Você está na página 1de 6

Como a ditadura ensinou técnicas de tortura à Guarda Rural Indígena - ... https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2012/11/1182605-como-a-d...

LAURA CAPRIGLIONE
DE SÃO PAULO

11/11/2012 08h00

Aquele 5 de fevereiro de 1970 foi um dia de festa no quartel do Batalhão-


Escola Voluntários da Pátria, da Polícia Militar de Minas Gerais, em Belo FILOSOFIA
Horizonte. "Pelo menos mil pessoas, maioria de civis, meninos, jovens e
velhos do bairro do Prado, em desusado interesse", segundo reportagem da
revista "O Cruzeiro", assistiram à formatura da primeira turma da Guarda
Rural Indígena (Grin). DIREITO

Segundo a portaria que a criou, de 1969, a tropa teria a missão de "executar o


policiamento ostensivo das áreas reservadas aos silvícolas". No palanque CIÊNCIA
abarrotado, viam-se, sorridentes, autoridades federais e estaduais, civis e
militares: o ministro do Interior, general José Costa Cavalcanti (um dos
signatários do AI-5, de 13 de dezembro de 1968); o governador de Minas,
Israel Pinheiro; o ex-vice-presidente da República e deputado federal José HISTÓRIA

Maria Alkmin.

CIÊNCIAS SOCIAIS
Guarda Rural Indígena 1 de 11

/Reprodução

JORNALISMO

INTERNACIONAL

MÚSICA

Há 50 anos, tropicália chegava para 'arrombar a festa'

CIÊNCIA

Lá estavam também o presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio),


José Queirós Campos; o comandante da Infantaria Divisionária 4, general
Gentil Marcondes Filho --que ganharia fama no comando do 1º Exército em FILOSOFIA
1981, quando militares-terroristas tentaram explodir o Riocentro; secretários
de governo e o comandante da PM local, coronel José Ortiga.

Os 84 índios, recrutados em aldeias xerente, maxacali, carajá, krahô e gaviões,


marcharam embandeirados e com fardas desenhadas para a ocasião: calça e
quepe verdes, camisa amarela, coturnos pretos, três-oitão no coldre.

Feito o juramento à bandeira, quando prometeram "defender a nossa Pátria"

1 of 6 03/05/2021 00:41
Como a ditadura ensinou técnicas de tortura à Guarda Rural Indígena - ... https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2012/11/1182605-como-a-d...

(conforme registrou reportagem publicada pela Folha), desfilaram para


mostrar o que aprenderam nos três meses de formação, sob as ordens do
capitão da PM Manuel dos Santos Pinheiro, sobrinho do governador e chefe
da Ajudância Minas-Bahia, o braço regional da Funai.

JUDÔ

A primeira apresentação, de alunos de judô do tradicional Minas Tênis Clube,


deu um ar benigno de confraternização infantil. Depois das crianças, foi a vez
de os índios --todos adultos-- exibirem seus conhecimentos de defesa pessoal. TV FOLHA

Também "deram demonstração de captura a cavalo e condução de presos com


e sem armas", conforme publicaria o "Jornal do Brasil" no dia 6, com
chamada e foto na primeira página, sob o título "Os Passos da Integração". Especial traz vídeos sobre os 100 anos da revolução

O que nenhum órgão de imprensa mostrou --eram tempos de censura-- foi o


"gran finale". Os soldados da Guarda Indígena marcharam diante das
autoridades --e de uma multidão que incluía crianças-- carregando um Fotos Vídeos Relatos
homem pendurado em um pau de arara.

Gravadas há 42 anos, as cenas vêm a público pelas mãos do pesquisador


Marcelo Zelic, 49, vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais/SP e
membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo. Zelic
coordena uma pesquisa colaborativa feita pela internet intitulada "Povos
Indígenas e Ditadura Militar: Subsídios à Comissão Nacional da Verdade".

ARARA

Pesquisando no Museu do Índio, no Rio de Janeiro, Zelic topou com o DVD


"Arara", fruto da digitalização de 20 rolos de filme 16 mm, sem áudio.

A etiqueta levava a crer que se tratava de material sobre a etnia arara --índios
conhecidos nas cercanias de Altamira (PA) desde 1850. Mas, em vez do "povo EM ILUSTRÍSSIMA
das araras vermelhas", como se denominam até hoje seus 361 remanescentes
+ LIDAS
(dados de 2012), era outra "arara" que nomeava a caixa.
Livro defende que impeachment de
Dilma foi machista e atingiu mulheres na
Tratava-se de pau de arara, a autêntica contribuição brasileira ao arsenal política
mundial de técnicas de tortura, usado desde os tempos da colônia para punir
"negros fujões", como se dizia. Por lembrar as longas varas usadas para levar Psiquiatras devem se pronunciar sobre
a saúde mental de Bolsonaro?
aves aos mercados, atadas pelos pés, o suplício ganhou esse nome.

No clássico "Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil" (1835), que retrata a Cinco anos depois, não há motivo para
escravidão no país, o pintor francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848), se arrepender de impeachment de
Dilma
membro da Missão Francesa de artistas e cientistas que dom João 6º
patrocinou para estudar e retratar o país, mostra um negro sendo castigado Bolsonaro vive paradoxo entre
no pau de arara. radicalizar sua base e governar, dizem
professores

Na ditadura militar (1964-85), porém, o pau de arara só aparecia sob a forma Defesa e desconfiança em relação ao
de denúncia, estampando jornais alternativos, em filmes e documentários livre mercado separam ortodoxos e
heterodoxos
realizados por militantes oposicionistas.

Entranhada nos porões, a tortura jamais recebera tratamento tão alegre e


solto quanto naqueles 26 minutos e 55 segundos, que exibem o pau de arara
orgulhosamente à luz do dia, em ato oficial, sob os aplausos das autoridades e
de uma multidão de basbaques.
Larissa Manoela - Up
Fotógrafos e cinegrafistas cobriram o evento, mas a cena, que assusta pela Tour (DVD)
impudência, ficou de fora dos jornais e das revistas. Sobrou, ao que se saiba, Larissa Manoela
apenas camuflada sob o título inocente.
Comprar
O filme é parte do acervo sobre 60 povos indígenas, coletado durante quatro
décadas pelo documentarista Jesco von Puttkamer (1919-94) e doado em 1977
ao IGPA (Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia), da Pontifícia
Universidade Católica de Goiás. Ainda Sou Eu
Descendente da nobreza alemã, mas nascido no Brasil, Von Puttkamer sabia o Jojo Moyes
que era a repressão. Foi preso pela Gestapo quando concluía os estudos em
Comprar
química na Universidade de Breslau (Alemanha), por se recusar a se alistar no
Exército durante a Segunda Guerra (1939-45). Safou-se ao provar que era
cidadão brasileiro nato.

Trabalhou como fotógrafo no Tribunal de Nuremberg (1945-46), que julgou


Star Wars - Os Últimos
hierarcas nazistas por crimes de guerra. Já de volta, foi um dos fotógrafos Jedi
oficiais da construção de Brasília (1956-60). Nos anos 1960, integrou pela Jason Fry
primeira vez uma expedição em busca de tribos isoladas no Brasil central.
Nunca mais largou os índios. Comprar

Deixou 43 mil slides, 2.800 páginas de diários de campo e filmes na bitola 16


mm que, desenrolados, chegariam a 330 km. São registros delicados e muitas
vezes emocionantes da aproximação dos índios e de seu encontro com as O Que o Sol Faz Com
as Flores
frentes de exploração --e também das epidemias e mortandades por gripe,
varíola e sarampo. Rupi Kaur

Comprar
Em um documentário sobre Von Puttkamer, o sertanista Apoena Meirelles
afirma: "Jesco nunca se promoveu, nunca enriqueceu, permaneceu no
anonimato, mas seu trabalho possibilitou que se denunciasse e se
documentasse muita coisa errada da política indigenista". É o caso das aulas Box Pink Floyd -
de pau de arara. Special Edition (DVD)
Pink Floyd
GRIN

2 of 6 03/05/2021 00:41
Como a ditadura ensinou técnicas de tortura à Guarda Rural Indígena - ... https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2012/11/1182605-como-a-d...

A formatura foi o ponto alto de uma longa preparação. Em 23 de novembro de Comprar


1969, reportagem no "Jornal do Brasil" mostrou os índios da Grin em sala de
aula e contou o que aprendiam: princípios de ordem unida, marcha e desfile,
instruções gerais, continência e apresentação, educação moral e cívica,
educação física, equitação, lutas de defesa e ataque, patrulhamento,
abordagem, condução e guarda de presos.

Em 12 de dezembro de 1969, nota no Informe JB, coluna política do "Jornal


do Brasil", fazia troça de tipo racista dos "selvagens": "O presidente da Funai,
Queirós Campos, dizia que a Guarda Indígena vai de vento em popa. Só há um
problema, o do uniforme. Começa que não há jeito de fazer com que os
futuros guardas usem botina ou qualquer tipo de sapato, [...] machuca-lhes os
pés. O quepe já perdeu toda a tradicional seriedade porque é logo enfeitado
com uma pena atravessada. Finalmente, a fivela e os botões não param no
lugar certo pois, como tudo o que brilha, são invariavelmente colocados na
testa e nas orelhas."

Na formatura, porém, botas, fivelas e botões tiniam, tudo no lugar e sem


penachos ""o filme mostra o capitão Pinheiro se desdobrando para ajeitar os
cintos dos soldados. A ressalva foram os cabelos: não houve quem
convencesse os krahô a aparar as melenas que lhes desciam até os ombros. E
assim eles desfilaram.

O ministro Cavalcanti discursou em nome do presidente Emílio Garrastazu


Médici: "Nada até hoje me orgulhou tanto quanto apadrinhar a formatura [...]
da Guarda Indígena, pois estou certo de que os ensinamentos recebidos por
eles, neste período de treinamento intensivo, servirão de exemplo para todos
os países do mundo".

No dia seguinte, "os índios líderes, hígidos, sadios, fortes e inteligentes",


segundo Cavalcanti, embarcaram rumo a suas respectivas aldeias. Decolaram
fardados, armados e com soldo mensal de 250 cruzeiros novos (pouco mais de
R$ 1.000, em valor atualizado).

ANTROPOLOGIA

"Nunca vi cena como essa. Já vi muitos filmes antigos, de 1920, 1930, 40, 50,
60. Mas cena como essa do pau de arara nunca apareceu", disse Sylvia Caiuby
Novaes, professora da USP, onde coordena o Lisa ""Laboratório de Imagem e
Som em Antropologia. Ela assistiu ao filme "Arara" a convite da Folha.

"Isso, por um lado, é expressão do fato de os índios, naquele momento, muito


antes dos celulares com câmeras, serem filmados o tempo todo. Desde os
índios de 'cartão-postal' do Xingu, na época dos Villas Bôas, passando pelos
'índios gigantes', Silvio Santos filmando na Amazônia, os índios eram objeto
no nosso olhar curioso", diz ela. "Eles eram aquilo que nós não éramos mais.
O retrato da nossa alteridade. Moravam na 'Mata Virgem', eram [vistos como]
puros, próximos da natureza."

Segundo a antropóloga, a cena do pau de arara demonstra a existência de uma


"face muito sombria do contato entre o Estado brasileiro e os grupos
indígenas". A face iluminada foram os esforços de "pacificação", encetada por
iniciativa governamental e levada a cabo por homens corajosos e tantas vezes
voluntaristas, como os irmãos Orlando e Cláudio Villas Bôas.

Primeiro como empregados e depois como líderes da Expedição Roncador-


Xingu, os irmãos foram a ponta de lança do plano de ocupação do território
brasileiro, a Marcha para o Oeste, anunciada à meia-noite de 31 de dezembro
de 1937, em discurso radiofônico proferido por Getúlio Vargas, diretamente
do Palácio Guanabara.

"O verdadeiro sentido de brasilidade é a Marcha para o Oeste", bradou


Vargas. "No século 18, de lá jorrou o caudal de ouro que transbordou na
Europa e fez da América o continente das cobiças e tentativas aventurosas. E
lá teremos de ir buscar: dos vales férteis e vastos, o produto das culturas
variadas e fartas; das entranhas da terra, o metal, com que forjar os
instrumentos da nossa defesa e do nosso progresso industrial."

Os irmãos Villas Bôas embrenharam-se no Brasil central com a missão


assinalada pelo presidente: "Encurtar distâncias, abrir caminhos e estender
fronteiras econômicas". Construíram, por exemplo, 19 pistas de pouso ao
longo de 1.500 km de picadas que abriram. Isso encurtou as viagens do Rio
para os EUA, que, por falta de apoio em terra, eram bem mais longas, pois
tinham de margear o litoral.

Os irmãos localizaram 14 povos indígenas desconhecidos. A maioria acabaria


transferida para o Parque Nacional do Xingu, idealizado pelos irmãos Villas
Bôas com o apoio do marechal Cândido Rondon (1865-1958), do antropólogo
Darcy Ribeiro (1922-97) e do sanitarista Noel Nutels (1913-73). O presidente
Jânio Quadros, em 1961, assinou o decreto de criação do parque, garantindo
uma área de 27.000 km2, quase uma Bélgica.

Já sob a ditadura, virou show midiático o trabalho de atração, contato e


remoção dos índios encontrados no caminho das estradas em construção. Em
abril de 1973, "O Cruzeiro" estampou na capa o título "Sensacional!", seguido
pela chamada: "Orlando Villas Bôas fotografou com exclusividade os ÍNDIOS
GIGANTES".

3 of 6 03/05/2021 00:41
Como a ditadura ensinou técnicas de tortura à Guarda Rural Indígena - ... https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2012/11/1182605-como-a-d...

A foto mostrava os panará, então isolados e chamados de kreen-akarore. Além


de ter suas terras invadidas por garimpeiros, estavam no meio do traçado da
BR-163 ""que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA). Depois se viu que não se
tratava de gigantes coisa nenhuma.

A população (ou o que restou dela) foi removida em 1975 para o Xingu, a 250
km da terra panará. "Fizemos isso porque eles estavam morrendo por causa
do contato com os brancos", disse Orlando. Doenças e massacres já haviam
eliminado dois terços dos panará.
REFORMATÓRIO

A Comissão Nacional de Verdade, cujos trabalhos incluem os crimes do


Estado contra os índios, tem mostrado que, além de "atrair", "pacificar" e
"remover", a política indigenista do regime de 64 também conjugou os verbos
"reprimir", "punir" e "torturar". Obstinado em desenvolver um sistema de
controle dos índios, o criador da Grin, capitão Pinheiro, ergueu em 1969 um
reformatório-presídio para índios.

O Reformatório Krenak (assim chamado por ficar em terras dos krenak), em


Resplendor (MG), perto da divisa com o Espírito Santo, funcionava como
colônia penal e de trabalhos forçados, para "reeducar os desajustados e
confinar os revoltosos que se recusavam a sair de suas terras tradicionais",
explica Benedito Prezia, antropólogo e assessor do Cimi (Conselho
Indigenista Missionário), entidade ligada à Igreja Católica e responsável pelas
mais contundentes denúncias de desrespeito aos direitos humanos dos índios
brasileiros durante o regime militar. "Aquilo era um verdadeiro campo de
concentração étnico", diz o pesquisador.

Nos registros oficiais consta a chegada de 94 índios ao Krenak entre 1969 e


1972, quando foram transferidos para a Fazenda Guarani, pertencente à PM
de Minas Gerais, no município de Carmésia. Os motivos alegados para as
prisões eram "atrito com chefe do posto indígena", "vadiagem", "uso de
drogas", "embriaguez", "prostituição", "roubo", "saída da aldeia sem
autorização", "relações sexuais indevidas", "pederastia", "homicídio",
"agressão à mulher", "problemas mentais". Mas são registros incompletos,
que não permitem que se entenda o que se passava no local.

Para José Gabriel Silveira Corrêa, 39, professor de antropologia da


Universidade Federal de Campina Grande (PB), a ditadura foi "um momento
de recrudescimento das práticas de violência que eram comuns nos postos
indígenas".

"Ao formar a Grin e o Presídio e Reformatório Agrícola Krenak", diz Corrêa,


"Pinheiro tornou sistemáticas essas práticas e ainda deu a elas uma aparência
de legalidade, já que ele era o representante oficial do órgão de tutela estatal."

Ele diz ter escutado diversos "relatos de aprisionamentos, trabalhos forçados,


regime de prisão solitária, surras e desaparecimentos de presos". Era uma
prática de violência recorrente, "mas o pior de tudo é que o capitão fez com
que fosse praticada pelos próprios índios, submetidos que estavam a um
regime policial".

Benedito Prezia aponta o "caráter perverso" de transformar índios em


"agentes colaboradores no massacre de seu próprio povo". Mas nem nisso a
ditadura foi original, ele salienta. "Relatos de jesuítas no século 17 já
mencionam o uso de indígenas para capturar negros da Guiné que haviam
fugido do jugo da escravidão", diz.

Em tempos de "Brasil Grande", de integração nacional ("integrar para não


entregar", dizia a propaganda oficial) e da construção de estradas como a
Transamazônica rasgando a floresta, os índios estiveram no centro do maior
projeto estratégico do regime militar.

Apesar disso, curiosamente "a narrativa sobre os crimes da ditadura em


relação aos direitos humanos quase nunca inclui a questão indígena", observa
Marcelo Zelic. Ele arrisca uma hipótese: "No fundo, isso mostra como, mesmo
nos círculos democráticos mais combativos, as populações indígenas ainda
não são vistas como portadoras de direitos."

BALANÇO

Três anos depois da pomposa formatura da primeira turma da Grin, o


jornalista José Queirós Campos, presidente da Funai, já tinha sido apeado do
cargo e substituído pelo general Oscar Jerônimo Bandeira de Mello. Fazia-se
o balanço das ações.

"Tudo deu errado", cravou o jornal "O Estado de S. Paulo" em outubro de


1973, em reportagem escondida na parte inferior da página 52, perto dos
classificados.

Sobravam denúncias de espancamentos, arbitrariedades, insubordinação e


até estupros cometidos pelos guardas que retornaram às aldeias. Na ilha do
Bananal, um caboclo foi pego com quatro garrafas de cachaça (o que era
proibidíssimo pela Funai). Apurou-se que foi obrigado "a praticar orgias com
guardas carajás".

Os jornais relataram a tortura cometida por guardas indígenas contra um

4 of 6 03/05/2021 00:41
Como a ditadura ensinou técnicas de tortura à Guarda Rural Indígena - ... https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2012/11/1182605-como-a-d...

pescador, também flagrado com cachaça para uso pessoal. Preso, foi obrigado
a ir caminhando até a delegacia, a cinco quilômetros de distância, sob golpes
de borduna.

Outro agente da Grin usou o soldo que recebia para montar um bordel na
aldeia. A situação chegou a tal ponto, ainda segundo "O Estado de S. Paulo",
que o cacique carajá Arutanã, da ilha do Bananal, pediu à Força Aérea
Brasileira (FAB) que extinguisse a Grin.

Em 1972, sem glórias, Pinheiro já havia sido destituído da Funai. Não se


formaram novas turmas. No final da década a Guarda Rural Indígena
começou a ser desmobilizada. Segundo Corrêa, isso não bastaria para
extinguir suas práticas de violência. "Há relatos sobre índios que, atualmente,
quando precisam punir alguém, levam-no às proximidades da casa do
'capitão' indígena, amarram-no em árvores e surram-no, revivendo antigas
práticas ensinadas pelo órgão tutelar".

"O reformatório e a Guarda Indígena são apenas exemplos do muito que há a


investigar pela Comissão Nacional da Verdade", diz Zelic. "Outros casos já
estão em levantamento, como o dos guarani-caiová, que sofreram algo que
beira o genocídio nas remoções feitas durante a ditadura."

E conclui: "Só assim, com a verdade, a sociedade não índia entenderá a


necessidade de respeitarmos as terras e os direitos dos povos indígenas".

+ CANAIS

Acompanhe a Ilustríssima no Twitter


Conheça a página da Folha no Facebook

LIVRARIA

recomendadas pra você

COLUNISTAS COLUNISTAS

Painel S.A.: Gigantes do varejo estudam Painel: Escolta de Mourão provoca mal-
relançar movimento Não Demita estar em visita na TV Bandeirantes

MASTERCARD ENTRETEMPOS ENTRETEMPOS


Mastercard aponta Respiro - Ensaio Palavra- Cantos Cósmicos - Ensaio
tendências em meios de Imagem com 7 artistas que Palavra-Imagem com
pagamentos oxigenaram o blog em Mario Novello e fotos da
2020 Nasa

Madonna - Rebel Heart Racismos - Das Cruzadas


Tour (DVD) ao Século XX
Madonna Francisco Bethencourt

Comprar Comprar

Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores


Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade

5 of 6 03/05/2021 00:41
Como a ditadura ensinou técnicas de tortura à Guarda Rural Indígena - ... https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2012/11/1182605-como-a-d...

Caro leitor,

para comentar, é preciso ser assinante da Folha. Caso já seja um, por favor
entre em sua conta cadastrada. Se já é assinante mas não possui senha de
acesso, cadastre-se.

Faça seu login Cadastre-se Assine

ACESSE A VERSÃO PARA TABLETS E SMARTPHONES

Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress
(pesquisa@folhapress.com.br).

6 of 6 03/05/2021 00:41

Você também pode gostar