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Teófilo Otoni/MG
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
INSTITUTO DE CIÊNCIA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA
Orientador:
Prof. Dr. Rafael Alvarenga Almeida
Teófilo Otoni/MG
2017
ANÁLISE HIDROLÓGICA DA MICROBACIA DO RIO POQUIM A MONTANTE
DA BARRAGEM DE ITAMBACURI/MG
Orientador:
Prof. Dr. Rafael Alvarenga Almeida
APROVADO em ___/___/______
____________________________________
Prof. Dr. Rafael Alvarenga Almeida
____________________________________
Prof. Msc. Elton Santos Franco
____________________________________
Prof. Dr. Daniel Moraes Santos
A todos que nos apoiaram e ajudaram na
realização deste trabalho. À Defesa Civil de
Itambacuri/MG, na pessoa do coordenador
municipal, Paulo Jésus Batista Salomão. Aos
professores que nos auxiliaram, ao orientador que
nos direcionou, aos nossos amigos e nossos
familiares, que sempre estiveram ao nosso lado,
nos dando forças e todo o incentivo necessário.
4
RESUMO
ABSTRACT
The use of dams and bunds for water storage for public distribution is one of the most
effective ways to ensure a constant distribution of water to a population during periods of
uneven rainfall. However, the populations of the cities grew at a fast pace, and with this the
consumption flows in the distribution networks today serve much more than they were
planned for its conception. The city of Itambacuri/MG has a similar profile to these cases,
where the water accumulation dam for public distribution was broken and the dam that was
used for energy production came to serve this purpose. Thus, as this hydraulic structure was
not designed for this purpose, its conception did not take into account the vegetative growth
of the urban population served. Thus, this study performs a hydrological analysis of the
microbasin that supplies the current dam, by comparing two available databases, showing that
the critical situation of the municipality will only be solved with the construction of a new
dam of sufficient capacity.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE SIGLAS
RESUMO................................................................................................................................... 4
ABSTRACT .............................................................................................................................. 5
LISTA DE FIGURAS............................................................................................................... 6
LISTA DE QUADROS............................................................................................................. 7
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13
2. OBJETIVO ......................................................................................................................... 14
4. METODOLOGIA............................................................................................................... 33
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVO
O objetivo geral do trabalho foi realizar um estudo hidrológico da bacia que abastece o
atual barramento, fazendo um balanço hídrico do local, a fim de comprovar que a sua
capacidade, mesmo sem o volume de assoreamento, não consegue suprir a necessidade da
população atual.
No que diz respeito às séries de precipitação, foram utilizadas duas bases de dados. A
primeira delas foi o Hidroweb, com dados de 1941 a 1975. A segunda foi o Climatempo com
dados mais recentes, dos últimos 30 anos. Dessa forma, objetivou-se a comparação destes
dois bancos para chegar a resultados de balanço hídricos mais condizentes com a realidade
enfrentada pelo município.
Os objetivos específicos do trabalho foram:
Delimitação da microbacia que abastece a barragem do município;
Classificação do uso do solo;
Cálculo da área da superfície líquida da barragem;
Obtenção das séries históricas de precipitação;
Estimativa do volume de água da barragem;
Estimativa do consumo populacional;
Cálculo da evaporação da direta da barragem;
Determinação do saldo final do balanço hídrico.
15
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
habitantes. Assim, com área territorial de 1.419,209 km², possui densidade demográfica de
aproximadamente 16,07 habitantes por quilômetro quadrado.
Do total populacional do censo demográfico de 2010, a cidade apresentava 11.032
habitantes do sexo masculino e 11.777 habitantes do sexo feminino. Para ambos os sexos, a
faixa etária com maior número populacional é de 30 a 34 anos, representada por 1.229
homens e 1.184 mulheres. Dos 22.809 habitantes, 15.119 pessoas vivem na área urbana e
7.690 pessoas vivem na área rural do município.
Figura 3: Unidades de Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos bacia do Rio Doce.
(Fonte: JARDIM, 2014)
18
3.1.2. Unidade de Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos Rio Suaçuí – DO4
Figura 4: Unidade de Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos Rio Suaçuí Grande –
DO4.
(Fonte: IGAM, 2010)
proporcionado por duas forças. A primeira, calorífera, provinda do sol, promove a ascensão
da água através da evaporação direta e transpiração das plantas, fenômeno denominado
evapotranspiração. A segunda, gravidade, após o resfriamento do vapor d’agua e formação de
gotículas na atmosfera, promove a precipitação das mesmas. Segundo Bertoni e Tucci (2001),
as precipitações podem acontecer em qualquer estado físico, sendo as de maior ocorrência em
todo o mundo, a chuva e a neve.
O ciclo somente é considerado fechado globalmente, pois em um balanço geral,
podemos afirmar que toda água evapotranspirada de uma região retornará a superfície
terrestre através da precipitação, porém não necessariamente no mesmo local que houve a
movimentação do vapor de água. Isso se dá devido a grande movimentação contínua na
atmosfera e também na superfície terrestre. Por isso, em termos locais, podemos considerar o
ciclo hidrológico como sendo aberto.
Bertoni e Tucci (2001) enunciam que há vários fatores que influenciam no ciclo das
águas, sendo eles: desuniformidade com que o sol atinge a superfície terrestre,
comportamento térmico dos continentes em relação aos oceanos, quantidade de vapor de
água, CO2 e ozônio na atmosfera, variabilidade espacial dos solos e cobertura vegetal e a
rotação e inclinação do eixo terrestres na circulação atmosférica. Esta última é a responsável
pela existência das estações do ano.
O Brasil, por ter dimensão continental, desfruta de características heterogêneas
influenciadoras do ciclo hidrológico para cada região encontrada em seu território. Por isso,
podemos observar os extremos, onde há regiões com potencial hídrico muito elevado, como é
o caso da região amazônica, mas também regiões com escassez de água, visualizando o sertão
nordestino.
A água escoada que atinge os cursos estáveis (arroios e rios) é levada em sua maioria
aos oceanos onde, por diversos processos físicos e meteorológicos, destacando-se a rotação
terrestre, os ventos de superfície, a variação espacial e temporal da energia solar absorvida e
as marés, contribuem para o fenômeno que fecha o ciclo hidrológico, a evaporação.
Segundo Bertoni e Tucci (2001), por cobrir cerca de 70% de todo planeta, os oceanos
com certeza têm maior influência no ciclo hidrológico. Este só funciona com a energia
calorífera solar, que só é utilizada devido a um efeito estufa natural proporcionado pelo vapor
de água e CO2 encontrados na atmosfera. Esses gases criam uma barreira que impede a perda
total do calor emitido pela terra, originado da radiação incidente do sol na mesma. Assim, a
atmosfera mantém-se aquecida proporcionando a evapotranspiração.
Os oceanos têm influência significativa no clima e ciclo, pois são responsáveis por
absorver a metade do CO2 através do processo de fotossíntese das algas existentes em seu
meio, por isso sua interação com a atmosfera é tão importante para a estabilidade do clima e
ciclo hidrológico. Entretanto, o interesse maior, por estar intimamente ligada a maioria das
atividades humanas, reside na água doce dos continentes, onde é importante o conhecimento
da evaporação dos mananciais e solos, assim como a transpiração do vegetal.
A Figura 5 exemplifica de forma simplificada como ocorre todo o ciclo hidrológico.
dados de uma série com falhas superior a cinco por cento, servindo esse valor tanto para
análise de dados diários, quanto para anual.
Para entender melhor essa porcentagem, analisa-se, por exemplo, uma série histórica
de n anos, a qual há falhas nos meses que a envolvem. Se houverem falhas que superem os
cincos por cento estabelecidos por Bertoni e Tucci (2001), os meses devem ser descartados.
Esta mesma análise deve ser feita para os anos de incidência desses descartes, observando-se
a quantidade de meses que foram retirados, pois se essa quantidade também superar os cinco
por cento, o ano será também excluído dos cálculos.
Deve-se ter cuidado ao ser analisar a porcentagem mencionada anteriormente, pois se
a fizermos de forma puramente numérica vamos perceber que a incidência de descartes de
dados será muito grande. Considerando essa porcentagem em um mês, por exemplo, esse não
poderia ter duas falhas sequer e já seria retirado da série por superar os 5%. Isso ainda é
majorado quando observamos os anos, que para serem formados necessitam de um grupo
menor de dados (os meses), onde não podem ter nenhum destes descartados, pois assim seria
também automaticamente excluído por superar a mesma porcentagem (BERTONI e TUCCI,
2001).
Por isso, os dados devem ser analisados com cautela, usando nesses casos um pouco
de conveniência e razoabilidade para realizar os cortes. É notório que meses que tenham em
torno de três a quatro falhas ainda podem ser usados nos cálculos relacionados às series,
diferentemente de outros que tenham acima de oito falhas, por exemplo.
Segundo Freire e Omena (2005), podemos então considerar a microbacia como uma
secção de controle, fazendo com que o seu balanço hídrico seja regido pelas vazões de entrada
e de saída, em que a diferença destes dois índices seja sua reserva de armazenamento.
Para o cálculo, são considerados o balanço hídrico acima da superfície e balanço
hídrico abaixo da superfície com as fórmulas descritas a seguir.
𝛥𝑆𝑠 = 𝑃 + 𝑅1 − 𝑅2 + 𝑅𝑔 − 𝐸𝑠 − 𝑇𝑠 − 𝐼 (1)
𝛥𝑆𝑔 = 𝐼 + 𝐺1 − 𝐺2 − 𝑅𝑔 − 𝐸𝑔 − 𝑇𝑔 (2)
𝛥(𝑆𝑠 + 𝑆𝑔) = 𝑃 − (𝑅2 − 𝑅1) − (𝐸𝑠 − 𝐸𝑔) − (𝑇𝑠 − 𝑇𝑔) − (𝐺2 − 𝐺1) (3)
25
Em que:
P: Precipitação total (mm s-1);
R2, R1: Escoamento superficial total (mm s-1);
E: Evaporação total (mm s-1);
T: Transpiração (mm s-1);
G2, G1: Escoamento subterrâneo total (mm s-1);
Δ S: Variação de armazenamento (mm s-1);
I: Infiltração (mm s-1).
A Figura 7 a seguir ilustra de melhor forma estas variáveis e como elas estão
distribuídas no sistema hidrológico.
𝛥𝑆 = 𝑃 − 𝑅 − 𝐺 − 𝐸 − 𝑇 (4)
26
𝑑𝑠
𝛥𝑆 = 𝑃 − 𝑅 ou 𝐼 − 𝑂 = 𝑑𝑡 (5)
Em que:
I: fluxo afluente;
O: fluxo efluente;
ds/dt: variação no armazenamento por unidade de tempo.
O escoamento superficial é uma dessas variáveis em que é difícil prever, pois deve ser
levada em conta vários fatores difíceis de quantificar, como: tipo de solo, uso e ocupação e
precipitação. Porém, métodos como I-PAI-WU (THOMAZ, 2010), método Número da Curva
(PRUSKI et. al., 2010) possibilitaram os cálculos, juntamente com bancos de dados abertos
como Hidroweb e Climatempo.
O acesso à água tratada é um direito de todo cidadão brasileiro, garantido pela Lei
nacional nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007, que também estabelece as diretrizes nacionais
para os demais componentes do saneamento básico: esgotamento sanitário, limpeza urbana e
manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do
meio ambiente.
Em Minas Gerais, a Lei nº 18.309, de 03 de agosto de 2009, estabelece normas
relativas aos serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário no estado.
Apesar de ser um direito assegurado por lei, segundo informações do portal do
Instituto Trata Brasil (2014), 16,7% dos brasileiros ainda não são atendidos com
abastecimento de água tratada. Ainda de acordo com o Instituto, a cada 100 litros de água
captada e tratada, apenas 63% são consumidos. Os outros 37% se perde com vazamentos,
roubos, ligações clandestinas, falta de medições ou medições incorretas no consumo de água.
A captação de água e o seu manancial como sendo as partes mais importantes de um
serviço de água potável. O sucesso das unidades do sistema de tratamento e distribuição de
água depende diretamente da escolha adequada do manancial, da sua proteção, além da
correta construção e operação dos dispositivos de captação (OLIVEIRA, 2013).
De acordo com Guimarães (2007), existem dois tipos de fontes de água para o
abastecimento humano: superficiais e subterrâneas. As primeiras são compostas de rios, lagos,
canais, dentre outros, e as segunda são constituídas basicamente de lençóis subterrâneos.
Guimarães (2007) destaca que as águas superficiais são as mais utilizadas no consumo
humano, devido à facilidade de sua captação, mesmo sabendo que essas fontes correspondem
a menos de 5% da água doce existente no planeta.
A escolha do manancial e local para implantação de um sistema de captação precisa
levar em conta dois requisitos mínimos: aspectos quantitativos (vazões) e aspectos
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do corpo d’água não possui cota suficiente para a instalação dos dispositivos de sucção
(OLIVEIRA, 2013).
Quando o nível de água é muito baixo, são construídas barragens de pequenas alturas
com a finalidade de elevar a cota do curso d’água em determinado ponto (Figura 9), tornando
possível a captação. Apesar de possibilitar tal artifício, barragens de regularização de nível
não são projetadas para regularizar vazões.
Figura 10: Sistema Cantareira, na cidade de São Paulo/SP, com barragens de regularização
de vazão.
(Fonte: OROZCO, 2017)
Os drenos, por sua vez, são utilizados em locais onde o lençol freático é muito
superficial. Nessas situações, as canalizações coletoras ficam na superfície ou a pequenas
profundidades de aterramento. Eles podem ser construídos com tubos furados ou manilhas
cerâmicas (GUIMARÃES, 2007).
O método de captação de água em lençol freático mais comum é o poço, visto que são
aplicados em regiões onde existe grande variação do nível d’água durante o ano. Por isso,
tornam-se necessárias escavações de maiores profundidades para garantir uma permanência
da vazão de captação (GUIMARÃES, 2007).
A classificação dos poços freáticos depende da vazão solicitada e da capacidade do
lençol abastecedor. Guimarães (2007) classifica de 2 maneiras: quanto a modalidade de
construção e quanto ao tipo de lençol. Os primeiros se dividem entre escavados (profundidade
até 20 m, diâmetros entre 0,80 e 3 m, vazão de até 20 l s-1), perfurados e cravados. Os
segundos são diferenciados entre rasos e profundos. A Figura 12 apresenta a estrutura típica
de um poço raso comum.
32
4. METODOLOGIA
Estimativa do Estimativa do
Delimitação da
volume de água consumo
Microbacia
da barragem populacional
Cálculo do
Classificação do Cálculo da
escoamento
uso do solo evaporação direta
superficial
Obtenção das
Cálculo da área da Saldo final do
séries históricas
Superfície Líquida balanço hídrico
de precipitação
Para traçar a sub-bacia que fornece água para a barragem de Itambacuri/MG, foi
utilizado o software Arcgis 10.0 (ESRI, 2008). Inicialmente foram obtidas 3 imagens SRTM
(imagens 28-16, 28-17 e 29-16) para compor um mosaico de base para o modelo digital de
elevação (MDE) da área de interesse. A Figura 15 apresenta o layout deste passo.
35
A partir deste mosaico, foram traçadas as principais bacias que o compõem. Com
dados disponíveis pelo IBGE, foi sobreposto os limites geográficos do município de
Itambacuri/MG e, desta forma, foi possível verificar que este município tem área na divisa das
três das bacias coletadas: Bacia do Rio Doce, Bacia do Rio São Mateus e Bacia do Rio
Mucuri. Com recorte das 3 bacias e o seu respectivo MDE, foi utilizada a extensão ArcHydro
Tools 9.0, do software Arcgis 10.0 (ESRI, 2008), para delimitar a microbacia de influência à
montante da barragem. A Figura 16 apresenta um layout da composição de corpos d`agua em
um dos passos de utilização da extensão ArcHydro Tools 9.0, necessário para chegar à
microbacia em estudo.
36
Figura 16: Layout da composição dos corpos d’água para delimitar a bacia em estudo.
(Fonte: Edição Pessoal)
Com isso, chegou-se a uma microbacia, que foi chamada de bacia da barragem. Para
avaliar a compatibilidade do resultado obtido do software ArcGis 10.0 (ESRI, 2008) com o
relevo da área, fizemos uma sobreposição de imagens utilizando o shape adquirido com as
imagens de satélite obtidas pelo software Google Earth Pro, em que os limites do shape se
alinharam com os divisores de água. A Figura 17 apresenta esta sobreposição.
37
Dentro da área da bacia, foi necessária a classificação dos diferentes usos do solo na
região, pois essa variável é indispensável para os índices de escoamento superficial. Para a
área de estudo, foram consideradas 4 classes hidrológicas: água, floresta, solo exposto e
pastagem.
Para representar essa classificação de forma mais fiel possível com a realidade, foi
utilizado ainda no software ArcGis 10.0 (ESRI, 2008) a ferramenta de classificação
supervisionada. Foi possível orientar amostras de cada um dos tipos de solo e, com isso, o
software classificou toda a área de forma automática nestas bases.
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𝐴𝑆 (𝐴𝑇−𝐴𝐴)
𝑉= (6)
2
Em que:
V: Volume (m³);
AS: Área da superfície líquida (m²);
AT: Altura total (m);
AA: Altura do assoreamento (m).
39
O Método do Número da Curva (SCS-USDA) foi o método utilizado por esse estudo
para estimar a lâmina de água de escoamento superficial por unidade de área da microbacia,
41
considerando alguns parâmetros relevantes que interferem neste resultado final, como tipo de
solo e a infiltração potencial.
Inicialmente para os cálculos do método, foi necessário estabelecer o número da curva
– CN, que são valores que variam de 0 a 100, dependendo do manejo da terra, do tipo do solo,
da condição hidrológica e da umidade antecedente do solo.
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – SCS-USDA existem
quatro tipos de solo, que são definidos como:
• Solo A: baixo potencial de escoamento, alta taxa de infiltração quando
completamente úmido e perfil profundo, geralmente arenoso, com pouco silte e argila.
• Solo B: moderada taxa de infiltração quando completamente úmido e
profundamente moderado.
• Solo C: baixa taxa de infiltração quando completamente úmido, camada de
impedimento e considerável porcentagem de argila.
• Solo D: elevado potencial de escoamento e baixa taxa de infiltração, raso e de
camada impermeável.
De acordo com Pruski et al. (2010) no que diz respeito a condição hidrológica a
cobertura pode ser considerada:
• Boa: em mais de 75% da área;
• Regular: entre 50% e 75% da área;
• Má: em menos de 50% da área.
É importante ressaltar que existem grandes variações em relação aos valores do CN
entre diferentes autores, e para a execução deste trabalho foram adotados os valores de CN
estimados por Pruski et al. (2010). O Quadro 1 a seguir apresenta os valores de CN para cada
uma das classificações de uso e ocupação do solo.
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Condição
Uso do solo Tratamento Tipo de Solo
Hidrológica
A B C D
Sem cultivo Fileiras retas - 77 86 91 94
Má 72 81 88 91
Fileiras retas
Boa 67 78 85 89
Cultivo em Com curvas de Má 70 79 84 88
fileiras nível Boa 65 75 82 86
Com curvas de Má 66 74 80 82
nível e terraços Boa 62 71 78 81
Má 65 76 84 88
Fileiras retas
Boa 63 75 83 87
Cultivo em Má 63 74 82 85
Com curvas de
fileiras
nível Boa 61 73 81 84
estreitas
Com curvas de Má 61 72 79 82
nível e terraços Boa 59 70 78 81
Má 66 77 85 89
Fileiras retas
Boa 58 72 81 85
Leguminosas Má 64 75 83 85
Com curvas de
em fileiras
nível Boa 55 69 78 83
estreitas
Com curvas de Má 63 73 80 83
nível e terraços Boa 51 67 76 80
Má 68 79 86 89
- Regular 49 69 79 84
Pastagem
Boa 39 61 74 80
para
pastoreio Má 47 67 81 88
Com curvas de
Regular 25 59 75 83
nível
Boa 6 35 70 79
Má 45 66 77 83
Floresta - Regular 36 60 73 79
Boa 25 55 70 77
(Fonte: Pruski et. al, 2010)
Para encontrar um valor de CN único e final para a utilização nas equações do método,
foi realizada uma média ponderada pela área dos valores de CN em relação a porcentagem de
cada tipo de classificação de uso e ocupação do solo na área total da microbacia.
43
25400
𝑆= − 254 (7)
𝐶𝑁
𝐼𝑎 = 0,2 𝑆 (8)
𝑃𝑒 = 𝑃𝑇 − 𝐼𝑎 (9)
𝑃𝑒 2
𝐸𝑆 = (10)
𝑃𝑒+𝑆
44
𝑃𝑓 = 𝑃𝑖 (1 + 𝑖) 𝐴𝑓−𝐴𝑖 (11)
Onde:
Pf: População final (hab);
Pi: População inicial (hab);
i: Taxa de crescimento segundo o IBGE;
Af: Ano final;
Ai: Ano inicial.
Um dos fatores relevantes de perda para uma área considerável a superfície líquida da
barragem de Itambacuri/MG é a evaporação direta, especialmente por essa ser uma área de
grande incidência solar.
O Instituto Nacional de Meteorologia – INMET (2017) possui uma plataforma de
dados com valores de evaporações acumuladas (mensal e anual) de todo o país, levantados
entre os anos de 1961 e 1990, calculadas por evaporímetro de Piché.
Além de representar os valores em mapa nacional, apresentado na Figura 18, a
plataforma também permite a exportação dos dados em tabelas do Excel, onde são
discriminados os valores médios mensais de evaporação em diversas cidades brasileiras,
incluindo Itambacuri/MG.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A área de drenagem estimada da microbacia, calculada pelo ArcGis 10.0 (ESRI, 2008)
foi um valor de aproximadamente 102,82 km2. A Figura 19 a seguir apresenta o mapa gerado
desta microbacia.
Água 1% 1,03
Pastagem 31% 31,87
Floresta 35% 35,99
Solo Exposto 33% 33,93
(Fonte: Edição Pessoal)
Área da
superfície
líquida
Hidroweb Climatempo
250
225
Precipitação média (mm)
200
175
150
125
100
75
50
25
0
Mês de referência
Figura 22: Precipitação média mensal com base nas séries históricas.
(Fonte: Edição Pessoal)
Pelas características apresentadas dos tipos de solo, foi considerado o solo da região da
microbacia como sendo do tipo B, pois possui características de infiltração moderadas em
relação às outras classificações, que são extremistas.
O solo da região também foi adotado como sendo, no que diz respeito a condição
hidrológica, de má cobertura. Tal consideração foi feita levando em conta o resultado da
classificação supervisionada do uso do solo, que apresentou áreas de pastagem e solo exposto,
quando somadas, com valores consideravelmente superiores à cobertura de floresta.
A partir dos dados do Quadro 1 descrito anteriormente, foram escolhidos os valores de
CN para cada um dos tipos de uso e ocupação do solo e, consequentemente, o valor de CN
final encontrado por média ponderada e os valores calculados de infiltração potencial e
abstração inicial, descritos no Quadro 3. O valor de solo exposto foi o mesmo de pastagem,
visto que tal cobertura é encontrada em más condições na região e que, no Quadro 1, não
existe uma opção exclusiva para solo exposto.
CN
Tipo Área (%) CN S Ia
Final
Pastagem 31 79
Floresta 35 66 73,66 90,83 18,17
Solo Exposto 33 79
(Fonte: Edição Pessoal)
também foram realizados os cálculos de escoamento potencial como descrito pela Equação
10, e seus resultados também estão descritos nestes mesmos quadros.
É possível observar que nos meses de setembro a abril, a barragem permanece em seu
volume máximo, com grande volume passante. Nos meses de maio e junho, não existe
volume passante e, portanto, inicia um processo de esvaziamento da barragem. Os meses de
julho e agosto são considerados meses críticos, pois não há volume armazenado.
Importante ressaltar que na prática o esvaziamento completo da barragem pode chegar
a não ocorrer, ou mesmo não ocorrer durante todos os dias dos meses de julho e agosto, pois
os órgãos públicos costumam aplicar medidas de racionamento, diminuindo assim o consumo,
para evitar a falta de água.
54
O Quadro 8 apresenta os valores do balanço calculado mês a mês, com base nos dados
obtidos pela plataforma do Climatempo (2016), de forma a possibilitar se fazer um
comparativo dos dados obtidos pela plataforma do Hidroweb (2016).
De maneira semelhante ao que ocorreu com os dados da base mais antiga, os valores
de volume armazenado na barragem mensalmente começam a diminuir a partir do mês de
maio, levando em conta os dados da base mais recente.
A grande diferença, no entanto, está no mês de julho, quando a barragem ainda possui
um volume de água armazenado correspondente a 23.469,36 m³ com os dados do Climatempo
(2016) e fica vazia no mesmo mês, com os dados do Hidroweb (2016). Outra importante
diferença pode ser notada no mês de setembro, quando é atingido o volume máximo de
armazenamento de acordo com os dados da série mais antiga e, com a série mais nova, o
volume líquido do mês ainda não é capaz de encher a barragem.
Utilizando a base de dados do Hidroweb (2016), fazendo uma estimativa de que a
barragem não estaria assoreada, o volume armazenado seria de 143.276 m3. Essa diferença de
15.351 m3 causaria grande impacto no saldo final do balanço hídrico como pode ser
observado no Quadro 10.
56
Quadro 10: Volume na barragem (sem assoreamento) com base na série de precipitação do
Hidroweb.
Volume Líquido Volume Líquido Volume Volume na
Mês 3 -1
(m s ) Mensal (m mês ) Passante (m ) Barragem (m3)
3 -1 3
Sem assoreamento, a barragem ficaria vazia apenas no mês de agosto, reduzindo assim
a situação crítica. Importante também ressaltar que o volume passante diminuiria, já que a
barragem teria maior capacidade de armazenamento de água.
No Quadro 11 está representado o balanço hídrico sem volume assoreado, levando em
conta a série histórica dos últimos 30 anos.
Quadro 11: Volume na barragem (sem assoreamento) com base na série de precipitação do
Climatempo.
Volume Líquido Volume Líquido Volume Volume na
Mês 3 -1
(m s ) Mensal (m mês ) Passante (m ) Barragem (m3)
3 -1 3
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT. NBR 12218: Projeto de rede de distribuição de água para abastecimento público -
Procedimento. Rio de Janeiro, 1994. 4 p.
AZEVEDO NETO, J. M. de. Manual de Hidráulica. 8ª Edição. São Paulo: Editora Edgard
Blucher, 1998. 664 p.
CBH-DOCE. Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce. A Bacia. Disponível em: <
http://www.cbhdoce.org.br/a-bacia/>. Acesso em: 20 Fev. 2017.
CEMIG - Companhia Energética de Minas Gerais S.A. Usinas da Cemig: 1952-2005. Rio de
Janeiro: Centro da Memória da Eletricidade no Brasil, 2006. 304p. Disponível em: <
https://www.cemig.com.br/pt-br/a_cemig/nossos_negocios/usinas/Documents/livro_usinas.pdf>.
Acesso em: 21 Set. 2016.
61
ESRI. ArcGis Version 10.0. Environmental Systems Research Institute, Inc., Redlands, CA.
2008.
INSTITUTO TRATA BRASIL. Situação Saneamento no Brasil. 2014. Disponível em: <
http: //www.tratabrasil.org.br/saneamento-no-brasil>. Acesso em: 20 Fev. 2017.
THOMAZ, P. Método de I-PAI-WU. São Paulo: 2010. In: Curso de Manejo de águas
pluviais. 9 p.
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AUTORIZAÇÃO
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Henrique de Oliveira Ganem
henriqueganem@gmail.com
Engenharia Hídrica
Instituto de Ciência, Engenharia e Tecnologia
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
Campus do Mucuri – Teófilo Otoni/MG
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João Veríssimo Ferreira Spósito
jvsposito15@gmail.com
Engenharia Hídrica
Instituto de Ciência, Engenharia e Tecnologia
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
Campus do Mucuri – Teófilo Otoni/MG
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Mauro Júnior Batista Cruz
maurojbcruz@gmail.com
Engenharia Hídrica
Instituto de Ciência, Engenharia e Tecnologia
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
Campus do Mucuri – Teófilo Otoni/MG