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Meio Ambiente, Vida Rural e Su
Meio Ambiente, Vida Rural e Su
Autores
Arildo João de Souza
Fábio Roberto Tavares
Organização
Elisabeth Penzlien Tafner
Meike Marly Schubert
Sonia Adriana Weege
Tatiana Milani Odorizzi
Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Diagramação e Capa
Letícia Vitorino Jorge
Revisão
Joice Carneiro Werlang
José Roberto Rodrigues
Políticas Públicas 1
Ementa
1 INTRODUÇÃO
O ser humano, desde os seus primórdios na Terra, enfrentou desafios das mais
diferentes formas, diferentes momentos, diferentes situações. E tanto o ser humano quanto
os desafios foram modificando o meio, o espaço ocupado por este ser e tantos outros seres.
Assim, podemos nos perguntar: Quais os novos paradigmas que se apresentam para o ser
humano? Como acontecerá o desenvolvimento humano respeitando a natureza em meio a
tantos desafios e o que pode facilitar esse processo de desenvolvimento, tanto para o ser
humano como para tudo o que o circunda, de modo especial a natureza, seja ela presente no
meio urbano ou no meio rural? Como avançar no desenvolvimento sem prejudicar ainda mais
o próprio ser humano e o seu meio? O primeiro passo é conhecendo onde ele vive. É o que
queremos fazer nesse pequeno estudo.
Vamos lá!
2 VIDA URBANA
Urbano tem origem no latim urbanus, que significa “pertencente à cidade”. Segundo
o Dicionário Web, “urbano é tudo aquilo que está relacionado com a vida na cidade e com os
indivíduos que nela habitam, por oposição a rural, que é relativo ao campo e ao interior”.
Repare que o rural e o urbano mexem com a vida, com o modo de vida das pessoas,
da qualidade de vida. Vemos então que o urbano se formou a partir do rural, e criou tal
separação, dicotomia e função. O antagonismo de um mesmo espaço só pode ser percebido
no entendimento do que é, e qual a relação deste com o homem e com outros espaços.
Como vimos, a cidade é uma realidade bastante difícil de definir. Por estranho que
possa parecer, não há nenhuma definição universal de cidade. Cada país adapta os seus
critérios de definição.
A definição de zona urbana varia de um país a outro. De uma forma geral, é considerada
urbana qualquer zona que apresentar uma população igual ou superior a 2000 habitantes. A
atualização dos modelos de crescimento urbano tem feito com que a densidade da população,
a extensão geográfica e o desenvolvimento de infraestruturas se combinem para serem pilares
na delimitação deste tipo de zonas.
Embora seja difícil generalizar, as zonas urbanas costumam apresentar um maior preço
em termos de superfície (o custo de vida é mais caro, nomeadamente os próprios terrenos e
aluguéis) e uma menor presença de emprego no setor primário comparando com as zonas rurais.
Por outro lado, as zonas urbanas oferecem uma maior gama de recursos para a sobrevivência
das pessoas.
O olhar sobre o urbano em nosso país chega à ONU (Organização das Nações Unidas),
que aponta que até 2050 o Brasil terá aproximadamente 93% de sua população vivendo nos
centros urbanos. Já a população no meio rural terá um decréscimo, com moradores neste meio
de aproximadamente 16 milhões de habitantes.
3 VIDA RURAL
Caro acadêmico! Todos nós sabemos que há pessoas que moram na cidade, outras
no campo, ou no meio rural. É preciso desmistificar aquela imagem que temos do meio rural
bucólico, como descrito em filmes ou em poesia. O agronegócio não nos deixa mentir, o meio
rural alcançou grau de desenvolvimento ímpar nos últimos anos.
Para definir o termo “rural”, devemos recorrer à sua origem vinda do latim “rural, is”.
Segundo o Dicionário Web, “é um adjetivo que corresponde ao que pertence ou relativo ao
campo” (um terreno extenso que se encontra fora das regiões mais povoadas e são terras de
cultivo). É exatamente o oposto do que conhecemos como zona urbana, de cidades.
Graziano da Silva (1999) nos dá o conceito de meio rural como um conjunto de regiões
ou zonas (território) cuja população desenvolve diversas atividades ou se desempenha em
distintos setores, como a agricultura, o artesanato, as indústrias pequenas, o comércio, os
serviços, o gado, a pesca, a mineração, a extração de recursos naturais e o turismo, entre outros.
Na provisão, não só de alimentos, mas também de grandes bens e serviços, entre os quais
vale a pena destacar a oferta e cuidado de recursos naturais, os espaços para o descanso, e
as contribuições à manutenção e desenvolvimento da cultura. Disponível em: <http://artigos.
netsaber.com.br/resumo_artigo_7430/artigo_sobre_novos_conceitos_de_urbano_e_rural >.
Acesso em: 27 ago. 2013.
Para Balsadi (2001), o meio rural é então uma entidade socioeconômica em um espaço
geográfico com quatro componentes básicos:
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2008) define zona rural como o
contrário da zona urbana. São regiões não urbanizadas ou destinadas à limitação do crescimento
urbano, utilizadas em atividades agropecuárias, agroindustriais, extrativismo, silvicultura e
conservação ambiental. Atualmente, muitas das áreas rurais estão protegidas como área de
conservação, terras indígenas, turismo rural. Zona rural (campo) é o oposto de zona urbana
(região destinada a habitação, trabalho e outras funções básicas da população), ou seja, quando
comparadas à zona urbana, com a zona rural, são muitas vezes caracterizadas como carentes
e precárias. No entanto, no meio rural está presente o conceito de ruralidade, contato com a
natureza e animais, ar puro, sossego, vida tranquila e mais saudável.
4 SEMELHANÇAS OU DIFERENÇAS
Quando for decidir onde morar e qual estilo de vida é apropriado para você, existem
diversos fatores que devem ser considerados, como empregabilidade, interação social e saúde.
Os estilos de vida rural e urbano variam de muitas formas e os indivíduos podem fazer uma
escolha entre os dois baseados naquilo que conhecem de si mesmos e na qualidade de vida
que apreciam.
Já na cidade, geralmente temos algumas das realidades descritas a seguir, que você,
acadêmico, poderá confirmar ou não:
• a esmagadora maioria das pessoas cumpre horários muito rígidos, a oferta de
atividades de ocupação de tempo livre é muito diversificada;
• não há um conjunto de valores comuns, mas uma grande diversidade de hábitos.
Aceita-se a diversidade e valoriza-se o que é moderno;
• cada um sente os seus problemas. As relações entre as pessoas são pouco familiares;
• as ruas estão repletas de painéis publicitários e a intensa circulação de automóveis
deteriora a qualidade do ar;
• o ritmo de vida é agitado.
O gráfico 1 a seguir nos dá uma visão da evolução da população rural e urbana no Brasil.
FONTE: IBGE. Anuário estatístico do Brasil, 1986, 1990, 1993 e 1997; Censo demográfico, 2000;
Síntese de indicadores sociais, 2007
Ao falar de rural e de urbano é necessário que se tenha claro o que podemos deferir por
rural ou campo e por urbano ou cidade. A vigente definição de cidade é fruto do Estado Novo e “foi
o Decreto-Lei nº 311, de 1938, que transformou em cidade todas as sedes municipais existentes,
independentemente de suas características estruturais e funcionais”. (VEIGA, 2003, p. 1).
Segundo Veiga (2003, p. 2), a partir disso, da noite para o dia, “ínfimos povoados” ou
“simples vilarejos” se tornaram cidades.
Para as futuras cidades seria exigida a existência de pelo menos 200 casas e
para as futuras vilas (sede de distritos) um mínimo de 30 moradias. Mas todas
as localidades que àquela data eram cabeça de município passaram a ser
consideradas urbanas, mesmo que suas dimensões fossem muito inferiores
ao requisito mínimo fixado para as novas.
Desse modo, em suas análises, Graziano da Silva (1999, p. 1, grifo do autor) tem
enfatizado que:
Nas últimas décadas, tem-se destacado uma nova percepção do campo, relativo a um
modo de vida “alternativo” e ambientalmente sustentável, correspondente a um resgate da
natureza pelos hábitos da cidade que se dirige ao campo.
Com a inserção das novas atividades no campo, sobretudo as não agrícolas, que vêm
crescendo também no Brasil, diminui a supremacia das atividades agrícolas no meio rural. Essas
mudanças advêm do contínuo declínio da capacidade da agricultura de manter e gerar postos
de trabalho, além do crescimento de atividades geradoras de ocupações rurais não agrícolas.
Essas atividades não agrícolas fazem com que o rural assuma novas funções. Entre as
“novas funções” do campo que ganham cada vez mais destaque estão as atividades de lazer,
Dessa forma, crescem cada vez mais atividades de lazer, que buscam um resgate às
tradições culturais de determinadas áreas e valorizam os costumes da vida rural.
5 ECOLOGIA
Nossa casa, a Terra, é formada por vários ecossistemas complexos que apenas existem
porque estão interligados e inter-relacionados, ou seja, não podem viver isoladamente. Quais
são estes ecossistemas?
Fazem parte dos ecossistemas os fatores bióticos e abióticos. Os fatores bióticos são
os que possuem vida, tais como: vegetais, animais e bactérias que interagem e se sustentam
mutuamente. Os fatores abióticos são: água, solo, vento, gelo. A interdependência entre estes
fatores forma os ecossistemas terrestres e aquáticos que sustentam a vida em nosso planeta,
do qual a vida humana faz parte, pois a urbanização e o avanço tecnológico de nossa sociedade
afastaram o ser humano da natureza, criando a falsa ideia de que a humanidade pode viver
sem a natureza.
O planeta Terra tem idade aproximada de 4,5 bilhões de anos. O surgimento da vida
ocorreu 1 bilhão de anos depois, ou seja, há 3,5 bilhões de anos. A espécie humana iniciou
sua evolução entre 2 e 3 milhões de anos.
Entretanto, a humanidade viveu todo este tempo em harmonia com todos os animais
e ecossistemas, domesticando alguns, matando outros para sobrevivência; mas jamais
exterminando espécies inteiras como tem ocorrido nas últimas décadas.
6 ECOSSISTEMA
Sistemas formados pela interação entre os organismos vivos ou bióticos e seu ambiente
abiótico, tais como: solo, água, sol, neve, vento, gelo, formam um biossistema, que abrange
desde sistemas genéticos até sistemas ecológicos.
Habitat: é o lugar preciso onde uma espécie vive, isto é, sua morada dentro do
ecossistema que determina o comportamento de sobrevivência e reprodutivo da comunidade
(local de abrigo, alimentação e reprodução).
Nicho ecológico: o nicho ecológico pode ser definido como o total de necessidades
e condições necessárias à sobrevivência de um organismo. É um espaço n-dimensional, no
sentido de que há uma infinidade de propriedades envolvidas. (ODUM; BARRET, 2008)
O que define uma região como floresta equatorial, mata atlântica, deserto, pântano, geleira,
mar, rio etc., é uma conjuntura de fatores que evolve a latitude, altitude, climas, solo, regime hídrico.
Nenhum destes sistemas é fechado, todos interagem e são interdependentes. Não é possível
destruir um sem afetar toda a ecosfera, ou o planeta como um todo.
A ecologia tem a função de ensinar, por exemplo, que a retirada de recursos naturais do
planeta para suprir as necessidades de sobrevivência de mais de 7 bilhões de habitantes está
ultrapassando a capacidade da natureza de repor o que é tirado. Florestas estão desaparecendo,
rios secando, chuvas cada vez mais escassas, secas prolongadas.
Um ecossistema se alimenta de entradas e saídas, ou seja, uma floresta recebe a luz solar
das chuvas e os nutrientes da Terra; em contrapartida, esta sustenta a vida de milhares ou milhões
de espécies vivas, plantas, animais, incluindo a humana, fornece oxigênio, ajuda a regular o regime
de chuvas etc.
Meio Ambiente, Vida Rural e Sustentabilidade
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Políticas Públicas 13
Para Odum e Barret (2008), bastaria uma amostra de água de um lago, um punhado de
lodo do fundo ou solo de um prado para constituir uma mistura de organismos vivos, tanto de
plantas como de animais, além de inúmeros elementos inorgânicos.
A diversidade do ecossistema pode ocorrer por vários fatores. Entre os mais importantes
estão: diversidade genética; diversidade das espécies; diversidade de habitat e diversidade dos
processos funcionais que mantêm os sistemas complexos. (ODUM; BARRET, 2008).
7 OS GRANDES BIOMAS
Uma floresta, como a amazônica, por exemplo, possui grandes comunidades de plantas
e animais influenciados pela latitude, o regime hídrico, solo e altitude, formando assim um bioma.
(ODUM; BARRET, 2008).
O clima, influenciado pela latitude e altitude, é o fator mais importante para determinar
um bioma. Além disso, fatores como regime hídrico e solo são outros elementos que influenciam
ou determinam a formação do bioma em determinada região geográfica.
Entre as florestas equatoriais úmidas podemos citar, como exemplo, a floresta amazônica,
floresta do Congo e floresta equatorial da Indonésia.
O Cerrado e a Savana são formados por vegetação arbustiva, intercalada com campos e
gramíneas. Já a Mata Atlântica é vegetação de clima tropical úmido, comum no litoral brasileiro.
Nas regiões glaciares, nas proximidades do círculo polar, aparece a vegetação de tundra.
O clima determina a flora, que por sua vez atrai animais adaptados àquele ambiente.
Sobre estes biomas a civilização se estabeleceu e criou raízes, extraindo os recursos
naturais necessários à sobrevivência.
Cidades, rodovias, portos e aeroportos foram construídos sobre estes biomas, muitos
dos quais foram totalmente destruídos ou existem apenas fragmentos, como a Mata Atlântica
brasileira, da qual hoje restam apenas 7% das áreas originalmente ocupadas por este bioma.
A devastação sobre os biomas e recursos naturais é tão intensa que a ONU criou
o conceito de desenvolvimento sustentável, ou seja, “atender às necessidades da geração
presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras”.
1 INTRODUÇÃO
À medida que a população mundial aumenta, cresce também sua capacidade de intervir
na natureza na busca de satisfazer suas necessidades e desejos crescentes. Paralelo ao fato,
surgem conflitos e tensões quanto ao uso do espaço e dos recursos.
IMPO
RTAN
TE!
Recurso é qualquer coisa que podemos obter do meio ambiente para
satisfazer nossas necessidade e demandas. Em geral são classificados
como:
- Renováveis (ar, água, solo, floresta), desde que não os utilizemos mais
rapidamente do que a natureza possa renová-los.
- Não renováveis (cobre, petróleo, carvão), que somente se tornam úteis
após passarem por processos de engenharia tecnológica, como, por
exemplo, o petróleo, que se converte em gasolina, óleo para aquecimento
e outros produtos (MILLER; SPOOLMAN, 2012).
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Degradação ambiental: esgotamento ou destruição de um recurso
potencialmente renovável, como solo, pastagem, floresta ou vida selvagem,
que é usado mais rapidamente do que pode ser naturalmente regenerado.
Se tal uso continuar, o recurso torna-se não renovável (em uma escala de
tempo humano) ou inexistente (extinto). (MILLER; SPOOLMAN, 2012).
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O modelo de desenvolvimento econômico, por muitos anos, decorreu como aquele que
valoriza o aumento de riqueza sem preocupação com a conservação dos recursos naturais. Hoje,
a necessidade vital de conservação do meio ambiente aparece em discussão com parâmetros
sobre as formas de viabilizar o crescimento econômico, explorando os recursos naturais de
forma racional, ou seja, sustentável. (SACHS, 2004)
3 SUSTENTABILIDADE: SURGIMENTO
FONTE: Os autores
3.2 AGENDA 21
A “Agenda 21” criada pela Cúpula da Terra, organizada pela ONU em 1992, é utilizada
no mundo todo para nortear discussões de políticas públicas e também para ser um “guia para o
planejamento de ações locais que fomentem um processo de transição para a sustentabilidade”,
conforme relatado pela ONU.
IMPO
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A conferência foi intitulada como “Rio + 20” porque marca o vigésimo
aniversário da realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92).
UNI
4 SUSTENTABILIDADE: CONCEITUAÇÃO
UNI
Desenvolvimento Sustentável: “é o desenvolvimento que encontra as
necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações
de atender suas próprias necessidades”. Disponível em: <http://www.onu.
org.br/a-onu-em-acao/a-onu-e-o-meio-ambiente/>.
Conforme você pode perceber, o ONU não trata de sustentabilidade como termo
isolado, e sim agregado ao desenvolvimento e com esse os demais índices, por isso a tem
como desenvolvimento sustentável, mas o contexto conceitual da sustentabilidade não para por
aqui. A sustentabilidade está alicerçada em pilares centrais, os quais veremos a partir desse
momento, ampliando assim seu entendimento sobre esse tema.
Vamos nos aprofundar mais a respeito das dimensões identificadas nessa figura que
alicerçam o desenvolvimento sustentável (SACHS, 2002). Vamos abordar os seguintes pontos:
econômico, social, ambiental, cultural, espacial, político e psicológico.
O Pacto Global adotou dez princípios universais, derivados dos direitos humanos,
dos direitos do trabalho e do conceito de sustentabilidade, que fazem parte da Declaração
Universal de Direitos Humanos, da Declaração da Organização Internacional do Trabalho, da
Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992) e de Copenhague (2004).
Os dez princípios do Pacto Global constam na Figura 50.
socioambiental
UNI
Os seis gases de efeito estufa monitorados pelo Protocolo de Quioto
são: o dióxido de carbono (CO2); metano (CH4); óxido nitroso (N2O);
hidrofluorocarbonos (HFCs); perfluorocarbonos (PFCs); e hexafluoreto de
enxofre (SF6).
NOT
A!
O IPCC é o principal organismo internacional responsável pelas pesquisas
e informações sobre a evolução das mudanças climáticas no mundo, seus
potenciais impactos ambientais e socioeconômicos. Foi estabelecido pela
Organização das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP) e a Organização
Meteorológica Mundial (OMM).
A ABNT NBR ISO 14064 é uma série de normas que estabelecem diretrizes e
procedimentos para ações, a saber:
• Projetos MDL: Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.
• Inventários de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE): documento que relata as
fontes e sumidouros de gases de efeito estufa e quantifica-os em uma organização.
• Projetos de redução de emissões de gases e a verificação e gestão dos GEE.
NOT
A!
MDL: projetos previstos no Protocolo de Kyoto, criados para ajudar os
países Anexo I (países desenvolvidos com grandes emissões de GEE
históricas e que aderiram ao Protocolo de Kyoto) a atingirem suas metas
de reduções de emissões de gases de efeito estufa a menores custos
e com maior efetividade. Os projetos de reduções de emissões de GEE
são realizados em Países Não Anexo I (países em desenvolvimento com
reduzida emissão histórica de GEE) sendo financiados pelos Países
Anexo I, por meio da compra dos créditos de carbono (valor monetário
correspondente a um volume determinado de emissões de GEE que são
reduzidos por meio da implementação de Projetos MDL).
LEITURA COMPLEMENTAR
Apenas a polícia brasileira foi responsável por seis mortes por dia, em 2013, reflexo da
ideologia militar da corporação, segundo o relatório da Comissão. Hoje, o Brasil é responsável
por um em cada dez homicídios no mundo.
"A Polícia Militar tem uma organização e formação preparada para a guerra contra um
inimigo interno e não para a proteção. Desse modo, não reconhece na população pobre uma
cidadania titular de direitos fundamentais, apenas suspeitos que, no mínimo, devem ser vigiados
e disciplinados, porque assim querem os sucessivos governantes, ontem e hoje." Essa é a
conclusão do capítulo sobre a militarização da polícia brasileira, presente no relatório final da
Comissão da Verdade "Rubens Paiva", divulgado nesta quinta-feira 12.
Uma das causas deste cenário de caos reside, segundo o relatório, na incapacidade
da Polícia Militar se adaptar ao regime democrático. "A Polícia Militar foi e continua sendo
um aparelho bélico do Estado, empregada pelos sucessivos governantes no controle de seu
inimigo interno, ou seja, seu próprio povo, ora conduzindo-o a prisões medievais, ora produzindo
uma matança trágica entre os residentes nas periferias das cidades ou nas favelas", afirma o
texto. Segundo o documento, a concepção militar da polícia é voltada para o controle político
e não para a prevenção da violência e criminalidade. A avaliação do relatório é reforçada por
levantamentos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e da Anistia Internacional. Segundo
estas organizações, a polícia brasileira matou, em média, seis pessoas por dia, em 2013. No
ano anterior, 30 mil jovens brasileiros foram mortos, sendo 77% deles negros.
A alta letalidade policial e suas práticas repressivas não foram, no entanto, as únicas
marcas deixadas pela ditadura na gestão da segurança pública brasileira. Em depoimento
prestado à Comissão, o ex-funcionário da Secretaria Nacional de Segurança Pública, Luiz
Eduardo Soares, revelou que até meados dos anos 2000, policiais militares ainda recebiam
aulas de tortura nas corporações. "Nós nos esquecemos de que a transição (democrática)
Em 1969, o presidente ditador Costa e Silva, outra vez por meio de decreto, reorganiza
as polícias militares. No mesmo ano, tem início a Operação Bandeirante, um órgão de
repressão política criado por acordo entre as Forças Armadas e a Polícia Militar paulista, sob
ordem do governo estadual e com apoio político e material de empresários. No ano seguinte,
a relação entre militares e policiais militares se intensifica e cria-se o DOI-Codi (Destacamento
de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna), que posteriormente
terá sua atuação nacionalizada com órgãos semelhantes fora do Estado de São Paulo.
Segundo o relatório, é neste bojo que acontece a unificação da Força Pública e Guardas
Civis Estaduais, consolidando a Polícia Militar como a conhecemos hoje. "[Graças ao] golpe
dentro do golpe [AI-5] que se militarizam ao extremo as forças de segurança, centraliza-se o
comando, o controle, a coordenação do sistema", diz o relatório.
Referências bibliográficas