cristal, cada uma com uma dependência harmônica do tempo e uma
frequência específica que, no caso de um sólido periódico, é dada pela relação de dispersão 𝜔 (𝑞). Qualquer
um desses modos normais pode ganhar de perder energia independentemente dos outros. A quantidade de
energia que pode ser trocada é quantizada:
1
𝐸𝑛 = (𝑛 + ) ℏ𝜔 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑛 = 1,2,3, …
2
O numero quântico 𝑛 corresponde a amplitude da vibração, assim usando a equação (3),
1
𝑀𝜔2 〈𝑠 2 〉𝑡 = (𝑛 + ) ℏ𝜔
2
〈𝑠 2 〉𝑡 indica o valor medio temporal
1 1
𝑀𝜔2 𝑢0 2 = (𝑛 + ) ℏ𝜔
2 2
Se, por exemplo, se deseja calcular na aproximação harmônica a energia térmica por unidade de volume de
um sólido, é preciso conhecer primeiro o espectro de frequência própria do sólido e, em segundo lugar, a
energia de um oscilador harmônico em equilíbrio com um banho térmico. Começamos por considerar como
obter, em princípio pelo menos, o espectro de frequência do sólido.

Espalhamento inelástico: Luz - Espectroscopia Raman (Ibach 79)

Desde do desenvolvimento do laser, a espectroscopia Raman se tornou um importante método de investigação


dos excitações elementares nos sólidos, como por exemplo os fônons e os plasmons. O interesse neste tipo
de espectroscopia o estudo do espalhamento inelástico. Por conservação de energia temos,
ħ𝜔0 = ħ𝜔 ± ħ𝜔(𝑞)
ħ𝜔0 − ħ𝜔 ± ħ𝜔(𝑞⃗) = 0
onde 𝜔0 é o frequência do laser incidente e 𝜔 é a frequência espalhada. 𝜔(𝑞⃗ ) e 𝑞⃗ são a frequência angular e
o vetor de onda da excitação elementar, i.e., o fônon. Como −𝑘 ⃗⃗0 + 𝑘
⃗⃗ ∓ 𝑞⃗+= 𝐺⃗ , pode –se escrever
ħ𝑘⃗⃗0 − ħ𝑘
⃗⃗ ± ħ𝑞⃗ + ħ𝐺⃗ = 0
A interação da luz visível com o sólido ocorre via polarizabilidade dos elétrons de valência. O campo elétrico
𝐸0 da onda de luz incidente induz, via o tensor susceptibilidade eletrônica 𝜒 a polarização 𝑃⃗⃗ ,
𝑃⃗⃗ = 𝜀0 𝜒Ɛ0 ou 𝑃𝑖 = 𝜀0 ∑ 𝜒𝑖𝑗 𝐸𝑗0
𝑗
A modulação periódica de 𝑃⃗⃗ leva, por sua vez, à emissão de uma onda - a onda espalhada. Na aproximação
clássica, a onda espalhada pode ser considerada como radiação dipolar do dipolo oscilante 𝑃⃗⃗ .
A susceptibilidade eletrônica 𝜒 é uma função das coordenadas nucleares e, portanto, dos deslocamentos
associados à vibrações [𝜔(𝑞⃗), 𝑞⃗]. Da mesma forma, a susceptibilidade eletrônica 𝜒 pode ser uma função
também de outras excitações coletivas 𝑋[𝜔(𝑞⃗), 𝑞⃗]. Veremos no futuro a variação de densidade associada com
as ondas longitudinal de plasma de elétron, também as variações de magnetização de ondas que se
movimentam. Assim,
𝜕𝜒
𝜒 = 𝜒0 + ( ) 𝑥
𝜕𝑋
Um pré-requisito para a observação de uma linha Raman é que a suscetibilidade eletrônica tenha um derivado
não nula com respeito à coordenada 𝑋 da excitação elementar.

A partir das leis da eletrodinâmica, obtém-se a densidade do fluxo de energia numa direção 𝑠̂ , isto é, o vetor
de Poynting 𝑆⃗, na distância 𝑟 do dipolo, como
𝜔4 𝑃2 𝑠𝑒𝑛2 𝜃
𝑆⃗(𝑡) = 𝑠̂
16𝜋 2 𝜀0 𝑟 2 𝑐 3
𝜃 é o ângulo entre a direção da observação 𝑠̂ e a direção de vibração de 𝑃⃗⃗.
A radiação espalhada expressa pela equação anterior 𝑆(𝑡) contém, portanto, juntamente com a
contribuição elástica da frequência 𝜔0 (espalhamento Rayleigh), outros termos conhecidos como linhas
laterais Raman com frequências 𝜔0 ± 𝜔(𝑞⃗). Os sinais de mais e menos correspondem a quanta de luz
espalhada que absorveu, respectivamente, a energia e a energia perdida na excitação elementar relevante
[𝜔(𝑞⃗), 𝑞⃗]. As linhas com frequência menor que 𝜔0 são chamadas de linhas de Stokes; aqueles com maior
frequência são a linha anti-Stokes. Para que a linha anti-Stokes exista, é necessário que a excitação elementar,
o fônon, já esteja presente no sólido. Assim, para baixas temperaturas, a intensidade das linhas anti-stokes é
muito reduzida porque a excitação elementar relevante está em grande parte no seu estado fundamental. A
intensidade da radiação inelástica espalhada é um fator 106 menor que a radiação incidente com frequências
𝜔0 .
O espalhamento é produzido pela polarização dos átomos no campo de radiação e subsequente emissão
da radiação. Se for usado luz visível, o máximo do vetor de onda é
4𝜋
2𝑘0 = ~2 × 10−3 𝐴𝑛𝑔𝑠𝑡𝑟𝑜𝑛,
𝜆
i.e. aproximadamente 1/1000 do vetor de rede reciproco. Este resultado quer dizer que somente excitações no
centro da zona de Brillouin fazem parte do espalhamento Raman.
Se a energia do fóton incidente ħ𝜔0 for idêntica a energia de uma transição eletrônica, então se observa
um aumento enorme da seção de choque do espalhamento Raman, chamado de espalhamento Raman
ressonante.

Densidade de Estados (IBach 83)

A densidade de estados (DOS) de um sistema descreve o número de estados por intervalo de energia
em cada nível de energia disponível para ser ocupado.

𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑒𝑚 𝑢𝑚𝑎 𝑑𝑒𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑑𝑎 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎


𝐷𝑂𝑆 =
𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒

Um valor de DOS alto em um nível de energia específico significa que existem muitos estados
disponíveis para ocupação. Um valor de DOS zero significa que nenhum estado pode ser ocupado nesse nível
de energia.
Ao contrário de sistemas isolados, como átomos ou moléculas na fase gasosa, as distribuições de
densidade não são discretas como uma densidade espectral, mas contínuas. Uma densidade de estados elevada
em um nível de energia específico significa que existem muitos estados disponíveis para ocupação. Uma
densidade de estados igual a zero significa que nenhum estado pode ser ocupado nesse nível de energia. Em
geral, uma DOS é uma média sobre os domínios de espaço e tempo ocupados pelo sistema. As variações
locais, muitas vezes devido a distorções do sistema original, geralmente são chamadas de densidade local de
estados (LDOS). Se a DOS de um sistema não perturbado for zero, o LDOS pode localmente ser diferente de
zero devido à presença de um potencial local.
A densidade de estados desempenha um papel importante na teoria cinética dos sólidos. O produto da
densidade de estados e a função de distribuição de probabilidade é o número de estados ocupados por unidade
de volume em uma energia dada para um sistema em equilíbrio térmico. Esse valor é amplamente utilizado
para investigar várias propriedades físicas da matéria. Os seguintes são exemplos, usando duas funções de
distribuição comuns, de como a aplicação de uma função de distribuição à densidade de estados pode dar
origem a propriedades físicas.
As equações 3𝑟𝑁 do movimento têm exatamente 3𝑟𝑁, em geral, soluções distintas. Em contraste, a
fórmula de onda plana
1
𝑠𝑛𝛼𝑖 = 𝑢𝛼𝑖 (𝑞⃗)𝑒 𝑖(𝑞⃗⃗∙𝑟⃗𝑛−𝜔𝑡)
√𝑀𝛼
para o sólido periódico parece dar um conjunto contínuo de soluções. Essa contradição decorre das premissas,
por um lado, de simetria translacional completa, isto é, uma rede infinitamente estendida e, por outro lado, de
um número finito 𝑁 de células unitárias. Podemos superar esse problema considerando um cristal finito de
volume 𝑉 contendo células da unidade 𝑁, o que, no entanto, imaginamos fazer parte de uma continuação
periódica infinitamente. Desta forma, obtemos um cristal finito ao mesmo tempo que preservamos a simetria
translacional completa que é um pré-requisito para as soluções de ondas planas. Se considerássemos apenas o
cristal finito, isso levaria a complicações devido às soluções localizadas adicionais que são produzidas por
suas superfícies. Para cristais muito pequenos, onde o número de átomos de superfície é comparável com o
número de átomos do centro (bulk em inglês), é necessário considerar essas soluções localizadas quando se
calculam as propriedades termais.

Densidade de estados em uma dimensão: Corrente linear monoatômica

Considere o problema em uma rede unidimensional de comprimento 𝐿 com 𝑁 partículas separadas por uma
distancia 𝑎. As extremidades estão fixas, de tal forma que temos somente ondas estacionarias

s= 1 2 3 ... N-1 N
1
a
Comprimento total L 2
N
Como
𝑢𝑠 = 𝑢𝑒 𝑖𝑠𝑞𝑎−𝑖𝜔𝑡
𝑢𝑠 = 𝑢𝑒 𝑖𝜔𝑡 𝑠𝑒𝑛 (𝑠𝑞𝑎) 3
N-1
𝑠𝑞𝑎 deve ser um múltiplo inteiro de 2𝜋 , sendo assim,
2𝜋 4𝜋 6𝜋 𝑁2𝜋
𝑞= , , ,… (5)
𝐿 𝐿 𝐿 𝐿
Como 𝐿 = 𝑁𝑎
2𝜋 4𝜋 6𝜋 𝑁2𝜋
𝑞 = , , , …
𝑁𝑎 𝑁𝑎 𝑁𝑎 𝑁𝑎
2𝜋 𝑁 𝑁
𝑞= 𝑠 → − ≤𝑠≤
𝑁𝑎 2 2

Como 𝑠 é um número inteiro, isto leva ao número de modos total 𝑁, que é o numero de átomos em
uma corrente linear monoatômica 1D.
Da mesma forma podemos chegar a este resultado analisando a periodicidade

𝑒 𝑖(𝑞 𝑥𝑠−𝜔𝑡) = 𝑒 𝑖(𝑞 𝑥𝑠+𝑁−𝜔𝑡)


Onde
𝑥𝑠 = 𝑠𝑎
𝑥𝑠+𝑁 = (𝑠 + 𝑁)𝑎
sendo
𝑒 𝑖𝑞𝑁𝑎 = 1
Para ser verdade
2𝜋
𝑞= 𝑠
𝑁𝑎
Onde 𝑠 é um número inteiro, assim
𝜋 𝜋

≤ 𝑞⃗ ≤
𝑎 𝑎
2𝜋 𝑁 𝑁
𝑞= 𝑠 → − ≤𝑠≤
𝑁𝑎 2 2

(Kittel pg.95)
Outro sistema para enumerar os modos pode ser empregado. Consideramos o meio como ilimitado, mas
exigimos que a solução seja periódica para uma distância 𝐿 muito maior que a distância interatômica, ou seja
impomos a condição
𝑢𝑠 (𝑠𝑎) = 𝑢𝑠 (𝑠𝑎 + 𝐿)
Na solução de onda progressiva 𝑢𝑠 = 𝑢0 𝑒 𝑖𝑠𝑞𝑎−𝑖𝜔𝑡 , os valores permitidos de q são
2𝜋 4𝜋 6𝜋 𝑁𝜋
𝑞 = 0, ± ,± ,± ,…,
𝐿 𝐿 𝐿 𝐿
Este método de enumeração fornece o mesmo número de modos (um por átomo móvel) da equação (5), mas
agora temos valores positivos e negativos de 𝑞, com o intervalo ∆𝑞 = 2𝜋/𝐿 entre os valores sucessivos de 𝑞.
No caso de condições periódicas, o número de modos por intervalo unitário de 𝑞 é 𝐿/2𝜋 para − 𝜋⁄𝑎 ≤ 𝑞 ≤
+ 𝜋⁄𝑎 e 0 para qualquer outro valor de 𝑞.
Precisamos conhecer a densidade de estados 𝐷(𝜔) em uma dimensão . Assim, o número de modos 𝐷1 (𝜔)𝑑𝜔
em um intervalo 𝑑𝜔 no entorno do ponto 𝜔 é dado, em uma dimensão, pela expressão
𝐿
𝐷1 (𝜔)𝑑𝜔 = 2 𝑑𝑞
2𝜋
O número 2 se refere ao lado esquerdo e direito da corrente linear monoatomica.
𝐿
𝐷1 (𝜔)𝑑𝜔 = 𝑑𝑞 (6)
𝜋

Exemplo 1
Corrente linear monoatômica com 5 átomos 1
s 1 2 3 4 5
2
a 5
𝑁 𝑁
− ≤𝑠≤
2 2

−2,5 ≤ 𝑠 ≤ 2,5 4 3

𝑠 = −2, −1, 0, 1, 2 (𝑖𝑛𝑡𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠)

Exemplo 2

Corrente linear monoatômica de 1 𝑐𝑚 e 𝑎 = 10 𝑛𝑚. Quantos pontos formam a relação de dispersão?

Como 𝑎 = 1 × 10−9 𝑚 e 𝐿 = 1 × 10−2 𝑚

𝐿 1 × 10−2 𝑚
𝑁= = = 107
𝑎 1 × 10−9 𝑚
Exemplo 3
Para um corrente linear de 25 átomos, a densidade de estados é dada pela figura abaixo

A densidade de estados (DOS) de um sistema descreve o número de estados por intervalo de energia em cada
nível de energia disponível para ser ocupado.
Para uma dimensão, calculando o número de estados em 𝑑𝑞, isto é a Densidade de estados 𝐷(𝜔), o número
de modos por unidade de frequência para uma dimensão é dado pela equação 6.

𝑑𝜔 𝑑𝜔
𝐷(𝜔)𝑑𝜔 = 𝐿⁄𝜋 𝑑𝑞 → 𝐷(𝜔)𝑑𝜔 = 𝐿⁄𝜋 𝑑𝑞 → 𝐷(𝜔)𝑑𝜔 = 𝐿⁄𝜋
𝑑𝜔 𝑑𝜔⁄
𝑑𝑞
Como a velocidade de grupo (Apêndice), a velocidade na qual um pacote de onda se move, é dada por
𝑣𝑔𝑟𝑢𝑝𝑜 = 𝑑𝜔⁄𝑑𝑞
𝑑𝜔
𝐷(𝜔)𝑑𝜔 = 𝐿⁄𝜋
𝑣𝑔𝑟𝑢𝑝𝑜
Para a relação de dispersão da cadeia linear monoatômica 𝜔 = 2√𝐷⁄𝑀 𝑠𝑒𝑛(𝑞𝑎⁄2) temos 𝑣𝑔𝑟𝑢𝑝𝑜 =
𝑑𝜔⁄𝑑𝑞 = 𝑎√𝐷⁄𝑀 𝑐𝑜𝑠(𝑞𝑎⁄2)
𝑑𝜔
𝐷(𝜔)𝑑𝜔 = 𝐿⁄𝜋
𝐷 𝑞𝑎
𝑎√𝑀 𝑐𝑜𝑠 ( 2 )

Isolando 𝑞𝑎⁄2 da relação de dispersão


𝑞𝑎 𝜔 𝑀
= 𝑎𝑟𝑐𝑠𝑒𝑛 ( √ )
2 2 𝐷
E substituindo em 𝐷 (𝜔)𝑑𝜔

𝑑𝜔
𝐷(𝜔)𝑑𝜔 = 𝐿⁄𝜋
𝐷 𝜔 𝑀
𝑎√𝑀 𝑐𝑜𝑠 (𝑎𝑟𝑐𝑠𝑒𝑛 ( 2 √ 𝐷 ))

Usando a identidade trigonométrica 𝑐𝑜𝑠(𝑎𝑟𝑐 𝑠𝑒𝑚 𝑥) = √1 − 𝑥 2

𝑑𝜔 𝑑𝜔
𝐷(𝜔)𝑑𝜔 = 𝐿⁄𝜋 → 𝐷(𝜔)𝑑𝜔 = 𝐿⁄𝜋
2 𝐷 𝜔2 𝑀
𝐷 𝜔 𝑀 𝑎√𝑀 (1 − 4 𝐷 )
𝑎 √𝑀 √1 − ( 2 √ 𝐷 )
𝑑𝜔 𝑑𝜔
𝐷(𝜔)𝑑𝜔 = 𝐿⁄𝜋 → 𝐷(𝜔)𝑑𝜔 = 𝑁⁄𝜋
𝐷 𝜔2 √𝐷 − 𝜔
2
𝑎 √𝑀 − 4 𝑀 4
𝑑𝜔
𝐷(𝜔)𝑑𝜔 = 𝑁⁄𝜋
2
√𝐷 − 𝜔
𝑀 4

Figura 4 Densidade de estados de uma corrente linear monoatômica.

𝑁 𝑑𝜔
𝐷(𝜔)𝑑𝜔 =
4𝜋
√4 𝐷 − 𝜔 2
𝑀
𝑁 𝑑𝜔 𝐷
𝐷(𝜔)𝑑𝜔 = onde 𝜔0 = 2√
4𝜋 √𝜔0 2 − 𝜔 2 𝑀

1
1. Dado a energia cinética e a potencial prove que o valor médio da energia total é ⟨𝐸⟩ = 2 𝑀𝜔2 𝑢0 2

2. Na difração de nêutrons
2 2
⃗⃗ )
(ℏ𝑘 ⃗⃗ ′)
(ℏ𝑘
= ± ℏ𝜔
2𝑀𝑛 2𝑀𝑛
Faça um comentário da equação acima.

3. Explique a relação entre a polarização 𝑃⃗⃗ e a a susceptibilidade eletrônica 𝜒, e em que casos pode-se observar
as linhas de Stokes e anti Stokes?

4. O que é uma densidade de estados?

5. Quantos pontos formam a relação de dispersão para uma corrente linear monoatômica com 9 átomos

6. Para uma corrente linear monoatômica de 1𝑚𝑚 e 𝑎 = 0,25 𝑛𝑚, quantos pontos formam a relação de
dispersão?

7. A partir de 𝐷(𝜔)𝑑𝜔 = (𝐿⁄𝜋)𝑑𝑞 para uma cadeia linear monoatômica, mostre que densidade de estados
DOS é dada por:
𝑑𝜔
𝐷 (𝜔)𝑑𝜔 = 𝑁⁄𝜋
2
√𝐷 − 𝜔
𝑀 4
Apêndice: Velocidade de grupo 𝑣𝑔

Dado as três ondas


𝑢1 = 𝑢0 𝑒 𝑖 (𝑘𝑜 𝑥−𝜔𝑜 𝑡)
1 ∆𝑘 )𝑥−(𝜔 +∆𝜔⁄ )𝑡)
𝑢2 = 𝑢0 𝑒 𝑖((𝑘𝑜 + ⁄2 𝑜 2
2
1 ∆𝑘 )𝑥−(𝜔 −∆𝜔⁄ )𝑡)
𝑢3 = 𝑢0 𝑒 𝑖((𝑘𝑜 − ⁄2 𝑜 2
2
Somando as três ondas
1 ∆𝑘 )𝑥−(𝜔 +∆𝜔⁄ )𝑡) 1 ∆𝑘 )𝑥−(𝜔 −∆𝜔⁄ )𝑡)
𝑢 = 𝑢0 {𝑒 𝑖 (𝑘𝑜 𝑥−𝜔𝑜 𝑡) + 𝑒 𝑖((𝑘𝑜 + ⁄2 𝑜 2 + 𝑒 𝑖((𝑘𝑜 − ⁄2 𝑜 2 }
2 2
1 ∆𝑘 ∆𝜔 1 ∆𝑘 ∆𝜔
= 𝑢0 𝑒 𝑖 (𝑘𝑜 𝑥−𝜔𝑜 𝑡) {1 + 𝑒 𝑖( ⁄2𝑥− ⁄2𝑡) + 𝑒 𝑖(− ⁄2𝑥+ ⁄2𝑡)}
2 2
Como 𝑒 𝑖𝜃 + 𝑒 −𝑖𝜃 = 2cos(𝜃 ⁄2),
𝑢 = 𝑢0 𝑒 𝑖(𝑘𝑜 𝑥−𝜔𝑜 𝑡) {1 + cos(∆𝑘⁄2 𝑥 − ∆𝜔⁄2 𝑡)}
O máximo desta função (em 𝑥𝑚 ) ocorre quando o argumento cosseno é nulo, assim,
∆𝑘 ∆𝜔 ∆𝜔 ∆𝜔
( 𝑥𝑚 − 𝑡) = 0 → 𝑥𝑚 = 𝑡 → 𝑣𝑔 =
2 2 ∆𝑘 ∆𝑘

Densidade de Estados em três dimensões

Cubo de lados L
𝑒𝑥𝑝{𝑖[𝑞𝑥 𝑥 + 𝑞𝑦 𝑦 + 𝑞𝑧 𝑧]} = 𝑒𝑥𝑝{𝑖[𝑞𝑥 (𝑥 + 𝐿) + 𝑞𝑦 (𝑦 + 𝐿) + 𝑞𝑧 (𝑧 + 𝐿)]}
2𝜋 4𝜋 6𝜋 𝑁𝜋
𝑞𝑥 , 𝑞𝑦 , 𝑞𝑧 = 0, ± ,± ,± , …,
𝐿 𝐿 𝐿 𝐿
Só é possível um valor de 𝑞 no volume (2𝜋/𝐿)3 no espaço 𝑞. No caso de condições periódicas, o número
de modos por intervalo unitário de 𝑞 é (𝐿/2𝜋)3 Assim,
𝐿 3 𝑉
( ) = 3
2𝜋 8𝜋
O total do número de modes N é o produto de (𝐿⁄2𝜋)3 e o volume de uma esfera de raio q, assim,
𝐿 34 3 𝐿3
𝑁 (𝑞) = ( ) 𝜋𝑞 = 2 𝑞3
2𝜋 3 6𝜋
Por definição
𝑑𝑁 𝐿3 2
𝐷(𝑞)𝑑𝑞 = = 𝑞 𝑑𝑞
𝑑𝑞 2𝜋

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